Ну, подумаешь, и что здесь такого? - Невыразительный серый цвет... Если, к примеру, сравнить молоко и корову - Имеет значение или нет - Она чёрная?... или... она пятнистая? И чтО - в основе цветов - у её "колориста"? - Но молоко-то? - всегда исключительно белое... - Просто, она с молоком - единое целое! А человек, просыпаясь и надевая маск

Breve Hist?ria Da China

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Breve Hist?ria Da China Pedro Ceinos Arcones Um livro para entender a hist?ria da China. Embora o objetivo deste livro seja fornecer ao leitor uma hist?ria curta e compreens?vel da China, o interesse do autor pelas culturas dos povos da fronteira e das minorias ? percebido ao longo de suas p?ginas. A constru??o da China, desde os pequenos reinos nas margens do Rio Amarelo, que criaram as primeiras sementes da civiliza??o chinesa, at? um pa?s que cobre agora mais de 9 milh?es de quil?metros quadrados, pode ser seguida nas p?ginas deste livro, bem como o processo de conquista e absor??o de povos que hoje d?o origem ? China. Pedro Ceinos Arcones Breve Hist?ria da China BREVE HIST?RIA DA CHINA Pedro Ceinos Arcones Traduzido por Daniela Ortega Tektime publishing © 2003, 2006, 2020 Pedro Ceinos Arcones Traduzido por Daniela Ortega [email protected] Introdu??o O que ? a China? A resposta pode parecer ?bvia. Ao olhar para um mapa, uma grande massa de cores uniformes aparece na parte oriental da ?sia, do centro do continente ao Oceano Pac?fico, sobre o qual a palavra “China” se espalha. Um conceito que parece f?cil e evidente. No entanto, se, em vez de usar um mapa feito em 2006, pegarmos um mapa em portugu?s de dez anos atr?s, provavelmente ver?amos que, no extremo sul do pa?s, uma pequena por??o fica fora da massa da “China”. Seria a col?nia portuguesa de Macau, recuperada pelos chineses apenas em 1999, ap?s quase 450 anos de ocupa??o e posse portuguesa. Se fosse um mapa ingl?s de dez anos atr?s, descobrir?amos que a ?rea da “China” seria novamente interrompida em uma pequena parte de sua faixa sudeste; seria o enclave brit?nico de Hong Kong, recuperado pela China apenas em 1997, ap?s quase 150 anos nas m?os dos brit?nicos. Se o mapa fosse de Taiwan e um pouco mais antigo, encontrar?amos uma China que se estende muito mais ao norte, quase at? a taiga siberiana, porque, em Taiwan, a independ?ncia da Mong?lia Exterior n?o foi reconhecida e ainda ? inclu?da nos mapas da China. Por outro lado, se o governo tibetano no ex?lio o tivesse publicado, ver?amos que falta toda a parte sudoeste do que estamos acostumados a ver. Ou, se a publica??o tivesse sido realizada pelos independentes do Turquest?o, faltariam todo o extremo oeste. Se nos afast?ssemos mais no tempo, essa defini??o de “China” mudaria a cada dinastia ou mesmo a cada imperador, expandindo-se e se contraindo de acordo com o vai-e-vem de suas conquistas ou fracassos militares. A resposta, ent?o, n?o parece t?o ?bvia. Se todos os pa?ses e na??es s?o o resultado de um processo hist?rico, que ?s vezes nos parece estabilizado at? a eternidade, na China, parece que esse processo ainda hoje est? longe de estar completo, mostrando-nos um exemplo vivo de fragilidade e temporalidade dos Estados (apesar dos esfor?os dos pol?ticos de cada pa?s). Neste livro, usaremos o conceito mais amplo de China, que inclui e compreende n?o apenas a China de 2006, mas tamb?m a China de 1998, a de 1888 e a de 1588. Nosso objetivo, em vez de tentar endossar qualquer uma das reivindica??es pol?tico-geogr?ficas mais ou menos justas, visa explicar a origem das diferentes "chinas", para que o leitor possa entender sua situa??o atual. A Rep?blica Popular da China, com uma extens?o de quase 9.600.000 quil?metros quadrados, ? o terceiro maior pa?s do mundo, depois da R?ssia e do Canad?. Uma vista a?rea da China mostra seu territ?rio como uma s?rie de n?veis descendentes, de Oeste para Leste. O mais alto ? o planalto Qinghai-Tibete, com uma altitude m?dia de cerca de 4.000 metros acima do n?vel do mar. O segundo n?vel ? constitu?do pelos plat?s, que se estendem da Mong?lia Interior, pelos plat?s de Loess e Yunnan e Guizhou, entre 1.000 e 2.000 metros acima do n?vel do mar. O terceiro degrau ? formado pelas plan?cies do nordeste e norte da China e das faixas m?dia e baixa do rio Yangtze, com uma eleva??o entre 500 e 1.000 metros acima do n?vel do mar. A China ? um pa?s eminentemente montanhoso. Os principais sistemas montanhosos da China est?o orientados na dire??o Leste-Oeste, dividindo o pa?s em diferentes regi?es de dif?cil comunica??o. Para entender a geografia da China, basta pensar em tr?s grandes sistemas de montanhas, que atravessam toda a superf?cie do pa?s, de Oeste a Leste. Ao Norte, est?o as cadeias de montanhas Tianshan, em Xinjiang, e Yinshan, na Mong?lia. No centro, a cordilheira Kunlun – entre Xinjiang e Tibete – e Qinling. Ao Sul, est?o os Himalaias, no Tibete, e as Montanhas Nanling, que separam Hunan e Jiangxi de Guangdong e Guangxi. A China ? um pa?s com recursos h?dricos abundantes. Estima-se que 50.000 rios fluam atrav?s de suas terras, e alguns deles est?o entre os maiores e mais caudalosos do planeta. Os rios na China s?o utilizados desde tempos imemoriais para transporte, pesca e irriga??o. Se as cadeias montanhosas correm de Oeste para Leste, os rios precisam, necessariamente, seguir a mesma dire??o. Os rios do sul da China s?o muito diferentes dos do Norte. Enquanto os primeiros, alimentados regularmente por uma longa esta??o chuvosa, possuem numerosos afluentes, vegeta??o abundante ao seu redor e um fluxo relativamente constante, os do norte, onde a chuva ? t?o escassa quanto a vegeta??o, carregam grandes quantidades de sedimentos e t?m um fluxo escasso e tremendamente vari?vel, de acordo com as esta??es do ano. Os dois maiores rios da China s?o o Yangtze, com 6.300 quil?metros de extens?o, e o rio Amarelo ou Huanghe, com 5.464 quil?metros. Ambos os rios s?o considerados o ber?o da civiliza??o chinesa, embora sua situa??o atual seja muito diferente, pois, enquanto o Yangtze, que atravessa todo o pa?s, do plat? Qinghai-Tibete at? sua foz perto de Xangai, ? o verdadeiro cora??o da China, o rio Amarelo se tornou um rio mais virtual do que real, em cuja desembocadura n?o chega ?gua em mais de cem dias por ano. Outros rios importantes s?o, de Norte a Aul: o Heilong Jiang (tamb?m chamado Amur), na fronteira com a R?ssia; o Liaohe, o Haihe (que desagua em Tianjin), o Huaihe, o Qiangtang e o rio Zhujiang (que des?gua em Cant?o). Tr?s outros rios de grande import?ncia para o sul da ?sia nascem e t?m grande parte de seu curso na China: o Brahmaputra, chamado na China de Yarlung Zangbo; o Mekong, chamado Lancang, e o Salween, chamado Nu Jiang. A import?ncia das montanhas e dos rios na hist?ria da China ? decisiva. As montanhas, como regra, separam; os rios, por outro lado, comunicam. A expans?o da civiliza??o chinesa a partir de seu ponto de origem na atual prov?ncia de Henan segue o curso dos rios, onde a comunica??o ? mais f?cil. As ?reas separadas por montanhas, ainda relativamente pr?ximas, permanecer?o desconhecidas por muitos anos. Mas os rios n?o s?o apenas rotas de comunica??o. Sua natureza caprichosa e violenta os torna uma amea?a cont?nua. A sociedade chinesa se baseia, em parte, no dom?nio dos rios. Alguns autores at? consideram que a longa perman?ncia do sistema imperial est? relacionada ? necessidade de realizar e manter as grandes obras de canaliza??o e controle de rios para evitar inunda??es desastrosas. N?o ? por acaso que, em tempos de caos, as inunda??es aumentam o flagelo da popula??o. Quando os diques n?o est?o conservados, o rio Amarelo explode e muda de rumo. ?s vezes, com consequ?ncias tr?gicas. Na hist?ria, essas mudan?as de curso do rio Amarelo foram a principal causa da queda de v?rias dinastias. Antes da hist?ria, ainda n?o sabemos como esses transbordamentos influ?ram na ascens?o e na queda dos primeiros Estados na China. Montanhas e rios s?o uma parte fundamental da cultura chinesa. A Grande Muralha e o Grande Canal, as duas obras herc?leas que melhor caracterizam o povo chin?s, s?o seus equivalentes na esfera humana. Atualmente, a China est? dividida em 34 entidades administrativas, que correspondem basicamente ?s divis?es administrativas hist?ricas. Como elas n?o foram sempre foram as mesmas nem sempre foram chamadas da mesma maneira, ao longo deste livro, para facilitar a localiza??o, n?s as chamaremos pelo nome atual. Assim, temos quatro cidades diretamente subordinadas ao poder central: Pequim, a capital; Xangai, o grande porto industrial e comercial na foz do rio Yangtze; Tianjin, o porto do norte; e Chongqing, perto da grande barragem das Tr?s Gargantas. Cinco regi?es aut?nomas, nas quais a maioria da popula??o n?o pertence ? maioria ?tnica han, foram recentemente incorporadas ? China, onde a influ?ncia da cultura chinesa ainda hoje ? menor do que a das culturas locais tradicionais: Tibete, Mong?lia Interior, Xinjiang, Guangxi e Ningxia. As prov?ncias do noroeste, conhecidas no Ocidente como Manch?ria, s?o Heilongjiang, Jilin e Liaoning. Tamb?m est?o no Norte: Shandong, Hebei e Shanxi. Shaanxi, Gansu e Qinghai se encontram no noroeste da China. O leitor deve prestar aten??o para n?o confundir as prov?ncias de Shanxi (a oeste das montanhas) com a de Shaanxi (a oeste dos desfiladeiros), pois os nomes s?o perfeitamente diferenciados na escrita chinesa, mas quase id?nticos em portugu?s. No centro est?o Henan, Anhui, Jiangxi, Hunan e Hubei. No Sul, Guangdong, Guizhou, Hainan. No Sudoeste, Sichuan e Yunnan. No Leste, Jiangsu, Zhejiang e Fujian. Cada uma dessas prov?ncias ? do tamanho de um pa?s europeu. Suas popula??es originais, seu clima e suas caracter?sticas geogr?ficas e clim?ticas as tornam entidades igualmente diferentes. Sua hist?ria e o momento da incorpora??o ? cultura chinesa seguiram processos independentes que, neste trabalho, podemos apenas esbo?ar. Ainda assim, esperamos ter contribu?do para apresentar as caracter?sticas comuns e os diferenciais do mundo chin?s. A hist?ria enterrada Nem homens nem macacos A China pode ser considerada um dos ber?os da humanidade, porque, apesar do desenvolvimento tardio das pesquisas sobre sua pr?-hist?ria, foram encontrados muitos vest?gios da presen?a em seu territ?rio dos ancestrais mais remotos dos seres humanos. De vez em quando, aparecem novos restos de pr?-dominicanos na superf?cie da China, cada vez mais antigos, o que faz com que especialistas acreditem que este pa?s foi um dos cen?rios da evolu??o do homem. At? agora, os restos mais antigos que foram encontrados s?o os do chamado Homem de Renzidong, na prov?ncia de Anhui, que deve ter vivido h? mais de dois milh?es de anos. Outros testemunhos da presen?a pr?-humana em tempos igualmente remotos s?o: o homem de Yuanmou, da prov?ncia de Yunnan, de quem foram encontrados dois dentes fossilizados e que deve ter vivido h? um milh?o de setecentos mil anos; o Homem de Lantian, na prov?ncia de Shaanxi, que deve ter vivido quase seiscentos mil anos atr?s; o Homem de Nihewan, do qual foram descobertos apenas dois restos de ferramentas de pedra feitas por homin?deos h? um milh?o e quinhentos mil anos; e o Homem de Nanjing, do qual, segundo a an?lise de dois cr?nios encontrados, deve ter vivido nas proximidades dessa cidade h? meio milh?o de anos. O Homem de Pequim O mais famoso dos homens pr?-hist?ricos encontrados na China ?, sem d?vida, o chamado “Homem de Pequim”. Seu nome decorre de seus restos mortais terem sido encontrados nas cavernas de Zhoukoudian, nos arredores da capital chinesa. Sua fama se deve principalmente ao fato de que, no momento em que foi descoberto, em 1929, era o primeiro homin?deo que podia ser claramente identificado como o “elo perdido”, descendente do macaco e ancestral do ser humano, justificando, com sua exist?ncia, da teoria da evolu??o. Devido a terem sido encontrados vest?gios da presen?a humana na ?rea por um longo per?odo, pesquisadores asseguram que o Homem de Pequim ? uma pe?a fundamental no estudo da evolu??o das mudan?as fisiol?gicas que tornam poss?vel o aparecimento do homem moderno. O aumento da capacidade craniana (que atinge 1075 cc, 80% menor que a do homem atual, mas muito maior que a do homem lantiano, que atinge apenas 780 cc) e as mudan?as que decorrem disso, relacionadas ao uso linguagem, o andar ereto e uso especializado das m?os, puderam se desenvolver nesse per?odo de 200.000 anos de separa??o do Homem de Pequim. O Homem de Pequim ? um ca?ador-coletor, que se alimenta principalmente de cervos que captura, ap?s persegui-los com paus e tochas; ele usa instrumentos de pedra para fazer outros instrumentos de osso e madeira e cortar a carne e a pele dos animais que ca?a; ele sabe como manter o fogo, que usa para cozinhar e para se proteger do frio; ele corta lenha e come outros homens quando nada melhor est? ? m?o. As descobertas de restos de homin?deos e ?pocas mais recentes se multiplicaram nos ?ltimos anos. Seu estudo nos permite ter uma ideia geral de uma s?rie de processos migrat?rios pelos quais, ao longo de muitos milhares de anos, um ou mais tipos de homin?deos se espalharam pelas diferentes regi?es da China, adaptando-se ?s condi??es locais. No extremo norte, o chamado Nihewang Man, na Mong?lia Interior, tornou-se famoso por confirmar a capacidade dos humanos primitivos de se adaptarem ?s mudan?as clim?ticas sazonais, j? que, naqueles anos, a Mong?lia, mesmo desfrutando de um clima mais quente do atualmente, sofria importantes varia??es clim?ticas. Ao Sul, foram encontrados o Homem de Dali, na prov?ncia de Yunnan, que viveu entre 230.000 e 180.000 anos atr?s; e o de Maba, no Cant?o. No Leste, o Homem de Fujian deve ter vivido h? cerca de 200.000 anos. E, a oeste, o Homem de Dingcun, descoberto na prov?ncia de Shanxi, viveu h? cerca de 100.000 anos. Este ?ltimo j? ? muito mais evolu?do f?sica e culturalmente do que os anteriores, e suas ferramentas, ainda feitas de pedra, s?o revolucion?rias quando comparadas ?s do Homem de Pequim. Fisicamente, teria grandes semelhan?as com o Homem de Neandertal. Todos eles s?o considerados pertencentes ? esp?cie homo erectus. Todos eles seriam vest?gios da mesma linhagem, que vagava no ritmo estabelecido pelas glacia??es e fen?menos naturais, ou s?o os ancestrais dos povos que mais tarde habitar?o essas regi?es? Ainda n?o h? resposta para essa pergunta. O lapso de tempo entre o desaparecimento do ?ltimo homo erectus e o aparecimento do primeiro homo sapiens ? a ?ltima fronteira da paleoantropologia. Enquanto uma escola garante que todos os seres humanos modernos, homo sapiens, vieram da ?frica; outra afirma que o homo erectus evoluiu independentemente em cada continente para se tornar homo sapiens. A an?lise gen?tica dos restos humanos encontrados nessas datas-chave espera fornecer uma resposta definitiva em um futuro pr?ximo. Alguns experimentos analisaram o material gen?tico de in?meras popula??es na China e garantem que todas elas pertencem ao mesmo tipo desses primeiros homo sapiens que sa?ram da ?frica. Por outro lado, h? evid?ncias de que o Homo sapiens arcaico aparece nos registros f?sseis de v?rios locais da China datados de uma ?poca que os arque?logos chamam de Paleol?tico M?dio (entre 125.000 a 40.000 anos atr?s), o que poderia indicar uma evolu??o independente do Homo sapiens na China. Como voc? pode ver, o debate ainda est? aberto, em meio a conota??es pol?ticas e raciais. De fato, h? cerca de 40.000 anos, h? mais vest?gios da presen?a humana no norte e no sul da China. Seu desenvolvimento tecnol?gico e cultural ? muito mais r?pido que o de seus antepassados, os instrumentos e ferramentas, mais desenvolvidos, e os primeiros vest?gios de um sentimento religioso aparecem neles. Um dos locais mais ricos ? a chamada Caverna Superior, em Zhoukoudian, perto de onde o Homem de Pequim foi encontrado. O “Homem da Caverna Superior”, como ? chamado, viveu h? 18.000 anos e dedicava-se principalmente ? ca?a e ? pesca, completando sua dieta com a coleta de frutas silvestres. Seus trabalhos de pedra s?o mais evolu?dos, ele conhece as t?cnicas de polimento, perfura??o, escultura e tingimento. Entre seus restos mortais, foi encontrada uma agulha de osso com a qual costuraria peles para vestir, restos de moluscos do mar, o que revela rela??es comerciais ou expedi??es a regi?es um pouco distantes, bem como os primeiros vest?gios de um sentimento religioso, pois eles pintam de vermelho algumas de suas ferramentas e espalham p? de hematita sobre os cad?veres de seus mortos. Nos tempos do Homem da Caverna Superior, as diferen?as entre as culturas do norte e do sul da China come?am a se acentuar, sendo que as primeiras alcan?am uma maior complexidade. O per?odo Mesol?tico ? a transi??o entre o Paleol?tico e o Neol?tico. Na China, considera-se que teve in?cio ap?s o final da ?ltima era glacial. Naquela ?poca, embora a ca?a e a pesca ainda fossem atividades fundamentais, o cultivo de plantas e a domestica??o de animais come?aram a ser experimentados. Em locais dessa ?poca, como Wuming, na prov?ncia de Guangxi, Djalai Nor, na Mong?lia Interior, ou Guxiangtun, em Heilongjiang, h? vest?gios de atividades agr?colas. Esse per?odo dura aproximadamente do ano 10.000 ao 7.000 a.C. Culturas Neol?ticas Cerca de dez mil anos atr?s, os cereais foram cultivados pela primeira vez no solo da China. Possivelmente, a agricultura se origina pela observa??o, feita pelas mulheres que se dedicam ? colheita, de que, quando um gr?o cai no ch?o, acaba germinando. Os vest?gios mais antigos do cultivo de arroz foram identificados no curso intermedi?rio do rio Yangtze com data daquela ?poca, sendo um pouco posteriores os primeiros rastros de cultivo de milho no Norte, encontrados ao norte da