Она пришла и села у стола, В глаза смотрела молча и сурово, Пусть эта встреча нам была не нова, Я избежать озноба не смогла. Потом она по комнатам прошла, Хозяйкой, обходя души покои, Её к себе я в гости не звала, Сама пришла, заполнив всё собою. Я с ней вела беззвучный монолог, Она и словом мне не отвечала, Я от бессилия в неё порой кричала, Но

Cortejando Um Semideus Arrogante

Cortejando Um Semideus Arrogante Rebekah Lewis Um conde arrogante se apaixona por uma linda jovem... mas tem que competir pelo amor da mo?a contra um duque invejoso. Um romance hist?rico com uma pitada de sobrenatural! Bryce Stirling, o Conde de Winterthorne, n?o quer de jeito nenhum viajar ao interior ingl?s para o casamento da prima, Ione, com o filho de um visconde. Mas, quando se abriga na estufa de Summerfield, fugindo dos convidados, pega-se cativado no mesmo instante pela linda mulher que escolheu o mesmo local para se esconder da fam?lia – e de um trist?o persistente que a deseja para si. A senhorita Wendelin Harlow tem tr?s irm?os mais velhos e superprotetores. Assim que o sedutor Lorde Shellington se interessa por ela no casamento, seus irm?os entram em a??o, e Wendelin busca o conforto da estufa para evitar todos eles. Quando encontra o Conde de Winterthorne, deseja conhecer melhor o homem misterioso de quem sempre falam na alta sociedade – mas quase nunca ? visto. N?o demora para os dois imortais descobrirem que est?o interessados pela mesma mulher, e Bryce, de alguma maneira, permite que o Lorde Shellington o convenca a participar de uma aposta pelo amor da senhorita Harlow. Quem ganhar, leva a mulher, mas o perdedor ter? que abrir m?o da imortalidade. Translator: Mariana C. Dias Cortejando Um Semideus Arrogante ?ndice Cap?tulo 1 (#u1be35487-b343-5562-a2a4-7d86e9b6669d) Cap?tulo 2 (#u0ad6615f-40e9-5e06-bfd6-50b2c2660413) Cap?tulo 3 (#u41427047-d8ce-5753-ac15-0120f5b5643b) Cap?tulo 4 (#uf795242e-5726-5015-94dd-209b79680a0e) Cap?tulo 5 (#u1ff3ecc9-4a14-5b57-885d-d9411f7aa337) Cap?tulo 6 (#u6e945f52-bf46-5949-a518-6276d3d009d6) Cap?tulo 7 (#u042b88ff-0864-5981-9768-7843cd2610c4) Cap?tulo 8 (#u31d4f134-2393-55de-aa23-2091cf6211ff) Cap?tulo 9 (#udb5e68e0-2c32-5a73-ab64-974753ffe700) Cap?tulo 10 (#u222ec6b8-6401-528e-9fb3-247dbb5160eb) Cap?tulo 11 (#u8fd2357e-5e78-5fd0-a1c0-b4737cf9e2ba) Cap?tulo 12 (#u1b15bd29-40d0-5e89-9c77-ba6888a25c4d) Cap?tulo 13 (#u4b03d808-1a73-5a27-adf7-e5eedc807f67) Sobre a autora (#u6b944c52-b6ca-5b5b-913c-70161a5573ab) Mais livros de Rebekah Lewis (#uff6e356f-843e-54f3-923d-2e98c35b0517) Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, institui??es, lugares, eventos e acontecimentos s?o produtos da imagina??o da autora ou foram utilizados de maneira ficcional. Quaisquer semelhan?as com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos da realidade n?o passam de coincid?ncia. Capa por Victoria Miller. Copyright © 2021 por Rebekah Lewis Todos os direitos reservados. Este livro ou qualquer trecho dele n?o pode ser reproduzido ou utilizado de forma alguma sem uma autoriza??o exprimida por escrito pela autora, exceto para o uso de cita??es curtas em resenhas. www.Rebekah-Lewis.com Created with Vellum (http://tryvellum.com/created) Para Niki e Nelly, N?o tivemos a chance de trabalharmos juntas por muito tempo, mas voc?s transformaram aquela ?poca no escrit?rio em uma festa. Obrigada. Cap?tulo 1 11 de agosto de 1817 Bryce Stirling, o terceiro Conde de Winterthorne, cruzou os bra?os ao encarar, pela janela, o interior ingl?s em movimento. Summerfield ficava a apenas um dia de viagem de Londres, mas o problema n?o era essa. — N?o sei por que temos que ir… — Ele se virou e encarou a muit?ssimo velha tatarav? com um olhar que intimidaria a maior parte das pessoas. A Duquesa de Ceres, no entanto, pareceu entediada com as reclama??es do homem. Reclama??es, arrependia-se Bryce, das quais ele n?o abria m?o desde que tinha sido informado que a acompanharia ao casamento de pessoas que o neto sequer conhecia. Honestamente, n?o compreendia por qual raz?o estava sendo arrastado ao interior contra sua vontade. Claro, a tatarav? n?o era uma velhinha fr?gil a quem ele tinha que agradar por dever ao la?o familiar ou para ser educado. N?o, a Duquesa de Ceres era ningu?m menos do que a deusa Dem?ter, e, de acordo com a sociedade londrina, ela era tia dele. Isto, porque parecia ainda mais nova do que a m?e de Bryce, com a pele sem manchas, o cabelo ruivo e os olhos verdes brilhantes e atentos. — Por que voc? est? dificultando tanto a situa??o? Ione ? sua prima… — Prima de muitos graus — corrigiu-a o neto, ignorando o olhar que recebeu por n?o a deixar terminar a frase. — Eu n?o cresci com ela. Eu nunca sequer a conheci. — ? raro algu?m que sabe da sua origem passar mais do que alguns dias em Londres. Faria bem a voc? ter uma conhecida com quem conversar. Se ao menos voc? pudesse ir ao Olimpo… — Dem?ter franziu a testa. Esta era uma queixa comum. Fazia tempo que Zeus tinha fechado os port?es para os forasteiros, incluindo para os membros do pr?prio pante?o que n?o estavam presentes quando o cadeado m?tico foi fechado. Sendo semideus, Bryce