А в Озерках – весна, и час езды До этих мест из города в бетоне: Все тот же крест на маленькой часовне, И мягкий свет полуденной звезды… «Журавль» тонконогий, ветхий сруб Старинного колодца… Беспризорной Весны дыханье влагой животворной Коснется снова пересохших губ. Здесь родники студеные хранят Воспоминаний детских вереницу – И по лесным дорог

O Cidad?o Anulado E Outras Hist?rias

o-cidado-anulado-e-outras-histrias
Автор:
Тип:Книга
Цена:416.86 руб.
Просмотры: 334
Скачать ознакомительный фрагмент
КУПИТЬ И СКАЧАТЬ ЗА: 416.86 руб. ЧТО КАЧАТЬ и КАК ЧИТАТЬ
O Cidad?o Anulado E Outras Hist?rias Foraine Amukoyo Gift O Jornalista Cidad?o – Frequentemente, nos esquecemos da for?a que os burocratas exercem sobre a m?dia. O primeiro passo na dire??o do controle populacional ? o controle da m?dia. Isso concede ?s pessoas poder sobre a opini?o p?blica. A corrup??o nessas ?reas est? pior do que nunca. Essa hist?ria ? extremamente relevante no que diz respeito ? corrup??o e ? pol?tica atualmente nos Estados Unidos da Am?rica. Concordo com Kola: deveria haver apenas uma maneira de se divulgar not?cia - relatando a verdade. O Cidad?o Anulado – Outra hist?ria comovente e politicamente estimulante. Devido ? nossa gan?ncia, crescimento e necessidade de inova??o, repetidamente negligenciamos as consequ?ncias para o meio ambiente. ? muito f?cil esquecer o alcance disso quando se vive em uma ?rea urbana que tem se desenvolvido ao longo dos s?culos. A mulher estava em trabalho de parto. Algumas pessoas na rua podiam ouvir os seus gritos. Aqueles que se comoviam com as fortes dores que ela devia estar sentindo dedicavam alguns momentos para fazer pequenas ora??es pela paciente, enquanto outros lan?avam olhares para o hospital. Ap?s horas em um dif?cil trabalho de parto, m?dicos e enfermeiras entregaram ? m?e um menino. O beb? era enorme. A mulher estava com a vagina rompida. Sangrava sem parar. Desmaiou v?rias vezes e o m?dico a reanimou com choques el?tricos. Ela perdia muito sangue. Acreditava que transfus?o de sangue n?o era da vontade de Deus. Seu marido rezou por interven??o divina. “Senhor Jason, precisa autorizar a transfus?o para salvar a sua alma-g?mea. N?o quer que as crian?as fiquem sem m?e, n?o ??, advertiu o doutor Greg. O senhor Jason ponderou por alguns minutos. “N?o, n?o quero perder a minha esposa. N?o poderia suportar isso. Por favor, fa?a a transfus?o”, replicou. A senhora Jason estava inflex?vel: “Jason, por que voc? tem t?o pouca f?? N?o quero fazer transfus?o de sangue”. O Cidad?o Anulado Gift Foraine Amukoyo O Cidad?o Anulado e Outras Hist?rias Contos Gift Foraine Amukoyo Tradu??o: Valeria Gauz Publicado por TEKTIME © Gift Foraine Amukoyo, 2019 Publicado pela primeira vez em 2021 Todos os direitos reservados Design da capa de Owoyale Ibrahim damola Primeira impress?o, julho de 2021 Tradu??o: Valeria Gauz Para a minha av? Esther Willie Awerije SUM?RIO 1 Um gesto de Amor (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 2 Hist?rias da Aldeia (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 3 Eu Enterrarei o meu Pai (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 4 Li??o Amarga (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 5 Ouro na Lama (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 6 Leia e Lidere (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 7 Vida Moderna (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 8 Um Gosto de Racismo (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 9 Um Teste de F? (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 10 O Jornalista Cidad?o (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 11 Aso Ebi, o Tecido Tradicional (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 12 Ama e Amber (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 13 O Lado Sombrio de uma Maternidade (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 14 Nome e a Tradi??o de Vabam (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 15 Anita na Escurid?o (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 16 D?-me um Neto (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 17 Educa??o Sexual? (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 18 Em Farrapos (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 19 A For?a da Mulher (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 20 O Cidad?o Anulado (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) 21 A Vida Tem seus Caminhos (#ulink_0f103b50-7895-5f1b-bf5b-783808b17624) Um Um gesto de Amor Rabisquei minha assinatura na primeira p?gina do documento e parei. A caneta escorregou dos meus dedos ?midos de suor. N?o era f?cil dar fim ? vida de uma pessoa. Mira fixou seus olhos em mim, mas eles estavam distantes. - Se realmente me ama, apenas assine. Voc? ? o ?nico membro