Òâîåé ÿ íå óìåë ñáåðå÷ü ìå÷òû. Àêêîðäû óòåêëè ñ âîäîþ òàëîé. Íå ñóæäåíî. È ýòîé ìûñëüþ ìàëîé ß óòåøàëñÿ, - ÷òî ñî ìíîé íå òû. Ñóäüáà ñæèãàëà çà ñïèíîé ìîñòû, Òðåâîæèëî ïå÷àëüþ çàïîçäàëîé, À âðåìÿ ïðîøèâàëî íèòüþ àëîé Ðàçëóê è âñòðå÷ ñëó÷àéíûå ëèñòû. Îòðèíóòü áû äåñÿòèëåòèé ïëåí! Ñìàõíóòü ñ ÷åëà ïðåäñìåðòíóþ óñòàëîñòü! Òðÿõíóòü... Íà êîí ïîñòàâèòü

Atropos

Atropos Federico Betti O que liga uma s?rie de homic?dios ocorridos em Bolonha e na prov?ncia? Trata-se de um serial killer ou outro? Descobri-lo ser? dever do inspetor de Pol?cia Stefano Zamagni e seus homens. Federico Betti Atropos Publisher: Tektime - Traduzionelibri.it (http://www.traduzionelibri.it (http://www.traduzionelibri.it)). ?ndice anal?tico I (#ufde0a34c-5FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) II (#ufde0a34c-6FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) III (#ufde0a34c-7FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) IV (#ufde0a34c-8FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) V (#ufde0a34c-9FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) VI (#ufde0a34c-10FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) VII (#ufde0a34c-11FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) VIII (#ufde0a34c-12FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) IX (#ufde0a34c-13FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) X (#ufde0a34c-14FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) XI (#ufde0a34c-15FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) XII (#ufde0a34c-16FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85) XIII (#litres_trial_promo) XIV (#litres_trial_promo) XV (#litres_trial_promo) XVI (#litres_trial_promo) XVII (#litres_trial_promo) XVIII (#litres_trial_promo) XIX (#litres_trial_promo) XX (#litres_trial_promo) XXI (#litres_trial_promo) XXII (#litres_trial_promo) XXIII (#litres_trial_promo) XXIV (#litres_trial_promo) XXV (#litres_trial_promo) XXVI (#litres_trial_promo) XXVII (#litres_trial_promo) XXVIII (#litres_trial_promo) XXIX (#litres_trial_promo) XXX (#litres_trial_promo) XXXI (#litres_trial_promo) XXXII (#litres_trial_promo) 236 (#litres_trial_promo) Atropos Titulo original: Atropos Traducido por: Daniela Peruto A todas as pessoas que n?o veem a hora de ler estas est?rias O homem desceu do ?nibus da linha 19 na Pra?a Bracci, em San Lazzaro di Savena, chegou na banca de revistas, comprou uma c?pia do 'Il Resto Del Carlino' e come?ou a folhear as p?ginas. Sentou-se sobre um dos bancos nos lados da pra?a para ler o jornal e n?o encontrou not?cias importantes: as primeiras p?ginas estavam todas ocupadas pela cr?nica, enquanto no seu interior encontrou aquelas dedicadas ? economia e, ainda mais, as p?ginas locais com not?cias do territ?rio bolonh?s, da cidade at? toda a prov?ncia. Deu uma olhada tamb?m nos an?ncios publicit?rios, sem encontrar nenhum interessante. Dobrou o jornal, mantendo-o sob o bra?o, se encaminhou ao longo da rua Emilia em dire??o ? Imola. Ao alcan?ar a entrada da banca no cruzamento com a rua Jussi, algumas centenas de metros mais adiante, empurrou a primeira porta pesada com a moldura de metal, depois a segunda, e entrou. ?quela hora da manh?, havia pouqu?ssimo clientes e, alguns minutos depois de ter entrado, pode apresentar-se ao primeiro guich? de caixa que ficou livre, dos tr?s que estavam abertos naquele momento. “Bom dia”, o cumprimentou a funcion?ria, “em que posso lhe ser ?til?” “Gostaria de falar com o diretor, se n?o estiver ocupado.” “Como quiser. H? algo errado?”, perguntou a mulher, que emanava um perfume frutado carregado, a ponto de ser quase nauseante. “N?o, n?o se preocupe. Pensava simplesmente em como investir da melhor forma e gostaria de falar com ele ou ela, caso seja uma mulher, para tomar uma decis?o.” “Para isto est?o dispon?veis os nossos consultores financeiros. Acho que o senhor pode tranquilamente falar com um deles: s?o todas pessoas especializadas. A n?o ser que deseje expressamente dar uma conservada com o diretor ou tenha motivos especiais para incomod?-lo”, explicou a mulher. “Desejo expressamente falar com o diretor.” I Aquele dia, Davide Pagliarini estava voltando da academia onde passava uma ou duas horas todas as tardes da semana, fora o fim de semana. Morava sozinho, em um condom?nio da rua Venezia em San Lazzaro di Savena. Tinha tomado aquela decis?o depois de um ano de noivado e um de conviv?ncia com a sua companheira. De comum acordo tinham dito chega, n?o teriam podido viver juntos para sempre porque, de forma diferente da que imaginavam inicialmente, parecia n?o terem realmente sido feitos um para o outro. Ritmos de vida e pontos de vista muito diferentes no que se refere ao desenrolar do dia a dia e ? utiliza??o dos recursos financeiros. E no final, tinham pensado bem, se cumprimentaram e cada um seguiu o seu pr?prio caminho. Chegando na frente do port?o do pr?dio, subiu as escadas e entrou em casa. O seu apartamento se encontrava no primeiro andar de um pr?dio n?o t?o alto e submerso no verde de um jardim privativo com plantas e ?rvores de v?rios tipos e uma cerca viva que delimitava a propriedade. As vantagens eram tr?s, pelo menos: a sombra produzida pelas ?rvores que significava abrigo das temperaturas elevadas do ver?o, um toque de preciosidade ? resid?ncia e o fato que dificilmente um condom?nio com jardim interno atra?a os respons?veis pela distribui??o de folhetos publicit?rios. Apoiou no ch?o a bolsa esportiva que usava na academia e que continha geralmente uma muda de roupas e tudo que era necess?rio para a ducha; a abriu preparando-a para o dia seguinte, depois decidiu ler um pouco. Gostava de romances de aventura de autores como Clive Cussler, mesmo se at? alguns meses atr?s lia habitualmente tamb?m thrillers e, em geral, est?rias permeadas de suspense mas, depois do acidente na estrada em que tinha sido envolvido, tinha decidido que as teria deixado de lado at? uma data a ser marcada. Tinha sido sua culpa, isto era ineg?vel e n?o podia perdoar-se: aquele acontecimento tinha com certeza deixado uma marca na sua psique. Procurava de todas as formas n?o pensar nisso e, com frequ?ncia conseguia, mas quando menos esperava, a lembran?a voltava a atorment?-lo. Se tivesse s? evitado ingerir aquele comprimido... Mas foi atra?do pela novidade. Tinham-lhe dito “Voc? vai ver como se sentir?. Vai fazer voc? chegar nas estrelas. Prove: pode t?