prov?ncia de Henan. Progressivamente, uma s?rie de comunidades assegura sua subsist?ncia com a agricultura, que logo se torna a principal atividade, complementada pela ca?a, pela pesca e pela coleta. Calcula-se que a primeira domestica??o de animais ocorreu pouco depois, por volta do ano 7.000 a.C., tendo surgido, possivelmente, da captura de animais feridos e bezerros abandonados, que, trancados nas proximidades de assentamentos humanos, permitem ter sempre um estoque de carne ? m?o. A agricultura se desenvolve rapidamente na regi?o ao norte do curso m?dio do rio Amarelo, que na ?poca era muito mais quente e ?mida do que hoje, com florestas abundantes, lagos e p?ntanos e montanhas bem arborizadas, cheias de animais selvagens. Entre os anos 6.000 e 5.000 a. C., as primeiras civiliza??es neol?ticas surgem na China, como as descobertas em Peiligang e Cishan. Seus habitantes, que demonstram realizar atividades t?picas da vida sedent?ria, desenvolvem simultaneamente a agricultura e a pecu?ria. Cultivam milho, colhem nozes selvagens e criam c?es, porcos e galinhas como animais dom?sticos. Ca?am veados e outros animais menores. Produzem trip?s de cer?mica n?o decorados. Vivem em aldeias com casas redondas ou quadradas, possuem armaz?ns subterr?neos e cemit?rios com sepulturas simples, nas quais pe?as de cer?mica e ferramentas simples acompanham o cad?ver. Essas culturas s?o consideradas ancestrais da cultura Yangshao, que mais tarde se desenvolveu em uma ?rea semelhante. Na mesma ?poca, a cultura Dadiwan (5.300 a. C.) surgiu em Gansu, mas, apesar de seu elevado desenvolvimento, ainda n?o se sabe de que maneira poderia ter influenciado nas culturas que se seguiram. Em Dadiwan, um bom n?mero de vasos de cer?mica colorida foi descoberto, o mais antigo desse tipo descoberto at? agora na China, alguns deles com sinais que poderiam preceder uma escrita primitiva. O principal assentamento de Dadiwan conta com 240 casas, divididas em tr?s zonas. Um para os chefes, um para os chefes de cl? e a terceira para as pessoas comuns. Na primeira zona h? os restos de um “pal?cio”: uma estrutura de 420 metros quadrados, possivelmente usada para cerim?nias ou rituais p?blicos. Cultura Yangshao A primeira cultura neol?tica espalhada por um amplo territ?rio ? a cultura Yangshao, da qual foram descobertas numerosas aldeias em uma grande ?rea do centro, norte e noroeste da China, que existiram entre os anos 5.000 e 3.000 a. C. Essas aldeias, geralmente localizadas nas margens dos rios, s?o um grupo de casas semienterradas, ?s vezes organizadas de acordo com os diferentes cl?s que as habitavam, cercadas por um pequeno muro. Para seus moradores, a agricultura, geralmente rotativa, j? ? a atividade econ?mica fundamental. Embora a ca?a e a coleta ainda sejam atividades importantes. Acredita-se que quando a fertilidade de um peda?o de terra se esgotava, eles deixavam suas aldeias e se mudavam, limpando novos campos nas regi?es pr?ximas. Eles cultivam especialmente milho e c?nhamo, com os quais tecem seus vestidos, usando ferramentas de pedra. Seus animais dom?sticos s?o o porco e o cachorro, embora em algumas ?reas tamb?m tenham vacas, cabras e ovelhas. Bichos-da-seda j? s?o criados em algumas aldeias da cultura Yangshao. Com a cultura Yangshao, come?a o uso de cer?mica de formas variadas para cozinhar e armazenar alimentos. Feitas a m?o, algumas das vasilhas t?m inscri??es que muitos entusiastas insistem que poderiam ser precursoras da escrita chinesa. Na verdade, s?o sinais muito primitivos, que curiosamente t?m alguma semelhan?a com a atual escrita dos Nuosu (uma minoria chinesa) de Liangshan. As pessoas de cada aldeia trabalham juntas e consomem o fruto de seu trabalho juntas. Quando morrem, s?o enterradas com alguns objetos de uso di?rio: um sinal de cren?as religiosas antigas, que consideravam que o falecido ter? uma vida em outro mundo. Na sociedade, n?o h? diferen?a de classe. O papel econ?mico das mulheres ? mais importante que o dos homens. Yangshao tem sido considerada uma sociedade matriarcal que se encaixa perfeitamente nas teorias marxistas da evolu??o da humanidade. No entanto, an?lises recentes dos restos ?sseos realizadas por M.K. Jacques detectaram um n?mero anormal de feridas, especialmente nos ossos das mulheres, que poderiam revelar elevadas doses de viol?ncia dom?stica contra elas. Por outro lado, um maior desgaste das v?rtebras das mulheres confirma que elas realmente faziam a maior parte do trabalho agr?cola. No Livro dos Ritos, um dos cl?ssicos compilados por Conf?cio muitos s?culos depois, h? uma passagem que diz: “As pessoas amavam n?o apenas seus pr?prios pais, mas tamb?m os pais dos outros. Criavam n?o apenas para seus pr?prios filhos, mas tamb?m para os dos outros”. Muitos pesquisadores chineses dizem que a passagem se refere a esse per?odo. Em Bampo, nos arredores de Xian, encontram-se algumas das ru?nas mais conhecidas da cultura Yangshao. Os restos de uma ?rea residencial, de outra industrial e de outra funer?rias bem diferenciadas podem ser diferenciados. No centro da vila, h? uma grande sala comum de 160 metros quadrados. Em torno dela, um fosso protege de ataques de inimigos e animais selvagens. Seus habitantes usam cer?mica abundante, na qual a cor vermelha predomina. Dentro do aspecto geral da cultura Yangshao, desenvolvem-se outras semelhantes, com diferen?as locais. Talvez a mais impressionante seja a chamada cultura Majiayao, que se estende pelas atuais prov?ncias de Gansu e Qinghai. Desenvolve-se mais lentamente que a cultura Yangshao, permanecendo nessa regi?o at? tempos mais recentes, de tal forma que se acredita que poderia ter dado origem aos povos Rong-Qiang da regi?o, que influenciar?o decisivamente a forma??o da cultura chinesa posteriormente. Culturas de Hongshan e Dawenkou Simultaneamente ? presen?a da cultura Yangshao no centro da China, outras culturas aparecem ao leste, nas quais se v? um desenvolvimento humano mais complexo e original, cujo rastro se perde em datas posteriores, sem saber se deixaram contribui??es importantes ? que emerge como corrente principal da civiliza??o chinesa. S?o, de norte a sul: Hongshan, Dawenkou e Liangzhu. A cultura Hongshan, na bacia do rio Liao, se estende entre os anos de 4.000 e 2.500 a. C. por uma ?rea muito ampla. Combina, como Yangshao, a agricultura com a ca?a e a coleta. Seus habitantes vivem em casas semienterradas, usam ferramentas de pedra e fazem cer?mica. Pelas escava??es realizadas em Niuheliang, um dos centros mais importantes da cultura Hongshan, sabemos que, por volta de 3.500 a. C., essa sociedade ? radicalmente transformada, aparecendo as classes sociais, como pode ser observado pelo grande desenvolvimento do ritual f?nebre. Em Niuheliang, foram encontrados altares, templos com est?tuas e pir?mides de pedra, al?m de grandes pedras funer?rias alinhadas no topo das montanhas. O surpreendente complexo chamado Templo da Deusa tem ao seu redor numerosos fragmentos de grandes est?tuas femininas. Isso sugere a exist?ncia de artes?os especializados, bem como personagens poderosos capazes de empreg?-los e de dirigir o trabalho dos camponeses. Em Hongshan, haveria pelo menos tr?s classes sociais: chefes, artes?os e camponeses. In?meros objetos de jade, usados em forma ritual, foram descobertos em Niuheliang. Sua popularidade era tanta que praticamente todo mundo era enterrado com um peda?o de jade. Como esse mineral n?o era comum na ?rea, sua presen?a aponta para a exist?ncia de com?rcio com outras regi?es. Um dos motivos mais curiosos da arte da cultura Hongshan ? um tipo de porco-drag?o. O grande desenvolvimento alcan?ado pela cultura Hongshan intriga os historiadores. Seu desaparecimento repentino tamb?m. A aus?ncia de not?cias sobre as popula??es que herdaram a cultura Hongshan leva alguns pesquisadores a pensar em um desaparecimento repentino devido a alguma cat?strofe natural. Cho-yun Hsu, no entanto, sugere que, dada a extens?o alcan?ada pela Cultura do Baixo Xiajiatian, que a sucede no mesmo territ?rio, e a descoberta entre elas de uma s?rie de fortifica??es que constituem uma linha defensiva, de certa forma semelhante ? Grande Muralha, poderia haver uma s?rie de proto estados herdeiros da cultura Hongshan no vale do rio Liao, dos quais a hist?ria n?o tem not?cias. Dawenkou, na atual prov?ncia de Shandong, destaca-se principalmente por sua cer?mica vermelha, artesanal e com formas muito variadas e por seus eixos de pedra polida com um orif?cio no centro da l?mina. ? uma sociedade mais complexa e cada vez mais estratificada, que cultiva milho e domesticou porcos, vacas e galinhas. Tamb?m captura veados, tartarugas, crocodilos, guaxinins e texugos, al?m de moluscos e carac?is. Os mortos j? n?o s?o enterrados encolhidos, como na cultura Yangshao, mas estendidos de bru?os, com p? de hematita vermelho espalhado sobre eles. Em seus t?mulos, h? uma presen?a crescente de artefatos rituais que demonstram a consequente estratifica??o da sociedade. Nos est?gios posteriores da cultura de Dawenkou, ? medida que se desenvolvem a agricultura e as pesadas tarefas decorrentes dela, o papel dominante das mulheres gradualmente cede lugar ao dos homens. Os excedentes agr?colas criam diferen?as sociais e possibilitam a fabrica??o de bebidas a partir de restos de gr?os. Culturas do Yangtze: Hemudu e Liangzhu No delta do Yangtze, a cultura agr?cola mais antiga ? a de Hemudu, que se desenvolveu entre os anos 5.000 e 3.000 a. C. Trata-se de um matriarcado igualit?rio ao qual se atribui o in?cio do cultivo de arroz, com casas de madeira sobre palafitas, vasos e vigas laqueadas. Hemudu ? uma civiliza??o relativamente complexa, que usa instrumentos de madeira, osso, pedra e barro. Seus habitantes t?m c?es, porcos e b?falos domesticados; capturam numerosas esp?cies de mam?feros, p?ssaros e peixes; constroem barcos para pescar e esculpem delicadas decora??es de marfim. Existem evid?ncias que sugerem que os habitantes de Hemudu eram capazes de navegar no oceano, como a descoberta de ru?nas do tipo Hemudu nas ilhas Zhoushan, em uma costa pr?xima, a presen?a de cer?mica "fu", t?pica de Hemudu, ao norte, na costa da prov?ncia de Shandong, e a presen?a de um tipo de enxofre, inventado em Hemudu, em toda a costa da China, ao norte e ao sul, e at? nas ilhas da Polin?sia. De fato, um n?mero significativo de arque?logos rastreia a origem das culturas do Pac?fico at? as costas do sudeste da China. A herdeira de Hemudu ? a cultura de Liangzhu, que se desenvolveu entre 3.200 e 2.200 a. C. na ?rea do Delta do Yangtze e da Ba?a de Hangzhou, expandindo consideravelmente sua influ?ncia nas regi?es pr?ximas. Liangzhu foi, possivelmente, o cen?rio do surgimento de uma daquelas federa??es tribais nas quais os l?deres, instalados em uma capital, Mojiaoshan, iam acumulando cada vez mais riqueza e poder, direcionando a vida de outros centros secund?rios, que, por sua vez, tinham poder sobre as diferentes aldeias. Essa poderosa elite, cujas ricas tumbas e pequenas pir?mides foram encontradas em diferentes escava??es, usa trabalho escravo e realiza sacrif?cios humanos. Enquanto isso, a popula??o cultiva arroz, produz cer?mica de qualidade e j? usa barcos para pescar em larga escala rio adentro. H? artes?os com uma habilidade especial na escultura em jade, especialmente pe?as redondas chamadas "bi" (que simbolizam o c?u) e outras pe?as quadradas chamadas "cong" (que simbolizam a terra). O fim da cultura de Liangzhu se deu possivelmente devido a contradi??es internas entre suas classes, acentuadas por um per?odo de fortes inunda??es. A abund?ncia de objetos de jade descobertos nos principais locais dessas culturas, geralmente usados com um sentido ritual, sugere uma sociedade imbu?da de um profundo senso religioso, no qual os xam?s desempenham um papel importante. Para alguns autores, poderia ser chamada de Idade do Jade, paralela ?quela progress?o pol?tica que iria da sociedade comunista ? lideran?a dos xam?s e depois ? dos primeiros chefes. Corresponderia, no campo material, ao uso de pedra polida, o jade e o bronze. Neol?tico, Idade do Jade e Idade do Bronze. Cultura de Longshan Acredita-se que essas culturas do sul n?o tenham influenciado o processo civilizat?rio que se desenvolveu no centro da China, onde, por volta de 4.000 a. C., as culturas de Yangshao, Dawenkou e Hongshan tendem a se expandir e se interconectar. Essa intera??o se cristaliza no surgimento da cultura Longshan, por volta de 3.000 a. C., na qual se manifestam influ?ncias de todas as culturas do norte e que influencia o sul. Desse modo, vai sendo criada no centro da China uma cultura a partir da qual se inicia o processo de forma??o do Estado, que, nos s?culos seguintes, levar? ? unidade territorial. Na cultura Longshan, fica evidente um aumento da riqueza e do poder pol?tico, com maior import?ncia do ritual, maior viol?ncia nas rela??es externas e internas, maior desenvolvimento da agricultura e da pecu?ria, bem como do artesanato em bronze, em que aparecem as figuras monstruosas chamadas “taotie”, de significado desconhecido, e de jade, com uma populariza??o dos desenhos “cong” (terra) e “bi” (c?u). Restos de paredes de terra prensada foram encontrados ao redor de algumas de suas aldeias. Sua cer?mica ? muito mais desenvolvida, e nela aparecem os tipos que ser?o usados posteriormente entre os chineses. A adivinha??o come?a aquecendo os ossos, pois eles creem na exist?ncia de esp?ritos da natureza, aos quais veneram como deuses. As pessoas est?o enterradas com a cabe?a para baixo. O boi e a ovelha passam a fazer parte dos animais dom?sticos. H? v?rias centenas de localidades no norte da China onde foram descobertos restos da cultura Longshan, o que nos faz pensar em comunidades camponesas que t?m algum contato umas com as outras, que enfrentam os mesmos desafios materiais e que se inter-relacionam por com?rcio, troca de esposas ou maridos e, ocasionalmente, guerra. A sociedade desse tipo era liderada por um chefe, geralmente um dos mais antigos do cl? que comp?e a aldeia. Com o tempo, a sociedade se torna hier?rquica, e ?s vezes se constroem muros que separam a ?rea dos nobres e a dos plebeus. As ?ltimas fases desta cultura Longshan, entre o ano 2400 e 1900 a.C., s?o a base das culturas din?sticas que surgir?o nos s?culos seguintes. Na verdade, a cultura camponesa de Longshan permanece praticamente inalterada durante as dinastias Xia (s?culo XXI – XVI a.C.) e Shang (s?culo XVI – XII a.C.), em que planta??es, casas, animais de estima??o e a maneira de construir s?o praticamente os mesmos. O que mais se transforma s?o os centros de poder. Surgimento das primeiras entidades pol?ticas O processo de transforma??es pol?ticas que deram origem aos primeiros estados da China central parece ter se desenvolvido nas aldeias culturais de Longshan. Inicialmente, sup?e-se que algumas aldeias se reuniam encontrado ocasionalmente para realizar uma tarefa juntas. Poderia ser para se defender de um inimigo comum, proteger-se das inunda??es do rio Amarelo, como sugere a mitologia, ou outro trabalho mencionado nos textos cl?ssicos. Poderiam at? se formar confedera??es ocasionais por qualquer desses motivos, que se dissolveriam logo depois, uma vez que a tarefa para a qual elas foram criadas fosse conclu?da. Tamb?m ? poss?vel que algumas dessas tarefas tenham tornado necess?rio, pelo menos aos olhos de seus pr?prios habitantes, manter essas federa??es de aldeias. As recentes escava??es de Longshan mostram uma hierarquia de assentamentos humanos, com a exist?ncia de centros prim?rios, cercados por centros secund?rios e estes, por sua vez, pelas aldeias. Os chefes tempor?rios est?o assumindo o controle do poder e da produ??o excedente. As federa??es das aldeias tendem a se tornar permanentes sob o controle desses chefes. Os excedentes agr?colas tamb?m permitem a manuten??o de escravos, geralmente inimigos da guerra, cujo trabalho esses chefes aproveitam para seu benef?cio. Nos centros prim?rios, onde residem os chefes, foram descobertos restos de paredes, estruturas sacrificiais, bronzes, escrituras, artefatos oraculares, jade etc. O surgimento do bronze, nas ?ltimas fases da cultura Longshan, acelera o surgimento dessa aristocracia inicial, que consolida seu poder pelas armas. O sul da Mong?lia, que era uma ?rea eminentemente agr?cola naqueles anos, sofre uma s?rie de mudan?as clim?ticas que o tornam cada vez mais ?rido e frio. Essas mudan?as clim?ticas acabam com a agricultura na ?rea, que mais tarde testemunhar? a migra??o de popula??es n?mades dedicadas ? pecu?ria. As descobertas arqueol?gicas nos mostram que a competi??o entre os diferentes grupos parece ter sido a causa do aumento do tamanho dos assentamentos humanos, que continuaram a se desenvolver at? terminar com a cria??o dos primeiros Estados, centros de artesanato e com?rcio. Esses primeiros Estados, resultado da federa??o de aldeias, j? se tornavam um fen?meno permanente no norte da China, criando um ambiente prop?cio ao surgimento de estruturas pol?ticas mais complexas, como a mais tarde denominada dinastia Xia.. Embora ainda existissem muitas aldeias que mant?m seu estilo de vida simples ? margem das federa??es, parece que a tend?ncia ? encontrar rela??es mais pr?ximas entre as aldeias de uma determinada ?rea, possivelmente com base no parentesco, na identifica??o ?tnica ou cultural, embora tamb?m possa se basear na proximidade e na identidade de interesses. O Imperador Amarelo Os historiadores chineses consideram que, no quadro da crescente hierarquiza??o da cultura de Longshan, em um determinado momento, por volta do ano 2600 a. C., uma federa??o mais ou menos est?vel de tribos organizadas surgiu em torno de um l?der conhecido como Imperador Amarelo (Huangti), considerado o pai da na??o chinesa. Essa considera??o n?o deixa de ter fatores pol?ticos, e o pr?prio governo, que deseja consolidar a exist?ncia da China na mais remota antiguidade, lan?ou um projeto que visa identific?