Как часто я вижу картинку такую Воочию, или она только снится: Две девочки-гейши о чём-то толкуют, Забыв, что давно им пора расходиться. На улице тёмной все двери закрыты. Ленивое пламя в фонарике сонном… А девочки-гейши как будто забыты Двумя огоньками в пространстве бездонном. Ну что вам не спится, прекрасные гейши? Ведь даже сверчки неумолчны

Amea?a Na Estrada

Amea?a Na Estrada Blake Pierce “Uma obra-prima de suspense e mist?rio. Pierce fez um trabalho magn?fico criando personagens com lados psicol?gicos t?o bem descritos que nos fazem sentir dentro de suas mentes, acompanhando seus medos e celebrando seu sucesso. Cheio de reviravoltas, este livro vai lhe manter acordado at? que voc? chegue ? ?ltima p?gina.”--Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (sobre Sem Pistas)AMEA?A NA ESTRADA (Os Prim?rdios de Riley Paige—Livro 4) ? o quarto livro da nova s?rie de suspense psicol?gico do autor de best-sellers n?mero 1, Blake Pierce, cujo sucesso n?mero 1 Sem Pistas recebeu mais de 1.000 avalia??es de cinco estrelas.Um assassino em s?rie, suspeito de estar usando um trailer, atrai e mata mulheres pelo pa?s—e o FBI entrega o caso a sua mais jovem e mais brilhante agente: Riley Paige, de 22 anos.Riley consegue se formar na academia do FBI, determinada a se tornar uma agente. Mas quando ? colocada em seu primeiro caso oficial com seu novo parceiro—Jake—ela se pergunta se ? a pessoa certa para a tarefa.Riley e Jake, imersos na cultura dos trailers—e indo a fundo na mente do assassino—logo percebem que nada ? o que parece. H? um psicopata ? solta, desafiando-os a todo momento, e disposto a n?o parar at? que tenha matado todas as v?timas poss?veis.Com seu pr?prio futuro em jogo, Riley n?o tem escolha, sen?o descobrir: sua mente brilhante pode parar esse assassino?Uma hist?ria de a??o e suspense de agitar o cora??o, AMEA?A NA ESTRADA ? o quatro livro de uma nova s?rie fascinante, que vai fazer voc? ler p?gina e p?ginas noite a dentro. A s?rie leva os leitores a 20 anos antes—quando a carreira de Riley come?ou—e ? o complemento perfeito para a s?rie SEM PISTAS (Um Mist?rio de Riley Paige), que tem quatorze livros e ainda n?o terminou.O quinto livro da s?rie OS PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE estar? dispon?vel em breve. A M E A ? A N A E S T R A D A (OS PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE—LIVRO 4) B L A K E P I E R C E Blake Pierce Blake Pierce ? o autor da s?rie de enigmas RILEY PAGE, com doze livros (com outros a caminho). Blake Pierce tamb?m ? o autor da s?rie de enigmas MACKENZIE WHITE, composta por oito livros (com outros a caminho); da s?rie AVERY BLACK, composta por seis livros (com outros a caminho), da s?rie KERI LOCKE, composta por cinco livros (com outros a caminho); da s?rie de enigmas PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE, composta de dois livros (com outros a caminho); e da s?rie de enigmas KATE WISE, composta por dois livros (com outros a caminho). Como um ?vido leitor e f? de longa data do g?nero de suspense, Blake adora ouvir seus leitores, por favor, fique ? vontade para visitar o site www.blakepierceauthor.com para saber mais a seu respeito e tamb?m fazer contato. Copyright © 2017 por Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido na Lei de Direitos Autorais dos Estados Unidos (US. Copyright Act of 1976), nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de nenhuma forma e por motivo algum, ou colocada em um sistema de dados ou sistema de recupera??o sem permiss?o pr?via do autor. Este e-book est? licenciado apenas para seu aproveitamento pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se voc? gostaria de compartilhar este e-book com outra pessoa, por favor compre uma c?pia adicional para cada benefici?rio. Se voc? est? lendo este e-book e n?o o comprou, ou ele n?o foi comprado apenas para uso pessoal, ent?o por favor devolva-o e compre seu pr?prio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo do autor. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e acontecimentos s?o obras da imagina??o do autor ou ser?o usadas apenas na fic??o. Qualquer semelhan?a com pessoas de verdade, em vida ou falecidas, ? totalmente coincid?ncia. Imagem de capa: Copyright Korionov, usada sob licen?a de Shutterstock.com. LIVROS DE BLAKE PIERCE S?RIE UM THRILLER PSICOL?GICO DE JESSIE HUNT A ESPOSA PERFEITA (Livro #1) O PR?DIO PERFEITO (Livro #2) A CASA PERFEITA (Livro #3) O SORRISO PERFEITO (Livro #4) S?RIE UM MIST?RIO PSICOL?GICO DE CHLOE FINE A PR?XIMA PORTA (Livro #1) A MENTIRA MORA AO LADO (Livro #2) BECO SEM SA?DA (Livro #3) VIZINHO SILENCIOSO (Livro #4) VOLTANDO PRA CASA (Livro #5) S?RIE UM MIST?RIO DE KATE WISE SE ELA SOUBESSE (Livro #1) SE ELA VISSE (Livro #2) SE ELA CORRESSE (Livro #3) S?RIE OS PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE ALVOS A ABATER (Livro #1) ? ESPERA (Livro #2) A CORDA DO DIABO (Livro #3) AMEA?A NA ESTRADA (Livro #4) S?RIE UM MIST?RIO DE RILEY PAIGE SEM PISTAS (Livro #1) ACORRENTADAS (Livro #2) ARREBATADAS (Livro #3) ATRA?DAS (Livro #4) PERSEGUIDA (Livro #5) A CAR?CIA DA MORTE (Livro #6) COBI?ADAS (Livro #7) ESQUECIDAS (Livro #8) ABATIDOS (Livro #9) PERDIDAS (Livro #10) ENTERRADOS (Livro #11) DESPEDA?ADAS (Livro #12) SEM SA?DA (Livro #13) ADORMECIDO (Livro #14) S?RIE UM ENIGMA DE MACKENZIE WHITE ANTES QUE ELE MATE (Livro #1) ANTES QUE ELE VEJA (Livro #2) ANTES QUE ELE COBICE (Livro #3) ANTES QUE ELE LEVE (Livro #4) ANTES QUE ELE PRECISE (Livro #5) ANTES QUE ELE SINTA (Livro #6) ANTES QUE ELE PEQUE (Livro #7) ANTES QUE ELE CACE (Livro #8) S?RIE UM MIST?RIO DE AVERY BLACK RAZ?O PARA MATAR (Livro #1) RAZ?O PARA CORRER (Livro #2) RAZ?O PARA SE ESCONDER (Livro #3) RAZ?O PARA TEMER (Livro #4) RAZ?O PARA SALVAR (Livro #5) RAZ?O PARA SE APAVORAR (Livro #6) S?RIE UM MIST?RIO DE KERI LOCKE RASTRO DE MORTE (Livro #1) RASTRO DE UM ASSASSINO (Livro #2) UM RASTRO DE IMORALIDADE (Livro #3) UM RASTRO DE CRIMINALIDADE (Livro #4) UM RASTRO DE ESPERAN?A (Livro #5) ?NDICE PR?LOGO (#u90288bfd-204e-5f9c-9602-330206715d1d) CAP?TULO UM (#ubfb5da3a-24e1-54d4-8a56-9f871a8db887) CAP?TULO DOIS (#u8789d246-7a18-552a-b31c-53acd87e338e) CAP?TULO TR?S (#u13f7e762-726b-59c8-8292-be07e6ed4c29) CAP?TULO QUATRO (#u04c9024a-bc60-5b74-a09c-23c5cdf7c8df) CAP?TULO CINCO (#ueb43145c-9fdf-57c9-bf46-7e1ce5a2fe5f) CAP?TULO SEIS (#ue33289aa-3213-514c-b2a8-cfed81c494bb) CAP?TULO SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZENOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) PR?LOGO Ao terminar a trilha pelas colinas ?ridas do Arizona, Brett Parma decidiu n?o voltar imediatamente para o camping. Ela encostou-se em sua pequena van, admirando o caminho que acabara de fazer, e respirou fundo para sentir o ar puro. Brett estava amando aquele lugar mais e mais a cada minuto. E estamos em Dezembro! Pensou. O clima daquele lugar era totalmente inverso ao frio congelante de North Platte, em Nebraska. Claro, ela sabia que aquele local seria terrivelmente quente no ver?o, mesmo no fim da tarde. Em outra esta??o, seria imposs?vel fazer suas trilhas. Brett tinha feito a escolha perfeita para as f?rias de tr?s semanas—tanto em rela??o ao local quanto ? ?poca do ano. Os campings n?o estavam t?o lotados, como estariam na alta temporada. Outra decis?o inteligente tinha sido modificar sua van, transformando-a em um ve?culo de camping simples. Parma vinha precisando desesperadamente daquelas f?rias. Seu emprego como recepcionista para o Grupo M?dico Fam?lia Hanson vinha se tornando cada dia mais enfadonho. Todas as pessoas com quem ela lidava, no telefone ou pessoalmente, pareciam estar com raiva de algo ou de algu?m—da cobertura do plano, do hor?rio das consultas, da falta de disponibilidade de alguns m?dicos... Todos problemas que eu n?o consigo resolver. Mas todos aqueles problemas pareciam, felizmente, muito distantes agora. O que fez Brett pensar... E se eu simplesmente n?o voltar? N?o seria bom aposentar-se aos trinta e poucos anos? Talvez, quem sabe, ela poderia fazer algo ainda mais maluco. E se ela seguisse pela estrada, de camping em camping, quem sabe parando at? mesmo no meio da estrada, sempre para o sul, em dire??o ao M?xico, sem nunca voltar? Parma riu sozinha. N?o, ela n?o tinha aquele perfil—n?o conseguia ignorar perigos e responsabilidades para... Como era mesmo a frase? Ah sim. Para seguir minha felicidade. Ela sabia que a aventura n?o era seu neg?cio. Al?m disso, suas economias se acabariam rapidamente. E depois, o que ela faria? Como se sustentaria? Portanto, era preciso aproveitar ao m?ximo o que viria nos pr?ximos dias. E Brett estava feliz com aquilo. Ao ver o sol come?ar a desaparecer atr?s da montanha rochosa e cor de ferrugem, ouviu o som de um ve?culo se aproximando. Virou-se e viu um carro de camping de tamanho consider?vel. Ficou um pouco surpresa. Ela havia escolhido aquela estrada por imaginar que teria o espa?o somente para si, principalmente naquela ?poca do ano. Surpreendeu-se ainda mais quando o motorista parou o ve?culo exatamente ao lado de sua van. O gigante fez seu carro apequenar-se, mas isso acontecia comumente em outros campings. Deve ser legal ter tanto luxo sobre quatro rodas. O motorista saiu do ve?culo. Era um homem dif?cil de descrever, mas com boa apar?ncia. Ele olhou para Brett e disse: - Ei, n?s n?o nos conhecemos do camping Wren’s Nest? Pensando na pergunta, Brett percebeu que tanto o homem quanto o carro dele pareciam familiares, do camping onde ela havia ficado na noite anterior. Ele tinha exatamente o estilo dos caras que ela havia visto nos campings, mais velhos e obviamente mais ricos do que ela. Geralmente, no entanto, eles tinham uma fam?lia inteira viajando junto. - Pode ser – ela disse. - Sou o Pete – o homem falou. - Sou Brett. - Prazer em conhec?