Åù¸ ÷óòü-÷óòü è ìàðò îòïóñòèò Êîðàáëèêè â ðó÷üè àïðåëÿ. Âåñíà ñïåøèò. È ìîë÷à, ñ ãðóñòüþ, Ñíåãà ñìåíèëèñü íà êàïåëè. Äåíü ïðèáàâëÿåòñÿ óêðàäêîé, Ïîâèñíóâ íà îêîííîé ðàìå, È ïàõíåò ñëèâî÷íîé ïîìàäêîé Âåñåííèé âåòåð óòðîì ðàííèì. È õî÷åòñÿ ðàñïðàâèòü ïëå÷è:), Êàê êîøêà, æìóðèòüñÿ îò ñâåòà.. È âñïîìíèòü âäðóã, ÷òî âðåìÿ ëå÷èò, È æèçíü áåæèò äîðîãîé â

Pickle Pie

Pickle Pie George Saoulidis Contents Title Page (#u431df553-233d-5f30-b057-9b8a260e82e6) Copyright (#u9e4ea900-28c0-52b6-b197-c13e64aa62aa) GOTA UM (#u629e067e-8059-5c7a-ac49-20d8a7e9260e) GOTA DOIS (#u3cabe227-1870-5c72-ac96-7c0fc914cb31) GOTA TR?S (#u0fad8018-169a-5189-b01c-c912d89c759f) GOTA QUATRO (#u60482ca1-69ff-5abd-bdb9-4d25257f3bfe) GOTA CINCO (#u595e2999-a27c-5efb-9394-b81917543412) GOTA SEIS (#u4efab943-74ee-581e-8157-849a677207c5) GOTA SETE (#uf292d1a9-1f82-51a1-ab23-359e858222e4) GOTA OITO (#uef19755e-9ba6-5b03-a25b-398f4fef4fa1) GOTA NOVE (#u42499dfd-ff2a-5edc-9b4f-f80abeac4019) GOTA DEZ (#ubd2685d2-ee5e-5f5a-b266-6a43292b347d) GOTA ONZE (#ud923dff2-de80-5f27-b8fd-50dd243d8151) GOTA DOZE (#u76f7a338-5460-5cda-8ce2-5dbee221b271) GOTA TREZE (#ud1048c5b-5bcd-5de9-8646-20dc58da77aa) GOTA QUATORZE (#ua545dbb3-f8ff-5cf1-a9e6-7e36983c2cf3) GOTA QUINZE (#u80a7ce43-1f8b-5f98-9710-f075439c3d75) GOTA DEZESSEIS (#uc511f22e-ce87-51c9-9fb6-b11d53c9b2bb) GOTA DEZESSETE (#u1bdf240f-95f6-50b5-a36e-a839664760a1) GOTA DEZOITO (#ud03e3dde-a4c1-5f5d-a0aa-db9d0e243964) GOTA DEZENOVE (#u4da09e16-ca52-5667-b286-330b4b14d67c) GOTA VINTE (#uafd14ef9-8f0b-504b-b0bd-6d09f40926f7) GOTA VINTE E UM (#u8c27d3d8-1381-5c14-8f09-39a10ebd10ae) GOTA VINTE E DOIS (#u58b2a6c3-148b-598b-95fb-ccc4d9da6c08) GOTA VINTE E TR?S (#u31391692-97f3-5975-9c2a-42a1cc839f46) GOTA VINTE E QUATRO (#ud59715c7-534b-5f97-9d99-b091a8cd0bba) GOTA VINTE E CINCO (#u3163552d-d748-597a-bf7e-e71b450b2549) GOTA VINTE E SEIS (#u6ffb6e5b-5c78-5d21-9a3c-c64631eb1134) GOTA VINTE E SETE (#u7982ee68-8d8c-5fba-bc3a-58413986fc29) GOTA VINTE E OITO (#u93c03480-d897-52af-b028-48a3e4b6df79) GOTA VINTE E NOVE (#u15fa0cc9-bf7c-55a8-8cc5-3da1579b0124) GOTA TRINTA (#u879d7509-c538-5c5c-a62d-d77abc07af71) GOTA TRINTA E UM (#u44ea1557-f003-5586-b384-ccb75a545a40) GOTA TRINTA E DOIS (#u312ba290-6fd6-56c7-a200-8747d14cfd4a) GOTA TRINTA E TR?S (#u56b4b342-9de3-5597-9761-035a7b11be06) GOTA TRINTA E QUATRO (#u28ea3d92-7315-5ed2-ade4-b3e48a2082ca) GOTA TRINTA E CINCO (#ubbf7981f-27de-5dae-9a2e-7ae6eff83081) GOTA TRINTA E SEIS (#ubb62da6d-b9d5-5a77-b666-aecf6563dbae) GOTA TRINTA E SETE (#u69faaf20-4351-52f0-b7f5-4d0c7d3baa48) GOTA TRINTA E OITO (#u65942c35-927c-587b-9940-ad01eeadeaec) GOTA TRINTA E NOVE (#u3643b48a-fb5e-5d28-9283-e2704afa63d4) GOTA QUARENTA (#u9b9b5688-3ce4-51a9-9ae0-3cbcd1b5b24b) GOTA QUARENTA E UM (#u7e36b0f4-2033-5ff8-bb7e-4a9a320666fa) GOTA QUARENTA E DOIS (#ua1f078a6-99c6-57d4-b118-8a14896394b6) GOTA QUARENTA E TR?S (#u7800d76b-de6b-52ad-af59-6ebd655c6782) GOTA QUARENTA E QUATRO (#ua4a550ee-160a-5c8a-bd6b-a1db9923498b) GOTA QUARENTA E CINCO (#u6f70c97a-b888-5dda-b799-6f4e93e3f7b3) GOTA QUARENTA E SEIS (#ucaa801f6-01a2-5641-aa98-367e2ef4ed3d) GOTA QUARENTA E SETE (#u0ae1a720-08eb-559e-b730-49018c0a65ef) GOTA QUARENTA E OITO (#u7a1aa488-ee99-56eb-89be-9af85e9162ab) GOTA QUARENTA E NOVE (#u0e88b708-20db-59ac-9c06-7263bc6de66e) GOTA CINQUENTA (#u23d4b960-95cc-5a5a-8d65-d3b73d254831) GOTA CINQUENTA E UM (#ue5d0a2db-3b99-531f-acba-0a13287a984b) GOTA CINQUENTA E DOIS (#u4a423e00-301e-51ac-a5c9-40e50fa19ad5) GOTA CINQUENTA E TR?S (#ue2b08557-6e84-59c2-9492-4f5e852035f2) GOTA CINQUENTA E QUATRO (#ua18f2698-41c4-505a-9740-fb89099aef92) GOTA CINQUENTA E CINCO (#u46f87c3a-05d9-5c0c-a8d9-83f81b80f964) GOTA CINQUENTA E SEIS (#u60ba6724-ced5-5b53-bd4e-01d02a50ed4c) GOTA CINQUENTA E SETE (#u28a11185-e7fd-560e-bf65-84d0f58458b2) GOTA CINQUENTA E OITO (#u47d20bef-5170-58f7-8b17-12ac3b089aa2) GOTA CINQUENTA E NOVE (#u5223faaa-103d-5f17-9925-8277ba464b52) GOTA SESSENTA (#ufa7644e6-5f60-59c6-a7a0-3c0ed4015ca0) GOTA SESSENTA E UM (#u4b455cff-1a89-5c91-9406-ae04aaeb1f52) GOTA SESSENTA E DOIS (#u55eacaeb-1a1a-5807-89b1-acc430460df2) GOTA SESSENTA E TR?S (#u5e6e3530-f5e7-5789-9837-979d7e2afea1) GOTA SESSENTA E QUATRO (#uc08b4c7d-b06d-5e1d-a3a7-dc6ccf73d526) Final (#u200afc1f-0281-5d73-a987-0e6f66ff97bc) Pickle Pie Ver 2.0.6 George Saoulidis Copyright © 2018 George Saoulidis Publicado por Tektime Traduzido por Aida Carvalho Todos os direitos reservados. Imagem da capa Copyright © Jo?o de Souza Antunes Jr AKA Antunesketch GOTA UM Patty foi atingida e seu corpo ficou completamente paralisado. Ela odiava ser atingida, e aquela espada longa est?pida n?o oferecia prote??o alguma. Ela preferia espada e escudo, ter algo para bloquear, algo para cobrir seu corpo. Mas o treinador est?pido a for?ou a usar essa arma in?til. “Uma Pinup Girl caiu, e parece que mais est?o prestes a seguir pelo mesmo caminho,” disse o comentarista. A advers?ria que a acertou com sua pr?pria espada longa, Echidna era o nome dela, partiu para rasgar mais uma companheira de equipe, depois sua Qwik. Oh, ela bloqueou bem, ambos os bra?os juntos cobrindo seu corpo, mas a for?a do golpe a fez trope?ar para tr?s, deixando-a vulner?vel para outra jogadora, Hydra. Hydra era uma Chain e podia alcan?ar uma longa dist?ncia, ent?o tudo o que ela precisava era de uma abertura. Ela foi em frente, seu bra?o cibern?tico como um monte de cobras se contorcendo ao seu lado, estendendo-se como um chicote, mand?bulas estalando. A Qwik tamb?m caiu, sangrando. Ela se ajoelhou em uma po?a crescente de sangue cor-de-rosa, sua panturrilha mordida, paralisada. A cabe?a de Patty estava em um ?ngulo estranho e tudo que ela podia fazer era voltar seus olhos para a a??o. As Beasties passaram pelo resto de sua equipe, o tambor batendo, devagar, t?o lento. A Qwik das Beasties, uma mulher pequena e ?gil chamada Gorgon, tinha o cr?nio e estava indo em frente, correndo para marcar. “E a Qwik das Beasties vai para o cr?nio final. L? vai ela, meio displicente, j? que a partida est? praticamente terminada. Acabado, como Acabamento Anglet para madeira, o melhor verniz de acabamento que o dinheiro pode comprar.” Batida de tambor, a batida final. Patty voltou a sentir todo o seu corpo novamente, os dedos das m?os e dos p?s formigando, mas n?o havia tempo para se recuperar. Ela cambaleou na dire??o da Qwik, desviou de uma cobra, deslizou os ?ltimos metros ajoelhando-se no ch?o e acertou Gorgon na perna. Ela ajoelhou-se e deixou o cr?nio cair, chutando-o sem querer. Echidna chegou at? ela, sua espada longa numa enxurrada de golpes. Patty mal conseguiu aparar o golpe e ouviu o tambor bater novamente. Gorgon estava prestes a se recuperar. Patty fez uma finta que, se bem sucedida, lhe daria uma janela de oportunidade. Echidna deixou-se enganar. Ela deu um passo para tr?s, esquivando. Patty brandiu sua espada longa e em vez de atac?