-la at? o mais remotamente poss?vel. Ainda existem muitas d?vidas sobre a real exist?ncia do Imperador Amarelo, mas, como a maioria dos feitos que as lendas atribuem a ele aconteceu de fato em uma ?poca que coincide mais ou menos com o que se diz ter vivido, pode-se falar da exist?ncia do conceito "Imperador Amarelo", referindo-se a uma pessoa, um grupo de pessoas ou mesmo uma ?poca. Alguns autores sugerem que ele procedia das montanhas Kunlun, a oeste, ainda reverenciadas pelos chineses como o local de resid?ncia dos deuses, o que o tornaria um invasor das plan?cies centrais. Um l?der de um povo guerreiro que, depois de invadir as plan?cies centrais e subjugar seus habitantes, permaneceria em seu papel dominante sobre uma grande massa de camponeses. O Imperador Amarelo, de acordo com lendas ungidas com poderes especiais desde seu nascimento, ? reverenciado por ter sido capaz de pacificar e unir as tribos do norte da China e expulsar seus inimigos, os Miao, construindo assim o primeiro conceito de identidade chinesa. As lendas narram como Huang Di e seu irm?o Yan Di acabam derrotando Chiyou, o rei dos Miao, expulsando-o para o sul. Os Miao migram para o curso inferior do Rio Amarelo, onde ser?o derrotados e for?ados a emigrar novamente pelo Imperador Yao, iniciando seu longo per?odo de migra??o, que n?o terminar? at? o s?culo XX. Nas lendas atuais dos Miao, a mem?ria dessas batalhas ainda est? viva. Tamb?m se atribui a Huang Di, sua esposa e seus ministros a inven??o da seda e sericultura, dos caracteres chineses, da primeira b?ssola, de obras m?dicas e do enunciado de alguns dos primeiros conceitos filos?ficos que a escola tao?sta desenvolveria mais tarde. Obviamente, s?o atribui??es muito posteriores, que refletem mais o pensamento da ?poca (vinte s?culos ap?s sua poss?vel exist?ncia) do que a realidade hist?rica. Outros l?deres tribais tiveram sucesso em algumas tarefas mais pr?ticas e acabaram sendo deificados, primeiro por seus descendentes e depois por todos os chineses. ? o caso de Fuxi, o primeiro a tecer uma rede de pesca, Nuwa, criador da humanidade que reconstr?i os pilares da terra, ou Shennong, deus da agricultura e da medicina. Ap?s uma s?rie de anos durante os quais outros l?deres alcan?aram algumas das primeiras conquistas da civiliza??o chinesa, os livros cl?ssicos registram o aparecimento de tr?s soberanos: Yao, Shun e Yu. Este ?ltimo ser? o fundador da primeira dinastia Xia. Os tr?s soberanos: Yao, Shun e Yu Os maiores sucessos desses tr?s soberanos giram em torno da organiza??o da sociedade gerada por essa confedera??o de aldeias, pois estabelecem o calend?rio, b?sico para uma sociedade agr?cola como a China, lutam contra as enchentes e reorganizam as nove tribos sob seu governo. Eles tamb?m estabelecem as regras para uma sucess?o pac?fica na lideran?a da federa??o, chamada nos livros cl?ssicos de “sucess?o por abdica??o”, que na realidade parece corresponder ao governo por turno dos l?deres das v?rias tribos federadas, possivelmente por escolha entre os outros l?deres. Um sistema que vemos em uso em tempos hist?ricos entre as tribos Donghu, do nordeste da China, e seus sucessores, os Khitan do s?culo X. Essa escolha geralmente implicaria em governar a federa??o de tribos por um per?odo limitado, uma vez que os tr?s soberanos mencionados abdicam antes de sua morte, e incluiria algumas regras destinadas a evitar que uma ?nica tribo monopolizasse o poder, como a exclus?o da lideran?a dos sucessores do ?ltimo l?der. Por outro lado, essa sucess?o tem certas semelhan?as com a descrita por James Frazer em “O Ramo de Ouro”, em que cada rei-sacerdote foi morto por seu sucessor; o que nos levaria a pensar em verdadeiros modelos de sucess?o comuns a toda a humanidade ou uma comunica??o maior do que se conhece at? agora entre Oriente e Ocidente. Segundo as hist?rias, Yao, em vez de nomear seu filho herdeiro, lega o governo do imp?rio a Shun, um homem de origem humilde que se destaca por sua piedade filial. Dado que o filho de Yao se rebela contra essa decis?o e que Shun mais tarde se casar? com as duas filhas de Yao, pode-se pensar que a sucess?o matrilinear ainda n?o estava t?o longe naquela ?poca, sendo usada para refor?ar a sucess?o revolucion?ria por turnos. Ou que, na realidade, a sucess?o foi matrilinear, para as filhas de Yao, e que os narradores patriarcais da ?poca de Conf?cio transformaram a tradi??o matriarcal. Com Yao j? teria havido um importante desenvolvimento da sociedade. Sua uni?o de tribos faz com que as aristocracias de diferentes federa??es de aldeias abandonem os la?os cada vez mais fracos de consanguinidade que as prendem ?s suas cidades de origem para criar la?os sociais que as unem aos nobres das cidades vizinhas, abrindo perspectivas muito mais ambiciosas. para os povos e seus l?deres. Shun, por sua vez, quando chega a hora de se retirar, deixar? o poder para Yu, que tem se destacado por seu trabalho revolucion?rio na luta contra as enchentes que assolam a China h? muitos anos, substituindo a constru??o de barragens pela de canais que permitem a drenagem das inunda??es. Sua capacidade de trabalho e dedica??o ao povo s?o tidas como proverbiais, pois, segundo as hist?rias, durante treze anos ele se dedicou a lutar contra as enchentes, sem entrar em sua casa para conhecer o filho que nasceu ap?s sua partida, apesar de ter passado tr?s vezes pela porta da casa. Esses fatos n?o podem ser considerados verdadeiros do ponto de vista hist?rico, uma vez que o que sabemos sobre eles chegou at? n?s principalmente em obras editadas por Conf?cio. Como aponta Chen Huan-Chang, “Conf?cio n?o consegue encontrar dados hist?ricos nos quais basear suas doutrinas, as descri??es de civiliza??es antigas fornecidas por ele s?o um produto apenas de sua pr?pria mente… nos tempos de Conf?cio, n?o havia hist?ria aut?ntica das civiliza??es Xia e Shang". E, como o pr?prio Conf?cio diz, "Falo humildemente para evitar o perigo e me refiro aos reis antigos para pegar emprestada sua autoridade”. Chen Huan-Chang v? que ? evidente que Conf?cio criou essas hist?rias "fruto de sua pr?pria mente, para seus ensinamentos religiosos". A maioria dos chineses pensa nelas como verdadeiras, embora, de fato, n?o se saiba com base em que substrato hist?rico Conf?cio trabalhou. Joseph Campbell, por outro lado, v? algumas semelhan?as com a mitologia de outras latitudes: "A analogia ?bvia dos dez reis sum?rios, patriarcas b?blicos e monarcas chineses, bem como a lenda do dil?vio compartilhada que chega ao final desta s?rie… n?o ? curioso que No? e o grande Yu, no curso de seus trabalhos durante o dil?vio, tornem-se coxos? …isso ? baseado na ideia de que o rei, anteriormente assassinado, era, em rituais posteriores, apenas deixado coxo ou castrado… tanto Yu quanto No? se embriagaram… assim como No? sobreviveu ao dil?vio e, portanto, representa o fim do antigo e o in?cio de uma nova era, o mesmo acontece com o grande Yu. No que diz respeito ? ?poca ap?s o dil?vio, tanto na B?blia quanto nas antigas listas de Reis Sum?rios, ela se aproxima gradualmente do plano da hist?ria, como acontece nas cr?nicas da China, ap?s o per?odo de Yu." Fora da lenda, a arqueologia nos mostra que certamente aumenta a hierarquia dos assentamentos, a concentra??o das popula??es em n?cleos maiores, a concentra??o do poder pol?tico, os objetos de luxo, enquanto os tipos de cer?mica diminuem. O com?rcio ? realizado em grande escala, como evidenciado pelo aparecimento de conchas de cauri e motivos decorativos t?picos da ?sia Central. Dessa forma, surge na China o primeiro Estado de que a Hist?ria nos d? not?cias. O Estado de Xia, apesar de ser o mais conhecido, n?o ? o ?nico nas terras centrais da China. Nem todos os chefes dos centros pol?ticos aliados reconhecem sua preemin?ncia e, embora suas numerosas vit?rias o tornem cada vez mais poderoso, os Xia nunca estendem seu dom?nio a mais do que sobre uma ?rea limitada de territ?rio na China central. Possivelmente naqueles mesmos tempos j? existiam as linhagens Shang e Zhou, que governariam o leste e oeste dos primeiros Xia, bem como outras que n?o alcan?aram tal destaque hist?rico e que compartilham um grande n?mero de caracter?sticas comuns, mas mantendo algumas diferen?as locais. Do desenvolvimento de outras entidades pol?ticas mais distantes que falaremos mais tarde, h? apenas not?cias fragmentadas. O nascimento do Estado nas dinastias Xia e Shang A dinastia Xia N?o se sabe muito sobre a dinastia Xia. Apenas as descri??es de seu tempo nos livros de Hist?ria compilados muitos s?culos depois e as descobertas feitas nas escava??es de Erlitou, uma antiga capital descoberta nas proximidades da atual cidade de Luoyang. H? historiadores que at? duvidam de sua exist?ncia. Uma vez que as informa??es fornecidas pela literatura se apoiam basicamente nas descobertas arqueol?gicas de Erlitou, sua exist?ncia parece comprovada. De acordo com a Dra. Ford, "A cultura de Erlitou (1900-1500 a.C.) foi postulada como a primeira evid?ncia da exist?ncia de um Estado na China". Em Erlitou, foi descoberta uma cidade na qual deve ter vivido um povo de organiza??o complexa. Com dois grandes pal?cios de cerca de 10.000 m , que possuem v?rios edif?cios importantes no seu interior, in?meros objetos de jade, ossos usados na adivinha??o e, acima de tudo, grande quantidade de bronze: armas, vasos e instrumentos musicais. Dado que, de acordo com a cronologia dos livros cl?ssicos chineses, estima-se que a dinastia Xia tenha existido entre o ano de 2070 e 1600 e que foi a primeira dinastia a governar um Estado na China, ? razo?vel pensar em identificar os restos de Erlitou com os da Dinastia Xia. Alguns vest?gios que mostram uma continuidade cultural com a cultura Longshan e que s?o apresentados como um passo entre a cultura Longshan e a dinastia Shang. Os Xia surgiram em uma regi?o que inclui a parte oeste da prov?ncia de Henan e a parte sul da prov?ncia de Shaanxi, uma ?rea rica em cobre e min?rio de estanho. Possivelmente, alcan?aram papel de destaque entre as confedera??es tribais da ?poca pelo conhecimento da fabrica??o de objetos de bronze, do controle de suas minas ou ambos, o que lhes teria proporcionado superioridade econ?mica e militar necess?rias para enfrentar as demais tribos na cria??o de uma monarquia heredit?ria. Como j? mencionado, os ind?cios que subsistem at? hoje sugerem que a rotatividade no exerc?cio do poder supremo havia sido estabelecida dentro da confedera??o de tribos chinesas. Em tempos anteriores ? funda??o da dinastia Xia, essa rota??o foi de fato reduzida a uma altern?ncia de poder entre os Xia e os Yi, um povo de arqueiros habilidosos que ocupavam a atual prov?ncia de Shandong. Ap?s a morte de Yu, o Grande, aproveitando sua fama, os nobres Xia elevam seu filho Qi ao trono. Deslocando o herdeiro designado Boyi, da tribo Yi, quebram o ciclo de rota??o no poder. A atua??o de Xia continua com o in?cio das hostilidades. N?o apenas os Yi enfrentam os Xia pela nova distribui??o de poder: outras tribos menores que viram seus direitos prejudicados por este golpe de estado enfrentam os Xia, que, no entanto, acabam vencendo e estabelecendo a primeira monarquia heredit?ria na hist?ria da China. Esta interpreta??o dos escritos confucionistas ? endossada pela arqueologia, como aponta Liu Li: "A dinastia Xia, se existiu, deve ter come?ado como uma sociedade de chefes em seu per?odo inicial e depois se desenvolvido em um estado territorial durante seus ?ltimos dias". A imposi??o da monarquia pela for?a, resultado da vit?ria de Xia, acaba com o governo pela harmonia entre os diferentes povos. A militariza??o generalizada definitivamente transforma as sociedades antigas. As novas sociedades do per?odo Xia s?o baseadas na opress?o do povo por uma aristocracia todo-poderosa que dirige uma sociedade escravista em seu auge, no topo da qual est? o rei. Seu poder ? logo consolidado adquirindo conota??es religiosas, criando rituais complicados para confirmar seu poder e agindo como xam?s capazes de se comunicar com os esp?ritos. No plano material, redigem leis que os ajudam a se perpetuar no poder e a construir as primeiras pris?es e muros para proteger as cidades onde vivem os reis. Para manter o dom?nio sobre as tribos, dom?nio pol?tico e religioso ao mesmo tempo, n?o s?o necess?rios apenas tributos, geralmente em esp?cie, mas aceitar a semideifica??o dos ancestrais do imperador, bem como sua infalibilidade no estabelecimento do calend?rio, a not?cia mais importante para os camponeses. Na verdade, o estabelecimento da monarquia heredit?ria enfatiza o culto aos ancestrais, uma vez que o poder de cada soberano ? dado justamente pelos m?ritos de seus ancestrais. A hist?ria da dinastia Xia est? repleta de eventos que refletem a resist?ncia dos povos sujeitos a aceitar a usurpa??o do poder pelos Xia. Cr?nicas antigas referem-se continuamente ?s numerosas guerras e rebeli?es que marcaram o per?odo Xia. Os prisioneiros nessas guerras quase cont?nuas foram os primeiros escravos da China. Apesar dessa concentra??o de poder, ?nica at? ent?o, o "imp?rio" dos Xia abrangia apenas uma pequena parte da China central. Embora este seja o ?nico documentado pela hist?ria cl?ssica da China, sempre interessada em estabelecer uma linha de continuidade desde o passado mais remoto, n?o h? d?vida de que em outras localidades se formaram outras entidades pol?ticas nas quais a civiliza??o seguiu caminhos diversos. Temos muito pouca informa??o sobre elas. Outras culturas no per?odo Xia Cultura mar?tima na costa de Fujian. De acordo com os dados fornecidos pelas escava??es realizadas em Huangguashan, entre 2000 e 1500 a.C., vivia na costa de Fujian um povo voltado ?s atividades mar?timas, capaz de fazer viagens de longa dist?ncia, que mantinha contatos regulares com outros munic?pios da costa da China. Alguns autores sugerem que entre eles poderiam estar os ancestrais dos austron?sios, que teriam migrado para suas casas atuais a partir da costa do sudeste da China. Mas, enquanto alguns chineses deixavam o pa?s para o leste, um novo povo vinha do Oeste. Os ancestrais dos chamados tocharianos, um dos ramos dos indo-europeus, vindos do sul da R?ssia, penetraram pelo Oeste, ocupando os o?sis do Tarim at? chegar ? prov?ncia de Gansu. Descobriram-se m?mias deles na ?rea, com caracter?sticas f?sicas um tanto semelhantes ?s ocidentais, bem preservadas pelo clima seco, e restos de tecido de caxemira de boa qualidade. Escava??es recentes na ?sia Central mostram que, at? o ano de 2.000 a.C., surgiu uma certa homogeneidade cultural entre as cidades que habitavam as estepes que ficam entre os Urais e a bacia do Tarim. Possivelmente devido ? introdu??o nessa ?rea de vacas e ovelhas como animais de pastoreio e ? introdu??o de ve?culos de rodas puxados por cavalos, permitindo a utiliza??o ideal de uma regi?o de recursos escassos. Isso tornava necess?rio manter o povo e seus rebanhos em constante movimento, o que transformou aquela regi?o pela primeira vez em um efetivo canal de comunica??o entre a ?sia e a Europa. De tal forma que “entre os anos 2.000 e 1.700 a.C., os povos das estepes foram relativamente unificados, com a ado??o em um amplo territ?rio de estrat?gias de subsist?ncia semelhantes, tipos de cer?mica e armas, tipos de casas e assentamentos, bem como pr?ticas rituais” (Anthony). Mais tarde, formam-se uma s?rie de culturas que fazem parte de uma ?rea compacta, com contatos com a Sib?ria, ?sia Central e China. A presen?a desses povos indo-europeus a oeste da China, e seus contatos quase certos com as monarquias gaguejantes da China primitiva, torna necess?rio repensar a quest?o das rela??es culturais entre a China e o Ocidente, porque, se em diferentes per?odos hist?ricos existem in?meras semelhan?as, estas se tornam mais evidentes quando a cultura chinesa antiga atinge seu primeiro esplendor, com a dinastia Shang. Um esplendor que, como veremos, mant?m muitas semelhan?as com os da Sum?ria ou do Egito. O decl?nio dos Xia, atribu?do nas sempre moralizantes cr?nicas confucionistas ? degrada??o moral de seu ?ltimo rei, Jie, deve ter respondido ao desenvolvimento crescente de seus concorrentes Shang. Na verdade, as escava??es realizadas em Erlitou mostram um decl?nio devido aos anos em que Erligang e Yashi (os primeiros centros dos Shang) emergiram como os principais centros de poder, o que parece mostrar um longo processo pelo qual os Shang alcan?aram a supremacia sobre o Xia. Dinastia Shang Ao contr?rio do que acontece com a dinastia Xia, onde a escassa documenta??o dispon?vel faz com que alguns autores duvidem de sua real exist?ncia, h? abundante documenta??o sobre a sociedade Shang. Primeiro, pelas fontes escritas em s?culos posteriores; depois, pelas inscri??es encontradas em seus pr?prios bronzes, que forneceram muitas informa??es sobre sua vida e cultura; em terceiro lugar, pela descoberta de numerosos fragmentos de cascos de tartaruga e esc?pulas de bovinos utilizados para adivinha??o, nos quais foram escritas informa??es sobre o assunto em quest?o, bem como o resultado da adivinha??o; e em quarto lugar, pelas escava??es realizadas nos ?ltimos anos, especialmente em Anyang e Erligang. A linhagem real dos Shang, e talvez seu pr?prio status, pode ter se originado na mesma ?poca que a dinastia Xia. Na verdade, de acordo com suas tradi??es, seu primeiro ancestral, Xie, filho do imperador Tiku e do jovem Jiandi, ajudou Yu, o Grande, a lutar contra as inunda??es. Os primeiros Shang se moviam pelo territ?rio localizado ao sul da prov?ncia de Shandong, na ?poca, uma terra de