Ìîé ãîðîä - ñòàðûå ÷àñû. Êîãäà â áîëüøîì íåáåñíîì ÷àíå ñîçðååò ïîëóëóííûé ñûð, îò ñêâîçíÿêà òâîèõ ìîë÷àíèé êà÷íåòñÿ ñóìðàê - ÿ èäó ïî çîëîòîìó öèôåðáëàòó, ÷åêàíÿ øàã - òèê-òàê, â ëàäó ñàìà ñ ñîáîé. Óìà ïàëàòà - êóêóøêà: òàþùåå «êó…» òðåâîæèò. ×òî-íèáóäü ñëó÷èòñÿ: êâàäðàò çàáîò, ñîìíåíèé êóá. Ãëàçà â ýìàëåâûõ ðåñíèöàõ ñëåäÿò íàñìå

A Cidade Sinistra

A Cidade Sinistra Scott Kaelen a TAPE?ARIA FRATURADA A CIDADE SINISTRA Scott Kaelen 2019 A Cidade Sinistra © 2018 Scott Kaelen A Tape?aria Fraturada © 2015, 2018 Scott Kaelen Traduzido por Ju Pinheiro Publicado por TekTime Todos os direitos reservados O direito de Scott Kaelen de ser identificado como o autor desta obra foi assegurado por ele de acordo com a Lei de Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1988. A s?rie A Tape?aria Fraturada, ? qual pertence o romance A Cidade Sinistra, ? uma obra de fic??o. Todos os personagens, eventos e lugares s?o fict?cios. Qualquer semelhan?a com uma pessoa real, eventos ou lugares ? mera coincid?ncia. Para Electa Biografia do Autor Scott Kaelen escreve nos g?neros de fantasia ?pica, fic??o cient?fica, horror e poesia. Seu romance de estreia ? A Cidade Sinistra e seu projeto atual ? o segundo romance da s?rie A Tape?aria Fraturada. Os interesses de Scott incluem etimologia, psicologia, Terra pr?-hist?rica, o Universo, RPGs eletr?nicos, ler e assistir fic??o cient?fica, fantasia e horror. Seus programas favoritos de fic??o cient?fica s?o Stargate, Farscape, Jornada nas Estrelas e Red Dwarf. Blog/Website: authorscottkaelen.wordpress.com P?gina de Autor da Amazon US: amazon.com/author/scottkaelen P?gina de Autor da Amazon Global: author.to/scottkaelen Goodreads: goodreads.com/scottkaelen Perfil do Facebook: facebook.com/scottkaelen P?gina de Autor no Facebook: facebook.com/scottkaelenofficial P?gina da S?rie no Facebook: facebook.com/thefracturedtapestry Twitter: twitter.com/scottkaelen Obras Publicadas A Tape?aria Fraturada Night of the Taking (2015) A Cidade Sinistra (2019) T?tulos dos Cap?tulos O Contrato Chiddari Nas The Terras Mortas Meu, Tudo Meu Pedras dos Tempos Passados Complica??es Contratuais Duas Extremidades da Estrada Paci?ncia e Ora??es Observadores Na Fronteira do Mundo Nada Sem Medo Intrusos Perman?ncia em Dul?th Sob Uma Lua P?lida Demelza Carne Para a Fera Uma Chama Ef?mera Despertar Rude De Volta ?s Entranhas Outro Galho da ?rvore Fardo da Decis?o Forasteiro No ?ntimo Antes da Tempestade Meretrizes e Soberanos Toca De Segredos Horr?veis Ammenfar Uma Grande M?e Uma Sombra Que Admite Sua Forma Compuls?o Profana Enfrentando O Corvo Entre Duas Eternidades Sorte Podre ?ltima Ceia Do P?r do Sol Ao Nascer do Sol O Dom do Adeus Pegadas Na Areia Interc?mbio Desvinculado Fogo E Mar? Dee E O Rei Orc Encontro Em Caer Valekha A Tolice De Um Homem A Simetria Da Dist?ncia Cita??o O pa?s de Himaera aprendeu muito desde os Dias dos Reis, principalmente o pre?o da gan?ncia e da ambi??o. Desafiar os deuses ? convidar sua ira. A ira de Morta’Valsana foi exercida sobre o Rei Mallak Ammenfar de Lachyla, amaldi?oando o monarca abrangente e seus s?ditos leais. Para sempre depois disso, o nome de Mallak foi sin?nimo de avareza e excesso e a cidade de Lachyla tornou-se conhecida como a Cidade Sinistra. Era uma cicatriz na terra de Himaera, um remanescente eterno da ira da deusa e um lugar a ser evitado a todo custo… Do Um C?dex Das Eras, Vol. IV “A morte cura todas as doen?as transmitidas por coisas mortas.” Prov?rbio Sosarran Uma Nota Para o leitor Obrigado por escolher A Cidade Sinistra. Espero que voc? aprecie l?-la tanto quanto eu apreciei escrev?-la. Se voc? gostou, por favor, considere deixar um coment?rio na Amazon, Goodreads ou em outro lugar. O melhor presente de um leitor para um autor n?o ? apenas comprar e ler um livro (provavelmente n?s nem saberemos que voc? fez isso), ? o compartilhamento p?blico da sua experi?ncia de leitura. Com isso em mente, se sua experi?ncia com A Cidade Sinistra for boa, por favor, reserve alguns minutos para deixar que todos saibam sobre isso. Essa ? a for?a motriz que impulsiona os autores e d? a eles a determina??o para publicar seu pr?ximo livro. Voc? pode deixar um coment?rio ao visitar a p?gina da Amazon de A Cidade Sinistra – http://mybook.to/theblightedcity (http://mybook.to/theblightedcity). Obrigado novamente. Scott Kaelen Ano 693 da Quarta Era, Esta??o de Vur Segundo Dia da Terceira Semana de Banaeloch Cap?tulo Um o contrato Chiddari A batalha est? quase terminada. O pensamento encheu Maros com uma sensa??o vergonhosa de triunfo enquanto olhava para seu desafio final. Do outro lado da clareira, as janelas fechadas da cabana devolviam seu olhar com um desinteresse prodigioso. “Apenas mais noventa metros. V? em frente com isso,” ele se repreendeu. Ele afundou as muletas na terra e um choque de dor subiu pela sua perna. Cerrando os dentes, ele cambaleou para a clareira. Lentamente, a dist?ncia at? a cabana diminuiu, com Maros resmungando e xingando por todo o caminho. “Deveria ter enviado um corredor,” ele murmurou. Um ano atr?s, eu poderia ter feito isso em um quarto do tempo e ainda estaria pronto para uma luta no fim. Agora? Ele deu uma risada ir?nica. Gotejando como um porco espetado. Com um passo largo, ele alcan?ou seu alvo e sufocou um rugido de j?bilo. Seu rosto era uma m?scara de suor, gotas pingando na terra encharcada pelo sol para serem consumidas sob o sol do meio-dia. Acalmando-se ? porta, ele lan?ou um olhar de soslaio para a extremidade mais distante da aldeia em formato de meia-lua onde uma mulher de meia idade estava ocupada estendendo a roupa de cama e olhando para ele por cima dos len??is. Ele desviou o olhar para duas jovens no centro da clareira. Sentindo o escrut?nio de Maros, elas pararam com seu jogo de saltar argolas e o encararam com um horror indisfar?ado. Ele lan?ou a elas um sorriso amplo e elas sa?ram correndo para a floresta nos arredores. Ele balan?ou a cabe?a. As pessoas na aldeia de Balen raramente deixavam seu pequeno microcosmo ex?tico e n?o estavam acostumadas a ver nada fora do comum. A mulher, sem d?vida, o considerava como uma aberra??o da natureza ou, pior, uma criatura amaldi?oada pelos deuses para sentirem pena. A perna problem?tica n?o melhorava a situa??o. Se elas j? tivessem ouvido o nome Maros, a Montanha, n?o o reconheceriam como o jotunn-humano exausto ? porta da cabana como o homem destes contos sussurrados. Sua reputa??o pertencia ao passado. Nos dias de hoje, ele era pouco mais do que um enorme co?ador de saco. Ele enxugou um antebra?o na testa e bateu os dedos na porta. Os sons abafados de p?s se arrastando flutuaram de dentro e a porta se abriu para revelar uma mulher abatida e idosa. Seus olhos ?midos se ergueram para olhar para ele, uma m?scara de austeridade espalhada sobre suas rugas. Ela olhou para ele de alto a baixo, franzindo o cenho para suas muletas e seu colete encharcado de suor. “Presumo que a como??o que ouvi aqui fora foi voc??” ela disse. “Algu?m presumiria que um boi estava sendo abatido. O que em Verragos voc? estava fazendo?” “Eu…” Reprimindo um suspiro, Maros acenou com um gesto fraco para a trilha da floresta atr?s dele. Muito bem. Mostre ? velhinha fr?gil como voc? estava atravessando uma ?rea plana e aberta. Com certeza, isso vai impression?-la. “Hmph, n?o importa. Devo dizer, n?o vi um de voc?s em d?cadas.” Ele franziu o cenho. “Um de mim o qu?? Um homem? Um aleijado?” “Um mesti?o.” Seus olhos remelentos semicerraram em fendas. “Bem, o que voc? quer? N?o tenho o dia inteiro.” “Eu, ah…” Ele pigarreou. “Um prazer conhec?-la. O nome ? Maros, Oficial dos Freeblades de Alder’s Folly. Posso estar falando com Cela, ah…” Vasculhando o bolso do seu colete, ele retirou uma folha suada de papel e trouxe at? o rosto. “Cela Chiddari?” “Voc? poderia. Oficial, voc? diz? Mas n?o acostumado a memorizar t?tulos de fam?lia, n?o ?? Hum. Bem, j? que eles me enviaram o homem no topo, imagino que eu deveria me sentir honrada.” O homem no topo enviou a si mesmo, sua velha maluca. Maros for?ou um sorriso simp?tico. “Tenho certeza que o prazer ? todo meu.” “Ent?o permita-me agradecer por responder ? minha convoca??o. Como voc? pode ver, n?o estou em condi??es de estar perambulando at? Folly.” Convoca??o? Seu sorriso vacilou. “N?o costumo fazer atendimentos domiciliares pessoalmente, mas quando li seu bilhete entregue pelo mensageiro, estava preparado para fazer uma exce??o.” “N?o duvido disso.” Cela espiou ao redor da porta para seu vizinho no outro lado do semic?rculo. “? melhor voc? entrar, meu jovem,” ela murmurou, arrastando os p?s para dentro da cabana. “Nossa discuss?o n?o ? para ouvidos indiscretos.” Maros inclinou-se mais baixo sobre suas muletas e espremeu-se atrav?s do batente. Ele fechou a porta com o calcanhar e semicerrou os olhos j? que a sala estava mergulhada na escurid?o. Algumas lascas finas da luz do dia cortavam atrav?s das persianas fechadas e o fedor mofado de idade penetrou em suas narinas. Ele engoliu uma tosse e observou a velha abaixar sua ossatura esquel?tica em uma poltrona ao lado da lareira vazia. Enquanto ela se remexia para sentar-se ereta, ele a imaginou caindo no tapete em uma pilha de ossos empoeirados. “Sente-se, freeblade.” Ela acenou com a m?o ao redor da sala. “Onde for melhor para voc?.” Maros examinou os grupos escuros de m?veis por um poleiro robusto e adequado e mancou at? um banco no lado oposto da lareira. Ele se abaixou, reprimindo um suspiro enquanto as dores na sua perna recuavam. “Ouvi dizer que voc? est? mantendo a taverna de Alderby sobrevivendo no lugar dele,” Cela disse coloquialmente. “Sim.” “Administrando uma guilda e uma taverna. Uma carga de trabalho consider?vel.” “Nada que eu n?o possa lidar. A verdade ? que foi uma b?n??o quando o velho Alderby faleceu logo ap?s meu… acidente.” Maros apoiou a m?o no joelho. “Triste, no entanto. O lugar nunca esteve sem um ou outro Alderby no comando.” “Assim eu conclu?. Bem, chega de conversa fiada.” Os olhos de Cela estavam brilhando nas sombras. Um sorriso for?ado cortou suas fei??es encarquilhadas. “Aos neg?cios.” “Aos neg?cios, de fato. A recompensa que voc? ofereceu ? o suficiente para erguer at? mesmo as sobrancelhas do Banco Brancosi, um pouco. Sem ofensa, senhora, mas estou olhando para esta cabana e pensando que n?o vejo o equivalente a quinhentas moedas em propriedade aqui.” “Ouso dizer que voc? estaria certo se eu estivesse oferecendo a minha casa. Voc? vai receber moedas, freeblade, fique tranquilo. Minhas economias n?o v?o me beneficiar agora a n?o ser que voc? adquira aquilo que pertence ?s m?os de Chiddari.” “Sim,” Maros disse com cuidado. “Como ? que voc? det?m um t?tulo de fam?lia quando eles ca?ram em desuso s?culos atr?s?” Cela soltou uma gargalhada aguda e apontou um dedo para ele. “Perguntas, perguntas, mesti?o. Vamos nos ater ao assunto em quest?o?” “Muito justo. Al?m do valor da recompensa, seu bilhete foi vago na melhor das hip?teses...” “Por um bom motivo. Voc? aprecia a sensibilidade da informa??o, tenho certeza.” “Ent?o, por favor, me diga o que voc? precisa da guilda e verei se podemos atender.” “A heran?a da minha fam?lia se perdeu para n?s por muitas gera??es.” Cela olhava para ele atentamente. “Perdida e, ainda assim, sei sua localiza??o precisa. Reside em um cemit?rio que remonta a uma ?poca em que os mortos ainda eram enterrados inteiros.” “Estes lugares est?o todos submersos sob o deserto. N?o h? quase nenhum vest?gio dos antigos reinos.” O sorriso tenso de Cela retornou. “Exceto, isto ?, por um lugar.” “Agora escute aqui. Se voc? est? insinuando o que eu acredito que voc? est? insinuando, ent?o voc? est? me pedindo para enviar freeblades para o territ?rio da Caveira.” “N?o estou pedindo. Estou lhe oferecendo um contrato por uma recompensa consider?vel. Se n?o quiser o trabalho, posso procurar por mercen?rios menos respeit?veis…” Ela remexeu-se na cadeira e olhou para ele de soslaio. Provavelmente esta ? a incumb?ncia de um tolo, ele pensou. Mas por uma recompensa deste tamanho… “Deveria avis?-la que a guilda lida com problemas reais, n?o com lendas. H? somente um cemit?rio que n?o foi expurgado. Se ? sobre ele que estamos falando, ent?o vamos parar com a troca de palavras. Onde exatamente est? este legado?” Cela suspirou. “Em uma cripta dentro dos Jardins dos Mortos, em Lachyla, a Cidade Sinistra.” A ?ltima pretens?o de formalidade desapareceu de Maros enquanto ele soltava uma risada sincera. “Eu sabia! Deixe-me ver se entendi direito. Voc? quer que meus rapazes e mo?as atravessem uma vasta regi?o que est? desprovida de deuses e homens h? s?culos. Voc? espera que eles arrisquem suas vidas vasculhando o cemit?rio de uma cidade amaldi?oada ? procura de alguma bugiganga que seus ancestrais deixaram para tr?s para enferrujar em uma cripta?” Ele bufou. “Senhora, ou voc? perdeu o ju?zo ou …” Cela olhava para ele em um sil?ncio p?treo. Ou voc? est? falando s?rio. Ele balan?ou a cabe?a e lan?ou um sorriso divertido para as t?buas do assoalho. “Tudo bem, com o que exatamente este legado se parece?” “? uma pedra preciosa.” “Voc? ter? de me dar mais do que isso. Seja quem for que aceitar o trabalho precisa saber o que est? procurando.” “Eu nunca vi, n?o ?? Tudo que sei ? que est? marcado com runas funer?rias e ? maior do que as suas pedras preciosas comuns. Eles ir?o encontr?-la no t?mulo do meu ancestral mais antigo.” “E quem poderia ser?” “N?o fa?o ideia,” Cela disse secamente. “Voc? conhece a sua linhagem, mesti?o?” “Tudo bem,” Maros suspirou. “Uma pedra de descri??o desconhecida, em um t?mulo de nome desconhecido. Voc? percebe qu?o grande aquele cemit?rio ? conhecido por ser? Eles poderiam vascular o lugar por dias e mesmo assim n?o encontrar sua pedra. Voc? ter? de me dar algo melhor ou n?o tem acordo.” “Oh, eu irei.” Cela alcan?ou a mesa ao seu lado e pegou um quadrado dobrado de pergaminho. “? apenas uma c?pia grosseira, mas ? bastante precisa.” “O que ? isso?” “Um mapa dos Jardins dos Mortos.” Maros reprimiu uma risada. “Onde em Verragos voc? teria conseguido isso?” “Mais perguntas irrelevantes, freeblade. Voc? tem toda a informa??o que posso dar. Tome sua decis?o.” Ele olhou para ela calmamente e considerou as ramifica??es. O que aconteceu em Lachyla foi o catalisador para os mortos serem queimados hoje em dia. A cidade, e seu cemit?rio, estavam mais mergulhados em mitos e supersti??es do que qualquer outro lugar em Himaera. Mas quem realmente sabe o que h? l? nas lonjuras das Terras Mortas? Talvez a lenda seja verdade, talvez n?o. De qualquer maneira, garantir tal recompensa seria uma grande d?diva para algu?m. Al?m disso, meu ganho modesto n?o seria nada mal. Sem mencionar a reputa??o que colocaria a guilda de volta no mapa. “Tudo bem,” ele disse. “Vamos acabar com isso. Mostre o dari.” Cela enfiou a m?o no decote da sua blusa e retirou uma corrente fina. Ela girou o pingente retangular na ponta v?rias vezes, em seguida passou-lhe a metade inferior; seu interior havia sido transformado em uma chave. Ela apontou para um cepo de pau-ferro no canto da sala, sobre o qual uma arca refor?ada estava bem fixada. “Abra,” ela disse. Maros levantou-se do banco. Ele destrancou a arca e soltou um assobio para as moedas de prata organizadamente empilhadas. “Quinhentas no total, como prometido e nenhuma moeda de cobre entre elas.” A velha soltou um estertor. “Temo que possa haver muito pouco tempo a perder, ent?o me diga agora ... voc? vai aceitar?” Maros lambeu os l?bios e olhou de soslaio para ela. “Lachyla, voc? disse. Bem. Imagino que seja somente uma lenda…” Cela Chiddari sorriu. A luz turva aprofundou as cavidades em seu rosto e, por um momento, ela se assemelhou ao pr?prio s?mbolo da caveira. “Este ? o esp?rito, freeblade,” ela disse baixinho. “Tal bravata. Parab?ns, o trabalho ? seu. Agora, encontre minha heran?a.” Jalis levantou os olhos das cartas em sua m?o com um suspiro distra?do. As paredes de pedra da sala comunal zumbiam com a tagarelice e a algazarra dos clientes da taverna. Uma atendente passou apressada, carregando pratos vazios para a cozinha. Atr?s do bar, Jecaiah estava ocupado em substituir um barril vazio, preparando-se para a explos?o noturna de clientes. Ela voltou sua aten??o para as cartas. A carta alta era o Arkhus, mas era in?til ao lado das outras. O melhor que ela poderia conseguir era um flush menor do naipe Artisan. Ela olhou para seus dois companheiros. Dagra estava esperando pacientemente, limpando com um len?o sujo a espuma da cerveja da sua barba desgrenhada. Do outro lado da mesa, Oriken co?ava pregui?osamente a bochecha com uma barba de v?rios dias, os olhos vidrados enquanto olhava para ela por baixo da aba do seu chap?u. “Orik,” ela disse, chamando sua aten??o. “Meu rosto est? aqui em cima.” “Huh? Oh.” Ele pigarreou. “Bem, vamos l?, ent?o. ? a sua vez. Voc? somente est? atrasando Dag de vencer e voc? sabe como ele ama contar suas moedas de cobre.” “Merda em voc?,” Dagra disse. Jalis olhou para a ampulheta sobre a mesa e viu o resto dos gr?os escoarem. “O tempo acabou,” Oriken disse. Ela jogou suas cartas na mesa. “Eu passo.” “Por qu??” Dagra franziu o cenho para as cartas espalhadas. “Voc? tinha uma m?o a?.” “N?o estou sentindo isso,” ela disse. “Ganhando ou perdendo, voc? precisa saber quando parar.” Oriken reuniu as cartas na pilha. “Que tal uma rodada de Cinco Esta??es?” “Agora n?o, Orik.” “Ok, tudo bem.” Ele suspirou e olhou para as portas do saloon na entrada da sala comunal. “Posso sair l? fora para fumar um tobah.” Jalis inclinou a cabe?a e olhou para ele. “Voc? deveria estar tentando parar.” “Hmph. Sim. O que dever?amos fazer, ent?o?” Ela deu de ombros. “Talvez dev?ssemos pegar um contrato.” Dagra bufou. “Voc? viu o quadro de avisos da guilda? Os trabalhos quase n?o s?o adequados para um novato! Os decentes s?o pegos imediatamente e n?o h? um desses h? semanas. Acredite em mim, se um bom contrato surgisse, eu seria o primeiro a peg?-lo e dar o fora desta taverna.” Jalis assentiu. “Posso pensar em uma centena de coisas que preferia estar fazendo neste momento. J? ? muito ruim ter de viver aqui, mas pelo menos ? melhor do que a casa da guilda.” Ela olhou para a frente da sala comunal. Uma cunha de luz do sol se infiltrava por cima das portas. O c?u azul estava muito convidativo. “N?o dever?amos estar desperdi?ando nossos dias esperando que um bom trabalho apare?a. Dever?amos estar l? fora.” Oriken bufou. “N?o posso argumentar contra isso, mas se formos perambular por a? l? fora, perdemos nossa oportunidade de pegar um contrato decente.” Ela levou sua caneca aos l?bios e tomou um gole de ?gua. “N?o me entenda mal,” ela disse. “Amo estar com voc?s dois, mas somos freeblades – espadachins de aluguel – com ?nfase nas espadas.” “O problema ? que,” Oriken disse, “somos bons demais no que fazemos.” Dagra assentiu em concord?ncia. “Entre n?s e o resto das filiais, praticamente livramos Caerheath de todos os bandidos. Agora os problemas na cidade raramente s?o mais do que disputas insignificantes.” Jalis suspirou. “Isso deveria ser uma coisa boa. Estamos mantendo a paz, mas n?o estamos fazendo nenhum favor para n?s mesmos. Desde quando a guilda se tornou a principal legisladora em Himaera?” “Principal?” O cenho de Dagra franziu. “Tente a ?nica. Isto n?o ? Vorinsia. N?o temos um Arkhus sofisticado administrando a terra nem um militar nem mesmo um maldito xerife. Nada desde os Dias dos Reis. Freeblades s?o tudo que esta terra tem.” “Vivo aqui h? muito tempo,” Jalis disse, “mas ainda n?o consigo me acostumar com a falta de uma figura militar ou um governante. ? um milagre como Himaera n?o foi consumida pelo Arkh s?culos atr?s.” Dagra deu de ombros. “Eles tentaram nos invadir durante a Insurrei??o, mas mesmo uma Himaera enfraquecida conseguiu sangrar seus narizes e mand?-los embora com algumas li??es aprendidas. O Arkh ficou mole desde esta ?poca. Nada conquist?vel restou.” Ele deu a Jalis um olhar pesaroso. “Sem ofensa, garota.” “N?o estou ofendida.” Oriken recostou-se na parede. “De qualquer maneira,” ele disse, “eu n?o me preocuparia. Alguma coisa boa vai cair no quadro de empregos em breve. Sempre cai.” Ele deu um sorriso animado para Jalis. “Sempre o otimista irritante.” Dagra projetou a barba na dire??o da alcova do quadro de avisos da guilda no final do bar. “Voc? viu as recompensas para estas ofertas de emprego? A melhor ? por oito moedas de cobre. ? um insulto.” “Talvez seja hora de tirarmos umas f?rias,” Oriken disse. “Esta n?o ? uma m? ideia,” Jalis disse. “J? faz um tempo que n?o visito minha cidade natal.” “N?o ? realmente o que eu tinha em mente.” “Vou mijar,” Dagra anunciou, levantando-se. Oriken observou-o se afastar. “Precisamos sair da cidade por um tempo. Talvez Middlemire precise de algumas m?os extras. Ou Ba?a Brancosi. Dever?amos pedir para Maros dar uma olhada para n?s.” Uma sombra atravessou a luz do sol nas t?buas do assoalho. Jalis olhou para o outro lado para ver a figura corpulenta de Maros claudicando pelas portas do bar. Ele notou seu olhar e mancou para se juntar a eles. “O andarilho retorna,” Oriken disse. “N?o consigo mant?-lo na sua pr?pria taverna hoje em dia.” Maros deu uma gargalhada cansada e reuniu suas muletas em uma m?o. “Balen ? o mais longe que eu j? fui desde que assumi este lugar. Lembre-me de nunca voltar.” Jalis inclinou a cabe?a para encontrar seu olhar. “Voc? esteve em Balen? A tarde toda?” “Dificilmente! A maior parte disso fui eu sofrendo para chegar l? e voltar.” “Por que voc? n?o pediu para Ravlin lev?-lo em sua carro?a? Ele n?o teria se importado.” “Eu tentei. O mercador est? em Brancosi, reabastecendo seu estoque.” “O que ? t?o importante em Balen que voc? n?o poderia enviar um novato?” Oriken perguntou. “Em qualquer outro dia, absolutamente quase nada.” Maros olhou para Jalis. “Ou?a, tenho um pequeno neg?cio para cuidar. Vou botar o papo em dia com voc? em breve.” Jalis observou-o mancar at? o quadro de avisos da guilda. Ap?s um momento, ele saiu mancando do recesso e seguiu pelo corredor adjacente at? seu escrit?rio particular. “Ele est? aprontando alguma coisa,” ela disse para si mesma. Em uma mesa perto da parede oposta da sala comunal, v?rios freeblades estavam envolvidos em um jogo de cinco marias. Alari, uma blade veterana com mais alguns anos na guilda do que Jalis, olhou para o quadro de avisos da guilda e murmurou para seu companheiro mais pr?ximo. “Volto em um minuto.” Jalis levantou-se da sua cadeira e atravessou rapidamente at? a alcova. Ela examinou o conte?do do quadro de avisos da guilda at? que localizou um novo peda?o de papel e o soltou da corti?a. Ao ver a oferta da recompensa, seus olhos arregalaram. “Garota, voc? ? t?o r?pida quanto lasca de pedra sobre pederneira,” Alari disse atr?s dela. Surrupiando o bilhete, Jalis virou-se para sua colega. “Voc? n?o estava muito atr?s de mim.” O sorriso de Alari repuxou a cicatriz p?lida ao lado da sua boca. “O que o chefe colocou a? desta vez? Outra que n?o vale o papel em que est? escrito?” Jalis deu de ombros. “Parece um pouco melhor do que o habitual. Por que voc? n?o pega algumas das ofertas menores? Elas v?o servir para o novato que voc? est? cuidando. Todos n?s tivemos de come?ar em algum lugar.” A testa de Alari franziu em pensamento. “Voc? n?o est? errada. Muito provavelmente Kirran poderia faz?-las sozinho. Vou dizer a ele para escolher uma.” Ela deu a Jalis uma piscadela amig?vel. “Voc? e os rapazes v?o ganhar um pouco de casca-grossa, amor.” Enquanto Alari voltava para sua mesa, outro freeblade passou por ela at? o quadro de avisos da guilda. Jalis olhou para o homem friamente enquanto ele diminu?a a dist?ncia. “O que voc? tem?” Fenn disse enquanto entrava na alcova, posicionando-se atr?s de Jalis para impedi-la de sair. “Afaste-se, Fenn.” “Vamos dar uma olhada.” Ele tentou agarrar o papel, mas Jalis puxou a m?o para tr?s das costas. “Primeiro a chegar, primeiro a ser servido,” ela disse. “Voc? conhece as regras. Voc? quer um trabalho, h? muita coisa no quadro que vai te satisfazer.” Os olhos redondos de Fenn olhavam zangados para ela. “Pelo menos, eu posso fazer meu trabalho sozinho. Todos n?s sabemos que voc? e seus dois guarda-costas recebem tratamento preferencial por aqui.” Ele agarrou o ombro de Jalis. Ela enfiou a m?o entre suas pernas e apertou. “Aqueles s?o meus companheiros e meus amigos. Quer saber, que tal voc? tirar a m?o de mim e eu vou fazer o mesmo. Ent?o voc? volta para seu assento como um bom menino.” O l?bio de Fenn curvou em um rosnado silencioso. Jalis aumentou a press?o e, com relut?ncia, ele afastou a m?o. “Voc? tem um problema.” “Se eu tenho algum problema, voc? n?o est? entre eles.” Ela agarrou com mais for?a. “S? para que estejamos entendidos. Estamos entendidos, Fenn?” “Tire a porra da m?o de mim!” “Oh, eu irei. Mas primeiro quero dar um aviso justo de que na pr?xima vez que voc? me tocar, n?o ser? minha m?o, mas minha adaga na sua virilha. Por favor, me teste e irei fazer um favor ao mundo.” Com uma tor??o final, ela soltou a m?o. Quando Fenn cambaleou para tr?s, ele deu um soco no rosto de Jalis. Ela se abaixou e deu um soco nas suas costelas, em seguida arremessou um uppercut que quebrou seu nariz e o enviou adernando da alcova e esparramando-se no ch?o. Um aplauso disperso fluiu gradualmente dos clientes da taverna, interrompido quando Maros saiu mancando do corredor. “Que diabos est? acontecendo na minha taverna?” ele explodiu. Fenn se levantou, sangue escorrendo do seu nariz. “Voc? quer manter uma correia nesta cadela. Todo mundo sabe que ela ? sua favorita.” Ele lan?ou um olhar para a camisa transparente de Jalis. “N?o ? dif?cil ver por qu?.” “? mesmo?” Maros se aproximou mancando para intimid?-lo. “Voc? deveria demonstrar um pouco de respeito a um mestre espadachim – n?o, muito respeito – especialmente depois que ela te colocou no ch?o. Saia da linha mais uma vez, Fenn e a filial de Grenmoor pode receb?-lo de volta. Consiga uma guilda para si mesmo. Agora. Voc? teve sua cota para o dia.” O rosto de Fenn brilhava com raiva, mas ele n?o disse nada. Ap?s um momento, ele virou-se e caminhou at? as portas. “Oh, e Fenn,” Maros o chamou, “se algum dia voc? falar comigo assim de novo, voc? n?o sair? caminhando daqui. Voc? sair? voando.” “O que eu perdi?” Dagra perguntou ao lado de Jalis. Ela balan?ou a cabe?a. “Nada.” Maros mancou ao redor para olhar para ela. “Presumo que voc? foi a primeira no novo trabalho que eu afixei?” “Fui. Seu tempo em Balen n?o foi desperdi?ado.” “N?o tenho certeza se quero que voc? pegue este, Jalis.” “Por qu?? Seria uma tola se n?o fizesse isso.” Maros grunhiu. “S? me prometa que voc? n?o vai fazer isso sozinha.” Ele acenou com a cabe?a para Dagra. “Se os rapazes n?o concordarem, o trabalho vai voltar para o quadro. Eu preferiria que Fenn ficasse com este e bons ventos o levem.” Jalis franziu o cenho. “O que est? te deixando preocupado, velho amigo? Se houver outro grupo de bandidos assumindo o controle de algum lugar...” “N?o bandidos.” Maros olhou rapidamente ao redor da sala e disse em uma voz baixa, “Fale com Dagra e Oriken. Veja o que eles dizem. Se todos voc?s concordarem, ent?o ? seu. Mas n?o vou ficar feliz sobre isso. Voc? e eu passamos muitos anos juntos, garota. N?o subestime o que este trabalho exige.” Ela estudou seu rosto. “Nunca ouvi voc? falando assim.” “Nunca tivemos um contrato como este.” Quando Jalis voltou para seu assento com Dagra a reboque, Oriken ergueu uma sobrancelha. “Bem, este foi o maior entretenimento que eu tive a semana toda. Voc? perdeu, Dag. Jalis abriu um cu novo no idiota local.” “N?o fiz isso.” Jalis ignorou o olhar inquisitivo de Dagra. Ela cruzou os bra?os sobre a mesa e acenou para seus amigos se aproximarem. “Consegui um contrato para n?s e voc?s n?o v?o acreditar na recompensa.” “N?o tenho certeza se quero ouvir,” Dagra disse, “n?o depois da rea??o de Maros. Mas continue.” A tagarelice da sala comunal tinha retornado, mas mesmo assim ela olhou ao redor para garantir que ningu?m estivesse ouvindo. “Quinhentos dari de prata.” Oriken deu um assobio baixo. “Estrelas do c?u. Voc? est? brincando.” “N?o estou.” Os olhos de Dagra estavam sombreados com ceticismo. “Quais s?o os detalhes?” “N?o sei. N?o tive exatamente tempo para verificar.” “Voc? n?o teve tempo? Jalis, voc? n?o sai ?s cegas aceitando trabalhos. Voc? ? mais esperta do que eu e Orik.” “Eu sei! Mas quinhentas moedas de prata. Que trabalho voc? n?o aceitaria por isso?” “Posso pensar em alguns que eu n?o faria,” Oriken disse com um sorriso malicioso. “Dagra, contudo, provavelmente n?o muitos.” Dagra ignorou a zombaria. “Vamos l?, ent?o,” ele disse para Jalis. “Vamos dar uma olhada.” Ela desamassou o bilhete e abriu sobre a mesa, franzindo o cenho em confus?o enquanto examinava os detalhes. “Er, onde fica Lachyla? O que ? a Cidade Sinistra?” “Oh, deuses sofredores.” Dagra passou a m?o pelo rosto. “O qu??” Oriken riu. “Maros colocou isso no quadro? Ele est? brincando conosco. Ele tem de estar.” Jalis balan?ou a cabe?a. “Ele n?o faria isso. Espere, isso n?o ? um conto folcl?rico Himaeriano? A Cidade Sinistra foi uma das hist?rias do Tecel?o de Hist?rias h? alguns anos, n?o?” “Mantenha a voz baixa,” Dagra disse. “Olhe, se isso ? apenas uma ca?a ao drag?o ou de verdade, esque?a. N?o vamos at? l?. Est? marcada com a caveira por um bom motivo.” Oriken zombou. “Vamos l?. S? porque voc? foi criado acreditando em toda hist?ria sob o sol n?o h? nenhum motivo para pensar que isso ser? qualquer coisa al?m de um longo passeio no campo.” “Voc? n?o pode acreditar nisso,” Dagra disse. “Desde quando voc? j? entrou nas Terras Mortas? Nunca, ? quando. Passeio no campo? Mais como uma caminhada para a forca.” “N?o sei muito sobre suas lendas,” Jalis disse, “mas s? os dez por cento pela n?o-recupera??o nos manteria bem por alguns meses. Se cumprimos o objetivo, ser? uma conquista mais lucrativa do que Maros e eu j? conseguimos nos nossos anos dourados. Isto ? grande. Se deixamos passar, Alari, Fenn, Henwyn ou qualquer um dos outros ir?o peg?