Ïðèõîäèò íî÷íàÿ ìãëà,  ß âèæó òåáÿ âî ñíå.  Îáíÿòü ÿ õî÷ó òåáÿ  Ïîêðåï÷å ïðèæàòü ê ñåáå.  Îêóòàëà âñ¸ âîêðóã - çèìà  È êðóæèòñÿ ñíåã.  Ìîðîç - êàê õóäîæíèê,   íî÷ü, ðèñóåò óçîð íà ñòåêëå...  Åäâà îòñòóïàåò òüìà  Â ðàññâåòå õîëîäíîãî äíÿ, Èñ÷åçíåò òâîé ñèëóýò,  Íî, ãðååò ëþáîâü òâîÿ...

Interse??o Com Nibiru

Interse??o Com Nibiru Danilo Clementoni Danilo Clementoni Interse??o com Nibiru As aventuras de Azakis e Petri T?tulo original: Incrocio con Nibiru Tradu??o de: Christina Yaghi Editora: Tektime Este livro ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, locais e organiza??es mencionadas s?o o resultado da imagina??o do autor e com a inten??o de dar autenticidade ? narrativa. Qualquer semelhan?a com eventos ou pessoas reais, vivas ou falecidas ? meramente coincid?ncia. INTERSE??O COM NIBIRU Direitos autorais © 2015 Danilo Clementoni Primeira edi??o: Fevereiro de 2015 Publica??o e impress?o independente facebook: www.facebook.com/incrocioconnibiru blog: dclementoni.blogspot.it e-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. Nenhum tipo de reprodu??o de nenhuma parte desta obra poder? ser realizada, incluindo por meio de qualquer sistema mec?nico ou eletr?nico, sem a permiss?o expressa do editor, exceto para trechos breves para fins de resenha. Este ? o segundo volume da s?rie "As aventuras de Azakis e Petri”. Para vivenciar plenamente esta aventura empolgante, antes de come?ar a ler este livro, sugiro a leitura do primeiro volume intitulado "De volta ? Terra” (Nota do autor) A minha esposa e filho, pela paci?ncia e sugest?es inestim?veis, que auxiliaram o meu avan?o e o meu romance. Agradecimentos especiais a todos os meus amigos, pelo encorajamento e apoio cont?nuos, e pelo est?mulo para a conclus?o desta obra. Sem eles, n?o seria poss?vel sua concep??o. Introdu??o O vig?simo planeta, Nibiru (o planeta de passagem), como foi denominado pelos sum?rios, ou Marduk (rei dos c?us), assim referido pelos babil?nios, na verdade ? um corpo celestial orbitando nosso Sol em um per?odo de 3.600 anos. Sua ?rbita ? substancialmente el?ptica e retr?grada (gira em torno do Sol em dire??o oposta aos outros planetas) e nitidamente inclinada em rela??o ao eixo do nosso sistema solar. Em cada aproxima??o c?clica, com frequ?ncia, ocorreram imensas turbul?ncias interplanet?rias no nosso sistema solar, assim como nas ?rbitas e na estrutura dos planetas em que consiste. Foi durante uma de suas transi??es mais conturbadas que o majestoso planeta Tiamat, localizado entre Marte e J?piter, cuja massa ? de aproximadamente nove vezes a da atual Terra, rico em ?gua e com onze sat?lites, fora destru?do numa colis?o catacl?smica. Uma das sete luas que orbitam Nibiru atingiu o gigantesco Tiamat, cabalmente separando-o em dois e lan?ando as duas se??es em ?rbitas opostas. Na transi??o seguinte (o “segundo dia” da G?nesis), os sat?lites remanescentes de Nibiru deram fim a este processo, destruindo completamente uma das duas se??es formadas na primeira colis?o. Os detritos gerados pelos m?ltiplos impactos criaram o que hoje conhecemos como "Cintur?o de Asteroides" ou "Anel de Fragmentos", como veio a ser chamado pelos sum?rios. Este foi parcialmente engolido pelos planetas vizinhos. E J?piter, em particular, captou o grosso dos detritos, desse modo aumentando visivelmente sua pr?pria massa. Os objetos do sat?lite nesse desastre, incluindo os sobreviventes de Tiamat, foram quase todos projetados para as ?rbitas exteriores, formando o que atualmente conhecemos por “cometas”. A por??o que sobreviveu ? segunda transi??o ent?o se posicionou numa ?rbita est?vel entre Marte e V?nus, levando consigo o ?ltimo sat?lite restante e assim formando o que no presente chamamos de Terra, com sua insepar?vel companheira, a Lua. As marcas causadas por esse impacto c?smico, que ocorreu h? cerca de 4 bilh?es de anos, ainda s?o relativamente vis?veis hoje. A por??o marcada do planeta est? agora completamente coberta pelas ?guas, no que hoje denominamos de Oceano Pac?fico. Ela ocupa cerca de um ter?o da superf?cie de terra, se estendendo por mais de 179 milh?es de quil?metros quadrados. Ao longo dessa vasta ?rea, praticamente n?o existem ?reas de superf?cie, mas apenas uma grande depress?o, com profundidades superiores a dez quil?metros. Atualmente, a configura??o de Nibiru ? muito semelhante ? da Terra. Dois ter?os dele est?o cobertos de ?gua, enquanto o restante ? ocupado por um ?nico continente, que se estende de norte a sul, com uma superf?cie total de mais de 100 milh?es de quil?metros quadrados. Por centenas de milhares de anos, alguns de seus habitantes, aproveitando a aproxima??o c?clica do planeta ao nosso, nos fazem visitas sistem?ticas, toda vez influenciando a cultura, o conhecimento, a tecnologia e at? a pr?pria evolu??o da ra?a humana. Nossos ancestrais se referiam a eles de muitas formas, mas talvez a que melhor os represente seja "deuses”. Cen?rio Azakis e Petri, os dois ador?veis e insepar?veis alien?genas que protagonizam esta aventura, retornaram ao planeta Terra depois de um dos seus anos (equivalente a 3.600 anos terrestres). Sua miss?o? Recuperar uma carga preciosa que precisaram abandonar ?s pressas numa visita anterior, devido a uma falha no seu sistema de acoplagem. Por?m desta vez, encontraram uma popula??o terr?quea muito distinta ? que deixaram antes. H?bitos, tradi??es, cultura, tecnologia, sistemas de comunica??o, armas. Tudo estava transformado. Na chegada, depararam-se com um par de terr?queos: a Doutora Elisa Hunter e o Coronel Jack Hudson, que se dispuseram a acolh?-los, e depois de in?meras aventuras, lhes auxiliaram a concluir a sua delicada miss?o. Mas os dois alien?genas prefeririam n?o ter contado a seus novos amigos que seu pr?prio planeta, Nibiru, estava se aproximando rapidamente e em apenas sete dias terrestres, viria a interceptar a ?rbita terrestre. De acordo com os c?lculos dos seus Anci?os, um dos sete sat?lites chegaria perto suficiente para quase tocar o planeta, provocando uma s?rie de mudan?as clim?ticas, compar?veis ?quelas de uma passagem pr?via, que se resumira a uma defini??o: O Grande Dil?vio. Na primeira parte do romance De volta ? Terra – As aventuras de Azakis e Petri, os quatro estavam dentro da sua nave imponente, a Theos, e ? a partir desse ponto que retomaremos a narrativa desta nova e fant?stica aventura. Astronave Theos Nas ?ltimas horas, o c?rebro de Elisa fora atulhado por tantas informa??es, que se sentia como uma garotinha que comera doces demais. Dois estranhos mas ador?veis personagens, que de repente apareceram do nada, subverteram muitas "certezas hist?ricas" que ela e o resto da humanidade quase sempre deram como incontest?veis. Eventos, descobertas cient?ficas, cren?as, cultos, religi?o e a pr?pria evolu??o humana estavam prestes a serem completamente revolucionados. Not?cias da descoberta de que seres de outro planeta manipularam habilmente e guiaram o desenvolvimento da humanidade, desde seus prim?rdios, teria um impacto na sociedade como o da afirma??o de que a Terra era redonda e n?o plana. Azakis, junto a Petri, seu amigo fiel e companheiro de viagem, estava im?vel no centro da ponte de comando, seguindo com os olhos Elisa, que estava andando nervosamente de um lado para outro, com as m?os nos bolsos das cal?as largas, murmurando palavras indecifr?veis. Jack, ao contr?rio, estava ca?do numa poltrona, tentando apoiar com as m?os a cabe?a, que de repente pareceu incrivelmente pesada. Mas foi Jack que, depois de minutos intermin?veis de sil?ncio, decidiu tomar as r?deas da situa??o. Subitamente ficou de p? e encarando os dois alien?genas, disse em voz firme: — Se nos escolheram para essa tarefa, devem ter uma raz?o. Tudo o que vou dizer ? que n?o ficar?o decepcionados — Ent?o olhou diretamente nos olhos de Azakis e perguntou, determinado: — Poderiam nos mostrar uma simula??o, com essa sua pequena m?gica, — e apontou para a imagem virtual da Terra, que ainda estava girando lentamente no centro da sala — da aproxima??o do seu planeta? — Com prazer — logo respondeu Azakis. Ele coletou todos os c?lculos dos Anci?os pelo seu implante N^COM e elaborou uma representa??o gr?fica diante deles. — Esse ? Nibiru — disse ele, indicando o maior planeta. — E esses s?o seus sat?lites, dos quais est?vamos falando. Sete corpos celestes, consideravelmente menores, estavam girando em torno do majestoso planeta a dist?ncias e velocidades muito diversas entre si. Azakis colocou o dedo indicador no que estava orbitando mais longe de todos e ampliou-o at? ficar quase do seu tamanho. Ent?o, muito solenemente, disse: — Senhoras e Senhores, permitam-me a apresentar Kodon; esta imponente massa rochosa decidiu criar muitos problemas para o seu querido planeta. — Mas qual ? o seu tamanho? — perguntou Elisa, intrigada, enquanto observava o globo cinzento irregular. — Digamos que ? um pouco menor do que a sua Lua, mas a massa ? quase o dobro — Azakis fez um gesto ligeiro com a m?o e o sistema solar inteiro apareceu diante deles, com os planetas se movendo lentamente em suas respectivas ?rbitas. As trajet?rias de cada um eram representadas por finas linhas coloridas e diversas. — Esta, — continuou Azakis, apontando para uma linha vermelha escura — ? a trajet?ria que Nibiru seguir? ao se aproximar do Sol — Ent?o ele acelerou o movimento do planeta, at? estar perto da Terra, e acrescentou: — e este ? o ponto em que as ?rbitas dos dois planetas se cruzar?o. At?nitos, mas prestando muito aten??o, os dois terr?queos observavam a explica??o que Azakis estava dando sobre o evento que, em apenas alguns dias, complicaria suas vidas e as de todos os habitantes do planeta. — Em que dist?ncia Nibiru chegar? at? n?s? — perguntou em voz baixa o Coronel. — Como disse, — respondeu Azakis, — Nibiru n?o ser? um inc?modo excessivo para voc?s. ? Kodon que quase vai encostar na Terra e provocar muitos problemas — Ele trouxe a imagem um pouco mais perto e mostrou a simula??o do sat?lite, no momento em que estaria no ponto mais pr?ximo da ?rbita terrestre. — Este ser? o momento de for?a gravitacional m?xima entre os dois corpos celestes. Kodon estar? a apenas 200.000 quil?metros do seu planeta. — Raios! — exclamou Elisa. — Isso n?o ? nada. — Na ?ltima vez, — retrucou Azakis — exatamente dois ciclos atr?s, estava a cerca de 500.000 quil?metros de dist?ncia e todos n?s sabemos o que conseguiu causar ent?o. — Sim, o famoso Grande Dil?vio. Jack estava de p? com as m?os entrela?adas por tr?s das costas, balan?ando lentamente para frente e para tr?s, se erguendo levemente, primeiro nos dedos do p? e depois nos calcanhares. De repente, num tom muito s?rio, quebrou o sil?ncio: — Com certeza n?o sou um dos maiores especialistas no assunto, mas receio que nenhuma tecnologia terrestre seria capaz de neutralizar um evento como esse. — Talvez pud?ssemos lan?ar m?sseis com ogivas nucleares — sup?s Elisa. — Isso s? acontece em filmes de fic??o cient?fica — respondeu Jack, sorrindo. — E de qualquer modo, supondo que pud?ssemos fazer a aterrissagem de vetores desse tipo em Kodon, arriscar?amos destro?ar o sat?lite em milhares de peda?os, provocando uma chuva mortal de meteoros. Isso seria realmente o fim de tudo. — Com licen?a — disse Elisa para os dois alien?genas. — N?o disseram antes que, em troca do nosso precioso pl?stico, nos ajudariam a resolver esta situa??o absurda? Espero que realmente tenham algumas ideias boas para ajudar-nos aqui, porque sen?o, estamos conversados. Petri, que estivera quieto, de bra?os cruzados, sorriu ligeiramente e deu um passo em dire??o ? cena tridimensional representada no meio da ponte. Com um r?pido momento da m?o direita, desenhou um tipo de rosquinha prateada. Ele apontou para a mesma com o indicador e moveu-a, at? estar exatamente entre a Terra e Kodon, e ent?o disse: — Esta deve ser a solu??o. Tell el-Mukayyar – A fuga Na tenda do laborat?rio, os dois falsos bedu?nos que tentaram roubar o "precioso conte?do" da nave auxiliar dos dois alien?genas, estavam amorda?ados e firmemente amarrados a um grande barril de combust?vel. Estavam sentados no ch?o, encostados no cont?iner pesado de metal, em dire??es opostas. Um dos assistentes da doutora ficara de guarda no lado de fora da tenda e de vez em quando, olhava para dentro para vigi?-los. O mais magro, que visivelmente tinha algumas costelas partidas por causa do murro do Coronel, e apesar da dor que o impedia de respirar, n?o parou, nem um segundo, de olhar em volta, procurando algo para libert?-lo. A luz do sol da tarde penetrava a tenda timidamente por um pequeno buraco na parede, lan?ando um feixe fino de luz no ar quente e poeirento. Aquele raio de luz feito uma espada esbo?ava uma pequena elipse branca no ch?o, que estava se movendo lentamente em dire??o aos dois prisioneiros. O sujeito magro estava observando o progresso lento do peda?o iluminado, quase hipnotizado, quando um clar?o de luz repentino o trouxe de volta ? realidade. A cerca de um metro, algo met?lico, soterrado pela metade na areia, refletia a luz do sol diretamente no seu olho direito. Ele mexeu um pouco a cabe?a e tentou descobrir o que era, em v?o. Ent?o, tentou esticar uma perna naquela dire??o, mas uma terr?vel pontada em suas costas fez com que lembrasse do estado das costelas, e resolveu desistir. Pensou que provavelmente n?o alcan?aria o objeto, e tentando falar atrav?s da morda?a, sussurrou: — Ei, ainda est? vivo? O comparsa gordo n?o estava em situa??o melhor. Depois de Petri lan??