p?ntanos pantanosos com poucos lugares secos. Talvez a coopera??o necess?ria entre as aldeias para limpar essas terras tenha favorecido a cria??o de um Estado. A verdade ? que os Shang foram conquistando cada vez mais poder entre as diferentes tribos do leste da China, genericamente chamadas de Yi, com as quais mantinham alian?as estreitas, de tal forma que, quando o regime Xia enfraqueceu, Shang j? era seu rival mais poderoso. ? importante mencionar que a exist?ncia dos tr?s Estados, Xia, Shang e Zhao (que suceder? Shang 500 anos depois), ? mais ou menos simult?nea, sendo que cada um alcan?a a hegemonia em um per?odo hist?rico diferente; compar?vel, talvez, ? posi??o hegem?nica alcan?ada por Espanha, Fran?a e Inglaterra em per?odos sucessivos da hist?ria moderna da Europa. Mas, al?m destes, existem muitos outros Estados mais ou menos poderosos, que muitas vezes s?o decisivos na ascens?o e manuten??o do poder dessas dinastias, bem como em seu decl?nio quando sua lealdade ? transferida para novos pretendentes; como acontecia na Europa, na mesma ?poca, com Holanda, Alemanha, It?lia ou Su?cia. A era do dom?nio Shang se estende por cerca de 600 anos, a partir, aproximadamente, do ano 1700 a.C. at? 1100 a.C. Embora existam duas fases de desenvolvimento bem diferenciadas, uma em sua primeira capital, Erligang, e outra em Anyang, e entre elas um per?odo de crise de que temos poucas not?cias, motivado por lutas din?sticas, ataques externos ou desastres naturais. Tradicionalmente, considera-se que o rei Tang, aproveitando o descontentamento das tribos que apoiavam Xia, substituiu definitivamente o poder dos Xia pelo dos Shang. Tang ? considerado pela hist?ria um governante capaz e virtuoso. Estabelece sua capital em Erligang, sob a atual cidade de Zhengzhou, desenhando o que ser? o governo dos Shang. A Erligang de onde os Shang governam entre 1500 e 1300 a.C. j? ? uma grande cidade de 25 km , com uma parede de taipa de 7 km de per?metro, 9 metros de altura e 22 de largura. Dentro dela ficam os pal?cios, e fora, as oficinas. Uma escava??o completa de Erligang ? por enquanto imposs?vel, porque sobre suas ru?nas ergue-se a grande cidade de Zhengzhou, capital da prov?ncia de Henan. A sociedade Shang A sociedade Shang ? uma sociedade classista e militarizada, no topo da qual est? o rei; sob ele, uma aristocracia de nobres, camponeses e escravos. A agricultura e a pecu?ria desenvolveram-se muito devido aos trabalhos de irriga??o que geraram excedentes cada vez maiores pela utiliza??o de novas ferramentas e pelo cultivo de um maior n?mero de esp?cies vegetais. Mas o padr?o de vida dos camponeses n?o mudou durante s?culos. Na verdade, as aldeias desenterradas dessa ?poca mant?m as caracter?sticas da cultura Longshan, o que parece mostrar que esse excedente de riqueza estava nas m?os da aristocracia. Sob os camponeses ainda estavam os escravos, a maioria capturada nas guerras contra inimigos, que cultivavam os campos ou cuidavam dos animais dos senhores e eram sacrificados, como vacas, ou enterrados vivos, acompanhando os funerais dos poderosos. O rei ? a mais alta autoridade pol?tica e religiosa; ele exerce a??o pol?tica por meio de uma s?rie de ministros; a??o religiosa com o aux?lio de xam?s e adivinhos; e a??o militar por meio de um poderoso ex?rcito, dotado de armas de bronze, capacetes, escudos de pele e, posteriormente, carros de guerra, liderados pelos nobres dos cl?s aliados, que ?s vezes t?m o comando sobre os guerreiros de seu pr?prio cl?. Como o professor Chang apontou, a linhagem real era composta de dez cl?s divididos em dois segmentos rituais, que se revezavam no exerc?cio do poder. O rei era assistido por um ministro pertencente ao segmento ritual oposto, que de certa forma mantinha o equil?brio de poder entre aquela alian?a primitiva e preparava a sucess?o do rei por algu?m pr?ximo ao seu segmento ritual. Esses primeiros-ministros, que ?s vezes corrigem o rei ou o aconselham sabiamente, representam o poder de metade dos cl?s da linhagem real, interessados em que o rei governe bem e deixe como legado um estado pr?spero ao representante de sua pr?pria metade ritual, que se tornar? o pr?ximo rei; com isso, eles inauguram o papel que intelectuais e advogados desempenhar?o nos s?culos posteriores com o imperador. Tanto as cidades como seus cemit?rios foram perfeitamente projetados, com as ?reas onde as duas metades rituais viviam perfeitamente separadas. Os nobres viviam no centro, enquanto os camponeses e artes?os tinham seus pr?prios bairros, separados deles. A cidade inteira era cercada por uma muralha. De fato, a vida das classes dominantes tornava-se cada vez mais complexa, com o uso de in?meros itens de luxo que levaram ao desenvolvimento do artesanato, especialmente da metalurgia do bronze, e ao estabelecimento de rotas comerciais com pa?ses distantes, de onde chegam as moedas, conchas de b?zios das costas ao sul do Yangtze e de lugares ainda mais remotos; as tartarugas para usar na adivinha??o; cobre e estanho para fundir bronze; e outros bens j? necess?rios no cotidiano da nobreza, como o jade. As necessidades das classes dominantes por itens de luxo n?o s? levam ao desenvolvimento do com?rcio, mas tamb?m do artesanato. Nas cidades h? um bom n?mero de artes?os que se dedicam a produzir os artigos de luxo que os nobres exigem: jade, bronze. Nascimento da escrita chinesa O bronze se torna o item de luxo por excel?ncia. A riqueza dos nobres ? medida mais por seus bronzes do que por seu dinheiro. ? por isso que, durante essa dinastia, a metalurgia do bronze se desenvolveu tremendamente, atingindo n?veis est?ticos altamente elaborados, que n?o ser?o alcan?ados novamente em tempos posteriores. Alguns autores acreditam que o desenvolvimento pr?vio da cer?mica tem grande influ?ncia no esplendor desses bronzes, pois muitas pe?as e motivos apresentam grande semelhan?a. A exist?ncia de culturas como a de Sanxingdui, praticamente contempor?nea aos Shang, com uma metalurgia igualmente avan?ada, tamb?m sugere a possibilidade da exist?ncia de elos nessa evolu??o ainda desconhecidos. Os bronzes Shan s?o o auge da metalurgia da China antiga. ?s vezes, eles carregam uma inscri??o que descreve sua fun??o; seu uso frequente para liba??es rituais sugere que a bebida ajudaria no transe dos xam?s. ? nessas inscri??es em bronzes e nas feitas para fins divinat?rios em cascos de tartaruga ou esc?pulas de bovinos que a escrita chinesa como tal ? descoberta pela primeira vez. Pode-se dizer que a escrita chinesa surge com a dinastia Shang, ou, mais propriamente, com a transfer?ncia da capital para Anyang, quando ? usada continuamente nas pr?ticas de adivinha??o. Hoje, ainda n?o sabemos em detalhes o seu desenvolvimento, porque antes de Anyang foram encontrados apenas alguns conjuntos de signos que n?o se aproximam de uma escrita, nem mesmo rudimentar, enquanto em Anyang j? aparece uma escrita bem desenvolvida. Uma escrita que, embora partindo de alguns pictogramas que descrevem de forma simples os fen?menos da natureza, como a ?gua, o sol, a lua ou as montanhas, j? evoluiu o suficiente para ser capaz de descrever conceitos, sentimentos e ideias abstratas. Embora o nascimento da escrita chinesa pare?a ter surgido no contexto dessa adivinha??o religiosa, seu uso posterior para regular o com?rcio e estabelecer as regras que governam as rela??es entre as pessoas ? o que realmente promoveria sua dissemina??o e, eventualmente, transformaria a cultura Shang no germe da cultura chinesa: desde o surgimento da escrita, os povos pertencentes ? esfera cultural chinesa s?o claramente diferenciados daqueles de fora dela. A religi?o Shang A religi?o Shang postulava que Xie, o primeiro ancestral imperial, era filho de Shangdi, deus do c?u e senhor todo-poderoso que governava o universo. Afirmava que os imperadores se tornavam deuses ap?s sua morte, enquanto em vida eles tinham a capacidade de contatar seus ancestrais deificados, pedindo-lhes que intercedessem pelo povo. Essa capacidade de media??o entre homens e deuses torna o imperador o sumo sacerdote dessa religi?o, o que, por sua vez, justifica e perpetua seu poder. Esse c?u, governado pelos ancestrais dos Shang, era para onde as pessoas iam depois de morrer. O culto aos ancestrais que se desenvolve nesses anos ? gerado em parte por t?-los deificado e feito habitantes do c?u. Na verdade, as fam?lias nobres tra?aram sua genealogia at? algum deus mediano. Quando os poderosos morriam, eram enterrados com in?meros pertences: objetos de bronze, dinheiro de cauri, animais, carruagens e escravos que eram decapitados ritualisticamente. Nos ?ltimos tempos, quando seu poder estava se espalhando como nunca e as riquezas estavam se acumulando em Anyang, havia reis que foram sepultados entre o sacrif?cio de centenas de escravos. A principal obriga??o do rei, aquela que justificava sua divindade perante o povo, era o controle do calend?rio, b?sico para uma sociedade agr?cola. Devido a isso, observa??es astron?micas s?o desenvolvidas, eclipses do sol e da lua s?o registrados pela primeira vez e o calend?rio dos Xia ? aprimorado. N?o ? por acaso que os nomes rituais dos dez cl?s da linha real coincidem com os dos dias de sua unidade de calend?rio b?sica. Para os Shang, o ano era dividido em seis meses, cada um compreendendo seis per?odos de dez dias. Como o ano tinha apenas 360 dias, quando necess?rio, acrescentavam um per?odo de cinco dias para ajust?-lo ao ciclo solar. Paralelamente ? religi?o oficial, existia uma s?rie de religi?es populares, com deuses locais, como o deus da Terra (Tu) e o do milhete (Gu), que possu?am pequenos templos em cada aldeia e eram servidos por sacerdotes xam?nicos chamados wu, al?m de outra s?rie de divindades relacionadas aos fen?menos da natureza, como o deus do Rio Amarelo, o das montanhas e de outros rios e florestas, que eram cultuados com diferentes rituais sazonais. Na fase posterior (de Anyang), o sentimento religioso dessa dinastia se desenvolveu notavelmente, a adivinha??o era usada continuamente com a interpreta??o das rachaduras que surgiam em cascos de tartaruga ou esc?pulas bovinas quando aquecidas. Isso fez com que um corpo de padres e videntes fosse criado. Nos cascos de tartaruga e esc?pulas bovinas, j? n?o se pergunta apenas sobre a chuva de primavera ou a vit?ria na guerra; mas tamb?m sobre o sucesso em campanhas de ca?a ou expedi??es comerciais. A influ?ncia dos Shang nos Estados contempor?neos ? especialmente cultural e ritual, embora, como o centro ritual dos Shang ainda n?o tenha sido descoberto, existam muitas lacunas no conhecimento de sua religi?o. A conquista e absor??o de povos ainda n?mades que vivem em seus territ?rios se reveste de car?ter religioso, justificado pela falta de respeito aos ritos Shang. O Estado Shang O Estado Shang era fortemente militarizado. A organiza??o de seu ex?rcito em companhias de cem soldados, com armas de bronze e o uso dos carros de guerra (nos quais lutavam os aristocratas), deve ter facilitado a manuten??o de sua supremacia sobre os demais Estados. O ex?rcito n?o servia apenas para defesa externa. Abundavam as cidades fortificadas no pa?s, cujo governo era confiado a nobres aparentados com a linhagem real, que tinham certa autonomia para dominar o povo em seu territ?rio e arrecadar impostos entre os camponeses. Na verdade, suas obriga??es para com o rei eram apenas contribuir com os impostos e ajudar na guerra. A articula??o do Estado Shang ? baseada no com?rcio (conchas de tartaruga, conchas de cauri usadas como moeda), na guerra (com campanhas cont?nuas contra povos vizinhos) e na religi?o (articulada em torno do culto aos ancestrais e algumas linhagens que vivem em cidades muradas). Os Shang se organizam em aldeias em torno de centros cerimoniais, dos quais o mais importante ? a capital, onde reside o rei. Ou seja, Shang s?o v?rios estados diferentes, que reconhecem a superioridade ritual dos Shang. Mas ainda existem muitos povos b?rbaros dentro de suas fronteiras, considerados como tais por n?o reconhecerem a cultura ou religi?o Shang. As terras eram governadas por parentes do rei nas localidades mais pr?ximas da capital. Em outros locais mais distantes, os governantes eram apenas aliados n?o relacionados, que, sem depender politicamente dos Shang, ainda assim reconheciam sua superioridade ritual. Ainda mais longe, havia uma s?rie de feitorias que mantinham comunica??o regular com a capital Shang. Portanto, vemos que os Shang n?o eram os reis de um mundo unido sob eles, mas os governantes mais poderosos de um mundo multic?ntrico e multicultural. As dinastias posteriores, em seu desejo de legitimar o dom?nio da China central, atribuir?o aos Shang um controle pol?tico que talvez nunca tenham exercido. Os Shang em Anyang A primeira capital dos Shang, Erligang, foi abandonada por motivos ainda desconhecidos. A mudan?a da capital para as proximidades de Anyang ? feita pelo rei Pan Geng. Os grandes esfor?os que, segundo relatos posteriores, teve de fazer para convencer o seu povo da necessidade de se instalar ali, na margem de um rio, parecem indicar que uma s?rie de inunda??es catastr?ficas levaram ? destrui??o desta primeira fase da dinastia Shang e ao estabelecimento de capitais em ?reas montanhosas, protegidas dos caprichos dos rios. Apenas quando se estabelecem nas proximidades de Anyang, onde os Shang manter?o seu poder pelos pr?ximos 263 anos, ? que vemos o verdadeiro florescimento de sua cultura: criam a escrita chinesa, alcan?am o z?nite na fundi??o de bronze e alcan?am maior desenvolvimento pol?tico e econ?mico. At? agora, duas capitais Shang foram descobertas nas proximidades de Anyang. O primeiro, Huanbei, foi localizada h? apenas alguns anos. Algumas das maiores constru??es dos Shang foram desenterradas ali. ? uma cidade murada, com um centro pol?tico cerimonial composto por mais de 25 pr?dios que ocupam um total de dez hectares, dos quais sai pelo menos uma rua de oito metros de largura, com cal?adas de quase dois metros nas laterais. Acredita-se que esta seja a capital fundada por Pan Geng. A segunda, Yinxu, deve ter sido fundada por Wu Ding, pois, apesar de ser conhecida desde as primeiras d?cadas do s?culo 20, nenhum vest?gio foi encontrado de antes de seu reinado. Durante os 59 anos em que Wu Ding manteve o poder, realizou in?meras campanhas militares que ampliaram o dom?nio Shang sobre um territ?rio em constante expans?o. A cultura atingiu seu apogeu e, com ela, a autoridade real. Detecta-se mais bronzes, mais sacrif?cios humanos e mais concentra??o de poder no rei. Diz-se que um de seus melhores generais foi Fu Hao, uma de suas esposas. Sua tumba ? precisamente a ?nica tumba imperial dos Shang descoberta intacta, j? que as outras foram repetidamente saqueadas ao longo dos s?culos. Nela foi encontrado um tesouro fabuloso com v?rias centenas de artigos de bronze, bem como um bom n?mero de animais e escravos sacrificados de forma ritual. Fu Hao liderou v?rias expedi??es militares contra os povos do norte e, posteriormente, ocupou o governo de algumas das principais cidades. O papel das mulheres nobres ?, com os Shang, praticamente semelhante ao dos homens, embora n?o possam atingir o auge do poder pol?tico. No in?cio desta dinastia, a sociedade ainda era muito matrilinear. H? testemunhos de reis que oferecem sacrif?cios a v?rios pais e de homens que se juntam ao cl? da mulher. Isso sugere que as mulheres n?o s?o apenas donas da casa, mas tamb?m da fam?lia. Naquela ?poca, os sacrif?cios ainda s?o feitos ?s rainhas antigas, e os filhos s?o considerados descendentes de suas m?es. O sentido amplo dos termos "pai" e "m?e", que incluem tios da mesma gera??o, pode muito bem refletir uma sociedade em que pertencer a uma certa linhagem ? mais importante do que o relacionamento com certos pais biol?gicos. Ap?s a morte de Wu Ding, interrompe-se a expans?o externa, que ? substitu?da pela expans?o interna. Isso leva ao desmatamento de novas terras e ? elimina??o de povos n?o agr?colas dentro das fronteiras do imp?rio Shang, refor?ando a burocracia estatal e provincial. Com os ?ltimos reis dos Shang, h? um aumento da atividade militar –as campanhas cont?nuas contra os Qiang do oeste e os Yi do leste s? alcan?am vit?rias parciais– e um enfraquecimento da alian?a tribal que os mant?m no poder. Durante a ?poca de Di Yi (1191-1155 a.C.), os derrotados Yi do leste atacaram os Shang, for?ando-os a estabelecer uma capital secund?ria a leste, na atual Qixian, prov?ncia de Henan. Decad?ncia Shang O ?ltimo rei Shang foi Zhou Xin (1154-1122), a quem a Hist?ria considera um governante cruel e dissoluto. Os historiadores cl?ssicos atribuem a sua queda, e com ela o fim da dinastia Shang, a uma vida dedicada aos prazeres, citando como exemplo a constru??o de um enorme jardim com uma piscina de vinho, com carne cozida pendurada nas ?rvores, onde o rei brincava nu com suas favoritas. Mas a chave para seu fim preferiria ser encontrada no assassinato de seu pr?prio primeiro-ministro Bigan. Com isso, ele quebra definitivamente a alian?a entre as dez linhagens divididas em duas metades rituais e o equil?brio entre os cl?s Shang, institu?do h? centenas de anos: Bigan n?o ? apenas seu tio, conselheiro e primeiro-ministro, mas a autoridade m?xima dos cl?s que devem se revezar no poder. ? poss?vel que em sua grande hist?ria de amor pela Rainha Daji, ele quisesse legar o poder a seu filho e tenha lhe ocorrido transformar a monarquia por rota??o em uma monarquia heredit?ria, privando metade dos cl?s do poder que correspondia a eles. Isso tamb?m pode explicar por que seus pr?prios homens o abandonaram na batalha final. Zhou Xin tentou compensar o colapso da alian?a de poder com as linhagens reais entregando algum poder aos chefes das principais tribos ocidentais, entre as quais estavam os Zhou, que haviam se desenvolvido fortemente nos ?ltimos anos. Mas possivelmente tamb?m n?o deve ter respeitado seus acordos, pois esses chefes tramaram a rebeli?o, alguns deles sendo assassinados, e outros, presos. Segundo a lenda, o rei Wen dos Zhou aproveitar? sua estada na pris?o para compor o I Ching – Livro das Muta??es. Ele s? ser? libertado quando seu filho, o rei Wu, pagar uma grande quantia em dinheiro como resgate. Wen e Wu criar?o um ex?rcito cada vez mais forte no Oeste, enquanto os Shang v?o se enfraquecendo pelo descontentamento popular e pelos ataques Yi do leste. Assim, quando o rei Wu finalmente ataca Zhou Xin, ele alcan?a uma vit?ria quase sem luta na Batalha de Muye, encerrando a dinastia Shang. Mas ainda h? muito que aprender sobre a China dos Shang. Nem mesmo se pode dizer com certeza que se trata de uma ?nica dinastia. As diferen?as entre os primeiros Shang e os dos tempos posteriores s?o ?bvias; quase nada se sabe de sua hist?ria durante o per?odo de tempo imediatamente anterior ao seu estabelecimento definitivo nas proximidades de Anyang, e ainda n?o foram localizadas e escavadas suas outras capitais pol?ticas nem sua capital religiosa e ritual, a chamada cidade de Shang, onde ficavam os templos dos ancestrais e as maiores constru??es religiosas. ? poss?vel que nossa ideia sobre essa dinastia seja completamente modificada nos pr?ximos anos. Rela??o da cultura Shang com outras culturas antigas Durante anos, diferentes autores notaram as semelhan?as entre a cultura Shang e as antigas culturas do Oriente Pr?ximo, especialmente na Mesopot?mia e no Egito. Na verdade, seja qual for o campo da cultura e da sociedade que abordemos, as semelhan?as notadas s?o t?o grandes que ? dif?cil pensar que n?o houve influ?ncia externa na funda??o da cultura Shang. Como em outros aspectos da hist?ria, os interesses nacionalistas ?s vezes impedem uma investiga??o objetiva. No pr?prio Ocidente, h? uma ampla divis?o de opini?o entre os chamados difusionistas e os isolacionistas. Os difusionistas afirmam que todas as grandes culturas da humanidade foram criadas pela difus?o de seus principais elementos, desde os mais antigos da Sum?ria, em uma rota que seria aproximadamente: Sum?ria – Egito – Vale do Indo – China e ?ndia – Culturas pr?