-la, acertou a Qwik inimiga novamente, desta vez no pesco?o. Seu movimento foi t?o r?pido que a atingiu com bastante for?a. Algo estalou. “Oh, que golpe de Patty Roo! Foi intencional? Porque se foi, foi bai-xo.” Gorgon ficou paralisada novamente. A Qwik de Patty se recuperou e foi atr?s do cr?nio, mancando. Um rastro cor-de-rosa atr?s dela. “E n?s ainda temos a Qwik das Pinup Girls, ela simplesmente n?o desiste, n?o ??” “Bem, afinal de contas, ? o jogo decisivo para a fase preliminar do torneio. As garotas est?o dando tudo de si,” respondeu o segundo comentarista. Patty colocou seu corpo no caminho de sua oponente. “Sem escudo, merda,” ela sussurrou. Ela fez o melhor para cobrir sua Qwik. Echidna deu um passo ? frente, seu movimento foi um golpe incrivelmente r?pido, sua espada longa direto nas costelas da Qwik. Ela se dobrou e se ajoelhou, desta vez tanto de dor como da paralisia. Estava tudo acabado. Patty olhou para tr?s, para sua companheira de equipe. Ela n?o iria se recuperar, n?o importava quantos estimulantes ou bolsas de sangue ela pudesse receber. Distra?da, Echidna a atingiu no tronco. Crack. Outro golpe no bra?o. “Falta! O juiz est? ficando louco com isso, mas Echidna n?o parece se importar.” Outro no rosto. Patty cuspiu sangue cor-de-rosa, os l?bios quase incapazes de se mover sob a paralisia. “Que finaliza??o de Echidna! Finalizando a partida para as Beasties, mas a um pre?o muito alto realmente. Os m?dicos est?o entrando rapidamente agora, as coisas n?o parecem boas para a Qwik das Beasties. A percuss?o parou e Gorgon ainda n?o est? se movendo, pessoal. Podemos j? ter uma baixa t?o cedo no torneio.” Patty observou os m?dicos como um sonho, petrificada. Eles imobilizaram o pesco?o de Gorgon, levantaram-na em uma maca, levaram-na embora. Um rastro de sangue cor-de-rosa pingando pelo lado de sua boca. Uma Beastie, claro. A inimiga, claro. Mas ela nunca quis machucar ningu?m. “E n?s temos os exames preliminares, ela vai sair dessa, gente! Apenas uma les?o na coluna vertebral. Gorgon est? fora de jogo, possivelmente para sempre. Uma das Qwiks mais r?pidas j? vistas no Cyberpink, com um saldo de 452 cr?nios no monte. Ir?o as Beasties se recuperar desse s?rio golpe t?o cedo no torneio?” Um ru?do veio dos assentos ao redor do est?dio. Vaias para Patty Roo. Muitas e muitas vaias. Os joelhos de Patty cederam, a adrenalina baixou, os estimulantes seguiram seu curso resultando em uma marca de mijo bem cara. Elas haviam perdido. Ela viu os m?dicos sobre sua cabe?a e depois tudo ficou escuro. GOTA DOIS “O que eu devo fazer com isso?” Hector disse, empurrando o pen drive de volta. O cliente estava inquieto, para dizer o m?nimo. Ele continava lambendo os l?bios, co?ando o cotovelo at? sangrar, e apenas metade desse comportamento era devido ao abuso de subst?ncias. “Vamos, cara, ? uma garantia. Eu vou pagar o resto assim que eu tiver lucro. Eu tenho uma informa??o privilegiada, cara. Eu tenho uma dica.” Hector recostou-se na cadeira e suspirou alto. Ele nunca ficava sentado quando havia um cliente presente em sua loja, mas Diego n?o era mais um bom cliente. Um cliente de longa data, claro, mas bom? Nah... Ele pegou uma pe?a de armadura e continuou trabalhando nela para manter as m?os ocupadas enquanto o viciado se desculpava e continuava falando sobre como finalmente conseguiria sua grande pontua??o e quitaria suas d?vidas. Ele consertou uma falha na axila, o cliente havia se queixado de que ela havia fincado em sua pele e o deixado desconfort?vel. Armaduras personalizadas eram sua especialidade, ent?o ele simplesmente pegou suas ferramentas e consertou. Sim, ele correu os dedos na curva, havia de fato uma borda afiada que poderia agarrar no tecido. S? um pouquinho de preenchimento e uma fita de tecido para deix?-la mais macia. Hector cortou a fita com os dentes e colocou-a no lugar como um expert. Ele a girou contra a luz, algu?m dificilmente o notaria. “O torneio, cara, eu estou te dizendo, n?s vamos ficar ricos! Podres de ricos.” Diego colocou o pen drive novamente na mesa. Seus dedos sujos, suas unhas ainda piores, suas roupas fedendo a baseado, ele colocou o pen drive na superf?cie da mesa com rever?ncia. Estranhamente, era a ?nica coisa que estava limpa naquele homem. “Podre, de fato,” disse Hector, erguendo os olhos para o cliente. “Diego,” ele ritou. “Pela ?ltima vez, n?o sou um gerente esportivo. Eu fa?o armaduras. Eu conserto armaduras. Eu personalizo armaduras. Era tudo o que meu pai fazia e ? tudo que sei fazer. Eu n?o sei merda nenhuma sobre esportes.” “Mas-Mas ? isso, ? perfeito, estou te dizendo. As garotas, elas usam armaduras. Voc? n?o v?, ? a combina??o perfeita?” Diego juntou as m?os para salientar seu ponto. Hector respirou fundo e se arrependeu na mesma hora. O aroma era... intenso. “Diego, apenas penhore isto e me traga pelo menos uma parte do dinheiro que voc? me deve,” ele disse, o assunto j? havia se estendido demais.“N?o, cara, eu s? confio em voc? com minha mulher.” “Isso ?… Uau. Vamos apenas dizer, errado, de muitas formas.” “A casa de penhores vai vend?-la,” disse Diego, de cabe?a baixa. Ele limpou as unhas nervosamente. “Pelo menos, com voc?, eu sei que ela vai ser bem tratada, como eu trato.” Hector se inclinou para frente e jogou a armadura de peito de lado. “Diego, por favor, n?o me entenda mal, mas preciso dizer isso a voc? e tentarei ser o mais claro poss?vel. Eu n?o dou a m?nima para a sua mulher. Eu n?o dou a m?nima para suas apostas. Eu preciso do dinheiro que voc? me deve. Canvas estar? coletando amanh?. Se vire, venda sua conta de criptomoedas, seja o que for.” Diego mordeu o l?bio, os olhos percorrendo o lugar... do lado de fora, bem longe na rua... Hector percebeu que o homem queria correr, mas n?o o impediria. Era uma causa perdida. Ele deveria pensar melhor antes de trabalhar com um viciado, mas Diego era um cliente de longa data. Seu pai o teria cortado instantaneamente, mas Hector era mole demais para os neg?cios. N?o era de se admirar que o seu estivesse afundando. Sua cadeira rangia. Suas prateleiras estavam praticamente vazias. Quase n?o tinha clientes. Ele se virou na cadeira e tomou uma decis?o. “Diego, d? o fora daqui e me consiga meu dinheiro. Por favor. Agora, deixe-me falar ao telefone com clientes realmente pagantes, quem sabe eu consigo um pedido de ?ltima hora.” Ele virou as costas. Diego congelou e n?o disse nada por um tempo. Ent?o, ele se mandou da loja. GOTA TR?S Ele trancou a loja e subiu para seu apartamento. Ele escreveu alguns e-mails, bebeu um pouco de ouzo barato, e os enviou para os clientes por meio de criptografia PGP. Era madrugada, mas sua clientela n?o trabalhava exatamente das 9 ?s 5, para dizer o m?nimo. Ele bebeu um pouco mais de ouzo para ficar meio alto, e ent?o saiu para a sacada. Atenas parecia pac?fica. A vista n?o era muito boa, apenas um c?u nebuloso, amarelo acastanhado com toda a polui??o. Os postes de ilumina??o LED a pioravam. Ele estava em uma rua paralela ? avenida Syggrou. A rua tinha algumas lojas, artes?os como ele, itens especiais. Armas de fogo personalizadas, empunhaduras, equipamentos, brinquedos sexuais. Clientes do tipo 'n?o pergunte, n?o conte'. Pseud?nimos, negocia??es em canais criptografados, pagamentos em criptomoeda. Todas as coisas corriqueiras. Ele tinha que arranjar 10 mil para o