da fam?lia autorizado a acabar com esse sofrimento - ela disse. - Como posso fazer isso? N?o quero perder a ?nica pessoa que tenho na fam?lia. Voc? ? tudo para mim nesse mundo. - Eu n?o posso continuar assim. Estou sendo um estorvo. - Fique comigo. N?o me importo. Fique o tempo que quiser. Eu n?o quero ser o seu assassino. N?o conte comigo. - N?o ? homic?dio; ? suic?dio. Eu estou me matando. Apenas fa?a, Tejiri. - N?o posso permitir isso. Mira, fique comigo. Peguei os seus p?lidos dedos. - Tejiri, voc? n?o tem escolha. Todos morrer?o um dia. Eu, hoje. - N?o, Mira. Eu realmente tenho escolha. - Deveria fazer uma escolha sensata. Fa?a isso e volte para a sua vida. Estou matando voc? com a minha doen?a. Tejiri, olhe no espelho. Est? perdendo peso. Estou mais gordinha do que voc?. Ri. - Bem que gostaria; bem que gostaria, Mira. Eu peguei seu punho fino e concordei: - Sim, voc? parece mais saud?vel do que eu, por isso deveria ir para casa e cuidar de mim. Sinto falta de todas as suas sopas e lanches. Gostaria que um milagre acontecesse. - Se existisse, teria me livrado dessa doen?a h? muito tempo. Todos os jejuns in?teis, vig?lias e preces nas montanhas mostraram que n?o tive sorte para me curar. Milagres n?o existem. Se existem, eu fui abandonada; n?o s?o para mim. Ah, deuses do C?u e da Terra: preciso de uma segunda chance com sa?de, para respirar sem medo de ser a ?ltima vez. A ideia de deix?-lo ? a ?nica coisa que me amedronta. Mira se virou, a fim de esconder as l?grimas rolando por sua face. - Mira, tenho tanto medo de ficar sem a sua presen?a. Ficarei t?o sozinho... - Solucei. Mira secou suas l?grimas, virou o rosto pra mim e respirou. - Pare de chorar como um menininho. Voc? j? ? um homem crescido. Essas bolas entre as pernas e a barba n?o s?o apenas enfeites. Tejiri, n?o seja imprudente. Voc? abriu m?o do seu emprego para cuidar de mim. Pedi a seu chefe que segurasse a sua carta de demiss?o. Ele fez um favor a uma moribunda e lhe deu uma licen?a por sete dias. Ainda temos cinco. Tejiri, assine os pap?is e volte a viver a sua vida. Mira tossiu sangue por dez minutos. A vis?o era terr?vel. Via sofrimento em seus olhos e algo como uma s?plica urgente. Peguei a caneta e rabisquei minha assinatura definitiva. Uma enfermeira com ar arrogante levou o documento embora. O sorriso e maneira de caminhar dela pareciam ser de triunfo. Isso deu um n? na minha cabe?a. O m?dico e duas enfermeiras retornaram com a inje??o letal: - Deve ser r?pido. ? indolor - disse o m?dico. N?o conseguiria presenciar a morte da Mira. Sa? do quarto, pensando se a minha decis?o final tinha sido correta. Fora insuport?vel v?-la sofrer dia e noite. Sua dor no abd?men, constantes enjoos e v?mitos deixaram um peso doloroso no meu cora??o. O c?ncer havia perfurado o seu intestino. Ela era alimentada por meio de sondas e evacuava na cama. ?s vezes, quando tinha v?mito fecal, os res?duos chegavam ? sua boca, nariz e ?nus ao mesmo tempo. A doen?a de Mira irritava algumas enfermeiras. Hesitavam em atender os chamados do seu quarto. Uma vez, escutara uma das enfermeiras fofocar que eu havia perdido a no??o das coisas. - Ele est? absorvendo a doen?a dela. Como pode uma pessoa respirar confortavelmente nesse corpo fedido? Mira era o meu anjo da guarda. Ela me acolheu depois de eu perder os meus pais aos 15 anos, mortos durante um protesto contra sal?rios atrasados e suspensos. De acordo com o relat?rio policial, balas perdidas os haviam matado. Eles eram a espinha dorsal do protesto de solidariedade ? causa em Lagos. Por acaso, ouvi Mira dizer a um colega que eles foram v?timas de uma conspira??o. Meus pais morreram como m?dicos pobres. O juramento proferido, pessoal e profissional, foi o de salvar vidas. Pagavam contas de estranhos no hospital. Ap?s o enterro deles, nenhum parente quis a minha guarda. Sabiam que o hospital particular da minha fam?lia estava falido. Mira me adotou. Era a enfermeira-chefe da institui??o. Eu estava exausto. Fechei os olhos. Minha cabe?a do?a. Ouvir a confirma??o da morte de Mira seria como receber um soco. Sequer escutei os passos vindos na minha dire??o, at? sentir m?os me tocando. - Tejiri, ganhamos. O juiz concedeu permiss?o para voc? levar Mira para casa at? que ela... se v?. A novidade de Kome, meu advogado, me trouxe alegria. Chorei e o abracei com for?a. Corri na dire??o da enfermaria de Mira. Gritei para o m?dico parar o procedimento. Eu estava ofegante ao chegar. - Pare, doutor, o seu hospital perdeu. O senhor e toda a equipe perderam. Eu ganhei a a??o para levar Mira pra casa. Ela vai comigo. Meu advogado adiantou-se com a ordem judicial: - Por favor, autorize a sa?da da paciente para o meu cliente. Daqui por diante ele ? o respons?vel. Sorri, radiante de alegria, ao ouvir a afirma??o. - Sim, devolva a minha Mira. Todos devem ter dito a ela coisas horr?veis para que odiasse a si pr?pria e procurasse a morte como solu??o. Toquei a bochecha de Mira. Ela sorriu debilmente. - Voc? ? um tolo. Ah, Tejiri, isso foi uma bobagem. O fedor ser? insuport?vel na sua casa. Depois da minha partida, o apartamento ir? cheirar mal ainda por um bom tempo. - Sim, Mira, ? esse o meu desejo. Quero manter o seu cheiro; para sempre. As enfermeiras n?o gostaram de limpar Mira nem pela ?ltima vez. - Escute, enfermeiras, eu sei que nenhuma das senhoras quer fazer isso. Mas mudem essas caras carrancudas, fa?am isso sorrindo. Ela est? saindo do hospital para sempre. Vou lev?