-lo pelo ar, um grande hematoma apareceu no seu joelho direito; tinha um belo galo na testa, o ombro direito estava lhe torturando e o pulso direito estava inchado como um bal?o. — Acho que sim — ele respondeu em voz baixa, murmurando atrav?s da morda?a. — Ainda bem! Chamei-o por um bom tempo. Estava ficando preocupado. — Devo ter desmaiado. Minha cabe?a est? estourando. — Definitivamente precisamos sair daqui — disse o sujeito magro com determina??o. — Mas como voc? est?? Algo quebrado? — Devo ter algumas costelas partidas, mas me viro. — Como deixamos nos pegarem assim de surpresa? — N?o importa agora. Aconteceu o que aconteceu. Vamos tentar ficar livres. Olhe para a sua esquerda, onde o raio da luz do dia aparece. — N?o consigo ver nada — respondeu o gordo. — H? alguma coisa enterrada pela metade l?. Parece um objeto de metal. Veja se consegue alcan?ar com a sua perna. O ru?do repentino do z?per da tenda se abrindo interrompeu a opera??o. O guarda apareceu e olhou para dentro. O gordo voltou a fingir que estava inconsciente enquanto o outro permaneceu completamente im?vel. O homem deu uma olhada neles, ent?o rapidamente verificou todo o equipamento espalhado em volta, e com um ar satisfeito, se retirou e fechou a entrada novamente. Os dois ficaram parados um instante, ent?o o gordo falou primeiro: — Essa foi perto. — Ent?o, pode ver o objeto? Pode alcan??-lo? — Sim, agora eu posso. Espere, vou tentar. O falso bedu?no obeso come?ou a balan?ar para frente e para tr?s, tentando soltar um pouco as cordas que o seguravam, e ent?o come?ou a esticar a perna esquerda o m?ximo que podia na dire??o do objeto. Ele conseguiu alcan??-lo. Come?ou a cavar com o calcanhar at? conseguir expor uma parte. — Parece uma esp?tula. Deve ser uma Marshalltown Trowel. Essa ? a ferramenta preferida dos arque?logos para raspar o ch?o, na procura de lou?a antiga. — Consegue apanh?-la? — N?o. — Se voc? parasse de se empanturrar com porcarias, seria um pouco mais ?gil, seu gordo feio. — O que meu f?sico vigoroso tem com isso? — Vamos l? ent?o, "f?sico vigoroso", v? se consegue pegar aquela esp?tula, ou far?o com que emagre?a na cadeia. Imagens de cafet?es repugnantes e fedorentos de repente surgiram diante dos olhos do homem gordo. Essa vis?o terr?vel provocou uma for?a que pensava que n?o tinha mais. Ele curvou a coluna o mais longe que podia. Uma pontada de dor disparou diretamente do ombro dolorido para a cabe?a, mas ele ignorou. Com uma investida firme, conseguiu levar o calcanhar para tr?s da esp?tula, e rapidamente dobrando a perna, puxou-a para si. — Feito — gritou atrav?s da morda?a. — Ser? que pode calar a boca, seu idiota? Pra qu? est? gritando? Quer que esses dois capangas voltem aqui e esmurrem a gente de novo? — Desculpe — o gordo replicou suavemente. — Mas consegui pegar de verdade. — Viu? Com empenho, at? voc? ? capaz de ser ?til. Deve estar afiada. Veja se consegue cortar essas malditas cordas. Com a m?o que estava sadia, o gordo agarrou o cabo da esp?tula e come?ou a esfregar a ponta mais afiada nas cordas por tr?s das costas. — Supondo que a gente possa ficar livre, — o gordo murmurou, — como vamos fugir daqui? Esta ?rea est? cheia de gente e ainda est? amanhecendo. Espero que tenha um plano. — Claro que tenho! N?o sou eu a mente engenhosa por aqui? — exclamou o magro, orgulhoso. — Enquanto voc? estava tirando uma sonequinha confort?vel, analisei a situa??o e achei um meio de dar o fora. — Sou todo ouvidos — respondeu o outro, continuando a subir e a descer a esp?tula. — Esse cara da vigia olha aqui pra dentro a cada dez minutos e nossa tenda est? no lado leste da ?rea. — E da?? — Como diabos pude trazer voc? como parceiro pra este trabalho? Voc? tem a imagina??o e a intelig?ncia de uma ameba; esperando que a ameba n?o fique ofendida com a compara??o. — Na verdade — retorquiu o gordo ligeiramente ressentido — fui eu que te escolheu, uma vez que o trabalho foi dado a mim. — Conseguiu se libertar? — interrompeu o magro; a discuss?o estava come?ando a piorar e seu c?mplice estava absolutamente certo. — Preciso de alguns minutos. Acho que vai ceder. Logo depois, a corda usada para amarrar os dois ao barril se rompeu e a barriga do gordo, finalmente livre de restri??es, retornou ao tamanho normal. — Conseguimos! — exclamou o gordo, satisfeito. — Excelente. Agora vamos continuar at? o guarda voltar. Precisamos fazer com que tudo esteja do mesmo jeito que antes. — Ok, parceiro. Vou fingir de novo que estou adormecido. Os dois n?o precisaram esperar muito. Alguns minutos depois, o assistente da doutora estava de volta, para espiar dentro da tenda. Ele deu a olhada habitual em volta, checando o ambiente, e sem notar nada fora do comum, fechou o z?per e ent?o se posicionou novamente na sombra da varanda, calmamente acendendo um cigarro enrolado ? m?o. — Agora — disse o sujeito magro. — Vamos embora. Com todas as dores e desconfortos, era mais complicado do que se imaginava, mas depois de soltarem gemidos mon?tonos de dor e v?rios palavr?es, acabaram frente a frente. — Passe a esp?tula pra mim — ordenou o magro, removendo sua morda?a. As dores no lado direito impediam que se mexesse com facilidade, mas ao colocar sua m?o aberta no seu lado, conseguiu aliviar um pouco a dor. Ele alcan?ou o lado oposto ? entrada da tenda com alguns passos, ajoelhou-se e lentamente empurrou a esp?tula Marshall para dentro. A l?mina afiada da esp?tula atravessou o pano macio do lado voltado para o leste como manteiga, criando uma pequena fenda de quase dez cent?metros. O sujeito magro aproximou o olho direito e espiou pela fenda por alguns instantes. Como esperado, n?o havia ningu?m ali. Somente as ru?nas da antiga cidade, a cerca de cem metros, onde, de antem?o, haviam escondido o jipe que seria usado para a fuga, com toda a pilhagem. — Caminho livre — disse ele, usando a l?mina da esp?tula para abrir o pequeno corte at? o ch?o. — Vamos! — e rastejou pela fenda. — Podia ter feito um buraco maior? — resmungou o gordo, entre um gemido e outro, enquanto tentava, com dificuldade, deslizar para fora. — Venha logo! Precisamos fugir depressa. — F?cil falar. Mal consigo andar. — Deixa disso, se apresse e pare de reclamar. Lembre-se, se n?o conseguirmos fugir, ningu?m impedir? que passemos uns bons anos na cadeia. A palavra "cadeia" sempre instigava for?a extra no sujeito gordo. Ele n?o falou mais nada, e sofrendo em sil?ncio, seguiu o companheiro, que se arrastava furtivamente em dire??o ?s ru?nas. Foi o estrondo de um motor ? dist?ncia que despertou suspeitas do homem da vigia. Olhou para o cigarro agora apagado, ent?o atirou-o para longe com um gesto r?pido. Determinado, ele passou para dentro da tenda, mas mal podia acreditar no que via: os dois prisioneiros fugiram. A corda fora deixada de qualquer jeito perto do barril de combust?vel, um pouco mais adiante estavam os dois peda?os de pano que usaram como morda?as e na parede no fim da tenda, um rasg?o que ia at? o ch?o. — Hisham, pessoal — berrou o homem com todo o f?lego que tinha nos pulm?es. — Os prisioneiros fugiram! Astronave Theos – O superfluido A imagem do objeto que Petri havia colocado no espa?o entre Kodon e a Terra deixou ambos os terr?queos boquiabertos. — E o que ? essa coisa? — perguntou Elisa com curiosidade, enquanto ia mais perto para enxergar melhor. — Ainda n?o demos um nome oficial — Petri trouxe o estranho objeto de volta ao primeiro plano de novo, e observando a doutora, acrescentou: — Talvez voc? possa escolher um. — Se ao menos voc? explicasse o que ?, talvez eu pudesse tentar. — Nossos melhores cientistas se dedicaram a este projeto h? um certo tempo — Petri entrela?ou as m?os por tr?s das costas e come?ou a andar lentamente pela sala. — Esse equipamento ? o resultado de uma s?rie de estudos que, em parte, v?o mesmo al?m das minhas habilidades cient?ficas. — E posso lhes garantir que s?o not?veis — disse Azakis, dando um tapinha afetuoso nas costas do colega. — Em poucas palavras, ? uma esp?cie de sistema antigravitacional. Tem base em um princ?pio que, como disse, ainda est? sendo estudado, mas que posso tentar resumir em algumas palavras. — Acho que isso seria bem melhor — comentou Elisa. — N?o se esque?am de que pertencemos a uma esp?cie que, se comparada ? sua, pode ser definida facilmente como subdesenvolvida. Petri assentiu ligeiramente. Ent?o se aproximou da representa??o tridimensional do estranho objeto e calmamente continuou a explica??o. — Isto – que voc?s chamaram de "rosquinha" anteriormente – ? geometricamente definido como toroide. O anel tubular ? oco, enquanto o que poder?amos simplesmente chamar de "buraco central" cont?m o sistema de propuls?o e de controle. — At? aqui, est? tudo claro — disse Elisa, cada vez mais empolgada. — Muito bem. Agora vamos examinar o princ?pio de opera??o do sistema — Petri girou a imagem do toroide e mostrou a se??o interna. — O anel ? preenchido por um g?s, geralmente um is?topo de h?lio, que, refrigerado a uma temperatura perto de zero absoluto, muda de estado e se transforma num l?quido com caracter?sticas bem particulares. Na pr?tica, sua viscosidade se torna quase nula e pode fluir sem gerar nenhuma fric??o. Chamamos essa caracter?stica de "superfluidez". — Agora estou ficando um pouco perdida — disse Elisa, lamentando. — Simplificando, esse g?s, em estado l?quido, adequadamente estimulado pela estrutura do anel, ser? capaz de viajar dentro dele, sem nenhuma dificuldade, a uma velocidade pr?xima ? da luz, e conseguir? mant?-la por um per?odo teoricamente infinito. — Fant?stico — foi tudo o que Jack comentou, e n?o havia perdido nem uma s?laba de toda a explica??o. — Ok, agora acho que entendi — acrescentou Elisa. — Mas como essa engenhoca vai combater os efeitos da for?a gravitacional entre os dois planetas? — ? a? que as coisas come?am a ficar mais complicadas — respondeu Petri. — Digamos que a rota??o do superfluido a velocidades pr?ximas ? da luz, gerem uma curvatura de continuidade espa?o-tempo em volta, provocando um efeito antigravitacional. — Meu Deus! — exclamou Elisa. — Meu velho professor de f?sica estaria se revirando no t?mulo. — E n?o somente ele, minha querida — acrescentou o Coronel. — Se entendi direito o que esses dois senhores est?o tentando nos explicar, c? estamos conversando sobre a subvers?o de muitas teorias e conceitos que v?rios dos nossos cientistas passaram a vida inteira tentando analisar e estudar. O princ?pio de antigravidade foi teorizado mais de uma vez, antes que qualquer um fosse capaz de prov?-lo completamente. Agora finalmente temos a prova aqui, diante de n?s — e ele apontou para o estranho objeto — de que isso ? realmente poss?vel. — Eu teria um pouco mais de cuidado — disse Azakis, atenuando um pouco o entusiasmo do Coronel. — Sinto-me obrigado a informar-lhes que essa coisa nunca foi testada em grandes objetos como planetas, ou melhor, tentamos h? dois ciclos mas n?o terminou exatamente como esper?vamos. Al?m disso, eventos que n?o antecipamos podem ocorrer, e… — L? vem voc?, trazendo m? sorte como sempre — disse Petri, interrompendo seu colega. — O mecanismo j? foi demonstrado antes. Nossa pr?pria astronave usa parte desse princ?pio para propuls?o. Vamos ser otimistas ao menos uma vez! — Porque realmente n?o existem outras alternativas, de qualquer jeito, ou estou errada? — perguntou Elisa, com uma voz decepcionada. — Infelizmente, creio que n?o — disse Petri desolado, levemente cabisbaixo. — Na verdade, a ?nica coisa que realmente temo ? que, dado o tamanho reduzido do nosso toroide, n?o seremos capazes de absorver completamente todos os efeitos da for?a gravitacional, e uma parte dos gr?vitons conseguir? fazer seu trabalho, de qualquer forma. — Est? dizendo que essa coisa poder? n?o ser suficiente para impedir uma cat?strofe, mesmo assim? — perguntou Elisa, aproximando-se do alien?gena de maneira amea?adora. — Talvez n?o totalmente — respondeu Petri, dando um pequeno passo para tr?s. — Pelos meus c?lculos, diria que cerca de dez por cento dos gr?vitons poderiam ser liberados nesse tipo de manobra. — Ent?o, tudo poderia ser esfor?o em v?o? — Absolutamente — respondeu Petri. — Reduziremos os efeitos em noventa por cento. Sobrar? muito pouco para manejarmos. — Vamos chamar de "Newark". — disse Elisa satisfeita. — Agora ? melhor nos apressarmos. Sete dias passam r?pido. Base a?rea Camp Adder – O ref?gio Os dois estranhos personagens, ainda vestidos de bedu?nos, acabavam de entrar em seu esconderijo na cidade, quando um fraco som intermitente do laptop, ainda funcionando na mesa da sala de estar, chamou-lhes a aten??o. — Quem diabos ser?? — perguntou o magro, irritado. O sujeito gordo, que agora estava mancando mais do que antes, aproximou-se do computador, e depois de digitar uma senha decididamente complicada, disse: — ? uma mensagem da base. — Eles v?o querer saber se a opera??o obteve ?xito. — Me d? um segundo para decodific?-la. Uma s?rie de s?mbolos inintelig?veis apareceu na tela, ent?o depois de digitar uma combina??o de c?digos em sequ?ncia, a mensagem come?ou a aparecer lentamente. General capturado e levado ? base a?rea Camp Adder. Requer opera??o imediata de resgate. — Santo Deus! — exclamou o gordo. — Eles j? sabem. — Como diabos conseguiram? — Bem, eles definitivamente t?m mais liga??es diretas do que n?s. N?o deixam escapar nada. — E o que esperam que a gente fa?a? — N?o sei. Apenas diz aqui que devemos ir libert?-lo. — Vestidos assim? N?o acho uma boa ideia, de modo algum. O sujeito alto e magro puxou uma cadeira da mesa, girou-a 90 graus e ent?o, balbuciando uma s?rie de gemidos intermitentes, caiu nela. — S? faltava essa! Ele recostou um cotovelo na superf?cie polida e olhou distraidamente pela janela ? sua frente. Notou que as janelas estavam realmente encardidas, e aquela ? direita tinha uma rachadura que percorria quase todo o comprimento. De repente, levantou os olhos para o companheiro, e com um sorrisinho sard?nico, disse: — Acabo de ter uma ideia. — Eu sabia, conhe?o esse olhar. — V? pegar o primeiro kit de primeiros socorros e me deixe dar uma olhada nesse galo que voc? tem na cabe?a. — Para ser sincero, estou mais preocupado com meu pulso. Queria saber se est? quebrado. — N?o se preocupe, vou trat?