Canvas para amanh?. Ele olhou de canto de olho para ver as horas. Restavam treze horas. Canvas, o executor local do Ares Defence, aparecia mensalmente e pedia sua porcentagem. Em troca, ele te mantinha seguro, principalmente dele mesmo. Canvas era como um tit?, uma torre de m?sculo e poder. Ele gostava de foder caras. Dois rapazes, em particular, os seus garotos Michael e Angelo. E ele gostava de longas caminhadas pelas lojas, mantendo a paz e drenando o sangue de seus inimigos para tingir seu corpo. Ele gostava que um de seus garotos o tingisse com sangue enquanto ele comia o outro. S?rio, tinha v?deo e tudo mais. Hector o assistira enquanto cobria os olhos durante a maior parte do tempo. Ele tinha que admitir que era um bom porn?, sob duas condi??es: Primeiro, que voc? gostava de trios gays, coisa que Hector n?o gostava. Segundo, voc? poderia de alguma forma ver al?m do fato de que uma pessoa tinha morrido dolorosamente para possibilitar essa ador?vel pe?a de pornografia. E aquele homem estava prestes a bater em sua porta em poucas horas. Esque?a emails. Hector voltou para dentro e acessou o aplicativo criptografado. Ele faria algumas liga??es e incomodaria algumas pessoas. O que eles fariam? Mat?-lo? “Sim, os detalhes est?o no e-mail que te enviei. Fa?a um pedido agora com pagamento antecipado e voc? ter? 50% de desconto em dez armaduras de corpo. ?, digamos que sim. Excelente. Assim que o pagamento chegar, eu entrarei em contato com voc? para saber as especifica??es que voc? quer, ok? Perfeito, bom fazer neg?cios com voc?.” Ele desligou. Sim! Quatro mil euros. J? era alguma coisa. O resto n?o respondeu, ou disseram que n?o precisavam de nada no momento. Hector conferiu as not?cias, n?o havia nada sobre tiroteios, arrombamentos, assassinatos corporativos, nada. Que merda. Os neg?cios disparavam quando havia algo do tipo acontecendo. Ele se sentia como um abutre, mas o que ele poderia fazer? N?o se sentir feliz quando um ataque terrorista no centro trazia cinco novos clientes em um dia? Ele virou o resto de ouzo, de uma vez s?. Ele bateu em sua mesa, estava empolgado e meio alto. Sono? Pff. Ele dormiria quando estivesse morto. Ele carregou o perfil social de Canvas em seu v?u e andou pela oficina. Tinha que ter algo aqui que pudesse salvar sua bunda. Esta velha e grande armadura de motim? Ele poderia ajust?-la para o grandalh?o. Mas era volumoso, feio mesmo. Feito para o m?ximo de prote??o. Claro, era intimidadora, mas o Canvas n?o precisava de ajuda nesse departamento. Um capacete? Algo com chamas? Do que os gays gostavam? Flores? Hector deu uma risadinha, o estresse pela sua morte iminente o deixou zonzo, mas ele n?o conseguia se conter. Nah, ele se imaginou presenteando um capacete florido ao tit?, depois sendo pisoteado ali mesmo em uma po?a de sangue, depois Michael mergulhando o pincel e enxugando-o levemente com um floreio. N?o. Ele precisava de algo que Canvas fosse gostar pra caralho. Hector parou em frente ao que ele chamava de guarda-vadia. Ele n?o fazia tanta propaganda disso, mas nessa rua at? mesmo isso poderia ser uma boa publicidade. Era uma armadura transparente, flex?vel. Um protetor de peito para mulheres, uma armadura l?quida que se transformava com o impacto e podia absorver um tiro de bala, transparente para que elas pudessem exibir seu f?sico e/ou suas roupas ?ntimas caras. ? prova de faca, ? prova de ?gua, confort?vel. N?o poderia te salvar de calibres maiores, mas obviamente seria preciso mais refor?o para isso. Esta tinha um prop?sito espec?fico em mente, prote??o pessoal com estilo. Hector levantou-a nos bra?os. Era pequena, mal conseguiria cobrir o lado esquerdo de Canvas, quanto mais seu peito inteiro. Era isso! Arte. Ele poderia emendar isso com... Hector jogou a armadura em sua bancada de trabalho, o sono desapareceu completamente, sua mente estava mais afiada do que nunca. Se safar da morte iminente faz isso com um homem. Ele tinha algumas horas para trabalhar nisso. Ele daria conta. Encomendaria algumas partes, que chegariam at? as onze horas... Ele segurou seu martelo. “Hefesto me conceda for?as, eu dedico isso a voc? como a minha maior pe?a,” ele murmurou, e come?ou a trabalhar. GOTA QUATRO Canvas chegou pontualmente. Ele veio na frente, seus dois garotos ao seu lado, al?m de mais dois homens. Caras novos, Hector nunca os tinha visto antes. Eles ficaram do lado de fora formando uma roda descontra?da e Hector se aproximou da porta para cumpriment?-lo. “Canvas, meu homem, parece bem hoje!” “Voc? parece uma merda, por outro lado,” disse Canvas. “Eu tenho uma lo??o para essas bolsas sob esses seus olhos, faz maravilhas.” “E adoraria experimentar, por favor, me envie uma amostra. Mas venha entrando.” Canvas ajustou a enorme metralhadora pendurada em seu ombro e suspirou. “Quando as pessoas s?o t?o educadas comigo, eu sei que elas n?o t?m o combinado.” “Os tempos t?m sido dif?ceis,” disse Hector, balan?ando a cabe?a para cima e para baixo. “Mas eu tenho algo, quatro-k.” Canvas olhou para Angelo e sacudiu a cabe?a. “Quatro-k ? algo que eu posso mostrar aos meus superiores, por hoje.” “N?o, n?o h? necessidade-” Angelo chutou um dos monitores e esmagou-o no ch?o. Aquela putinha loira. Hector se encolheu, mas ignorou o dano. “E eu tenho algo que eu sei que voc? vai gostar. Vamos dizer que seja um presente.” Canvas levantou uma sobrancelha. “Oh?” “Siga-me at? os fundos, est? na minha oficina.” Hector disparou para tr?s da loja e o tit? o seguiu. “Agora, isso ? uma obra de arte. Absolutamente ?nica no mundo, ningu?m tem uma igual.” Canvas franziu a testa. “? estranha. O que ? isso, uma meia armadura?” “? uma armadura sexy, meu homem sexy. Veja s?. Por favor, tomei a liberdade de ajust?-la ao seu tamanho, experimente-a.” Canvas olhou de volta para Angelo e o garoto ergueu o rifle alguns graus, cobrindo casualmente o chefe. Ele se despiu ali mesmo, sua armadura atual caindo em partes e batendo no ch?o. “H? um vesti?rio bem- Oh, certo, com esse f?sico, voc? n?o tem nada de que se envergonhar.” Hector desviou o olhar. Canvas olhou para baixo, examinando-a. “Como ? que eu-” Hector ajustou as presilhas. “Agora, imagine andar por a? com isso, com seu peitoral e tanquinho pintados, do jeito que voc? gosta. Voc? pode exib?