-la, Brett. - Igualmente – Brett disse. – Para onde voc? est? indo? - Para o camping Beavertail – Pete respondeu. - Eu tamb?m – Brett disse. – Parece que fica a dez minutos daqui. Pete assentiu e sorriu. - Sim, ? o que eu vi tamb?m. Ele caminhou at? uma placa que dizia IN?CIO DA TRILHA e parou, olhando para as montanhas por um instante. Depois, olhou para Brett disse: - Parece que voc? acabou de vir de uma trilha. Brett sabia que aquele era um bom chute, j? que ainda estava com sua mochila nas costas. - Exatamente – respondeu. Pete olhou para ela e perguntou: - Acho que tamb?m quero fazer essa trilha. Voc? recomenda? Brett surpreendeu-se um pouco com a pergunta. Ela respondeu: - Hum, ? uma trilha muito legal, mas... j? ? bem tarde, voc? n?o acha? Vai escurecer logo, logo. Pete suspirou, decepcionado. - ? verdade – ele disse. – Talvez eu volte aqui amanh?, ent?o. Ele olhou novamente para as montanhas por alguns segundos, e voltou a caminhar em dire??o a seu carro. Depois, virou-se e disse para Brett: - Voc? quer entrar e tomar uma cerveja? Brett ficou surpresa e feliz com o convite. Ela n?o havia trazido nada para beber na trilha, com exce??o de ?gua e alguns refrigerantes, e uma cerveja gelada cairia bem. Al?m disso, seria incr?vel poder conhecer aquele ve?culo por dentro. - Seria legal – respondeu. Pete a levou para dentro do ve?culo, que por dentro parecia muito mais espa?oso do que por fora. Tinha uma cozinha grande e completa, com forno, e espa?o suficiente para mais de uma pessoa—um casal com um ou dois filhos, talvez. No entanto, Pete parecia estar viajando sozinho. Brett imaginou que ficaria muito assustada viajando sozinha num ve?culo daquele. Sua van n?o tinha nada daquilo, apenas um colch?o. Pete apontou para a porta e disse: - Voc? est? na estrada h? um tempo. Se quiser, pode usar o banheiro. Brett segurou um suspiro de felicidade. Um banheiro de verdade! Claro, n?o seria muito maior do que um closet. Mas em compara??o aos banheiros dos restaurantes, postos de gasolinas e dos pr?prios campings, seria um verdadeiro luxo. - Obrigada! – ela disse. Brett abriu a porta e entrou no pequeno banheiro. A porta fechou-se, e ela encontrou-se totalmente no escuro. Estranho, pensou. O banheiro n?o deveria ter ao menos uma janela? Brett passou a m?o pela parede ao lado da porta, procurando um interruptor, mas n?o encontrou. Claro, ela n?o poderia esperar que o ve?culo tivesse energia el?trica se n?o estava conectado a nenhuma fonte de energia. Virou-se para sair, mas o trinco n?o se mexeu. Deve estar quebrado. T?mida, chamou: - Ei, acho que estou trancada. N?o houve resposta. Come?ando a ficar preocupada, Brett pegou o celular do bolso e ligou sua lanterna. Quando o celular iluminou o local, o medo tomou conta de seu corpo. Aquilo n?o era um banheiro. Talvez tivesse sido um dia, mas agora j? n?o tinha suas caracter?sticas comuns. Brett estava em p? em um espa?o retangular, com as paredes e o teto forrados com pequenos azulejos, com pequenos buracos. Isolamento ac?stico, ela percebeu. Aquele lugar era ? prova de som? Sentiu o medo crescer. Ao focar os olhos na parede, percebeu que os azulejos estavam arranhados. As paredes estavam sujas, manchadas com algo vermelho. Sangue! Quando ouviu o trinco da porta come?ar a se mexer, ela come?ou a gritar. Mas sabia que n?o adiantaria de nada. Quando a porta come?ou a se abrir, Brett Parma soube que iria morrer. CAP?TULO UM Um homem corpulento foi at? o microfone e come?ou a falar. - Sinto-me honrado em estar... Mas sua voz firme transformou-se em um som estridente de microfonia, que ecoou pelo audit?rio gigante. Riley Sweeney quase deu um pulo de sua cadeira. O barulho logo diminuiu, e poucos segundos depois Riley estava rindo, nervosa, junto com os outros formandos da Academia do FBI. O diretor do FBI, Bill Cormack, era conhecido por ter uma voz forte, profunda, que causava estrago nos sistemas de som. Ele poderia at? falar sem microfone, Riley pensou. Com aquela voz forte, com certeza ele se faria ouvir sem grandes problemas. Mas, com um sorriso, o diretor Cormack come?ou a falar no microfone novamente, dessa vez muito mais tranquilo. - Sinto-me honrado em estar formando os graduados da Academia deste ano, aqui em Quantico. Parab?ns a todos voc?s por terem passado por todos os desafios das ?ltimas dezoito semanas. Riley refletiu sobre aquelas palavras. Dezoito semanas! Quem dera eu tivesse tido dezoito semanas inteiras! Ela havia perdido quase duas semanas de Academia, perseguindo um assassino brutal ao inv?s de participar das aulas como todos os outros formandos. Seu mentor, o agente especial Jake Crivaro, havia a retirado da Academia, sem cerim?nias, para trabalhar em um caso na Virginia Ocidental—um caso sinistro em que o assassino matava suas v?timas enrolando-as em arame farpado. Dar conta de seus estudos, depois, fora dif?cil. Riley invejara os outros alunos por terem tido mais tempo para realizar um trabalho t?o dif?cil. Mas ela sabia que nem todos os cerca de duzentos estudantes que tinham entrado na Academia estavam se formando naquele dia. Alguns haviam reprovado, e outros, desistido. Ela estava orgulhosa de si mesma por ter chegado at? ali, apesar de tudo. Riley voltou sua aten??o para o que o diretor Cormack estava dizendo. - Eu olho para tr?s e lembro com admira??o da jornada pela qual eu e tantos outros agentes passamos antes de voc?s, na qual voc?s est?o prestes a embarcar hoje. Posso lhes dizer, pela minha pr?pria experi?ncia, que essa jornada ? muito gratificante—mas ?s vezes, n?o t?o reconhecida. Seus esfor?os nem sempre receber?o gratid?o p?blica. Ele fez uma pausa, como se estivesse refletindo sobre sua pr?pria experi?ncia. Depois, disse: - Lembrem-se que poucas pessoas fora do FBI t?m ideia da responsabilidade de voc?s. Voc?s ser?o criticados por seus trabalhos, e cada um de seus erros ser?o escrutinados, muitas vezes pela m?dia. Quando voc?s falharem ao solucionar um crime, sentir?o que o mundo inteiro sabe disso. Quando obtiverem sucesso, muitas vezes se sentir?o abandonados e esquecidos. Ele inclinou-se para frente e disse, quase murmurando: - Mas lembrem-se sempre—voc?s n?o estar?o sozinhos. Voc?s fazem parte de uma fam?lia agora—a fam?lia mais orgulhosa e leal que qualquer um pode imaginar. Sempre haver? algu?m aqui para confort?-los nas derrotas e celebrar suas vit?rias. Riley sentiu um n? na garganta ao ouvir aquela palavra... Fam?lia. Ela mal tivera uma fam?lia, pelo menos desde que sua m?e fora assassinada diante de seus olhos, quando Riley ainda era crian?a. Seu pai, um ex-integrante da Marinha que morava nas montanhas dos apalaches, ainda estava vivo. Mas ela n?o o via desde... Desde quando mesmo? Desde sua formatura na faculdade, no outono passado, Riley lembrou-se. E o encontro n?o tinha sido nada agrad?vel. At? onde Riley sabia, seu pai n?o sabia quase nada sobre tudo o que ela havia feito desde ent?o. Ela perguntou-se se um dia contaria a ele. Perguntou-se, tamb?m, se voltaria a v?