-lo pra voc?. Eu queria ser veterin?rio quando era garoto. Depois de pouco mais de uma hora e doses enormes de analg?sicos e v?rias aplica??es de pomadas, os dois comparsas estavam quase novos em folha. Depois de se olhar no espelho pendurado na parede perto da porta de entrada, o magro disse com um sorriso: — Agora podemos ir — e passou para o quarto. Ele apareceu de novo logo depois, segurando dois uniformes militares norte-americanos passados a ferro. — Onde conseguiu? — perguntou o gordo surpreso. — S?o parte do kit de emerg?ncia que trouxe comigo. Nunca se sabe. — Voc? ? totalmente maluco — disse o gordo, sacudindo a cabe?a ligeiramente. — E o que devemos fazer? — Este ? o plano — disse o magro, com um ar satisfeito, jogando para o colega o tamanho extra grande. — Voc? ser? o General Richard Wright, diretor de uma ag?ncia ultrassecreta do governo, que ningu?m conhece. — Obviamente, se ? ultrassecreta. E voc?? — Serei seu bra?o direito. Coronel Oliver Morris, a seu servi?o, senhor. — Ent?o sou seu superior. Gosto disso. — Mas n?o se acostume muito, ok? — disse o sujeito magro, erguendo o dedo indicador. — E esses s?o nossos documentos, com nossos distintivos. — Caramba! Parecem reais. — E isso n?o ? tudo, meu velho — e mostrou ao outro uma folha de papel timbrado, assinada pelo Coronel Jack Hudson. — Essa ? a solicita??o oficial de transfer?ncia de prisioneiros para um "local seguro". — Onde raios conseguiu isso? — Imprimi mais cedo, enquanto voc? estava no banho. Pensou que era o ?nico mago dos computadores? — Estou impressionado. ? at? melhor que o original. — Vamos entrar na base militar e deixar que entreguem o General. Se eles se oporem, podemos dizer a eles para contatar diretamente o Coronel Hudson. N?o acho que celulares funcionam no espa?o — e ambos deram muitas gargalhadas. Por volta de uma hora depois, quando o sol se escondia por tr?s de uma duna alta de areia, um jipe militar, levando um Coronel e um General em uniformes de gala, parou na entrada da base a?rea de Imam Ali ou Camp Adder, como os americanos a rebatizaram durante a guerra do Iraque. Dois militares, armados at? os dentes, sa?ram da guarita blindada, e se moveram rapidamente em dire??o ao ve?culo. Dois outros, ? dist?ncia, mantinham a vis?o nos passageiros. — Boa noite, Coronel — disse o soldado mais pr?ximo, dando uma elegante sauda??o militar. — Posso ver seus documentos e do General, por favor? O Coronel magro e alto que estava sentado ao volante n?o disse nada. Ele tirou um envelope amarelo do bolso interno da jaqueta e entregou ao soldado. Este levou algum tempo lendo e apontou a lanterna nos rostos dos dois algumas vezes. O General visivelmente sentiu uma gota de suor que, a partir do galo em sua testa, come?ava a escorrer lentamente pelo nariz, e ent?o cair no terceiro bot?o da sua jaqueta, que estava absurdamente tesa pela for?a do enorme est?mago por debaixo. — Coronel Morris e General White — disse o militar, novamente apontando a lanterna no rosto do Coronel. — Wright, General Wright! — respondeu o Coronel magrelo num tom irritado. — Qual ? o problema, Sargento, n?o consegue ler? O Sargento, que pronunciara o sobrenome do General incorretamente de prop?sito, sorriu ligeiramente e disse: — Arranjarei para que algu?m os acompanhe. Sigam esses homens — e com um aceno, ordenou aos dois militares para os levarem ? pris?o. O Coronel ligou devagar o motor do jipe. Ainda n?o havia andado uns doze metros, quando ouviu um grito: — Pare, senhor! O sangue gelou nas veias dos dois ocupantes do ve?culo. Permaneceram im?veis por longos momentos, at? a voz continuar, dizendo: — Esqueceram seus documentos. O corpulento General deu um suspiro de al?vio t?o grande que todos os bot?es do seu uniforme quase estouraram. — Obrigado, Sargento — disse o homem magro, estendendo a m?o ao soldado. — Estou envelhecendo mais cedo que pensei. Eles partiram de novo no jipe e seguiram os dois soldados, que prosseguindo em ritmo acelerado, rapidamente os levaram ? entrada de um edif?cio baixo e definitivamente desgastado. O soldado mais jovem bateu na enorme porta e entrou sem esperar resposta. Em seguida, um grande homem negro, completamente careca, com listras de sargento e rosto de valent?o, apareceu na porta e ficou em posi??o de sentido. Fez uma sauda??o e disse: — General, Coronel. Entrem, por favor. Os dois oficiais saudaram em resposta, e tentando ignorar as v?rias dores que come?avam a reaparecer, entraram na grande sala. — Sargento — disse o sujeito magro com determina??o. — Temos aqui uma ordem escrita do Coronel Hudson nos autorizando a levar o General Campbell — e entregou ao outro o envelope amarelo. O enorme sargento abriu e ficou lendo o conte?do. Ent?o, olhando fixamente com olhos penetrantes e escuros os do Coronel, proferiu: — Terei de verificar. — Prossiga — respondeu o oficial tranquilamente. O enorme homem negro tirou outra folha de papel de uma gaveta na mesa e comparou-a cuidadosamente com a que estava em sua m?o. Olhou de novo para o Coronel e sem mostrar emo??o, acrescentou: — A assinatura ? a mesma. Importa-se se eu ligar para ele? — ? seu dever. Mas vamos ser r?pidos, por favor. J? perdemos muito tempo — respondeu o Coronel magrelo, fingindo estar prestes a perder a paci?ncia. De nenhum modo assustado, o sargento lentamente levou a m?o ao bolso do uniforme e tirou seu celular. Digitou um n?mero e esperou. Os dois oficiais prenderam a respira??o at? o militar, depois de apertar um bot?o no celular, comentar laconicamente: — Fora de alcance. — Ent?o, sargento, vamos andando? — exclamou o oficial num tom mais autorit?rio que antes. — N?o podemos ficar aqui a noite toda. — V? e traga o General — o enorme sargento ordenou a um dos soldados que acompanhara os dois oficiais. Ap?s alguns minutos, um homem completamente calvo, com um enorme bigode e sobrancelhas cinzentas, e dois pequenos olhos brilhantes, apareceu na porta atr?s do sargento. Usava uniforme de General, mas faltava uma das estrelas de ordenan?a no ombro direito. Estava algemado e atr?s dele, o soldado de h? pouco, o mantinha na mira. O General deu um salto ao ver os dois oficiais, e ent?o, adivinhando o plano, permaneceu quieto e tentou parecer t?o triste quanto podia. — Obrigado, soldado — disse o Coronel magricelo, retirando sua Beretta M9 do coldre. — Agora levaremos esse patife. Astronave Theos - Plano de a??o — N?o ? emocionante pensar que n?s dois vamos salvar a Terra, amor? — disse Elisa, olhando para o Coronel como um gato mimado, ao procurar a m?o dele. — Amor? N?o ? cedo demais para isso? — Jack a repreendeu, franzindo a testa. Elisa recuou, e ent?o quando o Coronel sorriu afetuosamente e tocou sua bochecha, ela percebeu que ele estava brincando. — Peste! N?o brinque comigo de novo, sen?o vai ver — e come?ou a socar o peito dele com as duas m?os. — Ok, ok — sussurrou Jack, abra?ando-a ternamente. — Foi s? um joguinho tolo. N?o farei de novo. O abra?o s?bito teve um efeito calmante e relaxante em Elisa. Ela sentiu toda a tens?o que acumulara at? ent?o derreter de repente, como neve ao sol. Depois de tudo o que acontecera nas ?ltimas horas, era do que precisava. Mergulhou nos bra?os dele, e lentamente fechando os olhos, encostou a cabe?a no peito firme e se deixou levar completamente. Enquanto isso, Azakis entrou na cabine terrivelmente estreita do H^COM e esperou resposta para a solicita??o de comunica??o na tela hologr?fica ? sua frente. Uma s?rie de ondas multicoloridas, partindo do centro da tela, come?ou a criar um efeito semelhante ao de uma pedra jogada nas ?guas calmas de um lago. Do nada, as ondas gradualmente come?aram a esvanecer e o rosto macilento e marcado pelo tempo do seu Anci?o superior apareceu. — Azakis — disse o homem sorrindo ligeiramente, enquanto erguia devagar a m?o esquel?tica em sauda??o. — Como este pobre velho pode ajud?-lo? — Revelamos a verdade para os dois terr?queos. — Ousado — comentou o Anci?o, segurando o queixo entre o polegar e o indicador. — E como reagiram? — Digamos que depois do genu?no assombro inicial, acho que muito bem — Azakis pausou brevemente e depois disse, em tom s?rio: — Sugerimos o uso do superfluido do toroide para eles. — O toroide? — exclamou o outro, levantando-se com uma agilidade de dar inveja a qualquer jovem. — Mas ainda n?o foi testado. Lembra-se do que aconteceu na ?ltima vez? Poder?amos criar uma flutua??o de gravidade descontrolada com essa coisa e tamb?m existe o risco de criar um mini buraco negro. — Eu sei, sei muito bem — respondeu Azakis em voz baixa. — Mas n?o acho que haja alternativa. Desta vez, se n?o adotarmos medidas dr?sticas, a passagem de Kodon pode ser fatal para os terr?queos. — Qual ? o seu plano? — As estimativas s?o de que as ?rbitas dos dois planetas entrar?o em interse??o em menos de sete dias. Se pudesse fazer com que preparem o toroide e o tragam aqui a mim, pelo menos um dia antes. — Isso n?o ? tempo suficiente, voc? sabe. — Ter? de me conceder uma pequena margem para o posicionamento, configura??o e procedimento de ativa??o. — Tenho um mau pressentimento — disse o Anci?o, passando a m?o no cabelo grisalho. — Petri est? comigo. Tudo vai correr bem. — Voc?s dois s?o homens inteligentes, n?o duvido disso, mas muito cuidado. Essa coisa pode se tornar uma arma letal. — Apenas nos deixe us?-la a tempo, deixe o resto conosco. N?o se preocupe. — Ok. Retornarei o contato assim que tudo estiver pronto. Boa sorte. O rosto do seu superior desapareceu do monitor, que voltou a mostrar as mesmas ondas multicoloridas de antes. Azakis lentamente levantou-se da cadeira desconfort?vel e ficou de p? com as m?os apoiadas no topo da mesa estreita por um instante. Milhares de pensamentos inundavam a sua mente, e enquanto um tremor ligeiro percorria suas costas, teve a n?tida sensa??o de que estavam prestes a entrar num mar de desgra?as. — Zak — exclamou seu colega de aventuras animadamente, quando o viu emergir da cabine do H^COM. — O que o velho disse? Azakis se espregui?ou e ent?o respondeu calmamente: — Ele nos deu sua autoriza??o. Se tudo correr como planejado, teremos o toroide, ou melhor, Newark, um dia antes das ?rbitas dos planetas entrarem em interse??o. — Tomara que a gente consiga. N?o ser? f?cil configurar essa coisa em t?o pouco tempo. — Est? preocupado com o qu?, meu amigo? — replicou Azakis com um leve sorriso. — Na pior das hip?teses, apenas abriremos uma distor??o no espa?o-tempo. Ela engolir? a Terra, Kodon, Nibiru e todos os outros sat?lites, de uma vez. Os dois terr?queos, que estavam a pouca dist?ncia e que n?o haviam perdido uma ?nica palavra dessa conversa, estavam petrificados. — O que est? falando? — Elisa conseguiu dizer precipitadamente, enquanto o olhava horrorizada. — Uma distor??o no espa?o-tempo? Engolir? Est? dizendo que se esse plano n?o funcionar, geraremos a destrui??o do nosso e do seu povo? — Bem, h? uma pequena chance — comentou Azakis discretamente. — Uma "pequena chance"? E diz isso com esse olhar calmo e sereno? Deve ser maluco! E n?s, mais que voc?s. — Acalme-se, querida — interveio Jack, segurando-a pelos ombros e olhando diretamente em seus olhos. — Eles s?o mais inteligentes e mais preparados do que n?s. Se decidiram seguir esse caminho, n?o podemos fazer nada a n?o ser apoi?-los e dar toda a ajuda que pudermos. A doutora deu um longo suspiro e ent?o disse: — Preciso sentar. Tivemos muitas emo??es hoje. Se continuarem assim, v?o me matar. Jack tomou-a pelo bra?o e a levou para a poltrona mais pr?xima. Elisa caiu nela como um peso morto, com um gemido fraco. — Talvez tenhamos reduzido demais a porcentagem de oxig?nio na atmosfera — Azakis murmurou para seu colega. — Tentei fazer com que fosse compat?vel para todos n?s e para evitar de usar aqueles terr?veis respiradores. — Sei disso, amigo, mas receio que eles estejam sendo afetados excessivamente por isso. — Ok, mudarei a mistura. Podemos nos adaptar mais facilmente. O Coronel, por?m, n?o parecia afetado de maneira alguma e estava de bom humor, mais do que nunca. A??o e riscos eram seu ganha-p?o e sentia-se perfeitamente ? vontade em situa??es como esta. — Bem — exclamou, enquanto se posicionava logo abaixo da imagem tridimensional do Newark, que ainda estava erguida majestosamente no meio da sala. — Essa coisa pode salvar a todos n?s ou levar-nos ? absoluta destrui??o. — Uma an?lise sucinta mas v?lida — comentou Azakis. — Neste momento — disse o Coronel num tom s?rio e com uma voz grave — creio que chegou a hora de avisar o resto do planeta sobre a cat?strofe iminente. — E como pensa em fazer isso? — perguntou Elisa, da poltrona. — Vamos pegar o telefone, chamar o presidente dos Estados Unidos e dizer: Ol?, Senhor Presidente. Sabia que estamos na companhia de dois alien?genas que nos disseram que, em alguns dias, um planeta vai se aproximar e nos varrer da face da terra? — No m?nimo ele pedir? um rastreamento da liga??o, chamar? algu?m para nos apanhar e nos levar para um manic?mio — respondeu Jack, sorrindo. — Mas voc? n?o tem um sistema de comunica??o global como o nosso GCS? — Petri perguntou ao Coronel, intrigado. — “GCS"? O que quer dizer? — ? um sistema de comunica??o geral, capaz de memorizar e disseminar informa??es em uma escala planet?ria. N?s todos podemos acess?-lo, em n?veis variados, por meio de um N^COM, um sistema neural implantado diretamente nos nossos c?rebros, quando nascemos. — Legal! — exclamou Elisa, surpresa. Ent?o continuou, dizendo: — Na verdade, temos um sistema desse tipo. Chama-se internet, mas n?o estamos nem perto do seu n?vel. — E n?o seria poss?vel usar a sua "internet" para mandar uma mensagem para o planeta inteiro? — perguntou Petri, curioso. — Bem, n?o ? t?o simples assim — respondeu Elisa. — Poder?amos inserir informa??es no sistema, mandar mensagens para grupos de pessoas, talvez at? um v?deo curto e tentar dissemin?