-la tamb?m com desconto.” E assim tinha experimentado, dizendo-se por?m que n?o o faria nunca mais. Tinha sido s? pela curiosidade de entender o que se experimentaria com aquela coisa. Depois de sair da discoteca, onde ia ?s vezes para passar um s?bado ? noite diferente do comum e com a esperan?a de encontrar, quem sabe, pessoas novas que poderiam se tornar amigas ou tamb?m uma poss?vel alma g?mea, apesar de saber ele mesmo que seria preciso tempo para iniciar um relacionamento deste tipo, foi para seu carro e se preparou para voltar para casa. Depois de ingerir aquele comprimido efervescente (tome em um copinho, lhe tinha sido recomendado) havia passado ao menos uma hora e quando Davide estava nas avenidas do anel vi?rio de Bolonha, na dire??o de casa come?ou a se sentir em alto astral, euf?rico. Pisou fundo o pedal do acelerador porque sentiu a necessidade de descarregar aquela euforia de algum modo e o resultado foi aquele esperado, mas n?o tinha sido considerada a eventualidade de imprevistos devidos ? velocidade excessiva. Percebeu muito tarde um rapaz que estava atravessando a rua, na faixa de pedestres e o atingiu no lado esquerdo, derrubando-o no ch?o e arrastando-o por uma centena de metros. N?o tinha percebido absolutamente a presen?a dos pais e fugiu sem parar, o corpo cheio de adrenalina. Todas as vezes que lhe voltava ? mente aquele epis?dio, Davide Pagliarini fechava os olhos na esperan?a de afastar aquelas lembran?as desoladoras e, geralmente conseguia, mas n?o sempre. Quando percebeu que j? era hora do jantar, fechou o romance que estava lendo naquele momento, recolocando-o sobre a mesinha de cabeceira e preparou um prato de massa. A noite transcorreu tranquila e antes de meia-noite j? estava dormindo. II Ao se acordar, de manh? cedo, para conseguir tomar o caf? da manh? com calma antes de ir para o trabalho, Stefano Zamagni n?o pensava de forma alguma que aquele dia iria ser t?o aflitivo. Tomou antes uma ducha, depois preparou uma x?cara de caf? que acompanhou com algumas fatias de p?o torrado, depois saiu. Chegou ? Central de Pol?cia ?s 8:30 h, depois de aproximadamente meia hora de caminho no meio do tr?fego da rua Emilia, no trecho que liga San Lazzaro di Savena, onde morava, e Bolonha. Odiava os engarrafamentos nas estradas, principalmente se gerados por uma massa de pessoas apressadas para chegar ao trabalho. Por que n?o saem um pouco mais cedo?, se perguntava ?s vezes, mas sem nunca encontrar uma resposta sensata. Ao chegar no escrit?rio, sobre a sua escrivaninha o esperavam v?rias mensagens cart?ceas, algumas das quais escritas por ele pr?prio na noite antes, como lembretes. Leu rapidamente, depois as jogou no cesto de lixo. “Come vai, inspetor?”, lhe perguntou um agente simples de passagem. “Bem, obrigado”, respondeu cordialmente. “E o senhor? Tudo bem? ” “Sim, obrigado.” “Perfeito. Ent?o, lhe desejo um bom dia e vamos esperar que seja tranquilo at? ? noite.” “Vamos esperar”, concordou o agente, despedindo-se. Poucos minutos depois, o capit?o da Se??o de Homic?dios se apresentou no escrit?rio de Zamagni e, pelo ar que emanava, n?o parecia ser uma visita de cortesia. “Ol? Zamagni, preciso de voc?”, disse sem pre?mbulos. “Devo me preparar para o pior?”, perguntou o inspetor. “Espero que n?o seja nada complicado, mas certamente ser? algo desagrad?vel. Recebemos um telefonema de uma pessoa que disse ter chegado na casa da filha e a encontrou sem vida.” “Teria preferido come?ar o dia de forma diferente”, disse Zamagni, “Sabe-se alguma informa??o a mais? Ou seja, referente a esta pessoa que chamou.” “A senhora disse que chegou ? casa da filha e ela n?o abriu a porta apesar da campainha ter sido tocada v?rias vezes, assim a senhora que parece tinha as chaves do apartamento, voltou para sua casa, pegou as chaves e quando abriu a porta, a encontrou estendida no ch?o da sala de estar”. “Entendo.”, disse Zamagni e, depois de uma breve pausa, disse: “Por que teria sido um homic?dio? N?o poderia ter morrido por causas naturais? Um acidente?”. “N?o sei”, respondeu o capit?o, “Acho que a melhor coisa a ser feita ? ir para o local e tentar entender algo mais em rela??o ao que aconteceu... A senhora que telefonou est? esperando a nossa chegada e eu lhe disse para ficar ? disposi??o, para qualquer coisa.” “Certo.”, concordou Zamagni, “Vou verificar agora.” A garota estava ainda na posi??o em que a m?e a tinha encontrado, estendida no ch?o. “N?o toquei em nada, posso garantir”, disse a senhora, depois que lhe foi mostrada a carteira da Pol?cia, como para desculpar-se imediatamente de algo que n?o tinha feito. “A senhora se saiu muito bem", lhe respondeu Zamagni. “Posso saber o seu nome?” “Chiara. Chiara Balzani.”, se apresentou. ”E ela ? minha filha”, adicionou, voltando-se para o corpo da garota, como se ainda estivesse viva. “Entendo. Poderia me dizer tamb?m o nome de sua filha, por favor?” “Oh... claro, me desculpe. Estou ainda sob choque pelo que aconteceu. Ela se chama... se chamava... Lucia Mistroni.” “Obrigado.”, disse Zamagni, depois acrescentou: “Posso saber por qual motivo, a senhora n?o hesitou em chamar a pol?cia? Quero dizer, a morte poderia ter sido devida a um infarto ou alguma outra causa natural, n?o?”. E, dirigindo-se ao agente Marco Finocchi que o acompanhava: “Anote tudo.” O agente acenou com a cabe?a. “A sua pergunta ? leg?tima, mas parece que a minha filha, j? h? um tempo, recebia telefonemas amea?adores. Por isso, pensei logo em uma morte n?o natural e assim os chamei.” “Telefonemas amea?adores? E sabe quem seria o autor das chamadas?” “N?o, mesmo se sempre tive d?vidas ou a convic??o, se preferir, e era a mesma que tinha tamb?m a minha filha, de que quem a chamava era um seu ex-namorado", explicou a mulher. “A sua rela??o tinha terminado, vamos dizer, de forma n?o tranquila, tinham discutido gravemente. No ?ltimo per?odo do namoro deles, brigavam com frequ?ncia.” “Entendo”, concordou Zamagni, “Precisaremos saber tudo sobre sua filha. Idade, que trabalho tinha, as suas paix?es, endere?os e nomes dos seus amigos. E este seu ex-namorado? Sabe nos dizer o seu nome? Qualquer informa??o que saiba sobre ele. E... uma coisa mais: atualmente, sua filha estava casada? Noiva? Solteira? Sabe, n?o podemos excluir nenhuma pista” “Pelo que eu sei, agora Lucia estava solteira.” O inspetor fez uma breve pausa para olhar um pouco ao redor. O apartamento, situado no primeiro andar de um pr?dio de constru??o recente na periferia de Bolonha, parecia refinado, daqueles modernos, com uma decora??o bem minimalista e combina??es criadas com bom gosto. Nas janelas, havia cortinas e, durante o dia, a luz do sol iluminava perfeitamente cada espa?o. “O apartamento era de propriedade da sua filha?”, perguntou o agente Finocchi. “Sim, claro.” Pelo que parecia, ? senhora Balzani parecia uma pergunta sup?rflua. O apartamento tinha sido pago completamente pela filha, explicou a m?e. E tinha explicado tamb?m que Lucia Mistroni tinha um cargo bem importante na empresa onde trabalhava, embora sua filha nunca lhe tivesse dito que tipo de trabalho fazia. “Ent?o? Pode nos dizer o nome do ex-namorado da sua filha?”, perguntou Zamagni. “Sim, me desculpem.”, disse a senhora Balzani, “A pessoa que procuram se chama Paolo Carnevali. Se n?o se mudou, mora na rua Cracovia, ao lado do Parque dei Cedri, no n?mero... 10, acho”. “Perfeito. Por enquanto, lhe agradecemos, senhora. Lembre-se que qualquer informa??o que puder nos dar, poder? ser ?til para a investiga??o. E tamb?m uma outra coisa: a Pol?cia Cient?fica ir? verificar cada cent?metro deste apartamento, na esperan?a que isso possa servir a encontrar o culpado deste crime, motivo pelo qual nos pr?ximos dias n?o ser? absolutamente poss?vel entrar aqui. Iremos isolar a ?rea em seguida.” A senhora concordou, compreensiva. “Farei o poss?vel para encontrar o assassino.” Despediram-se e desceram novamente para a rua. O inspetor Zamagni e o agente Finocchi voltaram para o escrit?rio da Central de Opera??es. III N?o era grande coisa, mas agora talvez tivessem encontrado uma pista a ser seguida, na espera de saber os resultados das an?lises no apartamento de Lucia Mistroni. L? pela hora do almo?o, o inspetor Zamagni, acompanhado por Marco Finocchi, se apresentou ao n?mero 10 da rua Cracovia, para falar com Paolo Carnevali. Tocaram a campainha sem receber resposta, esperaram alguns minutos e conseguiram entrar no pr?dio com a chegada de uma senhora anci? que voltava de um passeio com seu cachorro. “Podemos entrar, senhora?”, perguntou Zamagni. “N?o aceitamos vendedores porta a porta, desculpe. Por isso, se s?o dois desses, podem at? poupar o cansa?o e mudar de destino.” “Estamos procurando o senhor Carnevali. A senhora o conhece?” “Quem est? procurando por ele?”, quis saber a mulher, provavelmente irritada por ter que ficar conversando com desconhecidos. “Precisamos falar com ele. N?o ? nossa inten??o lhe causar nenhum aborrecimento ou fazer-lhe algum mal f?sico”, explicou o inspetor, mostrando a carteira de identifica??o. “Oh, pelo amor de Deus...”, foi a rea??o da anci?, “O que andou fazendo aquele rapaz? Parecia-me uma pessoa tranquila.” “N?o se preocupe”, a tranquilizou o agente Finocchi, “Queremos s? falar com ele.” “Assim sendo, acho que a esta hora esteja trabalhando”, explicou a mulher. “E quando poderemos encontr?-lo? Sabe a que horas ele volta?” “A menos que tenha compromissos particulares depois do trabalho, geralmente, o encontro ?s 18 - 18:15h todos os dias da semana. Saio com Toby para o passeio noturno e quando volto ele est? estacionando ou subindo as escadas.” “Saberia nos dizer que carro tem o senhor Carnevali?” N?s a abord?vamos um tanto despreparada, explicou a senhora, porque n?o era de forma alguma especialista em carros. Os ?nicos meios de transporte que conhecia bem eram os ?nibus, usando-os para ir de casa at? o centro da cidade no domingo ? tarde. “N?s a agradecemos igualmente, senhora.”, disse Zamagni, “Voltaremos ? noite.” Os dois saudaram a senhora e Toby, que n?o a teria seguido sem ao menos que um deles lhe tivesse feito algum carinho e voltaram para o carro com o qual chegaram. N?o teria feito sentido esperar tantas horas antes que Paolo Carnevali chegasse, assim decidiram que iriam para a Central de Opera??es e Zamagni teria aproveitado para ouvir eventuais novidades da Cient?fica e do patologista que estava encarregado de realizar a necropsia. Os seus pais estavam realmente felizes por ele, o viam contente e estavam orgulhosos com parentes e amigos da fam?lia. Al?m de ir para a escola, fazia ainda alguma coisa de ?til e produtiva, pelo pouco que pudesse juntar. N?o ser? tanto, mas para um rapaz que estuda ? sempre melhor que nada. Era assim que falavam do trabalho que o seu filho tinha conseguido. Parece que n?o ? o ?nico e assim conheceu tamb?m outras pessoas da mesma idade com as quais ?s vezes sai para passear, se encontrar no Jardins Margherita ou na Pra?a Maggiore no s?bado ? tarde, se divertir e, ?s vezes, fica fora para jantar com eles. Com aquele pouco que ganha, consegue tamb?m permitir-se a fazer isso, sem que n?s tenhamos que dar nosso dinheiro. Era um trabalho simples, tratava-se s? de fazer panfletagem. E quem n?o teria sabido fazer uma coisa desse tipo? Bastava distribuir os folhetos publicit?rios pelas ruas. Nos condom?nios, nos locais p?blicos ou mesmo s? nas ruas e estava feito. N?o era solicitado mais nada, nenhuma obriga??o de qualquer tipo. F?cil, f?cil como beber um copo de ?gua. E era aquilo que fazia todas as tardes, uma hora ou ao m?ximo duas por dia, s? nos dias no meio da semana, depois de ter ido ? escola e ter terminado os deveres. O fim de semana iria descansar, divertir-se e gastar uma m?nima parte do dinheiro ganho: como rapaz diligente que era, tinha acertado com os pais para que ficassem com a metade; agora que tinha a possibilidade, queria contribuir com as despesas da casa, dentro do poss?vel. Continuava assim com o seu trabalho, com a t?pica leveza da sua idade, sem sequer se perguntar para o que estava fazendo publicidade. IV ? noite do mesmo dia, ?s 18:30h, o inspetor Zamagni e o agente Finocchi voltaram ? rua Cracovia para falar com Paolo Carnevali. Tocaram a campainha e depois de alguns minutos foram ao seu apartamento. “Fui avisado h? pouco da sua chegada.”, explicou o homem. “Eu estava esperando voc?s. Por favor, fiquem ? vontade na sala de estar.” Sentaram-se ao redor de uma mesa retangular de dimens?es m?dias e, depois das apresenta??es, Zamagni come?ou a falar. “Desculpe-nos pelo hor?rio. N?o sei se est? acostumado a jantar cedo. Assim, ? nossa inten??o tirar-lhe pouco tempo.” “N?o t?m que se preocupar”, respondeu Carnevali. “Al?m do mais, gostaria de saber o motivo desta sua visita.” “Gostar?amos de falar de Lucia Mistroni.” “O que ela fez? Aconteceu alguma coisa com ela?” Parecia n?o saber de nada do que tinha acontecido ? sua ex-namorada ou, se tamb?m o sabia, o escondia bem. “Esta manh?, a m?e dela a encontrou morta no seu apartamento.” Paolo Carnevali fechou os olhos por alguns instantes, depois os reabriu e disse: “Eu sinto muit?ssimo. Como aconteceu? Descobriram j? alguma coisa? Imagino que, se est?o aqui, para dar um nome ao culpado seja ainda cedo.” “J? estamos trabalhando nisso”, explicou Zamagni, “Por enquanto, sabemos s? que sua m?e foi ? cada da filha e, n?o recebendo nenhuma resposta, voltou para pegar a sua c?pia de chaves. Quando abriu a porta do apartamento, Lucia Mistroni estava estendida no ch?o.” Pelo menos no momento, n?o disse nada em rela??o aos telefonemas amea?adores. “Espero que possam encontrar r?pido o culpado. Por que vieram falar comigo? Eu n?o via Lucia desde que nos deixamos, h? alguns meses atr?s.” “Temos que seguir todas as pistas e aquela de ex-namorado ? uma.” “Como lhes disse, eu n?o sei de nada. N?o via Lucia h? alguns meses.” “Sabemos que ultimamente brigavam com frequ?ncia”, disse o inspetor. “Quem lhes contou isso foi a m?e dela?” “Sim.” “Entendo. Tudo bem, no ?ltimo per?odo de noivado brig?vamos, mas isso n?o significa que eu seja o culpado.” “N?o queremos afirmar isso. Como lhe disse, temos que seguir todas as pistas que possa nos levar ao respons?vel do que aconteceu. Por que brigavam?” Houve uma breve pausa, na qual Paolo Carnevali meditou, antes de responder: “Poderemos dizer que cada pretexto eram suficiente para iniciar uma discuss?o animada entre n?s dois. A rela??o, por qualquer motivo, tinha tomado este caminho nos ?ltimos meses. Brig?vamos tamb?m pelas coisas mais banais.” O agente Finocchi ficava tomando nota, sinalizando qualquer m?nima coisa. “Entendo.”, disse o inspetor. “H? pouco tempo, parece que a senhorita Mistroni estava recebendo telefonemas amea?adores. Tem ideia de quem os pudesse fazer? O que sabia, h? algu?m capaz de chegar a tanto? Algu?m que conhecesse Lucia e com o qual teria acontecido alguma coisa especialmente desagrad?vel.” “N?o sei como ajud?