deveria poder fazer uma visitinha ao outro lar ancestral quando desbloqueasse os seus poderes divinos, mas, infelizmente… nunca teria essa chance. N?o havia como sentir falta daquilo que nunca tinha vivido. Por alguma raz?o, a ideia de jamais visitar o Olimpo sequer o incomodava. — N?o preciso conversar com ningu?m sobre isso. — Por que precisaria? Ser um semideus tinha seus pontos positivos, mas n?o era como se a sua condi??o tivesse se tornado um fardo t?o grande ao ponto de Bryce n?o a aguentar. Ainda era novo, tinha vinte e cinco anos e uma vida toda para aproveitar suas… habilidades. — As irm?s de Ione v?o estar l?. Bem, pelo menos um punhado delas. Nem todas v?o conseguir comparecer, j? que t?m outras obriga??es. Em resposta a isso, Bryce bufou. Que tipo de obriga??es uma sereia tinha? — Tenho certeza de que as ninfas do mar s?o uns amores, mas n?o tenho interesse em ser atormentado nem em ser afogado por uma delas. — Era o que elas faziam, afinal de contas. O fato de o Capit?o Harlow estar se casando com uma ninfa que havia rejeitado aquela parte de seu ser era um acidente e nada mais. Desejava sorte ao homem. Dem?ter assentiu. — ? o meu sangue correndo pelas suas veias que o deixa t?o preocupado. Voc? quer ficar em terra, e o mar parece que est? fora de quest?o para voc?. — Ela alisou a saia verde desbotada do vestido, que exibia rendas prateadas e bordados de contas. — Isso, e o medo de ser levado e enganado como aquele filho horrendo do… Ele ergueu a sobrancelha. Pigarreando, Dem?ter continuou, a voz mais calma: — O que eu quero dizer ? que… o sofrimento de Pers?fone se transformou em um estresse sem fim dentro da nossa linhagem. Talvez seja culpa minha, tamb?m. — Ela deu de ombros e encarou o teto, como se buscasse o perd?o pela rea??o exagerada, h? tantos s?culos, quando os tios av?s de Bryce, Pers?fone e Hades, abalaram o pante?o com seu casamento. Dem?ter nunca perdoou Hades. — Se ele n?o a tivesse enganado com aquela rom?… N?o querendo entrar naquele assunto outra vez – porque, quando ela come?ava a reclamar de Hades, a conversa podia se arrastar por dias –, Bryce voltou a focar nas ninfas do mar, com quem a tatarav? queria arranjar um encontro para ele. — Respirar estaria fora de quest?o para mim caso eu sequer olhasse por tempo demais para uma dessas ninfas. — Sem mencionar que os poderes dele estavam enraizados na terra, e o homem n?o pretendia se afastar de sua fonte de poder. — Ah, que seja. Mas n?o significa que voc? n?o possa se divertir e conhecer a Ione e o Capit?o Harlow. Voc? precisa de mais amigos em Londres, dos quais n?o tenha que esconder o seu verdadeiro eu. Como eu lhe disse, faria bem a voc?. Ela tinha raz?o, mas Bryce n?o precisava concordar. Teria preferido conhec?-los em Londres. Aparentemente, havia comparecido a um baile, h? pouco tempo, onde tanto ele quanto Ione estiveram presentes, mas Dem?ter n?o achou prudente apresent?-los naquela ocasi?o – s? os deuses sabem por qual raz?o. Poderia t?-lo poupado de uma viagem inoportuna de carruagem. Permaneceram em sil?ncio pelo resto do caminho, que n?o se alongou muito. Ap?s ajudar Dem?ter a descer da carruagem, virou-se e encarou a Mans?o Summerfield. Era peculiar, apesar de pertencer a um visconde. O Capit?o Harlow, na maior parte do tempo, morava ali sozinho – de acordo com os rumores –, enquanto o visconde e a viscondessa, junto com os tr?s filhos, preferiam a agita??o e o burburinho de Londres. Os arbustos e os canteiros estavam bem cuidados, mas logo ficou aparente que, quem quer que fosse respons?vel pela propriedade n?o tinha muita imagina??o se tratando de criar um jardim imponente e digno de receber visitas. — Devo insistir para que n?o se meta com a flora deles, Bryce. — A firmeza no tom de Dem?ter chamou-o de volta para a realidade. — Com certeza notar?o, e nem todo mundo aqui sabe que existem olimpianos entre eles. — Bem, mas nem sempre consigo controlar a necessidade de usar magia. — O mau humor continuou a piorar. Odiava quando recebia broncas como se ainda fosse um garotinho. Era um homem agora. Seu poder de criar e controlar plantas era facilmente mantido em segredo quando em casa, em Winterthorne, com seu grande invernadouro e jardins, mas, na grande casa em Londres, o diminuto jardim e estufa n?o eram de grande ajuda. A terra o chamava para ser semeada e cuidada, e algumas flores cairiam muito bem em Summerfield, mesmo que n?o fosse ele o respons?vel por plant?