-la para uma ilha. Seremos apenas n?s dois no para?so. - Mal posso esperar para ver esse para?so - disse Mira. - ? apenas uma casinha bonita, numa ilha em Epe. Ah, Mira, voc? vai adorar. * * * * * * Est?vamos na varanda. O sol da manh? nos banhava. Era como um b?lsamo de cura. Havia feito muito frio na noite anterior. O calor moderado confortava a minha pele. Mira se sentia em casa. Ela estava em uma maca. Apoiei suas costas e bra?os em alguns travesseiros. - Tejiri, voc? ? o melhor cuidador do mundo. Prometo que n?o o incomodo. Ela estava fr?gil. A maior parte de seus cabelos havia ca?do e os seus olhos tinham as cores de um rio sombrio e triste. Eu n?o conseguia enxergar a alegria que seu rosto costumava irradiar. Abri uma barra de chocolate e mordi um peda?o. - Tejiri, por favor, me d? um pedacinho. - Mira, e a diabetes? Isso tem a??car. Ela zombou: - Tejiri, Tejiri, pode um corpo morto morrer mais? - De jeito nenhum, desculpe. Tome, pode comer esse e o resto que est? na geladeira. Abri um pouco mais a embalagem e dei para Mira. Ela comeu o chocolate macio com satisfa??o. Sorriu, saboreando e deu outra mordida. - Mira, est? na hora de tomar banho. - Tejiri, me deixe ficar um pouco aqui. Estou adorando - Mira se aninhou ainda mais na cama macia. - Sabia que voc? adoraria esse lugar. Eu sempre falei em construir uma ilha particular pra lhe dar de presente, lembra? Perd?o por ter sido t?o tarde. Mira suspirou profundamente. - Tejiri, voc? fez bastante. Tenho tanto orgulho... Voc? agora ? um bem-sucedido engenheiro de Petr?leo. Um brinde ? prosperidade! - e me deu um pequeno peda?o de chocolate. Peguei e comi. Olhei para as ?guas calmas da ilha. Uma rajada de vento fresco soprou em meu rosto e pensei: “essa prosperidade nada significa sem voc? para desfrut?-la”. - V?, pegue aqueles chocolates. Quero comer todas as barras que houver na geladeira. - Est? bem, Mira, vou pegar os chocolates. - Eu amo voc?, Tejiri. - Mira, sabe o quanto eu a amo. - Dei um beijinho na sua testa. Fui ao banheiro e, enquanto urinava, uma brisa fria ro?ou as minhas pernas. Tive um calafrio repentino e pensei de onde poderia vir, porque a temperatura do banheiro estava c?lida. Olhei a porta e a janela fechadas; fiquei meio sem entender. Sacudi minha cabe?a, dei descarga e lavei as minhas m?os. Levei um tempo para abrir todos os chocolates, coloc?-los numa bandeja e cobri-los com um pano. A caminho de Mira, tropecei e gritei. Machuquei o ded?o, mas ignorei a dor e corri para a varanda. Mira estava confortavelmente relaxada. Tinha colocado um travesseiro sob os p?s. Seus l?bios estavam lambuzados de chocolate. Sorri, coloquei a bandeja sobre a mesa e me ajoelhei em frente a ela. - Mira, olhe s? quantos chocolates. Voc? vai fazer uma festa! Mira estava em sil?ncio e im?vel. Peguei sua m?o: o corpo estava quase frio. Seus olhos permaneciam abertos. Fechei suas p?lpebras e chorei. Mira n?o esperou para se despedir de mim... L?grimas rolaram pela minha face por muitos dias. Dois Hist?rias da Aldeia Jessa nasceu em Jagua. Quando o homem mais velho da aldeia morreu, ele esperou fervorosamente ascender a essa posi??o, por isso ficou chocado com as not?cias recebidas do Conselho de Coroa??o sobre Jagua n?o ser o seu lugar de origem. Assim, eles n?o poderiam coro?-lo como Okpako – o anci?o da aldeia. Seus ancestrais tinham sido andarilhos. Como Jagua era hospitaleira, haviam resolvido se estabelecer naquela comunidade. O primog?nito de Jessa, Jaja, ficou enraivecido. Jurou processar a comunidade perante o Tribunal. Queria provar que eles estavam enganados, pois quatro gera??es do seu cl? j? n?o eram de forasteiros. Jaja argumentava que, quando um indiv?duo permanecia em determinado territ?rio por algumas d?cadas, naturalmente se tornava cidad?o do Estado. Os migrantes eram aceitos e respeitados como os locais. Tinham as mesmas vantagens, apesar de n?o existir nenhuma documenta??o oficial de cidadania no passado. Jessa tentava convencer o filho a n?o entrar com a a??o na Justi?a. Entretanto, Jaja estava inflex?vel e deu entrada ao processo. Dizia ao pai que a den?ncia p?blica sobre o seu cl? era