-colombianas. Os isolacionistas, por outro lado, pensam que cada uma das grandes culturas evoluiu de forma independente, sendo uma cria??o de suas popula??es locais. Certamente as not?cias recentes que nos mostram uma continuidade cultural na ?sia Central j? em 2000 a.C. e as evid?ncias de contatos comerciais e culturais entre a Europa e a ?sia pelo menos desde aquela data sugerem que alguns elementos da cultura chinesa, especialmente dos Shang, podem ter sido transmitidos do Ocidente. Tanto na dinastia Shang quanto nas culturas da Sum?ria e do Egito, encontramos uma classe sacerdotal que governa o Estado chefiada por um rei sacerdote, alguns rituais f?nebres desses governantes que incluem o sepultamento de centenas de pessoas com seus soberanos; o desenvolvimento de dois sistemas num?ricos, ainda usados no mundo desenvolvido, o decimal e o sexagesimal, sendo um usado para neg?cios e o outro para rituais; a constru??o de grandes capitais como centros pol?ticos e religiosos, cercadas por um muro, em que se cria uma arquitetura impressionante com esculturas de pedra e colunas bem desenvolvidas; o uso generoso de ferramentas, armas e objetos rituais de bronze; um sistema de escrita bem desenvolvido; e a introdu??o de carros de bronze. Vemos tamb?m que, tanto no Egito quanto na China, o rei era coroado nas quatro dire??es, e que em ambos os pa?ses ele desaparecia nos dias intersticiais, pois, como o ano tinha 360 dias, cinco dias tinham que ser acrescentados ao final de cada ano para manter a precis?o. J? vimos as semelhan?as que Joseph Campbell aponta no plano mitol?gico. Pulleyblank aponta como sinais de importa??o evidente do Ocidente o trigo, a cevada e a carro?a puxada por um cavalo, que ele une ao fato de que culturas que interagem pacificamente por 4-5.000 anos agora o fazem de forma violenta, concluindo prudentemente: “parece prov?vel que um est?mulo do Ocidente desempenhou um papel significativo na inaugura??o da Idade do Bronze chinesa”. Para a transmiss?o desta s?rie de inova??es pol?ticas, religiosas e t?cnicas que podem levar um reino a dominar os que o rodeiam, n?o ? necess?rio um grande movimento de povos dif?cil de imaginar, mas bastaria a presen?a de um pequeno grupo de intelectuais, sacerdotes ou mission?rios. Veremos um exemplo disso com a presen?a dos jesu?tas nas cortes dos imperadores Ming e Qing, onde, apesar de atingirem uma sociedade bem desenvolvida, introduziram mudan?as pol?ticas, econ?micas e militares de longo alcance. Povos da periferia de Shang: Qiang e Yi Fora das regi?es controladas pelos Shang, no norte da China continuam a viver muitos povos que permanecem ? margem dessas transforma??es sociais e pol?ticas. Sociedades n?mades de agricultura, ca?a ou pastoreio com as quais os Shang mant?m rela??es comerciais, pol?ticas e militares. Muitos dos povos cujos nomes aparecem nos ossos do or?culo, como os Yang, possuindo uma cultura simples de ca?a e pesca, s?o absorvidos durante esses anos. Entre os povos que vivem na periferia dos Shang, aqueles que exercem maior influ?ncia em seu desenvolvimento pol?tico s?o os Qiang e os Yi. Os Qiang habitaram a parte ocidental da prov?ncia de Shaanxi, possivelmente se espalhando para as prov?ncias vizinhas. Esses Qiang devem ter sido muito numerosos e ter uma for?a militar respeit?vel, pois as guerras contra eles ocorreram ao longo de toda a hist?ria Shang. As repetidas vit?rias sobre os Qiang, com a captura ?s vezes de v?rios prisioneiros, at? 30.000 em uma ?nica batalha, sugerem sua import?ncia econ?mica e humana. Na verdade, apesar de sofrer os cont?nuos ataques dos Shang ao longo dos s?culos, as cr?nicas das ?ltimas dinastias continuam a mencion?-los como um povo poderoso que se estabeleceu em uma regi?o pr?xima ?quela que habitavam durante a dinastia Shang. Posteriormente deslocados para o sudoeste, alguns de seus descendentes sobrevivem at? hoje. Os Yi, por outro lado, viviam a leste de Shang, na prov?ncia de Shandong. No in?cio, os dois povos devem ter sido aliados. No final da dinastia Shang, as guerras contra os Yi enfraquecer?o o ex?rcito e a sociedade, facilitando a derrota nas m?os dos Zhou. Em um raio mais distante, havia uma s?rie de cidades sobre as quais atualmente temos muito pouca informa??o; algumas delas mantinham rela??es comerciais com os Shang ou com os povos que as mantinham com eles. O consumo de grandes quantidades de cascos de tartaruga, b?zios, bronze, jade e outros itens de luxo pelos Shang deve ter estimulado a cria??o de importantes centros comerciais, mesmo longe de sua pr?pria esfera econ?mica ou pol?tica. Esses centros comerciais manteriam uma rela??o no Sul com centros pol?ticos que seguiram uma evolu??o cultural independente. Restos de outras culturas ainda pouco estudadas continuam a aparecer, estabelecidas em diferentes partes da China moderna, de Pequim a Gansu e na bacia do Yangtze, permanecem fora do dom?nio Shang. O modelo cl?ssico da evolu??o hist?rica da China cambaleia, como diz Jettmar Karl: "Foi confirmado que um grupo de culturas importantes muito ativas existiu por muito tempo e que sua intera??o deu origem ? civiliza??o chinesa". A civiliza??o de Sanxingdui Numerosos vest?gios de cidades antigas foram descobertos na Bacia do Yangtze, apontando para a exist?ncia de civiliza??es contempor?neas, se n?o anteriores, ?s conhecidas no Rio Amarelo. Especialmente interessantes s?o dois s?tios descobertos perto de Chengdu, capital da prov?ncia de Sichuan, que ainda n?o se sabe se est?o relacionados. Em Longma, existem restos de uma constru??o piramidal, possivelmente um templo, no centro de uma cidade murada, aparentemente constru?da por volta de 2500 a.C. As descobertas foram mais ricas em Sanxingdui. Seu estudo est? transformando completamente o conceito que existia na hist?ria chinesa naqueles anos, uma vez que foram descobertos em alguns fossos, possivelmente usados para trabalhos de sacrif?cio, objetos de bronze perfeitamente moldados. Entre eles, destaca-se uma grande figura de 2,5 metros de altura do que se acredita ser um rei sacerdote (com um drag?o em seu cocar) e um bom n?mero de enormes m?scaras, que tamb?m parecem representar reis. A presen?a de uma cidade murada e numerosos objetos rituais sugere um estado bem estabelecido sobre o dom?nio de um amplo territ?rio. Pensa-se que Sanxingdui come?ou a ser um centro pol?tico e cultural da regi?o por volta de 2.800 a.C. Sua exist?ncia estender-se-ia durante dois mil anos, sendo substitu?da at? o ano 800 a.C. pelo reino de Shu. Jades lindamente polidos foram encontrados nessas primeiras fases da cultura Sanxingdui, que parece relacion?-las com outras culturas Yangtze. A composi??o de seus objetos de bronze sugere o mesmo. Embora Sanxingdui possivelmente tivesse rela??es com as culturas que florescem no Norte, n?o ? poss?vel notar uma influ?ncia delas. Ao contr?rio, o tema de suas esculturas n?o apresenta nenhuma semelhan?a. A descoberta de um grande cetro dourado de 130 cent?metros de comprimento e 3 de largura sugere um poder mon?rquico bem estabelecido. Sobre sua religi?o, s? se pode conjeturar, embora os especialistas acreditem que ela combinava o culto da natureza e dos ancestrais com a cren?a em um deus supremo. Suas cidades eram muradas. Mas, do resto de sua vida, muito pouco se sabe. Sanxingdui levanta tantas quest?es que a capacidade de as responder mudar? completamente o conceito da Hist?ria da China e do Leste Asi?tico. Sanxingdui ? considerada precursora da cultura Shu primitiva, que mais tarde floresceu nessas regi?es, com uma grande popula??o espalhada por um amplo territ?rio e tendo desenvolvido um sistema pol?tico avan?ado. Mas as datas exatas em que a cultura Sanxingdui floresceu nem mesmo s?o conhecidas. A sua origem, as causas do seu desaparecimento, o desenvolvimento de t?cnicas avan?adas de fundi??o do bronze, o papel que a cidade desempenhou no sistema pol?tico da regi?o, ou a escrita pictogr?fica por eles desenvolvida. S?o muitas perguntas que n?o t?m resposta at? agora. Como observa Dolors Folch, ap?s as descobertas dos ?ltimos anos, come?a-se a considerar que os Shang s?o apenas "um dos muitos Estados de bronze espalhados pela geografia chinesa". Feudalismo e expans?o na dinastia Zhou Os imperadores da dinastia Zhou tamb?m s?o considerados descendentes de um contempor?neo de Yu, o Grande, um tal Qi, que, em alguns mitos, ? considerado o deus da agricultura. Seus dom?nios ficavam na atual prov?ncia de Shaanxi, onde progressivamente formavam um Estado no qual a influ?ncia dos povos tibetanos e turcos que viviam em suas fronteiras ? apreciada. No final da dinastia Shang, os Zhou j? dominavam a maior parte da prov?ncia de Shaanxi. O pr?prio rei Wen de Zhou ? nomeado duque das regi?es ocidentais pelo falecido rei Shang, embora nos anos depois ele seja preso por sete anos por criticar sua pol?tica. Ele s? sair? quando seu filho, o rei Wu, o resgatar, dando uma boa quantia de riquezas em troca. Ap?s a morte de Wen, o rei Wu, aproveitando a for?a do Estado Zhou gerada pelas reformas de seu pai, declarar? hereges aos Shang, por terem quebrado a rela??o entre os cl?s, com os ancestrais, e por terem modificado o ritual. Assim, ele consegue o apoio de boa parte dos nobres, em um ataque final que p?e fim a uma dinastia Shang enfraquecida pelas guerras contra os Yi. Na batalha de Muye, os pr?prios soldados Shang se voltar?o contra seu rei, que se suicidar? queimando-se em seu pal?cio. A Batalha de Muye acaba com o ?ltimo rei Shang. Mas isso n?o d? aos Zhou dom?nio sobre seu Estado. O rei Wu mant?m sua capital em Hao, perto da atual Xian, onde re?ne ao seu redor alguns dos poderosos senhores dos Estados anteriormente aliados dos Shang. Quando ele morre, dois anos depois, n?o se pode dizer que sua conquista tenha acabado. Na verdade, uma rebeli?o estourou na capital Shang, promovida por seus pr?prios irm?os e alguns nobres Shang. Somente sob o reinado de seu filho, o rei Cheng, cujos primeiros anos foram marcados pela reg?ncia de seu tio, o duque de Zhou, o Estado Zhou se consolida e organiza verdadeiramente. O duque de Zhou organiza o Estado A primeira tarefa do duque de Zhou ? derrotar a alian?a dos povos orientais que ainda apoiam os Shang. Ap?s sua vit?ria, para cimentar seu dom?nio nas ?reas tradicionalmente Shang, ele constr?i uma capital secund?ria em Luoyang, fortemente guarnecida. Para lan?ar as bases morais que justificam a substitui??o da dinastia Shang pelos Zhou, formula o "Mandato do C?u", toda uma revolu??o religiosa que legitima a dinastia e se torna o n?cleo da a??o religiosa imperial. De acordo com esta teoria do Mandato do C?u, o imperador ? obrigado, como intermedi?rio entre o c?u e os homens, a cumprir os ritos e garantir o bem-estar do povo. Quando uma dinastia n?o cumpre esse mandato, sua derrubada n?o ? apenas justificada, mas ? inevit?vel, pois ela perdeu o favor dos c?us para governar. Na verdade, os homens s?o apenas um instrumento nas m?os dos deuses para efetuar essa derrubada. Se aqueles que acabaram com a dinastia receberem o mandato do c?u, eles ser?o capazes de substitu?-lo. O imperador, portanto, governa pela virtude, perdendo o direito de continuar governando quando n?o a tem. Com esse conceito simples, n?o s? ser? poss?vel justificar a derrubada de uma dinastia considerada aparentada ao c?u, mas tamb?m que os novos imperadores s?o t?o filhos do c?u quanto os destitu?dos. Essa ideia seguir? vigente at? o s?culo XX. Para organizar o imp?rio, o Duque de Zhou come?a concedendo feudos a parentes pr?ximos e aliados em campanhas de guerra, at? mesmo mantendo os descendentes da dinastia Shang, conhecidos a partir de ent?o como duques de Song, em outro feudo. O objetivo ? n?o cortar os sacrif?cios aos ancestrais e, assim, evitar que os esp?ritos de seus poderosos reis atuem como fantasmas em suas terras; mas n?o h? d?vida de que isso garante a colabora??o dos s?ditos Shang na constru??o do novo Estado, j? que, como os Shang tinham, na ?poca de sua queda, um desenvolvimento cultural maior do que os Zhou, seus homens t?m maior experi?ncia na administra??o, no com?rcio e na produ??o de artesanato. De acordo com a import?ncia dos feudos, eles recebem diferentes t?tulos, uma gradua??o semelhante ao que seria, em portugu?s, duque, marqu?s, conde, visconde, bar?o. Nos anos seguintes, continuar?o sendo concedidos feudos menores, apenas uma cidade murada e os campos circundantes, a seus generais, aliados e outras figuras importantes, alguns pelo pr?prio soberano, outros pelos nobres que receberam os maiores feudos, que repetem processo id?ntico para conceder a seus seguidores o governo de unidades administrativas menores. No final do processo de entrega dos feudos, ter? sido alcan?ado um n?mero entre 1.000 e 1.500 entidades pol?ticas subordinadas ao rei Zhou. Os eventos pol?ticos mais importantes dos s?culos seguintes, no entanto, ter?o como protagonistas uma longa d?zia dos maiores ducados. Precisamente veremos esses grandes ducados aparecerem como protagonistas nas primaveras e nos outonos. N?o se originaram da a??o dos reis Zhou. Cada um era um centro pol?tico, econ?mico e comercial de relev?ncia antes do estabelecimento do Estado de Zhou, que reconhece sua import?ncia e consegue ser reconhecido como "primus inter pares" por eles. Temos menos dados sobre as entidades menores, mas elas podem ter seguido um processo semelhante, reconhecendo o papel central do Zhou. A rela??o do soberano, o rei Zhou, com essas entidades pol?ticas se materializa em tr?s aspectos. O primeiro ? a aceita??o da soberania do rei Zhou e do sistema religioso, que o torna ao mesmo tempo o chefe do culto ao c?u; a segunda ? o reconhecimento de sua condi??o de cobrador de tributos, e a terceira ? a assist?ncia militar. O rei, por sua vez, al?m de entregar ou confirmar seu dom?nio sobre um territ?rio a esses nobres, os apoia com funcion?rios, geralmente da administra??o Shang, que os ajudam a governar aquele feudo. No terreno militar, estabelece duas grandes guarni??es, uma na capital, Hao, e outra em Luoyang, onde uma capital secund?ria foi estabelecida para controlar os vastos territ?rios a leste, garantir o controle pol?tico do centro do pa?s e aprender em primeira m?o a administra??o pol?tica dos Shang. As guarni??es dessas duas cidades v?m em aux?lio de nobres necessitados. N?o podemos esquecer que naquela ?poca muitos ducados eram cercados por povos n?mades ou semin?mades, que ainda n?o participam da cultura chinesa, e que a expans?o pol?tica e cultural dos nobres Zhou sobre suas terras leva a confrontos frequentes, aos que devemos adicionar os ataques das cidades fronteiri?as. Para governar aquele vasto imp?rio com sua complexa rede de Estados tribut?rios, o rei Zhou cria uma administra??o em sua pr?pria capital, com quatro minist?rios principais: Terra, Guerra, Constru??o e Justi?a, cujas despesas crescer?o ? medida que aumentam as necessidades de servi?os administrativos e militares que oferece aos seus nobres, o que, por sua vez, vai transformar a obriga??o de pagar impostos de algo meramente simb?lico, destinado a reconhecer a sua primazia, em uma contribui??o necess?rio para manter as despesas da administra??o, gerando as primeiras tens?es entre o poder central e os poderes perif?ricos. Ao mesmo tempo, cria-se uma nova classe social: a dos funcion?rios p?blicos, que ter? muita import?ncia no futuro. Com a distribui??o em feudos, os Zhou s?o o centro de um territ?rio muito