-lo o m?ximo poss?vel, mas ningu?m acreditaria em n?s, e certamente n?o chegaria a todos — Ela pensou alguns segundos e ent?o acrescentou: — Acho que o ?nico jeito seria com a boa e velha televis?o. — Televis?o? — questionou Azakis. Ent?o, virando-se para Petri, ele disse: — Por acaso esse n?o seria o sistema que usamos para receber imagens e filmes quando est?vamos na rota at? aqui? — Acho que sim, Zak — e dizendo isso, come?ou a mexer numa s?rie de comandos no console central. Depois de alguns segundos, trouxe algumas das sequ?ncias que haviam gravado anteriormente para a tela gigante. — ? disso que estava falando? Uma infinidade de filmes de todo tipo come?ou a aparecer em r?pida sucess?o: comerciais, notici?rios, partidas de futebol e at? filmes em preto e branco com Humphrey Bogart. — Mas ? Casablanca — exclamou Elisa, admirada. — Onde conseguiu tudo isso? — Suas transmiss?es tamb?m irradiam para o espa?o — respondeu Petri tranquilamente. — Tivemos que trabalhar um pouco no nosso sistema de recep??o, mas no fim, conseguimos receb?-las. — Foi gra?as a elas — acrescentou Azakis, — que conseguimos aprender a sua linguagem. — E mais algumas bem mais complicadas — comentou tristemente Petri. — Quase fiquei doido com todos aqueles desenhinhos. — Por?m, — interveio o Coronel abruptamente — est?vamos falando exatamente sobre isso, mas n?o acho que seja a melhor solu??o. — Perdoe-me, Jack — interveio Elisa. — N?o acha que seria melhor, antes de tudo, avisar seus superiores no ELSAD? Afinal, a n?o ser que eu n?o tenha entendido, ningu?m mais al?m do pr?prio presidente dos Estados Unidos est? no topo dessa organiza??o, correto? — E como sabe de tudo isso? — contestou o Coronel, at?nito. — Bem, at? mesmo eu tenho as minhas fontes — disse Elisa, maliciosamente afastando uma mecha de cabelo que ca?ra em sua bochecha direita. — As suas mulheres tamb?m agem assim? — perguntou Jack, abordando os dois alien?genas que estavam observando a cena, impressionados. — Meu querido amigo, as mulheres s?o iguais em todo o universo — respondeu Azakis sorrindo. — No entanto — continuou o Coronel depois de arriscar a piada, — acho que est? absolutamente certa. Precisamos de uma institui??o confi?vel para transmitir not?cias t?o s?rias e preocupantes. S? estou um pouco apreensivo quanto ?s infiltra??es externas que envolveram o General Campbell e os dois sujeitos que nos atacaram. O General, na verdade, era meu superior direto, mas aparentemente, ele ? corrupto e traidor. — Afinal, precisamos dar esse telefonema sobre o qual est?vamos brincando? — respondeu a doutora Elisa. — Parece absurdo, mas talvez seja a ?nica solu??o. Nova Iorque – Ilha de Manhattan Em Manhattan, Nova Iorque, em um escrit?rio luxuoso no trig?simo nono andar do imponente arranha-c?u situado entre a Quinta Avenida e a Rua 59, um homem baixo, de apar?ncia estilosa e bem cuidada, estava em frente a uma das cinco janelas largas, que o separava do ambiente externo. Vestia um terno cinza escuro, certamente italiano, uma vistosa gravata vermelha, e tinha o cabelo grisalho, macio e penteado para tr?s. Seus olhos profundos e escuros olhavam para al?m do vidro da janela, na dire??o do Parque Central, examinando sua magnific?ncia, que, praticamente, logo abaixo de seus p?s, se estendia por quatro quil?metros de comprimento e oitocentos metros de largura, representando um espa?o verde inestim?vel, fonte de oxig?nio e recrea??o, para os quase dois milh?es de habitantes da ilha. — Senhor Senador, com licen?a — disse um homenzinho calvo, com rosto sem express?o, que batia timidamente na elegante porta de madeira escura laqueada. Ao lado, uma pequena placa dourada com letras negras em it?lico anunciava "Senador Jonathan Preston". — Sim? — respondeu o homem, sem se virar. — H? uma comunica??o criptografada de v?deo ? sua espera. — Ok, receberei aqui. Feche a porta ao sair. O homem caminhou lentamente at? a elegante mesa escura e sentou-se na cadeira de couro negro macio. Com um gesto autom?tico, tocou o n? da gravata, colocou o receptor na orelha direita e apertou um pequeno bot?o cinza sob a mesa. Um monitor semitransparente come?ou a descer do teto com um leve chiado, at? assentar suavemente sobre a mesa. Ele tocou a tela e o rosto largo do General Campbell apareceu. — General, percebo com satisfa??o que n?o ? mais um h?spede do servi?o penitenci?rio da na??o. — Senador, como vai? Queria agradec?-lo, primeiramente, pela r?pida e eficiente opera??o de resgate. — Acho que todo o cr?dito ? dos dois indiv?duos que estou vendo atr?s de voc?. Por instinto, o General se virou e viu o sujeito gordo e seu c?mplice, tentando aparecer na webcam, como o p?blico faz quando h? multid?es por tr?s de um jornalista fazendo uma transmiss?o ao vivo na TV. Ele encolheu um pouco os ombros e continuou, dizendo: — Eles n?o s?o exatamente os mais brilhantes, mas s?o muito eficientes para certos tipos de trabalho. — Ent?o! Agora conte-me tudo. Seu relat?rio deveria estar em minha mesa mais de doze horas atr?s. — Vamos dizer que estive um pouco "ocupado" recentemente — respondeu ironicamente o General. — De qualquer forma, posso confirmar que seu pressentimento com rela??o ao trabalho da Doutora Hunter acertou em cheio, e gra?as ? sua descoberta, pude presenciar pessoalmente um evento surpreendente. O General fez uma breve pausa, esperando que a curiosidade do outro aumentasse, e ent?o acrescentou: — Senador, eu n?o sei como, mas a descoberta da doutora do famigerado "vaso com conte?do precioso", de alguma forma, deve ter ativado um sistema que atraiu para o nosso planeta, nada menos que... — E parou, ciente de que o que diria seria um pouco dif?cil de aceitar, ent?o tomou um grande f?lego e sem hesitar mais, anunciou solenemente: — uma astronave alien?gena. O oficial tentou manter os olhos fixos no monitor, buscando sinais de espanto no rosto do Senador. Mas este nem piscou. Simplesmente apoiou o cotovelo na madeira escura da mesa, e segurando o queixo entre o polegar e o indicador, come?ou a alis?-lo suavemente. Continuou a fazer isso por alguns segundos e ent?o simplesmente declarou: — Ent?o, eles est?o de volta. O General n?o p?de deixar de arregalar os olhos, surpreso. Ent?o Preston j? sabia tudo sobre os alien?genas... Como era poss?vel? O Senador levantou-se vagarosamente da cadeira confort?vel, e entrela?ando as m?os por tr?s das costas, come?ou a andar ao redor da mesa em c?rculos. O General e os dois assistentes n?o ousaram dizer uma palavra. Limitaram-se a trocar olhares duvidosos e esperar pacientemente. De repente, Preston voltou ? sua mesa, p?s ambas as m?os nela, e olhando direto nos olhos do General, disse: — Voc?s tinham um drone. Por favor, me diga que conseguiram filmar essa astronave. O General se virou, procurando desesperadamente uma resposta afirmativa da dupla. O sujeito magro sorriu com desd?m, e estufando o peito com orgulho, anunciou satisfeito: — Certamente, Senador, mais de uma vez. Enviarei imediatamente. Sem a menor cerim?nia, ele empurrou o General, e depois de mexer um pouco no teclado ? frente, fez as fotos tiradas da instala??o da Doutora Hunter aparecerem numa janela na tela do Senador. Preston colocou ambos os cotovelos na mesa, inclinou o queixo nos punhos fechados das m?os e aproximou-se tanto quanto poss?vel do monitor, para n?o perder uma ?nica imagem passando na tela ? sua frente. Primeiro, as imagens noturnas do recipiente de pedra descoberto enterrado sob o solo, depois as do misterioso globo negro dentro e o mesmo sendo transportado at? a tenda do laborat?rio. Ent?o a cena mudou para uma imagem de luz do dia. Uma estrutura circular e prateada, aparentemente apoiada em quatro feixes de luz avermelhados, vindos das arestas de um quadrado imagin?rio desenhado no ch?o, estava em plena vista. A estrutura inteira parecia ser um tipo de pir?mide truncada, e tinha uma espantosa semelhan?a com o Zigurate de Ur, que podia ser visto se erguendo majestosamente em segundo plano. O Senador n?o conseguiu tirar os olhos da tela. Quando viu os dois personagens de apar?ncia humana, definitivamente mais altos e volumosos que a m?dia, aparecerem na abertura da estrutura prateada e se posicionarem, com as pernas separadas, no que seria uma plataforma de descida, n?o pode evitar um sobressalto ao sentir o cora??o bater freneticamente no peito. O sonho que esteve perseguindo por toda sua vida finalmente se tornou realidade! Todos os seus estudos, sua pesquisa, acima de tudo, o capital consider?vel que investira nesse projeto estavam finalmente dando os resultados que esperava. Os personagens que estava observando na tela eram realmente dois alien?genas, que a bordo da astronave extremamente avan?ada, cruzaram o espa?o interplanet?rio para voltar ? Terra. Agora ele poderia mostrar, a todas as pessoas que sempre o criticaram, que seus c?lculos eram absolutamente exatos. O d?cimo segundo misterioso planeta do sistema solar realmente existia! Depois de 3.600 anos, sua ?rbita estava prestes a cruzar a ?rbita terrestre novamente, e ali, diante dele, estavam dois dos seus habitantes, que aproveitando a "viagem" do planeta, retornaram para visitar, e mais uma vez, influenciar nossa cultura e nossas vidas. J? havia acontecido sabe l? quantas vezes no decorrer dos mil?nios e agora a hist?ria se repetia. Dessa vez, por?m, ele tamb?m estava l? e certamente n?o deixaria escapar a oportunidade ?nica. — Bom trabalho — disse simplesmente o Senador para os tr?s rostos que o olhavam apreensivamente. Ent?o, depois de girar a cadeira, acrescentou: — O fato, General, de que voc? permitiu a descoberta, complicar? as coisas um pouco. N?o teremos mais a possibilidade de manter contato oficial dentro do ELSAD, mas neste momento, n?o estamos mais interessados... — O que quer dizer, Senador? — Nosso objetivo agora n?o ? descobrir se as suposi??es da Doutora Hunter estavam corretas, nem ficar de posse do precioso "conte?do". — Sim, porque era tudo exceto precioso, de qualquer forma — sussurrou o sujeito gordo. — Podemos passar diretamente para a fase dois — continuou o Senador, fingindo n?o ter escutado. — Estamos diante de uma tecnologia incrivelmente avan?ada e eles est?o nos oferecendo de m?os beijadas. Tudo o que precisamos fazer ? simplesmente tom?-la, antes que algu?m mais se meta nisso. — Permita-me, Senador — arriscou o General timidamente. — Meus dois ajudantes descobriram, ?s pr?prias custas, que nossos dois ador?veis alien?genas n?o pareciam de modo algum dispostos a cooperar. — Vamos apenas dizer que nos deram uma surra — acrescentou o sujeito gordo, esfregando o joelho. — Posso imaginar o tipo de abordagem que usaram — retorquiu o Senador, com um leve sorriso. — Sequer imaginaram como puderam estabelecer rela??es t?o cordiais com a Doutora e o Coronel Hudson? — Para dizer a verdade, pareceu realmente esquisito — respondeu o General. — Com eles, comportaram-se como se os tivessem conhecido a vida inteira. — Em vez disso, acredito que se mostraram bem mais cordiais e agrad?veis que voc?s. — Bem, para ser justo, n?o fomos exatamente delicados com eles. — O que aconteceu, aconteceu — proferiu o Senador. — Agora somente tentem se concentrar na pr?xima miss?o. Voc?s dois, rastreiem o Coronel e a sua amiga. N?o quero que tirem os olhos deles nem um instante. Voc?s t?m meios e recursos dispon?veis. N?o admitirei erros desta vez. — Agora, quem vai dizer a ele que os dois est?o dando uma volta ao redor da Terra? — sussurrou o sujeito gordo no ouvido do magro, pouco antes de soltar um gemido fraco, provocado pelo chute na canela esquerda que seu c?mplice acabara de lhe dar. — E voc?, General, vir? me pegar no aeroporto. — Est? vindo para c? pessoalmente? — exclamou o oficial, surpreso. — N?o perderia esse evento por nada nesse mundo. Se essa ? a base de pouso deles, ter?o de retornar, mas dessa vez haver? uma bela comiss?o de boas vindas para eles. Darei instru??es quando estiver a caminho. Boa sorte a todos — e encerrou a conversa. O Senador permaneceu im?vel por mais alguns instantes, olhando o monitor, que, ap?s o fim da transmiss?o, agora mostrava uma s?rie de fotos espetaculares do deserto do Arizona, sucessivamente. Ent?o, como se algo o tivesse despertado repentinamente, pulou de p?, apertou o bot?o no comunicador na mesa e disse ao microfone embutido: — Arranje para que preparem meu avi?o e chame meu motorista. Quero estar em voo dentro de uma hora, o mais tardar. Astronave Theos – O presente — Devemos voltar e descer — disse o Coronel Hudson aos dois alien?genas. — Preciso fazer alguns telefonemas e realmente acho que daqui n?o ser? poss?vel. — Eu n?o teria tanta certeza — respondeu Azakis sorrindo. — Sabe, se o velho e bom Petri se empenhar seriamente, ele pode fazer coisas que voc? nem imagina — e deu ao seu colega uma palmada nas costas. — Acalmem-se, por favor — respondeu Petri com as m?os no ar. — Antes de mais nada, defina o conceito de "telefonema". Jack, pego de surpresa pela pergunta aparentemente trivial, virou-se para Elisa, que primeiro encolheu os ombros, e ent?o, apontando para o bolso do Coronel, disse abertamente: — Mostre a eles o seu telefone, sim? Com um movimento r?pido, Jack retirou seu smartfone. Era uma tela de toque um pouco antiga. Ele nunca gostou de seguir a tend?ncia absurda de sempre ter o ?ltimo modelo de celular. Preferia familiar, sem precisar perder tempo aprendendo todas as novas fun??es. — N?o sou engenheiro — disse Jack, mostrando o celular para o alien?gena, — mas com isto, ? poss?vel conversar com outra pessoa que