deplor?vel. - Amanh?, procurarei obter informa??es na aldeia - declarou Jaja. - Tra?arei nossas origens. No dia seguinte, Jessa saiu para um passeio noturno. Ao retornar, seu filho estava esperando na sala. Jaja se levantou e colocou o pai sentado, encostando a bengala dele na parede. - Onde esteve? - Jaja perguntou. - Parece exausto. Vou pegar um copo d??gua pro senhor. Jessa bebeu a ?gua vagarosamente at? o final. Jaja pegou o copo e o colocou sobre a mesa. - Obrigado, filho. O que descobriu? Voc? ficou muito tempo fora. Pegou sua caixa de rap? e colocou um pouco do p? nas narinas. Espirrou e beliscou o nariz. - Pai, tracei nossa genealogia at? Ebito. Fica a quatro aldeias de Jagua. Foi de l? que seu bisav? migrou. As pessoas me receberam com carinho. Pai, eles reconheceram a marca de nascen?a na minha bochecha. Disseram que o seu bisav? tinha a mesma marca. Jessa acenou com a cabe?a, nervosamente. - Irei para l? e construirei uma casa; uma nova casa para n?s - afirmou Jaja. Jessa n?o estava contente com essa not?cia. Ele n?o queria deixar Jagua. Essa terra era patrim?nio dele. “Por que construir uma nova casa t?o cedo”? Pensou, preocupado. Pegou o copo e o colocou entre as pernas. Jaja percebeu que seu pai n?o estava feliz. - Pai, por que est? t?o triste? O senhor deveria estar alegre porque descobrimos nossa real identidade. Eu sei que n?s perderemos muitas coisas ao sair de Jagua – alguns bens e lembran?as preciosas. Adoraria ficar aqui, mas a comunidade ridicularizou e desonrou a nossa fam?lia. N?o se preocupe, pai. Nunca ? tarde para come?ar de novo. O pior dano teria sido n?o sermos capazes de descobrir a nossa cidade natal. O bom ? que um parente at? mesmo reservou um peda?o de terra para n?s em Ebito. Irei para l? esta noite. Temos muito trabalho pela frente. Liguei para os meus irm?os quando voltava de l? e eles enviaram dinheiro para a compra do material de constru??o. Jaja ajoelhou-se em frente ao pai e tocou em seus p?s, em sinal de respeito. Jessa deu um tapinha amoroso no ombro do filho, que levou o copo para a cozinha e se dirigiu ao seu quarto. O semblante de Jessa estava pesado. * * * * * * Pela manh?, o anci?o deu uma caminhada pela aldeia num sil?ncio inquietante. Foi at? a margem do rio, onde havia passado a maior parte de sua vida, nadando, quando menino e pescando, j? adulto. O rio era bom para ele. Foi em suas lindas areias brancas que certo dia encontrou um enorme diamante. Jessa n?o o cobi?ou apenas para si pr?prio. Toda a aldeia se beneficiou com a venda do diamante. Ele enviou os seus filhos e outras crian?as da comunidade para estudar na cidade. Seus filhos eram bem-sucedidos em suas carreiras. Quatro deles moravam na Europa. Apenas Jaja estava em Jang, uma localidade perto de Jagua. Jakpo, um amigo ?ntimo de Jessa, aproximou-se: - Vi Jaja esta manh?. Ele me contou tudo. Jessa, por que quer ir embora? O povo de Jagua n?o pediu para voc? ir embora. Essa tristeza ? porque n?o pode ser o Okpako? Jagua n?o pode lhe conceder esse t?tulo. Voc? n?o ? um cidad?o leg?timo, motivo pelo qual n?o pode ser o membro mais idoso da comunidade. Esse t?tulo ? como se fosse uma realeza. A aldeia n?o pode dar esse t?tulo a um forasteiro. - N?o, Jakpo, est? enganado. Esse t?tulo ? honor?rio para um homem que j? vive h? muitos anos nessa Terra e em determinado lugar. O t?tulo n?o ? o legado de uma casa real. ? um t?tulo de transi??o para um homem comum. Qualquer pessoa digna pode merec?-lo. Voc? sabe h? quantas d?cadas estou em Jagua? Eu nasci aqui. Tenho 88 anos. ? um privil?gio, quando os deuses permitem a cabe?a negra de um homem se tornar grisalha. N?o se pode transformar diamante em ouro, mas eu ganhei essa honra. O Conselho de Coroa??o pensa que roubou a minha alegria, mas esses homens est?o enganados. N?o importa se a comunidade me concede o t?tulo ou n?o. Eu ganhei esse direito por natureza. Fez-se sil?ncio por alguns minutos. Jakpo pigarreou e mastigou o seu bast?ozinho de escova??o. Cuspiu alguns peda?os e o mastigou novamente. - Sou o pr?ximo da fila. O povo de Jagua ir? me coroar Okpako. - Sim, parab?ns, meu bom amigo. Possam as b?n??os dos seus ancestrais se derramar sobre a sua vida. Como se diz aqui, nunca tivemos dificuldades com os peixes no rio. Sempre houve o suficiente para cada pescador. N?o vamos brigar por causa de um t?tulo. Eu lhe desejo o melhor, meu amigo. - Jessa, n?o deveria ir. Voc? ? uma parte importante desse reino. Seus ancestrais moram aqui. - Meus ancestrais tamb?m vivem em Ebito. Oferecerei liba??es a eles em meus ?ltimos dias na Terra. N?o os conheci, ent?o deixe-me ir e vener?