-lo.” “N?o precisa me convencer,” Oriken disse. “Estou dentro.” “Voc? est? dentro para tudo.” Dagra olhou com cara feia para ele. “Sempre correndo para todos os buracos escuros que voc? encontra. Mesmo quando ?ramos meninos. Voc? nunca ir? aprender?” Oriken deu de ombros. “Voc? ? o supersticioso. Mostre-me prova de que Lachyla ? qualquer coisa exceto uma hist?ria assustadora contada pelos Tecel?es de Hist?rias. D?-me alguma evid?ncia que n?o dever?amos pegar o trabalho.” “Voc? sabe que n?o posso. Mas n?o dever?amos irritar a D?ade ao vagar pelo dom?nio de uma deusa morta. Toda a regi?o ? solo profano.” “A D?ade s?o seus deuses,” Oriken disse. “N?o meus. E nem de Jalis. Pelo amor das estrelas, Dag, somos freeblades.” “Mesmo se encontrarmos o lugar, as chances de localizar… O que era?” Dagra olhou para o bilhete. “Uma cripta? Oh, n?o. De maneira nenhuma. N?o vou entrar em uma cripta.” Ele olhou para Jalis. “Voc? sabe que eles costumavam enterrar seus mortos sem queim?-los? ? b?rbaro, eu te digo. Sacril?gio.” Oriken deu a ele um sorriso divertido. “Sacril?gio? Voc? est? falando sobre uma ?poca antes que a D?ade viesse para Himaera. Como voc? pode acusar os ancestrais de sacril?gio quando eles existiam antes dos seus deuses?” Dagra empalideceu. “Voc? est? indo longe demais, Oriken.” “Aconteceu em toda parte,” Jalis disse, “n?o apenas aqui em Himaera. Foi a mesma coisa no Arkh.” Dagra esvaziou o resto da sua cerveja. “Jecaiah!” Ele sinalizou para o gar?om para outra bebida, depois olhou enfaticamente para Jalis. “Na melhor das hip?teses, vamos desperdi?ar mais ou menos um m?s vagando pelo deserto antes de voltar para casa de m?os vazias.” Com um suspiro interior, ela decidiu tentar outra t?tica. “Voc? percebe que se concluirmos este contrato, provavelmente Maros vai apresentar voc?s dois para seus testes de mestre espadachim.” “Imagine isso, Dag. Freeblades de terceiro n?vel depois de apenas cinco anos.” Oriken ergueu uma sobrancelha. “Vamos ser o assunto da guilda.” “Hmph.” Dagra empurrou sua cadeira para tr?s e marchou at? o bar. “Ele vai concordar,” Oriken disse. Dagra olhou por cima do ombro. “Eu ouvi isso. Ainda estou esperando para ser convencido.” “Voc? n?o parece t?o convencido quanto estava,” Jalis disse quando ele voltou para seu assento. “Olhe, se voc? n?o quer vir junto, isso s? vai significar mais para Oriken e eu. Seria uma pena n?o t?-lo conosco, mas se esta ? a sua escolha…” “N?o tente isto comigo, garota. Voc? ouviu Maros. Ele disse que somos todos n?s ou nenhum.” “Ele disse. Mas infelizmente isso n?o depende dele. Vi os detalhes. Se ele tentasse me parar, ele estaria fazendo isso como um amigo, n?o como o Oficial.” “Pense em todo o bem que isso traria,” Oriken pressionou. “Voc? e eu conseguindo nossos t?tulos de mestres espadachins. O reconhecimento que isso traria para n?s e a filial, sem mencionar para toda a guilda. N?o ? apenas sobre dinheiro. Estrelas, nem sem o que eu faria com a minha parte. Imagine, Dag. Quando circular o boato que desafiamos a doen?a, conquistamos uma lenda e retornamos vitoriosos…” “N?o pretendo correr o risco de irritar os deuses, n?o por qualquer quantia de dari.” “Estrelas!” Oriken suspirou em exaspera??o. “Tudo que temos de fazer ? entrar em uma cripta e encontrar alguma bugiganga enferrujada. Voc? n?o pode relaxar apenas desta vez? Voc? poderia at? esperar no lado de fora enquanto eu e Jalis fazemos todas as coisas corajosas.” Dagra olhou com cara feia para a oferta de contrato em um sil?ncio inflex?vel. “Ok,” Jalis disse. “Duvido que a D?ade ficaria feliz se voc? permitisse que Oriken e eu caminh?ssemos para o nosso destino sem voc?, mas se esta ? a sua escolha, ent?o irei respeit?-la.” Dagra olhou para ela. “Isso foi um golpe baixo.” Ela deu de ombros e se levantou. “Vou aceitar o contrato e Maros ir? permitir. Dentro ou fora, isso depende de voc?.” Ele suspirou. “N?o estou feliz sobre isso. Realmente n?o estou feliz.” Jalis sorriu. “Voc? est? dentro ent?o?” Dagra curvou os ombros em derrota. “Eu me odiaria se algo acontecesse com voc?s dois. Que escolha eu tenho?” Seus l?bios pressionaram juntos e ele lan?ou um olhar semicerrado para Oriken. “Aye, voc? ter? minha espada ao seu lado. Como sempre.” Cap?tulo Dois Nas Terras Mortas Jalis estava deitada de bru?os, apoiada nos cotovelos, junto ? margem do rio enquanto Dagra e Oriken enchiam novamente os odres de ?gua. Um mapa da regi?o estava aberto diante dela. Enquanto estudava-o, ela balan?ava a cabe?a. “Nenhum dos assentamentos que vimos nos ?ltimos tr?s dias est?o marcados aqui, apenas a antiga fortaleza circular pela qual passamos um tempo atr?s.” “N?o estou surpreso,” Oriken disse ao lado do rio. “Nem os chamaria de assentamentos, apenas aglomerados de cabanas velhas e decr?pitas. Os olhares que recebemos quando passamos, voc? pensaria que ?ramos bandidos ou algo pior.” “Eles s?o um povo simples por aqui,” Dagra disse enquanto deixava a margem do rio e sentava perto de Jalis. “Vivendo na periferia das Terras Mortas, eles t?m o direito de suspeitar de estranhos quando provavelmente eles nunca veem nenhum. E as armas que estamos carregando n?o s?o plaus?veis de estimular amizade.” Ele tocou o velho gl?dio no quadril. “Para eles que n?o sabem a diferen?a entre um freeblade – ou at? mesmo um mercen?rio comum – e um bandido, um parece a mesma coisa que o outro.” Oriken se aproximou para juntar-se a eles e arremessou para Jalis seu odre de ?gua. “Ainda n?o precisamos saber onde estamos,” ele disse a ela. “No que diz respeito as hist?rias desta ?rea, alcan?aremos a cidade desde que sigamos a estrada.” Ele tirou o chap?u e deitou na grama, cruzando as m?os atr?s da cabe?a. “N?o h? quase nada da estrada,” Dagra murmurou com uma olhada de relance para os restos cobertos de vegeta??o da Estrada do Reino a uma curta dist?ncia. “Imagine em que estado vamos encontr?-la amanh? ou no dia seguinte.” “Estrada ou n?o,” Oriken disse, olhando para o c?u da tarde, “de acordo com os Tecel?es de Hist?rias, n?o podemos errar se formos para o sul e para o oeste. Vamos chegar l?. E ent?o, provavelmente, vamos virar e voltar de m?os vazias. ? quase tentador acampar por algumas semanas, depois voltar pelos dez por cento.” Jalis ergueu os olhos do mapa. “E correr o risco de perder os outros noventa por cento? Voc? tem t?o pouca f? em n?s para encontrar a joia?” Oriken deu de ombros. “N?o tenho f? em nada. Honrarei o contrato, voc? sabe disso. Mas pelo que Maros disse sobre Cela, parece-me que os corvos beberam o que restava do seu c?rebro. Usar um t?tulo de fam?lia! Quem faz isso agora?” Pegando o olhar de Jalis, ele disse, “Ok, talvez voc? fa?a e alguns outros que vieram para c? do continente, mas nossa cliente ? Himaeriana.” Ele deu um suspiro de esc?rnio. “Alegar que ela ? descendente de Lachyla. Ha!” Jalis arqueou uma sobrancelha. “Quem vai dizer que n?o ??” Oriken resmungou e fechou os olhos. “Houve supostamente alguns sobreviventes da praga,” Dagra comentou. “Se Cela ? louca ou n?s somos,” Jalis disse, “vamos atravessar a Colina Scapa e encontrar esta suposta Cidade Sinistra e dar o nosso melhor ao procurar a heran?a.” Ela olhou para Dagra. “Algo est? te preocupando?” Ele deu a ela um olhar semicerrado e esperou um momento antes de responder. “Aye, algo est? me preocupando. Em primeiro lugar” — ele inclinou-se para frente e colocou um dedo no mapa onde o s?mbolo da Caveira cercava o centro da Colina Scapa — “isso me incomoda muito. H? um bom motivo por que ningu?m vem aqui.” “Sim, ? porque todo o Himaera se tornou af?vel aos deuses,” Oriken disse lentamente. “N?s nos livramos do governo dos deuses, mas era apenas um lado da moeda.” “Em segundo lugar,” Dagra continuou, lan?ando a ele um olhar contundente, “presumindo por um momento que toda esta regi?o ? o trecho mais inofensivo do deserto que j? vimos, o que acontece se realmente encontramos Lachyla?” Jalis guardou o mapa na sua mochila. “O que voc? quer dizer?” “Dag est? preocupado sobre o cemit?rio,” Oriken disse. “Com certeza estou! N?o ? certo, deixar as pessoas para apodrecer assim. E espera-se que n?s entremos em algum buraco no ch?o cheio de todos os tipos de cad?veres antigos e n?o santificados? Quero dizer, quem em seu ju?zo perfeito...” “Vou te dizer quem.” Jalis sentou-se e olhou direto em seus olhos. “Tr?s freeblades que mal conseguem juntar moedas suficientes de trabalhos escassos para pagar pelo nosso sustento. Dinheiro est? curto e definitivamente n?o estar?amos em nosso ju?zo perfeito se tiv?ssemos rejeitado este. Temos sorte que Maros nos avisou sobre isso. Ele n?o precisava fazer isso.” “Nossos quartos na taverna s?o cortesia de Maros,” Oriken comentou. “E a comida cortesia da pr?pria guilda.” “Meu ponto permanece. Trabalho tem sido desanimador ultimamente.” Jalis levantou-se agilmente. “N?o vamos chegar a lugar nenhum sentados aqui discutindo sobre isso. Ainda faltam algumas horas antes do anoitecer, ent?o vamos continuar.” Dagra resmungou e levantou-se, pegou sua mochila e pendurou no ombro. Enquanto ele seguia para a estrada, Jalis caminhava ao seu lado e lan?ou um olhar para tr?s para ver Oriken se apoiar nos cotovelos. “Justo quando eu estava ficando confort?vel,” ele disse. Ela piscou e virou-se para Dagra. “Cinco anos e ele n?o mudou nem um pouco.” Dagra bufou. “Cinco? Tente vinte e cinco. O homem ? t?o pregui?oso quanto o menino era, mas se eu tivesse de descer ao pr?prio Inferno, n?o escolheria ningu?m al?m de Orik ao meu lado. E voc?, ? claro.” Jalis sorriu. “O mesmo para mim, meu amigo.” E ent?o um pensamento indesej?vel veio a ela. Descer no Inferno. Espero que seja quem for que estiver ouvindo n?o estejamos indo fazer exatamente isso. ? medida que a noite se intensificava, eles avistaram uma cole??o de quatro cabanas de pedra e madeira, uma dispers?o de celeiros e um conjunto de latrinas afastadas da estrada, aninhadas na beirada de um grande bosque de ?rvores. As constru??es estavam intactas, mas cobertas com musgo, os telhados enfeitados com grama e plantas floridas. Sinais de desuso permeavam a ?rea. Se o lugar ainda era a casa de algu?m, eles n?o tinham cuidado dela h? anos. “Parece que teremos abrigo hoje ? noite,” Oriken disse. Jalis estava em d?vida. “Se as casas est?o t?o descuidadas dentro quanto no lado de fora, poder?amos estar dormindo sob as estrelas de novo.” Dagra resmungou. “Logo descobriremos.” Ele acelerou seu ritmo, as pernas curtas caminhando para a mais pr?xima das pequenas cabanas. Com uma batida forte na porta, ele gritou, “Ol??” Quando Oriken alcan?ou Dagra, ele riu e bateu uma m?o no ombro do seu amigo. “Dag, se algu?m estiver vivo ali, eles devem estar bem abastecidos com provis?es. Esta porta n?o foi aberta em anos.” Ele apontou para os dentes-de-le?o crescendo em touceiras densas nas bordas da porta e a hera intacta que seguia seu caminho ao longo da moldura e atrav?s da porta da frente. Ele pegou a ma?aneta e empurrou; ela rangeu para dentro um cent?metro e um fedor de mofo flutuou para fora. Dagra franziu o nariz em desgosto. “Apenas precisa arejar,” Oriken disse. “Vai ficar tudo bem.” Ele bateu o ombro na porta. As videiras se romperam e a porta arranhou as t?buas do assoalho, suas dobradi?as gemendo at? tocar a parede adjacente. Um interior sombreado os cumprimentou, permeado por um fedor ?mido e pungente que fez Oriken dar um passo para tr?s. “Ou talvez n?o,” ele acrescentou com um encolher de ombros. Do lado direito da ?rea de estar, escassa e empoeirada, uma porta aberta conduzia para uma segunda sala. Oriken atravessou a sala e deu uma espiada dentro. “Hm.” Jalis parou no centro da primeira sala. “O que voc? v??” Oriken semicerrou os olhos para a escurid?o. Uma express?o desconcertada surgiu em seu rosto. “Oh.” “Que diabos isso significa?” Dagra rosnou enquanto ficava atr?s de Jalis. “O que h? a??” “Teias de aranha.” Oriken virou-se para um conjunto de persianas atr?s dele e abriu a persiana da esquerda, permitindo que a luz da noite banhasse o quarto. A maior parte do que Oriken podia ver estava bloqueado da vis?o de Jalis, mas seu olhar semicerrado para a sala antes de sair e balan?ar a cabe?a disse a ela que eles n?o dormiriam ali hoje ? noite. “Dever?amos tentar outra casa,” Oriken sugeriu com um olhar severo para Dagra. “N?o seja t?o covarde.” Dagra passou por ele. “Ah, Dag, eu n?o iria...” Quando Dagra entrou na sala e olhou para o lado, uma express?o de horror espalhou-se pelo seu rosto e ele recuou contra o batente da porta. “Deuses acima e abaixo!” Ele se afastou cambaleando e intrometeu-se entre Oriken e Jalis para desaparecer atrav?s da porta da frente. “Maldito!” ele gritou. “Voc? poderia ter me avisado!” “Eu tentei” “Avisado de qu??” Jalis perguntou. Oriken deu de ombros. “Como eu disse, h? teias por toda parte. N?o poderia dizer at? abrir a persiana. As malditas coisas est?o em todos os lugares do cad?ver, cobrindo-o como uma mortalha.” “Oriken! Voc? sabe como Dagra fica sobre este tipo de coisa!” “Esque?a-o! E eu? H? uma aranha enorme e gorda rastejando sobre o rosto do sujeito.” Com um estremecimento, ele se afastou. “Odeio aranhas!” “E eu odeio surpresas!” Dagra gritou do lado de fora. Sorrindo para si mesma, Jalis olhou para a sala adjacente. O sorriso vacilou quando ela viu uma folha de pergaminho no bra?o da cadeira onde o cad?ver estava ca?do. Ela atravessou a sala e afastou os fios grudentos, pegou o papel e soprou a poeira dele. Ap?s ler o bilhete desbotado, ela colocou-o ao lado do cad?ver e olhou para suas fei??es enrugadas com um toque de simpatia. “Vamos deix?-lo em paz,” ela disse baixinho. “Lamento incomod?-lo.” Ela deixou a constru??o e olhou para seus companheiros enquanto eles estavam discutindo. “Sabe,” ela refletiu, “?s vezes parece que sou uma bab? em um orfanato em vez de um mestre espadachim na Guilda Freeblades.” Enquanto os homens murmuravam seus protestos, ela apontou o polegar na dire??o da porta aberta. “O sujeito ali ficou para tr?s quando o ?ltimo dos seus vizinhos fez as malas e foi embora. Ele se recusou a juntar-se a eles. Em vez disso, permaneceu aqui sozinho e morreu com o que ele considerava ser dignidade. ? t?o triste que algu?m se importaria mais sobre uma pequena ?rea de terra do que uma chance melhor de sobreviv?ncia em outro lugar.” Os homens olharam para ela inexpressivamente antes de retomarem sua discuss?o. Com um suspiro, Jalis passou por eles. “Vou dar uma olhada na pr?xima casa. Aranhas ou cad?veres, os meninos fiquem bem atr?s de mim. Mam?e vai proteg?-los.” “Voc? ? um grande idiota,” ela ouviu Dagra dizer a Oriken enquanto caminhava para a casa mais distante. “Tentei avis?-lo,” veio a resposta de Oriken. “Mas voc? tinha de entrar ali todo valente. Achou que era apenas aranhas, n?o foi? Achou que me faria parecer um banana. An?ozinho idiota.” “An?o? Posso derrub?-lo qualquer dia da semana, seu bastardo desengon?ado.” “Sim? Bem, que tal agora?” “Crian?as!” Jalis gritou quando alcan?ou a pr?xima casa. “Comecem a se comportar agora ou eu juro que vou colocar ambos sobre meu joelho.” Ela olhou para suas express?es chocadas, em seguida se virou para a porta da cabana e bateu o calcanhar abaixo da ma?aneta. As dobradi?as racharam quando a porta voou para dentro. Com as m?os perto das adagas, ela entrou na escurid?o e esperou que seus olhos se ajustassem. Os contornos cinzentos da mob?lia escassa pontilhavam o ?nico c?modo: havia uma lareira na parede oposta, um grande catre em um lado e uma despensa no outro. Uma verifica??o r?pida confirmou que n?o havia coisas mortas ao redor – exceto pelo esqueleto de um rato na lareira – e pouqu?ssimas teias de aranha. Dagra e Oriken entraram timidamente. Ela lan?ou a eles um olhar mon?tono. “A ?rea est? limpa. Voc?s est?o seguros.” Alguns minutos depois, com Oriken ocupado construindo uma fogueira na lareira, Jalis sentou-se em uma cadeira bamba e olhou para Dagra. O homem barbado estava no meio da sala, olhando para o ch?o coberto de sujeira. Estava claro para ela que ele ainda estava agitado. Ele olhou para o outro lado e encontrou seu olhar. “Nada te incomoda?” ele perguntou. “At? mesmo as mulheres e os homens mais dur?es t?m uma fraqueza, mas n?s te conhecemos h? cinco anos e ainda n?o vi a sua.” “H? uma coisa que eu tenho medo,” ela admitiu. “Perder.” “Perder o qu??” Ela olhou calmamente para ele. “Pessoas que eu me importo.” Ele bufou, mas sua barba abriu em um sorriso for?ado, mas afetuoso. “Bem, provavelmente voc? n?o vai perder nenhum de n?s t?o cedo. Voc? n?o deveria, a n?o ser que uma grande aranha monstruosa des?a pela chamin? e devore Orik.” “Ou,” Oriken disse enquanto estalava uma lasca de pedra em uma pederneira, “talvez aquele cara morto na casa acol? se levantar? no meio da noite e vir? arranhar a porta atr?s de Dag.” Dagra virou-se para ele. “Voc? tinha de dizer isso, n?o ??” “Estou falando s?rio,” Jalis disse. “Estamos indo para o desconhecido e n?o gosto de n?o saber. Quase perdemos Maros ano passado. A equipe invenc?vel de quatro tornou-se tr?s e temos sorte que ele sobreviveu.” “Aye.” Dagra assentiu. “Isso n?s temos.” “? uma profiss?o perigosa.” Jalis levantou-se, soltou seu saco de dormir da mochila e enrolou-o no catre. “Verdade, onze anos na guilda e conhe?o somente um punhado de blades que morreu durante os contratos. A maioria destes eram art?fices ou inferior.” Jogando um cobertor no saco de dormir, ela virou-se para erguer uma sobrancelha enfaticamente para os dois homens. “Estatisticamente, as chances de morrer como um freeblade s?o menores quanto mais alto voc? subir de patente; voc?s dois dever?o estar prontos para seus t?tulos de mestre espadachim nos pr?ximos um ou dois anos, mas ainda n?o est?o l?, portanto n?o fiquem convencidos. E, pelo amor das estrelas, tentem controlar suas rea??es. Dag, em um cen?rio diferente, voc? poderia ter entrado em p?nico e fugido ?s cegas de uma coisa morta direto para as mand?bulas de uma criatura viva. Como voc? explicaria isso para a D?ade na vida ap?s a morte?” Dagra estufou as bochechas e soprou. “Reconhe?o seu ponto.” “E Oriken, h? algumas aranhas em Himaera que podem machuc?-lo. Voc? dever? ver algumas delas em Sardaya. Grandes corpos inchados com listras vermelhas e brancas. Uma mordida de uma destas e voc? ficar? inchado como um cad?ver maduro.” Oriken e Dagra gemeram em un?ssono e na penumbra da noite tardia, Jalis imaginou que viu as express?es de ambos ficarem p?lidas. “Veem qu?o f?cil ??” “F?cil e desnecess?rio.” Oriken olhou com cara feia para as ferramentas na sua m?o e voltou a bater a pederneira no graveto. “Sem mencionar os Dan?arinos de Pedra que infestam as Plan?cies de Ghalendi,” Jalis continuou com um aceno de cabe?a para Oriken. “Os adultos t?m metade da sua altura. Eles poderiam estourar qualquer aranha com um toque das suas pernas semelhantes a espadas. Se voc? n?o estivesse protegido com uma armadura e brandindo algo pesado para esmag?-los, um destes aracn?deos acabaria com voc? muito r?pido.” Oriken virou de costas para ela. “Voc? est? inventando isso.” “Voc? vai acender este fogo ou n?o?” Com um resmungo, ele bateu a pederneira mais r?pido contra o a?o. “Madeira danificada n?o ? a mais seca. Ent?o, voc? viu uma destas coisas, n?o foi?” “N?o, mas conhe?o pessoas que viram. Pode haver um pouco de embelezamento, mas n?o duvide que os Dan?arinos de Pedra existem. Meu ponto ? que seu medo n?o ? natural; as pequenas aranhas aqui n?o podem machuc?-lo.” “N?o ? isso que me incomoda. ? a maneira como elas... Pronto!” Uma pequena chama pegou no graveto. Oriken soprou suavemente e o fogo come?ou a se espalhar, soltando um brilho ?mbar no tom cinzento da sala. “O que me incomoda sobre as aranhas ? como elas parecem e se movem. Criaturas repugnantes.” Ele abra?ou a si mesmo e esfregou os bra?os. “Podemos mudar de assunto?” “Cale-se!” Dagra levantou uma m?o pedindo sil?ncio. “O qu??” Oriken disse ap?s um momento. “N?o ou?o nada al?m de madeira crepitando.” “L? estava de novo.” Dagra mantinha a voz baixa. “Enquanto voc?s estavam conversando.” Jalis pegou o cintur?o da espada na mesa ao seu lado. “Eu ouvi.” Tinha sido leve, mas o chamado da matilha foi inconfund?vel. “Cravantes. Dag, feche a porta. Orik, me ajude a empurrar aquele arm?rio atr?s dela.” Ela afivelou o cintur?o ao redor dos quadris e aproximou-se da grande pe?a de mob?lia. Enquanto Oriken se posicionava ao lado dela, Dagra fechava a porta da cabana e fechava as persianas rapidamente. Jalis e Oriken se agacharam atr?s do arm?rio e apoiaram os ombros nele. Eles empurraram, mas o arm?rio mal se moveu. Apoiando os p?s com firmeza, Jalis colocou todo seu peso na tarefa e sentiu Oriken fazendo o mesmo. O arm?rio arranhava e gemia pelas t?buas empoeiradas, seu conte?do chocalhando com cada empurr?o. Em pouco tempo, eles o colocaram com firmeza atr?s da porta. “Precisamos colocar algo atr?s das persianas!” Dagra olhou para o conte?do da sala. Jalis balan?ou a cabe?a. “N?o h? nada.” Oriken torceu a aba do seu chap?u. “Cravantes normalmente deixam os seres humanos em paz, mas aqui, al?m dos ?ltimos assentamentos…” “Este ? o dom?nio deles,” Dagra disse sombriamente. O chamado das criaturas estava se aproximando rapidamente enquanto ele sacava seu gl?dio. “Eles sa?ram dos bosques.” “Eles nos ouviram e agora t?m nosso cheiro.” Jalis enfiou a m?o em uma mochila pela sua minibesta. “Se ficarmos em sil?ncio, eles poderiam se afastar ap?s um tempo.” Com as persianas impossibilitadas de serem barricadas, elas eram o ponto de defesa mais fraco da cabana. Jalis carregou e encaixou no arco da besta, em seguida ficou pronta atr?s dos homens enquanto eles se posicionavam atr?s das persianas. Eles esperaram em sil?ncio, ouvindo enquanto os cravantes saltavam pela clareira, seus chamados guturais lembravam apenas vagamente os macacos nativos do extremo sul do Arkh. Jalis conseguia imagin?-los l? fora, suas mand?bulas salientes com amontoados ca?ticos de presas e aquele segundo conjunto menor de olhos, como esferas de obsidiana nas laterais das suas cabe?as. O semblante de um cravante era hediondo, mas apesar da sua apar?ncia, Oriken estava certo ao dizer que o grupo de primatas ca?adores tendia a ficar longe dos humanos, mantendo-se invis?veis e praticamente despercebidos nas profundezas das matas. Mas aqui, na borda da Colina Scapa, era poss?vel que eles raramente tivessem colocado os olhos em humanos, com o ?ltimo assentamento povoado ficando a meio dia de caminhada para o norte. Algo se espatifou no lado de fora e Jalis visualizou as criaturas entrando correndo na primeira casa, seguindo o cheiro dela e dos homens, mas encontrando somente o cad?ver h? muito tempo morto. A pancada abafada de p?s e punhos no ch?o se aproximou da cabana e, apesar de tudo, Jalis se encolheu quando punhos se chocaram contra a porta, com a madeira se estilha?ando enquanto era sacudida contra o arm?rio. Os cravantes rugiram, sentindo a proximidade dos freeblades. O arm?rio deslocou-se um cent?metro. Al?m do batente, a criatura atacando grunhiu em frustra??o e bateu com mais for?a contra a porta. Uma dobradi?a saltou da sua fixa??o e uma fenda estreita apareceu. Atrav?s dela Jalis viu uma massa de cabelos pretos em um corpo atarracado. O cravante era da altura de Dagra, ligeiramente mais baixo do que Jalis. Um olho preto e arredondado espiou o interior e o cravante rugiu. Jalis disparou a flecha. Sua mira foi no alvo. O proj?til disparou atrav?s da fenda e entrou direto na boca da criatura que guinchou de dor e cambaleou para longe. Outra assumiu seu lugar enquanto Jalis recarregava a besta. Um olhar de Oriken disse a ela para esperar enquanto ele atravessava a sala e empurrava seu sabre entre a porta e a moldura, enviando uma s?rie de golpes r?pidos no corpo do cravante. A criatura rugiu e bateu um punho de pelos grisalhos contra a moldura da porta. Seus dedos grossos e com garras abriram e alcan?aram atrav?s da fenda. Oriken abaixou o sabre, cortando profundamente os dedos da criatura e arrancando um deles. O cravante enfurecido retirou a m?o e soltou um rugido furioso. Oriken pulou para tr?s e Jalis soltou o ferrolho. O primata grunhiu e caiu para tr?s. Na clareira, do lado de fora, flashes escuros de movimento disseram a ela que o resto do bando estava convergindo para a cabana. Punhos socaram as persianas. Poeira se agitou das fendas entre as t?buas. Dagra deu um passo para tr?s e ergueu seu gl?dio quando as persianas ca?ram para dentro. A forma escura de um cravante preencheu a fenda, seu peito musculoso ondulando enquanto levantava os bra?os e rugia. Jalis agarrou outra flecha e deslizou na besta, observando a criatura erguer o bra?o forte para atacar Dagra. Encaixando a besta apressadamente, ela apertou o gatilho e a flecha perfurou um dos quatro olhos do cravante. Dagra desviou-se para o lado e cortou o bra?o que se aproximava. O cravante agarrou o rosto, arrancando a flecha do olho. Havia pouco que Jalis pudesse fazer al?m de continuar carregando a besta, mas havia somente algumas flechas. Nem havia espa?o suficiente nas persianas para os homens manterem sua posi??o sem correr o risco de se machucarem. Eles precisavam de uma nova t?tica. “Fogo!” Jalis gritou. “H? uma tocha antiga na parede.” Oriken saltou para a tarefa. Ele puxou a tocha para baixo e empurrou a extremidade na lareira agora crepitante. As chamas pegaram e ele correu para o lado de Dagra enquanto o cravante machucado se aproximava para o ataque. Com sua aten??o em Dagra, Oriken enfiou a tocha ardente em seu rosto. A criatura soltou um grito estridente e jogou-se no ch?o em uma tentativa de apagar as chamas. Enquanto se levantava de novo, Jalis atirou uma flecha em seu rosto. O cravante uivou e cambaleou para longe, dando v?rios passos largos pela clareira, depois caiu no ch?o. Os uivos e os movimentos da criatura cessaram, permitindo que as chamas se espalhassem. Os cravantes restantes recuaram com medo na escurid?o da noite, seus olhos pretos brilhando ? luz do fogo. Um se atreveu a se aproximar e Oriken balan?ou a tocha quando a criatura se aproximou. As chamas lamberam seu bra?o e o cravante empurrou a tocha para longe, derrubando a parte de cima e enviando a bola de breu voando para a sala para rolar para debaixo do catre cheio de feno. Enquanto o fedor de cabelo chamuscado e carne assando flutuava atrav?s da abertura, Dagra apunhalou seu gl?dio no ombro da criatura. Ela cambaleou para tr?s sobre seu companheiro ca?do; as chamas que consumiram o primeiro pegaram o segundo e, com um grito agonizante, a criatura ficou em p? e saltou na dire??o do resto do grupo, fazendo com que eles se dispersassem de novo na dire??o das ?rvores. O cravante em chamas andava a passos largos ao redor da lateral da casa e os gritos do grupo se dissipavam ? medida que eles desapareciam no bosque. O catre estava em chamas, fuma?a se avolumando na sala. Oriken salvou sua mochila e roupa de cama a tempo e estava ocupado guardando seus pertences. “Atrav?s das persianas,” Dagra gritou, olhando com cara feia de Jalis para Oriken. “Agora!” Eles agarraram seus pertences e Jalis atravessou as persianas atr?s de Dagra. N?o havia sinal do grupo de ca?adores, a n?o ser por aquele no ch?o que j? n?o se movia mais, pequenas po?as de chamas pontilhando suas costas queimadas. Oriken se i?ou atrav?s das persianas abertas, ofegando de dor enquanto pendurava seu sabre de volta na bainha. “Voc? est? sangrando,” Jalis disse. Ele olhou por um instante para a camisa rasgada sobre seu antebra?o. Agarrando a manga, ele rasgou-a a partir do ombro e passou o pano ao redor da ferida. “Posso lidar com isso depois. Dist?ncia primeiro.” Enquanto os tr?s corriam em dire??o ? Estrada do Reino, Jalis pensou sombriamente, Um passeio no campo, de fato. Acima deles, o c?u estava pintado em faixas de estrelas, enquanto atr?s deles, ficando cada vez mais distante ? medida que eles fugiam pela charneca aberta, o inferno da cabana rugia para a noite. Cap?tulo Tr?s Meu, Todo Meu “Isso mesmo,” Wayland disse enquanto se agachava ao lado de Demelza. “Mantenha sua respira??o est?vel. Acompanhe o coelho com a flecha. Segure, puxe e mire. Quando tiver certeza, solte.” De uma curta dist?ncia, ao lado do Guardi?o e da garota, Eriqwyn cruzou os bra?os e observou Demelza e o coelho. Ela vai errar, ela pensou irritada. Seu corpo est? tenso e seu foco n?o est? completamente na tarefa. Reprimindo um suspiro, ela balan?ou a cabe?a. Sou a Primeira Guardi?, n?o deveria estar perdendo tempo com ela; fazer com que aquela cabe?a dura dela compreenda requer muita paci?ncia. A quarenta e cinco metros de dist?ncia, o coelho meio escuro saiu detr?s de um arbusto para a clareira. Ele parou, franziu o nariz e virou-se para olhar diretamente para Demelza e Wayland. A garota soltou a flecha que brilhou no sol da manh? e bateu na grama a v?rios metros do seu alvo. O coelho se p?s em movimento rapidamente. A careta petulante de Demelza acompanhou-o enquanto ele disparava pela charneca. Pegando seu arco do ch?o, Eriqwyn come?ou a ir na dire??o do par. Os olhos de Wayland arregalaram e ele ficou em p?. “Ha! Voc? olharia para aquilo? Voc? errou com a flecha, mas em vez disso parece que voc? assustou o pobre animal at? a morte!” Eriqwyn virou-se. O coelho havia aberto uma boa dist?ncia em segundos, mas agora estava im?vel, a barriga branca aninhada entre a grama curta. Ela se aproximou da criatura ca?da e cutucou-a com a bota. Ajoelhando-se, ela colocou uma m?o em seu peito. Seu cora??o tinha parado e seu olho castanho a encarava sem ver. Wayland estava certo; parecia que a criatura morreu de medo. Ela pegou a criatura pela cauda e caminhou at? Demelza. “A ca?a ? sua,” ela disse ? garota, entregando-lhe o coelho. “Contudo, n?o ser? registrado na sua contagem. Voc? precisa melhorar seu foco. Onde estava sua aten??o? Na ca?a ou em algum outro lugar? Pareceu-me que metade da sua mente n?o estava na tarefa.” Ela olhou para Wayland. “Demelza precisa de mais treino com alvos parados at? que ela possa aprender a dar sua aten??o total.” Wayland deu um breve encolher de ombros e um aceno de cabe?a. “Como voc? diz.” “Bem, garota?” Eriqwyn inclinou a cabe?a para Demelza. “Voc? n?o vai recuperar a flecha que Wayland foi generoso o suficiente para deixar voc? usar?” Os olhos de Demelza pareciam t?o tristes quanto os do coelho em vida e quase t?o vazios quanto estavam na morte enquanto ela assentia. Entregando o arco comprido para Wayland, ela saiu correndo para recuperar a flecha. Enquanto Eriqwyn suspirava, Wayland disse baixinho, “Ah, Qwynie. Voc? ? muito dura com a garota. ? verdade que ela n?o ? o peixe-lua mais brilhante no espelho d’?gua, mas ela n?o ? sem habilidade.” “Uma habilidade que est? abaixo da Primeira Guardi? de Minnow’s Beck para perder tempo em encontrar.” “E quanto a mim? Linisa e eu estamos somente em segundo lugar em rela??o a voc? como protetores da aldeia. Est? abaixo de uma Guardi? ajudar uma jovem a se tornar uma ca?adora? ? claro que n?o. ? assim que o ciclo continua e a aldeia permanece forte.” Eriqwyn sugou o ar atrav?s dos dentes. “N?o h? necessidade de me dar um serm?o, velho amigo. Sei tudo isso. Mas esta garota…” Ela olhou com cara feia para Demelza que retornava. “Amaldi?oada no dia em que nasceu. H? algo sobre ela que eu n?o gosto nem confio. E com que frequ?ncia coelhos simplesmente caem mortos de medo?” “Acontece.” “Mas duas vezes em duas semanas? Com a mesma garota?” Ela virou-se e olhou atentamente para Wayland, mas suavizou quando encontrou seu olhar tranquilo. “Continue com seu treinamento, mas, por favor, seja econ?mico com seus relat?rios de progresso. N?o tenho nenhum desejo em saber qu?o mal ela est? indo nem para quantas criaturas ela conseguiu fazer cara feia at? a morte.” Wayland sorriu e virou-se para a garota quando ela parou na frente deles, a flecha na m?o. “O que voc? aprendeu at? agora hoje?” ele perguntou a ela. Os olhos arregalados de Demelza olharam de Wayland para Eriqwyn e de volta novamente. Sua boca trabalhou silenciosamente antes de responder. “Aprendi…” Eriqwyn franziu o cenho. “Sim, garota?” “Aprendi que…” Oh, pelo amor da deusa, Eriqwyn pensou. “Considere a pergunta,” Wayland disse, sua voz cheia de paci?ncia. Demelza olhou para o coelho na m?o de Wayland e ap?s um longo instante, ela balan?ou a cabe?a e disse, “Aprendi que o coelho n?o ? t?o esperto quanto a Melza.” Eriqwyn reprimiu um suspiro e girou nos calcanhares. Enquanto se afastava, ela ouviu Demelza acrescentar, “Contudo, ainda est? morto.” “Um p?ntano,” Oriken resmungou enquanto puxava a bota do p?ntano com um barulho molhado. Ele olhou para a vista ? frente, para a plan?cie aberta, as ?rvores tortas e escassas, os tufos de bambus e feno salgado que pontilhavam toda a paisagem. “? exatamente o que precis?vamos.” Nuvens haviam se reunido e o ar estava se tornando nublado com a chuva fina. O p?ntano estava intransit?vel a n?o ser que eles quisessem correr o risco de atravess?