-los, voc? pode ser o Canvas!” Canvas olhou para seu reflexo no espelho. Angelo se aproximou, sua express?o era luxuriosa. Sim! Hector conteve sua excita??o. Mas ele deu um soquinho no ar. “Como estou?” Canvas perguntou. “Dur?o e sexy,” Angelo assobiou. “Eu adorei. Na verdade, quero trepar com voc? aqui mesmo.” “?timo. E isso p?ra balas?” Hector entrou em modo-vendedor. “Metamaterial de alta qualidade, se transforma sob impacto em melhor do que Kevlar, imperme?vel a facas. Exibe o seu corpo e o protege ao mesmo tempo. Uma fortuna por cent?metro, apenas celebridades e grandes empres?rios podem pagar por isso.” Ent?o ele se virou e disse casualmente, “Viko usa uma.” ? men??o do nome da celebridade, Canvas se animou. “Viko? S?rio?” “N?o sai de casa sem ela. Trabalho personalizado, por essas m?os bem aqui.” Hector mexeu os dedos. “Voc? sabe que eu n?o cagueto meus clientes, mas sei que posso confiar em voc?.” Canvas se olhou no espelho mais um pouco. Ele tinha ficado muito bem, Hector tinha que admitir. Um tit? musculoso, inteligente, treinado, blindado at? os dentes, mas com partes transparentes entrela?adas em lugares estrat?gicos. Dur?o e sexy de fato. Hector sentiu-se meio orgulhoso. Se ele pelo menos pudesse viver para aproveitar o sentimento. Canvas se aproximou e Hector estremeceu. Ele deu um tapa em seu ombro e mostrou seus dentes perfeitos. “Adorei.” Hector respirou aliviado pela primeira vez em horas. GOTA CINCO Timbo ouviu a voz de deus. Seus p?s descal?os batendo no m?rmore frio, ele deu uma volta na esta??o de metr?. “Saia daqui,” disse a voz de deus. Timbo olhou para cima, checou todos os cantos. O teto era t?o alto e ele virou tanto a cabe?a que caiu de bunda. “Eu j? disse, saia daqui!” a voz de deus veio de todos os lados. Timbo fugiu e correu alguns passos, se escondendo atr?s de uma esquina. Certamente deus n?o poderia v?-lo agora. “Eu ainda estou te vendo,” disse deus, sua voz clara, vindo de todo os cantos. A voz chiava como um r?dio ruim, como o que a av? sempre ouvia. Timbo precisava conseguir algumas moedas para o dia. Ele n?o sabia realmente o quanto ele tinha, mas ele podia segur?-las na palma da m?o e sentir seu peso. Eram definitivamente leves e Phuro iria dar uma co?a nele se ele voltasse assim. Timbo descobrira que o melhor lugar para mendigar era ao lado das cabines de recarga. As pessoas colocavam seus passes de metr? na m?quina, tocavam em alguns pontos na tela, e depois, ou passavam outro cart?o ou colocavam moedas. Aqueles que contavam as moedas enquanto se aproximavam da m?quina eram os que Timbo poderia persuadir. Ele ia at? eles, cutucava o nariz, mostrava suas pernas imundas e olhava para eles com seus grandes olhos. Era o que a Fam?lia dizia, pelo menos. Que ele tinha olhos grandes. Timbo n?o podia ver seus olhos para saber o qu?o grandes eles eram, mas se todos insistiam, devia ser verdade. E Timbo era bom nisso, ele ia at? as pessoas e implorava e elas lhe davam algumas das moedas que a m?quina cuspia. Elas sa?am da abertura com o pl?stico transparente no fundo, e Timbo tentou uma vez alcan?ar e pegar mais algumas moedas, mas nenhuma caiu. E a m?quina arranhou o bra?o dele e doeu e Timbo disse “Owie,”. ? por isso que deus estava gritando com ele, por chutar a m?quina que soltava moedas. Timbo olhou ao redor. Por acaso a esta??o de metr? estava vazia naquele momento. Bem iluminada, tudo funcionava, mas n?o havia mais ningu?m por al?, exceto o pobre e pequeno Timbo. Ele se escondeu atr?s da esquina e segurou as moedas na m?o. Elas eram muito leves. Ele sabia que Phuro ficaria louco. Timbo precisava trazer algo de volta. Todos os seus irm?os e irm?s e primos traziam algo de volta todas as noites. Se n?o, eles levavam uma surra e n?o comiam e dormiam do lado de fora. ?s vezes, as pessoas olhavam para as m?os e p?s sujos de Timbo e lhe davam coisas para comer, falando-lhe sobre mendigar e como ele estava sendo usado. Timbo concordava, sorria e mantinha a palma da m?o levantada, mas sabia que n?o estava sendo usado. A Fam?lia era a Fam?lia. Voc? provia para a Fam?lia e a Companhia como um todo. Esses gadjes n?o sabiam disso? E quando voc? fica velho o suficiente para ter suas pr?prias crian?as, voc? fica com parte do esp?lio do dia delas. Timbo tinha um primo que j? tinha idade suficiente para ter duas crian?as, que sua esposa levava por todo o sul de Atenas. Timbo os via de vez em quando porque ele andava de metr? o dia inteiro, e ia e vinha e ia e vinha. Eles eram legais com ele e checavam o qu?o leves eram suas moedas e ?s vezes davam a ele algumas moedas para trazer de volta ao Phuro. Seu primo sabia melhor do que ele como alguns dias eram dif?ceis. “Cai fora, seu merdinha, ciganinho nojento!” deus disse de todos os lugares. Timbo come?ou a correr como um condenado. Ele correu na contram?o da escada rolante, ofegando enquanto era arrastado de volta para baixo. Na pressa, ele esqueceu que este caminho era mais dif?cil. Timbo s? ia na contram?o quando estava entediado e queria brincar. Na pressa, ele foi por este caminho mesmo e ficou de quatro para chegar no topo. Ele chegou ao lado de fora. Seus olhos rapidamente se ajustaram ? rua escura. O metr? era t?o claro, e o m?rmore ainda refletia a luz, que poderia muito bem ser dia l? embaixo. Ele andou alguns quarteir?es, olhando em volta, esperando para ver se o deus ainda podia v?-lo. Felizmente, ele n?o podia. Timbo dobrou os dedos dos p?s. O m?rmore era agrad?vel e liso, mas a rua era bem diferente. Timbo gostaria de ter sapatos, mas Phuro sempre dizia que ele acabaria crescendo de qualquer maneira e de que serviria? Al?m disso, ele parecia mais pat?tico assim e as pessoas lhe davam mais moedas. Mas agora estava frio e Timbo andava sozinho. Ele n?o estava perdido, sabia o caminho de volta para o beco de Phuro, e mesmo que ficasse muito tarde, ele sabia o caminho de volta para casa. N?o estava perdido. Mas ele n?o se atreveria a voltar s? com essas moedas. Ent?o, ele encontraria algo para levar para casa. Roubo, era como os gadjes chamavam. Sua Fam?lia n?o chamava assim, mas os gadjes ficavam muito bravos quando eles pegavam voc? fazendo isso. Se eles n?o te pegassem, ent?o tudo bem. Ent?o, Timbo s? precisava encontrar algo para levar para casa. Algo... como um bal?o? N?o. Como... uma barra de chocolate? N?o, isso tamb?m n?o. Algo... como a bolsa desse homem? Ele deixou-a apoiada contra um poste de luz. Ele estava sentado no escuro, esperando. Ele continuava co?ando o bra?o e n?o conseguia ficar parado. Ele deixava Timbo com medo, mas ele tinha outra escolha? Al?m disso, o homem n?o parecia estar muito atento. Ele parecia como outros gadjes pareciam quando falavam com algu?m ao telefone, mas ele n?o tinha telefone, e Timbo tinha certeza de que estava falando sozinho. Sua mente estava longe, definitivamente. Timbo era pequeno. Era f?cil andar em sil?ncio, escorar na parede, ficar na sombra. Ele estendeu sua pequena m?o em dire??o ? bolsa. O homem se virou para ele e Timbo se escondeu, certo de que tinha sido pego e ia receber uma surra, e ent?o ele tamb?m receberia outra surra de Phuro por n?o trazer nada de volta. Mas o homem apenas se contorceu como antes e murmurou. Quando ele desviou o olhar, Timbo decidiu ir em frente. Ele esticou o bra?o e pegou a bolsa. Estava cheia de algo que Timbo n?o podia ver e era muito mais pesada do que Timbo imaginou. Ele grunhiu e ele estava certo de que o homem o ouviria, mas ele n?o ouviu. Timbo levou a bolsa, sentindo seu peso, sorrindo largamente. Ele traria algo para casa hoje. GOTA SEIS Diego co?ou as crostas nos seus bra?os. Ele quase podia ouvir a voz de sua m?e dizendo-lhe para parar com isso, mas ele continuou, fazendo-as sangrar. Ele n?o podia evitar quando estava na fissura assim. Balan?ando nas pontas dos p?s, ele esperou no beco. Estava escuro e ele n?o conseguia ver merda nenhuma. Ele procurou nos bolsos por sua fiel lanterna. Levou muito tempo para