-las. Os criados os levaram para dentro da mans?o, ent?o, foram rapidamente guiados ao outro lado, passaram pela porta dos fundos e deram de cara com um penhasco com vista para o Mar do Norte. Abaixo, um peda?o de floresta encobria a descida que acabava na praia, que, por enquanto, permanecia fora de vista, apesar do ar e da brisa marinhos. Pelo menos, havia um mont?o de ?rvores ali. Bryce emitiu um chiado baixinho, impaciente. Dem?ter o encarou de soslaio, furiosa, e ele fingiu n?o ter percebido. Em vez disso, focou nas pessoas ao redor. Um padre conversava com um cavalheiro mais velho, e Bryce o reconheceu rapidamente como o Visconde de Summerfield. Havia muitas mulheres se demorando por ali, com chap?us elaborados que cobriam o cabelo, mas o vislumbre de uma mecha toda violeta lhe chamou a aten??o quando uma das mo?as prendeu o cacho solto sob o chap?u, escondendo-o. Ah, as ninfas do mar. Eram conhecidas por suas cores interessantes; muitas n?o conseguiam passar desapercebidas por conta disso. — Parece que nos atrasamos para a cerim?nia. — Dem?ter apontou para a esquerda, onde uma mulher de cabelo dourado e pele beijada pelo sol sorria amavelmente para um homem de cabelo escuro, que segurava as duas m?os dela enquanto lhe dizia algo. Diversas ninfas os bajulavam, exibindo curiosidade – algumas at? mesmo inveja, caso os seus biquinhos provassem algo. — Vou cumpriment?-las e as trarei aqui. N?o saia do lugar. Como se Bryce tivesse algum outro lugar para ir… mas, logo que Dem?ter desapareceu na multid?o de ninfas, o homem se mandou na dire??o oposta, lan?ando olhadelas ao redor e evitando as pessoas como podia. Quando ningu?m mais parecia se importar com ele, agachou-se e passou pelos arbustos nos limites da mans?o, logo, contornou-a e, ent?o, piscou. Uma estufa se assomava no limite das ?rvores, escondida da parte da frente da casa por um muro de pedras e por um port?o de ferro fundido. Com certeza, Dem?ter o acabaria encontrando ali, mas era um esconderijo que, por enquanto, daria para o gasto. Atravessou o terreno e alcan?ou a estufa. Em seguida, verificou se estava trancada, mas conseguiu abri-la sem dificuldade. Deu uma olhadinha sobre o ombro para garantir que n?o tinha sido seguido, esgueirou-se para dentro e fechou a porta. Soltando um suspiro aliviado, fechou os olhos e inalou o aroma suave e terroso das folhas e das flores fragrantes. N?o se interessava nem um pouco em fazer amigos, e a pontinha dos dedos co?ava com a vontade de usar a energia que n?o podia ser exibida na frente dos mortais. Quando abriu os olhos e se virou para analisar o que a estufa tinha a lhe oferecer, deu de cara com os olhos grandes e muito azuis de uma jovem de cabelo marrom-escuro, envolta por um vestido rosa desbotado, que combinava perfeitamente com o corar rosado de suas bochechas. Bryce perdeu o f?lego. Por que ficou surpreso em t?-la encontrado ali? Por que a sua beleza tinha feito as entranhas dele se remexerem de um jeito estranho? Uma situa??o interessante, sem d?vida. — Eu te conhe?o — disse ela, de repente, levantando-se da cadeira ao lado de uma mesa diminuta nos fundos da estufa. A mulher tinha estado podando folhas mortas de uma pequena lavanda do vaso logo em frente. — Conde de Winterthorne, acho. Mas n?o fomos devidamente apresentados. Ele assentiu, e um cacho louro de seu cabelo caiu sobre os olhos. Ent?o, devolveu-o ao lugar. — Eu mesmo. E quem tenho o privil?gio de encontrar nesta estufa sossegada ? beira-mar? — Nossa, ele realmente tinha exagerado, n?o tinha? Estremeceria se ela n?o estivesse acompanhando todos os movimentos dele, como se tentando descobrir todos os seus segredos. — Senhorita Wendelin Harlow. — Ela fez uma mesura, e Bryce n?o soube dizer se estava sendo educada ou zombando-o. No entanto, agora que sabia quem ela era, o fato de aquela mo?a estar ali deixou tudo muito mais interessante. Apoiou as costas na porta e cruzou os bra?os, dando a ela o seu sorriso mais malandro. — E o que, conte-me, por favor, a irm? do noivo est? fazendo escondida no dia do casamento dele? Ela piscou, pois claramente n?o estava esperando ser acusada de tal coisa, mesmo sendo verdade. — Ah… bem… — A mo?a sentou-se outra vez. — Meus irm?os s?o superprotetores. — Ela franziu a testa para a planta em sua frente, ent?o, para a pilha de folhas mortas que ela mesma havia criado ao lado do vaso. — Eu estava caminhando ao redor da propriedade com o Duque de Shellington, e acho que ele tentou me roubar um beijo… — Ela corou e deu uma espiada em Bryce pelo canto do olho. O homem n?o achou que ela fosse revelar algo t?o escandaloso, e o conde n?o sabia quem o Duque de Shelligton era. Nunca tinha ouvido falar nele, o que n?o fazia sentido. Se era um nobre – um duque ainda por cima –, com certeza deveria conhec?-lo. De repente, ficou irritado – porque n?o conseguia se lembrar do duque, obviamente, e por nenhuma outra raz?o –, mas assentiu para que ela continuasse. — Jonathan estava saindo da casa quando o Lorde Shelligton se inclinou sobre mim… Meu irm?o teve um acesso de f?ria que atraiu diversos espectadores para o que estava acontecendo. Ele n?o me deixou mais sozinha e me fez ficar ao lado dele durante o casamento, para manter o Lorde Shellington longe de mim. — Ela suspirou, apesar de n?o ter ficado claro se por conta das atitudes do irm?o ou se porque queria que o duque a tentasse roubar um beijo outra vez. Estaria aquela lady correndo atr?s de esc?ndalos? Sem descruzar os bra?os por completo, Bryce indicou os arredores com uma das m?os. — N?o estou vendo o seu irm?o aqui. Voc? fez picadinho dele e o enterrou nesses vasinhos de flor? A Senhorita Harlow o encarou por um momento, boquiaberta. — Voc? subestima demais a habilidade de Jonathan de me atormentar. Ele voltaria dos mortos se fosse para me atazanar — disse ela, rindo. O