maior do que o dos Shang, que tamb?m se expande ? medida que os principados mais poderosos estendem seu territ?rio. No longo prazo, dada a natureza heredit?ria desses ducados e o pouco controle imperial, uma sociedade semelhante ? Europa feudal ? criada, com numerosos senhores semi-independentes que mant?m lealdade nominal ao rei. Essa estrutura pol?tica ser? a causa da grande fragmenta??o que ocorrer? ao longo dessa dinastia, pois, ? medida que o poder imperial se enfraquece e os la?os familiares ficam cada vez mais distantes, esses principados recuperam sua autonomia passada, mantendo apenas o respeito ritual pela figura do imperador. Por outro lado, a enorme fragmenta??o do poder do territ?rio Zhou levar? ao estabelecimento de centros regionais de poder, onde os feudos menores, em vez de depender da ajuda do rei distante para resolver seus problemas, contam com o apoio dos grandes duques mais pr?ximos, aumentando tamb?m seu poder. A sociedade dos Zhou A sociedade dos Zhou ? piramidal, com o rei, propriet?rio nominal de todas as terras, no topo. Abaixo dele est?o os aristocratas. Tanto o rei quanto os nobres possuem numerosos escravos, capturados em guerras, condenados por v?rios crimes ou vendidos por suas fam?lias, cujas vidas n?o valem nada. Um peda?o de seda e um cavalo eram trocados no mercado por cinco escravos. Abaixo dos nobres est?o os letrados. O resto da popula??o est? dividida entre camponeses e cidad?os livres; estes ?ltimos s?o, na sua maioria, artes?os, que realizam trabalhos cada vez mais especializados, e comerciantes. O patriarcado e o culto do c?u s?o refor?ados. As diferen?as sociais s?o agu?adas, criando duas leis, religi?es e sistemas familiares, uma para os nobres e outra para o povo. Cria-se um sistema penal em que alguns conceitos bastante avan?ados est?o presentes. Como a cultura dos Zhou era mais atrasada do que a dos Shang, quando chegam ao poder, eles adotam a maior parte das facetas da cultura Shang, mantendo-as e desenvolvendo-as. Na verdade, ? medida que novas cidades s?o fundadas, ser?o trazidos artes?os das regi?es dos Shang, que habitualmente vivem separados dos Zhou. A casa real Zhou possivelmente tamb?m utiliza os turnos de governo entre as duas metades rituais de uma linhagem imperial, assim como o culto aos ancestrais, regulando o n?mero de antepassados e a forma como ser?o adorados de acordo com as diferentes classes sociais. A escrita ? a dos Shang, mas seu uso ? popularizado em bronzes e objetos do cotidiano. A agricultura evolui com a irriga??o, o uso de novas ferramentas e mais variedades de plantas. A religi?o assume muitas das formas Shang. Al?m de Shangti (deus do c?u), substitu?do por Tian (c?u), existem os deuses das montanhas e rios, campos e outros fen?menos naturais. Os sacrif?cios humanos se tornam muito mais raros, embora a cada ano uma donzela seja sacrificada ao deus do rio Amarelo. Tian (o c?u) ? aquele que legitima os imperadores, mas tamb?m legitima sua derrubada quando eles governam mal. Durante o reinado do rei Cheng, as pol?ticas iniciadas pelo duque de Zhou se desenvolveram at? serem conclu?das. Cheng ? sucedido por King Kang, com quem se pode dizer que o sistema desenhado por seus ancestrais atinge pleno desempenho e, simultaneamente, mostra suas primeiras fissuras. Na sua morte, ele ? sucedido por reis menos capazes, que reinam em meio a lutas de sucess?o. O poder central come?a a se enfraquecer, em um processo que se tornar? mais agudo nos pr?ximos s?culos. O mundo chin?s cresce gra?as ?s campanhas militares dos reis Zhou e de outros Estados cada vez mais poderosos sobre os povos que cercavam a China da ?poca. Um territ?rio cada vez mais extenso, que se torna mais dif?cil de governar, principalmente devido ao desenvolvimento das comunica??es da ?poca. O decl?nio j? se manifesta com o rei Zhao, (1053-1002 a.C.) que realiza in?meras expedi??es militares ao sul, morrendo durante uma delas perto do rio Yangtze. A situa??o piora com o Rei Mu (956-918 a.C.), um personagem um tanto misterioso, sobre quem s?o contadas muitas lendas. Ele realizou v?rias expedi??es militares ao oeste e, durante uma delas, as hist?rias contam que conheceu a Deusa M?e do Oeste (Ximuwang), rainha de um pa?s m?tico habitado apenas por mulheres. Em seus ?ltimos anos, diz-se que ele deixou o governo, dedicando-se ?s ci?ncias ocultas. Ap?s sua morte, come?a uma s?rie de mudan?as, com grandes cerim?nias p?blicas e batalhas crescentes, principalmente contra os povos do noroeste. At? agora, a causa ? desconhecida, mas, de fato, ap?s o reinado do rei Mu, os ataques dos n?mades do oeste se multiplicam. Em breve, os Qin ser?o encarregados da prote??o daquela ?rea de fronteira. Al?m da fronteira Como explicam Yap e Cotrell, a hist?ria das cidades ao norte e ao sul da Grande Muralha seguiu um desenvolvimento paralelo, mas cheio de confrontos. Isso porque, apesar da proximidade, as condi??es de vida s?o basicamente opostas. N?o apenas entre a vida n?made e a sedent?ria; entre espa?os densamente povoados e espa?os vazios, entre a vida do agricultor e a vida do pecuarista. Na verdade, no sul, as ricas terras banhadas pelo rio Amarelo permitem uma agricultura intensiva, em que cada vez mais, em seu entorno, produz um maior n?mero de artes?os especializados na fabrica??o de artigos de luxo; ao norte, terras secas, sem chuvas sazonais ou capacidade de irriga??o, permitem a sobreviv?ncia de povos n?mades, em movimento cont?nuo, para aproveitar as melhores pastagens de cada esta??o do ano. Como na China, o aparecimento do bronze d? origem a centros de poder. No norte, o bronze refor?a a autoridade das lideran?as locais, mas a aus?ncia de cidades e vilas, e, com elas, o estabelecimento de artes?os, faz com que a ?nica maneira de os nobres n?mades do norte adquirirem itens de luxo seja por meio do com?rcio e, acima de tudo, atacando e saqueando as cidades do sul. Desde essa ?poca at? a Dinastia Qing, a tens?o entre as duas formas de vida ser? cont?nua. Ambas as economias podem ser consideradas complementares, de modo que em tempos de paz se desenvolva um com?rcio est?vel entre esses povos; os chineses entregam gr?os, tecidos, vinho, que os n?mades trocam por cavalos, gado e artigos de couro. O aumento da riqueza que ocorre durante a dinastia Zhou permite a prolifera??o de cidades. ? medida que a prosperidade das popula??es sedent?rias que vivem na ?rea dos Zhou aumenta, tamb?m aumenta a tenta??o de obter itens de luxo dos l?deres n?mades localizados nas fronteiras dessa ?rea. Por outro lado, os semin?mades que cultivavam alguns alimentos, dada a facilidade de com?rcio com os chineses, v?o abandonando essa pr?tica, tornando-se n?mades, cada vez mais dependentes do com?rcio com as cidades chinesas, o que pode for??-los a atac?-las se n?o conseguem por meio de com?rcio as provis?es necess?rias. Essa rela??o, j? tensa, se agrava ? medida que os ducados das ?reas de fronteira multiplicam suas rela??es com os povos localizados fora da esfera chinesa. Alguns desses povos ser?o integrados ? cultura chinesa, mas aqueles que preferem preservar suas culturas ser?o continuamente perseguidos, e suas terras ser?o invadidas por vizinhos ao sul. Alguns historiadores, como Incola Di Cosmo, situam a constru??o das primeiras muralhas nesse contexto de agress?o aos povos da fronteira: "A constru??o das primeiras estruturas de defesa est?ticas serve para estabelecer bases s?lidas a partir das quais os ex?rcitos de ocupa??o chineses podem controlar o territ?rio n?o chin?s circundante”. A queda dos Zhou No ano de 841 a.C., come?am os registros hist?ricos na China. Precisamente nesse ano, o rei Li, que governou com opress?o e puni??es cru?is, sofre a primeira revolu??o da Hist?ria chinesa. Um ex?rcito rebelde de camponeses e escravos ataca seu pal?cio, for?ando-o a fugir. Os duques de Zhou e Zhao assumem o poder, permanecendo como regentes at? 828 a.C. O poder dos Zhou continua diminuindo. Enquanto sofrem os constantes ataques dos n?mades do exterior, internamente, as lutas pelo poder s?o cada vez mais intensas. A dinastia Zhou cai definitivamente no ano 771 a.C., quando sua capital Hao ? atacada e saqueada pelos Quan Rong, um dos povos n?mades que vivem a oeste, possivelmente instigado por membros da pr?pria fam?lia real e dos ducados mais poderosos. O rei You ? morto no ataque, e a cidade, completamente devastada, for?ar? seu sucessor, King Ping, a deixar para sempre o local de nascimento de seus ancestrais. O historiador chin?s Sima Qian descreve em poucas palavras: “o poder da Casa Zhou diminuiu; os grandes senhores feudais usaram sua for?a para oprimir os fracos. As terras de Qi, Chu, Jin e Qin come?aram a crescer em magnitude". Os Qin, descendentes de um parente distante da fam?lia imperial, receberam como feudo as terras a oeste da capital, de onde partiram os ataques dos n?mades. Seu sucesso em proteger a fronteira onde derrotaram os n?mades em v?rias ocasi?es, levou os reis a nome?-los "Guardi?es das Fronteiras Ocidentais", onde se tornaram cada vez mais poderosos. Na queda de Hao pelo ataque de Quan Rong, foram eles que protegeram o rei Ping em sua fuga para a nova capital, Luoyang. Permanecendo desde ent?o como senhores das terras a oeste do rio Amarelo, em ambas as margens do rio Wei. Mais uma vez, parece que as diferen?as entre a pr?pria classe dominante e as lutas pela sucess?o por parte da linha real t?m tanto a ver com a queda dos Zhou quanto com o ataque dos Quan Rong. Segundo as hist?rias, o duque de Sheng, aliado da imperatriz, indignado com o fato de o rei ter dado o poder ? filha de uma concubina, favoreceu ou instigou o ataque dos Quan Rong. Na realidade, a situa??o pol?tica havia se transformado completamente. Os Qin, cada vez mais poderosos, j? dominavam indiscutivelmente a bacia do rio Wei. A presen?a dos ?ltimos representantes decadentes dos Zhou do Oeste em seu territ?rio era um anacronismo que refletia uma situa??o j? desaparecida. O ataque dos Quan Rong parece apenas o pretexto usado pelos Qin para acompanhar o rei Ping para fora de suas terras. Com a transfer?ncia da capital para Luoyang pelo rei Ping, no ano seguinte, o chamado per?odo dos Zhou o Leste ? inaugurado, mas a verdadeira fraqueza se manifesta ? medida que o poder dos feudos aumenta sem cessar. O poder Zhou acaba, de fato, com a queda de Hao. De Luoyang, eles dominam apenas um pequeno territ?rio ao redor da cidade. Seu decl?nio ? inevit?vel, e, embora eles permane?am nominalmente imperadores at? 256 a.C., seu poder ? praticamente inexistente. O papel de seus sucessores ser? puramente ritual e religioso durante os s?culos seguintes, algo semelhante ao do Papa na Idade M?dia europeia. Na verdade, o poder dos Estados cresceu muito para ser controlado por reis distantes. Militarmente temperados nas cont?nuas escaramu?as com os povos do exterior, eles n?o est?o dispostos a apoiar uma monarquia fraca que n?o os beneficia. Das cerca de 1.500 entidades pol?ticas estabelecidas no in?cio dessa dinastia, apenas um pouco mais de 100 permanecem ap?s a queda de Hao, e apenas um punhado delas ? politicamente importante. No final da dinastia Zhou do Oeste, a China ainda ? um am?lgama de diferentes povos, nominalmente dominados por senhores que vivem nas capitais muradas como delegados do imperador e que, por sua vez, delegam o governo a seus fi?is de forma piramidal. No in?cio da dinastia Zhou, o crescimento territorial do mundo chin?s ? produzido precisamente pela expans?o realizada por numerosos grandes e pequenos Estados e pela incorpora??o a sua cultura de povos anteriormente estrangeiros. No final desse per?odo, come?am os confrontos entre Estados j? estabelecidos, que seguem regras de conduta na guerra, o que se deve muito ao sentido ritual dado a essa conduta pelos primeiros reis e que se desenvolver? no per?odo seguinte. Com o fim da dinastia Zhou, termina o per?odo denominado na Hist?ria cl?ssica chinesa como as Tr?s Dinastias, conceito que, como vimos, se conforma mais a uma vis?o rom?ntica da Hist?ria do que ? realidade dos fatos. Longo caminho para a unidade Primaveras e outonos A ?poca que come?a com a retirada de Hao e a transfer?ncia da capital para Luoyang ? chamada de dinastia Zhou do Oeste. Como j? comentamos, ap?s a queda de Hao, a dinastia Zhou gradualmente foi perdendo o pouco poder que ainda tinha. Ent?o, os historiadores preferem dividir esse per?odo em duas ?pocas: o per?odo de Primaveras e Outonos (771-479 a.C.) e o Per?odo dos Estados Combatentes (479-221 a.C.). O primeiro leva o nome do livro com o mesmo t?tulo, que fornece a maior parte das informa??es que temos sobre esses anos. No entanto, o processo que ocorre em ambos os per?odos ? muito semelhante. Pode-se dizer que narram as intrincadas rela??es entre quatro reinos fundados na periferia do imp?rio Zhou e seus conflitos cont?nuos para um se impor sobre os outros e, eventualmente, alcan?ar o dom?nio de toda a China. Esses reinos s?o chamados de Qin, Jin, Qi e Chu. Todos eles foram fundados no in?cio da dinastia Zhou, sem d?vida com base em entidades pol?ticas anteriores, j? que alguns at? tra?am a genealogia de seus reis at? serem aparentados com imperadores m?ticos. Sua caracter?stica comum, aquela que os diferencia das centenas de entidades pol?ticas existentes durante a dinastia Zhou, ? a situa??o perif?rica que ocupam em rela??o ao centro ritual da China estabelecido em Luoyang, o que lhes permite uma integra??o gradual em seus dom?nios das popula??es n?mades que vivem al?m das suas fronteiras, enquanto v?o aproveitando seus ex?rcitos e absorvendo os pequenos principados chineses que est?o nos arredores. Essa situa??o de fronteira, com sua capacidade de crescimento sem limites, ? a causa de sua grandeza. Esse processo de concentra??o de poder ? um longo jogo pol?tico em que interv?m tanto a rela??o com as popula??es b?rbaras quanto com os pr?prios chineses. Algumas dessas popula??es v?o se integrando lentamente ? corrente da cultura chinesa por meio desses Estados, outras, resistem e lutam. Muitas vezes, no lento processo de forma??o dessas entidades pol?ticas, um mesmo povo ser? inimigo e aliado em momentos diferentes. No final, os que n?o se integrarem acabar?o sendo expulsos, e suas terras ser?o conquistadas, obrigando-os a se distanciar cada vez mais de sua fronteira. A influ?ncia, por outro lado, das popula??es b?rbaras nesses Estados ir? diferenci?-los cada vez mais dos estados ortodoxos da China central, onde a ess?ncia da cultura Zhou permanece inalterada. Entre um e outro, cria-se uma rivalidade que raramente chega ao confronto aberto. Uns representam a tradi??o, outros, a novidade; uns o centro da cultura, outros, o centro da for?a; uns podem ser considerados chineses puros, outros se misturam ?s numerosas popula??es das fronteiras; uns assumem o papel est?tico que lhes corresponde ap?s a distribui??o dos feudos dos primeiros reis Zhou, outros, em cont?nua expans?o, h? muito questionam a validade desses feudos. Com os outros Estados propriamente chineses, a rela??o se concentra em tr?s aspectos. Por um lado, h? a conquista e absor??o dos pequenos principados com pouca base territorial, estabelecidos em suas proximidades. De tal forma que as fronteiras dos principais Estados logo se encontram, ou sejam separadas apenas pela exist?ncia de pequenos Estados que sobreviver?o apenas por sua fun??o de escudo entre duas pot?ncias. Ent?o come?a a rivalidade entre os grandes Estados. O terceiro aspecto ? tentar legitimar, por meio de suas rela??es rituais com os imperadores Zhou, a situa??o pol?tica resultante das campanhas militares. Esse processo cont?nuo de concentra??o pol?tica faz com que, dos quase duzentos principados que existiam no in?cio desta ?poca, apenas vinte permane?am no ano 500 a.C., dos quais apenas sete s?o verdadeiramente importantes. As breves campanhas militares que se realizam durante as primaveras e outonos proporcionam aos vencedores uma conquista que n?o ? aceita automaticamente por todos, nem pelos conquistados, nem pelas outras pot?ncias. O que leva ? cont?nua guerra sazonal. Os principais ducados em Primaveras e Outonos Qin, localizado na bacia do rio Wei, na prov?ncia de Shaanxi, era um estado semiturco e semichin?s, estabelecido desde os tempos antigos na regi?o. Seus pr?ncipes, que primeiro foram incumbidos de criar cavalos para os imperadores e mais tarde de proteger a fronteira ocidental contra ataques de povos de fora, realizaram seu trabalho com tanto zelo que transformaram seu t?tulo no cargo heredit?rio de Guardi?es das Fronteiras. Povo de origem n?made, eram parentes de outra s?rie de povos de origem turca que habitavam as estepes localizadas ao norte e oeste da China e possivelmente de outros de origem indo-europeia que, como os yuechi ou toc?rios, viviam nas proximidades. Os Qin j? tinham praticamente se tornado os donos daquele territ?rio ancestral dos Zhou, e assim que os imperadores Zhou foram for?ados a abandonar sua capital pelos Rong (com a aquiesc?ncia do Qin), eles tomaram seu lugar. Jin, localizada na atual prov?ncia de Shanxi, tem suas origens na funda??o da dinastia Zhou, quando um ramo da fam?lia imperial foi enviado para governar a regi?o, um dos lugares onde sua conquista encontrou mais resist?ncia. L?, durante s?culos, os duques de Jin desempenharam um papel fundamental no controle das tribos turcas e t?rtaras que amea?avam o cora??o do imp?rio. Os Jin tamb?m estavam ampliando sua base territorial gra?as a numerosas alian?as com os povos n?mades das fronteiras, ? integra??o de territ?rios habitados por outros povos e ? absor??o de alguns pequenos Estados com popula??o chinesa, at? que tivessem uma fronteira com Qin a Oeste. Uma de suas principais riquezas ? obtida da cria??o de cavalos. A leste de