-los em Ebito. Jakpo, preciso ir, retornar ?s minhas origens. Rezo para ser bem recebido. Tenho certeza de que o meu pr?prio povo n?o me pesar? com a balan?a do desprezo. Quem sabe, meu amigo? Os deuses me deram oportunidade para me reconciliar com as minhas ra?zes. L?, os descendentes dos meus filhos n?o ser?o uma gera??o perdida. N?o ser?o negados pela fam?lia. Eu s? imagino quem revelou esse “conhecimento” ap?s tantas d?cadas. Eu nunca soube n?o ter nascido em Jagua. Algu?m sabe da minha hist?ria mais e melhor do que eu mesmo? Jakpo desviou o olhar. - Jakpo, voc? tem alguma no??o de quem disse que eu n?o era originalmente de Jagua? Jakpo riu com nervosismo. - N?o, meu amigo. N?o fa?o a menor ideia, - disse, rapidamente. - Espero que mude de opini?o a respeito de deixar Jagua; sua decis?o ? t?o torta quanto esse rio. Sei do seu desejo de ficar em Jagua. - Meu cora??o sempre estar? com esse rio. Essas ?guas vivem nas minhas veias. Mas agora, deixe-me provar das ?guas das minhas origens. Se dependesse de mim, eu envelheceria e morreria em Jagua. Meus filhos, sim, desejam a nossa mudan?a daqui para sempre. Preciso acatar o pedido deles. Um homem n?o pode ter medo de andar nu em sua pr?pria casa; somente o h?spede tem de ter cuidado na casa. Eu tenho muitos “h?spedes” em Jagua. Deixe-me lev?-los de volta pra casa. Meus filhos se sentir?o completamente estranhos aqui quando eu morrer. Qual ? o sentido de permanecer em Jagua, quando as pessoas nos mostram que nosso lugar n?o ? aqui? A heran?a da qual tanto me orgulho n?o serve como identidade para os meus filhos. Deixe-me lev?-los para casa, de forma a que possam se orgulhar de sua origem. Jakpo olhou para al?m do rio com um sentimento de nostalgia e perguntou: - Voc? se lembra uma vez, de como corremos atr?s de um coelho at? a sua toca? - N?s fechamos o buraco. T?nhamos ido buscar lenha na floresta para preparar carne de ca?a e n?o consegu?amos encontrar o caminho de volta. - Jessa lembrou. - E quase fomos carne de ca?a quando aquele lobo investiu contra n?s. – Jakpo falou isso rindo. - Tivemos sorte de o ca?ador t?-lo matado antes de sermos atacados, - disse Jessa, e bufou a seguir. Os dois anci?os riram. Relembraram as ocasi?es em que corriam pela comunidade quando crian?as, mas seus sorrisos desapareceram quando a realidade se fez presente. - Os dias andam cinzentos e dif?ceis, - Jakpo conjecturou. - Sentirei a sua falta, meu velho amigo. Quando voc? se for, ficarei muito s?. Esses jovens n?o t?m tempo para velhos rabugentos. Quem me far? companhia? - Quem me visitar? e tomar? conta de mim, se eu ficar? Vou perder Jaja e os meus outros filhos, se n?o for para Ebito. Eles tomaram a decis?o. Querem deixar Jagua para sempre. Jessa cuidadosamente se curvou e pegou um seixo. Apertou-o com for?a e sentiu a energia da pedra. Jakpo assentiu com a cabe?a: - Voc? tem um grande filho naquele jovem, o Jaja. Gostaria que um dos meus voltasse para casa. D?cadas de lembran?as ir?o desaparecer ap?s a sua partida. Adeus, meu amigo; nos encontraremos do outro lado. - Sentirei a sua falta. N?o posso dizer o quanto e voc? n?o pode ver direito, pois meus olhos est?o muito secos agora, de tanto eu chorar. Desejou boa sorte a Jakpo e o deixou ? beira do rio. - Espero que voc? mude de opini?o e fique, meu amigo. N?o sabia que a situa??o se tornaria t?o complicada assim. Eu s? queria o que era meu por direito, - Jakpo sussurrou ap?s a figura de Jessa desaparecer na paisagem. Jessa voltou para casa. Algumas crian?as vieram brincar e ele compartilhou o dinheiro que tinha no bolso. * * * * * Antes de amanhecer, Jessa e Jaja estavam prontos para viajar para Ebito. O anci?o olhou na dire??o do riacho com saudades. Imaginou-se caminhando naquela dire??o com Jakpo e seus apetrechos de pescaria. - N?o ? f?cil deixar essas lembran?as para tr?s. - Jessa estava muito triste. - Venha, pai. O senhor j? se despediu o bastante. Devemos partir antes do nascer do sol, pois a estrada n?o ? boa na hora do tr?nsito pesado. - Sim, algumas estradas n?o reconhecem as velhas rodas que sempre passaram por elas. N?o lhes d?o tratamento diferenciado. Vamos. N?o somos mais bem-vindos aqui. Duas semanas mais tarde, os anci?os da aldeia fizeram um encontro e conclu?ram que a casa de Jessa seria o novo local de reuni?es. Ele a deixara como presente. Por?m, no dia da Coroa??o de Okpako, as retroescavadeiras apareceram. A voz do motorista do ve?culo ressoou em um alto-falante. - Todos nessa casa devem sair! Em pouco tempo, ela ser? demolida. Vou contar at? trinta e avan?ar. Ele come?ou a contar: - um, dois, tr?s, quatro.... Ao chegar a dezenove, j? estava vazia. A retroescavadeira colocou a casa abaixo, obedecendo as ordens de Jaja. As pessoas assistiram com tristeza quando alguns homens quebraram com marretas as paredes restantes. Nenhuma estrutura permaneceu de p?. Os peda?os de cimento foram colocados no reboque e levados dali. - Esse ? um acontecimento ruim. Como podemos fazer a cerim?nia da coroa??o nessas ru?nas? Temos de procurar outro local ou marcar nova data para a coroa??o. - Disse um jovem. - Mas, onde est? Jakpo? - perguntou o l?der da comunidade, com certa ansiedade. - Ele ainda n?o havia chegado. Ser? que j? sabe da novidade? Esse incidente infeliz ir? arras?