tenha um semelhante, apenas digitando seu n?mero neste teclado. Petri tomou o celular e examinou-o cuidadosamente. — Deve ser um sistema de transmiss?o individual, parecido com os nossos comunicadores port?teis. — Com uma ?nica diferen?a — acrescentou Elisa — toda vez que usamos, engole um monte do nosso dinheiro. Pensando que o conhecimento limitado da linguagem deles n?o lhe permitia compreender todos os conceitos, Petri resolveu ignorar esta ?ltima afirma??o e continuou a analisar o objeto que tinha nas m?os. — Necessitarei de um tempinho para entender como funciona. — Claro, n?o tenha pressa — respondeu Elisa, desolada. — Afinal de contas, n?o ? como se um planeta estivesse prestes a colidir com o nosso. Petri ent?o a olhou, perplexo, e percebendo que tamb?m n?o entendera essa piada, resolveu n?o dizer mais nada. Simplesmente encolheu os ombros e entrou no m?dulo de transfer?ncia interna mais pr?ximo, desaparecendo em segundos. — Bem, supondo que seja poss?vel fazer seu celular funcionar daqui, como estava pensando em proceder? — Elisa perguntou, enquanto tentava se recuperar da fraqueza provocada pela falta de oxig?nio e pelas in?meras emo??es que passara nas ?ltimas horas. — Inicialmente pensei em contatar o Senador Preston, o superior direto do General Campbell. Mas como ele nunca me pareceu convincente, resolvi seguir um caminho diferente para chegar ao Presidente. — Acha que ele tamb?m pode estar envolvido? — Esses dois dem?nios nunca foram honestos comigo. Existe rumores de que Preston esteja envolvido com alguns fabricantes de armas decididamente inescrupulosos. N?o confio nele. — Ent?o? — Ent?o, vou falar diretamente com o Almirante Benjamin Wilson. Ele era o bra?o direito do Presidente por v?rios anos e tamb?m um grande amigo de meu pai. — Era? — Infelizmente, meu pai nos deixou faz quase dois anos. — Lamento... — sussurrou Elisa, afagando suavemente o bra?o esquerdo dele. — Wilson me segurou nos joelhos quando eu era pequeno. ? uma das poucas pessoas em quem confio cegamente. — N?o sei o que dizer. N?o importa o quanto seja pr?ximo dele, acho que ser? dif?cil que aceite uma hist?ria como essa pelo telefone. — Eu poderia mandar algumas fotos da vista de sua cidade daqui de cima. — Com os nossos sensores de curto alcance — observou Azakis, que at? ent?o ficara quieto — poder?amos contar as batidas por minuto de seu cora??o, em tempo real. — Por favor, n?o brinque — exclamou Elisa, dando ?nfase com um gesto da m?o. — N?o acredita em mim? Veja isto ent?o. Por meio do seu O^COM, Azakis fez com que a vis?o sobre o acampamento-base da doutora aparecesse na tela gigante. Em poucos segundos, ampliou a imagem para trazer a tenda do laborat?rio em plena vista. — O que est?o vendo... — ? a minha tenda — exclamou Elisa antes que Azakis pudesse terminar a frase. — Exatamente. Agora observem. De repente, era como se a cobertura da tenda tivesse desaparecido e ela podia ver perfeitamente todos os objetos dentro. — Minha mesa, meus livros... inacredit?vel! — Se houvesse algu?m dentro, eu poderia lhe mostrar o calor gerado pela circula??o sangu?nea e portanto, poderia tamb?m calcular seu ritmo card?aco. Decididamente satisfeito com a demonstra??o, o alien?gena come?ou a vagar orgulhoso pela sala. Entretanto o Coronel, que ainda n?o havia se recuperado do espanto, de repente parecia ter sido atingido por um trov?o, e exclamou de modo grosseiro: — Que quer dizer, "houvesse algu?m"? Deveria haver algu?m. Onde diabos est?o os dois prisioneiros? Elisa foi mais para perto da tela para ter uma vis?o melhor. — Talvez foram levados. Poder?amos ter uma vis?o completa do restante da instala??o? — Sim, claro. Em alguns segundos, Azakis come?ou a mostrar uma vis?o geral do acampamento. Os sensores examinaram todos os lugares, mas n?o havia sinal dos dois prisioneiros. — Devem ter escapado — disse o Coronel laconicamente. — Isso quer dizer que logo os encontraremos sob os nossos p?s de novo. Felizmente o General foi levado a um lugar seguro por meus homens. Esses tr?s s?o capazes de causar mais danos que o pr?prio diabo. — N?o importa — disse Elisa. — Temos problemas muito maiores agora. Ela mal terminou a frase quando a porta do m?dulo de comunica??o interna n?mero tr?s se abriu. Uma mo?a atraente saiu de dentro, com passos suaves e sinuosos. Estava segurando um tipo de bandeja totalmente transparente, em que haviam recipientes diferentes e coloridos. — Senhoras e Senhores — anunciou Azakis pomposamente, mostrando um dos seus melhores sorrisos. — Permitam-me apresentar a voc?s a navegadora mais encantadora de toda a gal?xia. Jack, cujo queixo ca?ra de deslumbramento, somente conseguiu gaguejar "Ol?", antes de receber uma cotovelada no lado direito, bem entre as costelas. — Bem-vindos a bordo — disse ela, num ingl?s um pouco vacilante. — Espero que estejam com fome. Trouxe algo para comerem. — Obrigada, ? muito am?vel — disse Elisa furiosamente, os olhos faiscando para o seu homem. A mo?a n?o disse mais nada. Colocou a bandeja num suporte ? esquerda deles e seu rosto se iluminou com um lindo sorriso, e ent?o alguns segundos depois, desapareceu de novo para dentro do mesmo m?dulo em que chegara. — Bonita, n?o? — comentou Azakis, observando o Coronel. — Bonita? Quem? O qu?? — Jack se apressou a responder, atento ? cotovelada que acabara de receber. Azakis explodiu em gargalhadas, e com um aceno de m?o, convidou-os a se servirem. — Que raios ? isso? — murmurou Elisa, enquanto cheirava de maneira deselegante os diversos pratos. — F?gado de Nebir — o alien?gena se apressou a enumerar, — Hanuk e ra?zes cozidas de Hermes, tudo acompanhado por, digamos, uma bebida "energ?tica". — Completamente diferente do restaurante Masgouf — comentou laconicamente Elisa. — Como estou faminta, vou experimentar. Ela apanhou um peda?o de costela com as m?os, e sem muito esfor?o, come?ou a mastig?-lo at? o osso. — Essa comida n?o vai dar uma enorme dor de barriga, n?o ? Zak? Experimente tamb?m, meu amor. O gosto ? um pouco estranho, mas n?o ? de todo ruim. O Coronel, que estava observando Elisa horrorizado enquanto ela devorava todas aquelas comidas esquisitas da bandeja, sem reservas, apenas murmurou: — N?o, n?o, obrigado. N?o estou com fome. Em vez disso, sua aten??o se prendeu ? estranheza da bandeja e aos recipientes usados como pratos. Ele apanhou um de cor vermelho vivo e testou sua consist?ncia. Era esquisito e bem gelado. Mais gelado do que deveria ser, e apesar disso, a comida estava fervendo. Percorreu levemente, com a ponta do indicador, a superf?cie. Era incrivelmente liso. N?o parecia ser de metal nem de pl?stico. Por outro lado, como poderia ser pl?stico? Eles o utilizavam para prop?sitos completamente diferentes. A outra coisa mais bizarra era que, apesar da perfei??o do acabamento da superf?cie, n?o havia absolutamente nenhum reflexo. A luz parecia ser engolida pelo material misterioso. Colocou o ouvido perto da superf?cie lisa, e com o n? do dedo m?dio, come?ou a dar batidinhas. Inacreditavelmente, o recipiente n?o emitiu nenhum som. Era como bater num grande peda?o de algod?o. — Mas do que esses objetos s?o feitos? — perguntou, extremamente curioso. — E a bandeja? Parece ser do mesmo material. Um pouco surpreso com a estranha pergunta, Azakis tamb?m se aproximou da bandeja. Apanhou outro recipiente, verde p?lido, e ergueu-o ao n?vel dos olhos. — Na realidade, n?o ? um "material". — Em que sentido? O que quer dizer? — O que voc?s usam para segurar objetos, comida, l?quidos ou subst?ncias em geral? — Bem, normalmente usamos caixas de madeira ou papel?o para transportar materiais. Para servir comidas, usamos panelas de metal, pratos de cer?mica e copos de vidro. Para transportar ou guardar comidas e l?quidos em geral, usamos recipientes pl?sticos de formatos diversos. — Pl?stico? Est? falando do pl?stico em que estamos interessados? — perguntou Azakis, espantado. — Creio que sim — respondeu o Coronel suavemente. — Na verdade, o pl?stico se tornou um dos maiores problemas da polui??o do nosso planeta. Voc?s at? nos disseram que encontraram quantidades exageradas em todos os lugares — Ele fez uma breve pausa e acrescentou: — ? por isso que sua oferta de recolh?-lo nos atraiu tanto. Talvez encontramos a solu??o para um enorme problema. — Ent?o, se entendi direito, voc?s usam pl?stico como recipientes e ent?o jogam tudo fora sem restri??es, poluindo todos os cantos do seu planeta? — Exatamente — respondeu Jack, cada vez mais envergonhado. — Mas isso ? loucura, ? absurdo. Est?o se envenenando com as pr?prias m?os. — Bem, se tamb?m levar em conta toda a fuma?a causada pelos meios de locomo??o, das f?bricas e sistemas de gera??o de energia, n?s realmente conseguimos fazer coisas piores. Sem mencionar o lixo radioativo que n?o sabemos como eliminar. — S?o completamente malucos! Est?o destruindo o planeta mais belo de todo o sistema solar. E infelizmente, ? nossa culpa tamb?m. — Como assim? — Bem, fomos n?s que modificaram seu DNA, h? centenas de milhares de anos ou mais. Demos a voc?s uma intelig?ncia superior a quaisquer outros seres na Terra e para qu? a usaram? — Para arruinar o planeta — Jack disse cabisbaixo, como um estudante levando bronca do professor por n?o ter feito a li??o de casa. — Mas agora voc?s est?o de volta! Realmente espero que nos ajudem a consertar o estrago que fizemos. — N?o acho que ser? f?cil — disse Azakis, tornando-se cada vez mais preocupado. — De acordo com a an?lise de Petri do estado dos seus oceanos, vimos que a quantidade de peixes foi reduzida em oitenta por cento desde a ?ltima vez que estivemos aqui. Como isso foi acontecer? A essa altura, Jack s? queria que o ch?o se abrisse e o engolisse. — N?o h? desculpa para isso — foi tudo o que conseguiu dizer, quase num sussurro. — Somos apenas um grupo de seres condescendentes, arrogantes, convencidos, tolos e irracionais. Elisa, que esteve escutando em sil?ncio o discurso de Azakis, engoliu o ?ltimo peda?o de f?gado de Nebir, limpou os l?bios com as m?os e ent?o disse baixinho: — N?o somos todos assim, sabe? O alien?gena olhou-a surpreso, mas ela continuou determinada: — S?o aqueles que est?o "no poder" que nos reduziram a esse estado. Muitas pessoas normais lutam todos os dias para proteger o meio ambiente e as formas de vida que habitam nosso querido planeta. ? f?cil vir aqui, de milh?es de quil?metros, depois de milhares de anos e moralizar. Voc?s podem nos ter dado intelig?ncia, mas n?o nos deixaram nem um peda?o do manual de instru??es! Jack a olhou e percebeu que estava perdidamente apaixonado por aquela mulher. Azakis n?o tinha palavras. Ele certamente n?o esperava uma rea??o como aquela. Elisa, no entanto, continuou desimpedida: — Se realmente querem nos ajudar, devem disponibilizar todo o seu conhecimento tecnol?gico, m?dico e cient?fico, o mais r?pido poss?vel, pois certamente n?o ficar?o neste planeta devastado por muito tempo. — Ok, ok. N?o fique t?o transtornada — Azakis tentou responder. — Acho que nos colocamos ? sua disposi??o, sem hesitar, ou n?o? — Sim, eu sei. Desculpe-me... Voc?s j? poderiam ter levado o seu pl?stico e ido embora sem dizer adeus, e em vez disso, est?o aqui, arriscando suas vidas, junto de n?s. Elisa estava realmente arrependida pelo desabafo. Ent?o, para acalmar um pouco a situa??o, exclamou alegremente: — Mas a comida estava deliciosa! — Ent?o, aproximou-se do alien?gena e olhando acima para ele, disse delicadamente: — Desculpe, n?o deveria ter dito isso. — N?o se preocupe, compreendo totalmente e para mostrar que n?o guardo rancor, lhe darei isto. Elisa abriu a sua m?o e Azakis lhe entregou um pequeno objeto escuro. — Obrigada, mas o que ? isso? — perguntou, curiosa. — ? a solu??o para seus problemas com o pl?stico. Nass?ria – O jantar Depois que o Senador encerrou a conversa abruptamente, os tr?s ficaram olhando o monitor, que mostrava desenhos abstratos e multicoloridos se mesclando continuamente. — E agora? — perguntou o sujeito magro e alto, interrompendo aquela hipnose coletiva. — Tenho uma ideia — respondeu o grandalh?o. — J? faz algum tempo que comemos e estou vendo hamb?rgueres por toda parte. — E onde pensa que vamos encontrar hamb?rguer agora? — N?o tenho a menor ideia, mas sei que se eu n?o comer algo logo, vou desmaiar. — Ah, coitadinho, ele vai desmaiar — disse o magrelo com uma voz infantil. Ent?o mudou seu tom: — Com todos esses pneus de gordura, poderia passar um m?s sem comer. — Ok, parem os dois com essa idiotice — exclamou o General, irritado. — Precisamos elaborar um plano de a??o. — Mas n?o consigo raciocinar de est?mago vazio — disse baixinho, o gord?o. — Est? bem ent?o, — Campbell exclamou, erguendo as m?os, derrotado. — Vamos arranjar comida. E bolar um plano depois, pois temos bastante tempo at? o Senador chegar. — Assim ? que se fala, General — exclamou o gord?o alegremente. — Conhe?o um restaurante razo?vel onde fazem um fant?stico guisado de cordeiro com batatas, cenouras e ervilhas ao molho curry. — Bem, confesso que depois dessa descri??o detalhada, tamb?m fiquei com um pouco de fome — disse o magrelo, esfregando as m?os rapidamente. — Muito bem, me convenceu — disse o General, erguendo-se da cadeira. — Vamos andando, mas com cuidado para n?o sermos pegos. Duvido que j? saibam, mas, para todos os efeitos, sou um fugitivo. — E n?s dois tamb?m n?o somos? — respondeu o magrelo. — Fugimos do acampamento e com certeza v?o procurar por n?s em todo lugar. Mas, por ora, n?o importa. Alguns minutos depois, um carro escuro levando tr?s sujeitos suspeitos acelerou noite adentro pelas ruas semidesertas da cidade, levantando uma leve nuvem de poeira. — ? aqui, chegamos — disse o grandalh?o, que estava no banco de tr?s. — Est? um pouco tarde, mas eu conhe?o o dono. N?o haver? problemas. O magrelo, que