som suave e tilintante fez o cora??o dele bater um pouquinho mais r?pido, e Bryce se afastou da porta, aproximando-se dela, mas parou, desajeitado, ao lado da mesa. — Voc? gosta de plantas? Sorrindo, ela encontrou os olhos dele. — Muito. N?o tenho chance de cuidar delas tanto quanto antes, mas, quando visito Summerfield, gosto de passar o maior tempo poss?vel aqui. — Ela olhou ao redor, para as prateleiras nos dois lados da constru??o, cobertas por vasos e bot?es em plena flora??o. — ? uma pena nada disso sobreviver na terra. Mas que coisa esquisita para se dizer. — Como assim? — Plantei rosas na primavera passada, na frente da casa, sob as janelas gigantes. — Ela fez uma pausa, esperando para ver se o homem tinha notado as janelas mencionadas. Bryce assentiu. — Em vez de florirem, morreram. T?nhamos um jardim riqu?ssimo, entretanto, h? uns cinco anos, parece que nada com flores sobrevive. Mas, por alguma raz?o, sobrevivem aqui dentro da estufa. — Ela deu de ombros. — ? muito estranho. Bryce veria o que poderia ser feito a respeito daquilo antes de partir pela manh?. Era verdade que tinha perdido o casamento, algo que n?o o aborrecia, mas ainda haveria um jantar de comemora??o no finzinho daquela tarde, e continuariam presos ali pela noite. Descobriria por que as flores n?o cresciam e corrigiria a situa??o. Isso n?o apenas faria uma linda lady sorrir, como ele poderia libertar, ao longo do processo, um pouquinho de magia reprimida. — N?o desista das flores, pequenina. O solo pode ser caprichoso quando n?o est? a fim de criar vidas. Tente outra vez, talvez funcione. — Voc? acha mesmo? — Os olhos dela se iluminaram com um tanto de esperan?a, o que o obrigou a engolir a vontade de prometer que, sim, as flores sobreviveriam. — Pode-se dizer que eu pratico muita jardinagem. — O homem deu de ombros, para fingir que sua paix?o pouco importava a ele. Algumas pessoas achavam estranho um conde gostar de trabalhar com terra e plantas. — ? o meu passatempo. A Senhorita Harlow parecia ter mais a dizer, mas seja l? o que fosse desapareceu quando a porta da estufa foi aberta atr?s dele. — Te achei, eu… — O homem parou de falar abruptamente quando percebeu que a Senhorita Harlow n?o estava sozinha. Bryce se virou para encarar o rec?m-chegado, esperando que fosse um dos irm?os que se pareciam com ela. Em vez disso, um homem alto, com olhos verde-mar e cabelo preto, que exibia um tom azulado, olhou-o com desprezo. O saber inato da linhagem de Bryce foi suficiente para lhe dizer que aquele homem n?o era humano, ou seja, deveria ser parente de Ione. Ninfas do mar eram todas mulheres, o que fazia dele… um trit?o. Um dos muitos, muitos filhos do deus que levava o mesmo nome. Todos os quais, Bryce tinha certeza, eram idiotas. — Lorde Shelligton — disse a Senhorita Harlow, levantando-se. Bryce firmou a sua posi??o na frente dela. Apesar dos trit?es n?o terem o costume de afogar amantes, como as sereias – parte do inc?modo era deixar a mulher viver para lidar com os filhos –, caso um trit?o estivesse de olho na Senhorita Harlow, n?o teria como isso terminar bem para ela. Esses seres n?o cultivavam relacionamentos duradouros, apenas queriam parceiras para procriarem. Raios, nem o pai deles era de manter a mesma amante por muito tempo, e a lenda dizia que Trit?o tinha produzido tr?s mil filhos e tr?s mil filhas para povoar o reino oce?nico de Poseidon. Esse n?mero deveria ser um exagero, mas, por outro lado, tamb?m n?o chegava a parecer imposs?vel para um deus com a idade de Trit?o. Shelligton o lan?ou um olhar de cima abaixo, contaminado por hostilidade. Bryce deu o troco na mesma moeda. Atr?s dele, a Senhorita Harlow apoiou a palma da m?o em seu bra?o, e os m?sculos do homem contra?ram em resposta ao toque. Bryce n?o tinha estado esperando nada nisso. Ningu?m o tocava sem que ele os tivesse tocado primeiro. Geralmente, a atitude ousada dela o teria irritado, mas n?o odiou a sensa??o de contato com a jovem. — Preciso voltar antes que Jonathan venha me procurar de novo. — Ela olhou de um homem ao outro ao passar por Bryce. — Foi um prazer conhec?-lo, Lorde Winterthorne. — A Senhorita Harlow assentiu ao trit?o que fingia ser duque. Isso explicava por que Bryce nunca tinha ouvido falar nele. — Vossa Gra?a. Quando ela se apressou ao sair da estufa, Bryce sentiu a aus?ncia dela no mesmo instante. Mas, primeiro, teria que colocar o trit?o na linha. — Sim, Vossa Gra?a — zombou. — Ela est? fora de cogita??o para voc?. Shelligton bufou, indignado. — Nenhuma mulher est? fora de cogita??o para mim, — Essa est?. O trit?o se aproximou, parecendo um duque at? o ?ltimo fio de cabelo, em seu casaco e cal?a cinza-escuros. O peitilho branco e limpo exibia um broche de safira preso bem no centro. Bryce o odiou instintivamente. Aquelas roupas perfeitas e aquele cabelo preto azulado… tentando beijar mulheres jovens e inocentes, sem vergonha alguma, na frente de seus irm?os… Falando nisso, provavelmente deveria estar interessado em procriar com ela. A pobre garota estaria arruinada e presa a uma crian?a, que seria abduzida em uma noite qualquer caso fosse do sexo masculino. Por