-lo algum dia. E agora, o diretor Cormack estava prometendo algo com o qual Riley sonhara, mas nunca tivera. Uma fam?lia. Seria mesmo poss?vel? Ela se sentiria parte dessa fam?lia enorme nos dias seguintes? Riley olhou em volta, nos rostos de seus companheiros formandos. Muitos estavam sorrindo, uns para os outros, e alguns cochichavam enquanto o diretor Cormack seguia falando. Riley sabia que muitos deles tinham feito grandes amizades na Academia. Ela entristeceu-se ao pensar que n?o tinha encontrado uma “fam?lia” ali. Por conta do caso de assassinato, n?o tivera muito tempo para socializar e fazer amigos. No m?ximo, havia criado a expectativa de duas boas amizades durante a Academia—uma com sua colega de quarto, Frankie Dow, e outra com John Welch, um cara jovem, bonito e idealista, com quem Riley j? havia passado dez semanas durante o Programa de Est?gio de Honra do FBI. John e Frankie tamb?m estavam ali naquele dia. Os formandos estavam organizados por ordem alfab?tica, e portanto seus dois amigos estavam distantes. Riley nem sequer conhecia as pessoas que estavam a seu lado. Lembrou-se de que ela e seu noivo, Ryan Paige, j? eram—ou pelo menos quase—uma fam?lia. Ela voltaria a morar com ele no apartamento dos dois, em Washington, e ambos tinham planos de se casar em breve. Riley havia perdido um beb? em um aborto espont?neo, mas eles pensavam seriamente em ter filhos em alguns anos. Riley perguntou-se se Ryan estaria na plateia. Era s?bado, o que poderia ser um dia normal de trabalho para um advogado iniciante como Ryan. Al?m disso, Riley sabia que ele tinha sentimentos confusos sobre a carreira que ela tinha escolhido. O diretor Cormack finalizou seu discurso, e havia chegado a hora de fazer o juramento para os novos agentes. Um por um, ele chamaria seus nomes. Cada um deles teria que se levantar, fazer o juramento ao FBI, receber seu distintivo, e voltar a seu lugar. Eles estavam sendo chamados em ordem alfab?tica, e quando Cormack come?ou a proclamar os nomes da lista, Riley desejou que seu nome n?o come?asse com a d?cima nona letra do alfabeto. A espera foi longa. Frankie, ? claro, fez o juramento antes, acenando e sorrindo para Riley ao voltar para seu lugar. Quando o diretor finalmente chamou o nome de Riley, seus joelhos se enfraqueceram no caminho at? o corredor. Ao apressar-se em dire??o ao palco, Riley sentiu que j? n?o estava dentro de seu pr?prio corpo. Finalmente no palco, levantou a m?o e repetiu as palavras do diretor Cormack: - Eu, Riley Sweeney, juro solenemente que irei defender a constitui??o dos Estados Unidos contra todos seus inimigos, estrangeiros e internos. Precisou segurar uma l?grima ao continuar. ? real, disse a si mesma. Est? acontecendo. Era um juramento curto, mas Riley achou que sua voz fosse faltar antes do fim. Finalmente, disse as ?ltimas palavras: - ... e que vou cumprir fielmente os deveres do trabalho no qual estou prestes a ingressar. Que Deus me ajude. Riley estendeu sua m?o, esperando que o diretor Cormack lhe entregasse seu distintivo. No entanto, o homem sorriu e colocou o distintivo no p?dio. - Agora espere, senhorita. Temos algo a fazer. Riley tossiu. Ela n?o poderia se formar, no final das contas? O diretor pegou uma pequena caixa preta do bolso de sua jaqueta e disse: - Riley Sweeney, sinto-me honrado em conferir-lhe o pr?mio de Lideran?a por Excel?ncia. Riley congelou, chocada. O diretor abriu a pequena caixa e tirou dela uma fita, com uma medalha. Aplausos tomaram conta do audit?rio quando Cormack colocou a medalha no pesco?o de Riley. Cormack a agradeceu pela iniciativa e lideran?a durante suas semanas na Academia. Riley tentou escutar as palavras dele com aten??o, mas estava tonta de tanta surpresa. N?o desmaie, ordenou a si mesma. Fique em p?. Desejou que algu?m estivesse gravando as palavras do diretor, porque tudo estava confuso para ela naquele momento. Cormack a entregou algo. Meu distintivo do FBI, Riley deu-se conta ao aceit?-lo. Depois, ele estendeu a m?o. Ela o cumprimentou e virou-se para sair. Quando Riley Sweeney, nova agente do FBI, saiu do palco, viu que nem todos os formandos pareciam felizes por ela. Na verdade, havia um claro ressentimento no rosto deles. Mas ela n?o os culpava. Quando voltara do caso de assassinato, Riley fora designada l?der de equipe v?rias e v?rias vezes nas atividades da Academia. N?o era segredo para ningu?m que alguns alunos achavam que a recente tarefa de campo de Riley havia lhe dado uma vantagem injusta sobre os outros. Ela tinha de certeza que os formandos que j? tinham um passado nas for?as da lei deveriam ser os mais inconformados. Riley voltou a seu lugar, emocionada por ter recebido o pr?mio e sem conseguir se lembrar de nenhuma situa??o parecida em sua vida. Enquanto isso, o restante dos formando subiu ao palco para receber seus distintivos. Quando John levantou-se, Riley sorriu e acenou para ele, recebendo um aceno envergonhado como resposta. Depois que os ?ltimos alunos fizeram seus juramentos, o diretor Cormack novamente parabenizou os formandos pela conquista e encerrou a cerim?nia. Os alunos levantaram-se de seus lugares e procuraram seus amigos. Riley rapidamente localizou John e Frankie, que pareciam muito orgulhosos, exibindo seus novos distintivos. - Conseguimos! – John disse, abra?ando Riley. - Somos agentes do FBI de verdade! – Frankie disse, tamb?m abra?ando Riley. - Somos mesmo! – Riley disse. Frankie acrescentou: - E o melhor de tudo: vamos trabalhar todos juntos na sede de Washington. Vamos continuar juntos! - Vai ser incr?vel! – Riley concordou. Ela respirou fundo. Depois de um ver?o intenso, tudo estava dando certo. Mais do que ela poderia imaginar. Riley procurou Ryan e o viu caminhando pela multid?o, em sua dire??o. Ele estava mesmo presente, e tinha um sorriso estampado no rosto. - Parab?ns, meu amor – ele disse, beijando-a na bochecha. - Obrigada – Riley disse, retribuindo o beijo. Segurando a m?o de Riley, Ryan disse: - Agora podemos ir para casa. Riley sorriu e assentiu. Sim, aquela era outra not?cia boa daquela formatura. Durante as semanas na Academia, Riley havia morado no dormit?rio, enquanto Ryan ficara no apartamento dos dois, em Washington. Eles tinham passado muito pouco tempo juntos desde ent?o, muito menos do que ambos desejaram. Sua contrata??o para a sede de Washington significava que ela trabalharia a apenas algumas esta??es de metr? de seu apartamento. Eles poderiam organizar suas vidas juntos, e talvez come?ar a planejar o casamento em breve. Mas antes que Ryan e Riley pudessem sair, John a chamou. - Riley, espere um minuto. Temos mais uma coisa para fazer. Os olhos de Riley arregalaram-se quando ela se lembrou... Sim, temos mais uma coisa para fazer. Riley e seus amigos sa?ram no ar gelado do inverno, onde os novos agentes estavam se alinhando e atravessando o p?tio em dire??o ao cofre de armas do FBI. Riley e seus dois amigos apressaram-se para entrar na fila, enquanto Ryan os seguiu. Riley percebeu que Ryan parecia perplexo. Ele n?o percebeu o que est? acontecendo aqui, pensou. N?o havia tempo para discutir naquele momento. Riley e seus amigos estavam se aproximando do intendente. Quando finalmente chegaram, o homem entregou a cada um uma arma de fogo—uma pistola Glock, de calibre 22. Ryan ficou de boca aberta, surpreso—e tamb?m assustado, Riley sabia. Ele vai ter que se acostumar com isso, pensou. Riley sorriu para ele e disse: - Tudo bem, podemos ir embora agora. Aliviada ao ver que Ryan n?o fez nenhum coment?rio sobre a arma de fogo, Riley despediu-se de seus amigos e voltou ao p?tio. Vai ficar tudo bem, pensou. Foi quando um jovem aproximou-se dela segurando um envelope. - Voc? ? Riley Sweeney? – o jovem perguntou. - Sim. O jovem lhe entregou um envelope e disse: - Me mandaram te entregar isso. Voc? precisa assinar aqui, para confirmar que recebeu. Riley assinou e abriu o envelope imediatamente. Cambaleou para tr?s, surpresa, ao ler seu conte?do. - O que ? isso? – Ryan perguntou. Ela respirou fundo e respondeu: - Uma transfer?ncia de cargo. - O que isso significa? - N?o vou trabalhar na sede de Washington. Me colocaram na Unidade de An?lise Comportamental, em Quantico. Ryan gaguejou: - Mas—mas voc? disse que... n?s ?amos morar juntos. - N?s vamos – Riley apressou-se em garantir. – N?o ? t?o longe, na verdade. No entanto, ela sabia que a mudan?a definitivamente complicaria suas vidas. N?o seria imposs?vel para os dois ficarem juntos, mas n?o seria f?cil. Ryan respondeu: - Voc? n?o pode fazer isso. Eles v?o ter que mudar isso a?. - N?o posso fazer eles mudarem nada – Riley respondeu. – Sou uma novata aqui, como voc? no escrit?rio. Riley ficou em sil?ncio por um bom tempo, at? que resmungou: - De quem foi essa ideia, afinal? Riley pensou naquilo. Ela n?o havia assinalado Quantico sem sequer entre suas tr?s prefer?ncias. Quem teria intervindo para coloc?