estava dirigindo, procurou um lugar fora de vista para estacionar. Deu uma volta no quarteir?o e ent?o estacionou debaixo do telhado de um barraco abandonado. Rapidamente saiu do carro e observou cautelosamente toda a redondeza, muito atento. N?o havia ningu?m por perto. Deu uma volta pelo carro, abriu a porta do passageiro e disse: — Tudo quieto, General. Podemos ir. O grandalh?o tamb?m saiu do carro e avan?ou com passos r?pidos em dire??o ? entrada principal do estabelecimento. Tentou girar a ma?aneta, sem sucesso. A porta estava trancada, e uma luz estava acesa dentro. Ent?o tentou espiar pelo vidro, mas a grossa cortina colorida n?o lhe permitia entrever muita coisa. Sem perder mais tempo, come?ou a bater vigorosamente e n?o parou at? ver um homenzinho, de cabelo enrolado e negro, surgir por detr?s da cortina. — Mas quem diabos... — o homenzinho come?ou a exclamar numa voz irritada, e quando reconheceu o amigo corpulento, parou no meio da frase e abriu a porta. — Ah, ? voc?. Que faz aqui a essa hora da noite? E quem s?o esses homens? — Ol?, seu velho gatuno, como vai? S?o meus amigos e estamos famintos. — Mas o restaurante est? fechado, j? fiz a limpeza na cozinha e estava indo embora. — Acho que este outro amigo meu vai te convencer — e abanou um nota de cem d?lares na frente do seu nariz. — Bem, na verdade… Devo dizer que vai — respondeu o homenzinho, arrancando a c?dula da m?o do gordo e fazendo-a sumir dentro do bolso da camisa. — Por favor, entrem — disse, escancarando a porta e curvando-se levemente ao mesmo tempo. Depois de r?pidos olhares para tr?s para checar se algu?m estava observando, os tr?s, um ap?s o outro, se esgueiraram para dentro do pequeno restaurante. Havia dois c?modos que n?o pareciam estar particularmente bem cuidados. O ch?o era feito de lajes ?speras e escuras. No c?modo maior, tr?s mesas baixas e redondas, cada uma sobre um tapete velho desbotado, estavam rodeadas de almofadas, tamb?m um pouco surradas. Por?m, no outro c?modo, a decora??o era mais ocidental, e bem mais aconchegante. Cortinas enormes em tons quentes cobriam as paredes. A ilumina??o era suave e o ambiente definitivamente muito mais acolhedor. Duas mesas pequenas j? estavam preparadas, prontas para os fregueses do dia seguinte. Cada uma tinha uma toalha de mesa verde escura, com bordados multicoloridos, guardanapos da mesma cor, pratos marcadores de porcelana com bordas prateadas, garfos ? esquerda, facas e colheres ? direita, e no centro, uma longa vela amarela escura num pequeno casti?al de pedra negra. — Podemos passar para l?? — perguntou o grandalh?o, apontando o c?modo menor, com a enorme m?o direita. Sem responder, o homenzinho de cabelo enrolado foi ao c?modo menor, empurrou junto as duas mesas e arrumou as cadeiras, e ent?o com uma rever?ncia e um grande gesto teatral, disse: — Por favor, sentem-se, senhores, estar?o mais confort?veis aqui. Os tr?s se sentaram ? mesa e o grandalh?o disse: — Fa?a seu prato especial e enquanto isso traga-nos tr?s cervejas — Ent?o, sem deix?-lo responder, acrescentou: — E n?o fa?a manha. Sei que tem v?rias caixas de cerveja escondidas por a?. O General esperou o dono desaparecer para dentro da cozinha, e ent?o retomou a conversa que tiveram h? pouco. — O Senador ? impiedoso. Devemos ser cautelosos. Se algo der errado, ele n?o hesitar? em contratar algu?m para se livrar de n?s. — Fabuloso — respondeu o gord?o. — Parece que todo mundo est? perdidamente apaixonado por n?s, n?o? — Vamos fazer nosso trabalho da melhor maneira poss?vel, e nada vai acontecer conosco — comentou o magrelo, que at? ent?o estivera quieto. — Conhe?o o tipo, se n?o criarmos problemas e fizermos tudo que nos mandam, ficar? tudo bem e cada um ter? a sua merecida recompensa. — Sim, um tiro no meio da testa — respondeu baixinho, o grandalh?o. — Vamos, n?o seja pessimista. Deu tudo certo at? agora, n?o foi? — ?, at? agora. Enquanto isso, escondido na cozinha, o dono do restaurante estava conversando discretamente em ?rabe ao telefone: — ? ele, estou lhe dizendo, ? ele. — ? inacredit?vel que apareceu a? sem uma escolta apropriada. — Est? com outros dois. Conhe?o bem um deles e tenho certeza de que faz parte de alguma organiza??o esquisita, que poderia estar ligada a ele de alguma forma. — Consegue tirar uma foto e mand?-la para mim? N?o quero me preparar para atacar e depois descobrir que ? simplesmente um caso de identidade errada. — Ok, vou ver o que posso fazer. Me d? alguns minutos. O homem encerrou a chamada, ligou a c?mera do celular, ent?o colocou-o no bolso da camisa, de forma que a lente n?o estivesse totalmente coberta, e apanhando uma bandeja de alum?nio, p?s tr?s copos grandes sobre ela. Abriu tr?s garrafas de cerveja e colocou-as pr?ximas a cada um dos copos. Ent?o ergueu a bandeja com a m?o direita, tomou um grande f?lego e foi em dire??o ? mesa ocupada pelos tr?s companheiros de jantar. — Espero que gostem da marca — disse, enquanto entregava as bebidas. — Infelizmente n?o temos muitos tipos diferentes. As leis daqui s?o bem rigorosas quanto a bebidas alco?licas. — Sim, sim, n?o se preocupe — disse o grandalh?o ao pegar a garrafa e come?ar a se servir, enchendo o copo de espuma. O homem, tomando cuidado especial em se posicionar diretamente em frente ao general, apanhou seu copo, inclinou-se um pouco e colocou quase metade da garrafa nele. Ent?o, fazendo o mesmo com o copo do magrelo, exclamou: — Pronto! N?o precisam de um pobre iraquiano para ensinar tr?s americanos a servir cerveja, certo? Risadas altas explodiram espontaneamente entre os tr?s convivas, que, erguendo seus copos, fizeram um brinde auspicioso. O dono, curvando-se levemente, retirou-se novamente para a cozinha. Assim que passou pela entrada, verificando se ningu?m estava olhando, checou a grava??o que havia feito no celular. As fotos estavam um pouco tr?mulas, mas o rosto rechonchudo do general Campbell estava claramente vis?vel. Imediatamente enviou o filme para o n?mero que havia chamado antes e ent?o esperou pacientemente. Em menos de um minuto, o celular vibrou suavemente, avisando-o do recebimento de chamada. — ? ele — disse a voz no outro lado. — Estaremos a? em uma hora, no m?ximo. N?o deixem que saiam antes de chegarmos, em hip?tese alguma. — Acabaram de chegar e ainda v?o come?ar a jantar. Voc? tem bastante tempo — e desligou. Astronave Theos – O Almirante Elisa ainda estava observando o pequeno objeto peculiar que Azakis colocara em sua m?o, quando a porta n?mero seis do m?dulo de comunica??o interna se abriu. Petri surgiu com um grande sorriso, segurando o celular do Coronel. — Consegui — exclamou — ou, pelo menos, assim espero — E rapidamente se juntando aos outros tr?s no centro da ponte de comando, continuou: — Sem d?vida, ? um sistema antigo, mas acho que consegui identificar o princ?pio de funcionamento. Conectei a um desses sat?lites que circulam lentamente em torno do planeta numa ?rbita mais baixa que a nossa, e agora acho que ser? poss?vel fazer um”telefonema”. — Bom trabalho, meu amigo — exclamou Azakis. — Sabia que conseguiria. — Antes de cantar vit?ria, vamos ver se realmente funciona — disse Jack, tirando o celular das m?os do alien?gena. O Coronel olhou cuidadosamente para a tela e ent?o disse surpreso: — ? inacredit?vel, tenho tr?s barras de sinal. — V? em frente, tente — sugeriu Elisa, toda empolgada. Jack rapidamente passou os olhos pela lista de contatos e encontrou o n?mero do Almirante Wilson. Mas antes de chamar, teve uma d?vida repentina: — Que horas s?o agora em Washington? — Bem, deve ser duas e meia da tarde — respondeu Elisa, depois de olhar no rel?gio de pulso. — Ok, vou tentar ent?o — Jack tomou um grande f?lego e ent?o apertou a tecla "ENTER". O celular estava chamando. Inacredit?vel... Ele esperou pacientemente e somente ap?s o s?timo toque, uma voz rouca e grave atendeu: — Almirante Benjamin Wilson, quem ?? — Almirante. ? o Coronel Jack Hudson. Consegue me ouvir? — Sim, meu caro, alto e claro. ? um prazer ouvi-lo depois de tanto tempo. Est? tudo bem? — Almirante... Sim, sim, obrigado... — Jack estava muito encabulado e n?o sabia exatamente por onde come?ar. — Estou lhe incomodando porque temos um assunto de extrema urg?ncia, mas sobretudo inacredit?vel. — Pelo amor de Deus, filho, n?o fa?a suspense. Que diabos est? acontecendo? — Bem, ? dif?cil explicar. Voc? confia em mim, n?o ?? — ? claro, que pergunta ? essa? — O que estou prestes a dizer pode parecer absurdo, mas garanto que ? a verdade, pura e simples. — Jack, se n?o me contar imediatamente, meu pobre e velho cora??o vai parar. — Ok — O Coronel fez uma breve pausa, e ent?o desembuchou de uma s? vez: — Neste momento, estou em ?rbita em volta da Terra. Estou numa astronave alien?gena e tenho not?cias terr?veis para relatar diretamente ao Presidente dos Estados Unidos. Voc? ? a ?nica pessoa de confian?a que pode me colocar em contato com ele. Juro pela mem?ria do meu pai que isso n?o ? uma piada. Longos segundos se passaram, sem ouvirem nada do alto-falante do celular. Por um momento, Jack temeu que o Almirante estivesse aterrorizado. Ent?o a voz rouca do outro lado disse: — Mas est? realmente me chamando da? de cima? Como diabos consegue fazer isso? Wilson realmente era surpreendente. Em vez de se preocupar com alien?genas, ficava imaginando como consigo usar meu celular daqui de cima... Formid?vel... — Bem, com a tecnologia deles, conseguiram fazer algum tipo de conex?o com um sat?lite de telecomunica??o. N?o posso lhe dizer mais que isso. — Alien?genas. Da onde s?o? E o que exatamente ? essa cat?strofe iminente? E por que escolheram voc?? — Almirante, ? uma longa hist?ria que espero ter tempo de lhe contar, mas por ora, a coisa mais importante ? que me ponha em contato com o Presidente o mais depressa poss?vel. — Meu querido rapaz, confio plenamente em voc?, mas para conseguir que o Presidente acredite numa hist?ria como essa, precisarei algo mais que um simples telefonema. — Sim, imaginei isso e me parece justo — continuou Jack. — E se eu dissesse que neste momento, voc? est? sentado numa poltrona marrom escura, com uma c?pia do New York Times, ser? que a minha hist?ria seria mais convincente? — Petri conseguira identificar as coordenadas do Almirante por meio do sinal do celular, posicionara a Theos bem no z?nite da cidade e ativou os sensores de curto alcance, apontados diretamente para a fonte das emiss?es. — Raios me partam — exclamou o Almirante, pulando e deixando o jornal cair no ch?o. — Como ? que sabe disso? N?o existem c?meras ocultas aqui. Meu escrit?rio ? verificado todos os dias. — Bem, n?o estou exatamente usando uma "c?mera" para v?-lo. Digamos que ? um sistema de visualiza??o absolutamente incr?vel. Estamos a uma dist?ncia de 50.000 quil?metros da Terra, e pude ler com facilidade seu jornal, da onde estou. Posso at? informar seu batimento card?aco. — Est? brincando, n?o ?? Jack olhou para Petri, que imediatamente mudou o modo de visualiza??o. Agora a figura do Almirante aparecia avermelhada, com v?rios matizes de amarelo e cinza escuro. Alguns n?meros surgiram no canto superior direito da tela.. Jack os leu e disse: — Seu batimento card?aco ? de noventa e oito por minuto e sua press?o arterial ? de 135/90 mmHg. — Sim, eu sei, ? um pouco alta. Tomo rem?dio para controlar, mas nem sempre funciona. ? a idade, sabe... — Ent?o ele ponderou um momento e exclamou: — Mas ? absolutamente incr?vel, ? surpreendente! Ser? que voc? consegue fazer a mesma coisa com o Presidente? — Acho que sim — respondeu Jack, esperando um sinal positivo de Petri, que simplesmente assentiu de leve. — Poderia pelo menos me dar uma pista sobre o que vai acontecer com n?s todos? Considerando que eles vieram sabe-se l? de onde para nos avisar, ? sinal de que deve ser um evento bastante grave. — Ok, acho justo voc? saber. Elisa estava encorajando-o a continuar com gestos das m?os e fazendo caretas esquisitas com a boca. — O planeta deles est? chegando perto do nosso num ritmo vertiginoso. Um dos seus sat?lites, Kodon para ser exato, vai se aproximar e nos atingir em menos de sete dias, e poderia causar uma s?rie de transtornos indescrit?veis. At? a nossa ?rbita e a da Lua poderiam ser afetadas. Ondas gigantescas na Terra poderiam varrer ?reas submersas e as ?guas poderiam levar milh?es e milh?es de pessoas. Em resumo, uma cat?strofe. O Almirante estava emudecido. Ele afundou pesadamente na sua poltrona marrom, e em voz baixa, somente conseguiu sussurrar: — Bem, raios me partam. — Na verdade, nossos amigos aqui gostariam de disponibilizar para n?s um sistema que seja capaz de conter a maioria dos efeitos do desastre, mas ? um procedimento muito perigoso, que nunca foi testado. Al?m disso, mesmo que tudo d? certo, na melhor maneira poss?vel, n?o conseguir?amos sair ilesos do acontecimento. Uma parte da influ?ncia planet?ria, embora pequena, infelizmente n?o pode ser controlada. Portanto, devemos nos preparar para reduzir a um m?nimo os danos e as perdas. — Meu caro jovem — respondeu sutilmente o Almirante. — Eu realmente acho que o Presidente deve ficar imediatamente a par de tudo o que acabou de me contar. S? espero, pelo bem de n?s dois, que n?o seja alguma brincadeira, porque ningu?m sair? impune, embora, no meu ?ntimo esteja na esperan?a de que seja. Talvez, simplesmente adormeci na cadeira e logo vou acordar, descobrindo que isso n?o ? mais que um pesadelo. — Tamb?m desejo isso, Almirante. Mas infelizmente, n?o ? um pesadelo mas a dura realidade. Confio que informar? essa not?cia ao Presidente. — Ok. S? me d? um pouco de tempo para encontrar a maneira certa de chegar at? ele. Como poderei entrar em contato com voc?? — Acho que pode me chamar nesse n?mero — disse Jack olhando para Petri, que com uma express?o hesitante, encolheu os ombros. — Dever? funcionar — continuou Jack. — Mas se n?o retornar dentro de uma hora, lhe chamarei de novo, ok? — Ok. At? breve, ent?o. — Muito obrigado — disse o Coronel e encerrou a conversa. Ele permaneceu completamente im?vel por alguns segundos, com os olhos fixos no espa?o, ent?o virando-se para os outros tr?s, que estavam escutando atentamente cada palavra, disse, bastante calmo: — Ele vai nos ajudar. — Esperemos que sim — disse Elisa, um pouco hesitante. — N?o acho que ser? f?cil convencer o Presidente de que isso n?o ? uma farsa. — Somente ele pode fazer algo assim. Vamos dar-lhe um pouco de tempo — Ent?o, se dirigindo a Petri, disse: — tente dar um espet?culo com seus "sensores" ou qualquer outra m?gica que queira usar. Precisamos surpreend?