qual raz?o Ione havia sequer convidado os trit?es para o casamento? Estaria o Capit?o Harlow ciente do perigo que aquela criatura era para a irm?? Pelo menos, Jonathan estava ciente da situa??o, apesar de Bryce n?o saber, naquele momento, se o irm?o realmente compreendia a propor??o da amea?a. — Isso me soa como uma aposta, e eu nunca recuso uma aposta. — Shelligton tamborilou os dedos na coxa. — Voc? acha que eu n?o vou conseguir conquistar a garota, mas eu acho que consigo. Uma irrita??o ainda mais intensa percorreu seu corpo. — N?o vou apostar nada. Estou mandando voc? deixar a mulher em paz. Se quiser chamar isso de algo, chame de amea?a. Ou de aviso. O trit?o estalou a l?ngua. — Coitadinho do semideus, deve estar morrendo de raiva por eu a ter descoberto antes de voc?. Claro, se tivesse chegado na hora, poderia ter tido alguma chance. Ou n?o, j? que voc? n?o passa de um mero conde. — Um conde leg?timo, pelo menos. — Por que ele sequer estava dando corda para aquela discuss?o? N?o era como se Bryce estivesse tentando ter uma chance com ningu?m. — Voc? entendeu tudo errado. S? quero salv?-la da ru?na que seria se envolver com um homem como voc?. Um duque falso. Shellington deu um peteleco em um gr?o de poeira que havia aterrissado em seu bra?o. — Sou t?o real quanto desejo ser. De qualquer maneira, primeiro, tenho que me estabelecer em Londres antes de persegui-la de verdade, o que realmente pretendo fazer. Admito, no come?o, foi apenas pelo entretenimento, mas ao notar qu?o na defensiva voc? est?, quero ver o seu rosto quando ela me escolher. Mulher alguma rejeita um trit?o. Bryce cerrou os dentes para se impedir de responder, pois sabia que isso apenas pioraria tudo. — N?o me importo com quem ela escolher ficar no fim, mas ser? com um homem que realmente se importa com a reputa??o dela. — Pareceu estar se importando demais para que as palavras soassem verdadeiras. Teria o trit?o visto algo a mais do que Bryce tinha notado em seu encontro com a mortal? — Daqui a um ano, no come?o da Temporada, nossa aposta come?a. Bryce j? estava cansado daquela tolice. — A Temporada come?a depois do Natal. Voc? quis dizer, ent?o, no come?o da Curta Temporada? — Algu?m realmente a chama assim? — O trit?o nem sequer piscou. — Voc? topa ou n?o? — N?o vou apostar nada com voc?. — Muito poderia acontecer em um ano. Poderia, por exemplo, garantir que a senhorita Harlow estivesse casada antes de a aposta come?ar. Ele tinha diversos conhecidos que seriam um bom partido, mas, quando os considerou um a um, dispensou-os de imediato com base em uma ou outra desculpa. — Porque voc? sabe que vai perder — provocou Shelligton. — Porque eu n?o quero nada de voc? quando eu ganhar. — Ao dizer isso, seu poder reverberou, ganhando vida dentro de si, enquanto a irrita??o atingia seu pico, e Bryce cerrou os punhos. Pelo cantinho do olho, bot?es irromperam em flores maduras nos vasos da direita. Shellington olhou para as flores, com uma express?o entediada no rosto. — Que fofo. Voc? tem um dom t?o delicado… Ah, deixe-me te lembrar que consigo satisfazer uma mulher simplesmente cantando para ela. — Seria uma pena reduzi-lo a um soprano, ent?o. — N?o havia como saber se o coment?rio sobre a cantoria era verdadeiro ou n?o. As sereias eram um tipo completamente diferente de ser, apesar das lendas que, em algum momento, as misturavam com os trit?es. O trit?o riu e se virou, mas parou ao alcan?ar a porta. — Um ano. Um de n?s conquistar? o cora??o da linda Senhorita Harlow e o direito de se gabar a todos que foi melhor do que o outro. Bryce revirou os olhos. Talvez, se entrasse no jogo, Shelligton finalmente iria embora e lhe daria um momento de paz. — E o perdedor? — O que acha de deixarmos as coisas interessantes? — A voz dele assumiu um tom perverso. — O perdedor abre m?o da imortalidade. Aquilo tudo era rid?culo, mas quando viu a porta ser fechada com for?a assim que o trit?o se foi, ele ser permitiu ter um momento para considerar o que havia acontecido. Muito realmente poderia acontecer em um ano, lembrou-se. Seria melhor se a Senhorita Harlow estivesse casada antes do in?cio da pr?xima Temporada – para o bem de todos os envolvidos. Cap?tulo 2 22 de outubro de 1818 Wendelin estava parada na frente da casa londrina do Conde de Winterthorne, embasbacada com todas as flores logo dentro dos port?es na rua. O conde vivia no sub?rbio de Londres, n?o muito longe da casa do pai dela. Entretanto, nunca tinha notado aquela propriedade, pois se tivesse, teria com certeza passado horas admirando os lindos jardins. Infelizmente, ela nunca se aventurou a ir t?o longe em suas caminhadas. A voz da m?e, vinda da carruagem logo atr?s, lembrou-a do porqu? estava ali, e seu nervosismo subiu-lhe a garganta como um cardume de peixinhos. De fato, havia ficado surpresa e um tantinho animada quando recebeu o convite para o baile e descobriu, com ainda mais euforia, quem seria o anfitri?o. A m?e tinha ficado mais do que alegre, pois o baile dos Winterthorne era reservado apenas para o alto escal?o da sociedade. Apesar do pai dela ser um visconde, ningu?m de sua fam?lia jamais havia recebido um