Jin ficava o reino de Yan, mais ou menos na regi?o onde Pequim est? atualmente localizada. Havia sido entregue como feudo a um amigo ?ntimo do imperador quando a dinastia foi fundada; estava em contato com as tribos manchu e coreanas, que estavam se retirando para sua pen?nsula, bem como com outros povos n?mades, aos quais fechava o acesso ao cora??o do imp?rio. Muito longe do centro ritual do poder, durante esses anos, concentra-se em garantir seu dom?nio entre as tribos da regi?o. Ao sul de Yan, na atual prov?ncia de Shandong, ficava o Estado de Qi. Havia sido concedido como um feudo para recompensar os servi?os de um conselheiro do primeiro imperador Zhou, que era originalmente dessas terras. O que no in?cio da dinastia era uma regi?o remota com uma pequena popula??o chinesa cercada por povos b?rbaros, tornou-se no final dela o mais pr?spero e avan?ado dos Estados que lutavam pelo poder. Em Qi, foi criado um Estado que, combinando a cultura chinesa com as tradi??es locais, a viol?ncia da conquista com a tenta??o do com?rcio, foi integrando numa ?nica cultura mais ou menos homog?nea povos dos quais j? n?o havia not?cias, entre eles, esses famosos Yi, que desempenharam um papel t?o importante durante as dinastias Xia e Shang. A fronteira norte dos Qi logo se tornou o terceiro ponto de disc?rdia para os n?mades externos, for?ando-os a se fortalecer na ?rea militar. Economicamente, conheceu um grande desenvolvimento gra?as ao dom?nio da siderurgia, ao com?rcio de sal marinho e ? expans?o territorial ?s custas dos povos situados ao norte e ao sul de suas fronteiras. Por isso, mesmo antes do final da dinastia Zhou do Oeste, Qi j? era considerada praticamente independente. Protegidos por essa barreira de reinos, no norte estavam os Zhou, cujo dom?nio era quase limitado ? regi?o pr?xima ? capital, Luoyang; os herdeiros Song da dinastia Shang, a leste da capital; e outros pequenos Estados governados por membros da fam?lia imperial, como Cheng, Zheng, Wei, Ji e Lu. Eram Estados considerados ortodoxos com a tradi??o Zhou em que o desenvolvimento cultural estava ? frente do militar, que logo ficaram ?s custas dos mais poderosos. Sua localiza??o central tamb?m n?o os livrou dos ataques dos b?rbaros, pois ao seu redor continuava existindo v?rios povos que n?o participavam da cultura chinesa, habitantes de terras menos produtivas, florestas, montanhas e p?ntanos, cujos ataques s?o registrados ao longo de todo esse per?odo. Ao sul de Henan se estendia uma regi?o ?mida e de selva habitada por mir?ades de diferentes tribos. Entre elas, certamente alguns descendentes de Miao, cujos restos ainda est?o espalhados ao sul do Yangtze, e sobre os quais apenas um l?der tribal, investido de autoridade sobre terras nas quais o imperador n?o tinha nenhum tipo de controle, estava conseguindo certas alian?as que lhe permitiam impregn?-los com um verniz de cultura chinesa. Era o pa?s dos Chu, e, embora seus governantes tenham consolidado seu poder alegando serem parentes da linhagem real, eram considerados b?rbaros pelos Estados mais ao norte. Na verdade, sua popula??o era diferente da dos chineses do norte na apar?ncia f?sica, na l?ngua, nos costumes e nas cren?as religiosas. Chu era para os demais o reino selvagem e ex?tico, das selvas e da magia, da m?sica e dos xam?s. Por?m, ap?s conquistar a paz em suas terras e estender a fronteira da cultura chinesa para abranger toda a margem norte do rio Yangtze, no s?culo 7 a.C., os Chu j? se consideravam fortes o suficiente para participar das lutas pelo poder que aconteceriam durante os s?culos seguintes. ? importante notar que, enquanto as popula??es b?rbaras do norte da China eram ferozes guerreiras, que plantavam feroz resist?ncia a qualquer tentativa de conquista, no Sul viviam povos muito menos militarizados, que ofereciam menos resist?ncia ? expans?o dos Chu. O ambiente diferente em que ambos os grupos de povos se moviam pode ter sido decisivo em suas atitudes guerreiras, pois, enquanto no norte o abandono de suas terras tradicionais obrigou os povos conquistados a emigrar para terras ?ridas e com condi??es clim?ticas extremas, no sul, o as condi??es de vida eram muito mais prop?cias ? retirada. Essa pequena descri??o segue, em linhas gerais, a descri??o claramente sinoc?ntrica, presente nas obras cl?ssicas chinesas. ? nesse contexto que aqui deve-se aceitar o termo "b?rbaro", que se aplica a popula??es que n?o participam no mundo cultural e ritual dos chineses, que n?o consideram o imperador como governante supremo e que possivelmente n?o utilizam os caracteres chineses. Pouco se sabe de suas culturas, j? que esse termo "b?rbaro" abrange um bom n?mero de povos diferentes, mas, em alguns casos, n?o deveria ser muito atrasada, j? que justamente o contato com esses povos estimula o desenvolvimento dos Estados que v?o disputar a hegemonia. O tempo das hegemonias A crescente debilidade dos imperadores em Luoyang fez com que logo precisassem de um protetor. No in?cio do s?culo 7 a.C., Qi ajudou o imperador para livr?-lo do ataque dos t?rtaros; logo depois, no ano 679 a.C., o duque Huan de Qi (683-643 a.C.), cujo pai j? havia atuado como protetor imperial durante uma disputa heredit?ria, se autoproclama protetor. Come?a ent?o o tempo das hegemonias, em que os diferentes Estados, sob o pretexto de se tornarem protetores do imperador, afirmam seu poder hegem?nico, convocando encontros peri?dicos com os reis dos outros Estados, em que se pactuam uma s?rie de pol?ticas comuns, pelas quais o destino da China ? de alguma forma decidido. O maior m?rito do duque Huan s?o suas repetidas vit?rias sobre os t?rtaros do norte que amea?am a China; na verdade, ele resgata Yan de seus ataques em 662 a.C., corrige a situa??o heredit?ria de Wei em 658 a.C., que havia sido expulso de seu pa?s pelos n?mades, e protege repetidamente o imperador dos ataques dos t?rtaros. Internamente, promove o com?rcio e resolve disputas entre Estados. Durante seus quase quarenta anos de hegemonia, ele ? auxiliado no desenho de suas pol?ticas por Guan Zhong, cujo livro, o Guanzi, um tratado sobre o governo correto, ? um precursor das obras posteriores de Conf?cio e outros fil?sofos. Ao criar com Guan Zhong um Estado no qual o governo do rei ? assistido por um burocrata esclarecido, ele permite que os recursos intelectuais de fam?lias n?o nobres comecem a funcionar no governo do Estado. As pol?ticas de Guan Zhong trouxeram prosperidade para Qi. Desenvolve a agricultura, o com?rcio e a ind?stria do sal. Qi ? o estado chin?s mais rico e importante. Comerciantes de todos os Estados chegam ? sua capital. Para que parte de seus lucros fiquem l?, Guan Zhong funda as primeiras casas de prostitui??o ao seu servi?o. Tamb?m estabelece um fundo de ajuda aos pobres. Com a morte do duque Huan, uma d?cada de guerras e escaramu?as para alcan?ar a preponder?ncia se seguiu at? 636 a.C., quando o duque Wen de Jin preside um conselho de todos os pr?ncipes em nome do imperador, declarando-se hegem?nico. Este ? um dos personagens mais curiosos da ?poca. Alcan?ando o trono de Jin ap?s 19 anos vagando pelos diferentes cortes de outros Estados e de algumas tribos t?rtaras, ele tem um conhecimento preciso da realidade da China. Mas, apesar de ter o respeito dos outros Estados, ele n?o tem o Mandato do C?u, ou seja, n?o tem for?a militar suficiente por tr?s nem ambi??o imperial. Ele ? sucedido pelo duque Mu de Qin, que embora nunca tenha presidido oficialmente os conselhos em nome do imperador, durante seu reinado (659-621 a.C.) foi o homem mais poderoso da China. Talvez seu maior m?rito tenha sido a expans?o do territ?rio Qin para o Oeste, possivelmente alcan?ando at? Dunhuang, e suas repetidas guerras com seus vizinhos Jin. O ?ltimo dos hegem?nicos ? o duque Zhuang de Chu. Domina a China de 597 a 591 a.C. e estende os territ?rios Chu em todas as quatro dire??es, alcan?ando partes das atuais prov?ncias de Sichuan e Guizhou. Confer?ncia de paz A era das hegemonias n?o traz paz ? China. A inimizade quase cont?nua entre Jin e Chu, as disputas territoriais entre Qin e Jin e as pol?ticas para influenciar Lu de Qi e Jin levam a um estado de confronto cont?nuo, que transforma os acordos alcan?ados nos conselhos em letra morta. Precisamente o confronto entre Jin e Chu marcar? a hist?ria do s?culo 6 a.C. na China, apenas interrompido pela confer?ncia de paz convocada por Song em 546 a.C. Dado que as rivalidades entre os grandes Estados acabaram por deixar sofrimentos aos pequenos, na referida confer?ncia de paz procura-se o equil?brio, para o qual se chega a um acordo de que os oito pequenos estados, Song, Lu, Zheng, Wei, Cao Xu, Chen e Cai pagam impostos a Jin e Chu; enquanto os poderosos Estados de Qi e Qin, inimigos tradicionais de Chu e Jin, tornam-se aliados de Jin e Chu, respectivamente. A paz externa apenas revela contradi??es internas. Em cada um dos Estados, as fam?lias nobres e os militares est?o monopolizando o poder ?s custas dos duques do passado, chegando, em alguns casos, como em Jin, ? desintegra??o que veremos mais tarde. N?o se trata apenas de uma luta pelo poder, ? o fim da concep??o de um mundo, em que o poder pol?tico detido pelo rei e pelos nobres, pela obra divina do Mandato do C?u, ? contestado por fam?lias poderosas. O ritual que havia preenchido as rela??es pol?ticas dos anos anteriores se esvazia. Embora muitas de suas formas externas permane?am, a corrida pelo poder parece aberta a todos. Os excedentes de produ??o, o desenvolvimento da agricultura e a prosperidade alcan?ada pelas entidades pol?ticas levam a um aumento das trocas comerciais, tanto dentro dos ducados e condados como entre eles. Os comerciantes se tornam uma classe poderosa, cuja influ?ncia vai sendo notada na sociedade. Numerosas cidades s?o fundadas: s?o os centros onde se realizam as trocas comerciais, onde se encontram os artes?os e onde se prestam os primeiros servi?os. O com?rcio e os cont?nuos interc?mbios culturais fazem deste um momento de efetiva fus?o dos povos para formar o que se chamar? China, pois, no in?cio desses anos, na maioria dos ducados, conviviam pessoas de diferentes etnias, culturas e l?nguas, que gradualmente v?o se fundindo. Esplendor do reino de Wu No s?culo VI, o reino de Wu, estabelecido nas proximidades de Suzhou, entra na cena pol?tica chinesa pelas m?os de Jin, que, desde 584 a.C., considerava o rei de Wu ( que j? havia conseguido subjugar e unificar as pequenos tribos da regi?o) um aliado precioso na retaguarda de seu tradicional inimigo Chu. Os instrutores militares de Jin ensinam os soldados de Wu a usar bigas, arcos e flechas. De acordo com a lenda, Wu foi fundada por um tio do rei Wen de Zhou, que marchou para as selvas do sul para evitar a cria??o de conflitos heredit?rios, e participou por quase cem anos na vida pol?tica da China central. Os Wu falavam uma l?ngua diferente dos chineses e dos Chu. Muitos povos selvagens ainda viviam em suas terras. Sua capital, na atual cidade de Suzhou, cercada por um muro de oito quil?metros, era uma das cidades mais magn?ficas da ?poca. No ano de 506 a.C., sob o reinado do rei He Lu, um ex?rcito liderado por Sun Wu (Sun Tzu), autor do famoso A Arte da Guerra, derrotou Chu repetidamente, chegando a tomar sua capital. Ele ser? derrotado em Chu com a chegada de seu aliado Qin. Wu, no entanto, manter? suas aspira??es de controlar os reinos de Qi e Lu na atual prov?ncia de Shandong. Para o transporte conveniente de suas tropas, ele construiu um dos primeiros canais da hist?ria chinesa, que conectou a bacia do rio Yangtze com a do rio Huai pela primeira vez. Mas seu esplendor durou apenas alguns anos, pois os Chu contra-atacaram. Erguendo o reino de Yue, nominalmente vassalo de Wu, que habitava a regi?o de Shaoxing, em Zhejiang, contra os reis de Wu, eles levaram a guerra para sua retaguarda. Wu conseguiu derrotar Yue em seu primeiro ataque, em 484 a.C., mas acabou desaparecendo como entidade pol?tica ap?s um segundo e definitivo ataque, em 473 a.C. H? autores que afirmam que alguns pr?ncipes de Wu fugiram de barco para o Jap?o, introduzindo naquele pa?s pela primeira vez a influ?ncia da cultura chinesa. Os pr?prios Yue, que se diziam parentes de Yu, o Grande, fundador da dinastia Xia, que segundo a tradi??o foi morrer em suas terras, eram apenas uma pequena por??o de uma fam?lia de povos que habitou a regi?o costeira da China at? Cant?o (atualmente conhecido como Yue) e Vietn? (chamado, em chin?s, Yue do Sul). Os Yue conseguiram estender seu dom?nio sobre a regi?o costeira ao norte de suas terras natais, sem alcan?ar qualquer penetra??o significativa no interior. Depois de seu breve esplendor pol?tico, eles foram derrotados, e as tribos voltaram ? vida independente em suas regi?es originais. Mais tarde, eles ser?o conhecidos como Baiyue (os Cem Yue). As guerras de Primavera Outono As cont?nuas guerras desse per?odo seguem regras um tanto cavalheirescas que, ?s vezes, as transformam em combates quase ritual?sticos, durante os quais a vit?ria ? t?o importante quanto alcan??-la por meio de um comportamento honrado. Geralmente, evitava-se ferir o duque inimigo, n?o se atacava quando um Estado estava de luto por seu pr?ncipe e desordens internas n?o eram aproveitadas para lan?ar um ataque. A carruagem era o principal meio de guerra. Cada carruagem era tripulada por tr?s homens, e outros 72 de infantaria iam ao redor. Os ex?rcitos dessa ?poca n?o eram muito grandes e n?o permaneciam em campanha por muito tempo. Estima-se que os maiores ex?rcitos alcan?aram 1.000 carruagens ou 75.000 pessoas no campo de batalha. Durante esses anos, o ferro come?ou a ser usado. Primeiro no Estado de Qi, onde seu com?rcio ? causa de uma prosperidade imediata. ? usado inicialmente para a fundi??o de armas. Pouco depois, sua abund?ncia permite que seja utilizado para a fundi??o de alfaias agr?colas, o que leva ? utiliza??o de animais de tra??o para arar a terra e ao consequente aumento da produ??o. Ao mesmo tempo, os camponeses escravos s?o substitu?dos por camponeses independentes, com a fam?lia como unidade de trabalho. Os primeiros impostos para os camponeses s?o introduzidos no Estado de Lu no ano 594 a.C., onde se estabelece que eles devem dar ao duque 10% do rendimento das terras. A medida ? logo seguida nos demais Estados. Os aristocratas escravistas de antigamente s?o transformados em latifundi?rios, a cuja classe se juntam os militares, que recebem grandes extens?es de terra como recompensa por seus m?ritos, camponeses capazes de acumular terras e mercadores enriquecidos pelo tr?fico de gado, cereais, cavalos, seda, sal, ferro ou pedras preciosas. Constru??o das muralhas Desde as primeiras confedera??es de aldeias, os l?deres chineses t?m feito uso massivo de m?o de obra para conseguir melhorias na canaliza??o, irriga??o e controle de enchentes, que geralmente se refletem quase imediatamente no aumento da produ??o agr?cola. As primeiras cidades surgem como centros de poder a partir dos quais a classe militar protege e controla seus camponeses, e onde n?o s? os tesouros dos latifundi?rios s?o mantidos atr?s de um muro, mas tamb?m os excedentes agr?colas do povo. Quase todas as cidades dessa ?poca s?o cercadas por um muro, geralmente constru?do com a adi??o de camadas de terra prensada. Por muito tempo, pensava-se que o in?cio da constru??o de muralhas no norte da China teve um car?ter eminentemente defensivo. Hoje, h? d?vidas sobre essa teoria. Em muitas ocasi?es, a constru??o das muralhas segue o estabelecimento de novas col?nias nas terras recentemente conquistadas aos povos do norte. O que os torna um elemento de defesa das col?nias estabelecidas em terras conquistadas. As not?cias da primeira constru??o de muralhas entre Estados indicam que no s?culo 7 a.C. uma foi constru?da para deter os b?rbaros do Norte. Desde ent?o, as constru??es de muralhas se multiplicaram. Muitas vezes n?o apenas para se defender de inimigos externos, mas de outros Estados, ocorrendo justamente nos anos subsequentes, durante o per?odo dos Estados Combatentes, um furor de constru??o de muralhas sem precedentes. Assim, Qin construiu no in?cio do s?culo IV uma muralha no territ?rio recentemente conquistado de Gansu para proteg?