perceber que ele a havia vendido no dia anterior. A trocou por uma ?nica carreira de coca?na. Ele precisava daquela carreira. Ele co?ou suas crostas atrav?s da manga. Onde estava aquele maldito ucraniano? O cara era sacana pra cacete e n?o tratava Diego muito bem, mas era sempre pontual. A pontualidade era uma qualidade estranha, comum a todos os bons mafiosos. Se voc? n?o chegar na hora combinada, as pessoas ficam ansiosas e se mandam. Dedos ansiosos sempre acabavam puxando o gatilho e matando algu?m. Sempre. Diego lambeu os l?bios, mordendo as feridas secas. Ele olhou para um lado e para o outro na rua escura, estava escuro pra cacete, cara! Quem, em s? consci?ncia, marcaria um encontro neste buraco? Atenas era um po?o de merda, mas voc? poderia encontrar alguma parte iluminada para fazer neg?cios, cara! E algum lugar onde o vento n?o soprasse e te congelasse at? os ossos. Ele segurou o casaco mais apertado. N?o melhorou quase nada, turco imbecil. Era estilosa e Diego gostava de se vestir bem. Ele precisava de uma boa imagem para seus neg?cios, cara. De que outra forma ele conseguiria seu pr?prio time? Ele tinha Patty Roo, o que j? era um bom come?o. Nem muito barata, nem muito cara. Uma boa atleta mediana. Mano, ele teve sorte nessa aposta ou o qu?? A porra do Apostolis precisava de dinheiro r?pido e Diego estava l? para apostar? Sortudo, sortudo, sortudo pra cacete. Apostolis, o puto ignorante, perdeu, claro, e entregou a chave da mulher para Diego. Pelos seios enormes de Dem?ter, que b?n??o ela havia lhe dado naquele dia! Diego co?ou as crostas. Elas doeram, mas foi bom sentir alguma coisa nessa noite fria. Se ao menos ele tivesse sua lanterna, cara. Ele verificou a mercadoria. Quatro coletes HPP de ?ltima gera??o. Lindos, simplesmente lindos, como sempre. Aquele filho da puta do Hector era um artista com essa merda, cara. Diego sempre dizia isso a ele, feliz pra cacete por ele ser seu amigo, cara. T?o orgulhoso. T?o fodidamente orgulhoso. Diego co?ou o bra?o de novo. Ele olhou para a bolsa. Onde estava aquele ucranianozinho de mer... Finalmente. Far?is de carro. Diego levantou o bra?o, n?o podia ver nada. Algu?m saiu. Baixo e largo, como o ucraniano. “Porra, finalmente, cara, eu t? congelando minhas bolas aqui!” O homem n?o disse nada e se aproximou. Diego n?o conseguia ver o rosto dele. “T? com sua merda aqui mesmo. Merda da melhor qualidade, melhor na cidade. Voc? n?o vai se desapontar.” Ele encolheu os ombros. “Tive que realmente vasculhar todo o estoque para ach?-las, n?o foi f?cil. Mas por voc?, e pelo pre?o certo...” ele parou, sua voz soando orgulhosa. O rosto do ucraniano era feio e marcado como sempre. “Vamos, Diego. Me mostre o que tem.” “Claro, deixe-me-”, Diego congelou e olhou para o local onde a bolsa estava h? um minuto. “Um...” ele co?ou a cabe?a, arrastando os p?s no escuro. Talvez ele tenha chutado pra longe sem perceber? Talvez tenha deixado em outro poste de luz? “Pare com essa bobagem, voc? tem ou n?o? N?o me fa?a perder tempo.” “Estava bem ali, juro! Apenas um minuto atr?s, pouco antes de voc? estacionar-” “Malaka prezoni,” o ucraniano xingou em Grego e tirou algo da jaqueta. Um flash e, por um momento, Diego p?de ver tudo. A rua suja, as l?mpadas queimadas, as persianas fechadas, o carro ? frente. Um pequeno anjo, correndo pra longe com min?sculos p?s descal?os. P?s sua m?o sobre sua barriga e ela voltou ensanguentada. Diego gorgolejou e xingou o ukraniano de volta. O homem ignorou-o e simplesmente o largou l?. O drogado deitou-se no meio da rua, uma po?a de sangue se formando em torno dele. N?o estava t?o frio agora. At? os arrepios foram embora. Diego teve apenas tempo suficiente para enviar uma ?ltima mensagem. GOTA SETE Diego enviou-lhe uma mensagem de texto estranha. 'Olhe no arm?rio. Cuide bem dela.' Hector tentou ligar de volta mas seu telefone n?o completou a liga??o. Ele estava muito cansado e abalado para lidar com os pensamentos incoerentes de um drogado agora, ent?o ele os ignorou e subiu para tirar uma soneca. Assim que ele caiu na cama, ele sentiu o sono envolvendo-o todo como um cobertor. Algumas horas depois ele se sentia melhor. N?o exatamente descansado, mas teria que ser o suficiente por enquanto. Por pouco n?o pisou em Armadillo. Seu animal de estima??o olhou-o com raiva pois ele tinha esquecido de aliment?-lo. Ele era treinado a pressionar o autofeeder para conseguir ra??o, de modo que ele nunca correria o risco de morrer de fome devido ? neglig?ncia, mas o fresquinho gostava mais das comidas enlatadas. Hector verificou o arm?rio. “?, desculpe, Armadillo,” disse ele, bocejando, “se contente com a ra??o. Eu n?o comprei comida para mim tamb?m, eu estava ocupado demais certificando-me de que n?o fossemos assassinados.” O Armadillo se animou e mexeu as pernas dianteiras. “Eu sei que voc? sobreviveria. Mas e quanto ao velho molenga aqui? Hector acenou em desd?m. “Ah... eu vou fazer compras, estamos sem nada de qualquer maneira.” O dia parecia bom. A cidade ainda era uma merda, mas ter sobrevivido fez tudo parecer saturado demais, as cores, os cheiros, a vida ao seu redor. Ele normalmente pegaria o caminh?o, mesmo para uma viagem t?o curta, mas hoje ele queria sentir o ar, sabe, sugar o mon?xido de carbono? Atravessou a avenida Syggrou, ignorando as prostitutas nas suas esquinas. Ele desviou duas ruas do seu caminho para a boca de fumo habitual de Diego, que ficava atr?s de uma casa de apostas. Hector n?o era chegado em esportes. Pela primeira vez na vida, ele notou os v?rios cartazes e estat?sticas exibidos para o futebol, basquete e corrida de F?rmula 1, tanto cl?ssicos quanto el?tricos, mas seus olhos ca?ram no torneio Cyberpink. Era meio dif?cil evitar. A coisa toda era projetada para atrair o olhar masculino enquanto roubava suas economias. Ele entrou no local de apostas. Telas e mais telas com estat?sticas, replays, partidas, todas controladas por realidade aumentada e todas com som hologr?fico direcional de modo que todos podiam ouvir apenas o jogo que queriam, fazendo com que o local tivesse um estranho efeito de eco como se fosse assombrado. Homens e mulheres apostavam nas equipes, nos resultados, nas jogadoras, nas MVPs e, para o espanto de Hector, nas les?es das jogadoras. Ele percebeu que n?o sabia nada sobre Cyberpink. Havia algumas mulheres, em equipes? E algo sobre um cr?nio? Um cr?nio de cachorro, por algum motivo? E pontos? Essa era toda a extens?o de seu conhecimento. Seu implante mostrou um resultado de pesquisa em seu dispositivo de realidade aumentada, mas ele o dispensou. Ele se sentia cansado demais para aprender coisas novas agora. Onde estava o Diego? Esta era sua boca habitual. Ele perguntou ao lojista. “Oh, cara, ele te devia dinheiro tamb?m?” Hector tomou nota do tempo passado. “Sim, mas n?o ? por isso que estou perguntando. Eu realmente conhe?o o bastardo h? anos.” “Ah, maaano, sinto muito, ent?o. Meus p?sames.” Hector deu um passo para tr?s. “De que porra voc? est? falando?” “Ele foi pego esta manh?, cara, a duas quadras daqui. Ele estava fraco de tanta droga e se esvaiu em sangue antes que algu?m pudesse ajud?