convite para aquele evento. Teria ela causado uma boa impress?o no Lorde Winterthorne quando o conheceu ano passado? Os dois n?o tiveram chance de conversar depois daquele encontro secreto na estufa, e ela mal podia esperar pra contar ao homem que as rosas plantadas por ela, no ver?o passado, tinham sobrevivido sem quaisquer dificuldades. Na verdade, o jardineiro havia conseguido plantar diversas flores por toda a propriedade, e todas cresceram onde, antigamente, nem sequer teriam nascido. Ele estava certo quanto a n?o desistir. Obviamente, pelas flores ao redor da casa dele, o conde tinha talento quando se tratava de saber como e quando plantar qualquer coisa. Seria entediante da parte dela perguntar ao lorde sobre suas habilidades de jardinagem, ou ele gostaria do assunto? A mo?a n?o sabia quantos cavalheiros se importavam com plantas, ent?o n?o teve certeza de quais seriam os limites envolta da quest?o. — Bem — disse a m?e, animada, enquanto o pai de Wendelin ajudava a esposa a descer da carruagem, assim como tinha feito com a filha minutos antes. — Aqui estamos, ent?o. Certifique-se de conseguir pelo menos uma ou duas dan?as com o conde. Acho que n?o vai ser dif?cil, levando em considera??o que ele a convidou pessoalmente. — Georgina Harlow, Viscondessa de Summerfield, estava ansiosa para acompanhar a ?nica filha e para arrastar o visconde consigo. Estava claro que esperava que o Conde de Winterthorne fosse pedir a m?o da filha naquela mesma noite, e queria que o pai estivesse presente para que a permiss?o pudesse ser obtida. Wendelin escondeu a vontade de revirar os olhos. O conde, com certeza, tinha sido gentil, nada mais. Ela era uma nova amiga que ele havia conhecido no casamento do irm?o dela. Se os pap?is estivessem invertidos, ela tamb?m haveria considerado enviar um convite a ele. Isso n?o indicava o interesse do homem. Se realmente estivesse interessado dela, n?o a teria visitado em algum momento ao longo do ano passado? Mas, de vez em quando, ela imaginava… caso n?o tivessem sido descobertos pelo Lorde Shelligton, ele a teria tentado beijar? Wendelin sacudiu a ideia para longe. Com certeza, a m?e estar dando uma de cupido havia come?ado a afetar os seus pensamentos, e n?o lhe faria bem algum desejar algo que apenas terminaria em decep??o. A mo?a queria um amor apaixonante como o que seu irm?o James tinha com a esposa, cujo namoro tumultuado havia sido cheio de aventura e resgates arriscados no mar – mas, talvez, sem a parte de quase se afogar e de levar um tiro. N?o queria ser cortejada de maneira educada, adequada ou discreta como o irm?o Michael tinha feito com a esposa. N?o que a esposa dele fosse inadequada ou algo do tipo. Wendelin queria sua pr?pria aventura. Ou, pelo menos… algo emocionante e inesperado. Ousado e escandaloso. A m?e ficaria horrorizada se pudesse ouvir os pensamentos da filha. Por sorte, quando entraram na casa, deixou as ideias de lado. O interior da casa era t?o abundante em vegeta??o quanto o lado de fora. Flores e plantas novinhas em folha adornavam todas as alcovas. Era tudo t?o lindo, que ela se pegou deslizando os dedos sobre as p?talas delicadas de um l?rio no sal?o de baile, assimilando os arredores. — Wendelin — sibilou a m?e. — Por que voc? est? perdendo tempo a? no canto? V? encontrar o conde e assegurar uma dan?a. — T? bem, estou indo. — A m?e deveria realmente estar querendo colocar a filha para fora de casa o quanto antes. Wendelin n?o se via como um grande inc?modo, mas todas as debutantes se tornavam mulheres mais cedo do que tarde. Claro, esta seria a sua primeira Temporada. Seu baile de apresenta??o tinha ocorrido na primavera, mas ela n?o havia comparecido a muitos eventos recentemente. Nem o Lorde Winterthorne ou o Lorde Shelligton tinham comparecido. Ela suspeitava que, talvez, houvesse imaginado algum interesse dos dois antes do convite para o baile de Winterthorne chegar. Talvez, ele estivesse ocupado com outras coisas ou ainda sequer estivesse na cidade. Suspirando, Wendelin afastou os devaneios da mente. N?o ajudaria em nada cultivar tamanha fascina??o por um cavalheiro como o Lorde Winterthorne. Afinal de contas, ele era conhecido por ser frio e arrogante. O que um homem desses poderia oferecer a ela, exceto sua boa apar?ncia e um t?tulo? Ele n?o foi frio comigo nem me oprimiu. E, quando falou sobre flores, seus olhos se iluminaram com tanta admira??o… — Eu realmente preciso parar de sonhar acordada com essas bobagens fantasiosas. — ? mesmo? — Um timbre masculino a fez congelar no lugar. — E o que uma lady t?o bonita quanto voc? considera fantasia? Wendelin se virou, colocando a m?o sobre o cora??o. — Lorde Shelligton… Desculpa, Vossa Gra?a, mas voc? me assustou. N?o percebi que eu tinha falado aquilo em voz alta. — Ele a devia achar muito esquisita. A mo?a piscou quando o viu, pois sua linda fei??o nunca falhava em peg?