-lo das tribos aliadas de Wei, ? qual seu vizinho Wei responde, em 353 a.C., construindo uma na grande curva do rio Amarelo; Zhao construiu uma logo depois (em 333 a.C.) na fronteira de Shanxi para se defender de Wei, e outra no leste (291 a.C.) para se proteger de Yan; enquanto isso, Qi ergueu uma muralha de mais de 500 quil?metros, no s?culo 5 a.C., para se proteger de Chu, que, por sua vez, construiu suas muralhas no noroeste de Hubei para se proteger dos Estados centrais.. A rela??o entre os chineses e esses povos n?mades era, no entanto, bastante estreita. Ao longo das hist?rias chinesas desses anos, a presen?a de n?mades vizinhos ? cont?nua, n?o apenas como inimigos e/ou aliados em tempos de guerra, mas tamb?m desempenhando diferentes pap?is na sociedade dos reinos fronteiri?os. Tanto Qin quanto Jin s?o parcialmente povoados por esses n?mades, gradualmente absorvidos, geralmente pacificamente, na ?rea cultural chinesa e sinizados dessa forma. No entanto, dificilmente sabemos a identidade dos povos que viveram nessas fronteiras, uma vez que a maioria das cr?nicas chinesas atribui a eles um nome gen?rico. Os historiadores ocidentais tamb?m n?o especificam muito. Segundo eles, de Leste a Oeste, ? poss?vel contar com a presen?a de coreanos, tungos, turco-mong?is, turco-tibetanos e tibetanos. Enquanto os chineses se protegiam com muralhas contra os b?rbaros externos, foram lentamente assimilando as popula??es dos b?rbaros internos, integrando-as efetivamente ? corrente do mundo chin?s. A vida cotidiana durante Primaveras e Outonos A unidade social era a fam?lia extensa, que vivia junta em uma aldeia, rodeada por uma cerca. Composto por um n?mero vari?vel de moradias unifamiliares, com um furo no centro da cobertura para a sa?da de fuma?a, uma porta a leste e uma pequena janela a oeste. Cada casa tinha um pequeno recinto no qual eram plantadas amoreiras. As planta??es ficavam nas partes mais baixas. Nelas, ?s vezes, havia outras constru??es simples, de onde os homens vigiavam suas planta??es. Durante os meses de atividade agr?cola, os homens residem quase que permanentemente nelas, e as mulheres lhes levam alimentos. Ap?s a colheita, os homens voltaram para a aldeia para descansar. Por outro lado, come?a o momento de maior atividade para as mulheres, dedicando-se ? tecelagem de seus vestidos. Dessa forma, a altern?ncia das esta??es marca a rota??o da atividade das pessoas e o ritmo produtivo dos dois sexos. “Todas as tias s?o chamadas mais m?es, das quais a mais importante n?o ? aquela que d? a vida, mas a mais velha”. A aldeia ? representada pelo membro mais velho da gera??o anterior, considerado o pai, que d? o nome ? fam?lia e ? aldeia. Durante a maior parte do ano, as pessoas t?m um relacionamento apenas dentro da fam?lia, mas, dada a proibi??o do casamento entre membros da fam?lia, metade dos jovens de um mesmo sexo deixa sua aldeia para se casar em uma aldeia pr?xima. No in?cio, por ser a mulher a dona da casa, eram os homens que iam para as aldeias vizinhas, onde n?o gozavam de nenhum direito. Depois, com a consolida??o do patriarcado entre os chineses, foram as mo?as que passaram a partir para as aldeias vizinhas, de onde as meninas vir?o para sua aldeia, proporcionando uma troca de casais entre as fam?lias. As rela??es entre as aldeias s?o cimentadas nas orgias que acontecem nessas ?pocas festivas. S?o grandes festas sexuais em que se realizam as trocas matrimoniais. S?o os momentos que quebram a monotonia do dia a dia e que estimulam fortemente a capacidade criativa dos indiv?duos. Para encorajar os moradores a conhecerem estranhos de outras aldeias, o local de encontro era sagrado. Depois de uma primeira uni?o nas festas da primavera, o casamento era celebrado ap?s o outono. (Granet) A religi?o que se imp?e ? o culto aos ancestrais. Enquanto o povo continua a venerar as for?as da natureza, das quais dependem suas safras e sua pr?pria sobreviv?ncia, as classes nobres mant?m um culto aos ancestrais, cujo maior expoente ? o do pr?prio rei para os seus. O desenvolvimento econ?mico ? enorme. O com?rcio entre os estados cria maior integra??o do que tratados e alian?as. Entre a nobreza aristocr?tica e uma massa de servos sempre no limite da sobreviv?ncia, surge uma classe cada vez mais numerosa de artes?os, comerciantes, funcion?rios e intelectuais. Nesse estado de guerra quase perp?tua, com uma situa??o ca?tica da sociedade, apenas os letrados, que permanecem nos tribunais dos diferentes senhores como conselheiros, administradores e funcion?rios, procuram corrigir os defeitos da sociedade. As cr?nicas da ?poca, especialmente os Coment?rios de Zou ao livro de Primaveras e Outonos, apresentam-nos um n?mero significativo de fil?sofos que postulam diferentes formas de regenerar a sociedade. De alguns, como Zichan ou Yenzi, permanece apenas a men??o de suas obras nas de fil?sofos posteriores. Outros, como Lao Zi e Conf?cio, transformar?o para sempre a vida da China, marcando o pensamento das futuras gera??es. Lao Zi Um nativo do reino de Chu, dizem que trabalhou na biblioteca imperial de Luoyang. Talvez seja o seu conhecimento da Hist?ria, com seus altos e baixos cont?nuos, que o leva ao desenvolvimento de sua filosofia, na qual defende tomar a simplicidade como princ?pio orientador da vida. Sem nutrir muitos desejos, o homem deve se adaptar ?s leis da natureza. Para Lao Zi, o melhor governo ? aquele que n?o exerce nenhuma atividade, em que o s?bio governa pela n?o a??o. Suas teorias se materializam no Taoteking (Daodejing), livro escrito, segundo as lendas, quando, ao final de sua exist?ncia, cansado da vida na China civilizada, viajou para o Oeste montado em um boi. Na fronteira, ele foi reconhecido por um guarda, que pediu que colocasse seus ensinamentos por escrito. O Taoteking, ou Livro do Caminho e da Virtude, ? uma pequena cole??o de aforismos um tanto esot?ricos nos quais est?o os princ?pios b?sicos de seu pensamento. Enquadrando a filosofia de Lao Zi nos tempos conturbados em que ela se manifesta, entendemos o desejo do povo de ficar fora daquelas ambi??es pol?ticas dos governantes, que s? trazem sofrimento ? popula??o. Rejeitando a vaidade, as riquezas e o poder, ele nos exorta a seguir as leis da natureza para alcan?ar a plenitude da exist?ncia. Dessa forma, a pessoa consegue agir dentro da n?o a??o, ou seja, deixando as coisas seguirem seu pr?prio curso. Lao Zi defende um retorno a uma vida simples, pura, calma e pac?fica, a uma inf?ncia primitiva longe da vaidade e das preocupa??es do momento. Conf?cio Conf?cio iniciou a sua carreira p?blica como assessor do rei de Lu, seu Estado natal, mas, dada a escassa aten??o que o rei dispensava aos seus conselhos, mudou-se para o Estado vizinho de Wei, onde continuou a desenvolver os seus ensinamentos. Outros conselheiros realizam tarefas semelhantes com outros pr?ncipes, mas s? mais tarde ele se torna um professor. Conf?cio queria acabar com a desordem da sociedade voltando ao estado de rela??es primitivas do in?cio da dinastia Zhou, uma s?rie de rela??es idealizadas por ele mesmo na reinterpreta??o dos livros de Hist?ria. Segundo ele, na antiguidade, um grande povo convivia em paz e harmonia gra?as ao respeito pelos ritos e ?s normas sociais e ? aceita??o por cada uma das classes sociais de seu papel imut?vel naquele mundo. Nele, o poder do soberano emanava de sua pr?pria virtude, tornando seu governo um efeito natural dela. Embora proponha alguns conceitos revolucion?rios para a ?poca, como a igualdade dos homens e a promo??o dos mais qualificados para cargos de funcion?rios p?blicos, sua teoria ? idealizadora e conservadora. A import?ncia que Conf?cio d? ?s rela??es entre soberano e s?dito, pai e filho, marido e mulher, em que o segundo deve estar sempre subordinado ao primeiro, constitui um dos pilares b?sicos da sociedade chinesa posterior ? dinastia Han. Na verdade, durante sua vida, Conf?cio n?o foi mais do que um dos s?bios iluminados que ajudaram os poderosos no governo de seus Estados. N?o ser? at? o estabelecimento da dinastia Han, quando se considera que suas doutrinas s?o as mais bem-sucedidas para governar um Estado que tem o imperador como superior, que sua deifica??o come?ar?. Aposentando-se do servi?o da pol?tica, Conf?cio se tornou o primeiro educador. Diz-se que ele teve mais de 3.000 disc?pulos, dos quais 72 eram avan?ados. Essa caracter?stica de educador mais tarde o tornar? o "santo" dos letrados, alcan?ando uma proemin?ncia espiritual sem igual na sociedade chinesa. Reinos combatentes Embora a divis?o desse per?odo em duas ?pocas diferentes possa ser um tanto arbitr?ria, uma vez que a vida pol?tica da China tenha sido governada durante ambos pelos mesmos atores (um imperador com um papel ritual cada vez menos importante, e os quatro Estados mencionados e seus herdeiros em constante luta pelo poder), as transforma??es sociais iniciadas nos anos anteriores configuraram uma sociedade completamente diferente durante os Estados Combatentes. Como j? dissemos, durante este per?odo, os reis de Zhou continuam a manter seu mandato nominal de Luoyang, mas, entre os Estados hegem?nicos, os conflitos pelo poder se intensificam, culminando na unifica??o da China sob o governo de Qin, em 221 a.C. O primeiro fen?meno que caracteriza esses anos ? o desrespeito ao ritual, que de certa forma regia as rela??es entre os Estados desde a funda??o da dinastia Zhou. Ele se manifesta de v?rias maneiras. Por um lado, o Rei Zhou vai perdendo import?ncia religiosa e ritual, at? se tornar uma figura meramente decorativa. Por outro lado, os duques dos Estados mais poderosos veem sua autoridade questionada pelas fam?lias nobres que t?m alcan?ado o poder a sua sombra; alguns perder?o a coroa para novos governantes, que logo ousar?o usar abertamente o t?tulo de rei (wang), at? ent?o reservado para o rei dos Zhou, usado nas p?ginas anteriores apenas para facilitar a compreens?o das complexas rela??es entre os Estados. O Estado de Jin ? possivelmente o que mais cedo sofreu com as lutas pelo poder entre as fam?lias nobres. J? a tr?gua acordada no s?culo VI com seu principal inimigo, o Estado de Chu, ? causada pelo desejo de poder lidar com desordens internas. A concentra??o de poder nas m?os de tr?s grandes fam?lias significa que, desde os primeiros anos do s?culo V, o duque de Jin era apenas uma figura decorativa. O territ?rio de Jin ? efetivamente dividido em tr?s reinos, Wei, Han e Zhao, e corresponde aproximadamente ? parte dominante das prov?ncias de Shanxi, Henan e Hebei, respectivamente. No entanto, essa divis?o n?o ser? formalizada at? o ano 403 a.C. O Estado de Qi tamb?m ? afetado pelas lutas pelo poder entre suas fam?lias nobres. Na verdade, durante a maior parte dos s?culos VI e V, ? a fam?lia Tian que domina a paisagem pol?tica, manipulando os duques de Qi ? vontade. Em 391 a.C., a fam?lia Tian toma abertamente o poder. No ano de 378 a.C., denominam-se reis, e sua capital se torna uma das cidades mais animadas da China. A partir desse ano, os l?deres dos outros Estados tamb?m receber?o o t?tulo de reis. Nem o Estado de Qin nem o de Shu experimentam dist?rbios t?o dram?ticos. Em vez disso, eles continuam sua expans?o territorial em dire??o ?s regi?es populacionais n?o chinesas, a Oeste e Sul, respectivamente. Esses reinos, junto de Yan, que continuou a crescer ?s custas dos povos coreanos e manchus do norte de Pequim, compartilham o poder a partir do s?culo V. Os pequenos Estados do centro, governados pelos descendentes da fam?lia imperial Song, Wei, Lu, Zheng, desaparecem um ap?s o outro, anexados pelos mais poderosos, restando apenas sete Estados no conselho. Assim, vemos que no ano 375 a.C. Han acaba com o Estado de Zheng. Os Yue s?o derrotados e anexados por Chu em 344 a.C., que tamb?m anexou Lu em 249 a.C., enquanto Qi assumiu Song em 286 a.C. Finalmente, em 256 a.C., os Qin acabam com o ?ltimo dos imperadores fantoches de Zhou. O reino de Zhongshan Os ?ltimos b?rbaros internos tamb?m acabam se fundindo na grande corrente do mundo chin?s. Povos que foram deixados ? margem da corrente hist?rica por viverem em florestas, montanhas e p?ntanos, ou que se recusaram a se integrar ao ritual chin?s e ao mundo cultural, s?o conquistados e absorvidos. Um dos casos mais interessantes ? o do reino de Zhongshan, na prov?ncia de Hebei, ao sul da atual Pequim. Fundada em 414 a.C. pelo rei Wu da minoria n?made chamada Di do Norte, ela reflete as tentativas de um povo n?made de se adaptar aos tempos de mudan?a. Foi destru?da em 409 a.C. por um ataque dos Wei. Ser? reintegrada alguns anos depois por uma nova dinastia real, alcan?ando certo desenvolvimento, especialmente no campo da metalurgia, como demonstram os ricos tesouros encontrados em seus t?mulos reais, antes de desaparecer para sempre em um ataque conjunto de Zhao, Yan e Qi. A ?nica coisa que resta de sua popula??o, fundida com os vizinhos chineses, ? uma certa especializa??o em alguns tipos de artesanato. N?o resta d?vida de que, durante esses s?culos que levaram ? unifica??o da China, numerosas comunidades n?mades, frequentemente mencionadas no in?cio da dinastia Zhou, sofrem destino semelhante; integrando-se mais ou menos violentamente ? grande corrente da China, dificilmente deixam qualquer peculiaridade local para a Hist?ria. Esses s?culos s?o uma ?poca de grande desenvolvimento econ?mico, social e comercial, bem como tecnol?gico, cient?fico e filos?fico. O aprimoramento da irriga??o e das t?cnicas agr?colas com o uso de ferramentas de ferro, arados, fertilizantes e o aumento da lavoura leva ao aumento da produ??o. O aumento da riqueza no campo leva ao desenvolvimento do com?rcio e da popula??o das cidades, que se tornam centros artesanais, industriais e comerciais. Entre eles, o com?rcio ? cada vez maior. Para facilitar, as estradas s?o melhoradas e aparecem as primeiras moedas. S?o realizadas grandes obras de irriga??o, o que aumenta o poder dos reis, capazes de organizar essas obras e colonizar as novas terras com seus s?ditos. A guerra se transforma radicalmente. N?o s?o mais batalhas entre cavaleiros que duram um tempo limitado e fazem poucas v?timas, mas uma guerra total, da qual participam ex?rcitos sustentados pelos ricos recursos de um Estado, capazes de passar muito tempo no campo, semeando destrui??o por onde passam. N?o ? por acaso que v?rios estrategistas surgem neste momento. Um intelectual parece ser apenas um especialista na arte da estrat?gia. No s?culo V, a carruagem de guerra estava sendo substitu?da pelo uso da cavalaria, em imita??o aos vizinhos turcos, o que facilita uma mobilidade muito maior. A cavalaria ? apoiada pela infantaria, que usa armas de ferro e bestas. A guerra total leva a um aumento do poder do Estado, que tributa os camponeses e os leva quando precisa deles, e a uma queda da aristocracia, que vai sendo gradualmente substitu?da por letrados que governam em nome do Estado. De fato, a necessidade dos reis, em guerra constante por todos os recursos ? sua disposi??o para manter e aumentar seu poder, d? ?nfase especial ?s teorias de estrategistas, fil?sofos e reformadores sociais. Por isso, surgem in?meras escolas filos?ficas que competem entre si para mostrar ? sociedade a corre??o de suas abordagens. Elas se denominam as Cem Escolas. Entre elas, algumas estavam interessadas em problemas l?gicos, dial?ticos ou ontol?gicos. As mais conhecidas s?o, no entanto, aquelas que se interessavam por assuntos pol?ticos. A escola de Mo Se denominam mo?stas aos seguidores de Mozi, cuja pol?tica ? brevemente definida como a pol?tica do amor universal. Em geral, ele acredita na bondade natural do homem e na necessidade de tratar os outros como gostar?amos de ser tratados. O governo deve se concentrar na realiza??o de a??es ?teis para o povo, que se manifestem de forma ?bvia para todos no aumento da riqueza e da popula??o do Estado. Por isso, as a??es que mais prejudicam a sociedade s?o as relacionadas com a guerra. Os mo?stas s?o pacifistas fervorosos, muitas vezes se tornando grandes estrategistas de defesa, na esperan?a de fazer o inimigo abandonar seus planos de ataque. Eles tamb?m defendem a frugalidade e atacam a ostenta??o dos nobres e as grandes cerim?nias em que os recursos do povo e do Estado s?o esbanjados, al?m de m?sica e quaisquer atividades que n?o produzam um aumento evidente da riqueza do povo. Aplicando o conceito de utilidade para seguir os mandamentos do c?u, ele acaba fundando uma religi?o do c?u, ? margem do Estado, com monges e rituais pr?prios. Uma religi?o que desaparecer? com a unifica??o dos Han e possivelmente formar? a base eclesi?stica para o tao?smo religioso, que foi fundado naquela ?poca. A escola dos legalistas. Shang Yang e Han Fei s?o fil?sofos que pertencem ? chamada escola legalista. Para eles, as teorias de Conf?cio s?o falsas, especialmente sua idealiza??o da hist?ria das dinastias passadas. Os tempos atuais s?o melhores que o passado. Eles afirmam que o homem ? um lobo para o homem, e somente quando ele sente medo do castigo ? que n?o ousa violar as leis. Por isso, prop?em leis rigorosas para todos, com as quais pretendem acabar com os privil?gios dos nobres e incentivar o povo a agir de maneira correta. Seu objetivo final ? alcan?ar a grandeza do Estado, de onde o bem-estar das pessoas possa emanar, mesmo que elas tenham que se sacrificar no processo. N?o s?o necess?rios homens s?bios para governar o pa?s, bastam leis s?bias, porque nelas todas as rela??es se definem perfeitamente, com uma objetividade que n?o permite interpreta??es pessoais. Ambos os fil?sofos serviram a Qin, ambos ajudaram a realizar a transforma??o que acabaria por dar a Qin o dom?nio sobre a China. Ambos ser?o executados como recompensa por seus servi?os. Se Shang Yang tem uma vis?o pr?tica da pol?tica que lhe permite realizar uma pequena revolu??o que acaba com os privil?gios da aristocracia ao fazer dos camponeses a base do Estado; Han Fei, em seu livro, Hanfeizi, desenvolve como ningu?m as bases te?ricas dessa escola filos?fica. A escola confucionista Mencius, por sua vez, tenta dar uma vis?o pr?tica dos ensinamentos de Conf?cio. Segundo ele, como o soberano governa pelo seu exemplo, mantendo a sabedoria, poder? fazer avan?ar o seu povo. O ponto central de seus ensinamentos ? a benevol?ncia. A a??o do Estado n?o deve ter como objetivo aumentar o seu pr?prio poder ou o do rei, mas sim gerar maior bem-estar para o povo. Nesse sentido, justifica a ditadura que beneficia o povo, mas tamb?m justifica o regic?dio quando o soberano injusto n?o d? ouvidos ?s advert?ncias de seus ministros. A sociedade est? claramente dividida entre aqueles que governam e aqueles que s?o governados. Um dos fil?sofos confucionistas menos conhecidos no Ocidente ? Xunzi, embora suas teorias sejam muito interessantes. Ele segue em alguns pontos as doutrinas de Conf?cio, mas vai al?m e levanta o conceito de "contrato social", pois, segundo ele, a sociedade surge como produto de um pacto entre homens, que concordam em pertencer a ela na posi??o que lhes corresponde pelos benef?cios derivados de sua vida em sociedade. Dessa forma, justifica as classes sociais, bem como a exist?ncia de ritos e leis destinadas a regular essa vida em sociedade. Конец ознакомительного фрагмента. 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