-los, sinto muito.” Ao quanto parecia, do senhor Carnevali n?o ter?amos obtido nada, pelo menos por enquanto. “Certo. Caso se lembre de alguma coisa relativa ? senhorita Mistroni, chame-nos e pe?a para falar comigo.” O homem concordou. “Ah, uma ?ltima coisa.”, disse o inspetor Zamagni despedindo-se, antes de descer as escadas, “Fique ? disposi??o.” V “Posso pagar com cart?o?”, perguntou a mulher. “Certamente”, lhe respondeu a funcion?ria da academia. “?timo. Qual ficha devo preencher para me inscrever?” “Veja aqui. Preencha em todas as suas partes e, se tiver d?vidas, pergunte.”, falou a loira por tr?s da bancada. “Escreva em mai?sculas.” A outra mulher concordou e pegou a caneta que encontrou presa a um cord?ozinho. “Mariolina Spaggesi? Estou lendo certo?”, perguntou a funcion?ria. “Sim.” “E mora na rua San Vitale no n?mero 12, correto?” “Exatamente.” “Bom. Diria que est? tudo perfeitamente leg?vel.” Depois lhe entregou uma folha onde estava especificado o regulamento da academia. Mariolina Spaggesi o dobrou, colocou na bolsa e saindo, saudou a outra mulher, para depois retomar o caminho de casa. N?o via a hora de come?ar: h? tanto tempo tinha se prometido frequentar uma academia, na modalidade livre, sem ter a obriga??o com hor?rios e, finalmente, naquele dia tinha tomado a decis?o de parar. Passava na frente quase todos os dias porque estava no caminho que ligava sua casa com o local onde trabalhava e, geralmente, preferia fazer um passeio que usar os meios p?blicos. Considerava que fossem precursores de doen?as como a gripe e, no fundo caminhar, como sempre ? dito, faz bem ? sa?de. Aquela noite chegou em casa e depois de ter pego a correspond?ncia e ter jantado rapidamente com uma pizza entregue ? domic?lio, foi dormir ?s 21:00 horas, cansad?ssima pelo ?rduo dia de trabalho, adormeceu rapidamente. Quando se acordou na manh? seguinte, durante o caf? da manh?, verificou a correspond?ncia que na noite antes tinha apenas depositado sobre a mesinha da sala de estar. Alguns folhetos publicit?rios, um cart?o postal enviado por uma amiga que estava de f?rias no norte da Europa e um envelope branco com selos, com os dizeres X MARIOLINA SPAGGESI e o endere?o escritos em letras mai?sculas. N?o sabia quem fosse o remetente, porque era evidente que n?o quis faz?-lo saber ou porque, quem sabe, se teria feito reconhecer de algum modo dentro do pr?prio envelope ou por algum outro motivo que Mariolina ignorava. Apoiou a x?cara de caf? com leite sobre a mesinha e abriu o envelope, com curiosidade por aquilo que poderia ser o conte?do. Como era leve e, em geral, na apar?ncia, parecia que n?o contivesse nada. Na realidade, havia algo dentro e, exatamente um cart?o de visita. O texto dizia: MASSIMO TROVAIOLI Diretor de Marketing Tecno Italia S.r.l. Na parte inferior do cart?o de visita havia um contato telef?nico empresarial, um celular, presumidamente empresarial e um endere?o de e-mail pessoal. Com as m?os tr?mulas, Mariolina deixa o envelope cair no ch?o e o cart?o voou por alguns segundos, antes de se apoiar no ch?o. Releu uma segunda vez tudo, depois do que se sentou para procurar entender o que estava sentindo. VI Os resultados das an?lises da Pol?cia Cient?fica no apartamento de Lucia Mistroni e da necropsia no seu corpo, com muita rapidez chegaram e quase com os mesmos tempos de espera. Na casa da garota, aparentemente, n?o foi encontrado nada de especialmente interessante, pelo menos depois de uma primeira verifica??o. Mantenhamos ainda os isolamentos at? a conclus?o desta est?ria, tinha determinado Zamagni, porque sabia que a polui??o da cena de um crime teria boas probabilidades de enganar as investiga??es e atrasar a solu??o. E ainda, teria podido sempre ter a necessidade de voltar naquele apartamento para posteriores verifica??es. O apartamento tinha parecido completamente em ordem, sem nada que estivesse fora do lugar. Isto podia significar que o culpado daquele crime n?o procurasse nada em especial quando foi para a casa de Lucia. E, al?m do mais, a fechadura da porta de entrada estava no lugar, sem sinais de arrombamento. Assim, provavelmente Lucia Mistroni conhecia o seu assassino. A necropsia n?o tinha evidenciado sinais de briga marcados. A mulher tinha batido a cabe?a, talvez de modo letal e, por consequ?ncia, tinha provavelmente ca?do no ch?o. “Aquilo que temos at? agora n?o nos leva a lugar algum”, disse o inspetor Zamagni falando com o capit?o Luzzi no seu escrit?rio. “Proponho procurar melhor entre os seus parentes, os seus amigos e conhecidos”, disse o capit?o. “No m?nimo, conseguiremos obter algumas informa??es a mais relativas ? garota.” “Concordo.” “Pe?a ajuda ao agente Finocchi. Dividam as tarefas, para ganhar tempo. Voltem juntos na m?e dela depois, com base naquilo que lhes dir?, falem com as pessoas que conheciam sua filha.” Terminada a conversa, Zamagni e Finocchi sa?ram para ir falar novamente com a m?e de Lucia Mistroni. O tr?fego nas ruas aquela manh? estava insuport?vel, mesmo assim conseguiram chegar ao destino em um tempo ainda razo?vel. A senhora tinha lhes dado seu pr?prio endere?o um pouco antes de sair do apartamento da filha no dia antes. Quando a mulher viu os dois policiais, estava voltando para casa depois de ter passado na quitanda. Fez com que se acomodasse e lhes perguntou se queriam algo para beber. “Muito gentil”, agradeceu o inspetor, “Aceito, obrigado, um copo de ?gua.” “Pode ser o mesmo para mim tamb?m, obrigado”, disse Marco Finocchi. A mulher colocou ?gua nos dois copos de vidro, at? grandes, e os ofereceu aos seus h?spedes. “Precisamos novamente da sua ajuda”, disse o inspetor depois de ter tomado um gole. “Podem falar.” “Conseguiria nos fazer uma lista de todas as pessoas que a sua filha conhecia? Estou me referindo a parentes, amigos e conhecidos. Ao que se refere ao ambiente de trabalho, ? suficiente que nos diga o nome da empresa.” A mulher pegou uma folha de papel, come?ou a escrever e, depois de terminar, os dois policiais perceberam que teriam bastante coisa para fazer para falar com todos no menor tempo poss?vel. Zamagni recebeu a folha, dobrou e a colocou no bolso. “Desde a ?ltima vez que nos vimos, lembrou de alguma coisa que a senhora acredita possa nos ajudar no nosso trabalho?”, perguntou depois. “No momento n?o, mas n?o me esqueci. Assim que tiver algo para voc?s, n?o vou hesitar em cham?