-los com algo realmente excepcional, que deixar? todos boquiabertos. — Deixe comigo — disse Petri com um sorrisinho sard?nico. — Temos um monte de efeitos especiais. — Se quiser, posso mostrar o local exato da Casa Branca, a resid?ncia oficial do Presidente dos Estados Unidos, e o Pent?gono, que ? claro, ? o Quartel-general do Departamento de Defesa. — Bem — disse Elisa aproximando-se de Azakis — enquanto voc?s dois se divertem espantando essas pobres almas na Terra, gostaria que me dissesse o que ? esse estranho objeto que meu deu mais cedo. — Como disse, penso que pode ser a solu??o para todos os seus problemas de descarte de lixo. — N?o vai dizer que poderei acion?-lo para fazer com que todo o pl?stico que est? espalhado desapare?a, vai? — Infelizmente ainda n?o inventamos algo assim, mas dever? ajud?-los a substitu?-lo. — Sou toda ouvidos — e ela entregou-o para ele. — Este pequeno objeto n?o ? nada mais que um minigerador de campo de for?a. Gra?as a alguns programas bem simples, ele pode tomar qualquer formato que voc? desejar. — O que quer dizer? — Vou te mostrar agora. Abra a sua m?o — Azakis apertou suavemente o pequeno ret?ngulo escuro entre o polegar e o indicador e colocou-o na palma aberta dela. N?o passou nem um segundo quando, como m?gica, um lindo vaso em milhares de cores se materializou em sua m?o. — Raios... — Assustada, por instinto Elisa afastou a m?o e largou o vaso, que caiu no ch?o, saltando de qualquer jeito aqui e ali, mas sem se quebrar, e sobretudo, sem fazer nenhum barulho. — Desculpe — Elisa conseguiu sussurrar, lamentando. — Na verdade n?o esperava por isso — e se curvou para apanh?-lo de novo. Ela segurou-o, ergueu-o acima da cabe?a e come?ou a examin?-lo de todos os lados. Apesar da superf?cie totalmente lisa, a luz n?o parecia ser refletida nela, de modo nenhum. O objeto era mais frio ao toque do que esperava e n?o parecia ser feito de qualquer material que conhecesse. — Essa coisa ? absolutamente impressionante. Como fez isso? — ? gra?as a isto — respondeu Azakis, indicando o pequeno objeto negro, que parecia estar preso ? base do vaso. — ? isso que est? gerando um campo de for?a no formato que pode ver. — E voc? tamb?m poderia fazer isso no formato de uma garrafa? — Certamente — disse Azakis, com um sorriso. — Veja — dizendo isso, colocou a ponta do indicador no pequeno ret?ngulo e o vaso desapareceu. Segurou-o mais uma vez, apoiando o polegar nele e uma garrafa elegante azul-cobalto, com um gargalo longo e fino, apareceu do nada. Elisa ficou boquiaberta e levou uns instantes para se recompor. Ent?o, sem tirar os olhos do objeto rec?m-criado, disse, numa voz distorcida pela emo??o: — Jack, venha aqui, tem que ver isto. O Coronel, que a essa altura j? havia dado a Petri todas as informa??es para encontrar os dois alvos, virou em sua dire??o, e em passos lentos, se aproximou. Ele olhou distraidamente para o objeto que Azakis estava segurando, e numa voz entediada, disse: — uma garrafa? E o que tem de t?o interessante para ver? — Sim, uma garrafa — respondeu Elisa, zangada. — Exceto que uns minutos atr?s, era um lindo vaso colorido. — T?, s?rio, pare de goza??o! — Zak, mostre para ele. O alien?gena executou a mesma opera??o simples de antes, e dessa vez, uma enorme esfera, escura como breu, surgiu em suas m?os. — Credo — exclamou o Coronel, pulando para tr?s. — Voc? reconhece isto, n?o? — disse Azakis, abra?ando a bola de quase um metro de di?metro. — Sim, sim — exclamou a doutora, toda entusiasmada. — ? id?ntica ?quela que encontramos enterrada no acampamento, dentro do misterioso recipiente de pedra. — E havia mais tr?s — acrescentou o Coronel, — que serviram de base para o pouso da nave auxiliar. — Precisamente — confirmou Azakis. — N?s as abandonamos na ?ltima vez, e usamos como refer?ncia para a recupera??o da carga com o pl?stico. — Caramba — exclamou Elisa. — Agora tudo est? ficando mais claro, aos poucos. — Perdoe-me se for uma pergunta idiota — disse Jack, encarando o alien?gena. — Mas se quis?ssemos usar essas coisas como recipientes, para colocar ?gua, por exemplo, tamb?m ter?amos que inventar um sistema pr?tico de fechar e abrir. Como poder?amos fazer isso? — F?cil. Simplesmente use outra e fa?a o molde de uma tampa. — Que tonto que sou. N?o tinha pensado nisso — disse Jack, dando um tapinha na pr?pria testa. — Como voc? chama essas coisinhas lindas? — perguntou Elisa, curiosa. — No nosso planeta, s?o chamados de Shans — respondeu Azakis, enquanto fazia a bola desaparecer, e de novo entregou ? Elisa o pequeno ret?ngulo negro. — Ent?o este ? um pequeno Shan — disse Elisa sorrindo, segurando-o entre os dedos, enquanto o observava atentamente. — Posso tentar criar alguma coisa? — Bem, n?o ? t?o simples assim. Eu posso porque uso o meu implante N^COM para program?-lo em tempo real. Ent?o ou eu fa?o um implante em voc? tamb?m, ou voc? pode usar... — ele parou de falar e come?ou a vasculhar uma pequena gaveta na lateral do console. Alguns segundos depois, retirou uma esp?cie de capacete, bem semelhante ao que usaram antes para respirar, e entregando a ela, terminou a frase dizendo: — isto. — Tenho que colocar na minha cabe?a? — perguntou Elisa, hesitante. — Claro. — Essa coisa n?o vai explodir meu c?rebro, vai? Azakis sorriu. Delicadamente, tomou as m?os de Elisa e ajudou-a a posicionar o capacete corretamente. — E agora? — Segure o Shan entre seus dedos e imagine qualquer objeto. N?o se preocupe com o tamanho. Est? programado para n?o se transformar em nada maior que um metro c?bico. Elisa fechou os olhos e concentrou-se. Depois de alguns segundos, um fant?stico suporte de vela prateado se materializou nas suas m?os. — Meu Deus — exclamou, abismada. — ? absurdo. ? inacredit?vel — Elisa n?o conseguia controlar a emo??o. Ela continuou a virar o objeto v?rias vezes em suas m?os, examinando cada detalhe. — ? exatamente como o imaginei. N?o ? poss?vel, devo estar sonhando. Nass?ria – A emboscada Dois enormes jipes abertos, vindos do norte da cidade, cada um com tr?s pessoas a bordo, fez uma parada no farol vermelho de um cruzamento aparentemente deserto. Esperaram pacientemente o farol abrir e ent?o prosseguiram vagarosamente, por mais vinte metros, at? chegarem ? entrada de uma velha oficina abandonada. Um indiv?duo de porte avantajado saltou do primeiro dos dois jipes, e munido de um velho alicate, aproximou-se cautelosamente da entrada e cortou o arame enferrujado que mantinha o port?o fechado. Logo atr?s, outro homem saltou do segundo ve?culo e juntou-se a ele. O outro tamb?m era bem grande e corpulento. Juntos, tentaram mover o velho painel que servia de port?o da frente. Fizeram for?a por um bom tempo, e ent?o, com um sinistro chiado met?lico, o painel se mexeu. Empurraram-no de lado com firmeza, escancarando a entrada por completo. Os motoristas dos dois ve?culos que estavam esperando, um ap?s o outro, com os motores ligados, deixando uma grande nuvem de fuma?a preta atr?s de si, seguiram para dentro da velha oficina e desligaram os jipes. — Venham — disse aquele que parecia ser o l?der, saltando do jipe, seguido por outros tr?s. Os dois indiv?duos que estavam na entrada se juntaram ao pequeno grupo e todos os seis se locomoveram silenciosamente at? a entrada principal do restaurante. — Voc?s tr?s, pelos fundos — ordenou o l?der. Todos os membros do pequeno grupo de assalto estavam equipados de rifles AK-47 e as bainhas curvas t?picas de facas ?rabes Janbiya estavam claramente vis?veis, pendendo dos cintos de alguns deles. N?o eram punhais muito longos, mas as l?minas afiadas de ambos os lados, sem d?vida transformavam-nas em armas mortais. O dono do restaurante, ciente de que a qualquer instante, seus companheiros surgiriam, continuou o vaiv?m entre o sal?o de refei??es e a entrada dos fundos, da onde ele espiava, procurando qualquer movimento suspeito no lado de fora. Seu nervosismo, por?m, n?o passou despercebido pelo General, que como a velha raposa que era, come?ou a desconfiar e notar que algo estava errado. Fingindo que estava apanhando a garrafa de cerveja, ele chegou perto do sujeito gordo e sussurrou em seu ouvido: — N?o acha que seu amigo est? um pouco nervoso? — Na verdade, tamb?m notei — respondeu o gordo, tamb?m em sussurro. — H? quanto tempo o conhece? Sup?e que esteja preparando uma pequena e bela surpresa para n?s? — Acho que n?o... ele sempre foi de confian?a. — Talvez — disse o General, levantando-se rapidamente da cadeira — mas n?o confio nele. Vamos sair daqui, r?pido. Os outros dois trocaram olhares por um instante, perplexos, e ent?o se levantaram tamb?m e rapidamente foram at? o propriet?rio. — Obrigada por tudo — disse o gordo — mas temos que ir — e meteu outra nota de cem d?lares no bolso de sua camisa. — Mas eu nem trouxe a sobremesa — respondeu o homem de cabelo enrolado. — Melhor, estou de dieta — disse o gordo e partiu rapidamente para a porta. Espiou o exterior por detr?s da cortina, e n?o vendo nada fora do comum, fez sinal para os outros dois seguirem-no. Mal teve tempo de passar pela entrada, quando olhando de soslaio, notou os tr?s bandidos se aproximando ? sua direita. — Desgra?ado — conseguiu berrar antes que o mais pr?ximo dos tr?s, num ingl?s muito ruim, ordenasse para parar. Como resposta, o gordo removeu uma granada de atordoamento do cinto, e berrou para seus companheiros: — Granada de luz e som! Os dois imediatamente fecharam os olhos e cobriram os ouvidos. Um clar?o de luz ofuscante, seguido de um grande estrondo, acabou com o sil?ncio da noite. Os tr?s atacantes, tomados de surpresa pelo movimento do gordo, estavam temporariamente atordoados pela explos?o, e o clar?o ofuscante da granada impedia que vissem os tr?s americanos, como uma rajada de corrida de cem metros, escaparem na dire??o do carro. — Fogo! — gritou o l?der dos agressores. Houve uma explos?o dos AK-47 na dire??o dos fugitivos, mas enquanto durava o efeito da granada de luz e som, perdeu-se acima das suas cabe?as. — Vamos! — berrou o magrelo, sacando sua Beretta M9 do coldre sob a axila e respondendo ao fogo. Ao mesmo tempo que corria, o gord?o conseguiu retirar do bolso da jaqueta o controle remoto do ve?culo e abriu a porta traseira. Com um salto ?gil, lan?ou-se para dentro e apanhando um dos rifles M-16 que sempre levava consigo, jogou-o para o General. Ele pegou uma metralhadora FN P90 para si e come?ou a atirar na dire??o dos agressores. — Vamos! — berrou para o magrelo que, mantendo a cabe?a baixa, foi direto ? porta do motorista. Enquanto seus dois amigos o cobriam, subiu no carro. Outra explos?o, por tr?s dele, deixou uma s?rie de buracos desalinhados na parede de chapas met?licas do barraco em frente. Enquanto isso, os tr?s agressores que foram pelos fundos, surgiram na entrada principal do restaurante e se juntaram aos seus colegas no tiroteio. A mira deles era definitivamente melhor. Uma bala atingiu o espelho esquerdo traseiro, que se dividiu em mil peda?os. — Droga! — exclamou o magrelo, ao abaixar a cabe?a por instinto, e tentar ligar o carro. — General, entre — berrou o gord?o, lan?ando outra explos?o na dire??o dos agressores. Com a agilidade de um jovem, Campbell se jogou no banco de tr?s, no exato instante que uma bala voou perigosamente pr?xima da sua perna esquerda e se alojou na porta aberta. Com um movimento r?pido, ele soltou o banco de tr?s e conseguiu passar para o bagageiro. Logo avistou uma s?rie de granadas enfileiradas dentro de um cont?iner de poliestireno. Sem parar para pensar, agarrou uma, e depois de remover o detonador, arremessou-a para os agressores. — Granada! — berrou e se agachou. Enquanto uma nova explos?o de AK-47 quebrava a janela de tr?s e destru?a o farol traseiro direito, a granada de m?o rolou silenciosamente no meio do pequeno grupo de agressores, que cientes do perigo iminente, se atiraram no ch?o, agachando o m?ximo que podiam. A granada explodiu com um ru?do ensurdecedor e um clar?o ofuscante rasgou a escurid?o da noite. O gord?o, aproveitando a manobra de surpresa do General, correu para o lado do passageiro, pulou a bordo, e com uma perna ainda para fora, gritou: — Vai, vai! O magrelo pisou no acelerador e o carro, guinchando os pneus, avan?ou direto para a velha porta do barraco abandonado. O ve?culo lan?ado em velocidade facilmente tirou proveito das chapas de metal enferrujadas do painel, que caiu pesadamente para dentro. O carro continuou em sua corrida maluca, destruindo tudo no caminho. Velhas panelas de barro, engradados de madeira podre, cadeiras e duas velhas lumin?rias foram arrastadas e jogadas para o ar, levantando uma grande nuvem de areia e entulho. O magrelo que dirigia estava tentando desviar o quanto podia, usando o peso do corpo para girar o volante para a esquerda e a direita, mas apesar de todo o seu esfor?o, ele n?o conseguiu desviar da coluna central de madeira podre que segurava o telhado, partindo-a por inteiro. O barraco deu uma chacoalhada, rangeu, e ent?o, como se um enorme peso tivesse ca?do no telhado, literalmente comprimiu-se em si mesmo. Tudo isso aconteceu ao mesmo tempo em que os tr?s, tendo derrubado a parede de fundo tamb?m, fugiram da velha oficina, seguidos de um barulho ensurdecedor e uma grande nuvem escura. O carro, agora descontrolado, bateu numa pilha de lixo deixada ? beira da estrada, e finalmente parou. — Que inferno — disse o General, que j? havia batido a cabe?a v?rias vezes no encosto de bra?o da porta. — Quem te ensinou a dirigir assim? Em resposta, o magrelo pisou no acelerador de novo, e tentou achar um caminho no meio do lixo. V?rios trapos coloridos ficaram presos entre as rodas, e uma velha televis?o ficou pendurada no para-choque traseiro. Ele teve que percorrer pelos detritos por um bom tempo antes de finalmente alcan?ar a beira da estrada. Com uma pancada seca, o carro atravessou o asfalto e os tr?s estavam novamente na estrada principal, rumo ? leste. — Quem diabos eram eles? — perguntou o gord?o enquanto se acomodava no banco e tentava fechar a porta. — Pergunte ao seu amiguinho dono do restaurante — retrucou o magrelo. — Se eu conseguir peg?