-lo. Sua cerim?nia foi arruinada e n?o poder? acontecer hoje. - Mencionou um senhor. - Jakpo deve ter ouvido a not?cia. Ele sabe tudo. N?o foi ele que descobriu que Jessa n?o era cidad?o de Jagua? Vamos fazer uma visita, - disse o l?der. N?o encontraram Jakpo em casa. Sabiam que ele gostava do rio e pensaram que poderia estar l?. Ao sair da casa a caminho do rio, encontraram o menino que tomava conta dele. Jakpo sa?ra ao nascer do sol. - Esse ? um comportamento estranho. Vamos ver se ele est? no riacho. Chegaram ao rio e viram Jakpo boiando na margem. Correram e o arrastaram para a terra. Estava morto. Viram seu par de sapatos, ?culos de leitura e um livro embaixo de sua ?rvore favorita. Jessa e Jakpo haviam talhado algumas ra?zes de ?rvores pr?ximas ? beira d??gua para fazer bancos. Seus pertences estavam empilhados sobre a raiz. O menino caiu no choro. - Acho que ele cometeu suic?dio. Ah, o reino das trevas lan?ou seus olhos malignos sobre Jagua. Hoje ? um dia muito infeliz na nossa hist?ria. Quem nos acordar? desse pesadelo? - lamentou uma mulher. - Olhe aqui, chefe. - O menino limpou as l?grimas com o bra?o e lhe entregou um bilhete. - Onde voc? encontrou isso? - perguntou, com espanto. - O que diz a mensagem? - uma mulher indagou. O l?der da comunidade leu em voz alta: “Eu n?o posso conviver comigo mesmo ap?s trair o meu melhor amigo, Jessa. Desculpe-me, querido amigo. Meu bisav? havia me contado sobre a sua hist?ria. Eu disse aquilo ao Conselho de Coroa??o porque achei que merecia ser o Okpako. Pequei ao invejar a sua situa??o. Por favor, me perdoe. Ningu?m deve chorar por mim. Eu j? fiz isso. Jakpo”. Porque cometeu suic?dio, a comunidade n?o fez uma cerim?nia de enterro para ele. Seus filhos o carregaram para a floresta do mal e jogaram o corpo para os animais selvagens enterr?-lo em seus est?magos. Tr?s Eu Enterrarei o meu Pai A Prefeitura do povoado estava repleta de pessoas estressadas. Cada um parecia estar cortando a garganta do outro com armas imagin?rias. Um jovem musculoso correu agressivamente para Ovie, que se preparou para pegar o soco, conseguindo torcer o punho do rapaz at? que um senhor separasse a briga. O jovem enraivecido gemeu e sentou-se no ch?o com o bra?o pendurado. Ovie sorriu com sarcasmo: - Vejam os fracos que querem contestar a minha decis?o. Eu estrangulo quem ousar me desafiar. Um idoso caminhou para frente. Encarou Ovie e sacudiu sua cabe?a. Olhou para baixo por alguns instantes, bateu sua bengala no ch?o e novamente o mirou: - Ovie, voc? devia ter adivinhado que um de nossos valorosos jovens agiria rapidamente para repelir a sua a??o impensada. Estou avisando: n?o ficar? s? nisso. Um ex?rcito ir? defender os direitos do seu pai. - Quero ver voc?s todos tentarem. Enterrarei o meu pai em Apele. Ele permanecer? em sua mans?o e ningu?m poder? me impedir. Para validar as suas palavras, Ovie bateu no peito, com tamanha for?a que seu t?rax estremeceu. - Veremos. Vamos preparar os rituais de sepultamento do nosso parente. Observe como a luz ajudar? o redil a encontrar a sa?da do deserto -, disse o velho homem religioso. Pegou um giz branco no bolso do peito de sua camisa e desenhou um c?rculo no ch?o. Olhou para o teto e entoou um canto inaud?vel enquanto um empregado trazia um galo branco com apar?ncia meio fraca. Desamarrou as pernas do animal e cantou salmos em volta do caix?o. O galo dan?ou no c?rculo e, em seguida, escapou para fora do recinto. Os alde?es deixaram a Prefeitura. Ovie continuava decidido a enterrar o pai na cidade. Era costume de filhos e filhas enterrar os seus nas aldeias, como era Godere. No entanto, o rapaz, criado na cidade, argumentava que nem todas as crian?as haviam nascido na aldeia, ent?o n?o era obrigat?rio seguir as normas locais. Ovie se voltou para o tio, Mamus: - Por favor, me diga como os nossos ilustres convidados se acomodar?o na aldeia. N?o h? hot?is. N?o h? sequer um albergue para lhes dar o m?nimo conforto. Aqueles rid?culos insetos invis?veis quase me picaram at? a morte quando vim marcar a data do enterro do meu pai. Darei a ele uma cerim?nia de luxo, em grande estilo. Tio, o que o senhor acha? - Ovie, voc? quer a minha opini?o honesta? Ovie desviou o olhar. - Pensei bastante e voc? j? sabe a minha posi??o sobre o assunto. Se voc? tivesse sido uma pessoa respons?vel, teria constru?do um pr?dio na aldeia que acomodaria seus amigos da alta sociedade. Sabe por que os jovens est?o fazendo isso? - Pode falar. N?o que v? fazer algum sentido, mas..., - disse Ovie. Mamus balan?ou a cabe?a. - Vou