-la desprevenida em um primeiro momento. O cabelo dele era t?o preto que, sob algumas luzes, parecia azul-escuro. Mas, claro, era imposs?vel que algu?m tivesse o cabelo dessa cor. Ela vestia preto por completo, exceto pelo peitilho de um tom suave de verde-mar, que combinava com os seus olhos de cor nada comum. Lorde Shelligton fez desfeita ?s palavras dela. — Nunca se desculpe por sonhar acordada. At? mesmo as coisas mais imposs?veis podem se realizar. Mas que coisa peculiar de ser dita. Ainda assim, seria bom se lembrar de que, logo, estaria casada. Ainda nesta Temporada, se dependesse da m?e. E era melhor abandonar os sonhos ao assumir as responsabilidades de esposa. Infelizmente, isso… — Voc? est? mais radiante do que nunca, Senhorita Harlow. — O duque sorriu para ela, exibindo uma covinha na bochecha esquerda. — Me daria a honra de sua primeira dan?a? Adrenalina a percorreu. A m?e ficaria muito satisfeita quando soubesse que a primeira dan?a da filha naquela noite seria com um duque. Mas… Wendelin n?o conseguiu impedir os olhos de passearem por todas as pessoas no sal?o, esperando encontrar o anfitri?o esquivo. No entanto, foi uma tentativa que n?o deu em nada, pois o Lorde Winterthorne n?o estava em lugar algum. — Claro, Vossa Gra?a. Seria um prazer. — Lorde Shelligton a levou para a pista quando a quadrilha come?ou. Honestamente, ela ficou aliviada por n?o ser uma valsa t?o cedo na noite. Sempre virara uma po?a de nervos nas valsas. E, bem… havia algo em Lorde Shelligton que a mantinha alerta. Ah, claro, ele era bonito e gentil. Mas havia algo, logo abaixo da superf?cie de cada toque, em cada encontro de olhares. Um arrepio que indicava algo perigoso, proibido. Quase como se os instintos dela a avisassem para n?o ficar sozinha com ele. Havia experienciado a mesma coisa no casamento do irm?o, mas, com tantas pessoas ao redor, n?o sentiu medo naquela data, assim como n?o sentiu hoje. Riu de si mesma quando trocou de parceiro na dan?a, afastando-se, por enquanto, do duque. Era apenas o nervosismo e o medo que toda jovem sentia perante a possibilidade de um esc?ndalo, de ser arruinada por um libertino. Nada mais. Sim, nada mais. Pare de ser tola. Quando a dan?a acabou, suas bochechas do?am de tanto sorrir. Gostava muito de dan?ar. Era uma das poucas vezes que podia colocar a sua energia em jogo sem levar uma bronca. Se dependesse da vontade da alta sociedade, todas as ladies estariam debru?adas em cantos, bordando pela eternidade. Ora! Wendelin desejava a liberdade do interior, o vento no cabelo, a grama sob as solas descal?as. Um jardim rodeando-a. Era isso o que ela queria. Por mais que amasse dan?ar, preferiria estar longe da cidade, se pudesse. Mas que cavalheiro lhe permitiria tal coisa, ainda mais se acabasse casada com algu?m como o Duque de Shelligton? Com certeza, ele teria que estar em Londres durante toda a Temporada com ela, sua esposa obediente. — Senhorita Harlow? — chamou-lhe Lorde Shelligton, aproximando-se mais do que o aceit?vel da orelha dela. Ela se assustou. — Sim? O homem piscou e inclinou a cabe?a. — Perguntei se voc? gostaria de uma bebida. — Ah! — Ela riu, mas soou for?ado. — Desculpa, Vossa Gra?a. Eu estava pensando em quanto me divirto dan?ando. — N?o havia raz?o para o sobrecarregar com as demais ideias e pensamentos que ela tinha sobre o futuro. Deixe-o achar que ela era leviana. O olhar dele baixou dos olhos aos l?bios dela, mais um tantinho para baixo e, logo, para cima de novo. — O rubor do esfor?o aumentou a sua beleza. Dance at? n?o poder mais, e nunca deixe ningu?m lhe roubar esta alegria. — Ele deslizou os dedos, devagarinho, sobre os antebra?os enluvados dela, ocasionando arrepios na pele sob o material. — Gostaria de um copo de ponche? Agora que ele havia mencionado, ela estava mesmo com sede. — Seria maravilhoso. Obrigada, Vossa Gra?a. Lorde Shelligton assentiu e se dirigiu para a mesa de refrescos. Wendelin o observou desaparecer na multid?o e suspirou. Teria a m?e a visto dan?ar com o duque? Virou-se para procurar os pais e arfou. Pegou-se encarando um peitilho asseado e devidamente amarrado sobre uma camiseta branca, preso sob um colete verde-escuro e de um casaco que combinava. Ombros amplos preenchiam esse casaco, e o rosto do homem a quem os ombros pertenciam era ainda mais lindo do que a senhorita se lembrava. Olhos azuis, sob um punhado de cabelo louro, trespassavam Wendelin, e o nervosismo que antes havia parecido com peixinhos, irrompeu em borboletas na sua barriga. O Conde de Winterthorne, por fim, havia chegado, e ele n?o parecia nem um pouco feliz em v?-la. Bryce chegou ao sal?o na hora exata para testemunhar aquele trit?o dan?ando com a Senhorita Wendelin Harlow. Porque o duque n?o fez nenhuma apari??o em Londres – pelo menos, n?o que Bryce tenha ficado sabendo –, o conde acreditou que, talvez, o rival tivesse se esquecido da conversa do casamento ou encontrado alguma outra lady para atormentar em algum outro lugar. Mas claro que isso n?o era verdade. Seu n?mesis, que de vez em quando exibia barbatanas, estivera aguardando Bryce tomar uma atitude. E isso o irritou demais. — Lorde Winterthorne — disse a Senhorita Harlow, sem f?lego. — Quase trombei em voc?. — N?o tem problema. — Ent?o, ele sorriu ao perceber que, talvez, estivesse carrancudo, caso o humor pudesse ser a indica??o de algo. — Queria te agradecer por ter vindo hoje, e