-lo, o que, para a mente de Oriken, n?o iria acontecer. Nosso sexto dia na estrada e n?o estamos nem na metade do caminho para o nosso destino, ele pensou, franzindo o cenho para a bota coberta de lama. Mesmo assim, primeiro obst?culo at? agora, se voc? n?o incluir aqueles malditos primatas. Sob a atadura em seu antebra?o, o arranh?o da garra do cravante estava come?ando a co?ar. “Vamos ter de fazer um desvio,” Jalis disse, abaixando-se para os remanescentes cobertos de vegeta??o da antiga estrada e tirando seus sapatos. “Voc? disse sul e oeste, certo?” “Uhuh.” Oriken esfregou um dedo no queixo barbudo para evitar co?ar o bra?o cicatrizando. “A costa ? muito mais perto do oeste do que do leste. A partir daqui, calculo trinta e dois quil?metros, mais ou menos.” Dagra bufou. “E que bem isso nos faz?” Oriken deu de ombros, agarrou a copa do seu chap?u e tirou-o. “Se formos para o leste poder?amos acabar acrescentando dias ou uma semana inteira a nossa viagem. Al?m disso, prefiro atravessar a costa rochosa ou praias do que atravessar um p?ntano.” “Ent?o ? o oeste,” Jalis disse, tirando suas botas da mochila e cal?ando-as. “N?o faz sentido adivinhar a dist?ncia que o p?ntano cobre. Vamos seguir sua borda o mais pr?ximo que pudermos.” Ela estendeu uma m?o para Oriken e ele ajudou-a a ficar em p?. “E se isso levar diretamente para o oceano?” Dagra perguntou. “Nada de ?til ? o que far? por n?s.” Oriken passou uma m?o pelo cabelo e recolocou seu chap?u, girando de leve a aba. “Neste caso, voltamos e vamos para o leste. Por que voc? tem de presumir o negativo, Dag? Nenhum de n?s est? feliz com isso. Voc? precisa relaxar um pouco.” Dagra murmurou baixinho e encarou a charneca cheia de p?ntano. “O que foi que voc? disse?” “Nada. Esque?a.” O rosto de Dagra era uma m?scara taciturna enquanto ele sa?a enfurecido para o oeste ao lado do p?ntano. Enquanto seguiam atr?s, Oriken olhou para Jalis. “Ele est? muito tenso. Se houvesse algum maldito santu?rio para a D?ade por aqui, n?s o ter?amos de bom humor em pouco tempo.” Jalis concordou. “Estou come?ando a ver o quanto pedimos a ele para se juntar a n?s. N?o apreciei sua preocupa??o na taverna.” “Ele vai mudar de ideia. Sua f? ? mais forte do que qualquer um que eu conhe?o, para meu aborrecimento ao longo da vida. Far? com que ele sobreviva.” “Espero que voc? esteja certo,” Jalis disse, “embora me pare?a que voc? est? colocando f? na f? de Dagra.” Oriken deu uma risada baixinha. “Voc? me pegou a?.” A tarde se prolongou. A chuva continuava leve, mas implac?vel. Jalis e Dagra usavam suas capas curtas com os capuzes puxados para cima e Oriken tinha vestido sua capa de couro de nargute. Ele estava quente, mas seco. Dagra juntou-se a eles e caminhou para o outro lado de Jalis enquanto os tr?s caminhavam ao longo da beirada do p?ntano. A conversa era escassa e Oriken se viu imaginando o que havia realmente ? frente deles. Eles estavam apenas alguns dias al?m da civiliza??o, mas apesar da paisagem familiar de Himaera, a Colina Scapa tinha uma atmosfera pr?pria. A vastid?o da regi?o fazia com que ele se sentisse n?o confinado, mas tamb?m desconfort?vel como se a pr?pria regi?o estivesse ciente da presen?a deles e os considerasse intrusos. O que, claro, era bobagem. Talvez o humor de Dag esteja me contagiando, ele pensou, em seguida balan?ou a cabe?a. Nenhum deles era estranho a viajar e ver somente deserto de um dia para o outro, mas saber que eles se dirigiam cada vez mais profundo em uma regi?o vasta e despovoada – uma regi?o evitada pelos vivos e abandonada ao passado – ele n?o conseguia afastar a apreens?o que estava come?ando a se infiltrar. Havia realmente uma cidade no outro lado das Terras Mortas? Se sim, ent?o certamente era uma casca de lugar, desmoronando ao ch?o e consumido pela vegeta??o. Enquanto ele se arrastava, a chuva aumentou e come?ou a tamborilar na aba do seu chap?u. Com Jalis e Dagra caminhando ao seu lado em seus pr?prios pensamentos silenciosos, Oriken analisou a lenda de Lachyla. A cidade estava envolta em uma hist?ria vaga e est?rias embelezadas, mas h? quatro anos Oriken ouviu a melhor contada por um Tecel?o de Hist?rias que passava por Alder’s Folly. O homem tinha parado para passar a noite no Mascate Solit?rio na ?poca quando Oriken e Dagra eram novatos na guilda e novos moradores em Alder’s Folly, vivendo na casa da guilda com Maros, Jalis e o resto dos freeblades enquanto o Mascate ainda era de propriedade de Alderby. Na virada da meia-noite, a sala comunal da taverna estava carregada com os cheiros de madeira queimada, cerveja e trabalho ?rduo. Os freeblades estavam reunidos em suas mesas perto da ?nica porta de entrada. Maros sempre tinha de se abaixar e se espremer atrav?s daquela porta, mesmo antes que o ataque do lyakyn tivesse aleijado sua perna, Oriken se lembrou com uma pitada de pena pelo seu mentor mesti?o e amigo. O balbucio da conversa silenciou-se na sala comunal quando um estranho entrou e olhou ao redor. O homem de meia idade era t?o alto quanto Oriken. Ele caminhou at? o bar, sacudiu para o lado a cauda do seu sobretudo azul e bege e saltou habilmente para se empoleirar no balc?o de servi?o. O enigm?tico Tecel?o de Hist?rias sorriu com sua barba bem aparada e grisalha. Seu olhar percorreu os rostos extasiados dos clientes silenciosos. Seus olhos eram vitais. Seu queixo se projetava apenas ligeiramente em uma confian?a silenciosa. Enquanto a lareira crepitava, ele alisou as dobras do seu sobretudo e come?ou a tecer sua hist?ria… No auge dos Dias dos Reis, Lachyla era uma cidade fortaleza vibrante e movimentada, com mais poder e influ?ncia do que qualquer outra em Himaera. Seu povo celebrava a morte com cerim?nias elaboradas nos luxuosos jardins funer?rios. As muralhas imponentes do cemit?rio eram a primeira linha de defesa da cidade, como foi demonstrado d?cadas antes quando um ex?rcito invasor havia violado os port?es – ou assim eles acreditavam – s? para se verem cercados por todos os lados por arqueiros. Os dias de guerra estavam em decl?nio, mas a mortalidade fugaz dos homens pode transformar o grande jogo dos reinos em uma ?nica gera??o, ? medida que um novo soberano se ergue enquanto o sangue dos velhos leigos se espalha sobre o tabuleiro. A idade de ouro dos monarcas estava destinada a um fim calamitoso gra?as, em grande parte, as a??es de um homem. O ?ltimo rei de Lachyla foi Mallak Ammenfar. Desafiando os soberanos tir?nicos da ?poca, Mallak era um governante imparcial e justo e rapidamente teve sucesso em formar alian?as com seus vizinhos do norte. Nos primeiros dias do seu reinado, uma paz desconfort?vel prevaleceu em Himaera, mas ? medida que seu mandato avan?ava, sua diplomacia dava lugar a uma paranoia crescente. Com a inten??o de tornar Lachyla uma cidade-estado autossuficiente, ele come?ou a fechar as rotas de com?rcio com os reinos mais setentrionais e restringiu a viagem dos seus cidad?os. Mallak negligenciou os assentamentos mais distantes do Reino de Lachylan e concentrou-se somente na cidade extensa e fortificada. Ap?s a morte da sua m?e, ele tornou-se recluso e passava a maior parte do seu tempo no santu?rio inferior do castelo. Ningu?m sabia o que ele fazia ali, nem mesmo a rainha. Sem o com?rcio de metais, pedras preciosas e outros recursos valiosos de Lachyla, os reinos do norte ca?ram em decl?nio e as tens?es cresceram por toda a terra. Finalmente, mercadores esperan?osos e enviados de seus vizinhos aliados tentando visitar Lachyla voltaram para casa com relatos que os port?es da cidade estavam fechados e desguarnecidos. Al?m destes port?es, eles disseram, os jardins funer?rios de Lachyla e o grande Caminho dos Defuntos – outrora um balbucio constante de atividade silenciosa – estendiam-se vazios at? a cidade propriamente dita, sem um pranteador nem um caseiro ? vista. A entrada estava barrada para todos os forasteiros, at? mesmo ?queles s?ditos de Lachylan dos assentamentos e fortalezas remotas. O povo da cidade, nenhum estava autorizado a sair. Os reis de Himaera deixaram Lachyla a sua pr?pria sorte, decidindo contra a guerra enquanto atendiam aos conselhos dos seus embaixadores que retornavam. Uma falta de naturalidade estabeleceu-se na cidade. At? mesmo as aves alteraram seu curso para evitar voar al?m das muralhas, talvez percebendo o erro no cemit?rio – os arbustos e grama secos, o solo perturbado das sepulturas… As atividades secretas do rei sob o castelo n?o eram testemunhadas por nenhum mortal, mas a antiga divindade de Himaera, Valsana, n?o tinha tais restri??es. A deusa da vida e morte reinava separada e suprema acima de todos os deuses do Vinculado e Desvinculado, muito antes dos dias iluminados da D?ade. Valsana via as a??es do rei como um desejo por governar al?m da sua posi??o e ela o considerou culpado por alcan?ar a divindade. Sua vingan?a caiu sobre os ombros n?o somente de Mallak, mas de todos que moravam dentro das muralhas da cidade. Ela convocou os habitantes dos jardins funer?rios dos seus lugares de descanso. Os ancestrais invadiram a cidade e destru?ram seus descendentes, que estavam muito aterrorizados para revidar. Logo, cada homem, mulher e crian?a dentro da cidade se juntaram as suas fileiras medonhas. Quando o rei viu sua cidade cair no caos, ele ordenou ao ?ltimo dos seus guardi?es para barrar por dentro as portas do castelo. Naquela primeira noite, os gemidos dos mortos cercavam o castelo, o cora??o de uma criada idosa cedeu ao horror. Ela passou silenciosamente para a morte e levantou-se da mesma maneira silenciosa. Um por um, cada um dos criados do rei sucumbiu ao inevit?vel, seguido por sua fam?lia e finalmente seus guardi?es at? que permaneceu somente Mallak. Para os vivos, o castelo era seu santu?rio final. Para os mortos inquietos, era uma sepultura eterna. Mallak trancou-se na sala do trono e sentou-se no assento adornado com joias, ouvindo seus s?ditos e familiares mortos enquanto eles arranhavam as portas. Ap?s um tempo, eles foram embora e ele foi deixado sozinho. Havia uma mesa com um banquete modesto na sala do trono, mas a comida estava estragada e o vinho transformou-se em vinagre e o rei conheceu o desespero ao perceber as profundezas da maldi??o da deusa. Dias se passaram e, sem comida comest?vel nem ?gua para sustent?-lo, Mallak ficou fraco. Ele come?ou a comer a fruta podre e beber o vinho estragado, mas seu est?mago n?o aguentou nenhum dos dois e ele vomitou. O tempo perdeu significado na sala do trono sem janelas, marcado apenas pelo sono agitado no ch?o frio de pedra. Sedento e morrendo de fome, Mallak difamava o nome da deusa pelo que ela havia causado a ele. Cedendo cada vez mais ao del?rio, o rei compreendeu o erro dos seus modos. Tudo que ele queria era proteger sua cidade e seu povo do veneno dos outros reinos, mas esta prote??o sufocou todos. Os Reinos Himaeranianos n?o estavam repletos de inimigos de Lachyla. As criaturas vagando pelas ruas e pelos corredores do castelo n?o eram os verdadeiros monstros. O verdadeiro monstro, ele sabia, havia se trancado na sala do trono. “Valsana tenha miseric?rdia,” Mallak sussurrou, sua voz pouco mais do que um coaxar seco. Mas nenhuma miseric?rdia veio. Ele meditava no trono, drenado at? mesmo do desespero. Enquanto os murm?rios dos mortos o atormentavam, Rei Mallak Ammenfar partiu desta vida para a pr?xima. A deusa concedeu aquilo que o rei tanto desejava. Seu presente para ele foi o dom?nio completo de Lachyla, nem mesmo a finalidade da morte poderia usurp?-lo – porque o ?nico governante verdadeiro da eternidade… ? a pr?pria morte. “Precisamos de abrigo,” Jalis disse por baixo do capuz, trazendo Oriken de volta ao presente. “As nuvens est?o escurecendo e a chuva est? piorando.” “Se meus olhos n?o me enganam,” Dagra disse, “este abrigo pode estar no horizonte.” Ele apontou para a paisagem nublada. Oriken podia ver apenas as formas de v?rias estruturas pequenas no meio do manto de chuva. “Bem, vou ser amaldi?oado.” “Aye,” Dagra bufou. “Provavelmente.” Enquanto eles aceleravam o ritmo, Jalis disse, “Pelo menos, sem bosques por perto, n?o haver? cravantes desta vez.” Dagra grunhiu sua concord?ncia. “Mas n?o vamos ser complacentes. N?o h? como dizer que outras surpresas as Terras Mortas poderiam ter reservado para n?s.” O est?mago de Oriken roncou. Um teto e um descanso por um tempo seriam agrad?veis neste momento, mas iria preferir um coelho assado. N?o tinha visto um almo?o em potencial o dia inteiro. Quando eles se aproximaram dos pr?dios, suas esperan?as se dissolveram. As tr?s cabanas de madeira estavam em estados avan?ados de desmoronamento e v?rias estruturas menores eram pouco mais do que pilhas de madeira apodrecida. Telhados tinham ca?do parcialmente, as portas estavam faltando ou estavam semiafundadas no ch?o e os interiores estavam cobertos de vegeta??o e ?gua. Oriken desembainhou seu sabre e caminhou at? a cabana mais distante, deixando Dagra e Jalis para inspecionar os pr?dios mais pr?ximos. Uma breve busca confirmou que realmente n?o era nenhum abrigo nem havia algo que valesse a pena salvar dos restos da mob?lia devorada pelos vermes. Ele deu um passo para o lado desmoronado da cabana, serpenteando entre os escombros cobertos de musgo. Atr?s do pr?dio, v?rias ?rvores baixas e espinhosas se aninhavam ao abrigo de um outeiro; atr?s delas, as t?buas deformadas de uma abertura feito pelo homem estavam apoiadas obliquamente no lado da colina. “H? uma mina aqui atr?s!” ele gritou por cima do ombro. Jalis apareceu um instante depois. “Tenha cuidado.” Oriken correu para a entrada da mina e deu uma olhada no interior. Com um encolher de ombros, ele atravessou a soleira. O primeiro conjunto de vigas de sustenta??o estava vis?vel a uma curta dist?ncia; al?m disso, o resto do t?nel se estendia na escurid?o. Ele deu mais alguns passos e parou para passar os dedos na terra. Satisfeito que estava seca, ele jogou a mochila no ch?o e colocou o cintur?o do sabre sobre ela, depois sentou-se apoiado na parede do t?nel. Jalis correu para a entrada e empurrou o capuz para tr?s com um suspiro. Um instante depois Dagra entrou atr?s dela, sacudindo a ?gua da sua capa. Na charneca, o vento soprava e a chuva ca?a com um novo fervor. Uma vez livre do seu equipamento, Jalis sentou-se com as pernas cruzadas ao lado de Oriken. “Assim que aliviar, vamos sair de novo.” “Onde quer que haja uma mina, normalmente h? um assentamento nas proximidades,” Oriken disse. Dagra emitiu um grunhido evasivo. “Qualquer assentamento estar? em condi??es t?o ruins quanto aquelas cabanas de trabalhadores l? fora. As casas da periferia n?o estavam vazias por mais do que algumas d?cadas, mas esta mina foi abandonada h?, pelo menos, uma centena de anos.” “Ele est? certo,” Jalis disse. “N?o faz sentindo em ficar animado. Al?m disso, o bosque por aqui ? muito mais esparso; se permanecer assim, n?o vamos esbarrar com mais nenhum cravante.” “Aye, bem,” Dagra murmurou enquanto passava. “Sem mais surpresas. Isto est? bem para mim.” Ele largou seu equipamento contra a parede e agachou-se ao lado dele, colocando seu gl?dio sobre o colo. Oriken olhou al?m de Jalis para admirar os pr?dios quebrados. Ele se perguntava como eram os mineiros naquela ?poca e se eles eram parecidos com seu pai. Estufando as bochechas, ele olhou na dire??o oposta da escurid?o intensa do t?nel. “Ei, espere,” ele murmurou. “Aquilo ?… Dag, cuidado!” Um vulto correu direto para Dagra. Ele estava em p? em um piscar de olhos para encontrar o agressor de cabe?a erguida, balan?ando sua espada no vulto escuro. Com um grunhido, o agressor passou as m?os ao redor do pesco?o de Dagra e ele empurrou o gl?dio de l?mina larga atrav?s da barriga do agressor, empurrando-o mais alto no peito. As m?os ao redor do pesco?o de Dagra afrouxaram e seu agressor caiu em cima dele. Ele arrancou a espada do corpo e o agressor caiu ao ch?o. Tudo tinha acontecido em segundos, mas Oriken e Jalis tinham suas armas sacadas e prontas para atacar a partir do t?nel. O momento se prolongou, mas nada veio. Oriken olhou para Dagra, cujos olhos estavam fixos no corpo aos seus p?s. Oriken olhou para baixo. “Merda,” ele disse enquanto olhava para a pele suja, coberta de machucados, o cabelo comprido e emaranhado e a barba desgrenhada de um homem nu. Dagra gemeu, caminhou at? a entrada e ficou olhando para a chuva. “Um eremita?” Jalis ponderou. “Ou h? mais no interior da mina?” “Um idiota, de qualquer maneira,” Oriken disse. “O que ele estava pensando?” “Invadimos sua casa.” Dagra mantinha suas costas para eles. “Ele estava somente se protegendo.” Jalis balan?ou a cabe?a. “N?o represent?vamos nenhuma amea?a para ele,” ela disse a Dagra. “Dever?amos queim?-lo.” Oriken jogou as m?os para cima. “?tima ideia. Vou sair e pegar um pouco de madeira seca para uma fogueira. H? tantas ?rvores por aqui e realmente n?o est? chovendo pesado.” “Ok, tudo bem!” Dagra virou-se para encar?-los. “Vamos pelo menos arrast?-lo mais para dentro, se vamos ficar por um tempo.” “Isso eu posso fazer,” Oriken disse, tentando sem sucesso evitar a dureza na sua voz. Dagra olhou para ele e ap?s um momento deu um breve aceno de cabe?a. Oriken agarrou os pulsos do eremita e arrastou o corpo para o t?nel, mantendo seus sentidos em alerta para mais perigo. A escurid?o era completa, mas ele conhecia bem as entradas de minas. Quinze metros adiante, o t?nel se dobrava e ele largou o cad?ver no canto. Por um minuto inteiro, ele ficou parado e olhou para a escurid?o enquanto pensamentos sem forma empurravam o limite das suas emo??es. “Orik!” A voz de Jalis soou no t?nel. “Voc? est? bem?” “? claro,” ele disse. Ele deu ? escurid?o um olhar sombrio, em seguida virou-se para se juntar aos seus amigos. “Voc? n?o precisava ir t?o longe,” Dagra disse quando Oriken se aproximou da entrada. “N?o fui longe. Estava apenas pensando.” “Voc? realmente escolhe seus lugares para introspec??o,” Jalis disse. “Em uma mina abandonada, no escuro, perto de um cad?ver.” “Um pouco de respeito, por favor, garota,” Dagra disse. “Aquela era uma pessoa viva h? poucos minutos.” “Ele nos atacou,” Jalis disse, “n?o o contr?rio. Voc? se defendeu. Voc? n?o tem nada para se sentir mal sobre isso.” “N?o precisava mat?-lo.” “N?o, mas voc? n?o tinha como saber qu?o perigoso ele era nem que ele era um homem at? que fosse tarde demais. N?o se critique por causa disso. Ainda temos um longo caminho a percorrer e precisamos nos manter t?o afiados quanto nossas espadas.” Dagra resmungou um reconhecimento sem palavras. “Gostaria que esta maldita chuva diminu?sse para que pud?ssemos seguir em frente.” Jalis sorriu. “Este ? o esp?rito.” Oriken deixou-se cair para sentar-se encostado na parede. Jalis sentou-se de pernas cruzadas ao lado dele. “Algo aconteceu?” “N?o.” Ela estudou seu rosto. “Lembre-se que ? comigo com quem voc? est? falando. Consigo ver sua alma.” Ele bufou. “N?o tenho uma destas.” Dagra veio se juntar a eles. “Voc? n?o precisa seguir a D?ade para ter uma alma,” ele disse. “Todo mundo tem uma. At? mesmo voc?.” “Sim, certo.” Oriken voltou seus olhos para a escurid?o. “Sim, certo,” Dagra insistiu. “N?o acredito em nenhum dos seus deuses, Dag. Voc? sabe disso. Nem na D?ade. Nem no Vinculado. Nenhum deles.” “Bem, talvez eles acreditem em voc?.” “Pelo amor de Deus!” Oriken levantou-se e olhou com cara feia para seu amigo. “Voc? n?o pode deixar isso em paz, s? para variar?” Jalis levantou-se e ficou entre eles. “N?o sei como voc?s conseguiram permanecer amigos por todos estes anos,” ela disse, passando um olhar severo de um para o outro. Dagra acenou uma m?o com desd?m. “Nem eu.” “Eu sei,” Oriken disse. “Eu devo...” Ele reprimiu o resto das palavras e pressionou os l?bios com firmeza. Dagra virou a cabe?a lentamente. Seus olhos se levantaram para prender Oriken com um olhar sinistro. “N?o pare a?,” ele disse com calma. “Voc? ainda acredita que me deve? O que eu fiz por voc?, eu fiz tarde demais. Eu tive uma chance mais cedo e n?o aproveitei. Voc? n?o me deve nada.” Idiota! Oriken repreendeu a si mesmo. Voc? n?o podia manter a boca fechada. “Dag, olhe, sinto muito. N?o pretendia...” “Voc? n?o pretendia,” Dagra sorriu com desd?m. “Voc? n?o pensou. Este ? o seu problema, Oriken. Voc? nunca pensa.” Com um suspiro, ele sentou-se de novo. Oriken olhou para ele, mas Dagra n?o disse mais nada e manteve os olhos na parede oposta, os dedos sobre o pingente ao redor do seu pesco?o. Quando Oriken virou-se para Jalis, ela estava olhando para ele serenamente. Contendo o desejo de acender um rolo de tobah, ele balan?ou a cabe?a e vagou para a escurid?o. As coisas n?o tinham sido t?o ruins entre ele e Dagra por muito tempo. O lugar estava afetando ambos. Cap?tulo Quatro Pedras Dos Tempos Passados “O que voc?s, meninas, v?o fazer hoje?” Eriqwyn abafou um suspiro e colocou o resto do seu caldo na boca para evitar dar uma resposta irreverente para sua m?e. No outro lado da mesa, sua irm? trocou um olhar com Eriqwyn. “Espero que seja um dia como qualquer outro,” Adri disse. “Estamos felizes em ter voc? se juntando a n?s para o caf? da manh?, M?e. Voc? dormiu bem?” A m?e delas deu a Adri o mais breve dos acenos de cabe?a, em seguida seus olhos ficaram vidrados e ela olhou para sua comida. “De volta ao seu pr?prio mundo,” Eriqwyn murmurou. Adri pigarreou. Como os jovens ca?adores est?o se saindo com o treinamento?” “A maioria est? demonstrando ser promissor, mas eles ainda t?m um longo caminho a percorrer e n?o ser?o ca?adores at? que eu os aceite como tal.” Adri lan?ou um olhar inexpressivo para ela. “Isso, irm?, ? um entendimento que n?o plana acima de mim como l?der desta comunidade.” Eriqwyn inclinou a cabe?a em defer?ncia. “? claro. Mas me diga uma coisa, Adri. Como Primeira Guardi?, aceitar os aprendizes ? minha responsabilidade, mas por que, na charneca verde da deusa, voc? insistiu em apresentar Demelza?” “Ah, sim. Demelza.” Adri deu um sorriso tenso. “Sua antipatia pela garota ? bastante evidente e sei que do contr?rio voc? n?o a teria aceitado. Admito que h? algo sobre ela que tamb?m me preocupa, mas ela ? inofensiva e acredito que ela tem potencial.” “Voc? e Wayland veem algo nela que eu n?o,” Eriqwyn disse. “Seu progresso ? lento e sua aten??o ? quase inexistente.” Adri colocou a colher na tigela vazia. “Isso n?o significa que ela n?o possa aprender. Ela mora sozinha, Eri. Ela provou ser autossuficiente desde que a velha Ina morreu. Eu a vi retornar para a vila com coelhos, fais?es, cestas de caranguejos. Uma vez eu a vi arrastando um nargute adulto at? seu barrac?o.” “Bem, n?o sei como ela conseguiu peg?-los sem redes ou armadilhas ou uma flecha bem direcionada. Do que ela parece ser capaz n?o combina com suas habilidades observadas. N?o acredito que ela tenha o que ? preciso.” Eriqwyn deu de ombro. “N?o importa. Wayland est? respons?vel pela garota. Se algu?m pode transform?