-la l?? Ent?o, ao suspirar, pensou... Acho que j? sei quem foi. CAP?TULO DOIS O agente especial Jake Crivaro olhou descontente para seus ovos mexidos. Eu deveria ter ido naquela formatura, pensou. Ele estava sentado em uma sala do pr?dio da Unidade de An?lise Comportamental, em Quantico, pensando em Riley Sweeney, sua jovem protegida. A formatura dela na Academia do FBI fora dois dias antes, e Jake estava se sentindo mal por n?o ter comparecido. Claro, ele havia encontrado uma desculpa—muita papelada em sua mesa para lidar. Mas a verdade ? que ele odiava esse tipo de cerim?nias, e n?o havia conseguido reunir for?as para ir at? l?, sentar em meio ? multid?o e ouvir discursos que j? tinha escutado muitas vezes antes. Se Jake tivesse ido, teria tido a oportunidade de dizer a Riley cara a cara que ele, pessoalmente, havia a transferido da sede de Washington para a Unidade de An?lise Comportamental, em Quantico. Ao inv?s disso, no entanto, havia deixado um mensageiro fazer seu trabalho. Mas com certeza ela havia gostado da transfer?ncia. Afinal de contas, seus talentos seriam muito mais aproveitados em Quantico do que em Washington. Ent?o, Jake deu-se conta de que talvez Riley nem soubesse ainda que ele havia a escolhido para ser sua pr?pria parceira. Ele esperava que ela gostasse da surpresa quando soubesse que eles trabalhariam juntos. Os dois j? tinham formado um excelente time em casos muito complicados. A novata errava ?s vezes, mas sempre lhe surpreendia com a for?a incomum que tinha dentro de si. Eu deveria ao menos ter telefonado para ela, Jake reprimiu a si mesmo. Crivaro olhou para seu rel?gio e deu-se conta de que Riley deveria estar a caminho naquele momento, prestes a se apresentar para seu primeiro dia de trabalho. Ao tomar um gole de seu caf?, seu telefone tocou. Quando atendeu, uma voz disse: - Ei, Jake. Harry Carnes aqui. Voc? pode falar agora? Jake sorriu ao ouvir a voz de seu velho amigo. Harry era um detetive aposentado de Los Angeles. Muitos anos antes, eles haviam trabalhado juntos no caso de sequestro de uma celebridade. Os dois haviam se dado muito bem e mantido contato desde ent?o. - Claro, Harry – Jake disse. – Sempre bom falar com voc?. O que manda? Jake ouviu Harry suspirar, depois responder: - Algo tem me incomodado. Esperava que voc? pudesse me ajudar. Jake sentiu uma ponta de preocupa??o. - Vou ficar feliz em te ajudar, cara – ele disse. – Qual o problema? - Voc? se lembra daquele caso de assassinato no Colorado no ano passado? A mulher que foi morta em Dyson Park? Jake ficou surpreso ao escutar Harry falando sobre aquilo. Quando seu amigo se aposentara da pol?cia de Los Angeles, ele e sua esposa, Jillian, mudaram-se para Gladwin, uma pequena cidade nas montanhas, ao lado de Dyson Park. O corpo de uma jovem fora encontrado em uma trilha. Apesar de aposentado—e portanto novamente um civil—Harry havia tentado ajudar a pol?cia a resolver o caso, por?m sem sucesso. - Claro, eu lembro – Jake disse. – Por que? Houve um momento de sil?ncio at? que Harry continuasse: - Bom... acho que est? acontecendo de novo. - Como assim? – Jake perguntou. - Acho que o assassino agiu novamente. Outra mulher foi morta. Jake sentiu-se surpreso. Ele perguntou: - Voc? diz em Dyson Park de novo? - N?o, dessa vez no Arizona. Deixe-me explicar. Voc? sabe que eu e Jillian gostamos de viajar para o sul no inverno, certo? Ent?o, n?s estamos no Arizona agora, num camping perto de Phoenix. Hoje de manh?, no jornal local, disseram que o corpo de uma jovem foi encontrado em uma trilha em algum lugar ao norte daqui. Liguei para a pol?cia local, e eles me deram alguns detalhes. – Harry limpou a garganta e continuou. – Jake, o pulso da garota estava todo cortado. Ela deve ter sangrado at? a morte em algum lugar, mas n?o onde o corpo foi encontrado. Igual a v?tima de Dyson Park. Eu posso apostar que ? o mesmo assassino. Jake relutou em acreditar na conex?o. - Harry, n?o sei – ele disse. – Muito tempo passou desde a morte no Colorado. Tem uma boa chance de qualquer semelhan?a entre os casos ser s? coincid?ncia. A voz de Harry mudou para um tom de mais urg?ncia. - Sim, mas e se n?o for uma coincid?ncia? E se o cara que cometeu o crime no Colorado for o mesmo dessa vez? E se ele estiver pensando em continuar? Jake segurou um suspiro. Ele conseguia entender a rea??o do amigo. Harry havia lhe dito o qu?o decepcionado ficara ao n?o conseguir ajudar a pol?cia de Gladwin e do Colorado a encontrar aquele assassino. N?o surpreendia o fato de que um novo assassinato, com detalhes semelhantes, mexesse com Harry. Mas pessoas fazendo trilhas sozinhas em meio ? natureza eram assassinadas de vez em quando. E algumas pessoas insistiam em fazer essas trilhas desertas, mesmo com tantos avisos. Mas o que eu digo para ele? Jake n?o sabia. Harry continuou: - Jake, eu estava pensando... voc? acha que pode pegar esse caso atrav?s da Unidade? Digo, agora que aconteceram dois assassinatos em dois estados diferentes. Jake estava se sentindo cada vez mais desconfort?vel. Ele disse: - Harry, geralmente as coisas n?o s?o assim. Cabe ? pol?cia do Arizona pedir a ajuda do FBI. E at? onde eu sei, eles n?o fizeram isso ainda. At? que eles nos chamem, n?o podemos fazer nada. Agora, se voc? conseguir fazer com que eles liguem para o FBI... Harry interrompeu. - Eu j? tentei. N?o consigo convencer os tiras de que esses casos est?o ligados. E voc? sabe o que os tiras locais pensam sobre o FBI se metendo nos casos deles. Eles n?o costumam gostar da ideia. Jake pensou: N?o, n?o gostam mesmo. Para ele, era f?cil imaginar como a pol?cia do Arizona reagiria a um policial aposentado tentando convenc?-los de que eles estavam deixando algo importante passar. Mas Harry, na verdade, estava certo sobre algo. Se o assassino havia cometido crimes em mais de um estado, o FBI n?o precisava de um convite para entrar no caso. Se Harry estivesse certo sobre o assassino ser o mesmo, o FBI poderia abrir uma investiga??o. Se Harry estivesse certo. Jake respirou profundamente. - Harry, eu n?o sei se posso fazer algo por aqui. Seria dif?cil convencer as pessoas que comandam aqui de que isso ? caso para o FBI. Voc? sabe que o FBI n?o vai se meter se os tiras locais acham que esse ? um simples caso de assassinato. Mas... - Mas o que? Jake hesitou, e ent?o continuou. - Deixe-me pensar nisso tudo. Eu volto a te ligar. - Obrigado, amigo – Harry disse. Eles encerraram a liga??o. Jake encolheu-se, imaginando porque diabos tinha prometido ligar para Harry. Ele sabia perfeitamente que jamais convenceria o Agente Especial Respons?vel, Erik Lehl, de que aquele era um caso para o FBI. Pelo menos n?o com uma conex?o t?o fraca entre os assassinatos. ?, n?o vou conseguir. Mas Jake j? havia feito a promessa, e Harry estava no Arizona, esperando um retorno de Crivaro a qualquer momento. E a ?nica resposta que Jake poderia dar a ele era exatamente o que deveria ter dito antes de encerrar a primeira liga??o—que n?o havia como envolver o FBI naquilo. Jake olhou para seu celular por um instante, tentando criar coragem para retornar a liga??o. Mas ele n?o estava preparado para aquilo—ao menos n?o naquele momento. Ent?o, decidiu voltar suas aten??es para seu caf? da manh?. Imaginou que, talvez, mais uma x?cara de caf? pudesse ajud?-lo a refletir melhor sobre como lidar com aquela situa??o. Ou n?o. Jake sabia que n?o andava na sua melhor forma. Ele j? vinha se sentindo mal antes da liga??o de Harry, e n?o s? por conta de sua aus?ncia na formatura de Riley Sweeney. O caso que ele e Riley tinham resolvido algumas semanas antes—o caso grotesco do assassino do arame farpado—tinha lhe deixado exausto, sem for?as. E aquilo parecia estar acontecendo cada vez mais com a chegada da idade. Sua energia j? n?o se recarregava como antes. E Jake suspeitava que seus colegas de Unidade sabiam disso. Ele achava que, justamente por isso, Erik Lehl n?o havia lhe colocado em outro caso desde aquele ?ltimo. E talvez ele estivesse certo. Talvez Jake ainda n?o estivesse pronto para outra. Ou quem sabe ele n?o voltaria a estar pronto—nunca mais. Jake tomou mais um gole de caf? ao pensar... Talvez seja mesmo hora de me aposentar. Aquele pensamento vinha lhe incomodando muito ultimamente. Fora uma das raz?es pelas quais ele havia se empenhado em transferir Riley Sweeney para a Unidade de An?lise Comportamental. Por isso ele precisava de uma agente t?o acima da m?dia como parceira. Em tantos anos, Jake jamais conhecera outra pessoa com tanto talento—com tanta habilidade para entrar na mente de um assassino. Quando se aposentasse, Jake queria deixar algu?m como ele para continuar seu trabalho—um ou uma jovem agente que pudesse substitui-lo ? altura. Mas ele achava que preparar Riley para tudo aquilo n?o seria uma tarefa f?cil. Comumente, ele a descrevia como “um diamante a ser lapidado”. E de fato ela era um diamante bruto. Mesmo agora, formada na Academia, Jake sabia que teria muito trabalho para lapidar aquela joia—sua impetuosidade, sua tend?ncia a burlar e quebrar regras e n?o seguir ordens e sua falta de disciplina quando se tratava de utilizar seu pr?prio dom. Ela tem que aprender muito, Jake pensou. E ele precisava saber se era de fato a pessoa certa para ensinar tudo o que Riley precisava aprender, especialmente agora, quando n?o parecia mais estar em seu auge. Uma coisa parecia certa—Jake n?o poderia pegar leve com Riley. N?o que ele tivesse sido bonzinho demais at? ent?o. Na verdade, ele havia tido dificuldades de segurar seu nervosismo quando Riley cometera alguns erros de novata. Mas ele gostava muito dela, mesmo que tentasse n?o demonstrar muito. Ela o lembrava de quando ele era muito mais jovem. ?s vezes, ele sentia-se tentado a mim?