perguntar sobre o seu cart?o de dan?as. Ela corou, um rosa lindo que complementava o azul desbotado de seus olhos e vestido. Mesmo n?o estando apaixonada por ela, Bryce faria tudo o que estivesse ao seu alcance para impedi-la de ser arruinada por Shellington. Aquela pobre garota n?o fazia ideia do perigo que corria. — Posso? — Ele apontou para o cart?o pendurado no pulso dela. Wendelin assentiu, erguendo o bra?o para que ele pudesse ver o pequeno peda?o de papel e adicionar seu nome. — Hm. Sim, a pr?xima m?sica j? come?ou, ent?o vamos dan?ar a depois desta… e a sua oitava dan?a da noite. O queixo da senhorita Harlow caiu um pouquinho, ent?o, ela disse: — Claro, meu lorde. — S?o valsas. As bochechas dela ganharam um tom mais profundo de rosa. — Mal posso esperar. Provavelmente, n?o tanto quanto ele. Que Shellington dan?asse quadrilhas com ela. As valsas seriam dele. Havia sido dif?cil evitar Wendelin agora que a conhecia, mas teria que respeitar os termos do trit?o para mant?-la segura. Certificou-se de ficar longe durante o baile de apresenta??o dela na primavera, lutando contra seu desejo de v?-la. Muitas vezes, repreendia-se por se importar com a situa??o. N?o queria se casar e nem sequer queria ter comparecido ao casamento da prima com o Capit?o Harlow. Mas tinha comparecido, e a havia conhecido. — Ah, Lorde Winterthorne. — O duque estava de volta e entregou um copo de ponche para Wendelin. — Estava me perguntando se voc? daria as caras em seu baile. Est?o dizendo que voc? n?o compareceu a nenhum evento social nesta Temporada antes de hoje. — Est?o dizendo a mesma coisa sobre voc?. Wendelin prendeu um cacho solto de seu cabelo escuro sobre a orelha, em seguida, bebericou o ponche. Seu olhar foi do conde ao duque e de volta ao conde. — Estive ocupado abrindo o Clube Trit?o com alguns dos meus irm?os. Voc? deveria nos visitar. Ah, Deus. Ele havia trazido outros de sua laia para Londres, para vitimar as mulheres londrinas. Com os dentes cerrados, Bryce disse: — Vou pensar no caso. Wendelin aproveitou a oportunidade para voltar a participar da conversa. — Eu n?o sabia que voc? tinha irm?os, Vossa Gra?a. — Ela enrugou o nariz. — O que ? um trit?o? Bryce tinha muitas boas palavras para descrev?-los, mas todas vulgares demais para serem ditas na frente da senhorita. Lorde Shellington deu um grande sorriso. — De acordo com as lendas, o deus Trit?o foi pai de mil filhos e filhas para popular o reino subaqu?tico. Temos o costume de chamar os seus filhos de trit?o. — Sereias e trit?es. Contos de fadas, todos eles — esbravejou Bryce. Quando a porcaria daquela valsa come?aria? Queria afastar Wendelin de Shellington o quanto antes poss?vel, mas ele n?o tinha nenhum direito sobre ela, exceto o de ser o seu parceiro de dan?a. O humor que brilhava nos olhos do trit?o n?o era um bom sinal. — Por que, Lorde Winterthorne, voc? nunca me disse que n?o acredita na mitologia grega? Posso jurar que ouvi dizerem que voc? tem parentes gregos, assim como eu. N?o pretendendo cair na armadilha, Bryce sacudiu um dos ombros. A m?sica acabou, e os casais sa?ram da pista, dando espa?o a outros. — Olhe. — Bryce tirou o copo, agora vazio, da m?o de Wendelin e o empurrou contra o peito de Shellington. O homem pegou o objeto, rindo, mas seu riso morreu rapidamente quando Bryce complementou: — Chegou a hora da nossa valsa. A Senhorita Harlow permitiu que ele a levasse para a pista, mas franziu a testa quando a dan?a come?ou. — Voc? n?o gosta muito do Lorde Shellington, gosta, meu lorde? Ele balan?ou a cabe?a. — N?o, nem voc? deveria gostar. Sei que n?o cabe a mim dizer isso, mas tome cuidado para n?o ficar sozinha com ele. N?o confio naquele homem. — Est? preocupado com a minha reputa??o? — Os cantinhos da boca dela se ergueram. Ah, ela achou que ele a estava provocando motivado pelo ci?me. — Voc? estaria, caso conhecesse o verdadeiro ele. — Estou com a sensa??o de que voc? n?o vai me contar os seus motivos. Ele balan?ou a cabe?a, mas quando a testa dela voltou a se franzir, adicionou: — N?o, porque n?o estou preocupado com seus sentimentos, emo??es ou algo do tipo. Isso tudo n?o me diz respeito, portanto, os segredos do Lorde Shellington s?o apenas dele para serem revelados quando achar melhor. — E que Deus a protegesse caso isso viesse a acontecer. — Voc? ? mesmo grego? — Sim. Seja l? o que ela pensou sobre aquilo, Wendelin optou por n?o compartilhar. — Faz um tempo que eu queria te dizer… — disse ela, depois de algumas voltas na pista. — As rosas floriram este ano em Summerfield, como voc? disse que fariam. O sorriso do homem pareceu amenizar qualquer trepida??o causada por sua conversa com o duque. — Fico feliz em saber disso. — Se rosas a deixavam feliz, ele sabia exatamente como conquistar a m?o dela antes do fim da Temporada. A Senhorita Harlow era uma mulher da terra, n?o do mar. Bryce poderia n?o ser um duque, mas era capaz de dar ? mo?a tudo o que ela desejava – e mais um pouco. Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=66740948&lfrom=688855901) на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
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