-la em uma ca?adora, ? ele. Ele gosta de Demelza e sua paci?ncia ? ?mpar.” “Wayland ? um Guardi?o forte. Assim como Linisa.” Adri levantou-se da sua cadeira e esticou o bra?o sobre a mesa para pegar a tigela de Eriqwyn. “Voc?s tr?s podem ser a equipe mais capaz de Guardi?es que esta vila j? conheceu. Minnow’s Beck est? realmente bem protegida.” “? bom voc? dizer isso, irm?.” Mas protegida contra o qu?? Quando Adri deixou a sala, Eriqwyn se levantou do seu assento e olhou para a m?e delas. “Vou sair para colher flores agora, Mam?e,” ela disse, odiando-se um pouco por saber que suas palavras foram ditas com menos gentileza e mais com zombaria. Sua m?e olhou para cima e encontrou seu olhar. Apesar do passar dos anos trancada dentro das suas lembran?as, s? por um momento seus olhos mostraram o fantasma da mulher que ela tinha sido outrora. “Tudo bem, querida,” ela disse, com um leve sorriso. “Divirta-se.” Divers?o. Eriqwyn ponderou a palavra enquanto sa?a da sala. Como se vida ainda fosse sobre pular corda e colher flores. Eu cresci, M?e. Assim como Adri. Mal nos lembramos mais do que ? divers?o. Um murm?rio de vozes flutuou das portas abertas enquanto Eriqwyn caminhava pela Fileira dos Santu?rios Ca?dos, seu arco sem corda na m?o. Calor e o cheiro de a?o enchiam o ar quando ela passou pela frente aberta do ferreiro. Tan, o mais novo dos dois ferreiros, desviou o olhar do seu trabalho e levantou uma m?o em sauda??o. Sem interromper o passo, Eriqwyn reconheceu o gesto com um breve aceno de cabe?a e continuou seguindo pela rua. Quando alcan?ou a extremidade sul da vila, uma figura saiu de tr?s da ?ltima casa. Eriqwyn cerrou os dentes quando reconheceu Shade. O cabelo escuro e brilhante da mulher ca?a sobre seus ombros e o material transparente da saia comprida e faixas que cruzavam sobre seus seios se agarravam a sua figura na brisa quente. Shade parou ao lado de uma viga de madeira e levantou a m?o para acariciar a madeira lisa. “Ol?, Eri,” ela ronronou. Seus olhos castanhos brilhavam ao sol da manh?. Eriqwyn fez um movimento para passar por ela, mas parou quando Shade tocou seu ombro. “O que voc? quer?” Eriqwyn disse bruscamente. Shade sorriu. “Tanta hostilidade. Voc? sabe que eu gosto disso em uma mulher. Faz um tempo que eu n?o te vejo, Eri. Voc? tem se escondido de mim?” “N?o preciso me esconder de voc?,” Eriqwyn disse acidamente. “E n?o me chame de Eri. Voc? e eu n?o somos pr?ximas.” “? uma grande pena.” A voz de Shade exalava sensualidade tanto quanto sua apar?ncia. “Ent?o como voc? quer que eu te chame? Primeira Guardi??” “Isso seria aceit?vel.” “Tantas formalidades,” Shade repreendeu. “Pensei que est?vamos muito al?m disso. Com os lugares que voc? e eu estivemos, eu diria que estamos mais … intimamente ligadas do que a maioria em Minnow’s Beck.” Seus olhos percorreram o corpo de Eriqwyn. Eriqwyn olhou ao logo da rua para garantir que n?o houvesse bisbilhoteiros. “N?o h? nenhuma intimidade entre voc? e eu,” ela disse enfaticamente. “Se algum dia houve, foi h? muito tempo. Eu te conhe?o pelo que voc? ?, Shade. Voc? ? uma pedra preciosa... bonita, mas fria.” Shade aproximou-se mais um passo, parecendo deslizar pela curta dist?ncia entre elas. Seus dedos percorreram o ombro nu de Eriqwyn at? o bra?o. “Eu pare?o fria?” Ela se aproximou ainda mais. “Ou eu pare?o quente? Voc? se lembra daquele calor, Eri? Em algum momento, voc? deveria vir me visitar, eu lembraria a voc? qu?o agrad?vel eu sou aos olhos e ao toque.” Com um suspiro de frustra??o, Eriqwyn franziu o cenho e afastou a m?o de Shade do seu bra?o. “Voc? vai se dirigir a mim com o respeito da minha posi??o.” “Oh,” Shade ronronou com um sorriso irresist?vel, “mas eu respeito sua posi??o.” A ponta da sua l?ngua serpenteou entre os dentes. “Cada uma delas.” Eriqwyn abriu caminho e se afastou. “Te vejo em breve!” Shade gritou atr?s dela. Dagra agarrou seu pingente Avato e sussurrou uma ora??o para a D?ade e seus profetas enquanto se arrastava pela grama baixa, ainda ?mida do aguaceiro do dia anterior. Para o oeste, uma cadeia de colinas varria ao longo do horizonte, a mais leve vis?o do oceano pairando sobre seus picos. Para o leste, bambus e capim se projetavam do p?ntano carregado de neblina como campan?rios de templos min?sculos, enquanto globos fantasmag?ricos de fogo-de-fada flutuavam serenamente acima da mortalha branca. Eles haviam seguido o p?ntano durante o resto do dia anterior e quando o p?ntano finalmente deu lugar a terras mais firmes ao sul, Jalis mandou parar para a noite e eles dormiram sob as estrelas. Desde o amanhecer eles mantiveram um ritmo constante, esperando que o vasto p?ntano finalmente acabasse para que eles pudessem se dirigir para o interior e voltar para a Estrada do Reino. ? medida que a primeira hora da manh? se estendia para a segunda e terceira, Dagra sentia cada vez mais como se uma presen?a esmagadora preenchesse a charneca. N?o era o espa?o aberto que o enervava nem o potencial de qualquer perigo f?sico; ele era um freeblade, afinal de contas e se as coisas ficassem muito dif?ceis, eles sempre poderiam voltar. O que o perturbava era a atmosfera ?mpia que come?ou quando eles entraram nas Terras Mortas e que somente tinha piorado desde ent?o. Ele mal podia sentir a presen?a da D?ade t?o no cora??o da Colina Scapa. Sua ?nica esperan?a era que Aveia ainda ouvisse suas ora??es e que sua contraparte Svey’Drommelach tamb?m ouvisse do Reino dos Esp?ritos; era desconcertante e – Dagra admitiu de m? vontade – ir?nico que suas esperan?as quase superassem suas ora??es neste lugar onde a D?ade nunca reinou, este lugar que era o dom?nio de uma deusa primitiva e h? muito desmoralizada. “Antes da Insurrei??o,” Dagra disse, mais para si mesmo do que para os outros, “eles n?o queimavam seus mortos. Apenas os enterravam e os deixavam no ch?o para supurar e apodrecer.” Ele estremeceu. “Pr?tica ?mpia.” “Era a mesma coisa no Arkh antes do surgimento da D?ade,” Jalis disse. “Alguns lugares enterram seus mortos sem crema??o ... nas ?reas remotas onde eles ainda veneram o Vinculado e o Desvinculado em vez da D?ade.” “De qualquer maneira nunca me importei muito,” Oriken comentou. “O que importa o que acontece com voc? quando voc? morre?” “Os mortos deveriam ser queimados e suas cinzas espalhadas ao vento,” Dagra insistiu. “Deixar os ossos para afundarem na lama, mas deixar o esp?rito voar livre.” Balbuciando uma adi??o silenciosa ? sua ora??o, ele soltou seu pendente e olhou al?m de Jalis para as terras altas ao oeste. Naquele momento, o canto superior de uma estrutura de pedra quadrada tornou-se vis?vel entre as colinas distantes. Jalis tamb?m havia percebido isso. Ela parou e tirou sua mochila. “Aquilo ? um castelo?” “Duvido,” Oriken disse. “Muito pequeno.” “? maior do que aquela fortaleza circular nos arredores.” Dagra franziu o cenho para o bloco cinza feio que era t?o alto quanto largo. “Sem janelas no andar inferior. Quem iria querer viver em um lugar assim?” “N?o creio que foi constru?do para conforto,” Oriken disse. “Muito provavelmente ? um forte antigo.” “Hm.” Jalis tinha o mapa na sua m?o e cutucou um dedo sobre ele. “Est? aqui. Caer Valekha.” Ela olhou ao redor do mapa. “Isso significa que estamos um aqu?m do meio do caminho at? Lachyla.” “Quase al?m do ponto sem retorno,” Dagra murmurou. “Quando o destino est? mais pr?ximo, a rota sensata ? para frente.” Oriken arqueou uma sobrancelha. “Ou?o um surto de entusiasmo?” Dagra bufou. “Mais como determina??o.” “Esperem.” Jalis olhou para a fortaleza enquanto guardava o mapa e pendurava a mochila sobre o ombro. “Creio que vi movimento.” “Voc? viu,” Dagra disse enquanto caminhava a passos largos ao longo do p?ntano. “? o rastro de poeira atr?s de mim enquanto eu me apresso para deixar este lugar.” “Dag est? certo,” Oriken disse enquanto eles corriam para alcan??-lo. “N?o h? como dizer o que h? l?, mas n?o ? nosso objetivo e n?o estou curioso o suficiente depois dos cravantes e do eremita.” Jalis assentiu. “Concordo.” Ap?s colocar uma dist?ncia entre eles e a fortaleza, Dagra lan?ou um olhar cauteloso por cima do ombro para o pr?dio. Caer Valekha. Por que os lugares precisavam ter nomes t?o sombrios naquela ?poca? Enquanto seguiam em frente, a fortaleza encolhia atr?s das colinas, al?m do qual uma faixa brilhante coroava o horizonte – o sol da manh? cintilando da costa. “Faz muito tempo desde a ?ltima vez que eu vi o Oceano Echilan,” ele disse melancolicamente. “Sim.” Oriken suspirou, depois deu uma gargalhada. “Lembra quando fomos at? o Monte Sentinela?” Dagra assentiu. “Escalando suas colinas para ver at? onde poder?amos atravessar a ?gua.” “N?o poder?amos escalar mais alto.” “E havia de tudo l? fora, menos ondas espumantes.” Oriken riu. “Verdade. Foi um final muito decepcionante para uma aventura divertida. Seus av?s ficaram doentes de preocupa??o.” “Eles n?o me deixaram sair da sua vista por semanas. Sim, eu me lembro.” “Cavalheiros, odeio interromper a nostalgia, mas parece que estamos ficando sem terra seca novamente.” Dagra olhou para frente e viu que ela estava certa. Sua determina??o vacilou. Embora a neblina do p?ntano estivesse limpando, os sinais reveladores de um terreno infestado de p?ntanos espalhavam-se n?o somente ? esquerda deles, mas agora tamb?m ? frente deles, bloqueando o caminho. A meio quil?metro de dist?ncia, uma faixa verde escura de con?feras marcava o retorno de terra firme. “Se continuarmos em dire??o ao oeste, os p?ntanos poderiam diminuir mais perto da costa.” “Este ? o esp?rito.” Oriken bateu uma m?o no ombro de Dagra. “Vamos encontrar uma maneira de atravessar. Sempre encontramos. Certo?” “Aye,” Dagra resmungou. “Sempre encontramos.” A pausa deles chegou muito antes de alcan?ar a costa. Quinhentos metros ao longo da margem do p?ntano, uma travessia grosseira de troncos de ?rvores parcialmente submersos havia sido arremessada no p?ntano em fileiras de tr?s. “Bem, a? est?.” Oriken sorriu. “Isso foi ?til da parte de algu?m.” “Gra?as aos deuses,” Dagra disse. “Mas n?o vou ficar para conhecer seja quem for que construiu isso.” Ele colocou um p? no primeiro tronco meio submerso, testando seu peso sobre ele. “Parece firme o suficiente.” Ele pisou na madeira, encontrou seu equil?brio e atravessou para o pr?ximo tronco. Jalis saltou de leve na madeira. “Esta passarela parece ter d?cadas, talvez um s?culo e provavelmente foi colocada em cima dos remanescentes de uma travessia anterior. Seja quem for que construiu isso deve estar morto h? muito tempo.” “Uma centena de anos ou dia, os deuses veem o futuro e colocam as pe?as no lugar,” Dagra disse. “Eles enviam coisas para nos testar, mas eles tamb?m enviam coisas para nos ajudar.” “Ei, Dag,” Oriken chamou atr?s dele. “N?o me importa se s?o deuses ou pastores de cabra. Qualquer coisa que te levar para o outro lado.” Dagra balan?ou a cabe?a. “Os deuses t?m estado usando voc? para me testar durante anos, Orik. Zombe o quanto voc? quiser, meu amigo. Um dia destes irei convenc?-lo que estou certo.” Sorrindo para si mesmo, ele acrescentou, Mesmo que demore at? a vida ap?s a morte. Eriqwyn perambulava ao longo do litoral suavemente elevado a v?rios metros da costa rochosa. O movimento silencioso da mar? era o ?nico som al?m dos gritos distantes das gaivotas atr?s dela. ? frente, n?o havia nenhum p?ssaro ? medida que a grama verde amarelava e rareava na terra sem vida. A inclina??o constante da costa subia at? um penhasco que se projetava para o oceano e contornava o promont?rio distante de terra. Com apenas um arbusto ou uma ?rvore de apar?ncia doentia ? vista, a terra ?rida se inclinava na dire??o de uma muralha amea?adora e irregular que se estendia at? a charneca. Outra muralha encimava o afloramento meridional e al?m das suas ameias, os cumes nebulosos das torres e pin?culos desapareciam no c?u azul. Seu arco estava encordoado, mas Eriqwyn n?o esperava ter de us?-lo. Quanto mais perto ela caminhava na dire??o do per?metro do Lugar Proibido, as chances de ver vida selvagem de qualquer tipo se tornavam cada vez mais improv?veis; como no caso das gram?neas, as criaturas fugiam da muralha alta e antiga. Aqui, existia somente um motivo pelo qual ela poderia precisar de uma arma e ela rezava para a deusa que tal evento nunca viesse ? luz. N?o havia necessidade de ir at? a muralha, ela podia ver detalhes suficientes ? dist?ncia para ter certeza que nada espreitava perto da sua base nem entre as ameias acima. Virando para o interior, ela pegou um caminho paralelo a longa muralha, seguindo uma rota percorrida pelos Guardi?es ou ca?adores da aldeia todos os dias por gera??es. Mais ao leste, as linhas angulares dos pr?dios mais ao sul de Minnow’s Beck espiavam por tr?s da base coberta de ?rvores da Escarpa do Drag?o Sonhador, o esconderijo natural da aldeia do norte e do oeste. Aumentando seu ritmo, ela manteve os olhos alertas e lan?ava olhares cont?nuos por todos os lados, especialmente na dire??o da barreira implac?vel do Lugar Proibido. Meia hora depois, Eriqwyn alcan?ou o canto nordeste da muralha e a vasta charneca se abriu diante dela em faixas de verde e dourado, o sol alto fluindo sobre a paisagem ondulante. Olhando ao longo da muralha setentrional, ela rastreou sua extens?o at? que se afunilou no horizonte. N?o era a sua vez de verificar a entrada hoje; este trabalho recaiu sobre Linisa, que estaria levando um ca?ador-em-treinamento para olhar atrav?s das barras de ferro da entrada do Lugar Proibido pela primeira vez, exatamente como um dos Guardi?es anteriores tinha feito com Eriqwyn quando ela era uma menina e exatamente como Wayland em breve estaria fazendo com Demelza. Satisfeita que a costa estava limpa, ela virou para o terceiro e ?ltimo trecho do seu circuito, seguindo a trilha que levava de volta ? aldeia. Ap?s alguns minutos, ela viu uma figura solit?ria ? frente. Demelza, ela pensou. Sozinha novamente. Para dar uma espiada atrav?s das barras, n?o ?? Assim que avistou a garota, Demelza saiu correndo da trilha e desapareceu na linha das ?rvores. Franzindo o cenho, os instintos de ca?adora de Eriqwyn entraram em a??o e ela entrou no bosque, pisando de leve na vegeta??o rasteira entre as ?rvores. Pegando um vislumbre de movimento quando Demelza moveu-se rapidamente pela base da Escarpa do Drag?o Sonhador, Eriqwyn abaixou-se para uma posi??o semi-agachada e come?ou a persegui??o. Na crista plana da colina havia a clareira natural do Olho de Drag?o. Eriqwyn se escondeu entre as ?rvores e arbustos e observou a garota entrar na clareira. Demelza atravessou para um bloco de pedra coberto de hera no centro da clareira – a pedra de oferenda que deu nome ? clareira, sua ?nica serva a hera j? que ningu?m tinha venerado os deuses primitivos desde muito antes de Valsana mudar o mundo. Eriqwyn esperou enquanto um minuto se estendia no seguinte e Demelza permanecia escondida atr?s do altar. No outro lado da clareira, a vegeta??o rasteira farfalhou. Os sentidos de Eriqwyn agu?aram. Seus olhos encontraram rapidamente a ?rea de alvoro?o. Entre os arbustos, um par de grandes olhos amarelos brilhava ? luz do sol perto do ch?o. A criatura enfiou a cabe?a na lareira e Eriqwyn imediatamente pegou uma flecha. Sarbek, ela pensou, encaixando a haste da flecha enquanto a criatura parecida com um lobo rastejava da vegeta??o rasteira, a crista de ossos semelhante a uma espada arqueando sobre suas costas, p?lida contra o pelo escuro. Lobos eram incomuns t?o perto de Minnow’s Beck, mas Sarbeks eram muito mais raros. Tais criaturas tendiam a permanecer no bosque montanhoso ao nordeste, mas caso um se deparasse com um humano sozinho e desarmado… A aten??o do sarbek estava no altar de pedra, atr?s do qual Demelza ainda estava se escondendo. A criatura deu v?rios passos t?midos para frente, em seguida se agachou, pronta para saltar. Eriqwyn puxou e soltou a flecha e perfurou o flanco do sarbek. Com um gemido estridente, a criatura caiu e Demelza saiu do seu esconderijo em um instante e correu para o seu lado. Agachando-se, ela colocou uma m?o em seu flanco e com a outra acariciou gentilmente a cabe?a do sarbek. Eriqwyn saiu das ?rvores e a menina olhou para ela, seus olhos brilhando com umidade. Por que em nome de Valsana ela est? chorando? “Por que voc? tinha de fazer isso?” Demelza solu?ou. Eriqwyn foi pega de surpresa. Esta n?o era a rea??o que ela esperava da menina. “Voc? n?o deveria estar aqui sozinha.” Demelza piscou e as l?grimas escorreram pelo seu rosto. Ela voltou sua aten??o para o sarbek e ap?s um instante, a criatura piscou e fechou os olhos, deu um ?ltimo suspiro, em seguida morreu. Ainda ajoelhada, ela virou-se para Eriqwyn. “O que ela fez para voc??” ela gritou. “Eu…” Eriqwyn hesitou, em seguida se conteve. “Voc? estava em perigo, menina! Nitidamente voc? n?o pode se defender. Voc? deveria estar me agradecendo, sua crian?a ingrata! Se eu n?o estivesse aqui, no momento voc? estaria sendo destro?ada at? a morte nas mand?bulas daquela criatura.” Demelza abaixou a cabe?a, as l?grimas derramando no pelo do sarbek morto. “Eu n?o estava em perigo. Ela era minha amiga. Voc? n?o consegue ver isso?” Ela se levantou e se aproximou de Eriqwyn. “N?o tenho amigos na aldeia, n?o ??” ela disse acusadoramente. “N?o h? ningu?m l? que gosta de mim.” Eriqwyn respirou fundo. “Isso n?o ? verdade, Demelza.” “Sim, ? verdade. E voc? sabe disso, porque voc? ? uma daqueles que n?o gosta de mim. Eu vejo isso, sabe? N?o sou burra.” N?o havia mais nada para Eriqwyn dizer. Era verdade, ela realmente n?o gostava da menina, n?o que ela pudesse dizer exatamente o porqu?. E isso era a verdade para muitos dos alde?es. Mas este era um lado diferente de Demelza que ela n?o tinha testemunhado antes. A morte da sarbek animou a menina mais do que Eriqwyn j? tinha visto. “Voc? n?o pode fazer amizade com os predadores da natureza,” ela disse. Mas, de alguma maneira, apesar dos seus anos de treinamento, a declara??o pareceu fraca. A sarbek estava realmente prestes a atacar? Eriqwyn j? n?o tinha mais tanta certeza. “Talvez voc? n?o possa,” Demelza solu?ou. “S? mato para comer, n?o porque eu acredito que tudo quer me matar ou porque eu goste disso.” Eriqwyn reprimiu um suspiro. “Eu n?o gosto...” Demelza lan?ou um olhar venenoso para ela, em seguida saiu correndo para o bosque. Apoiando seu arco no altar de pedra, Eriqwyn soltou um longo suspiro. Ela virou-se para a sarbek, agarrou a flecha que se projetava do seu flanco e a soltou. Pegando um trapo de uma algibeira em sua cintura, ela limpou a ponta da flecha e a recolocou na aljava, em seguida parou para olhar para a criatura morta. N?o importa o motivo, a sarbek estava morta e, nos bosques da Colina Scapa, nada de ?til deveria ser desperdi?ado. Com um encolher de ombros, ela desembainhou o punhal de ca?a, ajoelhou-se e come?ou a trabalhar. Cap?tulo Cinco Complica??es contratuais Maros fez uma careta de dor enquanto se inclinava sobre o barril de hidromel Saltcoast Tan, transferindo seu peso para a perna boa enquanto dava um descanso para a arruinada. Ele agarrou a beirada de ferro do barril de cerveja, tensionou seus m?sculos e levantou. Com uma pegada t?o forte quanto o metal nas suas m?os, ele trouxe o barril at? seu peito e travou os cotovelos, segurando-o firme. Transferindo um pouco do peso para sua perna ruim, ele deu um passo para frente. Agonia disparou pela lateral da perna e ele proferiu uma maldi??o enquanto uma brisa soprava atrav?s do quintal da taverna, esfriando o brilho de suor na sua testa. “Maldita perna,” ele resmungou. Houve uma ?poca, eu poderia ter carregado este barril pelo caminho sem esfor?o. Agora estou me esfor?ando e suando como um porco fodido, sem mencionar ter de usar esta maldita carro?a. Ele sentiu um desejo repentino de chutar a roda da carro?a de barris, mas se conteve; seria tolice perder a paci?ncia enquanto levantava vinte gal?es da sua cerveja mais popular. Outro passo prec?rio para frente o levou at? a traseira da carro?a. Ele abaixou seu fardo nas t?buas ao lado de um barril menor de Carradosi Pale e um tonel ainda menor de Redanchor Vorinsiano. Esfregando a barriga arredondada, ele suspirou e balan?ou a cabe?a. “? Maros, a Montanha mais do que nunca nos dias de hoje,” ele murmurou. “Amaldi?oe aquela criatura idiota conseguindo seus malditos dentes pontiagudos no meu joelho.” Ele mancou at? a frente da carro?a e parou para massagear o lado da perna latejando. Se eu pudesse matar aquele lyakyn novamente, eu faria isso aqui e agora; esmagaria seus dentes e arrancaria suas mand?bulas da cara. E seria t?o gratificante quanto a primeira vez. Ele suspirou e balan?ou a cabe?a. Sim, mas nenhuma quantidade de devaneios me far? caminhar da maneira certa novamente. Suspendendo o cabe?alho comprido da carro?a, ele mancou e resmungou pelo p?tio escuro at? a porta dos fundos da taverna. Uma vez l?, ele come?ou a tarefa de arrastar os barris da carro?a para o Mascate Solit?rio. A taverna estava quieta. Al?m de um punhado de freeblades em uma das suas mesas regulares no canto da frente, apenas alguns moradores da cidade estavam espalhados por toda a sala comunal. Maros tinha permitido que o jovem gar?om, Jecaiah, sa?sse cedo e fosse para casa, para sua esposa e ele tamb?m tinha mandado para casa algumas das atendentes. Com os barris fechados protegidos debaixo do bar ao lado daqueles atualmente em uso, Maros colocou o tonel de Redanchor em cima do balc?o dos fundos, pronto para amanh? ou para o dia seguinte, para os clientes com gostos mais caros. Ele pegou sua banqueta do bar, saiu mancando de tr?s do balc?o at? os freeblades e sentou-se com as costas contra a parede. “O que eles estavam pensando?” Alari estava dizendo. “Os dez por cento divididos entre os tr?s” — ela acenou com a cabe?a para indicar Maros — “e as fatias do chefe e da sede; ? bom, mas n?o vai lev?-los longe.” Ao lado de Alari, o novato sob sua responsabilidade bufou. “Em vez disso, eles poderiam ter conseguido um punhado de trabalhos servis, no m?s ou mais, em que estar?o ausentes, como voc? me disse para fazer.” Maros franziu o cenho para o jovem. “Kirran, esta ? a atitude certa para um novato, mas n?o se voc? quer permanecer um pelo resto dos seus dias como freeblade.” “Uh, sinto muito, chefe.” “N?o se desculpe. Estes trabalhos servis precisam ser feitos por algu?m e agora esta pessoa ? voc?.” Kirran pressionou os l?bios juntos e n?o disse mais nada. Na frente dele, Henwyn deu uma risada sincera. “O chefe te pegou a?, rapaz.” Ele tomou um gole do seu vinho. “Mas s?rio, chefe, voc? acredita que este contrato valer? a pena?” Maros grunhiu. “Seu palpite ? t?o bom quanto o meu, Hen. A verdade ? que tenho pensado sobre a inten??o da mulher Chiddari. Este ? um dinheiro s?rio que ela entregou, mas algo n?o est? parecendo certo para mim. Voc? j? conheceu algu?m que se importa tanto com uma bugiganga que nunca viu? Na idade dela?” Henwyn deu de ombros e olhou para Alari. “Eu, eu teria aceitado o contrato s? pelos dez por cento. Ainda ? uma quantia consider?vel. Verdade seja dita, estou um pouco chateado por n?o estar aqui quando voc? postou no quadro. Eu o teria arrebatado. Um m?s sozinho no deserto? Sim, eu faria isso.” “Sozinho?” A garota ao lado de Henwyn fixou-o com um olhar desanimado. “O que aconteceu sobre voc? me ensinar o trabalho?” “Bah.” Henwyn sorriu atrav?s da sua barba curta. “N?o me interprete mal, garota, mas voc? ainda n?o diferencia alhos de bugalhos l? fora. Voc? ainda n?o est? pronta para ser uma com a terra por este per?odo de tempo.” A garota olhou para ele friamente. “Conhe?o o deserto,” ela disse, em seguida virou a cara. Alari pigarreou. “Voc? tem f? na lenda?” ela perguntou. “Quero dizer, s? espero que nossos amigos estejam completamente preparados, s? isso.” “N?o sei,” Maros admitiu, deslocando seu peso na banqueta. “Sei que alguns discordam, mas acredito que hist?rias s?o tudo que elas s?o. Se eu fosse capaz, estaria l? fora com eles em vez de confinado no Folly. Nunca estive inclinado a me aventurar nas Terras Mortas e n?o estou muito curioso sobre a Cidade Sinistra, mas...” Uma tosse catarrenta foi emitida da mesa ao lado deles. Maros olhou para Jerrick, um cliente do Mascate, sentado sozinho como de costume e balbuciando na sua caneca. “Esta tosse est? piorando, meu velho,” Maros disse. “Voc? deveria conseguir uma infus?o para isso.” “Heh.” Jerrick olhou para cima, seus olhos remelentos disparando para Maros. “N?o ajuda quando ou?o sobre o que voc?s, jovens, est?o falando.” “Isso ? assunto dos freeblades,” Maros repreendeu. “N?o ? para voc? estar ouvindo.” “Aye, bem, quando um homem ouve o que ele ouve, ele tem de falar, n?o ?? Eu tive um amigo nos blades uma vez, sabe? Dif?cil de entender que um coroa velho como eu pudesse ter tido amigos, n?o ?? Bem, eu tinha. Todos mortos agora e Eli foi o primeiro a ir. Ele era um bom homem.” Jerrick suspirou e franziu o cenho pensando. “Deixe-me ver agora… Deve ter se passado cinquenta anos quando Eli e eu est?vamos sentados nesta taverna e ele disse que estava saindo em uma miss?o. Aye, eles chamavam de miss?o naquela ?poca.” Maros olhou para Alari e deu um discreto encolher de ombros. Jerrick tossiu, depois gargalhou na m?o antes de limp?-la na cal?a e erguer uma sobrancelha grossa e branca. “Disse que se ausentaria por um tempo, que estava indo para o sul para encontrar uma pedra para uma garota. Voc? sabe, a busca absurda habitual que voc?s, freeblades, fazem. Pergunto a ele para onde e ele diz para a Cidade Sinistra, de todos os lugares. Bem, ele foi. Nunca mais voltou. Consenso era que ele se perdeu, atacado por monstros ou algo assim, caiu em um p?ntano, algo assim. Eu, eu n?o tenho tanta certeza. Lias era velhaco.” Alari moveu sua banqueta e esperou enquanto Jerrick pigarreava ruidosamente na m?o retorcida. Quando ele terminou, ela se aproximou e disse, “Quem era a garota?” “Amaldi?oado se eu sei.” Maros balan?ou a cabe?a. “Isso ? novidade para mim.” “Nenhum motivo para voc? ter ouvido,” Henwyn comentou. “Um contrato entre milhares, de meio s?culo atr?s?” “Verifique os registros,” Alari sugeriu. “N?o encontrar? nada l?,” Maros disse. “Os arquivos aqui remontam a somente dez anos atr?s. A sede em Brancosi tem todos os registros dos contratos mais antigos e dos membros.” Jerrick balbuciou outra crise de tosse, em seguida pegou um cachimbo de madeira e uma algibeira do que Maros sabia ser de tobah com nepente do seu casaco. Apesar das juntas retorcidas, ele enfiou habilmente as folhas ?midas no cachimbo, em seguida tomou um gole de cerveja. “Viva pela espada, morra pela espada, voc?s jovens dizem, n?o ?? Aye, bem, reconhe?o que estas s?o minhas espadas.” Ele brandiu seu cachimbo e caneca, tomou o resto da sua cerveja, em seguida se levantou da sua cadeira. “Foi muito bom conversar com voc?s, rapazes.” Ele acenou com a cabe?a para Alari. “E voc?, mo?a.” “Ei, Jerrick,” Maros chamou. Uma express?o intrigada atravessou o rosto do velho. “Ah, sobre o que est?vamos falando?” Maros sorriu com tristeza. “Vida e morte, eu acredito.” “Ah, sim.” O velho deu um sorriso cheio de dentes. “Dois t?picos sobre os quais eu sei o suficiente. Bem, ent?o.” Ele levantou uma m?o com manchas hep?ticas como se inclinando um chap?u, em seguida atravessou lentamente a sala comunal e saiu para a noite. Quando as portas da taverna se fecharam, Maros ficou sentado pensativo. A revela??o de Jerrick o incomodou. Isso o incomodou muito. Henwyn estava olhando para ele. “Quando o mensageiro chegar, mande-o de volta com um pedido pelos arquivos de cinquenta anos atr?s.” “O mensageiro n?o retornar? por uma quinzena,” Maros disse. “Depois, ele ter? rodadas para terminar antes de voltar para a Ba?a. E provavelmente ser?o mais algumas semanas at? que ele retorne novamente. Isso ? tempo demais.” “Tempo demais para que, chefe?” a garota ao lado de Henwyn perguntou. Maros franziu o cenho para ela. “Sinto muito, mo?a, esqueci seu nome.” “Leaf,” ela disse. “Hm. Bem, ent?o, Leaf. O que voc? acharia de um pequeno contrato de mensageiro? Mostrar a Henwyn do que voc? ? capaz.” Os olhos de Leaf arregalaram. “Um trabalho meu? ? claro.” “Certo, ent?o. Encontre-me aqui ao meio-dia amanh?. Terei o formul?rio de solicita??o redigido ent?o.” “Para onde vou?” “Sede da guilda em Ba?a Brancosi.” Leaf ficou de queixo ca?do. “Nunca estive na capital antes.” “Bem, agora ? a sua chance. Mas n?o demore, porque quero aqueles documentos o mais r?pido poss?vel.” “Qual ? a pressa?” Kirran perguntou, mantendo o tom de voz cuidadoso. Maros olhou para o novato. “A pressa, menino, ? que eu tenderia a concordar com Jerrick, que seu amigo n?o morreu simplesmente na estrada. Se um freeblade ? enviado em miss?o” — ele balan?ou a cabe?a ao se pegar usando a palavra antiquada de Jerrick — “ent?o a probabilidade ? que ele ou ela seja um veterano – um oficial, pelo menos, se n?o um mestre espadachim.” “O que voc? est? dizendo?” Henwyn perguntou. “O que estou dizendo, Hen, ? que eu creio que este Eli encontrou a Cidade Sinistra. Mais precisamente, acredito que Jalis e os rapazes tamb?m ir?o encontr?-la e serei amaldi?oado se vou permitir que eles encontrem o mesmo destino.” Os ?ltimos clientes da noite desapareceram pela porta da taverna na escurid?o, deixando Maros sozinho enquanto duas atendentes esfregavam as t?buas e limpavam as mesas. A algazarra de panelas e frigideiras flutuava da cozinha onde Luthan, o cozinheiro, estava ocupado realizando suas pr?prias tarefas de fim de turno. Ap?s alguns minutos, Maros ouviu um farfalhar e olhou para a passarela atr?s do bar. Luthan tinha sa?do da cozinha e estava indo na dire??o de Maros. Seu avental esbranqui?ado e bandana estavam t?o imaculados como sempre quando ele entrou na ?rea p?blica, mesmo se o lugar estivesse sem clientes. Mais do que apenas um cozinheiro, a famosa refei??o whitesand de Luthan lhe dera uma esp?cie de nome nestas partes e ele tinha uma imagem a manter, algo que ele conseguia com um decoro tranquilo, no entanto, confiante. “Voc? gostaria de comer alguma coisa?” O cozinheiro disse. “Estou preparando algo para mim antes de ir para casa. Por que voc? n?o se junta a mim? Chefe?” “Hm?” Maros pegou o olhar de Luthan e estufou as bochechas. “N?o, n?o para mim. ? tarde demais.” O cozinheiro sem barba nenhuma puxou uma banqueta e apoiou-se nela. Seus olhos azuis estudaram o rosto de Maros. “Algo est? preocupando voc?.” N?o era uma pergunta; com Luthan, nunca era. “Estou preocupado sobre Jalis e os rapazes. Estava come?ando a pensar que eu os enviei para ca?ar drag?es, mas agora reconhe?o que pode ser pior.” “Isso ? sempre uma chance para um freeblade,” Luthan disse. “Verdade.” Maros cerrou o punho e esfregou os n?s dos dedos com a outra m?o. “Mas algo est? come?ando a parecer inesperado sobre isso.” Na parte mais distante da sala comunal, as portas da taverna se abriram. Um homem entrou, parando na porta para alisar seu sobretudo e remover seu bon? xadrez. Ele olhou para atrav?s da dist?ncia enquanto se dirigia propositalmente para o bar. Luthan pigarreou e desceu da banqueta para voltar rapidamente para a cozinha. “Estamos fechados durante a noite,” Maros disse ao rec?m-chegado. “A n?o ser que seja um quarto que voc? esteja procurando?” O homem suspirou quando alcan?ou o bar e colocou seu bon? no balc?o de carvalho. “N?o estou aqui como um cliente, bom mestre taverneiro.” Maros o avaliou. O rosto fl?cido do estranho n?o tinha barba, seu traje amarrotado, mas bem cortado e com certeza ele n?o era o tipo que gostava de sujar as m?os. Maros imaginou que ele estivesse na casa dos quarenta e tantos. “N?o posso dizer que j? o vi por estas bandas, amigo. Voc? est? aqui para oferecer um contrato?” “N?o ? bem assim.” O homem parecia cansado. “Estou aqui sobre um contrato, mas que infelizmente j? foi acordado.” “Compreendo.” Um fiozinho de irrita??o surgiu aos poucos enquanto Maros desejava que o homem fosse direto ao ponto. “Ent?o, por favor, diga o que voc? quer.” “Deixei a aldeia de Balen h? cinco horas,” o homem disse, enfiando a m?o na sua capa e retirando um rolo de pergaminho amarrado que ele colocou em cima do balc?o polido ao lado do seu bon?. “Estou cansado demais para formalidades prolongadas e posso simplesmente aceitar aquela oferta de um quarto. Tem sido um dia longo e decididamente incomum.” “Onze moedas de cobre por um quarto,” Maros resmungou. “Quinze, se voc? quiser um caf? da manh? quente na parte da manh?.” O homem pressionou os l?bios juntos e sustentou o olhar de Maros. “Bom mestre taverneiro, prefiro pensar que depois de ler e digerir completamente o conte?do deste documento” — ele tocou o rolo de pergaminho diante dele —“voc? pode considerar me oferecer o uso de um quarto como um gesto de boa vontade.” Maros cerrou os dentes, olhou para o pergaminho, depois fixou uma careta no rec?m-chegado, sua paci?ncia diminuindo. Para dar o devido ao homem, ele n?o parecia ciente da reputa??o de Maros nem parecia nem um pouco intimidado pelo seu tamanho meio-jotunn; Maros poderia ter estendido o bra?o sobre o bar e esmagado o rosto do homem em um punho peludo se quisesse. Mesmo encurvado na baqueta alta, ele ainda se elevava acima do homem por mais de trinta cent?metros. “Aceitarei o caf? da manh? como uma cortesia tamb?m,” o homem acrescentou. A careta de Maros aprofundou um pouco mais enquanto ele se levantava da banqueta, plantava as m?os grandes no balc?o e ficava em p? amea?adoramente. “E por que,” ele resmungou, “eu ofereceria a voc? todas estas generosidades, amigo?” O estranho respirou fundo antes de responder. “Parece que, no meu cansa?o, negligenciei me apresentar. Meu nome,” ele disse, parecendo completamente imperturb?vel enquanto levantava os olhos para encontrar os de Maros, “? Randallen Chiddari.” “Ah.” Maros olhou para ele. “Ent?o estou feliz que voc? esteja aqui. Alguns anos atr?s – muitos anos atr?s – parece que um dos nossos blades foi contratado para se dirigir ao mesmo territ?rio que tr?s dos meus est?o agora, executando o contrato da sua m?e. Aquele homem nunca retornou e ? forte a minha suspeita de que ele foi contratado pela sua m?e ou talvez, um dos seus pais. Preciso falar com ela.” Randallen bufou. “Nunca conheci os pais dela. A m?e dela est? morta h? cinquenta anos, enterrada no terreno da fam?lia em Eihazwood. Quanto a minha querida m?e, temo que ela n?o possa responder a nenhuma das suas perguntas.” “Oh?” Maros franziu os l?bios. “E por que seria isso?” “Porque, bom mestre taverneiro, nas primeiras horas desta manh? ela perdeu todo o interesse em seu pequeno acordo. Ela est?, para ser honesto, morta.” Cap?tulo Seis Duas Extremidades da Estrada Maros deixou seus aposentos acima da sala comunal da taverna e desceu a escada, segurando o robusto corrim?o enquanto mancava pelos degraus, um de cada vez. Por que diabos eu ainda tenho a ala privada no andar de cima? Ele fez uma anota??o mental para trocar a ala dos freeblades, que inclu?a os seus pr?prios aposentos e aqueles dos seus tr?s amigos ausentes, com uma das alas de h?spedes do andar debaixo. A meia d?zia de passos do final, ele parou e abafou um bocejo atr?s da m?o enquanto estudava a ?rea p?blica. Somente tr?s clientes estavam na sala comunal a esta hora da manh?. Todos eram h?spedes de pernoite, tomando um caf? da manh? solit?rio em mesas separadas. A bota de Maros arranhava a pedra enquanto ele arrastava a perna arruinada pelos degraus restantes. Seus olhos se fixaram em um h?spede em particular, que desviou o olhar do seu caf? da manh? e acenou com a cabe?a em uma sauda??o sombria. Randallen Chiddari segurava um dos famosos whitesands de Luthan sobre um prato, um fio de molho escorrendo de uma fatia grossa de carne que se projetava entre as fatias crocantes de p?o. Maros sussurrou um xingamento cansado enquanto se aproximava. A porta da cozinha se abriu quando ele passou e foi cumprimentado com um sorriso desdentado da atendente que surgia. “Dia, Diela,” ele disse, retribuindo o sorriso. “Dia, chefe. Caf??” Ele assentiu. “Irei traz?