-la. Mas sabia que n?o podia. Precisava ser duro com Riley. Precisava mold?-la rapidamente. Quando finalmente terminou seu caf?, Jake encontrou-se novamente pensando em Harry Carnes, que provavelmente estava esperando sua liga??o. Jake pensou... Tem algo que eu posso fazer por ele? Ele precisava admitir, uma onda de ?nimo lhe atingira s? de pensar em entrar em a??o novamente. E por que n?o? Erik Lehl n?o parecia estar prestes a coloc?-lo em qualquer outro caso t?o cedo. A alternativa seria sentar em sua sala e fazer trabalhos entediantes, a n?o ser que... Uma ideia surgiu na mente de Jake. Ele tinha v?rias f?rias vencidas. Poderia pedir dois ou tr?s dias de folga para Lehl, ir at? o Arizona, e descobrir se poderia ajudar Harry de alguma maneira. Claro, Riley Sweeney estava a caminho de Quantico para se apresentar para o trabalho. Mas n?o haveria muito sentido em t?-la come?ando seu trabalho na Unidade se seu parceiro s?nior estivesse de f?rias, ent?o... Por que ela n?o pode ir comigo? Aquilo poderia dar ? novata oportunidades simples e seguras de treinamento. Jake sorriu ao pensar naquilo. Ao sair da sala do caf? e seguir na dire??o do escrit?rio de Erik Lehl, pensou... Quem sabe pode at? ser divertido. CAP?TULO TR?S Ao chegar ? sede da UAC, em Quantico, Riley estava de p?ssimo humor. O caminho desde seu apartamento, em Washington, fora pior do que ela esperara. O tr?nsito da manh? fora t?o intenso que ela quase havia perdido a sa?da da rodovia. Seria pior se eu estivesse indo na outra dire??o, disse a si mesma. Mesmo assim, n?o seria nada divertido encarar aquele tr?nsito todos os dias. E a volta depois de um dia de trabalho n?o seria nenhum pouco f?cil tamb?m. Agora, finalmente parada no estacionamento da UAC, Riley viu duas entradas—uma para visitantes, outra para funcion?rios. Qual delas ela deveria usar? Ningu?m havia a avisado. Na verdade, ningu?m havia lhe dito nada desde que ela recebera a carta depois de sua formatura, dois dias antes—com a mensagem lhe dizendo para se apresentar em Quantico, e n?o em Washington. Ao receber a carta, Riley tivera certeza de que a transfer?ncia fora ideia do Agente Crivaro. Mas agora ela j? n?o estava certa. Afinal de contas, eles j? haviam trabalhado juntos em outras investiga??es. Crivaro n?o teria ao menos se dado ao trabalho de telefonar e conversar sobre a mudan?a? Enquanto isso, Riley n?o fazia ideia de como seria aquele dia—ou, na verdade, de como seria seu futuro como um todo. Ent?o, deu-se conta de que fosse qual fosse o futuro, tudo o que ela havia feito no ?ltimo ano tinha lhe levado at? ali. Quando entrara em uma investiga??o de assassinatos no dormit?rio de sua faculdade, quando trabalhara com Jake em alguns casos, mesmo que ainda estivesse em treinamento, aquilo tudo a levara at? aquele momento. Ela n?o era uma visitante. Era uma agente do FBI. Dirigiu at? o port?o dos funcion?rios, onde um seguran?a estava parado. Riley pegou seu distintivo e mostrou ao guarda. O guarda assentiu e disse: - Est?o te esperando. Ele ent?o a entregou uma etiqueta de permiss?o para o estacionamento e fez sinal para que ela entrasse. Riley sentiu um surto de anima??o. Era a primeira vez em que ela havia mostrado seu distintivo do FBI para se identificar, e aquilo j? havia feito diferen?a. Ganhei at? um lugar para estacionar! No entanto, a anima??o logo passou quando Riley dirigiu pelo estacionamento ? procura de uma vaga. Mem?rias do passado come?aram a atordo?-la. Depois de tantas semanas morando em um dormit?rio, ela finalmente conseguira passar duas noites e um domingo inteiro com Ryan. A primeira noite fora incr?vel, j? que eles tinham passado tanto tempo separados, mas os dias seguintes n?o haviam sido t?o animadores. Ryan n?o estava nada feliz com o novo trabalho de Riley e o inconveniente que ele causara. Inconveniente! Riley riu em voz alta. Para Ryan, o grande problema era que Riley precisaria do carro diariamente para trabalhar, fazendo com que ele tivesse que ir e voltar de seu trabalho de metr?. Aquilo tinha sido um golpe no orgulho dele. Seu Ford Mustang era um dos luxos de sua vida, e ele amava dirigi-lo para ir ao trabalho todos os dias. Riley sabia que o ve?culo lhe fazia se sentir como o grande advogado que ele esperava ser um dia. Ryan n?o tinha reclamado abertamente sobre essa quest?o, mas tampouco havia escondido seus sentimentos. Ele tentou desenhar a situa??o como uma demonstra??o de sua grandiosidade, como se ele estivesse fazendo um sacrif?cio enorme para apoiar Riley em sua nova carreira. E tudo por causa desse carro rid?culo, Riley pensou, ao estacionar e desligar o motor. Ela saiu do ve?culo e olhou para ele por um instante. Lembrou-se da primeira vez em que havia visto aquele Mustang. Ela e Ryan eram ambos universit?rios e estavam em seu primeiro encontro. Riley ficara muito impressionada ao v?-lo chegando a seu dormit?rio com aquele carro, e tamb?m com a eleg?ncia dele ao abrir e fechar a porta para ela. Olhando para o mesmo carro, agora, Riley suspirou. Aquele tempo bom, de quando ela e Ryan come?aram a se conhecer, parecia ter ficado muito para tr?s. O Mustang j? n?o lhe impressionava mais, e ela desejava que o carro j? n?o significasse tanto para Ryan tamb?m. Qual o problema de pegar o metr?? Riley havia andado de metr? todos os dias no ver?o, durante o Programa de Est?gio de Honra do FBI. Era um meio de transporte eficiente, e na verdade ela at? gostava de se juntar a outros passageiros. Mas para Ryan, aquilo era algo que afetava sua masculinidade. Riley entrou no pr?dio e mostrou suas credenciais no port?o de seguran?a. O guarda olhou seu nome e disse que ela deveria se apresentar imediatamente na sala do Agente Crivaro. Ao pegar o elevador, Riley teve certeza de que aquilo provava sua teoria—de que fora de Crivaro a ideia de transferi-la para Quantico. N?o pode deixar de sentir-se orgulhosa por saber que ele a queria ali. Crivaro n?o era s? um bom agente s?nior. Ele era quase uma lenda no FBI. Mas o que ele iria querer que uma iniciante como ela fizesse no seu primeiro dia de trabalho? Lidar com a papelada, provavelmente, imaginou. A previs?o era entediante, mas Riley sabia que seu trabalho no FBI n?o seria feito s? de aventuras. Mesmo tendo mais experi?ncia do que o normal para uma novata, ela ainda era somente uma novata. Progredir pouco a pouco parecia uma boa ideia. N?o seria t?o animador quanto uma aventura, por?m tampouco seria t?o perigoso. E seria bom trabalhar com um hor?rio fixo, pelo menos por enquanto. Um cronograma regular poderia ajudar a melhorar a rela??o com Ryan, dando aos dois a chance de se acostumar com a presen?a um do outro novamente. Riley saiu do elevador, caminhou pelo corredor at? a sala de Crivaro, e ent?o bateu na porta. Ouviu uma voz familiar dando-lhe permiss?o para entrar. Ao abrir a porta, Riley viu Crivaro em p? atr?s de sua mesa. Ele estava vestindo um chap?u e uma jaqueta. Havia uma mochila em seus p?s. Ele olhou para seu rel?gio e disse: - Chegou em cima da hora. Riley olhou para seu pr?prio rel?gio e viu que n?o estava atrasada. Na verdade, havia chegado mais cedo do que o esperado. Mas estava muito assustada para responder. - Cad? sua mochila? – Crivaro perguntou. - No meu carro, l? fora – Riley disse. Mesmo sem saber muito sobre o trabalho de um agente da UAC, Riley sabia que era importante sempre estar preparada para viajar a qualquer momento. No entanto, ela n?o esperava ter que usar sua mochila t?o cedo. Crivaro perguntou: - Voc? estacionou nas vagas de funcion?rios? Riley assentiu. - Ok, ent?o – Crivaro disse, colocando sua mochila nos ombros. – Vamos pegar suas coisas no caminho at? o meu carro. Crivaro passou por Riley e saiu pela porta. Riley o seguiu, assustada. Ela gaguejou: - M-Mas... para onde n?s vamos? - Temos um caso no Arizona – Crivaro disse. – Vamos pegar um voo comercial para Phoenix, vamos com meu carro at? o aeroporto. Riley tonteou com o turbilh?o de informa??es. - Quanto tempo vamos ficar no Arizona? – ela perguntou. - O quanto for preciso – Crivaro disse. – Nunca me preocupo com esse tipo de coisa. Riley segurou um suspiro. Aquela era a ?ltima coisa que ela esperava que acontecesse naquele dia. E certamente era algo que acabava com suas esperan?as de fazer as pazes com Ryan. - Voc? pode me dar alguns minutos antes de sairmos? – Riley perguntou a Crivaro. – Preciso ligar para o meu noivo para avis?