falar para voc?: muitos filhos e filhas de Godere tendem a construir mans?es na cidade e nem um alicerce sequer em Godere. Os nossos jovens, ao contr?rio, se dedicam a esse costume com paix?o, a fim de mostrar ?s pessoas os benef?cios de construir na aldeia n?o apenas as suas moradias, mas tamb?m as ind?strias, que permitir?o a transforma??o do lugar em munic?pio. Seu pai queria ser enterrado em casa e, assim, devemos satisfazer o seu desejo. Era a sua vontade. Acho que conforto para convidados n?o ? o ?nico motivo para esse show que voc? est? fazendo. Voc? fala como se fosse um rei e age como um guarda palaciano comum. Ou voc? tamb?m pode adiar o funeral do seu pai at? construir um grande hotel ou uma pousada! Ovie olhou para o tio com desprezo e saiu furioso da Prefeitura. ****** No dia do enterro, os jovens de Godere alugaram uma caminhonete para ir a Apele. Ovie havia levado a pol?cia para proteger o corpo no necrot?rio. Os jovens, enraivecidos, enfeiti?aram os policiais e recolheram as suas armas. Eles ficaram completamente paralisados, enquanto os rapazes entravam no necrot?rio e carregavam o caix?o. O ata?de foi colocado no carro e s? ent?o os policiais foram liberados do feiti?o, recebendo fortes bofetadas nas suas faces e chutes em seus traseiros. - Este ? um aviso razo?vel para nunca mais se meterem nas atividades dos jovens de Godere. Vamos poupar a vida de voc?s. Hoje ? o dia sagrado do ritual de passagem do nosso irm?o. Voc?s tiveram sorte porque a nossa guerra n?o ? com voc?s, mas com aquele filho desorientado do finado -, advertiu o l?der dos jovens, fazendo um movimento de amea?a. Antes de entrar no ve?culo, os jovens lan?aram olhares de intimida??o para os oficiais que, com medo, correram at? desaparecer. O Inspetor do pelot?o era novo naquela ?rea. Os subordinados mais jovens haviam resistido ? tarefa de tomar conta do corpo, mas ele os havia amea?ado de perder o emprego. - Chefe, agora entende o que tinha lhe dito? Ningu?m cria confus?o com os jovens de Godere, - disse um sargento ao Inspetor, que secava pequenas gotas de suor em sua testa. Os Soldados da Paz n?o costumavam interferir nas brigas que a comunidade de Godere se envolvia. Qualquer Comandante de Seguran?a nomeado para aquela localidade sempre colocava press?o para ser transferido. Quando as situa??es corriam mal, n?o era f?cil restabelecer a harmonia na comunidade. Os Soldados da Paz, normalmente, permaneciam na periferia. Eles temiam que os conflitos entre os grupos pudessem domin?-los durante a noite, quando estivessem nos alojamentos tempor?rios. Antes de sair de Apele, os jovens se dirigiram para a mans?o dos parentes. L?, espalharam as tendas e derrubaram mesas e cadeiras. Alguns levaram os carrinhos de comida e bebida. O enterro aconteceu em Godere. Ovie ficou t?o furioso ao descobrir, que bateu com a palma da m?o com for?a na parede: - Droga! N?o posso crer que eles tenham tirado o corpo do meu pai t?o facilmente. Um amigo pegou no seu ombro com firmeza: - A for?a dos rapazes era mais poderosa, Ovie, deixe estar. Que a alma do seu pai descanse em paz. Voc? j? perturbou muito o corpo dele. Acho que dever?amos ir ? aldeia pedir desculpas. Ovie afastou a m?o dele para o lado. - Dave, voc? se preocupa com coisas muito pequenas. Meu pai ainda n?o foi enterrado. Eles n?o ousariam. - Voc? estava surdo quando o tio Mamus disse que assistiu o sepultamento? Voc? estava cego quando ele nos mostrou fotografias da cerim?nia? Ovie, entenda uma coisa de uma vez por todas: eles colocaram seu pai debaixo da terra. Acabou. - N?o, n?o acabou. Temos de exumar o corpo e enterr?-lo no devido lugar. - Acho que voc? enlouqueceu; est? muito quente aqui... Dave foi ao bar e se serviu de um copo de suco com cubos de gelo. - N?o estou. Mas vou ficar. Vou ficar maluco se n?o fizermos o que ? certo para o meu pai. - Esque?a, Ovie. Seu pai est? descansando tranquilamente em Godere. N?s devemos nos desculpar. - Vamos pegar o seu corpo. Por favor, diga que concorda, Dave, temos de fazer isso. Voc? prometeu que me apoiaria. - Bem, acho que cheguei ao limite dessa promessa altru?sta que fiz. Por favor, me exclua dessa tarefa - disse Dave, tomando um gole d??gua e se afastando. - Pode pegar o primeiro voo de volta pra cidade, se quiser - retrucou Ovie - eu mesmo farei isso. Dave ergueu uma sobrancelha. A m?e de Ovie entrou. - Voc? n?o vai fazer isso. Filho, o que houve? Foi assim que seu pai e eu o educamos? Pelo amor de Deus, o que est? acontecendo com voc?? Pare com essa tolice, por favor. Ovie, com o dedo em riste para a m?e, afirmou: - A senhora ? uma traidora por ter ido a Godere para o enterro. Fique fora disso, m?e. N?o se intrometa nos meus assuntos. - Voc? est? delirando. ? do meu falecido marido que estamos tratando. N?o ficarei em sil?ncio vendo voc? desrespeitar o seu pai. Deixe-o descansar em paz. O que h? de t?o especial para voc? querer enterr?