-lo imediatamente.” Maros alcan?ou a mesa de Randallen e olhou para seu h?spede. “Mestre Chiddari, posso sentar?” Randallen abandonou seu whitesand no prato e olhou para cima. “Por favor, fa?a isso,” ele disse categoricamente. Maros podia sentir o mal humor do homem. Deuses, ele pensou, como eu odeio a diplomacia que acompanha ser o Oficial da Guilda. “Meus agradecimentos,” ele disse. Ele se abaixou em uma baqueta no lado oposto, reprimindo um estremecimento enquanto deslocava o p? para uma posi??o mais confort?vel. Deveria colocar um assento do tamanho de Maros em cada mesa para evitar momentos como este. Contorcendo-se no assento baixo, ele pigarreou. “Mestre Chiddari...” Randallen revirou os olhos. “N?o tenho paci?ncia para esta bobagem. Sou um alde?o. Em Balen, todos me chamam de Ral, at? mesmo aqueles com quem tenho uma antipatia m?tua. Pediria a voc? para fazer o mesmo.” Ent?o, ele quer falar de maneira simples esta manh?. Posso viver com isso. “Muito bem, Ral.” Maros apontou para a comida parcialmente consumida no prato do homem. “O que voc? achou do seu caf? da manh??” Randallen lan?ou um olhar inexpressivo para ele. “Voc? teve tempo de considerar nosso problema?” “N?o fiz mais nada a noite toda,” Maros disse. “Incluindo dormir.” “Com isso eu posso me identificar.” Maros enfiou a m?o no bolso do seu colete e produziu um pergaminho, desdobrou-o e colocou-o sobre a mesa. “O contrato entre sua m?e e a Guilda dos Freeblades ? pela descoberta e recupera??o de uma joia funer?ria que pertence ? fam?lia Chiddari.” “Sim, sim. E h? quinhentos dari de prata da minha m?e em seus cofres.” Maros assentiu. “Reservados para os freeblades que assumiram o contrato.” “O que nos leva ao problema.” Randallen reprimiu um suspiro quando Diela chegou ? mesa. “Aqui est?, chefe.” Diela colocou uma caneca fumegante de caf? na frente de Maros. Ele tomou um gole da bebida quente e suspirou satisfeito, assentindo em agradecimento. Quando a atendente foi cuidar das suas tarefas, Randallen ergueu uma sobrancelha. “O problema?” “Como eu expliquei para voc? ontem ? noite, um contrato n?o expira no caso da morte do cliente.” Maros fez uma pausa para tomar outro gole de caf?. “Realmente lamento ouvir sobre sua m?e. Ela parecia uma...” “J? estive nesta taverna por tempo demais,” Randallen disse bruscamente. “Portanto, por favor, me poupe dos clich?s e vamos concluir este neg?cio. Voc? tem em sua posse uma quantia de dinheiro que, por acaso, ? a grande maioria das economias de vida da minha m?e. Voc? compreende o que isso significa?” “Estou come?ando.” “Significa que eu, como o filho e ?nico herdeiro da minha querida M?e, de repente me encontro sem nenhuma heran?a. Isso ? completamente inaceit?vel. Tenho uma esposa e duas filhas. Cuidei da minha m?e o quanto pude. Quando eu morrer, minha esposa e minhas filhas receber?o qualquer coisa que eu conseguir acumular na minha vida, enquanto que eu, subsequentemente, mere?o as economias da minha m?e.” Maros franziu os l?bios, considerando o ponto. “Seguindo os termos dos contratos e pol?ticas da guilda,” ele disse com cuidado, “pagamentos s? podem ser devolvidos se um contrato n?o ? cumprido. Neste caso, um total de noventa por cento seria devolvido ao benefici?rio.” “Oh.” “De fato. Mas devo avis?-lo e temo que esta parte voc? pode n?o gostar…” Maros pegou o contrato da mesa e levou ao rosto, semicerrando os olhos para a sua pr?pria escrita at? que encontrou a se??o que queria. Virando o papel, ele o colocou na frente de Randallen e tocou um dedo no par?grafo relevante. “V? aqui? Voc? notar? que sua m?e n?o nomeou nenhum benefici?rio. Tecnicamente, isso significa que n?o sou obrigado a aceit?-lo como tal. Contudo...” “O qu?? Voc? sequer a encorajou a dar um nome?” Maros deu um sorriso insens?vel. “Se um cliente deseja nomear um benefici?rio, pode faz?-lo, mas n?o ? uma parte essencial do acordo. Se sua m?e tivesse voc? em mente, ela teve todas as chances de mencion?-lo.” “Ora, a ingrata…” As bochechas de Randallen brilhavam de raiva enquanto ele encarava o pergaminho. “? um dilema,” Maros disse. “Com isso eu concordo. Conversamos sobre seu problema, mas voc? deve perceber que a moeda tem dois lados.” Ele inclinou-se para frente e abaixou a voz. “Tenho tr?s pessoas boas arriscando suas vidas ao se aventurar em um lugar que ningu?m esteve em s?culos, um dos poucos em toda Himaera a carregar o s?mbolo da Caveira. Meus freeblades – minha fam?lia – viajaram para a Cidade Sinistra para encontrar a heran?a da sua m?e. Os perigos em potencial, tenho certeza que voc? concordar?, s?o inimagin?veis.” Ele cutucou um dedo no pergaminho. “Este contrato ? um seguro contra meus freeblades perdendo suas vidas durante seu empreendimento. Voc? perdeu sua m?e. Isso ? lament?vel. Mas se meus freeblades n?o retornam das Terras Mortas...” “Isso n?o ? problema meu! Ningu?m os obrigou a aceitar o contrato.” “Mestre Chiddari.” Maros se levantou e pairou sobre a mesa. “Voc? tem a tend?ncia de me interromper. Se voc? n?o tivesse feito isso, j? teria me ouvido dizer que estou considerando aceit?-lo como benefici?rio em vez da sua m?e. Por favor, note que eu disse considerando. Se voc? aceita ou n?o, depende de voc?. Da maneira que eu vejo isso, voc? tem uma op??o. Se meu pessoal retornar com a heran?a – o que eles far?o se ela existir ou morrer?o tentando – eu o aconselharia a aceit?-la graciosamente deles. Se eles n?o retornarem...” “Isso ? inaceit?vel!” O rosto de Randallen tremeu com a raiva reprimida. “Exijo que voc?...” Os n?s dos dedos de Maros estalaram quando ele cerrou os punhos e apoiou-os na mesa. A madeira rangendo sob seu peso foi o ?nico som na sala comunal. “Voc? n?o exige nada da Guilda dos Freeblades, homenzinho. Mais uma fa?sca de atitude repulsiva de voc? e n?o somente esquecerei sobre acrescent?-lo ao contrato, tamb?m irei arremess?-lo atrav?s das portas da taverna. N?o me teste mais.” Maros respirou fundo para se recompor, satisfeito em ver Randallen engolir o n? em sua garganta. A mensagem parecia ter sido levada adiante. “Pense sobre isso,” Maros disse, abaixando a voz mais uma vez. “A joia ser? sua. N?o posso dizer se vale mais ou menos do que as economias da sua m?e, mas apostaria que provavelmente chega perto. Se voc? quer tanto o dinheiro, fa?a um favor a si mesmo e venda a maldita coisa. Tenho certeza que voc? encontraria um comprador em Ba?a Brancosi. Eu poderia at? mesmo coloc?-lo em contato com alguns em potencial, por uma pequena taxa, ? claro.” Apesar da raiva diminu?da de Randallen, a derrota estava em seus olhos quando ele os abaixou para a mesa. “Receio que vender a joia estar? fora de quest?o.” “Por qu??” “Porque...” — Randallen respirou fundo — “Minha m?e foi enf?tica que a joia estivesse com ela quando ela morresse. Este era seu ?nico objetivo ao querer a maldita coisa em primeiro lugar. Esperava que, com seu falecimento…” “Ent?o voc? est? tentando recuperar o dinheiro porque acredita que o contrato est? anulado, ? isso?” “Talvez.” O rosto de Randallen era uma m?scara inflex?vel. “Bem” — Maros deu de ombros — “Lamento dizer que este n?o ? o caso. Sua m?e pode ter perdido este barco em particular, mas o contrato permanece. A joia ser? sua para fazer o que quiser.” Randallen balan?ou a cabe?a. “N?o. Ela n?o queria simplesmente estar de posse da joia antes de morrer.” “Voc? est? dizendo que ela queria ser queimada com ela?” Maros deu uma risada. “Se voc? est? disposto a jogar algo deste valor na pira funer?ria, ent?o isso ? problema seu.” “Oh, ? pior do que isso. Muito pior. Veja, meu querido, minha m?e quer a maldita joia jogada no ch?o. Para qu?? Para ser desenterrada em uma centena de anos por algum garimpeiro afortunado? Ela n?o se beneficiar? disso e eu certamente n?o irei!” Randallen respirou fundo. “? maldito desperd?cio sem sentido.” Maros deu de ombros. “N?o ? um pedido insensato. As pessoas t?m seus bens enterrados com suas cinzas o tempo todo.” Randallen sugou o ar atrav?s dos dentes. “Eu disse alguma coisa sobre crema??o?” Maros franziu o cenho. “Bem, eu… Oh.” “Sim.” Randallen sorriu friamente e enfiou a m?o no sobretudo. Ele retirou o rolo de pergaminho da noite anterior e brandiu-o para Maros. “Est? tudo aqui. Os ?ltimos desejos de M?e. Ela n?o vai ser cremada, ela vai ser enterrada.” Renfrey balan?ou na banqueta em sua mesa habitual ao longo da parede lateral da sala comunal do Mascate Solit?rio. Ainda n?o era meio-dia e ele j? tinha perdido a conta de quantas canecas de Redanchor havia consumido. Em seus dias de folga do moinho, ele bebia cedo para evitar as multid?es. No momento em que os clientes noturnos chegassem, ele estaria em casa e dormindo para se recuperar at? duas horas antes do amanhecer. Depois sairia para o trabalho, transportando e amarrando sacos de gr?os, levantando os sacos nas carro?as dos fazendeiros, liberando as engrenagens que giravam o moinho de torr?es de farinha e sujeira e limpando a merda da represa e do lago. Pelos deuses, era um trabalho miser?vel, mas pagava pela cerveja. Renfrey gostava da sua privacidade. Um homem poderia se sentar sozinho e gracejar ? dist?ncia, se quisesse. N?o que houvesse qualquer gracejo acontecendo entre a d?zia, mais ou menos, de clientes no Mascate. O mercador pretensioso e imbecil no canto tinha um par de guarda-costas corpulentos fazendo-lhe companhia. Os dois lenhadores comendo tranquilamente uma refei??o no lado mais distante da sala comunal realmente n?o pareciam divertidos. E depois havia os freeblades. N?o mijaria neles se eles precisassem de um banho. Ele franziu o cenho para sua caneca de Redanchor, depois tomou um gole da cerveja forte e colocou a caneca de volta na mesa com um baque. L?quido formou um arco na borda antes de espirrar de volta para dentro. “Aye,” Renfrey disse com a fala arrastada, “chegar onde pertencemos, apodrecemos…” Seu olhar percorreu a sala, os freeblades que estavam absortos em uma conversa discreta, o enorme gar?om desajeitado e finalmente pousando na atendente limpando a mesa no centro da sala. Pernas bonitas naquela. Cremosas. Macias. Tetas bonitas tamb?m. Coisinhas atrevidas, elas eram, pressionadas para cima pela sua roupa, pequenas, mas ainda conseguiam derramar sobre o vestido. Mas o rosto n?o era grande coisa para olhar. Renfrey olhou lascivamente para a suavidade ao redor da cintura da garota. A criada levantou o olhar do seu trabalho e pegou-o olhando para ela. Ele sorriu e ela sorriu de volta. Oh, aye, eu entraria no cio com aquela como um porco, ele pensou, observando seu traseiro balan?ar enquanto ela se afastava. Ele lambeu os l?bios e lambeu um espa?o entre os dentes. A conversa da mesa dos freeblades flutuou e Renfrey murmurou uma maldi??o. Freeblades poderiam apodrecer no Inferno no que lhe dizia respeito, at? o ?ltimo dos presun?osos arrogantes ladr?es de mulheres. Eles eram um flagelo na cidade. Se houvesse outra taverna em Alder’s Folly, ele estaria bebendo l? em vez de no Mascate. Ele tomou um gole da cerveja e ouviu suas palavras. “…aquela quantia de dari…” “…n?o teria aceito, sozinho…” “Maros diz…” “E se h? verdade nisso?” “Malditos freeblades,” Renfrey disse com a fala arrastada. “Bons para porra nenhuma.” Um deles, um sujeito barbado um pouco mais jovem do que Renfrey, olhou para tr?s rapidamente, mas continuou a conversar com seus companheiros. “Aye, continue,” Renfrey disse, sua voz se elevando. “Falando nada al?m de besteiras ? o que oc?s est?o fazendo!” Isso chamou a aten??o deles. “Pe?o desculpas, Ren,” aquele com a barba disse. “Estamos te ofendendo de alguma maneira?” Renfrey n?o sabia o nome do bastardo. Mas n?o gostou que o idiota soubesse o dele. “Me ofendendo?” Ele bateu a caneca na mesa, cambaleou na banqueta e se firmou. “Aye, eu diria que est?o.” “Como estamos fazendo isso, Mestre Renfrey?” a jovem ao lado do rosto barbudo disse. Mestre? Maldito Mestre agora, eu sou? N?o tinha visto aquela putinha madura por aqui antes. “Bem, agora, garota, imagino que poder?amos come?ar com oc? n?o me chamando de Mestre.” Ele olhou para o barbudo ao lado dela. “Ou Ren, no que diz respeito a isso. Que tal isso?” Enquanto os freeblades trocavam olhares, uma voz retumbante ecoou atr?s do bar. “Voc? mantenha sua voz baixa agora, Renfrey. Voc? conhece as regras.” Ele voltou sua aten??o para o bruto feio que pairava como um carvalho atr?s do balc?o de servi?o. “N?o ? da sua conta, gar?om. Deixe que eu e este grupo discutamos sobre isso, por que n?o?” “Ah.” O mesti?o cruzou os bra?os. “Ent?o seria gar?om agora, n?o ?? Me rebaixou, n?o ??” “Voc? o qu??” Renfrey franziu o cenho enquanto o sorriso do idiota dividia amplamente seu rosto cheio de cicatrizes. Maros, ele pensou. Aye, este ? o seu nome. Nunca me importei muito desde que ele continuasse servindo a cerveja. “Vou te dizer o qu?,” Maros disse e Renfrey percebeu que o balbucio de conversa na sala tinha silenciado, “Vou permitir que voc? me chame de mestre taverneiro, apenas uma vez. Que tal isso, grand?o?” Renfrey caiu na gargalhada, cuspe voando da sua boca. “Que tal eu continuar chamando ?ce de gar?om? Que tal isso, gar?om? Ouvi dizer que outrora eles chamavam ?ce de A Montanha. N?o parece t?o poderoso agora, n?o ?? Acho que ?ce caiu, ? o que eu imagino.” Maros semicerrou os olhos. Lenta e deliberadamente, ele se levantou completamente. “Sim, a Montanha caiu,” ele disse em uma voz controlada, “mas ainda n?o terminou de cair.” Renfrey zombou. “Ouvi dizer que foi uma criatura que derrubou ?ce, como o boi que estuprou sua m?e.” Ele estendeu a m?o para a caneca, mas as juntas dos dedos pegaram a borda. O recept?culo de bronze inclinou, derramando seu conte?do em uma po?a espumosa na mesa. Ele observava enquanto a caneca rolava da beirada e ca?a no ch?o. BOOM. Arranhar. BOOM. Arranhar… Ele olhou para cima para encontrar a fonte da como??o. O gar?om levantou a portinhola no final do balc?o de servi?o, mancou para a sala comunal e foi direto para Renfrey. “Merda.” “Voc? sabe o que acontece com pequenos man?s moles e fracos que ficam no caminho de uma Montanha ca?da?” Arranhar. BOOM. Maros elevava-se acima de Renfrey. “Eles quebram.” Duas m?os enormes o levantaram no ar. Ele enterrou os dedos nos antebra?os semelhantes a troncos de ?rvores. Sua cabe?a flutuou e o monstro debaixo dele se confundiu em dois. “Maldito ogro!” ele gritou. “Socorro!” O conte?do do seu est?mago amea?ou evacuar quando ele foi balan?ado em uma dire??o, depois na outra. “Voc? est? fora!” o ogro retumbou em seu ouvido. Ele estava voando. Ele estava realmente voando. Luz brilhante explodiu em sua vis?o e ele percebeu vagamente que estava olhando para o sol. “Doce Aveia sagrada!” ele gritou. Ent?o ele bateu na terra, engoliu uma espuma de cerveja e caiu inconsciente. Frustra??o brotava em Maros com cada minuto que passava. Os clientes restantes do Mascate tinham sido removidos e ele tinha puxado o trinco sobre as portas da taverna para impedir qualquer intrus?o adicional. As ?nicas pessoas na sala comunal eram Henwyn e Leaf, que tinham sofrido os abusos de Renfrey, sentados com Luthan em uma das suas raras pausas da cozinha Ele agarrou sua banqueta e atravessou mancando para se juntar a eles. “Termine esta frase,” ele disse a Leaf. “Quando um freeblade tem um palpite…” Com um sorriso, Leaf olhou para os quatro homens. “Normalmente ele est? certo.” Henwyn riu. Para Maros, ele disse, “Voc? est? falando sobre Jalis e os outros novamente.” Maros assentiu. “Olhe,” Henwyn disse, “N?o tenho vagas abertas e ficarei sem Leaf enquanto ela estiver em Ba?a Brancosi. Se isso te deixar ? vontade, posso ir encontr?-los. Vai te custar uma pequena parcela, ? claro.” Luthan apoiou os cotovelos na mesa. “Se voc? contratasse uma carro?a, voc? os alcan?aria em poucos dias.” Maros refletiu sobre isso. Eu os coloquei nisso ao aceitar o contrato em primeiro lugar. Se tiver de traz?-los de volta nos ombros de algu?m, ser? nos meus. Consegui ir a Balen e voltar, posso muito bem me aventurar nas Terras Mortas.” Ele pegou Henwyn trocando olhares com Luthan, enquanto Leaf virava-se casualmente para encarar o outro lado da sala. “Oh, eu sei o que voc?s tr?s est?o pensando. Voc?s est?o pensando que n?o h? uma chance no Inferno que eu pudesse alcan??-los.” “Se voc? me permite ser franco,” Luthan disse, “Creio que ser? bom para voc?, ah, esticar suas pernas, por assim dizer. Prefiro isso do que observar voc? ficar sentado aqui e se estressar sobre nossos amigos at? que voc? coloque um homem no ch?o.” “O que isso quer dizer?” “Vamos l?, chefe. Voc? sabe que poderia ter lidado com Renfrey com um pouco mais de decoro. O homem pode ser uma mar? de diarreia verbal e um desperd?cio de cerveja boa, mas ele ? um cliente regular e seus bolsos s?o fundos.” “Hmph. J? estava mais do que na hora disso acontecer com aquele idiota.” “Talvez sim, mas a probabilidade permanece ... voc? n?o descansar? at? saber que Jalis e os outros est?o seguros e uma taverna n?o ? o lugar para ficar de cabe?a quente. Estou dizendo isso como um amigo. Quando voc? me pediu para me juntar a voc? como seu cozinheiro, vim at? aqui desde Aster porque eu tinha f? em voc? como um mestre taverneiro, embora voc? n?o tivesse experi?ncia anterior na tarefa. De qualquer maneira, eu tenho f? em voc? agora.” Maros grunhiu. “Aprecio o voto de confian?a.” Henwyn levantou a m?o. “Pelo menos deixe-me acompanh?-lo. Prefiro estar na estrada do que ficar aqui esperando que um trabalho apare?a.” “Ha! Hen, voc? ? o mais antigo de todos n?s. Ficaria feliz se voc? me acompanhasse. Al?m disso, reconhe?o que preciso de um arqueiro se eu tiver uma possibilidade remota de colocar carne no fogo. Mas o melhor que eu posso lhe oferecer ? um d?cimo dos dez por cento da taxa de n?o recupera??o.” Henwyn deu de ombros. “Isso ? mais do que uma oferta justa. Mas se fosse Fenn em vez de Jalis, eu insistiria em muito mais.” Maros sorriu com for?a. “Se fosse Fenn, n?o estar?amos tendo esta discuss?o.” “Se isso est? resolvido,” Luthan disse, “ent?o n?o quero voc? se preocupando com a taverna enquanto estiver ausente. Cuidarei dela em seu lugar – sim, inclusive al?m das minhas tarefas na cozinha.” Henwyn bebeu o resto do seu vinho e se levantou. “Vou indagar na cidade sobre uma carro?a. Se nenhum daqueles que tiverem uma estiverem dispostos a ajudar, escolherei aquela que eu menos gostar e farei isso acontecer. Leaf, aqui est? seu formul?rio de solicita??o para a sede. Ela vai partir em breve. Certo, garota?” Leaf levantou-se para ficar ao lado dele. “Minha bolsa j? est? pronta. Apenas preciso peg?-la na casa da guilda.” “Boa sorte,” Maros disse a ela. “E n?o demore.” Leaf sorriu. “Nunca fa?o isso.” Com uma piscadela para Henwyn, ela atravessou a sala e deslizou pelas portas da taverna. “Ela tem mais potencial do que a maioria dos novatos,” Maros disse. “E um ?timo professor em voc?, Henwyn. N?o poderia pedir por um grupo melhor. Isso inclui voc?, Luthan.” “Ei, agora.” O cozinheiro empurrou a cadeira para tr?s e endireitou seu avental. “N?o v? ficando af?vel comigo, n?o quando tenho panelas para limpar.” Jalis agachou-se, apontou e pressionou o gatilho da besta. Um instante depois, o balukha distante soltou um guincho de dor e deu alguns passos hesitantes para o lado, depois caiu. Ela deu um sorriso satisfeito para os homens. “Consegui!” “Bom tiro, mo?a,” Dagra disse. Jalis sorriu. “Vivo para seus elogios, Barbudo.” Ela se levantou e fingiu uma rever?ncia, completamente ciente de que o gesto estava fora de lugar com suas armas e traje surrado de viagem. Enquanto ela corria para reivindicar o p?ssaro incapaz de voar, Oriken gritou para ela, “Isso nos abastecer? hoje ? noite. Uma mudan?a de coelhos magrelos e bagas do p?ntano. Poder?amos muito bem fazer uma pausa aqui. O que voc? diz?” O est?mago de Jalis roncou em concord?ncia. “Fa?a isso,” ela disse por cima do ombro enquanto alcan?ava o balukha moribundo. “Fiz a matan?a; voc?s, homens, podem discutir sobre quem constr?i a fogueira e quem prepara a carca?a.” Ela pegou a Silverspire da bainha na sua coxa e deslizou a l?mina fina no cora??o da criatura. Erguendo-a pelas pernas, ela voltou at? os homens e largou-a no ch?o. Caminhando at? um monte de grama, ela sentou-se apoiada nele e colocou a Silverspire na grama ao seu lado. Ela vasculhou dentro da sua mochila procurando por um trapo e uma tira de couro, observando enquanto Oriken desembainhava sua faca de ca?a e ajoelhava-se diante da carca?a e Dagra se afastava para recolher lenha da margem de um matagal nas proximidades. Ainda havia muitas horas antes do anoitecer, mas agora era um bom momento para comer como outro qualquer. Com um suspiro frustrado, ela gritou para os homens, “N?o consigo encontrar minha tira. Algum de voc?s a pegou emprestado?” “A tira ? sua.” Oriken fez uma pausa em seu trabalho para acariciar o sabre em seu quadril. “Voc? sabe que nunca lustro com esta coisa velha e esburacada.” “A pedra de amolar est? na mochila de Oriken,” Dagra disse enquanto se inclinava para recolher a madeira. “Eu a pegaria para voc?,” Oriken disse, “mas estou at? os pulsos em entranhas neste momento.” “Esque?a. Vai aparecer.” Embolando o trapo, Jalis limpou a adaga e olhou distraidamente ao longo da Estrada do Reino a qual eles haviam se juntado novamente ap?s atravessar o p?ntano. Os p?ntanos estavam bem atr?s deles agora, mas pequenas ?reas de p?ntano ainda pontuavam a paisagem in?spita. Por que algu?m escolheria viver aqui era um mist?rio, a n?o ser que outrora a ?rea tivesse sido um habitat mais gentil para fazendas e pastagens. Era ?bvio que o p?ntano colossal nem sempre cobriu a estrada e Jalis se perguntava se algu?m o criou, talvez escavando a terra a partir da costa, uma tentativa deliberada para dissuadir viajantes de continuarem para o sul. Neste caso, era um impedimento impressionante. Ela terminou de limpar a Silverspire e embainhou a l?mina, em seguida descansou a cabe?a na grama. Ela cochilou rapidamente, agitando-se algum tempo depois com o crepitar do fogo e o aroma da carne assando. “Ah, a princesa acorda,” Oriken disse com uma piscadela enquanto Jalis se esticava no monte. “Bem na hora. Dag quase terminou com o p?ssaro.” O fogo queimou at? as brasas enquanto eles engoliam a carne branca e quente do balukha. Com os est?magos cheios, eles guardaram seus equipamentos novamente e retomaram sua viagem, seguindo o resto da estrada. As horas se alongaram, a esfera dourada de Banael percorrendo o c?u azul. Enquanto caminhavam, Jalis levantou o peso da mochila nas suas costas, depois beliscou sua blusa e afastou o material da sua pele pegajosa. “Deveria estar acostumada com este calor,” ela murmurou. “Estive em Himaera por muito tempo. Passei mais de vinte anos no Arkh, a maior parte deles em Sardaya. Comparado a isso, a temperatura aqui n?o ? nada.” “Bah.” ? frente dela, Oriken trocou um olhar com Dagra e sorriu por cima do ombro. “N?o h? tal coisa como passar tempo demais em Himaera.” Jalis zombou. “Isso vindo de um homem que nunca p?s os p?s fora da sua terra natal? Perdoe-me se eu n?o aceitar sua palavra sobre isso.” “Ei, todos n?s pegamos a balsa para a Ilha de Carrados, lembra?” “Como poder?amos esquecer?” Dagra disse. “Voc? vomitou no ajudante de conv?s.” “Isso n?o foi culpa minha! Ningu?m me avisou. Voc? n?o vai me colocar em um barco novamente, isso com certeza.” Jalis balan?ou a cabe?a. “Carrados n?o conta. Ainda ? parte de Himaera. Mas boa tentativa, Garoto do Chap?u.” Oriken agarrou a copa do seu chap?u e levantou-o para enxugar a testa. “A verdade ? que apreciei nosso per?odo com os monges naquela ilha. Se n?o fosse pelo oceano, n?o me importaria em deixar Himaera um dia para um pouco de recrea??o. Jalis faz Sardaya parecer meio sexy.” “Sexy?” Jalis caiu na gargalhada. “N?o iria t?o longe. O cen?rio ? lindo. Os homens e mulheres s?o atraentes, na maior parte. A cultura ? rica. Mas tamb?m h? a presen?a constante de marginais e tropas de Casacos das Cinzas passando de cidade em cidade coletando impostos. Al?m disso, embora a vida selvagem seja muito mais variada em Arkh, tamb?m s?o os monstros. E ent?o h? o... Ei!” Ela trope?ou em Dagra quando ele parou de repente. “Dag, cuidado! N?o me diga que voc? j? precisa de outra pausa?” Dagra tocou seu ombro e apontou para frente. Com uma voz sombria, ele disse, “Creio que alcan?amos nosso destino.” Eles haviam superado uma pequena eleva??o na terra e diante deles um vale raso se abria a vista em todas as dire??es, sua borda subindo ? dist?ncia. ? direita, a quietude quase indiscern?vel do oceano flutuava na brisa quente do leste e ? frente deles… Oriken assobiou. “Agora aquilo ? uma muralha.” Uma linha escura dividia a charneca acima do vale, estendendo-se quase da costa ocidental para desaparecer atr?s das colinas ondulantes no extremo leste. Os topos esbranqui?ados pelo sol nas ameias, como dentes tortos projetando-se da mand?bula de um gigante imposs?vel, lembravam Jalis de Cherak, o antigo deus de pedra. “Ok,” ela disse, a voz baixa em espanto, “Eu admito; aquela muralha ? mais longa e mais feia do que qualquer uma na minha terra natal. Voc?s, rapazes, me venceram neste quesito.” Dagra apertou o pingente. “Esque?a a muralha,” ele disse com a voz rouca. “Olhe mais para tr?s. ? a cidade.” Ele desviou um rosto p?lido da vista para olhar para o caminho que eles tinham vindo. Jalis protegeu os olhos do sol. Seu olhar flutuou al?m da muralha at? a dist?ncia extrema, percorrendo a vista nebulosa. “Oh,” ela suspirou. Acima e muito al?m das muralhas pontudas, os contrafortes sombrios do ?ltimo vest?gio da civiliza??o dos Dias dos Reis se esparramavam, quase invis?veis, no horizonte nebuloso. “A legend?ria cidade de Lachyla. Impressionante.” Oriken desviou os olhos da vista para olhar para Jalis. “Meio que coloca as coisas em perspectiva, n?o ??” “O que voc? quer dizer?” Ela manteve os olhos nas torres e pin?culos, os telhados arredondados que marcavam a paisagem como bolhas inchadas. A cidade de Lachyla era impressionante, mas saber que o lugar estava morto e vazio h? s?culos enviou um arrepio atrav?s dela. “O que eu quero dizer,” Oriken disse, “? que nosso contrato para uma pequena bugiganga empalidece em compara??o com …” Ele estendeu o bra?o para apontar para a cidade distante. “Com aquilo.” Dagra virou-se para encar?-los. “Estava convencido de que o lugar devia ser um mito,” ele disse. “Apenas uma f?bula para os velhos assustarem as crian?as.” “E para os Tecel?es de Hist?ria assustarem todo mundo,” Oriken disse. “Bem, funcionou. A lenda de Lachyla me assustava todas as vezes que Vov? a contava quando ?ramos crian?as.” Dagra respirou fundo. “Voc? est? bem?” Oriken perguntou. Jalis pegou o olhar de Dagra. “Ei,” ela disse baixinho. “Eu sei. Irei mant?