-lo. Ainda caminhando, Crivaro perguntou: - Voc? est? com seu celular? - Sim – Riley disse, ainda o seguindo. - Voc? consegue caminhar e falar ao mesmo tempo, n?o? Enquanto continuava seguindo Crivaro pelo corredor, Riley pegou seu celular e ligou para Ryan. Quando ele atendeu, ela disse: - Ryan, aconteceu algo. Eu, ?... estou indo para Phoenix. Nesse momento, na verdade. Ela pode ouvir a surpresa na voz de seu noivo. - Voc? o que? - Sim, tamb?m fui surpreendida – Riley disse ao entrar com Crivaro no elevador. Ela estava nervosa agora. - Riley, isso ? loucura. ? seu primeiro dia no trabalho! - Eu sei – Riley disse. – Me desculpe. - Quanto tempo voc? vai ficar l?? Riley engoliu em seco e respondeu: - Eu, ?... n?o fa?o ideia. - Como assim voc? n?o faz ideia? O que voc? vai fazer no Arizona, afinal? Voc? vai voltar a tempo para o Natal? Faltam s? alguns dias, sabia? S?o boas perguntas, Riley pensou. Ao inv?s de tentar responder, ela disse: - Olhe, assim que eu souber quando vou voltar, eu vou te avisar. - Voc? vai at? l? dirigindo? – Ryan disse. - Claro que n?o. Vamos pegar um voo comercial. - ‘Vamos’? Quem? - Eu e o Agente Crivaro. Riley e Crivaro sa?ram do elevador e seguiram pelo sagu?o do pr?dio. Ryan disse: - Se voc? vai de avi?o, onde est? meu carro? Riley se assustou. Ela n?o havia tido tempo para pensar no carro. Ela disse: - Est? no estacionamento da UAC aqui em Quantico. N?o se preocupe, est? bem cuidado. - Quanto tempo vou ter que ficar sem ele? Riley sentiu uma ponta de raiva. - Voc? vai se virar, Ryan – ela disse. - Sim, mas por quanto tempo? - Como eu disse—eu vou te avisar quando eu souber. Enquanto Riley e Crivaro sa?am do pr?dio, Ryan seguiu fazendo perguntas ao telefone. S? quer saber do carro, Riley n?o pode deixar de perceber. Quanto mais ele falava, mais a irritava. Riley e Crivaro estavam caminhando pelo estacionamento quando ela, por fim, disse: - Olhe, Ryan—eu n?o posso falar agora. Prometo ligar de novo assim que puder. Te amo. Ela pode ouvir Ryan reclamando ao encerrar a liga??o. Abrindo a porta do carro para Riley, Crivaro disse: - Tudo bem em casa? - N?o poderia estar melhor – Riley respondeu, sentando-se no banco do carona. Quando a raiva passou, ela sentiu-se envergonhada por ter deixado Crivaro escutar sua conversa com Ryan. Jake entrou no carro e ligou o motor. Depois, ele sorriu para Riley levemente e disse: - Ei, caso eu n?o tenha dito—n?s somos uma dupla agora. ?, eu meio que percebi, Riley pensou enquanto Crivaro tirava o carro do estacionamento. Algumas coisas estavam ficando claras. Ela era uma agente de FBI. Jake Crivaro era seu parceiro. E eles estavam indo para o Arizona. Riley desejou ter ao menos uma ideia do que mais poderia esperar daquele dia. CAP?TULO QUATRO Riley n?o pode deixar de se perguntar... Ele est? bravo comigo ou algo do tipo? O Agente Crivaro mal falou com ela no caminho de Quantico at? o aeroporto Reagan. Mas por que? Ela sabia que Crivaro podia ser grosso, impaciente e at? ficar nervoso sempre que ela cometia erros ou desobedecia ordens—o que infelizmente acontecia bastante. Mas o que ela poderia ter feito de errado durante o pouco tempo em que eles estavam juntos naquela manh?? Crivaro havia apenas sa?do ?s pressas com Riley da sede da UAC, sem muitas explica??es, sem dar tempo nem para que ela telefonasse a s?s para Ryan. Claro, agora Ryan estava bravo com ela, e Riley sabia que ele tinha motivos para estar assim. Mas qual poderia ser o problema com o Agente Crivaro? Talvez n?o tenha nada a ver comigo, pensou, esperan?osa. Talvez algum problema pessoal esteja lhe irritando. Mesmo assim, Riley n?o achava que seria uma boa ideia perguntar. Ela decidiu ficar em sil?ncio no carro, tentando focar nas coisas mais incr?veis daquele dia—ela era uma agente do FBI, estava em um caso, e como parceira de um dos agentes mais respeitados na UAC. Quando os dois chegaram ao aeroporto, Crivaro apressou-se em dire??o ao balc?o de check-in. Riley precisou praticamente correr para segui-lo at? o port?o. J? sem ar pela correria pelo aeroporto, eles chegaram a tempo da ?ltima chamada para o voo. Riley lembrou-se de Crivaro olhando para seu rel?gio quando ela chegara na sala dele, e dizendo... “Chegou em cima da hora.” Agora, Riley entendia porque Crivaro estivera t?o preocupado com a hora. Se eles tivessem chegado alguns minutos mais tarde, teriam perdido o voo. Ela desejou que Jake tivesse explicado tudo ao inv?s de apenas fazer com que ela o seguisse, sem perguntas. Crivaro j? havia dito a ela que tinha problemas em trabalhar com parceiros. Ent?o, agora que ela era a parceira dele, e n?o s? uma estagi?ria, o que aquilo significaria? Riley lembrou a si mesma de que Crivaro provavelmente tinha planejado aquela viagem ?s pressas. Certamente, ele tamb?m tinha ficado sabendo de tudo na ?ltima hora. Deve ser algo muito urgente, ela pensou, sentindo uma onda de anima??o. Depois do embarque, Crivaro sentou-se na poltrona da janela e olhou atrav?s dela durante a decolagem. Ao lado dele, Riley ainda estava tentando descobrir o que ele tinha em mente e por que eles estavam com tanta pressa. Quando o avi?o entrou em voo de cruzeiro, Crivaro inclinou seu banco um pouco para tr?s e seguiu olhando pela janela. A luz em seu rosto revelou algumas linhas, criadas durante anos e anos de trabalho em casos complicados. Riley teve certeza de que aquele caso, fosse o que fosse, a faria aprender muito sobre comportamento criminal. Ao trabalhar com Crivaro em outras oportunidades, ela tinha sido retirada de qualquer que fosse sua rotina—faculdade, est?gio, Academia. Agora que estava, de fato, designada para aquele trabalho, teria mais tempo para entender o que estava acontecendo. Mas quando ela descobriria o que estava acontecendo? Com certeza, Riley tinha mais direito de saber das coisas agora. Por fim, criou coragem para perguntar a Crivaro: - Ok, voc? vai me falar algo sobre o caso em que vamos trabalhar? Crivaro mordeu os l?bios. Ele parecia n?o saber qual a resposta para aquela pergunta. Ent?o, disse: - Possivelmente—e essa ? s? uma possibilidade—temos um assassino em s?rie para pegar. Riley pensou ter detectado mais do que desconfian?a em sua voz, como se ele n?o acreditasse em suas pr?prias palavras. Crivaro fez uma pausa, ent?o continuou: - Cerca de um ano atr?s, o corpo de uma jovem foi encontrado em uma trilha em Dyson Park, no Colorado. Ontem, o corpo de outra mulher foi encontrado em outra trilha, no Arizona. Ela morreu sob... bem, sob circunst?ncias similares. Vamos at? o Arizona descobrir se existe mesmo alguma liga??o a?. Crivaro olhou pela janela novamente, como se n?o tivesse mais nada a dizer. - Tem algo a mais? – Riley perguntou. - N?o – Crivaro disse, ainda olhando pela janela. Riley sentiu-se confusa. Aquele era seu primeiro dia de trabalho, mas ela sabia muito bem que Crivaro provavelmente sabia mais do que estava dizendo. Na verdade, ele deveria ter uma pasta cheia de arquivos para que eles pudessem analisar. Os dois deveriam estar estudando esses arquivos em pleno voo. Riley perguntou: - Quais os nomes das v?timas? Crivaro encolheu levemente os ombros. - N?o lembro o nome da v?tima do Colorado. Ningu?m me disse o nome da v?tima do Arizona. Riley n?o pode acreditar no que escutou. Como assim ningu?m disse para ele? Como assim ele n?o se lembra? Ele estava guardando segredos, ou...? Os olhos de Riley se arregalaram quando ela percebeu o que estava acontecendo. Ela disse: - Esse n?o ? um caso oficial da UAC, ?? Crivaro respondeu, um pouco irritado: - N?o importa. Riley sentiu uma pontada de raiva. Ela disse: - Eu acho que importa, sim, Agente Crivaro. Hoje ? meu primeiro dia como agente da UAC. O que eu estou fazendo aqui? Acho que eu tenho direito de saber mais do que voc? est? me contando. Crivaro balan?ou a cabe?a e virou os olhos. - Riley Sweeney, um dia esses seus instintos ainda v?o te trazer problemas s?rios. Ent?o, ele virou-se para ela. Com a voz baixa, come?ou a explicar. - Olhe, mais cedo, hoje, recebi uma liga??o de um velho amigo. Harry Carnes ? o nome dele. Ele era tira em Los Angeles, e n?s trabalhamos em um caso juntos. Ele se aposentou e se mudou para o Colorado. Um ano atr?s uma mulher foi morta perto de onde ele morava—a primeira das duas mulheres que eu mencionei. Ele tentou ajudar a pol?cia local, mas eles n?o solucionaram