-los.” “Agradecemos.”, disse Marco Finocchi. “Agora ? melhor ir embora, senhora. O trabalho nos espera.” Esta vez tinha sido o inspetor Zamagni a falar. Os dois policiais se levantaram quase que no mesmo instante, cumprimentaram a mulher e sa?ram. A folha que a mulher lhes tinha dado, perceberam, estava bem detalhado: para cada nome da lista, era especificado o tipo de conhecimento ou parentesco e, para aqueles que o sabia, tinha indicado tamb?m o endere?o. Zamagni decidiu que iriam come?ar com os nomes dos quais tinham as informa??es completas e deixariam aos agentes que trabalhavam no escrit?rio a tarefa de completar a lista com os dados que faltantes. O inspetor se ocuparia dos parentes e o agente Finocchi ficaria com os amigos. Antes de iniciar o duro trabalho de coleta de informa??es, passaram novamente pela delegacia de pol?cia e Zamagni aproveitou para tirar duas c?pias da lista que a mulher tinha feito: uma c?pia ficou com o agente Finocchi, uma outra dada ao agente encarregado em procurar os dados faltantes e Zamagni recolocou no bolso a original. VII O ?nibus estava lotado ?quela hora da manh?: muitos estudantes estavam indo para a escola e enchiam a maior parte dos lugares sentados. O homem n?o tinha, em todo caso, problemas em ficar de p?, porque sabia que o trajeto que deveria fazer seria bem breve. Quando chegou na parada mais pr?xima ao destino que tinha que ir, desceu e andou ao longo da cal?ada. Atravessou o anel vi?rio e come?ou a percorrer a Strada Maggiore em dire??o ao centro da cidade. Depois de aproximadamente quinhentos metros, virou ? direita para chegar na rua San Vitale e entrou em uma loja de flores sob o p?rtico. “Bom dia.”, falou, “Estou avaliando a compra de algumas flores. Entregam tamb?m a domic?lio, n?o?” “Sim”, respondeu a garota. “Certo.” “Em quais flores estava pensando?” “Cris?ntemos”, respondeu o homem, “Um belo ma?o de cris?ntemos.” A garota ficou uns instantes sem dizer nada, considerando consigo mesma o pedido, depois come?ou a preparar o ma?o. “? poss?vel falar com o dono?” “Ele n?o est? no momento.” “Quando posso encontr?-lo?” “Geralmente, ele passa na loja durante a tarde, ao anoitecer.” “Todos os dias?” “Normalmente sim, a menos que n?o tenha algum compromisso particular, que n?o o permita.” “Obrigado pela informa??o e pelas flores. Pode guard?-las aqui at? esta noite?” “Claro.” “Bom, ent?o at? esta noite.” “Voc?s se conhecem?”, perguntou a garota, referindo-se ao seu chefe e ao homem que o estava procurando. “Se falar com ele, quem sabe posso adiantar para ele que o senhor passou por aqui e que passar? no fim do dia.” “N?o se preocupe, n?o ? um problema. Posso passar tranquilamente mesmo sem que adiante nada para ele.” A garota concorda e quando o homem j? tinha sa?da por alguns minutos, voltou a pensar no seu comportamento estranho. Naquela noite, sem que a garota tivesse contado previamente sobre a visita do homem ?quela manh?, este ?ltimo e o dono da loja de flores falavam por aproximadamente uma hora no bar ao lado da loja. Quando os dois se afastaram, o dono da floricultura voltou para a loja, pegou o ma?o de cris?ntemos e o colocou no quartinho de fundo do local. VIII O inspetor Zamagni e o agente Finocchi dividiram as tarefas: um teria contatado os amigos de Lucia Mistroni, enquanto o outro teria falado com os parentes. Para o momento, a coisa mais importante era encontrar informa??es relativas ? garota e as pessoas com as quais tinha mais contato. Eventuais desenvolvimentos teriam chegado sucessivamente como l?gica consequ?ncia. Come?aram de manh? cedo, telefonando a cada uma das pessoas para programar os encontros: isto teria servido, al?m de obter informa??es ?teis, tamb?m para conhec?-las e ter uma primeira ideia sobre tudo. Stefano Zamagni conseguiu encontrar, no mesmo dia, Dario Bagnara e Luna Paltrinieri. Ambos, lhe disseram, eram amigos de antiga data da garota morta e ambos ficaram sem palavras depois que receberam a not?cia. O senhor Bagnara era um agente imobili?rio que trabalhava em uma filial na Rua Della Barca. Ele o inspetor marcaram se encontrar no escrit?rio do primeiro, onde Zamagni chegou pontual apesar do tr?fego. “Ol?, o senhor ? Dario Bagnara?”, perguntou Zamagni. “Sim, sou eu.” “Prazer em conhec?-lo. Sou Stefano... Zamagni.” “Bom dia. Em que posso ajud?-lo?”, perguntou o agente imobili?rio. “Para mim foi um grande golpe. Ainda estou abalado. Gostaria de ajud?-lo na medida que me seja poss?vel.” “Obrigado”, disse Zamagni, “Poderia me dizer de onde conhecia Lucia Mistroni e h? quanto tempo se conheciam.” “H? muito tempo”, respondeu Bagnara, “?ramos colegas no ensino m?dio.” “Entendo. Assim, posso imaginar que se conheciam bem.” “Sim, com certeza.” “E depois que terminaram a escola? Continuaram a se ver habitualmente?” “Sim, mesmo se n?o com uma frequ?ncia constante. Organiz?vamos algumas noitadas juntos, entre amigos. Eu, ela e Luna, uma outra nossa colega de escola. Isso quer dizer que a frequ?ncia com a qual nos v?amos n?o era constante porque, pelo menos desde que come?ou a namorar com Paolo, acontecia frequentemente que sa?am eles dois sozinhos.” “Quando se viram pela ?ltima vez?” “A semana passada. ?ramos n?s tr?s. Geralmente, quando nos encontr?vamos, Paolo n?o estava.” “Por que n?o?”, perguntou o inspetor. “Por escolha compartilhada. Queria que fosse uma sa?da entre amigos, sem namorados ou namoradas.” “Paolo tamb?m... Carnevali, quer dizer?.. Ele tamb?m concorda com esta ideia?” “Sim, acho eu. No in?cio, ele n?o estava muito de acordo com o fato que nos v?ssemos n?s tr?s sozinhos, talvez por ci?me... n?o sei dizer. Depois, por?m, ultimamente, parece que aceitava sem problemas.” “Entendo. Antes falou de... Luna?” “Sim, Luna Paltrinieri. Falou com ela tamb?m?” “N?o ainda, mas tenho um encontro com ela daqui a uma hora no bar onde trabalha.” Dario Bagnara acenou, concordando. “Ela tamb?m ? uma boa garota.” Naquele momento, entrou uma potencial cliente, que perguntou se poderia falar com algu?m da ag?ncia imobili?ria. Estava procurando um apartamento ? venda. “S? um minuto e falarei com a senhora”, respondeu Bagnara e, voltando-se para Zamagni: “Se desejar, posso pedir ? senhora que volte mais tarde.” “N?o se preocupe, fique ? vontade. Nos veremos logo.” O agente imobili?rio agradeceu Zamagni e, enquanto o inspetor sa?a, pediu para a cliente se acomodar. Na hora marcada, Stefano Zamagni chegou no bar de Luna Patrinieri, na rua Andrea Costa, relativamente pr?xima ? ag?ncia imobili?ria onde trabalhava o senhor Bagnara. “Ol?, a senhorita ? Luna?”, perguntou Zamagni quando n?o havia clientes. “Sim, sou eu.” “Inspetor Zamagni.” “Prazer em conhec?-lo. Gostaria de um caf??” “Muito, obrigado.” A garota lhe preparou o caf? e o serviu com um envelope de a??car branco de cana-de-a??car bruta e um de mel. Bebendo o caf? amargo, Zamagni disse: “Precisaria falar com a senhorita de Lucia Mistroni.” “Farei todo o poss?vel para ajud?