-lo aqui? Voc? honrar? o pedido de seu pai, pois seu ?ltimo desejo era descansar em Godere, apesar de voc? insistir no contr?rio. - Todos devem acatar a minha decis?o ou n?o hesitarei em acabar com quem quer que se me meta no meu caminho. Sua m?e se aproximou e parou bem perto dele. Seus rostos estavam a poucos cent?metros um do outro. - Onde voc? estava quando a juventude de Godere demonstrou todo o seu esplendor, covarde? - M?e, n?o me insulte dessa maneira. N?o se atreva. Mamus chegou: - Ovie, n?o fale com a sua m?e dessa maneira. A voz dela ficou mais suave: - Se acalme, meu filho. Ele respeitava as tradi??es e o seu cl? fez todo o rito de sepultamento de acordo com as cren?as dele. Voc? deveria se desculpar com os nossos parentes. Eles conceder?o a voc? a honra de finalizar o ritual. - S? se for sobre o meu cad?ver. Enterrarei o meu pai do jeito que eu quiser. - Ovie, voc? fala como um louco! - ela gritou. - Ah, cale a boca, m?e. - Ovie, olhe como fala! Seu tio deu-lhe uma bofetada. – Ela ? minha irm?, sua m?e e vi?va do seu pai. A for?a do tapa fez girar o rosto de Ovie. Levou um tempo at? que ele voltasse a olhar para o tio. Tensionando os ombros, disse: - Tio, o senhor me esbofeteou? - Perguntou, incr?dulo. - Sim, e pode acreditar que farei isso in?meras vezes se voc? desrespeitar a sua m?e novamente. Aturei as suas maluquices at? agora porque ? meu sobrinho, mas chega. Pensei que estivesse frustrado porque havia perdido o seu pai. Estava olhando pra voc? como se fosse uma crian?a birrenta, mas... Ovie, esqueci que voc? n?o ? mais uma crian?a. Fiz papel de bobo esse tempo todo o apoiando e n?o consegui convenc?-lo sobre os costumes do povo do seu pai. Ovie sacudiu a cabe?a, inclinou-se, reverente, para a m?e e saiu. Dave n?o conseguia olhar para a m?e de Ovie. Entrou na sala e voltou com a sua maleta: - Por favor, me perdoe, m?ezinha. Irei imediatamente para a cidade. - E pegou um ?nibus comercial ap?s deixar a casa. Em Godere, ? meia noite, Ovie reuniu alguns homens para tirar seu pai do caix?o e enterr?-lo em Apele. O choro triste de um homem adulto come?ou a ser ouvido na aldeia, dia ap?s dia, o que fez com que os vizinhos perdessem o sono. Pediram, ent?o, a Ovie e sua fam?lia que viessem ? casa deles para descobrir o mist?rio. - O or?culo foi claro: ele mostrou que o esp?rito de seu pai est? inquieto onde foi enterrado – explicou Mamus. - Eu avisei. Eu disse que meu pai n?o deveria ter sido enterrado na aldeia – Ovie enfaticamente salientou. - Cale-se! O esp?rito de seu pai n?o est? inquieto em Godere. Algu?m removeu o seu corpo da cova. Escute, o esp?rito de seu pai deseja retornar ?s ra?zes. Algu?m substituiu o corpo por outro, o de um estranho. A alma dele est? chorando em Godere. Ele pediu que, seja l? quem tenha exumado o cad?ver, o trouxesse de volta para o devido lugar. A m?e de Ovie se voltou para ele, desconfiada: - Ovie, onde voc? colocou o corpo? - N?o sei. A senhora deveria perguntar aos seus parentes. Pergunte se eles tiraram o corpo do cemit?rio e o enterraram em Godere ou se fizeram alguma outra coisa com o corpo do seu marido. A m?e o esbofeteou. – Ovie, diga o que voc? fez com o corpo de seu pai! - J? disse que n?o sei. Voc?s querem que eu conte uma mentira? – Ovie gritou. Outra estrondosa bofetada de sua m?e estourou no rosto de Ovie: - Diga onde est? o meu marido, seu idiota! Se voc? n?o me disser em um segundo, eu amaldi?oo voc? aqui e agora! Diante da amea?a, Ovie correu na dire??o do corredor. A fam?lia o seguiu. Ovie havia enterrado seu pai em um dos quartos de h?spedes. - Isso ? abomin?vel. Ovie, o que voc? fez com o seu pai? – Mamus perguntou, com tristeza. Sua m?e cobriu a boca, em estado de choque: - Eu estava certa. Voc? ficou maluco – constatou. - Eu s? queria enterrar meu pai do meu jeito. Essa ? a casa dele, n?o ?? N?o faz parte da tradi??o enterrar as pessoas em suas casas? Ovie se deixou cair no ch?o e chorou. – Eu tenho o direito de enterrar o meu pai do jeito que quiser. A vi?va pediu a alguns jovens que levassem o corpo de volta a Godere. Ovie teve de pagar uma multa, como penalidade por seu ato. Os habitantes da aldeia acabaram perdoando o rapaz e permitiram que ele realizasse os ritos finais da cerim?nia de sepultamento. Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=64616532&lfrom=688855901) на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
Наш литературный журнал Лучшее место для размещения своих произведений молодыми авторами, поэтами; для реализации своих творческих идей и для того, чтобы ваши произведения стали популярными и читаемыми. Если вы, неизвестный современный поэт или заинтересованный читатель - Вас ждёт наш литературный журнал.