-lo. Sinto muito, de verdade. E voc? n?o vai receber seu dinheiro de volta, Diego n?o tinha contas banc?rias nem nada. Ele tamb?m me devia, eu fiz um hacker verificar.” Hector for?ou um sorriso para o homem. “Que tato pros neg?cios voc? tem,” ele brincou. O homem encolheu os ombros. “? o que ?, cara. Se voc? soubesse quantas vezes eu preciso fazer isso, voc? n?o seria t?o cr?tico. Enfim, est? afim de fazer uma aposta? As Beasties parecem ter chances de pegar a ta?a este ano.” Ele levantou um ORA na palma da m?o, um Objeto de Realidade Aumentada que poderia ser visto por qualquer um no v?u, o que significava praticamente todo mundo no planeta. Uma mulher de armadura, sexy pra caralho, com sua bunda empinada e l?bios sedutores. “Essa ? a Siren, minha favorita. Linda, n?o ?? De qual delas voc? gosta mais?” O homem olhou para cima e parecia que ele realmente queria saber. “Humm. Eu n?o sou um cara chegado em esportes. Onde voc? disse que o Diego foi pego?” O lojista digitou um n?mero de rua e compartilhou o mapa com Hector. “Obrigado.” “Sem problemas. Venha apostar na Siren, hein? Dinheiro garantido!” ele gritou atr?s dele. GOTA OITO Ningu?m havia se incomodado em lavar o sangue. Hector ficou l? com as m?os nos bolsos da jaqueta. O sangue estava vermelho nas bordas, seco, parecendo marrom-escuro agora. N?o era cor-de-rosa. Isto n?o era um jogo esportivo. Isto n?o era um show no v?u, ou na internet, ou em realidade virtual. Ele conhecia Diego h? mais de 10 anos, e isso ? muito tempo quando voc? tem apenas 30 anos. Praticamente toda a sua vida adulta. Ele n?o era um amigo de verdade, mas conhecia o bastardo bem o suficiente. Eles ficaram b?bados algumas vezes juntos, deram algumas risadas. Menos vezes depois que ele se tornou um viciado, desde ent?o, era tudo sobre a pr?xima carreira para Diego. Ele nunca foi o melhor dos clientes, mas ele sempre pagava suas d?vidas com informa??es da rua e v?rias oportunidades. A maioria eram tiros no escuro, mas algumas de suas dicas tinham realmente dado certo. E agora, o que restava dele era uma mancha ao lado da estrada. Uma embalagem de comida descartada ficou presa no sangue ressecado. Lixo agarrado ao lixo. Ele passou a pr?xima meia hora andando de um lado para o outro no mesmo beco, tentando chamar algu?m no telefone. O corpo de Diego havia sido recolhido e deveria ser eliminado pela cidade de Atenas. Ele queria ser reciclado, ter uma ?rvore cultivada a partir dele. Eles informaram a Hector que seu amigo era, aparentemente, um adorador de Dem?ter. Hector sorriu surpreso. Ele n?o conhecia esse lado consciente-ambiental dele. A cidade recusou o pedido no testamento devido ? falta de recursos, naturalmente. Mas at? mesmo uma igreja corporativa n?o dava ajuda ?s pessoas. Especialmente aos mortos. Hector pensou por um minuto. “Eu pagarei pelo funeral, de acordo com seus desejos. Envie-me a fatura.” 1200 euros, o email disse. Ele verificou sua conta banc?ria. 1700 euros. “Eu vou somar isso ao resto que voc? me deve, bastardo est?pido,” disse ele para a mancha de sangue. “Desculpe, senhor?” “Nada. Eu vou cuidar disso agora mesmo.” Ele desligou, pagou a fatura eletronicamente e foi fazer as compras, mesmo que o mero pensamento de comida agora o fizesse vomitar. GOTA NOVE De volta ? sua oficina, Hector teve um pensamento inc?modo. Ele leu a ?ltima mensagem que Diego havia enviado em voz alta para Armadillo. “Tem alguma id?ia? N?o?” Ele largou as ferramentas e foi para a frente. Ele ficou parado no lugar em que Diego estava na ?ltima vez em que o viu. A vez em que ele virou as costas para ele. Olhou ao redor. O arm?rio ? direita, perto da sa?da. Ele abriu. O pen drive estava l?. Limpo. Precioso. Aquele bastardo astuto. Ele tinha virado as costas, o qu?, cinco segundos? Dez, no m?ximo? Hector pegou-o com firmeza e foi visitar outro artes?o que ele conhecia. GOTA DEZ “Uma belezinha o que voc? tem aqui,” disse o homem acima do peso, rolando a tela de seu computador. O covil do hacker estava cheio de computadores destru?dos e refrigerantes. “Tony, eu ainda n?o entendi essa coisa de propriedade blockchain.” “Violator, cara. Meu nome ?-” o hacker choramingou. “Eu nunca vou te chamar assim. Agora pare de desperdi?ar meu tempo. Explique,” ele disse parecendo entediado, fazendo sinal para ele ir em frente. Tony, o hacker, tomou um gole e pensou um pouco. “Olha, a blockchain ? p?blica e imut?vel. ? um registro p?blico de quem enviou o qu?.” “Eu uso criptomoedas, eu meio que entendo isso. Certo. Como esse pendrive me ajuda?” “Este pendrive simplesmente carrega o paramone, a chave hash de propriedade da atleta designada. Neste caso, de uma tal de Patty Roo,” Tony apresentou a imagem de uma atleta. Hector se inclinou para a frente, de repente n?o mais entediado. “4.500 de rendimentos, tipo, em euros por m?s?” Ele assobiou. N?o era uma fortuna, mas ele precisava de tr?s pedidos completos para chegar a esse n?vel de renda com sua loja, e tamb?m tinha despesas e custos de material para pensar. “Sim. Deixe-me carregar o Cyberpink Owners App no seu v?u...” Hector apertou o bot?o de instala??o assim que apareceu, seus olhos sem desgrudar da p?gina de estat?sticas. “E agora a chave hash de propriedade...” Tony digitou em seu teclado. “Vamos esperar por alguns segundos. Tr?s confirma??es. Sete. Conclu?do.” Ele virou a cadeira e brindou com um suco de laranja cheio de a??car. “Voc? ? agora o orgulhoso propriet?rio de uma atleta Cyberpink. Seu contrato paramone pertence ? voc?.” Hector recostou-se e respirou fundo. “E eu acabei de me tornar um propriet?rio de escravo? F?cil assim? Como isso pode ser legalizado?” “D?bito,” disse Tony, pin?ando o ar diante dele como se a palavra estivesse pendurada em seus dedos. “D?vida maci?a e esmagadora. N?o ? escravid?o, n?o tecnicamente. ? servid?o por d?vida. As garotas est?o apenas pagando de volta o que devem ?s corpora??es, produzindo renda. Naturalmente, as les?es e os custos de manuten??o continuam se acumulando, junto com os juros e as taxas de atraso. ? tudo perfeitamente legal de acordo com os contratos que todos assinamos, e elas simplesmente competem no Cyberpink por anos antes mesmo de chegar perto de pagar suas d?vidas.” “Ent?o, eu n?o possuo uma escrava, eu apenas possuo sua d?vida, ent?o at? que ela pague, ela ? tecnicamente minha para fazer o que eu quiser.” Tony lambeu os l?bios de uma maneira repugnante. “Tendo id?ias?” “Sim!” Hector cuspiu as palavras, com os olhos arregalados. “Vou coloc?