-lo.” “Obrigado. Assim, poderia me contar como era o seu relacionamento com a ela? Sei que eram colegas de escola, no ensino m?dio.” “? verdade. Quem lhe falou isso, se posso perguntar-lhe?” “Falei agora a pouco com o senhor Bagnara. Foi ele que me disse que os tr?s estudavam juntos na escola. Espero que n?o seja um problema.” “Entendo. Ent?o, n?o ? um problema.” Zamagni bebeu o ?ltimo gole de caf? e a gar?onete, depois de ter arrumado a x?cara, pratinho e colherzinha no cesto da lavadora de pratos, contou ao inspetor que, efetivamente, eles tr?s eram colegas de escola, tinham se encontrado em sintonia desde in?cio do primeiro ano de escola e tinham mantido a amizade tamb?m depois de terem passado no exame de conclus?o do ensino m?dio. Cada um com o pr?prio trabalho, conseguiam se ver pelo menos uma vez por semana, durante o fim de semana. “Falando em trabalho, saberia me dizer onde trabalhava a senhorita Mistroni? A sua m?e n?o conseguiu ser precisa.” Disse o nome da empresa e que trabalhava como chefe de escrit?rio de marketing exterior, depois acrescentou: “Pe?o que me desculpe, mas falar dela agora me entristece muit?ssimo.” E come?ou a chorar. “Eu a entendo e sinto muito, obviamente, pelo que aconteceu. N?s, infelizmente, temos que continuar a fazer o nosso trabalho e encontrar o culpado.” “Eu sei”, disse a garota, consentindo. “Espero que o encontrem logo.” “Espero.” “Obrigada.” “De nada”, disse Zamagni. “Podemos contar com a sua ajuda a qualquer momento?” “Claro.” “Muito bem”, agradeceu o inspetor. “Por enquanto, diria que pode ser suficiente. Passarei por aqui assim que houver a necessidade novamente de falar com voc?.” “Eu vou lhe esperar.” Zamagni se despediu da garota com um sorriso e saiu do bar ainda com viva esperan?a de chegar ? solu??o do caso. Ainda faltavam dois amigos de Lucia Mistroni a serem interrogados, no entanto, tinha recebido uma outra informa??o nova: logo iriam fazer uma visita tamb?m ao seu empregador. Durante o trajeto de carro para o seu escrit?rio, Stefano Zamagni perguntou-se como estaria indo a busca de informa??es pelo agente Finocchi. IX O agente Finocchi cuidou em falar com os parentes de Lucia Mistroni. A m?e tinha indicado s? o irm?o Atos, um tio e uma prima. Verificou que todos j? tinham sido informados da desgra?a pela senhora Balzani e, quando o agente conseguiu falar com o irm?o, este come?ou a chorar dizendo que n?o tinha parado do momento em que soube da not?cia. Morava sozinho na rua San Felice, em um apartamento pequeno mas funcional. “Posso falar com o senhor sobre sua irm? Lucia?”, perguntou Marco Finocchi depois de se apresentar. “Claro, fique a vontade.” Sentaram-se na sala, com a luz da manh? que iluminava o local atrav?s dos vidros da janela. “Como eram as rela??es entre voc?s dois?”, quis saber o agente. “Diria ?timas, mesmo se ultimamente n?o nos v?amos sempre porque eu estive muito ocupado com o trabalho.” “Entendo. Trabalha com que, se posso perguntar-lhe?” “Instalo m?quinas autom?ticas. Estou sempre me movimentando e toda vez fico fora de casa por pelo menos uma semana.” “Deve ser um trabalho interessante, pelo menos pelo fato de viajar e ver sempre lugares novos.” “Seria se eu pudesse ter um pouco mais de tempo para poder andar por a? um pouco, em vez de ficar fechados dentro de uma empresa montando uma m?quina autom?tica de manh? ? noite. O ?nico divertimento que temos ? ? noite, quando vamos jantar e provamos a gastronomia local.” “Com certeza, um trabalho desafiador”, disse Finocchi, “Quando se viram pela ?ltima vez, o senhor e a sua irm??” “H? aproximadamente duas semanas atr?s.” “Em uma ocasi?o especial?” “N?o. Eu tinha acabado de chegar de uma viagem e no domingo decidimos jantar juntos. Uma pizza para nos contar um pouco as novidades.” “E como lhe pareceu, naquele dia? Tranquila, ou tinha algo que n?o ia bem? Estava, por acaso, preocupada com alguma coisa?” “Ela me contou dos telefonemas que recebia. Eles lhe davam medo, tamb?m porque n?o entendia de quem poderiam vir.” “N?o tinha a m?nima ideia de quem pudesse ser?” “N?o.” “N?o apresentou a den?ncia ? pol?cia?” “N?o sei lhe responder.” “Entendo.” “Posso lhe perguntar por que est? em casa a essa hora? Geralmente, neste hor?rio trabalha-se.” “Esta ? uma semana, digamos assim, tranquila, sem viagens e quando trabalho aqui fa?o turnos. At? sexta-feira, vou trabalhar das duas da tarde ?s dez da noite.” “Certo. Pe?o que fique ? disposi??o no caso de precisarmos ainda da sua ajuda.” “Farei qualquer coisa que possa ajud?-los a encontrar o culpado.” “Eu lhe agrade?o.” O agente Finocchi se despediu do irm?o de Lucia Mistroni e saiu de volta para a rua. ? noite, iria encontrar o tio e a prima da garota. Marcaram se encontrar no Comando da pol?cia. Luigi Mistroni, a filha Laura e a esposa Antonia Cipolla foram encaminhadas para uma sala de espera e, assim que o agente Finocchi voltou, come?aram a falar. “Desculpem eu ter incomodado voc?s na hora do jantar. Em todo caso, n?o iremos demorar”, disse o agente. “Sem problemas”, disse o tio de Lucia. “Estamos falando um pouco com todas as pessoas mais pr?ximas, com maior contato de sua sobrinha”, explicou Marco Finocchi dirigindo-se ao casal. “Pretendemos reunir o maior n?mero de informa??es poss?veis porque poderiam nos ajudar a resolver o caso.” “N?s estamos ? disposi??o para lhe ajudar, pelo pouco que poderemos fazer.” “Muito obrigado”, disse Finocchi, depois fez uma pausa perguntando a todos tr?s se gostariam de beber algo, ?gua, um caf?, mas recusaram dizendo que depois de ter terminado com a pol?cia, iriam jantar. “Certo. Em primeiro lugar, poderiam me dizer como eram as rela??es de voc?s com Lucia?” Foi a tia responder por todos: “Boas, mesmo se n?o nos v?ssemos todas as semanas. Sabe... cada um tem seus pr?prios compromissos. Lucia era muito ocupada por causa do trabalho, por isso acontecia mais do que outra coisa de nos ouvir quem sabe ao telefone ou ver-nos no fim de semana.” O marido e a filha concordaram, confirmando ao agente que o que a senhora Antonia era verdade. A outra hip?tese era que, no caso em que um dos tr?s fosse o culpado, estavam todos de acordo para se proteger um ao outro. “H? quanto tempo n?o viam Lucia?” “Eu... a algumas semanas”, disse a prima Laura. “T?nhamos ido dar uma volta no centro, em Bolonha, um s?bado ? tarde, para nos distrair um pouco e porque nos tinha dito sobre os telefonemas que recebia e sentia a necessidade de ficar com algu?m de quem confiava.” “Ent?o, tinha contado tamb?m a voc?s sobre os telefonemas.” “Ela nos falou durante um almo?o de fam?lia, h? duas ou tr?s semanas atr?s”, explicou o tio. “Entendo”, disse Finocchi. “Sabem se havia algu?m, que voc?s conheciam, que pudesse ter tido algum desentendimento com Lucia? Ou com quem tivesse pelo menos brigado?” “N?o conseguimos lembrar de ningu?m”, disse a senhora Cipolla depois que tinham se consultado em voz baixa por alguns instantes. “Obrigado. Por enquanto, diria que possa