-lo sob controle.” Ele pigarreou. Sua express?o solidificou-se em uma m?scara decidida. Ele olhou de Jalis para Oriken e deu um sorriso tenso. “Bem? N?s vamos recuperar aquela maldita heran?a ou n?o? Sim? Vamos ent?o!” Dagra se afastou ao longo da Estrada do Reino. Oriken compartilhou um olhar s?rio com Jalis antes de segui-lo. Ele sempre escondia suas emo??es sob um comportamento casual superficial, mas Jalis sabia que Oriken estava lutando contra algo dentro de si quase tanto quanto Dagra e n?o era apenas que eles ficariam cara a cara com uma hist?ria de fantasmas. Das pequenas informa??es que ela colheu durante a viagem, a lenda de Lachyla era t?o fant?stica que nem Oriken nem Dagra poderiam ter certeza se o lugar realmente existia. A coisa sobre as pessoas era que elas tendiam a carecer de imagina??o para conjurar uma lenda do nada. Toda lenda tinha uma fonte, n?o importa qu?o pequena ou, neste caso, qu?o grande. A extensa cidade diante dela n?o era nenhuma surpresa, mas o tempo tinha uma maneira de exagerar os detalhes mais sutis da hist?ria. Jalis olhou novamente para o norte e, por um momento, uma corrente de solid?o tomou conta dela. Estar t?o longe da civiliza??o e na presen?a de tal antiguidade, despertou um desejo inesperado de revisitar seu pr?prio passado. Mas este desejo foi atenuado pela atmosfera melanc?lica que emanava de Lachyla. Com um suspiro, ela seguiu seus amigos em dire??o ? Cidade Sinistra. A terra dura das estradas e caminhos j? estava come?ando a secar depois da chuva recente, com o globo quente de Banael a meio caminho da sua viagem de descida. Maros estava no lado de fora do Mascate Solit?rio, as m?os sobre a cerca de madeira. Ele matutava enquanto olhava para a cena familiar de casas e lojas de pedra e madeira, todas posicionadas a esmo, sem nenhum pensamento em simetria. Assim era a maneira dos bandos e colonos. Ele olhava entre os pr?dios para as colinas e bosques. Seus pensamentos se voltaram para Jalis, Oriken e Dagra, seus companheiros antes que ele fosse obrigado a pendurar suas espadas. A certeza de Maros que algo n?o estava certo tinha crescido consideravelmente ap?s ouvir a hist?ria de Jerrick. E ent?o havia a complica??o adicional de Cela Chiddari batendo as botas… “Chefe.” “Gah!” Maros se virou para ver Henwyn parado ao lado dele. “Pelas bolas ardentes de Banael, homem! Voc? est? tentando me enviar mais cedo para a vida ap?s a morte?” O freeblade veterano reprimiu um sorriso, mas inclinou a cabe?a, desculpando-se. “Boas not?cias,” ele disse. “Leaf est? a caminho da sede e eu consegui uma carro?a e condutor para n?s. N?o posso dizer como duas mulas nos levar?o a qualquer lugar r?pido, mas prefiro isso do que carreg?-lo nas minhas costas se voc? ficar cansado. Sem ofensa, chefe, mas provavelmente voc? ? um pouco pesado demais at? mesmo para minha for?a lend?ria.” “Ha!” Maros bateu uma m?o no ombro de Henwyn, derrubando o homem um cent?metro quando os joelhos de Henwyn cederam. “Pouqu?ssimas palavras mais verdadeiras j? foram ditas, Hen. Quem voc? contratou?” “O dono do moinho. Wymar.” Maros resmungou. “Aye, eu sei. Tentei outros antes dele, mas ningu?m queria correr o risco de ficar encalhado al?m da periferia de Scapa somente com as aldeias remotas por ali. Wymar foi o primeiro a n?o se op?r excessivamente. Com gan?ncia como motivador, sem d?vida.” “Como o povo por aqui esquece facilmente sobre o bom servi?o os freeblades que fazem para eles s? de existirem nesta cidade. Quando se trata de retribuir o favor um pouco...” “Isso n?o ? tudo, chefe.” Maros emitiu um rosnado baixo. “O que mais?” “Wymar est? um pouco irritado que sua carga de trabalho foi dilu?da entre o resto da sua equipe pelo que, provavelmente, ser? algumas boas semanas.” “Sobre o que em Verragos ele est? falando?” “Renfrey,” Henwyn disse, a t?tulo de explica??o. “Bah, aquela pequena cobra? Mal toquei nele. Qual ? o problema?” “Bem, parece que ele chegou em casa muito bem depois que eu derramei aquele balde de ?gua suja sobre sua cabe?a para acord?-lo. Mas quando se recuperou da cerveja, descobriu que o dedo estava quebrado.” “O dedo?” “Ent?o, ele vai ficar fora do trabalho por um tempo.” “Aye e Wymar est? se aproveitando completamente disso. Vejo como vai ser. Qual ? o dano?” “Ele quer dez moedas de prata pela perda do trabalho.” “Dez! Aquela merda b?bada do Renfrey n?o pode estar ganhando mais do que uma moeda de prata por semana!” Henwyn deu de ombros. “Verdade, mas o dono do moinho alega que a redistribui??o do trabalho est? gerando custos adicionais, al?m de cobrir os danos pela perda de m?o-de-obra qualificada, reduzindo os n?veis de produ??o, por assim dizer.” “M?o-de-obra qualificada. Vou lhe dar m?o-de-obra qualificada. Tudo bem, dez moedas de prata para o ladr?o bastardo. E a carro?a?” “Aye, bem, o pr?prio Wymar vai nos conduzir, al?m disso ele est? falando sobre comida para as mulas, desgaste das rodas da carro?a...” “Pelo pau peludo de Cherak!” Maros agarrou a cerca. Os m?sculos em seu bra?o avolumaram-se enquanto ele apertava a madeira. “Calma, chefe,” Henwyn avisou quando a cerca come?ou a lascar. “Certo. Certo. Vai para o final, Hen. Vou ficar calmo.” “Cinquenta moedas de prata.” A madeira foi arrancada da cerca. Maros a jogou para o lado. Um sorriso sem gra?a atravessou seu rosto. “Viol?ncia me deixa mais calmo.” Ele ergueu as sobrancelhas para ?nfase. “Aye,” Henwyn suspirou. “Estou feliz que voc? tinha algo diferente de mim ao alcance de quebrar.” “Cinquenta moedas de prata representam dez por cento deste trabalho. Isso ? muito para ir para Wymar se n?o encontramos a joia ou ? metade da minha parte se encontrarmos. Deuses, homem, teria sido mais barato comprar um par de mulas para voc? conduzir e uma carro?a para mim viajar.” “Tentei isso tamb?m.” Henwyn deu de ombros. “Voc? sabe como h? poucas mulas na cidade. Ningu?m estava disposto a vender. Inverta a situa??o e n?o posso dizer que eu os culpo. Nem posso culpar Wymar por querer ficar de olho em seus animais em vez de confi?-los em nossas m?os.” Maros suspirou. “Ah, bem, qualquer coisa para os amigos, certo? V? dizer ?quele ladr?o dono do moinho que pelo pre?o que ele est? pedindo, vamos partir antes do p?r do sol hoje ? noite. Ele tem quatro horas para juntar suas coisas e estamos na estrada. N?o cheguei t?o longe na vida por n?o confiar nas minhas entranhas e minhas entranhas est?o dizendo que Jalis e os rapazes est?o em perigo.” Cap?tulo Sete Paci?ncia e Ora??es O sol do in?cio da noite se aproximava cada vez mais do horizonte distante enquanto Dagra e seus amigos desciam para o vale. Os pin?culos e torres fantasmas da cidade distante afundavam de vista, seguidos pela pr?pria muralha e sua ponte levadi?a. Levaria mais uma hora para alcan?ar a muralha, mas a noite estaria em cima deles logo depois. Dagra olhou para o leste, semicerrando os olhos enquanto observava uma ?rvore gawek solit?ria aninhada na base da terra em ascens?o. Seus troncos g?meos estavam enroscados um no outro, os galhos altos lan?ando uma longa sombra para o lado do vale. “N?o vamos entrar naquele lugar negligenciado pelos deuses at? de manh?,” ele disse. Ao ver a express?o de Oriken, ele acrescentou, “N?o, isso n?o est? em disputa. N?o vou colocar o p? l? a n?o ser que tenhamos muitas horas de luz do dia ? nossa frente. ? ruim o suficiente que temos de entrar em uma cripta, mas n?o vou passar uma eternidade tentando encontr?-la dentro de um cemit?rio enorme e escuro quando n?o h? necessidade.” Oriken deu de ombros. “Est? deserto, Dag. N?o vejo o problema.” “Dagra est? certo,” Jalis disse. “N?o sabemos o que h? l?. Poderia haver um ninho de lyakyn at? onde sabemos. Ou cravantes que se adaptaram a viver nas ru?nas e n?o entre as ?rvores. Ou poderia haver armadilhas antigas espalhadas que n?o ver?amos no escuro.” “Isso,” Dagra disse com a voz rouca, “e os esp?ritos de todos os mortos pag?os que, provavelmente, est?o assombrando o lugar. Esque?a. Exijo montarmos acampamento at? amanh?. Chegamos at? aqui; qual ? a pressa?” “Vamos escalar o vale e encontrar um lugar para acampar,” Jalis disse. “Podemos muito bem nos abrigar debaixo daquela ?rvore.” Dagra acenou com a cabe?a na dire??o da ?rvore gawek. “? um lugar t?o bom quanto qualquer outro nesta regi?o amaldi?oada.” Oriken balan?ou a cabe?a. “Estamos quase l? e voc? est? perdendo a coragem.” Dagra lan?ou um olhar semicerrado para ele. “? uma exig?ncia sensata,” Jalis disse, alterando a rota para ?rvore. Quando Dagra a seguiu, ela olhou para Oriken. “Vamos l?, vamos encerrar o dia e enfrent?-lo com energia renovada pela manh?.” “Tudo bem, tudo bem.” Oriken torceu a aba do seu chap?u e se arrastou atr?s deles. Quando se aproximaram da ?rvore gawek, ele disse, “Pelo menos me deixe fazer um reconhecimento da entrada antes do anoitecer. Prometo que n?o vou entrar sozinho.” “N?o. Nenhum de n?s vai sair sozinho. N?o desta vez. Al?m disso, a entrada est? gradeada. Vamos ter de usar o gancho para escalar.” Ao ver a express?o decepcionada de Oriken, Jalis lan?ou um olhar severo para ele. “H? um ditado em Vorinsia: Ansiedade acabou com o Edel.” “N?o fa?o ideia o que isso significa.” “? uma frase cunhada pelo Primeiro Descendente na ?poca em que Vorinsia conquistou as terras ao sul do Arkh, primeiro Sardaya, depois Khalevali. Os nobres – ou Edel no idioma Vorinsiano – de Khalevali e minha terra natal estavam muito seguros dos pontos fortes dos seus pa?ses e organizaram uma revolta contra o controle avassalador das for?as Vorinsianas. A alta nobreza foi esmagada, mas os Arkhus pediram indulg?ncia, permitindo que os membros sobreviventes das suas fam?lias deixassem suas propriedades e fortunas com vida.” Alcan?ando a sombra dos galhos de longo alcance da ?rvore gawek, ela acrescentou, “Nenhum heroismo, Oriken.” Ele deu de ombros. “Voc? ? o chefe, chefe.” “Menos disso.” “Como voc? diz, chefe. Jalis mostrou-lhe o dedo do meio. “Malan-gamir!” Oriken sorriu. “Ficaria feliz em acomod?-la com isso, siosa, mas isso pode esperar at? estarmos instalados para passar a noite?” Jalis estendeu a m?o e bateu o chap?u para fora da sua cabe?a. “Ei!” Enquanto ele se inclinava para recuper?-lo, ela lan?ou um olhar de advert?ncia para ele. “A vara divina, querido Orik, aponta para o tesouro e para a armadilha igualmente. Tenha cuidado para onde voc? aponta a sua. Agora, pegue uma tigela e veja se consegue encontrar para n?s algumas frutas frescas.” “Vou usar meu chap?u.” Pelo seu tom, ficou claro que ela magoou seus sentimentos. “N?o vamos comer desta coisa velha e surrada,” Dagra disse. “Bagas do p?ntano j? tem um gosto ruim o suficiente sem acrescentar seu suor estagnado e cabelo na mistura.” Oriken deu de ombros e pegou uma tigela da sua mochila. “Me passe a besta, mo?a,” Dagra disse. “Vou com ele.” Oriken olhou para ele enquanto amarrava sua mochila de novo. “Isso ? um pouco excessivo.” Dagra riu enquanto pegava a besta de Jalis. “N?o se preocupe, n?o atiraria em voc? s? por desobedecer a nossa chefe.” “N?o comece,” Jalis advertiu. Dagra inclinou a cabe?a e deu uma piscadela discreta para ela antes de se virar para seguir Oriken. Embora ele tenha se juntado a frivolidade, isso n?o fez nada para acalmar sua agita??o interna. Dagra apoiou-se nos troncos entrela?ados da ?rvore gawek e olhou para a paisagem noturna coberta com uma poeira prateada. Nuvens finas nublavam o orbe em ascens?o de Haleth para um brilho p?lido em um c?u cheio de estrelas. Al?m das pedras da estrada, bols?es de p?ntano estavam sinalizados por pontos min?sculos de fogo-de-fada que brilhavam sobre a charneca. Tudo estava quieto, exceto pelo piar e cricilar suave dos gafanhotos do brejo, o coaxar distante de um sapo e os roncos suaves de Oriken. Dagra apoiou os cotovelos nos joelhos e, pelo que pareceu a mil?sima vez desde que entrara nas Terras Mortas, ele determinou que seus pensamentos alcan?assem os deuses. Aben?oada Aveia e Svey’Drommelach. Profeta Avato. S?bio Ederron. Ou?am seu devoto em seu momento de necessidade. Protejam-no sob suas asas enquanto ele caminha em dire??o ? escurid?o e permitam que sua bondade divina extinga o mal entre as sombras. D?em a ele a for?a para ir onde voc?s n?o est?o e de l? retornar ao seu dom?nio. Se for da sua vontade, guiem-no para casa para que ele ainda possa servi-los ou, se for da sua vontade, guiem sua alma para Kambesh para renascer. Quando Dagra terminou sua ora??o, Oriken bufou em seu sono e bateu nos l?bios. Dagra olhou na dire??o dele e congelou, seu cora??o saltando na garganta. Uma figura b?pede p?lida e atarracada estava debru?ada sobre Oriken, a cabe?a sem fei??es pressionada no cobertor sobre seu torso, a massa indefinida de bra?os sem m?os tocando a l?. Dagra olhava fixamente, paralisado pela esquisitice sem fei??es Sacudindo-se do transe, ele sussurrou o nome de Oriken. Embora a criatura n?o demonstrasse nenhuma agress?o ?bvia, ele n?o queria impulsion?-la em a??o ao gritar. Uma regra b?sica da vida selvagem era nunca subestimar uma fauna ou flora desconhecida. Oriken murmurou e come?ou a roncar baixinho. Dagra pegou seu gl?dio e agachou-se. Ele se arrastou para frente, mas a criatura estava determinada a acariciar o rosto no cobertor. Aproximando-se o suficiente, ele arremessou a espada. A l?mina afundou profundamente na criatura, mas ela quase n?o estremeceu. Ele retirou a l?mina e olhou boquiaberto para a falta de sangue na sua pele branca, seu queixo caiu ainda mais enquanto observava a ferida se cicatrizar. “Certo, seu bastardinho,” ele murmurou e lan?ou um golpe lateral em sua cabe?a. O gl?dio afundou na carne macia com pouca resist?ncia, mas quando a l?mina passou, o tecido se uniu imediatamente. A criatura ergueu a cabe?a e ficou em p?. Afastou-se do cobertor, virou a cabe?a sem rosto para Dagra, em seguida arrastou-se vagarosamente para longe. “Orik! Acorde!” Dagra ficou em p?, os olhos na criatura enquanto ela desaparecia na noite. Jalis agitou-se e sentou-se ereta. Uma adaga apareceu na sua m?o enquanto ela examinava a escurid?o. Dagra agarrou os ombros de Oriken e sacudiu-o bruscamente. “Acorde, maldito!” “Ugh…” Pregui?osamente, Oriken esfregou o rosto e abriu os olhos. “Algu?m colocou mandr?gora no meu ch??” “Voc? n?o bebeu nenhum ch?,” Jalis murmurou, retornando a adaga ao seu bolso. Oriken levantou a cabe?a do colchonete e olhou ao redor. “O que foi, Dag?” ele disse meio grogue. “Alguma coisa l? fora?” “Sim! N?o. N?o sei. Havia uma…” Mas a criatura estranha desapareceu. Jalis deu a ele um olhar esmorecido. “Voc? cochilou e teve um sonho?” “N?o! Eu juro que havia alguma coisa…” “Ei!” Oriken empurrou-se para uma posi??o sentada e olhou para seu cobertor. “O que ? esta coisa branca em cima de mim? Dag? N?o estou brincando, ? melhor voc? n?o ter...” “Havia uma criatura!” Dagra protestou enquanto Oriken empurrava os cobertores. “Era uma… Ah, n?o sei!” Ele ofegou em exaspera??o. “Nojento.” Oriken pin?ou sua camisa. “Atravessou.” “Deixe-me ver.” Jalis inclinou-se e levantou a camisa dele para expor seu torso. Tr?s pingos da subst?ncia pegajosa emaranhavam-se no pelo em seu abd?men, com c?rculos vermelhos aparecendo atrav?s do limo. “Que…” Oriken agarrou o cobertor e limpou o pus. “Parece anestesiado.” Os olhos de Dagra foram atra?dos para o cobertor. As partes da l? onde a cabe?a e os bra?os da criatura tocaram estavam come?ando a desintegrar. Jalis tamb?m havia percebido isso. Rapidamente ela pegou um odre e uma algibeira da sua mochila e derramou a ?gua sobre a cintura de Oriken. Com a ponta do cobertor, ela limpou o m?ximo poss?vel do res?duo pegajoso das feridas. Da algibeira, ela tirou uma folha ?mida e colocou em cima da maior das tr?s feridas. “Nepente ? o melhor tratamento que temos agora. Com sorte, a criatura n?o era venenosa.” Oriken assentiu com gratid?o e olhou para Dagra. “Com o que isso se parecia?” Dagra deu de ombros. Ele descreveu a criatura estranha da melhor maneira poss?vel, mas nem Oriken nem Jalis faziam ideia do que poderia ter sido “Vamos ter de ser extra vigilantes.” Enquanto Jalis pegava mais duas folhas da algibeira, ela disse para Dagra, “Bom trabalho por descobrir a tempo. N?o h? como dizer que dano isso poderia ter causado a Oriken enquanto ele dormia. Estou imaginando que seja o que for que isso secretava, cont?m um anest?sico.” Oriken empalideceu quando Jalis pressionou as folhas de nepente nas suas feridas. “Eu te devo uma, Dag. Olhe, sinto muito por gritar.” Dagra grunhiu. “Esque?a. Volte a dormir. Farei uma vig?lia mais longa e te acordarei em duas horas. De qualquer maneira quero fazer uma caminhada r?pida. Se avisto aquela coisa sem voc? no caminho, irei cort?-la em peda?os.” “Obrigado,” Oriken disse. “Mas duvido que voltarei a dormir agora.” “Ent?o n?o fa?a isso,” Jalis disse. “Apenas descanse. Se voc? se sentir estranho, diga a Dag ou me acorde.” Ela olhou para seu bra?o. “Como est? o ferimento do cravante?” Oriken abriu e fechou o punho. “Muito melhor.” Ele vasculhou o fundo da sua mochila e tirou a jaqueta de couro de nargute, revestida de l? e vestiu. Quando ele prendeu a fileira de presilhas na frente da jaqueta, ele olhou de Dagra para Jalis. “Ei, n?o vou correr nenhum risco.” Ele deitou e colocou o chap?u em cima da cintura. Jalis voltou para seu cobertor e em quest?o de um minuto voltou a dormir. Oriken entrela?ou as m?os atr?s da cabe?a e deu um breve aceno de cabe?a para Dagra. Embainhando seu gl?dio e verificando a besta carregada, Dagra saiu para come?ar a patrulha. Cad?veres, cravantes, loucos e estranhas manchas brancas, ele pensou. E, quando a manh? chegar, muito provavelmente os esp?ritos dos antigos mortos. Ele enviou outra ora??o r?pida para os deuses e seus profetas para que amanh? n?o fosse outro teste. Agora era um jogo de espera para ver se – e como – eles responderiam. Cap?tulo Oito Observadores Na Fronteira do Mundo Oriken mastigava sem entusiasmo um peda?o duro de carne seca enquanto passava um dedo pelos ferimentos doloridos em sua barriga. O nepente tinha feito seu trabalho; a pele estava em carne viva, mas cicatrizando aos prim?rdios de crostas e o entorpecimento tinha desaparecido quando sua vig?lia acabou. Ele pegou um dos tr?s ovos de codorna cozidos da caneca ao lado do fogo e abriu-o. Ele olhou taciturnamente para o ovo min?sculo. Eles eram tudo que ele conseguiu encontrar na noite anterior apesar de seguir o chamado da codorna esquiva. Junto com o resto das suas ra??es salgadas, um ovo min?sculo para cada um e uma tigela de bagas do p?ntano era todo o caf? da manh? deles. Ele colocou o ovo na boca e engoliu-o em segundos. “Estou dizendo,” ele disse, “se encontrarmos algum cravante na cidade, vou comer um.” Dagra franziu o rosto. “Ei, n?o h? como dizer quando vamos ter outra refei??o decente. Estou apenas pensando para frente.” “N?o faria isso se fosse voc?,” Jalis disse. “O que, pensar para frente?” Ela lan?ou um olhar fulminante para ele. “Carne de cravante ? mais dura do que couro a n?o ser que voc? a deixe ferver por um dia inteiro.” Dagra limpou as m?os na cal?a e se levantou. “N?o nos diga que isso ? algo que voc? aprendeu em primeira m?o.” “Na verdade, ?.” Por um momento, a express?o de Jalis tornou-se distante. “? uma iguaria rara em Sardaya, ou pelo menos era quando eu era crian?a. Os cravantes alados poderiam ser uma irrita??o se eles desciam das montanhas. Com frequ?ncia meu pai participava de uma ca?ada mensal e ?s vezes ele traria para casa um peda?o de carne de cravante para as criadas cozinharem.” Ela olhou para Oriken. “Mas n?o vamos encontrar nenhum na cidade porque n?o vamos at? l?. N?o h? necessidade. Durante meu turno, eu verifiquei o mapa que Cela deu a Maros. O Jardim dos Mortos fica diretamente dentro dos port?es, portanto n?o precisamos entrar em Lachyla.” “Hm.” Oriken pegou o cinto da sua espada do ch?o e levantou-se. “? uma verdadeira pena. Estava ansioso para dar um passeio por l?.” Dagra suspirou. “? claro que voc? estava.” “Vamos discutir sobre isso mais tarde.” Jalis se levantou e pressionou as m?os juntas. “Primeiro, meninos, acredito que temos uma joia para encontrar.” A muralha do per?metro se elevava acima, t?o solida quanto as eras, exceto pelos merl?es arruinados ocasionais e peda?os quebrados de laje decorativa no ch?o abaixo. Oriken se sentiu pequeno e insignificante em compara??o com as pedras antigas e implac?veis. “Se houvesse arqueiros naquelas ameias,” ele disse, “n?o haveria como entrar, nem mesmo um ex?rcito, que dir? um trio de freeblades.” “Ainda bem que temos o gancho para escalar,” Jalis disse. “E ainda bem que temos o lugar para n?s,” Oriken respondeu. “Eh, Dag?” “Vai esperando,” Dagra disse baixinho. Oriken olhou ao longo da parede para os restos apodrecidos de uma corda que pendia da muralha com ameias. “Algo aqui parece fora de lugar para algum de voc?s?” Jalis franziu o cenho para a corda pu?da. “Est? ali h? muito tempo,” Dagra disse. Oriken assentiu. “Mas eu n?o creio que seja t?o antiga quanto a praga. E se isso ? um fato, isso significa que n?o somos os primeiros a nos aventurarmos aqui desde que a caveira foi estampada nos mapas.” Ele voltou sua aten??o para a ponte levadi?a abaixada, seus espetos mordendo a terra entre as lajes arruinadas. As barras de ferro enferrujadas eram t?o grossas quanto seu pulso. Ele se aproximou para espiar entre elas e ficou olhando boquiaberto para a vis?o al?m. “A palavra morto parece um pouco superficial agora,” ele murmurou. Jalis estava ao seu lado. “Uau,” ela sussurrou, depois deu um passo para tr?s. “Bem, Orik. Voc? se importa de fazer as honras?” Com um sorriso, ele tirou a mochila do ombro. Ele enfiou a m?o na mochila e produziu um longo rolo de corda fina amarrado em uma extremidade a um gancho pesado para escalar. “Afastem-se.” Ele enrolou a corda ao redor do bra?o e aproximou-se da parede. Pisando na extremidade solta da corda, ele avaliou as ameias e come?ou a balan?ar o gancho. Ele o soltou e o gancho subiu, bateu de leve na beirada da parede e continuou antes de arquear para baixo e enganchar na passarela acima. Ele puxou a corda para garantir que o gancho estava firmemente preso, em seguida, colocou a mochila de volta nos ombros. “As senhoras primeiro?” ele disse a Jalis. “Ora, obrigada, sios. T?o gentil da sua parte oferecer.” Ela pegou a corda, saltou agilmente nela, depois subiu pela parede. Oriken observou sua subida at? que ela engatinhou sobre o topo. Ele virou-se para Dagra. “Depois de voc?.” Dagra n?o respondeu. Seu rosto estava impass?vel enquanto encarava a parede. Ele pegou seu pingente Avato e pressionou nos l?bios antes de agarrar a corda. Ele come?ou a se i?ar, as pontas das botas encontrando apoio nos sulcos entre as pedras. Oriken podia ouvi-lo resmungando com o esfor?o quando Dagra se i?ou para as ameias. A parede tinha o menor dos declives ? medida que afunilava em dire??o ao topo, mas dificilmente isso tornava a subida mais f?cil. Com os membros compridos de Oriken e o peso da mochila nas suas costas, os m?sculos dos seus ombros estavam implorando por miseric?rdia no momento em que ele alcan?ou o topo. Suor escorria pelo seu rosto quando ele se i?ou atrav?s das ameias. Sem parar para descansar, ele puxou a corda e come?ou a enrol?-la. Dagra agachou-se ao lado dele, uma express?o preocupada em seu rosto. “Ei,” Oriken disse, “vamos fazer o trabalho. Somos freeblades. Isso ? o que n?s fazemos.” Com a corda e o gancho guardados na mochila, Oriken se levantou e deu sua primeira olhada n?tida para os Jardins dos Mortos e a cidade de Lachyla muito al?m e ele compreendeu a preocupa??o de Dagra. Ele esfregou uma m?o sobre a barba enquanto olhava para as in?meras fileiras de l?pides dentro da vasta extens?o do cemit?rio. Vasos de barro rachados estavam em p? ou perto das suas l?pides. Est?tuas de pedra parcialmente colapsadas pontilhavam a vista sombria, os bra?os e cabe?as de algumas reunidas nas bases dos seus plintos. Mais raras eram as est?tuas de bronze maiores, como sentinelas ao lado das entradas decoradas das criptas. Cascas de ?rvores sem folhas que deveriam estar em plena flora??o nesta ?poca do ano lan?avam sombras como se estendessem dedos pelo ch?o. A mancha dos s?culos cobria tudo. “Sem palavras?” Jalis perguntou. “Pela primeira vez,” ele admitiu. A subida e descida do terreno repleto de t?mulos conduziam at? as muralhas muito distantes encerando os mortos em um ret?ngulo alto de pedra. As ameias distantes eram min?sculas a partir daqui, mas o Caminho dos Defuntos, largo e central, dividindo o cemit?rio estendia-se at? uma segunda ponte levadi?a no centro da parede distante. O Port?o dos Defuntos. Oriken lembrou da sua men??o nas hist?rias. T?o sombrio quanto os Jardins dos Mortos, a cidade al?m era algo completamente diferente. Muralhas excessivamente fortificadas cercavam a paisagem urbana. Os pr?dios mais pr?ximos estavam escondidos da vista por tr?s da muralha do per?metro do cemit?rio, mas ? medida que o ch?o subia suavemente al?m da ponte levadi?a, uma passagem principal serpenteava entre fileiras de estruturas abobadadas, inclinadas e com ameias em dire??o a uma fortaleza sombria. A maior parte do castelo dominava a paisagem da urbana, agachado em cima de uma colina baixa como uma sentinela colossal e implac?vel, pronta para entrar em a??o ao primeiro sinal de invasores. “E aqui estamos n?s,” Oriken murmurou. “Ol?, Castelo Lachyla.” “N?o ? uma das vistas mais acolhedoras, n?o ??” Jalis disse. “Dif?cil acreditar que n?o esteja entre os principais pontos de recria??o de Himaera.” Oriken olhou para Dagra. “E voc? pensou que Caer Valekha foi ruim.” “Foi.” O rosto de Dagra era uma m?scara estoica. A base da colina sobre a qual o castelo se aninhava estava pontilhada com uma mir?ade de pr?dios, menores do que o castelo, mas ainda formid?veis, reunidos como adoradores bem-nascidos ao redor de um santu?rio. ? medida que o fluxo de pr?dios se espalhava para mais longe do centro da cidade, eles se tornavam mais baixos e com uma apar?ncia menos majestosa. Os pin?culos e telhados abobadados poderiam outrora parecer bonito em uma cidade que fervilhava de vida, mas agora eram fantasmas da grandeza esquecida; marcas da praga, inchando da pr?pria terra. Oriken tinha de admitir, Lachyla poderia ser o lugar mais sombrio que ele j? tinha visto. Do seu ponto de vista, camadas enevoadas do oceano tingido de dourado a leste e oeste mostravam que Lachyla ficava em uma pen?nsula afunilada. Ele podia imaginar penhascos escarpados caindo al?m das muralhas defensivas nas profundezas espumosas do Oceano Echilan inexplorado. A fronteira do mundo, ele pensou, mais uma vez se lembrando de como ele e Dagra haviam se agarrado aos lados ?ngremes do Monte Sentinela e olhado para o mesmo oceano. Ele virou-se com o ranger de passos para ver Jalis e Dagra seguindo pelas ameias em dire??o a uma torre de guincho. Reunindo seu equipamento, ele correu para alcan??-los. O telhado de carvalho inclinado da torre havia empenado com a idade e a eros?o, mas na maior estava parte intacto. Embaixo havia um mecanismo de guincho com uma manivela comprida de ferro em um lado. A extremidade da corrente enrolada desaparecia atrav?s de uma abertura no ch?o de pedra acima do lado da ponte levadi?a. “N?o parece muito enferrujado,” Jalis observou. “Vamos tentar sair, nos poupar de escalar novamente e ter de deixar o grampo para tr?s se ele ficar preso. Oriken agarrou a manivela com ambas as m?os, ficou tenso e ofegou. A manivela deslocou-se, girando a corrente ao redor do carretel com um chink-chink-chink mon?tono enquanto a corrente arranhava contra si mesma e um gemido rangente da ponte levadi?a enquanto protestava ao ser acordada do seu longo sono. “Creio que vamos conseguir abri-la,” ele disse, espanando as m?os na cal?a. Da torre de guincho, um conjunto de degraus de pedra conduzia para o cemit?rio. Oriken seguiu Jalis at? o terreno ?rido, com Dagra arrastando os calcanhares atr?s deles. Eles atravessaram o Caminho dos Defuntos arruinado e pararam diante da ponte levadi?a. Oriken lan?ou um olhar de soslaio atrav?s das barras de ferro para a charneca al?m e, por um momento, sentiu como se ele fosse um prisioneiro, preso dentro das palavras do Tecel?o de Hist?rias, transportado para uma ?poca que talvez devesse ter ficado presa dentro das palavras das hist?rias antigas. Empurrando a sensa??o para o lado, ele observou Jalis enquanto ela produzia um pergaminho amarelado do bolso da perneira e come?ava a estud?-lo. “Olhe aqui,” ela disse. Os homens se aproximaram. Ela tocou o mapa com uma unha e tra?ou uma linha para o norte, at? um ponto a tr?s quartos do caminho. “Deve ser bastante simples. Seguimos o caminho principal at? este ponto.” Ela arrastou o dedo para a direita e bateu no X marcado pela cliente deles. “Depois um breve passeio para o lado e estamos l?.” “Se n?o tiv?ssemos este mapa,” Dagra disse, uma express?o inflex?vel em seu rosto, “ter?amos de investigar todo o cemit?rio.” “Voc? pode agradecer Cela por isso quando voltarmos.” Jalis fez um gesto ? frente. “Por enquanto, nosso pr?mio chama.” Oriken apertou seu ombro gentilmente, depois partiu ao longo do caminho central. Jalis e Dagra alinharam-se de cada lado. ? medida que eles caminhavam, uma percep??o se apoderou lentamente dele e ele abriu seus sentidos para os arredores. Estou certo, ele pensou. Uma semente de preocupa??o aninhou-se na boca do seu est?mago. N?o somente estavam as ?rvores mortas e escurecidas, elas estavam cobertas com p?stulas f?ngicas. Tamb?m n?o havia nenhum arbusto ? vista al?m da salsola quebradi?a ocasional. N?o consigo ouvir nenhuma criatura se movendo por a?. Dever?amos ser capazes de ouvi-las mesmo que n?o possamos v?