-lo de novo, vou faz?-lo engolir todos os seus talheres, incluindo as conchas. — Mas o que esperava, amigo? J? devia saber que n?o pode confiar em ningu?m aqui — E ao virar numa estrada secund?ria ? direita, acrescentou: — Pelo menos comemos alguma coisa. O carro negro saiu crepitando na escurid?o da noite, deixando uma trilha irregular de l?quido estranho por onde passava. Astronave Theos – O Presidente — Mas da onde extrai energia para criar um campo de for?a t?o potente? — perguntou o Coronel intrigado, ao observar atentamente o suporte de vela que acabara de ser criado. — A energia est? em tudo, em todos os lugares do Universo — respondeu Azakis. — Tudo que o forma, ? feito de mat?ria, e a mat?ria n?o ? nada mais que uma forma de energia e vice-versa. Mesmo os seres vivos n?o passam de formas simples de energia e mat?ria. — Somos feitos da mesma subst?ncia que as estrelas — sussurrou Elisa extasiada, lembrando uma velha frase de algu?m cujo nome n?o lhe via ? mente naquele instante. — Concordo, mas a partir desse ponto at? a possibilidade de aproveit?-la desse modo, ? um grande salto — disse o Coronel. Ele estava quase pedindo mais esclarecimento, quando um som de blues, do seu celular, o interrompeu. — Agora quem diabos ser?? — disse em voz alta, enquanto lia o nome do autor da chamada: "Camp Adder—Pris?o." — Coronel Hudson — respondeu secamente no microfone. — Coronel, finalmente. Imediatamente Jack reconheceu a voz do sargento negro que o acompanhara em muitas miss?es. — Sargento, o que ?? — Estive lhe procurando por horas. Onde est?? — Ah, direi que estou correndo por a? como o vento. Mas, Sargento, qual ? o problema? — Apenas queria informar-lhe de que seu pedido de transfer?ncia do General foi conduzido sem quaisquer transtornos. — Pedido de transfer?ncia do General? Que diabos est? falando? — Tenho em minhas m?os uma ordem por escrito, assinada pelo senhor, autorizando o General Richard Wright e o Coronel Oliver Morris a transferir o General Campbell para um lugar ultrassecreto. Verifiquei e ? a sua assinatura. — Mas eu n?o autorizei nada desse tipo — O Coronel fez uma breve pausa e ent?o disse: — Onde est? o General agora? — N?o tenho ideia, senhor. Os oficiais que mencionei levaram-no sob cust?dia. — Droga, ele conseguiu fugir — Ent?o teve um palpite e disse: — Sargento, seria capaz de descrever os dois soldados que levaram o General? — Certamente. Um era alto e magro e o outro mais baixo e obeso. Eles tinham... — Ok, Sargento, ? suficiente. Eu compreendo. Obrigado. — Espero n?o ter feito asneira. — N?o se preocupe, n?o foi culpa sua — e encerrou a conversa. — O que houve? — perguntou Elisa preocupada. — Aqueles dois que nos atacaram e que capturamos, fugiram e conseguiram que aquele desgra?ado do General Campbell tamb?m escapasse. — Lamento, querido, de verdade, mas n?o deixe isso te perturbar. Temos problemas muito mais s?rios para nos concentrarmos neste instante, n?o ?? — Voc? tem raz?o — e assim dizendo, fez o suporte de vela deslizar pelas m?os de Elisa, e mostrando para Azakis, perguntou: — Onde n?s paramos? — A fonte de energia. — Certo. Eu queria dizer, como diabos essa coisa funciona? — Bem, n?o ? t?o simples de explicar, mas podemos dizer que ela absorve toda a energia em volta e a molda no formato para o qual foi programada. — Bom — disse Jack, confuso. — N?o posso dizer que entendi muita coisa. Mas o fato ? que funciona, e muito bem. Acha que essa tecnologia tamb?m poderia ser reproduzida na Terra? — Sem d?vida. N?o vejo nenhum problema. Quando chegar a hora, direi a Petri para transferir todas as informa??es necess?rias para voc?. — Fant?stico. Fico s? pensando nas express?es dos nossos cientistas quando estiverem diante de uma revela??o como essa. Atualmente, ainda n?o conseguimos produzir grandes quantidades de energia, a n?o ser de combust?veis f?sseis ou energia nuclear. Acho que sua visita vai revolucionar muitas coisas no nosso planeta. — Como sempre fizeram — acrescentou Azakis, com um pequeno sorriso. — Se me lembro bem — disse Elisa entrando na conversa, — n?o foi um cientista chamado Nikola Tesla, que viveu entre 1800 e 1900, que imaginou uma forma de energia que permeava o cosmo inteiro? — Uau — respondeu Jack, impressionado. — N?o sabia que voc? era especialista. — H? uma por??o de coisas que ainda descobrir? a meu respeito, querido — e com um gesto bem ousado, ela passou a m?o pelos longos cabelos. — Na realidade — continuou Jack, — Tesla fez muito mais. Al?m da realiza??o de toda uma s?rie de inven??es que ainda usamos at? os dias atuais, teorizou a possibilidade de usar o que ele chamava de "?ter”, como uma fonte inexaur?vel de energia. Se essa subst?ncia, que supostamente permeia o Universo inteiro, for adequadamente estimulada, proveria energia em qualquer lugar, a qualquer hora — Satisfeito em ver a amada o admirar cada vez mais, orgulhosamente continuou a sua explica??o: — Entretanto, depois de embates com a hipocrisia e a gan?ncia dos que estavam no poder na ?poca, o acad?mico declarou que a humanidade ainda n?o estava pronta para uma reviravolta desse tipo e abandonou o projeto, fazendo desaparecer todos os seus vest?gios. Somente depois de mais de 100 anos, nossos cientistas come?aram a postular a presen?a de uma "subst?ncia", isto ?, a "mat?ria negra", e tamb?m uma esp?cie de energia, a "energia negra", que aparentemente, comp?em mais de 70% da densidade do Universo. — Estou impressionada — disse a doutora, o olhando com espanto. — Tamb?m n?o pensava que conhecia tanto sobre esse assunto. — H? muitas coisas que ainda descobrir? a meu respeito, querida — respondeu Jack com a mesma gracinha e o mesmo gesto, embora seu cabelo fosse muito curto para obter o efeito desejado. — Talvez estejamos falando sobre a mesma coisa — declarou Azakis, satisfeito. — Energia ilimitada, dispon?vel para todos, em todo o Universo e sem custo... incr?vel — Jack estava absorto na avalia??o de todas as poss?veis implica??es dessa nova revela??o catastr?fica, quando seu celular come?ou a tocar a mesma musiquinha de novo. — E agora, quem ser?? — exclamou um pouco irritado. Ent?o viu quem estava ligando e seu rosto se iluminou. — Almirante, n?o esperava seu telefonema t?o cedo. — Rapaz, consegui contatar o Presidente e expliquei a situa??o. Est? aqui agora, na minha frente. Se quiser passo para ele. — Claro, claro — ele respondeu um pouco constrangido, acenando para Petri, apontando seu telefone celular. Alguns segundos se passaram, ent?o uma voz calma e grave apareceu no telefone: — Coronel Jack Hudson? — Sim, Senhor Presidente. Sou eu, Senhor. ?s suas ordens, Senhor — ao responder, n?o p?de evitar uma posi??o de sentido, provocando um sorriso discreto de Elisa. — Coronel, somente o respeito e a confian?a que tenho pelo Almirante Wilson possibilitaram esta chamada. O que me contaram ? t?o absurdo que pode at? ser verdade. — Sr. Presidente, solicito que ajuste o telesc?pio mais pr?ximo para as coordenadas que vou lhe enviar. Petri j? havia posicionado a Theos num paralelo perto do Polo Norte, para que fosse vista numa ?rea ainda escura da Terra, fazendo uma s?rie de n?meros aparecerem na grande tela. Rapidamente, Jack inseriu e enviou esses n?meros no celular. — Essa ? a posi??o atual da nossa astronave. Acho que seus engenheiros n?o ter?o problemas em nos localizar. O Presidente assentiu brevemente para um assistente alto e robusto com quem estava na Sala Oval da Casa Branca. Mostrou-lhe os n?meros que apareceram no telefone e sussurrou algo em seu ouvido. O homem, que estava de terno preto, camisa branca como neve e uma gravata cinza de listras coloridas, colocou o punho na altura da boca e proferiu uma s?rie de instru??es. — Sr. Presidente — continuou Jack. — A situa??o ? muito grave. Nosso planeta est? em risco de uma enorme reviravolta, e com a ajuda dessas pessoas que vieram de muito longe, poder?amos evitar isso. Compreendo perfeitamente todas as suas reservas, mas realmente estou aqui em cima e posso provar ao senhor. Petri ativou os sensores de curto alcance, apontando para as coordenadas que o Coronel forneceu antes e apareceu na tela da ponte de comando a vis?o de cima da Sala Oval. — Senhor, neste momento est? inclinado em sua mesa com a m?o direita, o Almirante est? ao seu lado e h? mais duas pessoas na sala. O Presidente instintivamente olhou em volta para descobrir se algu?m estava espionando. Ele hesitou um pouco e ent?o disse, desconcertado: — Mas isso ? absurdo. Como sabe disso tudo? — Simplesmente porque estou vendo voc?s. — Mas isso n?o ? poss?vel. Nada pode penetrar a blindagem desta sala. — Nada na Terra, Sr. Presidente — Jack corrigiu. Ent?o Petri se aproximou e disse algo em seu ouvido. O Coronel arregalou os olhos, e num tom decisivo, disse no microfone: — Acho que isto tamb?m n?o ? poss?vel com a nossa tecnologia. Mal teve tempo de terminar a frase quando a mesa hist?rica do s?culo XIX, conhecida mundialmente como a "secret?ria Resolute", come?ou a levitar lentamente. O Presidente pulou para tr?s e olhou perplexo para o Almirante, que retribuiu com um olhar igualmente assombrado. — A mesa est? flutuando no ar — exclamou ele. — ? como se a gravidade n?o tivesse nenhum efeito sobre ela. Um outro homem na sala, de estatura mais baixa que o anterior, mas igualmente robusto, instintivamente sacou a arma do coldre sob a axila, em um gesto para proteger seu chefe. Olhou rapidamente para a esquerda e a direita, como se estivesse tentando detectar um fantasma, mas n?o p?de ver nada suspeito. — Guarde a arma — o Presidente disse em voz baixa. — N?o acho que h? nenhum perigo. Isso ? obra dos nossos amigos l? em cima. Por instinto, todos olharam para o teto branco da sala, exceto o assistente mais alto, que depois de colocar os dedos no fone da orelha direita, num tom sem emo??o, disse: — Temos as imagens, Senhor — e retirou um grande tablet da mala, tocou algumas instru??es na tela, olhou por alguns segundos e ent?o polidamente entregou ao Presidente. O homem, considerado por muitos, como o mais poderoso do mundo, tomou o tablet na m?o esquerda e come?ou a olhar atentamente a tela. O Almirante Wilson, decididamente intrigado, colocou os ?culos de ler, aproximou-se e tamb?m tentou ver o que podia. O dispositivo mostrou as imagens via sat?lite de um telesc?pio, n?o muito potente, instalado num pequeno observat?rio secreto, constru?do no sul da Finl?ndia. J? havia anoitecido nessa ?rea e a escurid?o impossibilitaria ver o ponto indicado com facilidade. — Me d? uns segundos mais, Coronel. Estou prestes a exibir a ?rea correspondente ?s coordenadas que mandou agora h? pouco. A visualiza??o ainda n?o estava focalizada, quando de repente, no meio da negritude do espa?o repleto de milh?es de estrelas, uma pequena esfera prateada, metade iluminada pela luz do sol, apareceu no monitor. Alguns segundos se passaram e a vis?o mudou. O n?vel de amplia??o foi elevado. Agora a esfera ocupava quase o monitor inteiro, e era poss?vel admirar muitos tons de cores, desde roxo at? azul escuro, que pareciam se mesclar na superf?cie prateada. Enquanto isso, a bordo da Theos, os dois terr?queos e os dois alien?genas estavam apreciando a vista na grande tela, olhando abaixo para a Sala Oval. Tocando os controles no console central, Petri ampliou o tablet do Presidente e exibiu sua tela. — Est?o olhando para n?s — exclamou. Depois, percebendo que o ?ngulo estava muito lateral, posicionou a astronave para a direita cerca de vinte graus e acrescentou: — Agora est? perfeito. Querem olhar pela janela e acenar para eles? Elisa e Jack o olharam com espanto, mas quando viram Azakis se dirigindo para a grande janela el?ptica que dava para o espa?o, seguiram-no sem falar. Os tr?s se inclinaram na borda e n?o conseguiam evitar de olhar, maravilhados. Diante deles, em todo o seu majestoso esplendor, estava a Terra. — ? maravilhoso — Elisa conseguiu sussurrar, extasiada. — E agora, acenem — disse Petri animadamente. A imagem no monitor da Sala Oval mudou de novo. Agora o n?vel do zoom era m?ximo. — Coronel, n?o posso acreditar... — murmurou o Presidente num fio de voz. — Posso v?-los — Ent?o virou-se para o Almirante, que assombrado, deixou cair a caneta que segurava e acrescentou: — Isso ? absolutamente incr?vel. — Eu disse, n?o foi? — respondeu Wilson, decididamente satisfeito. — ? minha esquerda, pode ver a Doutora Elisa Hunter e ? minha direita, est? o capit?o desta astronave, o Sr. Azakis. Ambos fizeram um gesto com as m?os e o homem mais poderoso do mundo somente conseguiu responder, embara?ado: — Ahn, prazer em conhec?-los... Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=57159611&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.