ser suficiente. Pe?o que fiquem ? disposi??o. Agora, podem ir jantar.” Saudaram-se. Pouco depois que os tios e a prima de Lucia Mistroni sa?ram do Comando de pol?cia, o agente Finocchi se preparou para voltar para casa. X Na manh? seguinte, o capit?o Luzzi pediu ? Zamagni e Finocchi uma atualiza??o em rela??o ao caso de Lucia Mistroni. “Estamos interrogando amigos e parentes”, explicou o inspetor, “depois teremos que ouvir tamb?m o empregador da garota. N?o deve se excluir que o culpado pode ser um colega dela.” “Os pais que eu ouvi”, acrescentou o agente Finocchi, “insistiram sempre na quest?o dos telefonemas amea?adores que a garota parece estava recebendo. Parece que tinha muito medo, pelo menos do quanto me fez entender a prima.” “Bom, vamos continuar a procurar e v?o logo encontrar as pessoas que ainda devem ouvir.” concluiu Luzzi. Zamagni e Finocchi concordaram, depois sa?ram pela rua para ir falar com o empregador e os dois amigos que ainda estavam na lista que a m?e de Lucia Mistroni lhes tinha dado. O inspetor come?ou com Beatrice Santini, que cuidava de uma mercearia na rua San Felice. Quando chegou no estabelecimento comercial n?o havia ningu?m. “Incomodo?” “O que deseja?”, perguntou a senhora. Zamagni lhe mostrou a carteira de identifica??o, depois acrescentou que gostaria de falar com ela sobre Lucia Mistroni. “Foi um grande golpe para mim. A not?cia me foi dada pela m?e dela”, disse Beatrice Santini, que n?o parecia surpresa com a visita de um inspetor de pol?cia. “Entendo. Poderia me explicar como soube exatamente?” “Soube por acaso. Tinha ido na casa de sua filha porque queria conversar um pouco. N?o a encontrei e, fiquei um pouco no port?o de entrada, porque n?o sabia se realmente fosse a casa dela ou se, quem sabe, estava demorando a atender, vi sua m?e passando. Perguntou-me porque estava ali, se estava procurando por Lucia e se n?o sabia ainda o que tinha lhe acontecido. Cai das nuvens, n?o sabia de nada. Fiquei muito mal e quando me disse que a pol?cia estava fazendo investiga??es a esse respeito, acrescentou tamb?m que lhe tinha dado uma lista de pessoas que conheciam Lucia, parentes e amigos mais pr?ximos, por isso eu estava esperando uma sua visita.” “Entendo. Como eram o seu relacionamento com Lucia?” “A gente concordava em muitas coisas. Geralmente, Lucia nunca brigava com ningu?m, era uma pessoa com um car?ter excepcional.” Zamagni acenou com a cabe?a. “Por acaso sabe se tinha acontecido alguma coisa com ela ultimamente que poderia ter influ?do na sua vida privada?” “N?o. Nada que eu saiba.” Um cliente entrou, pediu uma carteira de cigarros e quando saiu, Zamagni tamb?m se despediu dela. “Por enquanto, diria que ? suficiente. Pe?o que fique ? disposi??o e, no caso de lembrar de algum detalhe que considere importante, entre em contato conosco.” Enquanto ela concordava, ele deixou o n?mero de telefone do Comando. “Pode perguntar por mim. Sou o inspetor Zamagni.” “Certo.” O ?ltimo contato deixado pela m?e de Lucia Mistroni era o de Fulvio Costello, um empregado dos correios na rua Emilia, no bairro Mazzini. Quando o inspetor Zamagni chegou no destino, havia pouca gente, assim pode perguntar sem problemas quem era o respons?vel do escrit?rio e, sucessivamente, poder falar um pouco com o seu empregado. O respons?vel falou por alguns instantes com o homem para lhe explicar a situa??o, depois Fulvio Costello se ausentou do guich? e saiu para falar com Zamagni. “Desculpe-me pelo inc?modo. Sou o inspetor Zamagni. Gostaria de trocar algumas palavras com o senhor, sobre Lucia Mistroni.” “Meu Deus, o que aconteceu com ela?”, perguntou o homem, sem saber dos ?ltimos acontecimentos. “Passou dessa para uma vida melhor. Desculpe-me ter que dizer isso neste contexto. Supomos que n?o tenha sido uma morte natural.” O empregado do correio ficou alguns segundos em sil?ncio, depois perguntou se tinham ideia sobre o culpado. “Infelizmente ainda n?o, mas estamos trabalhando duro para encontr?-lo o mais r?pido poss?vel.” “Entendo. Espero que aconte?a logo.” “N?s tamb?m o esperamos”, disse Zamagni, “Agora, gostaria de lhe fazer algumas perguntas, se n?o for incomod?-lo.” “Fa?a, por favor.” “Obrigado. Antes de tudo, gostaria de saber como se conheceram, o senhor e Lucia.” “Durante uma viagem ao Canad?, por acaso.” “Compreendo. E mantiveram contato.” Costello concordou. “Ouviam-se sempre?”, perguntou o inspetor. “N?o todas as semanas, mas nos ouv?amos frequentemente.” “H? quanto tempo se conheceram?” “Dois anos.” “E posso lhe perguntar se por acaso aconteceu alguma vez algo diferente da amizade, entre voc?s dois?” “Por que me pergunta isso?” “Precisamos de informa??es para resolver um caso como esse e as procuramos por toda parte.” “Entendo. Mas, de qualquer forma, n?o.” “Certo. E tem por acaso alguma ideia em rela??o a algu?m que pudesse ter algum motivo para mat?-la? Ou algum acontecimento que ocorreu que pudesse ter levado a um desfecho deste tipo?” “N?o”, respondeu o homem, depois de ter pensado um minuto. “Infelizmente, sobre isso n?o lhe posso ser de grande ajuda. No caso de me lembrar de alguma coisa, eu lhe contarei.” “Muito obrigado.” O respons?vel pelo correio se dirigiu para a porta. “Fulvio?” O homem se voltou e disse: “Acho que agora eu tenho que voltar ao trabalho.” “Certo.”, disse Zamagni, compreendendo a situa??o, “Pe?o apenas que permane?a ? disposi??o e n?o hesitar em nos contatar caso se lembrasse de algo que poderia nos ser ?til.” “Sem problemas”, disse o empregado. O inspetor concordou, depois se despediu e saiu novamente para a rua. Agora, faltava s? ouvir o que teria contado o empregador da senhorita Mistroni, depois talvez teria conseguido bastante material com o qual poderia come?ar a preparar alguma hip?tese e racioc?nio. XI Davide Pagliarini lutava para tirar da cabe?a aquele incidente. Sonhava com ele ? noite, como um pesadelo recorrente e, com certeza, n?o gostaria que acontecesse. Idiota, repetia para si mesmo, eu sou um idiota, eu matei um jovem rapaz! Estava no aguardo de julgamento, esperando atrav?s de um bom advogado, conseguir pelo menos reduzir a pena. Enquanto isso, vivia mergulhado no remorso. No meio da manh? daquele dia a campainha de casa tocou. “Quem ??”, perguntou ao interfone. “Uma carta registrada. Tem que assinar.” O carteiro. Pagliarini desceu para a entrada do pr?dio, assinou, pegou o envelope e voltou para o seu apartamento. O emitente era o Tribunal de Bolonha. Assunto: aviso de comparecimento. Abriu o envelope e descobriu que deveria se apresentar depois de duas semanas exatas ?s dez e que, se n?o tiver encontrado pessoalmente um advogado para a defesa, lhe seria dado um de of?cio. Apoiou o envelope na mesinha da sala, depois ligou para o seu advogado de confian?a. “Estamos no ep?logo”, disse Pagliarini, depois que a funcion?ria encaminhou a chamada para o escrit?rio do advogado. “Basta permanecer calmos e voc? vai ver que saltaremos