o caso. - E? – Riley perguntou. - E ent?o que Harry e sua esposa est?o viajando pelo sudoeste nesse inverno, e ele ficou sabendo desse assassinato no Arizona. Ele acha que pode haver uma conex?o com o que aconteceu no Colorado. Ent?o ele me ligou para que eu verificasse essa situa??o. Riley estava se sentindo mais confusa a cada segundo. - Assassinatos id?nticos – ela disse. – Ent?o por que esse n?o ? um caso para o FBI? Crivaro balan?ou a cabe?a e respondeu: - Eu n?o utilizei os meios oficiais. N?o me parece que o FBI v? querer se envolver em algo assim. Eu nem sei qu?o id?nticos os casos s?o, e alguns detalhes n?o s?o t?o incomuns assim. Na verdade eu suspeito que n?o haja conex?o nenhuma entre os dois crimes. Riley apertou os olhos na dire??o de Crivaro e disse: - Ent?o voc? est? me dizendo que n?s estamos indo para o Arizona s? para fazer um favor para um velho amigo seu. - Isso – Crivaro disse. Riley sentiu dificuldades em entender o sentido do que estava ouvindo. Ela perguntou: - Por que voc? est? me levando junto? - Voc? ? minha parceira – Crivaro disse. - Mas esse nem ? um caso de verdade! Crivaro encolheu os ombros. - N?s n?o temos certeza disso. Talvez vamos descobrir que Harry est? certo e que os dois crimes est?o ligados, e a? teremos um assassino em s?rie para ca?ar. Se for assim, isso vai acabar se tornando um caso para a UAC. E voc? n?o gostaria de ficar fora disso, gostaria? Enfim, eu acho... bem, eu achei que essa poderia ser uma boa chance para que n?s dois, sabe, nos acostum?ssemos a trabalhar juntos. Riley quase deixou escapar seu pensamento em voz alta... N?s j? trabalhamos juntos em tr?s casos de assassinato! Mas rapidamente, ela lembrou a si mesma que houvera muito atrito entre os dois nos casos anteriores. E ela nem era oficialmente uma agente at? ent?o. Talvez o Agente Crivaro estivesse certo. Talvez eles precisavam mesmo de algum tempo para se acostumarem a trabalhar juntos em seus novos papeis. Mas um caso n?o-oficial e que talvez nem desse em nada seria a melhor maneira de fazer isso? Riley perguntou: - Quem est? pagando por essa viagem, afinal? - Eu mesmo, ok? – Crivaro respondeu, irritado. – ?bvio que eu serei reembolsado caso isso venha a se tornar um caso de verdade. Riley disse: - Ent?o voc? est? me dizendo o que? Que n?s estamos meio que tirando f?rias juntos? Crivaro riu de um jeito estranho. - Ei, o clima no Arizona nessa ?poca do ano com certeza ? melhor do que em Virginia. Mas n?o precisa me agradecer por isso. - N?o acho gra?a nisso – Riley disse, tentando n?o demonstrar toda sua irrita??o. – Voc? poderia pelo menos ter me contado desde o in?cio essa hist?ria toda. Crivaro se defendeu, dizendo: - Bom, eu estava com um pouco de pressa. E voc? n?o teria nada para fazer em Quantico se eu estivesse fora. Voc? vai estar comigo, pelo menos tentando resolver algo. N?s estaremos sim investigando algo l?. Pode ser uma boa experi?ncia de aprendizado para voc?. Qual o problema? - Vou te dizer qual ? o problema – Riley disse. – Eu tenho um noivo em casa que est? puto da cara porque eu viajei de repente. Voc? acha que ele vai gostar de saber que eu nem sequer estou em um caso real? Crivado suspirou, sentindo-se culpado. - Voc? vai contar isso para ele? Riley assustou-se. Ela nem havia considerado a possibilidade de n?o contar a Ryan sobre todas suas atividades enquanto estivesse longe dele. - Claro – ela disse. - Desculpe por isso – Crivaro respondeu. – Acho que voc? est? certa, eu deveria ter te contado antes. - Sim, eu tamb?m acho. Crivaro olhou para Riley, um pouco mais simp?tico dessa vez, e disse: - Olhe, se voc? quiser sair dessa hist?ria toda, eu vou entender. Quando chegarmos a Phoenix, voc? pode pegar o primeiro voo de volta, se quiser. Eu pago sua passagem. ? isso o que voc? quer? Riley assustou-se com a oferta, e n?o soube o que responder. Eu devo aceitar? Perguntou-se. Por um instante, a escolha parecia ?bvia. Crivaro n?o tinha direito de arrast?-la pelo pa?s para uma tarefa possivelmente in?til. E voltar para casa imediatamente seria uma boa maneira de fazer as pazes com Ryan—principalmente se ela tivesse mais um ou dois dias de folga antes de realmente come?ar a trabalhar em Quantico. Poderia ser exatamente o que ela e Ryan precisavam. Mas ent?o, Riley rapidamente lembrou-se da raiva na voz de Ryan quando ele a perguntara, pelo telefone... “E o meu carro? Quanto tempo eu vou ter que ficar sem ele?” Ela franziu a testa, irritada. A porra do carro, pensou. Estar longe do carro importava mais para Ryan do que ficar longe de Riley. E aquilo a irritava demais. De repente, Riley n?o sentiu-se mais querendo fazer as pazes com Ryan. E sobre a parceria com Crivaro... Bom, pelo menos ele est? interessado em me ajudar. Al?m disso, Crivaro estava certo sobre algo. Eles com certeza fariam uma investiga??o, mesmo que fosse para descobrir que n?o havia nada para ser investigado. Poderia ser uma boa experi?ncia, no fim. Ela poderia aprender algo. Por fim, Riley disse: - Tudo bem. Vou ficar com voc?. Os olhos de Crivaro brilharam. - Tem certeza? – ele perguntou. Riley sorriu e respondeu: - Eu te digo se mudar de ideia. Crivaro retribuiu o sorriso. - Bom, minha oferta est? de p?, se voc? quiser ficar longe de mim. Pelo menos no que diz respeito a essa viagem. Quando come?armos a trabalhar oficialmente juntos em outros casos, voc? vai ficar presa a mim. - N?o vou esquecer disso – Riley disse. Crivaro encostou-se em sua poltrona e fechou os olhos, aparentemente prestes a tirar a um cochilo. Riley pegou uma revista da poltrona da frente e come?ou a folhe?-la. Encontrou-se refletindo sobre o que havia feito. Escolhi o trabalho ao inv?s de Ryan. E para sua surpresa, a decis?o a fez sentir-se bem. O que isso diz sobre mim? Perguntou-se. E sobre o nosso futuro? Ent?o, sua mente come?ou a especular sobre o presente. Arizona. Ela n?o sabia nada sobre aquele lugar. Riley passara a maior parte de sua vinda nas montanhas verdes da Virginia. O que aquela parte t?o diferente do pa?s estaria guardando para ela? CAP?TULO CINCO Quando o avi?o pousou em Phoenix, Riley e Crivaro pegaram suas mochilas do compartimento acima das poltronas e caminharam pela ponte de embarque at? o terminal. Cerca de vinte pessoas estavam esperando pelos passageiros do voo, mas foi f?cil perceber quem estava l? para encontr?-los. Um sujeito de apar?ncia robusta e rosto avermelhado estava acenando fervorosamente para Crivaro. Riley sabia que ele s? podia ser Harry Carnes. A mulher igualmente robusta parada ao lado dele com os bra?os cruzados e a testa franzida devia ser a mulher de Harry, e n?o parecia feliz naquele momento. O homem recebeu Crivaro com um abra?o forte, e Jake apresentou Riley ao casal. O nome da esposa era Jillian. Riley imaginou que eles tivessem a idade de Crivaro, ou talvez apenas alguns anos a mais. Por um instante, ela surpreendeu-se ao ver os dois usando camisetas, shorts jeans e sand?lias. Riley e Crivaro ainda estavam com jaquetas e roupas para um inverno gelado. - Bagagens? – Harry perguntou. - N?o, s? as mochilas – Jake respondeu, segurando a sua. Harry riu e disse: - Bom, acho que voc? vai ter que se preocupar com isso em breve. Riley lembrou-se do que Crivaro havia dito durante o voo. “O clima no Arizona nessa ?poca do ano ? bem melhor do que em Virginia.” Ela definitivamente n?o estava preparada para o clima l?. Eles haviam sa?do com tanta pressa, que Riley n?o tivera sequer tempo de pensar nas roupas que levara. Perguntou-se se precisaria comprar algo novo. Seu or?amento com certeza n?o cobriria muitas pe?as. Talvez nem seja preciso, ela pensou. Se eles voltassem para Quantico logo, provavelmente as roupas de sua mochila seriam suficientes. Harry guiou-os at? a pra?a de alimenta??o mais pr?xima, onde todos sentaram-se a uma mesa e pediram sandu?ches para almo?ar. Crivaro disse a Harry: - Estou aqui. Agora me conte tudo o que voc? sabe. Harry encolheu os ombros. - Eu n?o sei muito mais do que te contei pelo telefone. A mulher foi encontrada morta ontem em uma trilha perto de Tunsboro, uma cidade ao norte daqui. O nome dela era Brett Parma. Quando soube disso pelos jornais, fiquei curioso e liguei para o comandante da pol?cia de Tunsboro. Tive dificuldades para fazer ele falar, mas consegui tirar algumas informa??es. Ele mencionou alguns cortes nos bra?os da mulher—e tamb?m disse que ela sangrou at? morrer antes que seu corpo fosse jogado na trilha. Depois, ele basicamente me disse para ficar longe da investiga??o dele. - O que ? exatamente o que n?s vamos fazer – Jillian comentou. Harry inclinou-se sobre a mesa, em dire??o a Crivaro: - Jake, eu senti algo muito estranho com isso tudo. Foi como se o