-la para trabalhar e pagar minhas d?vidas.” GOTA ONZE Eles pegaram o caminh?o de Hector e chegaram ao est?dio Cyberpink. As ruas estavam cheias de pessoas que chegavam, ?nibus esvaziavam filas inteiras de f?s, carros estacionados em todos os lugares e em qualquer lugar. Barulho, m?sica eletr?nica, carrinhos de cachorro-quente e de loukoumades, pessoas gritando, excitadas. “Eu nunca entendi toda essa coisa de ser f? de esportes,” admitiu Hector, acenando ao redor. Tony comprou um punhado de refrigerantes. “Ah, voc? est? perdendo. Seu pai n?o te trazia para nenhum jogo?” “Meu pai me ensinou como fazer armaduras.” “Parece empolgante. Al?m de ser um ganha-p?o, certo? Vamos l?, port?o C, l? est?o nossos lugares.” Hector seguiu o homem acima do peso enquanto ele atravessava a multid?o. Ele nunca gostou de multid?es, o faziam se sentir desconfort?vel. Inseguro. Ele poderia se contentar com pelo menos duas de suas armaduras em exibi??o agora, mesmo as mais leves. O colete que ele usava quase n?o parecia prote??o suficiente. As pessoas ca?am sobre ele, um esguichou um pouco de ketchup de seu cachorro-quente nele e nem sequer se desculpou, crian?as se debatiam enquanto eram carregadas por seus pais, chutando pessoas ao seu redor, impunemente. Loucura. As garotas Cyberpink estavam por toda parte ao redor deles. Em cartazes gigantescos, em proje??es hologr?ficas realistas, em ORAs que inclu?am um pr?tico bot?o ‘Comprar Agora’ pra conseguir uma vers?o animada de alta resolu??o para bater punheta, tudo. Cores, carne, seios, junk food, bebida alco?lica, mas tudo ainda permitido para crian?as por algum motivo, adequado para toda a fam?lia. Traga seu filho para uma partida de Cyberpink, tenha algo para se lembrar quando o pirralho de merda se tornar um adolescente e n?o quiser mais sair com voc?. Excesso. P?o e circo. Hector sacudiu a cabe?a. A quem ele estava enganando? Ele, no m?nimo, era parte do sistema agora, um orgulhoso propriet?rio de atleta. Ele mal podia acreditar. “Vamos!” Tony gritou e acenou para que ele subisse as arquibancadas. O lugar estava lotado. Hector sentou-se, tendo que acotovelar Tony que ocupava muito espa?o. O est?dio era muito menor que um campo de futebol, uma c?pula fechada, mas com as mesmas luzes ofuscantes que brilhavam na grama, o placar gigante, os fot?grafos e cinegrafistas que flanqueavam o campo. Claro, voc? poderia carregar tudo no seu v?u e assistir de qualquer ?ngulo que desejasse. Tudo por uma assinatura baratinha de 14,99 euros. O an?ncio explodiu no rosto de Hector, completamente ilegal em outras ?reas, voc? n?o podia simplesmente invadir os v?us das pessoas assim sem a permiss?o deles, mas eles aceitaram os termos e condi??es da Dionysos Entertainment ao comprar o ingresso. Sua casa, suas regras. Uma atleta Cyberpink peituda agitou os seios em seu rosto, e ele tentou ignorar o irritante ORA. Tony lhe deu uma cotovelada, sorrindo. “Voc? acha que isso ? bobo.” “Bem, sim.” “Mas voc? tamb?m est? se empolgando.” Ele ofereceu um refrigerante. “Eu tenho que admitir que estou. N?o, obrigado, eu realmente n?o quero ter que usar o banheiro aqui. Ent?o, me conte tudo sobre essa porcaria. Eu n?o sei merda nenhuma sobre isso.” “Nada? Wow. Ok, vejamos. O Jugger ? um esporte simples, mas muito divertido.” “? como futebol com armas medievais, certo?” “Bem parecido. Duas equipes de cada lado, cinco atletas em cada equipe. Uma Qwik, uma Chain, tr?s Enforcers.” “S? isso?” “Isso ? tudo que ? preciso. Mas fica complicado rapidinho, ent?o deixe-me explicar.” A partida estava prestes a come?ar. Cornetas soaram, a m?sica tocou, f?s se organizavam para se sentar. “A ?nica que pode carregar o cr?nio ? a Qwik de cada equipe. Ent?o as outras tentam proteg?-la, enquanto acertam a equipe advers?ria.” O logo da Dionysos apareceu no meio do est?dio. Os f?s urraram. As Pinup Girls correram em uma forma??o dispersa dentro do est?dio. As cores do time delas eram verde e branca. Elas posaram em sincronismo, assim como as Pinups das antigas. Empinando suas bundas, estufando seus peitos, apertando seus l?bios. Os f?s enlouqueceram, gritando de modo selvagem, dando declara??es p?blicas de amor, disparando suas c?meras para conseguir um pedacinho das ador?veis mulheres. Uma n?o estava muito alegre. Elas a tinham posto habilmente nos fundos da forma??o. “Essa ? ela?” “Sim, essa ? sua garota. Sem ofensas cara, mas ela parece meio deslocada nas Pinups.” “Relaxa,” resmungou Hector, mantendo os olhos em seu investimento. Sim, ela era diferente, tudo bem. Cabelos curtos, excessivas modifica??es corporais, em contraste com o resto das Pinups que s? tinham armaduras de verdade no peito, que Hector n?o podia ver claramente de t?o longe, mas j? aprovadas. Ela se mantinha em uma estranha 'pose sexy', obviamente se esfor?ando e obviamente falhando. O est?dio entrou em erup??o. Hector achou que tinha ficado surdo. O locutor mal podia ser ouvido. A equipe advers?ria entrou, e a multid?o rugiu, levantando-se, jogando a comida para o alto, sacudindo os port?es de metal enquanto os seguran?as os derrubavam com armas de choque impunemente. “Senhoras e senhores e suas varia??es, apresentando as Daaarlings of Deeestruction!” o locutor disse em sua voz retumbante. “Eu suponho que essas sejam as favoritas para ganhar esta partida?” Hector gritou para ser ouvido. “Claro que sim. Cara, eu amaria umas Pinups em qualquer dia da semana, mas as Darlings... Bem, voc? vai ver.” Ele beijou as pontas dos dedos. “Oh, uau, essa ? uma boa armadura.” disse Hector, avaliando o valor de cada item enquanto as Darlings passavam e as via em um close de realidade aumentada. Tony se virou para ele. “O que voc? ?, um sem-pinto?” Hector engasgou. Ele assentiu, explicando, “N?o-Sim, elas s?o gostosas, mas suas armaduras s?o realmente boas, sem brincadeira.” Tony gargalhou. “Voc? est? desorientado, meu amigo.” As duas equipes tomaram seus lugares no campo. Um ?rbitro colocou um cr?nio no meio, e elas esperaram em linha nas extremidades opostas. Havia um monte atr?s de suas costas feito de algo laranja e macio. Elas seguravam armas, espadas e ma?as, que pareciam ser de treinamento, com bordas suaves e pontas enormes. Ent?o um tambor come?ou a bater profundamente, reverberando pela multid?o que clamava. As atletas correram para a frente, cobrindo a dist?ncia em um segundo. Hector n?o p?de seguir a a??o. Algu?m bateu em outra, ela se ajoelhou, as menores correram para o cr?nio, elas foram atingidas, mas uma aparou o golpe com os bra?os? “Por que as outras n?o defendem com os bra?os tamb?m?” “S? as Qwiks podem, agora cale a boca,” disse Tony, concentrando-se na a??o e tomando um gole da bebida. Algo aconteceu no meio, espadas se chocaram, uma mulher caiu de costas, a a??o avan?ou. Uma ma?a girou em um amplo arco e atingiu uma Pinup Girl, sua cabe?a se deslocou pro lado e ela foi jogada para tr?s com tanta for?a que voou cerca de cinco metros, sangue cor-de-rosa espirrando no ar, a multid?o enlouquecida. Ent?o uma Qwik bateu o cr?nio no ch?o. Um juiz assobiou. Hector ficou chocado. “Que porra ? essa? Onze segundos e elas j? pontuaram?” Os replays passaram em looping, a pobre garota sendo atingida no rosto, sua cabe?a deslocando para tr?s de novo e de novo, sangue cor-de-rosa voando no ar. “Cyberpink. ? o esporte mais r?pido de todos os tempos. Voc? vai se acostumar. Toque nos replays em seu v?u. Depois que entender as regras, ficar? mais f?cil.” “Ok. E, s? uma pergunta idiota, por que o sangue ? cor-de-rosa?” “Ah, isso. ? engenhoso na verdade. Como as regras de transmiss?o exigem que n?o se mostre sangue na tela, elas t?m uma Intelig?ncia Artificial instru?da por m?quina que muda a cor do sangue na transmiss?o em tempo real.” “Mas n?o estamos assistindo a transmiss?o. Est? acontecendo aqui, ao vivo.” Hector abriu a palma da m?o na dire??o da partida. Tony acenou. “? uma luz em um comprimento de onda espec?fico, somada a um RA opaco que faz realmente parecer cor-de-rosa, mesmo quando voc? est? aqui no est?dio.” “Wow. Isso ?