-las. Seja o que for que este lugar foi outrora, deveria ter sido h? muito tempo reivindicado pelos animais e gram?neas. Nenhum gafanhoto, nenhuma mosca, nenhum p?ssaro. ?rvores mortas e nenhuma gram?nea qualquer. Que porra ? essa? “N?o h? nenhum sinal de vida em todo o lugar amaldi?oado, Dagra disse. “Exceto n?s tr?s.” Oriken franziu o cenho. “Sim, eu estava prestes a....” “H? um cheiro no ar,” Jalis disse, seu olhar passando pelas fileiras de l?pides inclinadas. Oriken tamb?m podia sentir o cheiro agora. N?o era apenas o cheiro mofado de anos longos e desolados nem somente o cheiro salgado do oceano pr?ximo; era outra coisa, algo quase impercept?vel, mas estava l?. Ele fungou e semicerrou os olhos. Doce, como um perfume que permanece muito depois que a garota que o usava deixou a sala. “Isso parece errado,” Dagra disse. “Nada est? vivo aqui. Apenas mofo cobrindo tudo e at? isso est? tudo seco.” “Voc? conhece a lenda,” Oriken disse. “Talvez haja uma semente de verdade sobre a Cidade Sinistra no final das contas.” Dagra bufou. “Um nome adequado para um lugar, se j? houve um.” Oriken deu uma gargalhada. “Sim e estes supostos Jardins dos Mortos, eles s?o um…” Ele esfregou um polegar na barba e olhou para Jalis. “Qual ? aquela palavra que voc? usa? None-secateur? Sim, ? isso. Todo este lugar n?o poderia estar mais morto. Eles acertaram. Mas Jardins? Nome idiota para um lugar que n?o tem nenhuma folha de grama.” Jalis deu um olhar confuso para ele. “? ?timo que mais uma vez voc? tenha prestado aten??o ? minha l?ngua materna, mas creio que voc? est? procurando por non sequitur. Secateurs s?o tesouras de poda. Contudo, de certo modo, voc? est? certo. Definitivamente este Jardins n?o precisam de seus arbustos podados.” “Bem, praga ou n?o, isso foi h? muito tempo.” Oriken olhou para os telhados da vasta cidade. “Agora que estamos t?o perto, ainda ? um pouco tentador dar uma olhada por a?.” Dagra bufou. “At? voc? pode sentir o erro aqui, Orik. N?o tente o destino mais do que j? fizemos. N?o sou nenhum covarde e voc? sabe disso, mas eu me lembro do medo que sentia quando crian?a em rela??o a este lugar e n?o preciso entrar na cidade para que este medo volte nitidamente. Estar cercado por estas criptas, l?pides e est?tuas pag?s j? ? o suficiente.” “Estou apenas dizendo, s? isso. Ei, Dag, voc? n?o precisa segurar este pingente com tanta for?a. Voc? n?o precisa da D?ade quando voc? nos tem.” Oriken piscou para Jalis. Os l?bios dela se contra?ram em um sorriso r?pido. “Aceitarei a D?ade e voc?s dois,” Dagra disse. “Solidez em n?meros.” “Sim... Uau.” Oriken parou quando seus olhos pousaram em algo que se projetava da terra a poucos metros do Caminho dos Defuntos. Ele se aproximou e inclinou-se para dar uma olhada mais de perto. Uma cole??o de ossos pequenos estava semi-encapsulada na terra, inconfundivelmente uma m?o humana. “Imagino que eles n?o os enterravam muito profundo por aqui.” “O que ? isso?” A voz de Dagra tinha uma borda dura. “Lembra daquela casa em que esbarramos com aqueles cravantes?” “Sim.” “Bem, quando eu disser, vamos apenas continuar caminhando, fa?a um favor a si mesmo e ou?a desta vez. Voc? j? est? no limite, n?o precisamos que voc? entre em um ataque de p?nico completo.” Dagra fez uma careta e virou-se. “Anotado.” Eles seguiram pelo Caminho dos Defuntos at? que a muralha dividindo o cemit?rio da cidade apareceu ao longe, sua ponte levadi?a abaixada como o port?o na entrada. Oriken olhou por cima do ombro para as torres e ameias da muralha da charneca, quase invis?veis por tr?s das entradas elevadas das criptas, est?tuas exuberantes e ?rvores esquel?ticas. “Devemos estar nos aproximando da cripta Chiddari,” ele disse. Jalis dobrou o mapa e colocou no bolso. “H? muitas criptas por aqui. Sugiro nos dividir e verific?-las separadamente.” Dagra balan?ou a cabe?a com veem?ncia. “Esque?a. De maneira nenhuma vou entrar sozinho em um daqueles lugares.” Jalis reprimiu um suspiro. “N?o estava falando para entramos nelas, Dagra. Estou dizendo que dever?amos verificar os nomes acima das entradas e nas est?tuas daquelas que as tiverem.” “Oh.” Dagra pigarreou. “Tudo bem. ?timo.” Oriken observou seu amigo barbudo. A verdade era que a fanfarrice de Dagra tinha diminu?do cada vez mais, quanto mais eles entravam na Colina Scapa e agora, aqui no cemit?rio, tinha praticamente desaparecido. Isso ? inaceit?vel. Realmente inaceit?vel. Ele estalou os dedos na frente do rosto de Dagra e fixou-o com um olhar severo. “Ei. Vamos l?. Sai dessa. Entendo que voc? esteja tendo problema com os deuses neste momento, mas fa?a um favor para os seus amigos e tente guard?-los. Vamos verificar aquelas placas de identifica??o como Jalis disse.” “Vai se foder,” Dagra murmurou. Ele ergueu os olhos para encontrar o olhar de Oriken e deu um aceno brusco de cabe?a, em seguida girou nos calcanhares e foi para a cripta mais pr?xima. Oriken compartilhou um olhar com Jalis antes de se afastar para verificar a d?zia, mais ou menos, de entradas de criptas na ?rea imediata. Ao alcan?ar a primeira, ele esticou-se para inspecionar os entalhes na pedra acima da entrada. Uma rachadura corria verticalmente atrav?s da pedra, bem atrav?s do centro do nome Hauverydh. A est?tua que acompanhava a cripta estava no ch?o perto da entrada, seu rosto de pedra esburacado e gasto, as m?os pressionadas no peito; seja o que for que estivesse segurando havia deteriorado ou ca?do h? muito tempo. Oriken passou entre as l?pides enquanto caminhava para a segunda cripta. Algumas das l?pides haviam ca?do, algumas estavam submersas ou apoiadas em ?ngulos, enquanto outras permaneciam completamente em p?. As grava??es em v?rias continham o nome Chiddari ou o que parecia ser uma varia??o disso. “Chegando perto por aqui!” ele gritou. Ao alcan?ar a cripta, ele parou diante da sua est?tua e verificou o nome desbotado no plinto. Cunaxa Tjiddarei. As fei??es desgastadas pelo tempo eram aquelas de uma mulher orgulhosa, apertando o que parecia ser um pequeno martelo e um cinzel ao seio. A est?tua de bronze estava em p? de lado, inclinada para frente como se prestes a fazer uma rever?ncia, congratulando Oriken por descobrir seu lugar de descanso. “Sim,” ele disse. “? isso!” “Bom trabalho,” Jalis disse atr?s dele, fazendo com que ele quase pulasse para fora da sua pele. “Estrelas e malditas luas, Jalis!” Oriken sibilou. “N?o fa?a isso!” Ela sorriu. “Sinto muito.” Quando Dagra se aproximou, Jalis pegou a lamparina a ?leo e a tinderbox – uma caixa contendo pederneira, pavio e a?o para fazer fogo – e come?ou a trabalhar acendendo fa?scas em uma amostra de tecido carbonizado. Quando o material pegou fogo, ela tocou um bast?o de enxofre na chama e usou para acender a lamparina. Quando a lamparina estava acesa, Dagra disse, “D? isso aqui.” Sua express?o estava extenuada, mas ele parecia mais determinado. Jalis olhou para ele. “Voc? tem certeza?” “N?o. Mas vou fazer isso mesmo assim.” Ele pegou a lamparina e liderou o caminho at? a entrada escura da cripta Chiddari. Cap?tulo Nove Nada Sem Medo “Vamos terminar este neg?cio.” Dagra ergueu a lamparina e espiou a escada. As chamas lan?avam um brilho tremeluzente nas paredes r?sticas e degraus de pedra. Al?m do alcance da luz, o buraco da cripta mortu?ria abria-se em um convite sinistro. Preparando seus nervos, ele pressionou seu pingente Avato nos l?bios e entrou na escurid?o, dando um passo lento e deliberado. Um passo, dois … Suas botas esmagavam suavemente a terra sobre a pedra gasta. A respira??o silenciosa e ru?do dos passos dos seus amigos o seguiram para as profundezas. “N?o se preocupe, Jalis,” Oriken disse. “Se algo passar por Dag, eu a manterei segura.” Jalis riu. “Voc? ? um oficial corajoso dizendo isso a um mestre espadachim quando ela est? atr?s de voc? em um espa?o apertado.” “Como ? o ditado? Mantenha sua espada afiada, mas sua sagacidade mais afiada.” A divers?o era rica na voz de Oriken, mas Dagra sabia que ele estava disfar?ando sua pr?pria ansiedade. Quando ele alcan?ou a pr?xima curva na escada, Dagra congelou. “Deuses sofredores.” A lamparina iluminou as paredes de ?ngulo reto, fazendo com que sombras dan?assem pela pedra. Com a m?o livre, ele agarrou o cabo do seu gl?dio. “O que ? isso?” Oriken disse. “Nada. Eu apenas… Est? tudo bem.” “Voc? deveria tirar a lenda da sua cabe?a,” Jalis disse. “N?o ? isso que me incomoda.” N?o, ele pensou. ? a escurid?o. Isso e o peso esmagador da terra acima. E o fato que estamos descendo para um lugar que ? mais desprovido dos deuses do que toda as Terras Mortas. Ele espiou ansiosamente ao redor do canto para a escurid?o. At? onde ele poderia dizer, a escada estava vazia. “Estou agindo como uma menininha imaginando fantasmas,” ele murmurou, obrigando-se a continuar a descida. Mas se algum lugar tem fantasmas, ? esta cripta pag?. Al?m da pr?xima curva, os degraus tocavam o ch?o plano que se estendia em um corredor estreito e de teto baixo. Vigas de madeira percorriam a extens?o das paredes entre quadrados de pedra lavrada. Grupos de teias de aranha empoeiradas pendiam dos cantos das vigas. A escurid?o ?mida e penetrante juntamente com o odor de mofo que flutuava da garganta escura do corredor enviou um arrepio pela coluna de Dagra. “Amaldi?oe a D?ade,” Oriken disse quando foi obrigado a se inclinar no espa?o apertado. Dagra franziu o cenho. “Por favor, n?o amaldi?oe enquanto eu estiver rezando.” Oriken inclinou mais a cabe?a, mergulhando suas fei??es na sombra, exceto pelo seu sorriso. “S?rio, tenho ouvido de voc? a mesma coisa rid?cula desde que ?ramos crian?as e o debate nunca vale a pena. Agora, em particular, n?o ? o momento de me fazer defender as for?as atr?s, abaixo e acima de Verragos que eu sei que s?o reais, o que voc? nega mais e ....” “Tudo que eu disse foi ‘amaldi?oe a D?ade.’” “Bah.” Dagra olhou para cima. “Espero que voc? n?o esteja muito ocupado amaldi?oando para ficar de olho nas teias de aranha.” Oriken parou, em seguida gemeu. “Estrelas. Tinha de haver aranhas aqui em baixo, n?o? Poderia ter feito uma aposta sobre isso.” Dagra avan?ou, com Oriken seguindo de perto. Em pouco tempo, um arco apareceu, um portal para quaisquer horrores pag?os que jaziam al?m. Com todos seus sentidos fixos no arco preto, ele quase pulou para fora da sua pele e quase deixou a lamparina cair quando o grito de Oriken ecoou atrav?s do corredor. O cora??o de Dagra batia forte quando ele se virou para Oriken saltitando e agitando os bra?os descontroladamente, batendo a aba do chap?u e se arrastando para tr?s at? uma Jalis perplexa. Ela o agarrou pela cintura, sem d?vida para impedir que ele batesse nela em vez de segurar firme o idiota desastrado. Apesar da sua estrutura pequena, com facilidade ela fez o amigo magricela deles parar de repente. Os movimentos de Oriken haviam levantado uma camada de poeira e uma n?voa fina pairava em todo o corredor, diminuindo muito mais a visibilidade. Seu cabelo suado e desgrenhado quando ele tirou o chap?u, Oriken olhou horrorizado para as teias de aranha que se agarravam a aba e a copa chanfrada. Com um sobressalto, ele come?ou a afast?-las. Jalis colocou as m?os nos quadris, inclinou a cabe?a e fixou-o com um olhar desapontado. Notando seu escrut?nio, Oriken deu de ombros com arrependimento e recolocou o chap?u na cabe?a. “Elas fazem minha pele arrepiar!” Dagra suspirou. “N?s sabemos!” Jalis n?o conseguiu evitar o sorriso quando disse, “Voc? deixou escapar algumas.” Ela levantou a m?o e puxou um fio de teia de aranha da sua barba, em seguida, limpou-a na parede. “Pronto. Acabou.” Ela franziu os l?bios, depois acrescentou, “Voc? tentar? ser um freeblade corajoso agora?” “Eu disse que dever?amos ter trazido algumas tochas em vez daquela lamparina idiota,” Oriken murmurou. “Poder?amos ter acendido todo o maldito teto enquanto segu?amos.” Dagra balan?ou a cabe?a e virou-se para encarar o arco preto. Ele avan?ou lentamente, agita??o pesando em cada passo. Seu foco estava mais uma vez em seus pr?prios medos. N?o estou com pressa para descobrir o que h? al?m, ele pensou. Ningu?m esteve em uma cripta funer?ria em s?culos. N?o ? natural! Mas chegamos at? aqui e imagino que estaremos levando uma boa hist?ria para casa, se mais nada. Recomponha-se. Estamos quase l?. Ele alcan?ou o arco e preparou-se. “? tudo, ou nada,” ele resmungou. Respirando fundo, ele atravessou o portal para a escurid?o de um corredor de teto alto, consideravelmente mais largo do que o corredor apertado. Tudo estava em sil?ncio e parado. Muito quieto. Muito parado. Ele espiou a escurid?o por um longo momento. Os cabelos se arrepiaram em seu couro cabeludo enquanto ele dava um passo para o lado para os outros entrarem. Oriken se abaixou sob o arco com um sorriso e esticou-se em toda sua altura. “Ah, isso ? muito melhor!” “Fico feliz que voc? pense assim,” Dagra disse, “mas voc? acha que poderia expressar seu prazer com um pouco menos de barulho?” “Ah, vamos l?, Dag. Aquele incidente na caverna foi h? muitos anos.” “Sim, foi! Sete, para ser preciso. E n?o preciso de voc? me lembrando sobre isso mais uma vez, muito obrigado.” Oriken zombou. “N?o se preocupe com tetos desabados e entradas bloqueadas, voc? continua gritando e acordar? os mortos.” Dagra estremeceu, cerrou os dentes e lan?ou um olhar muito zangado para Oriken. “Tudo bem, crian?as,” Jalis disse asperamente. “Guardem os jogos at? voltarmos para a charneca. Voc?s podem brincar por todo o caminho para casa, se quiserem, mas vamos apenas fingir um pouco de decoro enquanto estamos aqui, como freeblades profissionais.” Ela olhou para Dagra. “Lidere.” Ele estabeleceu um passo cauteloso para o corredor. A lamparina gotejava ? medida que ele a balan?ava de lado para o outro para espiar os recessos dentro das paredes em intervalos regulares. Sombras tremulavam por toda parte como espectros se encolhendo do alcance da luz. Peda?os diversos de pedras preciosas atra?am a luz da lamparina para dentro das alcovas e nos p?dios ao longo do centro da passagem; ele reconheceu obsidiana, pedra estrelada, l?pis-laz?li, olho de gato, nuvens de raios e v?rios outros pedregulhos bonitos, mas n?o t?o preciosos. Uma pedra do sol rajada de carmesim chamou sua aten??o no fundo de uma das alcovas. Ele se aventurou para dentro para olhar de perto. A gema estava posicionada na altura da cintura no centro da laje de granito que alcan?ava dos joelhos at? o peito de Dagra, duas vezes mais larga do que era alta, com os lados cal?ados firmemente nos cantos dos pilares. Ele segurou a pedra do sol para solt?-la, mas estava firmemente embutida no granito. Palavras e datas circulavam a gema. Dagra se aproximou mais, mas as letras esculpidas estavam em Himaeriano Antigo e quase ileg?veis. Com um aceno de cabe?a, ele retornou para o caminho. Quando ele passava por um p?dio central, a luz da lamparina caiu sobre marcas de arranh?o na poeira v?rios passos ? frente. Ele aproximou-se e agachou-se para espiar as marcas no ch?o cheio de poeira. Oriken e Jalis se agacharam em cada lado. “Parece que n?o somos os primeiros aqui,” ele disse. “Provavelmente apenas ratos,” Oriken disse, recebendo uma sobrancelha erguida de Jalis. “Ratos realmente grandes?” Dagra lan?ou um olhar fulminante para ele. “Tudo bem!” Ele deu de ombros. “Um nargute ent?o. Provavelmente tem uma toca aqui embaixo em algum lugar.” “N?o ratos.” Havia uma nota de preocupa??o na voz de Jalis. “E n?o um nargute, Orik, mas obrigada pelas sugest?es. Seja o que for, precisa ter duas pernas. Talvez um cravante. Mas creio que todos concordamos que ? improv?vel j? que o cemit?rio est? fechado.” “Menos prov?vel do que um nargute?” Jalis fechou os olhos. “Esque?a seu nargute. Irei pegar um para voc? mais tarde, se voc? quiser. Voc? pode amarrar uma corda ao redor do seu pesco?o e mant?-lo como um animal de estima??o para a viagem de volta para casa.” Franzindo os l?bios, ela acrescentou, “Provavelmente vale a pena mencionar que estas pegadas est?o longe de serem frescas.” “Quantos anos voc? acredita?” Oriken perguntou. “Considerando que esta cripta provavelmente n?o foi limpa desde a sua Grande Insurrei??o… Quando foi isso? Os primeiros quatrocentos?” “Perto o suficiente,” Dagra disse, mantendo um olho na escurid?o ao redor deles. Jalis levantou-se e Dagra e Oriken seguiram seu exemplo. “Neste caso,” ela disse, “estamos olhando para dois ou tr?s s?culos de poeira aqui.” “Huh,” Oriken disse. “A poeira n?o teria coberto as pegadas ap?s tanto tempo?” “N?o necessariamente. A camada nesta cripta n?o ? particularmente grossa como voc? encontraria em uma casa n?o limpa ap?s tantos anos. As pegadas poderiam ter d?cadas.” Os cantos dos seus l?bios curvaram em um sorriso triste. “Dagra, certamente comece a rezar que aquela suposta joia funer?ria ainda esteja aqui. Orik, voc? pode desejar para as estrelas e as luas, se isso lhe agradar. Da minha parte, depois da nossa longa viagem at? esta extremidade do fim do mundo, estou ansiosa para garantir uma recompensa para n?s. Mas se algu?m nos derrotou…” “N?o vamos tirar conclus?es precipitadas,” Dagra disse. E eu estava come?ando a me acostumar com a ideia de que, talvez, n?s encontr?ssemos a joia no final das contas. As moedas de prata do contrato iriam garantir refei??es quentes e canecas cheias por um ano inteiro, para todos os tr?s. At? mesmo a parte de Maros como Oficial da Guilda lhe renderia um bom lucro. Era um trabalho que nenhum deles poderia se dar ao luxo de deixar passar. Eles retomaram o avan?o mais profundo no corredor. Mais uma vez Dagra assumiu a lideran?a com a lamparina, seguindo as trilhas de poeiras desbotadas, verificando as alcovas ? medida que eles passavam. Ele fazia uma busca r?pida por sinais da joia funer?ria, mas elas n?o continham nada al?m de lajes semelhantes de granito e pedras preciosas de pouco valor. “Sabe,” Oriken disse, dando uma co?ada pregui?osa na barba, “Notei uma coisa sobre esta cripta mortu?ria. Desde aquele corredor l? atr?s, mal vi sinal de teia de aranha. A n?o ser que o teto l? em cima esteja cheio delas; felizmente mal podemos v?-lo para descobrir.” Dagra olhou para Jalis. “O homem tem um ponto.” “? quase como se…” O rosto de Oriken fixou-se com uma concentra??o interna. Dagra deslocou seu peso. “Sim?” Oriken levantou as m?os em derrota. “N?o sei o que ?, quase como se. De qualquer maneira, alguma coisa.” “Obrigada por este discernimento,” Jalis disse. “Quem precisa de um or?culo quando temos um Oriken?” “Esque?a isso.” Ele puxou a aba do chap?u uma fra??o, ficando em sil?ncio enquanto eles continuavam a entrar na cripta. Para Dagra, a escurid?o opressiva tornava-se cada vez mais asfixiante quanto mais eles avan?avam. Ele passou a parte de tr?s da manga pelo suor que brilhava em sua testa e deu um pux?o no colarinho j? afrouxado. O teto era quase invis?vel aqui; apenas algumas linhas cinzas e manchas que sugeriam pedras de corte grosseiro e vigas mestras bem acima, mas o espa?o aberto esmagava-o mais do que o corredor apertado. A ?ltima coisa que ele queria era ficar preso no lado errado de um desmoronamento de rochas, sem nenhum lugar para fugir enquanto os fantasmas dos falecidos h? muito tempo se infiltravam das paredes, suas luzes fantasmag?ricas se aproximando cada vez mais… “Lugar profano,” ele resmungou, reprimindo um tremor. Mesmo assim, ele estava feliz por ser ele segurando a lamparina. Ele imaginou Jalis se posicionando na retaguarda e em sil?ncio, admirou sua coragem. Confiando nele para ser seus olhos, isso era algo estranho, com certeza. Voc? tem mais coragem do que eu, mo?a. Irei lhe conceder isso. Seus olhos estavam nas lajotas cobertas de poeira quando algo se moveu no limite da sua vis?o. Ele congelou, um suspiro alojando-se na sua garganta. O alcance da luz da lamparina caiu em um punhado de formas sombrias se contraindo que se arrastavam para o caminho a partir de uma alcova ? esquerda. Ele se atrapalhou com sua espada, os dedos esquecendo seus anos de treinamento, mas o gl?dio estava meio fora da sua bainha antes que ele reconhecesse as formas pelo que elas realmente eram e ele soltou um suspiro ruidoso de al?vio. Deuses, eu n?o precisava disso. Era somente escombros, uma placa quebrada de granito ca?da do seu nicho, nem agachada nem ? espreita. Apenas um truque de luz e sombras. E imagina??o, ele acrescentou em reprova??o. As formas n?o estavam se movendo nem um pouco. Ao se aproximar dos escombros, ele notou com preocupa??o que as marcas de arranh?es que eles haviam seguido levavam diretamente para a pedra esmagada e se reuniam em um aglomerado. Ele olhou para Jalis. Ela assentiu em aquiesc?ncia ? pergunta n?o formulada. Apoiado pela sua coragem silenciosa, Dagra entrou na alcova, os fragmentos estilha?ados de granito esmagando sob suas botas. Seus olhos examinaram a pequena ?rea, atra?dos para o nicho no fundo, de onde a placa havia ca?do. Na sua aus?ncia havia uma parede grossa de teias de aranha. Aranhas poderiam ter se esgueirado mais profundamente, mas era imposs?vel de dizer; os fios densamente agrupados pareciam absorver o brilho da lamparina, sugando-o, sem revelar segredos. Sua aten??o foi atra?da para o canto superior direito da cavidade oblonga. Uma ?rea escura de fungos de apar?ncia fr?gil se agarrava ? pedra, exatamente como a coisa que cobria as ?rvores no cemit?rio. Um aglomerado de cistos p?lidos com veias finas e carmesins aninhadas em cima da mancha mofada Dagra se aproximou mais para inspecionar os crescimentos curiosos. Levantando um dedo para o cisto maior, ele tocou-o gentilmente. Com um pop suave, a membrana seca explodiu em uma nuvem de poeira. Ele recuou quando um cheiro pungente encheu suas narinas, mas a nuvem j? tinha quase desaparecido. Ele espirrou e levantou-se rapidamente. Recuando, ele fez uma careta para a parede de teias de aranha, os crescimentos f?ngicos, os escombros espalhados e a poeira agitada. Isso n?o ? maneira de passar a vida depois da morte, ele pensou, nauseado com a perspectiva de ser deixado em um buraco para apodrecer em vez de ser queimado at? os ossos. Eles eram selvagens durante os Dias dos Reis, eles realmente eram. Corpos deveriam ser queimados, tinham de ser queimados para libertar os esp?ritos para sua jornada para Kambesh. Esp?ritos … Um odor leve e de movo flutuou da cavidade cheia de teias de aranha. Ele estremeceu e reuniu-se com seus companheiros. “Algo interessante?” Oriken perguntou. Dagra lan?ou um olhar significativo para ele. “Nada sobre o que voc? queira saber.” “Aranhas.” Oriken fez uma careta. “Se for aranhas, apenas diga aranhas. Prefiro saber do que n?o.” “N?o vi nenhuma aranha.” Oriken parecia reservado. “Muito justo.” “Mas…” “Mas o qu??” “Voc? sabe por que n?o h? nenhuma teia de aranha aqui?” Oriken semicerrou os olhos em antecipa??o as pr?ximas palavras de Dagra. “Creio que eu as encontrei.” Dagra empurrou um polegar por cima do ombro. “Elas est?o todas reunidas naquele buraco. Assim parece, de qualquer maneira.” Oriken gemeu e Dagra deu de ombros inocentemente. “Ei, voc? perguntou.” “Sim, mas h? informa??o e h? informa??o demais. Voc? n?o conseguiu resistir a acrescentar o mas, n?o ??” Oriken empurrou um dedo para ele. “Minha vez na pr?xima vez.” Dagra for?ou um sorriso tenso. O gracejo ajudou um pouco a combater seu atual estado de esp?rito. Um pedregulho de pedra de sangue chamou sua aten??o nos escombros espalhados. Ele se inclinou, pegou-o e esfregou-o na cal?a. Um ovalado verde escuro suave, coberto de manchas escarlates brilhantes. Sem valor, mas uma pe?a bonita. N?o ? mais parte de um t?mulo, Dagra argumentou, justificando a moralidade de peg?-lo. Talvez eu pudesse conseguir com que o ferreiro o colocasse no cabo do velho gl?dio. Algo para lembrar a viagem, ele pensou amargamente, enfiando a pedra de sangue no bolso da cal?a. “Estas bugigangas s?o quase in?teis,” ele disse baixinho, “mas que tipo de ladr?es comuns deixariam tantas para tr?s? Algum de voc?s viu sinais de manipula??o al?m desta placa?” Oriken franziu o cenho. “Agora que voc? mencionou isso, n?o. Mas se algu?m esteve aqui embaixo, eles poderiam estar atr?s da mesma coisa que n?s. Poderiam at? ter sido freeblades. Nunca se sabe.” Jalis balan?ou a cabe?a. “S? que ningu?m atravessou as Terras Mortas em s?culos.” “Supostamente,” Dagra disse. Oriken deu de ombros. “Talvez nossa cliente contratou mais algu?m antes de n?s e este t?mulo ? onde eles encontraram a joia.” Jalis chutou um peda?o de entulho. “A placa abrigava uma pedra preciosa do mesmo tamanho que as outras por aqui.” Ela lan?ou um olhar r?pido e astuto para Dagra. “Nenhuma que vimos at? agora ? grande o suficiente para ser a joia que estamos procurando.” Oriken assentiu de soslaio para a alcova. “Talvez estivesse enterrada com o corpo em vez de estar fixada ao granito.” Jalis parecia em d?vida. “Estas pessoas se empenharam para cobrir este lugar com pedras preciosas. Qual seria o objetivo de selar a joia onde ningu?m pode v?-la?” Dagra balan?ou a cabe?a e disse a Oriken. “Mesmo se a joia estivesse ali, voc? n?o deu uma olhada naquela teia de aranha. Est? intacta. E grossa. Seja quem for que removeu a placa n?o se deu ao trabalho de ir mais longe. Ou, se fizeram isso, tudo aconteceu h? muito tempo, como Jalis disse.” Os olhos de Oriken eram profundezas de sombra sob a aba do seu chap?u enquanto ele arriscava um olhar para o recesso. “Dificilmente posso culp?-los por n?o entrar ali. Aquela teia de aranha seria algo que colocaria tudo a perder para mim tamb?m. Apenas tente me fazer arrastar para um buraco cheio de teias de aranha. N?o vai acontecer. Nem mesmo por um saco cheio de dari de ouro.” Ele enfiou um polegar atr?s do cintur?o da espada. “Nem por todo dari em Himaera. Sem chance.” “Deuses!” Dagra empalideceu. “Espero que a joia n?o esteja guardada na parte de tr?s de um destes buracos, com algum pobre imbecil cujo cad?ver foi deixado para apodrecer e cuja alma est? presa no limbo e n?s temos de entrar e vasculhar…” Jalis estalou os dedos no rosto de Dagra. “Cai na real. Continue com esta bobagem e irei ajud?-lo a agilizar uma cura para sua fobia.” “Huh?” Dagra franziu o cenho em confus?o, em seguida acompanhou o olhar dela para o buraco cheio de teias de aranhas. Ele olhou de soslaio para ela e ela assentiu enquanto ele se afastava mais do recesso. “Voc? n?o faria isso.” Ela segurou um dedo nos l?bios. “Ent?o cale-se, Dag. Voc?s dois.” Olhando de Dagra para Oriken, ela baixou o olhar para as marcas de arrastar na poeira. “Odeio mencionar, mas estou percebendo mais alguma coisa sobre estas pegadas.” Dagra suspirou, “H? uma chance de que isso possa ser uma boa not?cia para variar?” Jalis lan?ou o esperado olhar sarc?stico para ele. “V? em frente ent?o, desembucha.” “Voc? estava em alguma coisa quando disse que n?o vimos sinais de pilhagem. Isso me fez pensar. Se algu?m esteve aqui, deveria haver pelo menos dois conjuntos de pegadas. Um conduzindo para dentro, um saindo de volta. Mas al?m das nossas, eu s? vi um conjunto de pegadas.” Oriken parecia c?tico. “Voc? acredita que seja quem for que esteve aqui embaixo n?o saiu? Que eles… o que, morreram aqui? Oh! Voc? quer dizer que deve haver outra sa?da!” “Este foi o meu primeiro palpite. Mas se houvesse outra entrada para este lugar, n?o est? indicado no mapa. Mas isso est? al?m do ponto. Veja.” Ela apontou ao longo do lado mais distante dos escombros e Dagra balan?ou a lamparina para iluminar a ?rea. “As trilhas param aqui,” Jalis disse sombriamente. Era verdade, Dagra viu. A poeira al?m permanecia intacta. Ele esfregou um polegar na barba enquanto uma sugest?o sombria come?ava a se instalar em sua mente. Ele olhou para Jalis com um olhar cauteloso e um aceno de cabe?a. “N?o diga isso.” “Isso n?o era algu?m descendo at? aqui,” ela disse. “Foi algu?m indo embora.” “Voc? tinha de dizer isso, n?o ??” Oriken cruzou os bra?os. “Isso apenas fica cada vez melhor.” Jalis apenas deu de ombros desconsolada. “Pelo amor dos deuses,” Dagra rosnou. “N?s estaremos nos assustando tolamente antes de sequer encontrarmos a maldita joia. Vamos apenas continuar procurando.” Ele pressionou os l?bios juntos e olhou para seus companheiros enquanto sacava o gl?dio da sua bainha. Oriken inclinou a cabe?a e desembainhou seu sabre. Jalis verificou as adagas em sua coxa e quadril, mas ela as deixou em suas bainhas. “Concordo,” ela disse. “Mas saber o que podemos estar enfrentando somente pode nos dar uma vantagem.” Dagra grunhiu. “Voc? n?o vai dizer isso quando a vantagem for eu cagando na minha cal?a.” Eles continuaram mais fundo na c?mera funer?ria, fazendo uma verifica??o superficial em cada alcova que passavam at? que eles finalmente chegaram ao final da cripta. Diante deles, um ret?ngulo alto de granito foi colocado no centro da parede, estendendo-se do ch?o at? mais alto do que a copa do chap?u de Oriken. Uma linha de pedestais na altura da cintura percorria ambos os lados ao longo da parede; em cada um descansava uma cole??o de pedras preciosas empoeiradas. Seu queixo caiu quando ele viu a caracter?stica central. Situado dentro do granito ao n?vel dos olhos de Dagra havia uma joia de corte primoroso, duas vezes o tamanho do seu pulso. Pela D?ade, a velha Cela n?o estava nos enganando. E ela tamb?m n?o estava exagerando. Uma faixa de prata envolvendo a circunfer?ncia da joia, mantendo-a bem presa dentro do seu estojo de pedra. Rosas e verdes suaves volteavam pela superf?cie multifacetada da joia; reflexos da l?mpada a ?leo cintilando. “Doce Khariali,” ele sussurrou, invocando o nome da deusa primitiva das pedras preciosas e metais. “Doce Khariali, de fato,” Oriken repetiu. “L? est? o nosso beb?!” “? linda,” Jalis sussurrou. Dagra colocou a lamparina no pedestal mais pr?ximo, empurrando para o lado as pedras preciosas que ele continha, em seguida recuou. Poderia ter sido sua imagina??o ou poderia ter sido a maneira como a luz brilhava das mir?adas das faces da joia, mas parecia emanar um calor que n?o era f?sico, mas uma calma que tocava n?o a pele, mas a alma. Pode ter sido usada como uma pedra funer?ria, mas n?o pertencia a esta cripta mais do que o pr?prio Dagra pertencia aqui. Ele ficaria feliz em lev?