fora.” O advogado j? sabia de todo o caso, pois a tinha contado telefonicamente o pr?prio Pagliarini no dia antes quando tinha acontecido o incidente. V?o me condenar, tinha dito, n?o tenho nenhuma carta para jogar, em minha defesa. O advogado tinha tentado, tamb?m aquela vez, tranquilizar o seu cliente dizendo-lhe que teria encontrado algo que o teria ajudado pelo menos a chegar a uma pena reduzida, se n?o at? mesmo s? ao pagamento de uma multa. Mesmo se percebia que teria sido uma coisa pouco agrad?vel de contar aos parentes da v?tima. Vamos conseguir, repetiu o advogado, vai ver que conseguiremos. Logo o teria descoberto: aquele dia estava para chegar e Davide Pagliarini estava muito preocupado, apesar das palavras do seu advogado. Concordaram para se encontrar no dia seguinte e falar melhor pessoalmente. Quando Pagliarini e o advogado se encontraram no escrit?rio deste ?ltimo, em primeiro lugar fizeram um resumo do caso. “Tinha sa?do da discoteca. Quando me encontrava nas avenidas do anel vi?rio de Bolonha estava euf?rico, pressionei o pedal do acelerador at? o fim, sem perceber a velocidade que estava indo. Quando cheguei no cruzamento, onde o sem?foro estava verde, atingi um rapaz que estava atravessando a rua na faixa de pedestres.” “Aquela pessoa estava atravessando a rua, mesmo sabendo que naquele momento n?o deveria ter feito isso. O sem?foro para pedestres devia estar vermelho, imagino.” Pagliarini acena com a cabe?a, esperando que a sua lembran?a fosse real e n?o ofuscada pelas drogas. “Ent?o, viu, j? encontramos um ponto ? nossa vantagem.” “Certo”, disse Pagliarini, “mas como faremos com o fato que eu dirigisse depois de tomar um daqueles malditos comprimidos? Maldi??o, eu nunca tomei elas, cai na conversa daquele fulano l? dentro, aquele que me deu ela. Ele me disse 'Voc? vai ver que se sentir? melhor' e eu me deixei convencer.” O advogado meditou por alguns instantes. “A quest?o do comprimido n?o dep?e a seu favor”, disse, por fim, “mas de qualquer modo conseguiremos sair disso. Tem que confiar em mim.” “Esperamos. E o que deverei fazer nestes dias? Alguma coisa em particular? Serve uma minha declara??o?” “Por enquanto n?o. Voc? dir? tudo no tribunal. Tente permanecer tranquilo e ver? que tudo vai se resolver.” “Conto com a sua experi?ncia.” “Muito bem. Agora, volte para casa e relaxe. Eu o contatarei de algum modo.” “Agrade?o muito.” “De nada. ? o meu trabalho.” Depois de se despedirem, o advogado come?ou a pensar em como levaria adiante aquele caso no tribunal e Davide Pagliarini voltou para casa. Iria seguir o conselho que lhe tinha sido dado: relaxamento absoluto at? o dia da audi?ncia. XII De manh? cedo, naquele mesmo dia, Mariolina Spaggesi ouviu a campainha tocar, foi para o interfone e perguntou quem era. “Flores para a senhora”, foi a resposta. “Suba”, disse a mulher, come?ando a fazer suposi??es sobre o poss?vel remetente daquele agrad?vel presente. Quando viu o florista com o ma?o de flores na m?o, mudou de express?o. “E..e..entre por favor”, disse, balbuciando, ao homem que estava ? sua frente. Parecia que j? o tinha visto, talvez era o florista que ficava um pouco afastado da sua casa, ao longo da mesma rua. “Ap?ie ali em cima.” O homem ultrapassou a entrada do apartamento, seguiu as indica??es que acabara de receber, depois cumprimentou rapidamente dizendo que deveria voltar correndo para a loja porque estava sozinho e tinha deixado s? um aviso na porta de entrada para informar aos clientes que iria voltar em poucos minutos. Mariolina Spaggesi voltou a fechar a porta e foi rapidamente na dire??o do ma?o de flores que acabou de lhe ser entregue. Um ma?o de cris?ntemos?, pensou. Viu que sobre a pel?cula que envolvia as flores tinha sido colado um envelope de papel com os dizeres PARA MARIOLINA. Abriu o envelope e dentro encontrou apenas um cart?o de visita. MASSIMO TROVAIOLI Diretor de Marketing Tecno Italia S.r.l. A mulher sentiu um princ?pio de desmaio e teve que se sentar para evitar cair realmente. Virou o bilhete e viu que no verso estava escrito AT? LOGO! com uma esferogr?fica. Depois de alguns minutos se levantou da cadeira, pegou um copo e o encheu de ?gua duas vezes. Precisava beber. Enxaguou o copo, depois foi ao banheiro, refrescar o rosto. Como podia ser? Por uma cren?a popular que lhe tinha sido passada de alguma forma, ela havia sempre associado os cris?ntemos aos defuntos, e Massimo Trovaioli... Pegou o telefone e discou 113. “Estou sendo... perseguida...”, conseguiu dizer, quando algu?m do outro lado da linha, lhe respondeu. “Fique calma, senhora”, disse o agente ao telefone. “e se explique melhor.” “Eu... estou sendo perseguida... por um morto!” “? imposs?vel. Tem certeza que est? bem?” “Sim. Sim, eu estou bem”, disse ela. “Estou sendo perseguida... por um morto!”, gritou. “Onde mora?”, perguntou finalmente o agente, tentando ser r?pida, “Vou mandar algu?m.” A mulher deu o pr?prio endere?o e concluiu o telefonema implorando que fossem r?pidos. Quando chegaram dois agentes de patrulha, encontraram Mariolina Spaggesi em p?nico. “Tente tranquilizar-se, senhora. Gostar?amos que nos contasse tudo que est? acontecendo”, explicou um dos dois agentes. A mulher contou a eles do envelope recebido alguns dias antes e as flores recebidos aquela manh?. “Quem ? Massimo Trovaioli?”, perguntou um agente. “O meu ?ltimo ex.” “E ele poderia ter alguma coisa contra voc?? Quando se deixaram, isso aconteceu de uma forma ruim?” “Ele est?... morto!”, gritou a mulher. “Ele ? o... morto... que me persegue!” Spaggesi continuava gritando, enfatizando sempre a palavra morto toda vez que a pronunciava. “Desculpe-nos”, disse o outro agente, “N?o nos est? claro ainda este detalhe. Deve nos desculpar. Sentimos muito.” “N?o faz mal”, responde a mulher, depois de um momento de sil?ncio no qual tentou relaxar os nervos. “Viu quem lhe trouxe estas flores?”, lhe foi perguntado, quando os dois agentes ficaram certos de ter passado o momento de impasse. “Pareceu-me... o florista... aquele aqui em baixo, ao longo da rua San Vitale, mas n?o tenho certeza. Quando estou na rua, ando sempre t?o r?pido e n?o olho muito para as lojas.” “Iremos verificar”, lhe garantiu um dos dois agentes de patrulha, voltando-se depois para o colega com um olhar de acordo. “Voc?, no entanto, deve permanecer calma. Vai nos prometer isso?” “Vou tentar”, respondeu a mulher. “Vou tentar.” “Bom. N?s nos empenharemos logo para esclarecer esta quest?o. Provavelmente foi um mal entendido.” “Estou com medo”, disse a Spaggesi, “Fa?am alguma coisa, por favor”, implorou, como se n?o tivesse escutado as ?ltimas palavras dos dois agentes. “Tente se tranquilizar e beba um copo de ?gua.” O agente mais pr?ximo da torneira da ?gua, pegou o copo que encontrou ali ao lado, o encheu e o ofereceu ? mulher. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/federico-betti/atropos/?lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.