…” “Brilhante, n??” “Doente. Isso ?… doente.” “Ah, ?? Eu quero ver sua cara quando voc? coletar o cheque de pagamento da partida, propriet?rio.” Ele disse a palavra como se tivesse um gosto amargo. Hector calou a boca. Claro, ele era um hip?crita. O que ele poderia fazer? Seu neg?cio estava afundando. N?o era como se ele tivesse pedido para ter uma atleta, apenas meio que caiu em seu colo. Ele poderia vend?-la o mais r?pido poss?vel e obter um bom lucro. Tony ficaria feliz em apresent?-lo aos seus conhecidos do mercado e garantir que tudo desse certo, por uma porcentagem. Eles carregaram a Pinup Girl em uma maca e uma substituta entrou. Era a Patty Roo. Ela carregava uma espada longa e parecia desconfort?vel. E quem n?o iria? Uma membro da equipe caiu, um ponto perdido j?. Este jogo era louco. O tambor come?ou de novo e as atletas correram para a frente, mais uma vez uma enxurrada de golpes e defesas e avan?os e gritos e… A qwik marcou. “Puta que pariu!” Hector exclamou e se levantou, a multid?o ao redor murmurando com ele. Tony sorriu e tomou um gole. “Voc? j? est? viciado?” “Qual ?, mal passou um minuto e j? estamos perdendo?” “N?o se preocupe, as atletas recebem mesmo assim, ganhando ou perdendo. As vencedoras recebem os b?nus, ? claro,” ele murmurou para si mesmo, assentindo. “e os patroc?nios, o merchandising, e o sexo e o-” Hector acenou para ele se calar. “J? entendi.” Ele sentou-se novamente, afundando em seu assento. “Eu ganhei uma perdedora.” “Sim. Cara, voc? est? esquecendo quem era o dono anterior. Diego, cara.” “Sim,” ele suspirou. “Uma pausa comercial, vou dar uma mijada. Eu deveria ter te escutado sobre os refrigerantes.” GOTA DOZE Hector puxou os cabelos. Isso era t?o estressante. A partida continuou, ele mal conseguia acompanhar. Espadas e bast?es e ma?as voavam e batiam em todas ao redor. Ele n?o tinha ideia do que estava acontecendo. Ele rodou replays e assistiu Patty Roo. Ela parecia boa nisso, mas algo estava errado. Ela girou sua espada longa com precis?o, ela esquivou de tantos golpes, evitando-os por uma polegada. Mas a equipe advers?ria como um todo parecia melhor. Muito melhor! Tudo o que as Pinup Girls tinham para mostrar eram seus peitos. Hector verificou suas estat?sticas. Sensualidade, 3. Sensualidade, 2. Sensualidade, 3. As habilidades ?teis eram todas 1. Claro, deixavam as propagandas bem atrativas, mas n?o iam ajud?-las a ganhar nenhuma partida. Com bunda ou sem, isso ainda era um esporte, porra! Ou talvez nem importasse? Hector estava quase arrancando um punhado de cabelos. Do ponto de vista comercial, era insano. As Pinup Girls usavam uma armadura min?scula que mal as cobria, priorizando a sensualidade ao inv?s da prote??o. Capacetes estavam fora de quest?o, claro. N?o era de se admirar que elas estivessem sendo massacradas. Duas atletas feridas, com semanas de recupera??o pela frente e poss?veis danos permanentes? Insano. Ele sentou-se na beira do assento, quase pronto para dirigir de volta ? loja e pegar uns equipamentos adequados para essas pobres garotas. Quer dizer, porra, at? mesmo o equipamento mais barato que ele tinha teria segurado aquele ?ltimo golpe debilitante que lhes custou um ponto. As armas deveriam ser de treinamento, macias, de espuma, pl?sticas. Mas for?a ? igual ? massa vezes uma acelera??o da porra, e quando voc? tinha bra?os cibern?ticos balan?ando-as com tanta for?a, n?o importava se elas eram de espuma ou n?o. Elas ainda eram capazes de arrancar seus dentes. Sangue. Esse era o jogo. Corre??o, esse era o show. Mas o desperd?cio por tr?s disso tudo era enlouquecedor. Essas pessoas n?o se importavam nem um pouco com essas pobres mulheres? No m?nimo, eles poderiam proteger seu investimento. Comprar uma atleta n?o era barato, mesmo nesta merda de terceira divis?o. Tony voltou, empurrando os f?s com a barriga, e sentou-se. “Cara, levou uma eternidade para mijar. Acabei mijando numa barraca ao lado dos banheiros.” “Obrigado pelos detalhes,” Hector estremeceu. “O que eu perdi? Oh, dez pontos ? frente? Sinto muito, cara, sem b?nus hoje.” “Parece que n?o. Mas...”, ele se perdeu em pensamentos. “Quero dizer, elas...” A batida de tambor come?ou novamente e Patty atacou. Ela estava lenta, claramente ainda se recuperando de uma les?o anterior a essa partida. Ainda assim, ela era boa. Ela atingiu duas oponentes, paralisando-as por algumas batidas do tambor. Hector percebeu isso por conta pr?pria. Ela manteve as duas no ch?o, deixando uma abertura para a sua Qwik e a Chain para alcan?ar mais longe e cobrir ela. Elas correram juntas, indo para o monte. Elas foram bloqueadas, e ambas ca?ram de joelhos, o cr?nio rolando no ch?o. Estava coberto de sangue cor-de-rosa. Patty avan?ou e cobriu sua Qwik enquanto ela se recuperava, mas era demais, todas se juntaram nela. Ela se afastou de uma Darling, mas o resto a derrubou. Os microfones do est?dio pegaram um estalo aud?vel de suas costelas. Outro golpe de bast?o, e Patty caiu, sangue espirrando cor-de-rosa cobrindo a Darling. A multid?o reagiu com um estremecimento coletivo. As Darlings of Destruction continuavam chutando Patty no ch?o, e o ?rbitro as empurrou para tr?s, gritando na cara delas. Hector se pegou sentindo-se preocupado. “Essas malditas cadelas!” “Totalmente,” Tony concordou. “Isto ? permitido?” “Na verdade n?o. Elas v?o receber uma advert?ncia,” ele disse simplesmente. Ele ent?o esmagou uma lata na m?o e jogou no ch?o. “Uma advert?ncia?” Hector gritou. “Elas acabaram de a mandar pro hospital!” Tony se virou para ele e encolheu os ombros. “O que voc? quer que eu diga, cara?” Hector ficou sem palavras. GOTA TREZE A ambul?ncia iluminou a rua em tons azuis. Era tarde da noite. As pessoas espiavam pelas janelas, curiosas para ver o motivo da agita??o. “O curioso ? que, em seu bairro, geralmente estamos fazendo um resgate, n?o uma entrega. Assine aqui, por favor,” o m?dico disse e apresentou um tablet para ele assinar digitalmente. “Voc? n?o pode simplesmente deix?-la aqui,” reclamou Hector. O m?dico olhou para o rosto dele. “Voc? n?o ? o propriet?rio registrado desta atleta?” “Sim… Mas-” “Ent?o ? problema seu, n?o meu. Eles a estabilizaram no pronto-socorro e agora ela s? precisa se recuperar. Voc? pode procurar um FAQ em nosso site para obter instru??es e suprimentos que voc? possa precisar.” “Qual site?” “Basta olhar em Cyberpink Common Questions no site da Apollo Medical”. Hector piscou e apontou para baixo. “Ent?o isso ? comum?” “Mais do que voc? imagina,” disse o m?dico, checando a papelada. Ele pareceu satisfeito e chamou seu parceiro, que se preparou para empurrar a maca da parte de tr?s da ambul?ncia. “Ent?o, onde voc? a quer?” Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=57160231&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.