-la com ele. “Estava esperando algo como um diamante,” Jalis disse com rever?ncia. Ela deu um passo ? frente para tra?ar a ponta do dedo pela superf?cie angular. “Mas isso n?o ? um mero diamante ou eu sou uma mocreia.” Ela tem direito a isso, Dagra pensou. A joia fez os poucos diamantes pequenos que tinha visto parecerem t?o simples quanto vidro. Em letras pesadas e ornamentadas acima da joia, as palavras Lajdie Cunaxa Tjiddarei foram esculpidas juntamente com as datas 152 e 225. S?mbolos antigos estavam misturados com um texto Himaeriano Antigo e Sosarran M?dio ao redor da joia em c?rculos conc?ntricos. Dagra imaginou que as palavras poderiam ser uma prece ou provavelmente uma declama??o das realiza??es da senhora. “Ela morreu h? muito tempo antes da praga,” Oriken comentou. “Provavelmente a primeira da sua linhagem,” Jalis disse. “Ou a primeira a alcan?ar a proemin?ncia, de qualquer maneira. Sua posi??o no ponto mais distante da cripta sugere que ela foi a primeira a ser enterrada aqui.” “Como os construtores sabiam quantos Chiddaris haveriam?” Oriken perguntou. “Todos os nichos parecem ter t?mulos neles. Esta ? uma suposi??o muito boa.” “Acredito que somente os indiv?duos importantes tinham uma vaga na cripta mortu?ria da fam?lia. Provavelmente o resto era enterrado na superf?cie. Al?m disso, se examinarmos os primeiros nichos, imagino que vamos descobrir que eles n?o foram usados como tal, mas apenas reservados.” Dagra resmungou. “? uma pena que a velha Cunaxa aqui n?o foi a ?ltima a ser enterrada. Poderia ter nos poupado de caminhar pela extens?o deste corredor amaldi?oado.” “Imagino que se ela estivesse mais pr?xima da entrada,” Oriken disse, “ent?o n?o seria ela procurando pela joia da fam?lia, n?o ??” Dagra lan?ou um olhar frio para ele antes de voltar sua aten??o para o pr?mio deles. Ele apontou para um grupo de s?mbolos esculpidos no texto ao redor da joia. “Aqui est?o algumas daquelas runas sobre as quais voc? fica empolgada, Jalis. Como aquelas na minha espada.” Ele segurou a l?mina larga do gl?dio na luz, indicando as inscri??es escuras que percorriam sua extens?o. “Attic algo-ou-outro, certo?” “Antik rukhir.” O sotaque Sardayan de Jalis emprestou ?s palavras antigas um diferencial m?stico, enfatizando o k no final de antik com um ru?do agudo da l?ngua e rolando o r no final de rukhir. Ela se aproximou mais para inspecionar as runas. “A linguagem da Era Umbral nunca para de me surpreender. Tantas varia??es regionais que parecem ter evolu?do completamente separadas umas das outras e, no entanto, mantiveram elementos comuns reconhec?veis. Estamos falando sobre milhares de anos atr?s, antes que os primeiros escaleres atravessassem o Canal Ardente e, no entanto, antik rukhir era t?o prevalente em Himaera quanto no continente Sosarran. E ? anterior a todas as tribos antigas.” Oriken deu de ombros. “Quem se importa? Eu disse isso quando voc? viu as runas pela primeira vez na espada de Dagra. Claro, ? uma arma interessante, mas por que ficar toda empolgada sobre uma linguagem morta?” “N?o sei qual ? o maior tesouro,” Jalis suspirou, com um sorriso ir?nico. “A joia ou sua compreens?o incomum.” “Tudo que estou dizendo ? que temos a joia e vale muito mais do que Cela Chiddari est? nos dando. At? eu consigo ver isso.” “Todos n?s concordamos que encontramos uma pequena fortuna,” Dagra disse, “mas quem tem o dinheiro para nos pagar o que realmente vale? Certamente ningu?m que eu conhe?o. Quinhentas moedas de prata n?o devem ser ridicularizadas.” Jalis assentiu em concord?ncia e olhou para Oriken. “Al?m disso, estamos comprometidos pelo c?digo. At? Orik n?o ignoraria as regras da guilda.” Oriken deu um leve giro em seu chap?u. “Claro que n?o. Nem pense nisso. Mas estas regras cobrem como remover uma joia valiosa que est? incrustrada em um peda?o s?lido de granito? Eu preferiria entregar a coisa em uma ?nica pe?a, se poss?vel.” Dagra deu de ombros e olhou para Jalis, que balan?ou a cabe?a. “Quero dizer,” Oriken continuou, “n?o ? como se tiv?ssemos um martelo e um cinzel, ??” Jalis murmurou uma maldi??o. “Em retrospecto, algo de um descuido.” “Ent?o como vamos tir?-la?” “N?s usamos nossas espadas.” Dagra apontou para as armas na cintura de Jalis. “As suas seriam melhores para a tarefa, garota.” Jalis riu. “Voc? est? fazendo uma piada, sim? N?o arruinaria minhas espadas, n?o importa seu valor.” Ela deu um tapinha na adaga longa de l?mina preta em seu quadril e a adaga fina de prata em sua coxa. “Dusklight e Silverspire s?o mais do que apenas armas ou ferramentas. Elas s?o obras de arte e insubstitu?veis.” Dagra suspirou e embainhou seu gl?dio. “Tudo bem. Deixe isso comigo.” Ele fez um gesto para Oriken se virar. Oriken o fez e Dagra desamarrou a algibeira lateral da sua mochila e vasculhou o interior, tirando a faca de ca?a de l?mina curta. “Esta n?o ? nenhuma faca sofisticada com um nome,” Dagra disse a Jalis, arqueando uma sobrancelha. “Um bom e velho peda?o s?lido de a?o que Orik tinha desde que ?ramos crian?as.” “Na verdade, eu dei um nome para ela,” Oriken disse, um brilho em seus olhos. “Chamei-a de Akantu em homenagem ao patrono das criaturas inferiores.” “N?o,” Dagra disse. “Voc? n?o fez isso. E voc? n?o deveria zombar dos deuses, muito menos nesta cripta.” Oriken zombou. “Patronos n?o s?o deuses. Eles s?o homens e mulheres, n?o s?o diferentes de… bem, n?o s?o diferentes de mim e Jalis.” Ele deu um grande sorriso a Dagra. “V? se foder,” Dagra sugeriu. Ele colocou a ponta curvada da l?mina na fresta entre o granito e a prata e come?ou a alavanc?-la para frente e para tr?s, trabalhando com cuidado ao redor da circunfer?ncia da joia. “N?o escorregue,” Oriken disse. “Duvido que sua faca possa danificar a joia,” Jalis disse. “? por isso que n?o vou manchar minhas l?minas nela. Parece mais forte do que um diamante.” O cora??o de Dagra acelerou quando a faca de ca?a escorregou sobre a faixa de prata. Sua ponta afiada oscilou pela joia, emitindo um grito estridente. “Pelas pedras de Cherak, Dag!” Oriken disse. “Voc? est? tentando perder nossa recompensa?” Dagra estufou as bochechas e soprou enquanto seu nervosismo come?ava a acalmar. Ele pensou que havia arruinado o pr?mio deles, mas n?o havia o menor risco em nenhuma das superf?cies angulares da joia. Jalis suspirou. “Obrigada por testar minha suposi??o, Dagra,” ela disse categoricamente. “Creio que podemos considerar o ponto comprovado.” Havia um leve tremor na m?o de Dagra quando ele inseriu a ponta da faca de volta na ranhura. Ele girou a l?mina e o arranhar do a?o na pedra sussurrou pelo corredor escuro. “Voc? acredita que ? m?gica?” ele perguntou. Oriken deu uma gargalhada. “N?o seja rid?culo.” “Talvez tenha encantamentos entremeados nela. Lembra daquela garota em onde foi?” Dagra franziu o cenho enquanto mencionava a lembran?a nebulosa. “Aquela que Maros resgatou?” “Dificilmente diria que ele veio em seu socorro,” Oriken disse. “Ela foi perseguida por abelhas ap?s perturbar um ninho.” “Dag tem um ponto,” Jalis disse. “Aquela garota usou magia para fazer um carvalho voltar a ser uma muda.” “Assim nos disseram.” Dagra arrepiou. “Bem, eles a levaram para o Arkh depois disso, portanto deve haver uma verdade nisso.” A joia estava come?ando a se soltar. Oriken zombou. “Se eu visse com meus pr?prios olhos, eu acreditaria. N?o considero tudo que ou?o como verdade.” “Eu sei.” Dagra suspirou. “Ela era uma fada-de-nascen?a, Orik,” Jalis disse baixinho. Dagra podia sentir seu h?lito quente em seu pesco?o enquanto o observava trabalhar. “Diga o que quiser sobre algumas outras coisas, mas posso lhe assegurar que fadas-de-nascen?a realmente existem.” Oriken n?o respondeu e a conversa cessou. Enquanto Dagra trabalhava, sua imagina??o tamb?m. Em sua mente, ele viu novamente a cova do enterro exposto cheio de teias de aranha. Em algum lugar atr?s da parede sedosa jazia um parente retorcido e murcho da sua cliente. E por tr?s da placa em que ele agora trabalhava, jaziam os ossos da ancestral mais antiga de Cela, Cunaxa. Um esqueleto agora, ele garantiu para si mesmo. Apenas ossos. Nada a temer. Ele alavancou a l?mina para frente e para tr?s e com uma tor??o final a joia funer?ria deslizou da pedra… As ?rbitas dos olhos preenchidas com teias de aranha olhavam para ele. Em mudo horror, ele encarou de volta. O abrigo da joia agora emoldurava as fei??es afundadas de Lady Cunaxa Chiddari, cobertas com fios de seda e espiando atrav?s da fresta. A pele se esticava sobre o cr?nio como couro fervido, com tufos de cabelo fundidos na carne mumificada. A testa e as ma??s do rosto estavam enfeitadas com crescimentos escabrosos e o ricto terr?vel e sem l?bios sorria para ele como se deleitado por ter companhia ap?s longos s?culos de solid?o. Seus dentes enegrecidos se deslocaram e quebraram. Horrorizado, Dagra observava enquanto as teias se rasgavam e a boca se esticava mais e a mand?bula escorregou atr?s da placa e caiu no ch?o com um ru?do surdo. “Gah!” Dagra saltou para tr?s, proferindo os nomes da D?ade na esperan?a de que eles o tirassem do corredor pag?o e o levassem de volta para a charneca. Bile subiu em sua garganta enquanto ele desviava o olhar do cr?nio encarquilhado. “? apenas um cad?ver, Dag,” Jalis disse baixinho. “Ele se moveu!” “Voc? perturbou sua posi??o, s? isso.” Saliva nadava em sua boca. Ele a engoliu. “Sim. Apenas um cad?ver. ? claro. Um cad?ver, ? claro!” Ele emitiu uma risadinha breve, mas man?aca. Captando os olhares divertidos dos seus amigos, ele pigarreou e se recomp?s. A joia estava nas m?os de Oriken. Ele a segurou no alto e olhou para ela, sem sentir medo do cad?ver medonho que os observava. Jalis pegou a lamparina do p?dio e a segurou perto do ombro de Oriken. A luz brilhou da superf?cie multifacetada da joia. Sua frente era circular, a faixa de prata apertada ao redor da circunfer?ncia, aparentemente forjada no lugar. De lado, a joia era mais plana, mas avolumava-se no centro ao redor de um n?cleo sombreado que se quebrou em prismas na luz da lamparina. O ponto escuro fez Dagra se lembrar de ovos de gema preta do balukha do anoitecer ou um borr?o de tinta dentro de uma escultura s?lida de vidro. Ele estava come?ando a corrigir sua avali??o sobre o valor est?tico da joia. Oriken passou a m?o pela parte de tr?s da joia. Seu rosto franziu em desgosto. “Vamos ter de dar uma esfregada nela mais tarde. Tem um pouco do rosto dela preso na joia.” O est?mago de Dagra revirou-se e seus joelhos cederam. Ele agarrou-se ao p?dio ao lado dele em busca de apoio. Jalis abriu sua mochila e passou um cobertor para Oriken. Ela segurou a mochila aberta enquanto ele embrulhava a joia e a enfiava dentro da mochila. Ela puxou o cord?o firme e deu um n?, prendeu as al?as da mochila e a pendurou no ombro. “? melhor que seja sua roupa de cama e n?o a minha,” Dagra disse a ela. Quando soltou o p?dio, seu olhar pousou na cabe?a sem olhos, nariz e agora sem mand?bula de Cunaxa. Enquanto ele encarava zangado a matrona Chiddari, a cabe?a deslocou-se novamente. “Doce m?e dos profetas! N?o me diga que aquilo n?o aconteceu!” A cabe?a estava inclinada de vi?s, como uma crian?a atenta e curiosa para saber do que se tratava a como??o. “Voc? pode soltar meu bra?o agora, Dag,” Jalis disse. Ele murmurou um pedido de desculpas e cambaleou para a parede, apoiou-se nas pedras e vomitou. Quando acabou, ele passou a manga na barba e virou-se para ver Jalis e Oriken olhando para ele sombriamente, seus rostos inundados pelo brilho da lamparina. Dagra for?ou uma risada. “N?o sei de onde isso veio.” Ele recusou o len?o oferecido por Jalis. “N?o. Estou bem, s?rio. Apenas um…” Ele podia sentir o cad?ver olhando para ele, mas manteve sua aten??o firmemente em Jalis. “Temos o que viemos procurar. Vamos dar o fora daqui. N?o faz sentido demorar, certo?” Jalis assentiu e virou-se para ir embora, mas Oriken colocou uma m?o em seu ombro. “Por que n?o nos mimamos com alguns extras na sa?da?” Ele apontou para as pedras preciosas em cima dos pedestais e nos recessos onde as pedras preciosas piscavam das sombras. Enquanto Jalis considerava suas palavras, ele pressionou o ponto. “Dever?amos, pelo menos, levar as que est?o nestes pedestais para nossa cliente j? que elas obviamente v?m como um pacote com a joia. Certo? Se ela n?o as quiser…” Ele deu de ombros. Jalis n?o pareceu convencida. “Caminhe e fale,” Dagra disse. Ele pegou a lamparina de Jalis e seguiu pelo corredor, seus amigos acompanhando para seguir a ?nica fonte de luz. “O contrato n?o menciona nada al?m a joia,” Jalis disse. “Se levamos mais, nossas a??es poderiam ser consideradas um sacril?gio.” Dagra cuspiu um palavr?o. “Este lugar inteiro ? irreverente.” Oriken zombou. “Como pode estar bem roubar o maior tesouro, mas errado levar os menores?” “Ei,” Jalis disse, “N?o fa?o as regras.” Oriken suspirou. “N?o ? como se Dag n?o tivesse embolsado uma pedra.” “Oh, sua crian?a!” Dagra virou-se. “S?rio? ? uma ninharia sem valor! Um pedregulho bonito de um t?mulo saqueado!” Jalis resmungou baixinho. “? isso o que voc? pensa, Dag ou ? o que voc? espera?” “N?o comece com isso novamente. Agora n?o. Vamos apenas voltar para casa, voltar para a riqueza e um banho quente.” “Voc? n?o conseguir? nenhum argumento de mim a?,” ela disse. “Orik, os t?mulos nesta cripta pertencem aos ancestrais da nossa cliente. Se perturbamos qualquer um deles ao remover suas pedras preciosas – a maioria das quais parece ser relativamente in?til de qualquer maneira, como Dagra diz – estaremos efetivamente roubando da pr?pria Cela, independentemente das nossas inten??es, por mais ostensivas que elas possam ser.” Ela olhou para Oriken intensamente. “Dagra encontrou sua pedra preciosa no entulho quebrado; ele pode mant?-la, mas deixamos o resto.” “Voc? ? o chefe,” Oriken disse com um suspiro. “Mas e a cidade?” Jalis sugou o ar atrav?s dos dentes e olhou para ele de soslaio. “Vamos conversar sobre isso depois que deixarmos o cemit?rio. J? desperdi?amos mais de metade do dia.” Oriken olhou para ela por um momento, mas n?o disse mais nada e a conversa caiu em sil?ncio enquanto eles refaziam seus passos atrav?s do longo corredor. Dagra n?o poderia ter se importado menos sobre a pedra de sangue que ele pegou. Seus pensamentos estavam na joia funer?ria, determinado a trazer-lhes uma heran?a inesperada lucrativa de fato. Mas, ainda mais, seus pensamentos estavam na matrona da cripta, seu olhar sem olhos atento a partida deles do seu lugar de descanso. Logo, a cova de sepultamento profanada tornou-se vis?vel novamente. As marcas de arranh?es, agora cobertas pelas pegadas de Dagra e seus companheiros, conduziam da laje quebrada at? a escada… Para distrair sua imagina??o errante, Dagra disse, “Mas Orik tem um ponto. ? uma ?tica question?vel que podemos profanar um t?mulo se ? parte do nosso contrato, mas, caso contr?rio, ? desaprovado.” Ele deu uma gargalhada abrupta e procurou no bolso a pedra de sangue. “Quer saber? Nem quero este peda?o de lixo. Pensei que poderia ficar bem no gl?dio, mas com o dinheiro que vamos ganhar eu poderia comprar uma das tetas brilhantes de Khariali se eu quiser.” “Melhor as tetas de Khariali do que as pedras de Cherak,” Oriken gracejou. Com um movimento do pulso, Dagra deslizou a pedra de sangue nas sombras e ouviu seu ru?do ecoar pelo corredor. “Dag.” Ao seu lado, os olhos de Jalis lan?aram um sorriso. “N?o disse que as outras criptas no cemit?rio n?o eram alvos vi?veis, apenas a cripta de Chiddari. Todo este lugar j? foi arruinado por uma deusa e abandonado por s?culos. Alguns poucos mortais n?o podem consagr?-lo muito mais do que j? foi feito.” Dagra retribuiu o sorriso com um fraco. “Verdade. Mas n?o tenho certeza se estou interessado. N?o ? como se tiv?ssemos trazido uma mula conosco; qualquer coisa que encontr?ssemos, ter?amos de arrastar por toda Colina Scapa e parte de Caerheath. Obrigado, mo?a, mas n?o. Apenas quero dar o fora deste maldito lugar morto e empoeirado e respirar um pouco de ar fresco, arruinado ou n?o.” Oriken resmungou baixinho enquanto se arrastava atr?s dele, mas se em concord?ncia ou n?o, Dagra n?o poderia dizer e n?o se importava muito. Ele for?ou seus pensamentos para a viagem de volta para casa e para passar o resto do ano em Alder’s Folly sem contratos longos e ?rduos, sem lugares subterr?neos escuros e sombrios e sem mais cad?veres. Deuses, ele pensou. Por favor, sem mais cad?veres. Cap?tulo Dez Intrusos Dagra soprou o sulco da lamparina para extinguir a chama, depois entregou para Jalis. Com um suspiro de al?vio, ele saiu da cripta Chiddari para a vista melanc?lica do cemit?rio. A esfera vermelha de Banael estava dispersa atrav?s de uma cobertura de nuvens, sua parte inferior mergulhando mais perto do horizonte do que Dagra estava confort?vel. Ele lan?ou um olhar semicerrado para a est?tua de Cunaxa. Bem, senhora, ele pensou. Poderia dizer que outrora voc? foi uma grande beldade, s? que acabei de ver sua mand?bula cair. Riachos leves de n?voa estavam escorrendo atrav?s das rachaduras do solo ?rido. Cachos de coisas lambiam e acariciavam as bases mofadas das l?pides e rastejavam nos caminhos arruinados. Mesmo enquanto ele observava, a n?voa estava se espalhando. “Por quanto tempo ficamos l??” Oriken perguntou, seus olhos na sombra suave sob seu chap?u enquanto olhava para o sol baixo. “Horas,” Jalis disse. “N?o pareceu tanto tempo.” “Talvez n?o para voc?,” Dagra disse. Oriken voltou sua aten??o para a cidade, estufou as bochechas e soltou um assobio baixo. “Deve haver um monte de tesouro l?. S? o castelo deve conter uma fortuna. Poder?amos nos abrigar em um dos pr?dios durante a noite. O lugar esteve abandonado por s?culos; duvido que alguns dos propriet?rios se importaria.” “Vamos l?, Orik,” Jalis disse. “Voc? ? um homem ou catador? N?o se esque?a que temos uma longa viagem de volta at? o bols?o cheio de p?ntano mais pr?ximo de civiliza??o, al?m de mais alguns dias de viagem at? voltarmos para Alder’s Folly. N?o gosto de arrastar tesouros atrav?s de centenas de quil?metros e mais de campos infestados de p?ntanos, monstros e muito provavelmente mais do que n?o encontramos em nosso caminho at? aqui.” “N?o estou falando sobre encher nossos bolsos e mochilas, apenas um punhado de lembran?as. N?o machucaria.” Por um momento, Dagra se viu considerando o assunto. Ele quis dizer o que disse a Jalis sobre n?o estar interessado em saquear pedras preciosas de segunda categoria, mas quando olhava para a expans?o da cidade era dif?cil n?o imaginar uma riqueza maior do que meros peda?os de pedras bonitas. Moedas provavelmente entulhavam o lugar. E joias com diamantes preciosos e safiras, esmeraldas e rubis. Ou armas, como seu pr?prio gl?dio antigo; as espadas curtas, de l?mina larga, raramente eram forjadas desde o fim da Grande Insurrei??o e Lachyla seria o melhor lugar para encontrar outro. Gostaria de um segundo gl?dio, ele pensou, mas n?o tanto assim. Por mais angustiante que tem sido, n?o foi t?o ruim quanto eu imaginei. Talvez amanh?, durante a luz do dia… Ele balan?ou a cabe?a para purgar a tenta??o e franziu o cenho para a n?voa que se formava. “Dever?amos come?ar a nos mover antes que esta coisa se torne um problema.” “Mas, ou?a...” Jalis lan?ou a Oriken um olhar de cautela. “Eu disse que discutir?amos isso mais tarde e n?s iremos. Por enquanto, Dagra est? certo. De volta ? ponte levadi?a.” Pegando o olhar de Oriken para o distante Port?o dos Defuntos que separava o cemit?rio da cidade, ela apontou um dedo para o norte, para a charneca. “Aquela ponte levadi?a.” Eles desceram o caminho estreito que ligava a cripta Chiddari ao Caminho dos Defuntos central. Enquanto caminhavam, Oriken mantinha um mon?logo sobre os tipos de tesouro que eles poderiam descobrir no castelo. Ele estava no meio do fluxo quando Jalis parou abruptamente e levantou uma m?o para sinalizar uma parada. “O que ??” Oriken perguntou. “Diga-me uma coisa,” ela disse. “Qu?o confiante devemos estar que a cidade est? deserta? Podemos presumir que todos os cidad?os de Lachylan morreram durante a praga?” “Huh? ? claro. Mesmos aqueles que escaparam est?o mortos h? muito tempo. Por que voc? pergunta?” Jalis olhou por cima do ombro de Dagra para o cemit?rio nebuloso. “Ent?o, voc? est? dizendo que n?s, tr?s freeblades destemidos, somos as ?nicas pessoas aqui?” Dagra franziu o cenho. “Conhe?o este tom e nunca ? um bom sinal. Se voc? tem algo a dizer, apenas diga. Se n?o...” O olhar distante de Jalis tornou-se p?treo. “Estava apenas me perguntando por que de repente parece ser a hora do luto em Gardine dessa Mortas.” “N?o fa?o ideia do que voc?...” Silenciado pela express?o de Jalis, Dagra acompanhou seu dedo que apontava. Oh, deuses, ele pensou. N?o… Figuras de apar?ncia fr?gil estavam surgindo da n?voa e moviam-se com indiferen?a entre os t?mulos. Mais estavam se materializando na dist?ncia entre a n?voa do solo, dif?cil de discernir das ?rvores enegrecidas e das l?pides mais ornamentadas. Uma estava mais perto do que as outras – Dagra j? havia olhado diretamente para ela e confundido com uma ?rvore baixa e retorcida. Balan?ava na brisa, seus membros esquel?ticos estendidos diante dela como galhos e ramos que se esticavam. “Por favor, me diga,” Oriken sussurrou enquanto olhava para as figuras cambaleantes, “que algu?m solicitou uma visita guiada ao cemit?rio e esqueceu de mencionar.” A?o assobiou quando Jalis sacou suas adagas. “Temo que n?o.” “O que s?o elas?” Oriken perguntou. Enquanto Dagra olhava para as formas parecidas com assombra??es, a observa??o de Jalis na cripta Chiddari voltou para ele, que as pegadas somente se dirigiam em uma dire??o. Ele tinha presumido que outra pessoa esteve na cripta, mas se… “N?s vamos,” ele disse. “Agora.” Ele come?ou a correr ao longo do centro do Caminho dos Defuntos, com Jalis e Oriken seguindo logo atr?s. A n?voa estava rapidamente engrossando em uma neblina crescente e pesada, as nuvens acima se agrupando em mimetismo, escurecendo o come?o da noite em um crep?sculo falso. Mais figuras estavam se aproximando das bordas mais distantes do cemit?rio, dirigindo-se lentamente, mas sem d?vida, para o Caminhos dos Defuntos. Mais ? frente do caminho, uma m?o ressequida agarrou a borda de tr?s de uma cripta e uma figura grotesca apareceu ? vista. O que restava da sua roupa havia se tornado um com seu corpo afligido pela praga, a carne escurecida pela idade agitando-se ao longo do tecido. O rosto afundado virou-se para Dagra. Seus l?bios murchos e gengivas enegrecidas com lascas quebradas de dentes estavam abertos em um grito silencioso. Ele desacelerou quando a criatura deu passos hesitantes na dire??o dele. Os raios de Banael atravessaram as nuvens por apenas um momento, caindo sobre o rosto apodrecido e aprofundando suas cavidades sombreadas. O cad?ver levantou uma m?o para proteger o rosto. Ele cambaleou na luz do sol, mas continuou seu avan?o lento. “Querida, doce Aveia,” Dagra suspirou. “Est? morto. Eles est?o todos mortos. Deuses misericordiosos, Cunaxa Chiddari realmente se moveu! Eu sabia! Ela se moveu e n?s apenas ficamos ali conversando!” Quando Oriken se aproximou, ele agarrou o bra?o de Dagra e apertou com grosseria. “Sai disso, Dag! N?o encare boquiaberto. E use sua energia para correr em vez de ficar balbuciando.” Ele continuou correndo, suas pernas compridas levando-o rapidamente ao longo do amplo Caminho dos Defuntos. A perspectiva de ficar para tr?s foi o suficiente para tirar Dagra do seu p?nico crescente e incit?-lo a seguir em frente. Ele desviou os olhos do cad?ver com olhar malicioso e bombeou suas pernas curtas mais r?pido. Jalis alcan?ou e acompanhou o ritmo ao seu lado. “Os mortos de Lachyla,” ele ofegou entre as respira??es, “devem permanecer em Lachyla.” “Os mortos em todos os lugares devem permanecer mortos,” Jalis disse. “Mas se voc? est? certo, descobriremos em breve.” Em todas as dire??es, o lugar estava se enchendo com as criaturas. Um gemido gutural come?ou da mais pr?xima; um sussurro ?mido e crepitante como l?quido espesso derramando sobre folhas crocantes. O barulho se intensificava ? medida que mais mortos emprestavam suas vozes ao coro medonho. Em instantes, o cemit?rio soava com o murm?rio sibilantes dos seus habitantes. A corrida saltitante de Oriken o levou rapidamente ao longo do caminho caindo aos peda?os, diretamente em dire??o a uma multid?o de cad?veres. Quando ele saltou sobre uma lajota levantada, seu chap?u voou da cabe?a. Ele o pegou no ar, caiu no ch?o correndo e fixou-o com firmeza novamente no lugar em que pertencia sem a menor pausa. Apesar do horror nas imedia??es, Dagra deu uma gargalhada com Oriken se importando sobre seu chap?u enquanto o pr?prio Inferno irrompia ao redor deles. Quando Oriken alcan?ou a horda, ele varreu seu sabre em um golpe alto e amplo para tr?s na linha de frente dos cad?veres, a l?mina curva mordendo seus rostos e pesco?os. Desequilibrados pela for?a do golpe, eles cambalearam para tr?s e alguns ca?ram. Uma cabe?a desperdi?ada caiu de um pesco?o fino como pergaminho e bateu nas pedras. Oriken bateu o guarda-m?o do sabre no rosto do cad?ver mais pr?ximo, em seguida bateu a bota no peito de outro. Em instantes, o caminho estava limpo para Dagra e Jalis passarem. A palma de Dagra suava enquanto ele apertava o punho de couro do gl?dio. Ele trocou um olhar sombrio com Jalis e eles seguiram em frente. O caminho e o solo est?ril em ambos os lados se perderam sob o manto crescente da neblina, obrigando Dagra a desacelerar seu ritmo enquanto trope?ava sobre escombros soltos e pedras submersas. A neblina havia consumido as l?pides mais baixas e as partes superiores das entradas das criptas que se projetavam como os arcos de navios que afundavam, suas est?tuas de pedra ou metal servindo como figuras de proa sombrias. Os horrores esquel?ticos e abomina??es apodrecidas se agitavam entre tudo isso como passageiros que se afogavam. Oriken era um borr?o de movimento na neblina que engrossava ? medida que mais criaturas vagavam na dire??o do Caminho dos Defuntos. Ele picava e retalhava, socava e chutava em seu caminho at? eles. Ele gritou por cima do ombro, mas as palavras ficaram perdidas para Dagra em meio ao clamor dos mortos. Esquivando-se da m?o de um cad?ver, Oriken o golpeou com um soco de vi?s de esquerda, quase derrubando-o, mas o cad?ver deu um passo hesitante na dire??o de Dagra e parou. Curvou-se, suas fei??es arruinadas pareciam farejar o ar, sentindo-o. Ent?o Dagra estava em cima dele, varrendo o gl?dio em um brutal arco para cima. A l?mina cantou atrav?s da neblina e mordeu profundamente o antebra?o levantado do cad?ver, estilha?ando o osso. O ap?ndice quase cortado balan?ava inutilmente, os dedos se contorcendo em nos cachos de neblina quando a criatura teve a inten??o de segui-lo, mas Dagra seguiu em frente, seu terror silenciado pela adrenalina furiosa. A visibilidade tinha praticamente desaparecido agora. A neblina o obrigou a desacelerar para pouco mais que uma corrida leve enquanto ele navegava os obst?culos escondidos das pedras de cal?amento irregulares e outros detritos. Seus olhos disparavam de um lado para o outro enquanto ele trope?ava atrav?s da escurid?o. Os mortos continuavam se movendo desajeitadamente, gemendo seu lamento profano. “L?!” Oriken gritou de algum lugar ? frente. “O port?o!” Gra?as aos deuses! Dagra pensou. Quase l?. Um cad?ver apareceu diante dele. Ele soltou um grito, mas engoliu seu medo e bateu um ombro nele. O cad?ver agitou-se para tr?s, mas endireitou-se. Permaneceu firme, bloqueando seu caminho. O peito de Dagra ofegava enquanto ele olhava em repulsa. O outrora elegante vestido e forma vagamente feminina marcava o cad?ver como uma mulher. Seus olhos eram uma bagun?a de crostas de sangue sobre bochechas encovadas. P?stulas inchadas cobriam a cavidade da mand?bula perdida. Um cisto surgiu quando gorgolejou atrav?s do buraco da garganta. Dagra vomitou e o cad?ver se p?s em movimento. Ele arremeteu e empurrou o gl?dio em seu peito. Enquanto puxava a l?mina, a cabe?a deu uma guinada para frente e explodiu, borrifando-o com seu ichor f?tido. Ele jogou os bra?os para cima para proteger o rosto e cambaleou para tr?s. Oh, deuses aben?oados, tenho sua cabe?a em cima de mim. Aveia, como eu merecia isso? O cad?ver sem corpo foi arremessado na n?voa, substitu?do pelo perfil inconfund?vel de Oriken. “Ha! Direto atrav?s do rosto!” Oriken sorriu e levantou o punho do seu sabre at? o ombro em uma sauda??o fingida, a l?mina gotejando com sangue. Com uma piscadela para Dagra, ele apertou a aba do chap?u com um dedo e polegar manchados com sujeira. Muito horrorizado para falar, Dagra assentiu com gratid?o. Outro cad?ver surgiu da neblina atr?s de Oriken. Dagra come?ou a emitir uma advert?ncia, mas Oriken j? havia captado a express?o em seu rosto; ele girou e atacou. O sabre cortou profundamente em sua garganta. Ele bateu a bota entre suas coxas com um triturar doentio. O cad?ver colapsou, engolido pela neblina. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=57159621&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.