assassinato de Erin Gibney, de um ano atr?s, estivesse acontecendo de novo. Comecei a ter flashes de como eu tentei ajudar a pol?cia de Gladwin a solucionar o caso, e de como n?s n?o conseguimos. Harry baixou os olhos e sussurrou: - N?s n?o chegamos nem perto de descobrir quem era o assassino. Jillian suspirou, infeliz, e disse a Crivaro: - Harry se sente culpado por isso. Ele diz que se tivesse solucionado o caso no Colorado, talvez esse outro crime n?o teria acontecido. Claro que isso ? rid?culo. Jake, voc? pode explicar isso para ele? Dizer que n?o faz sentido ele estar se sentindo assim. Crivaro olhou para Harry, tentando parecer simp?tico. Ele disse: - Jillian est? certa. Voc? n?o pode se culpar por isso. Mesmo se houver uma liga??o entre esses dois crimes— Harry interrompeu: - Jake, existe uma liga??o. Eu tenho certeza. Riley pode ver a express?o de desconfian?a no rosto de Crivaro. - Harry, eu j? trabalhei em mais casos de homic?dio do que voc? – Crivaro disse. – Eu sei o que ? se sentir respons?vel por uma morte, o que ? n?o conseguir pegar o assassino. Mas voc? n?o pode deixar isso te atingir. – Jake colocou uma m?o no ombro do amigo. – Voc? n?o matou ningu?m, Harry. Voc? n?o ? respons?vel por isso. N?o ? sua culpa. Voc? est? escutando o que eu estou dizendo? Harry suspirou profundamente, ent?o disse a Jake e Riley: - Olhem, eu fui policial tempo o suficiente para saber disso. N?s nunca solucionamos tudo. Mas eu tamb?m trabalhei tempo o suficiente para saber que meu instinto geralmente est? certo. Isso, esse ?ltimo crime, est? mexendo demais comigo. Ele colocou o sandu?che pela metade de volta no prato e o empurrou. - Estou feliz por voc?s terem vindo at? aqui investigar isso – ele continuou. – Isso me faz sentir muito melhor. Terminem seus sandu?ches e vou levar voc?s at? Tunsboro. Jillian cutucou o marido no bra?o e disse, quase sussurrando: - Espere a?, Harry. Voc? n?o vai levar ningu?m a lugar nenhum. Temos que voltar para o camping. Harry olhou para sua mulher, como se pedisse desculpas. - Calma, amor – ele sussurrou. – N?o estamos com tanta pressa. E Tunsboro n?o fica t?o longe daqui. - Eles podem alugar um carro – Jillian disse. – Lembre-se, n?s temos um acordo. Harry parecia envergonhado. Riley imaginou o que estaria acontecendo entre eles. Ela viu que Crivaro parecia n?o saber o que dizer. Por fim, Jillian olhou para Jake e disse: - Harry n?o vai se meter nisso—seja l? o que for isso. Ele est? aposentado. Est? de f?rias. N?o quero ele todo preocupado por conta da morte de Erin Gibney de novo. Ele sofreu com isso por meses. Achei que tudo j? tinha ficado para tr?s. Harry assentiu, relutante, e disse a Riley e Crivaro, com um sorriso t?mido: - Bem, voc?s ouviram o que ela disse. Minha coleira ? apertada. Eu queria poder ajudar voc?s, mas ? isso. Temos uma programa??o. Vamos para o sul, na Festa Nacional de Coronado hoje. Temos uma reserva no camping Riggs Flat. - E n?o vamos cancelar – Jillian acrescentou. – De jeito nenhum. Harry apertou a m?o dela e disse: - Claro que n?o, amor. Mas temos tempo suficiente para levar esses dois at? a delegacia de Tunsboro. Depois podemos voltar ao camping e pegar nossas coisas. ? o m?nimo que podemos fazer por eles, depois deles terem viajado at? aqui. Jillian olhou para Harry com uma express?o dura. - Tudo bem—se voc? prometer que n?o vai mudar de ideia no caminho. Harry levantou a m?o direita de um jeito estranho. - Prometo – ele disse, e beijou sua esposa rapidamente. Jillian sorriu e pareceu tranquila. Ela apontou o dedo para Crivaro e disse: - E voc? n?o tente fazer ele mudar de ideia! - Eu jamais faria isso – Crivaro disse, rindo. O casal parecia muito mais relaxado agora. Harry at? pegou seu sandu?che novamente e, enquanto todos seguiam comendo, conversou sobre assuntos banais com Riley e Crivaro. De vez em quando, Jillian acrescentava detalhes ou o corrigia. Harry e Jillian haviam rec?m se tornado av?s, e sua filha mais nova estava prestes a se casar. Como sempre, naquela ?poca do ano, o clima no Colorado estava frio demais para o gosto dos dois. Ent?o, assim como quase sempre faziam no inverno, o casal havia pego sua cabana e dirigido at? o sudoeste, onde o clima era mais ameno, e estava dormindo de camping em camping. Harry mostrou a Riley e Crivaro, orgulhoso, uma foto de seu trailer—um ve?culo grande e branco. O homem chamou o carro de “sua casa longe de casa”. Enquanto a conversa continuava, Riley percebeu uma express?o melanc?lica no rosto de Crivaro. Ela se perguntou... Ser? que Crivaro tem inveja da vida deles? Mais uma vez, Riley deu-se conta de que Crivaro e Harry pareciam ter quase a mesma idade. Ela nunca havia imaginado Crivaro aposentado. Teria ele pensado em aposentadoria alguma vez? Aquilo faria algum sentido para ele? Mesmo havendo muita coisa que Riley n?o sabia sobre seu mentor, ela sabia que ele era divorciado e tinha um filho com o qual n?o tinha uma boa rela??o. A vida de Crivaro era muito diferente da de Harry e Jillian, com sua fam?lia unida e feliz. Se ele tinha netos, nunca havia falando deles para Riley. Ele havia dito que sua ex-mulher tinha um segundo casamento feliz, que seu filho era corretor de im?veis, e que... “Eles s?o perfeitamente normais, pessoas comuns.” Com uma risada sarc?stica, Crivaro adicionara: “Acho que n?o consigo ser normal.” Mais uma vez, Riley deu-se conta de que Crivaro era um homem muito solit?rio. Se o trabalho era a ?nica coisa que dava sentido a sua vida, se ele sentia falta de algo, naturalmente aquele casal aposentado, perfeitamente normal e feliz, poderia despertar a melancolia nele. Seria a solid?o um dos motivos pelos quais Crivaro havia levado Riley para aquela viagem t?o peculiar? J? houvera momentos em que Riley sentira que Crivaro era mais como uma pai para ela do que aquele ex-integrante da Marinha que morava sozinho nas montanhas. Pelo menos, ele ?s vezes lhe elogiava por fazer algo certo, o que j? era mais do que seu pai fizera a vida inteira. Riley imaginou... Ser? que ele j? pensou em mim como filha? Todos terminaram de comer e seguiram para o estacionamento. Riley ficou aliviada ao ver que o clima estava agrad?vel. Morno, mas n?o t?o quente, nem ?mido. Talvez as roupas que ela trouxera fossem servir, ao final da contas. Ela esperava ver o trailer inteiro, o mesmo das fotos, mas eles chegaram a um caminh?o comum. - Onde est? o trailer? – Crivaro perguntou. - Por isso nosso trailer ? t?o bom – Jillian respondeu. – Podemos desencaixar a casa e deix?-la no camping quando queremos dirigir s? a... a outra parte. N?o ? nada chique, mas muito pr?tico. Crivaro e Harry subiram nos lugares da frente, enquanto Riley e Jillian sentaram-se nos bancos de tr?s. Enquanto sa?a do aeroporto com o ve?culo, Harry conversou sobre outros assuntos banais com Crivaro—sobre os caminhos que eles haviam feito desde o Colorado, onde pretendiam ir depois, que lugares visitavam a cada inverno e at? mesmo onde havia bons restaurantes no caminho. Para Riley, parecia que ele tinha um estoque sem fim de assuntos triviais para conversar. Crivaro, por?m, parecia estar escutando cada detalhe, sem aparentar nenhum sinal de t?dio. Riley parou de prestar aten??o na conversa. Ficou feliz ao ver que Jillian, sentada a seu lado, n?o pretendia iniciar outra conversa qualquer no banco de tr?s. Mas ent?o, Riley imaginou se deveria dizer algo a Jillian, apenas para parecer educada. Quando Harry entrou na rodovia com dire??o ao norte, Jillian disse: - Vi que voc? est? noiva. Riley surpreendeu-se, mas rapidamente percebeu que Jillian estava olhando para seu anel de noivado. Ela sorriu e disse: - Sim, sou. Jillian mostrou um meio-sorriso e perguntou: - O casamento j? tem data? Riley engoliu em seco ao ouvir a pergunta. - Ah, ainda n?o. A verdade ? que ela e Ryan n?o faziam ideia de quando seria o casamento. ?s vezes, parecia que a ideia de se casar n?o passava de uma fantasia. - Bem – Jillian disse, - te desejo toda felicidade. Jillian ent?o virou sua cabe?a e olhou pela janela. “Te desejo toda felicidade.” Jillian e seu marido certamente pareciam ter encontrado a felicidade. Mas Riley sentia que a felicidade deles tinha sido dif?cil de conquistar, e que o trabalho de Harry na pol?cia n?o havia facilitado as coisas para eles. Riley encontrou-se pensando em seu pr?prio futuro. O que o destino lhe reservava? Ela e Ryan haviam tido momentos incr?veis juntos. Mas Riley temia que a felicidade seria dif?cil de conquistar para os dois tamb?m. Ela teria um dia uma aposentadoria feliz com algu?m que amava? Ou acabaria sozinha como o Agente Crivaro? Riley olhou pela janela. A paisagem l? fora era diferente de tudo o que ela j? tinha visto, a n?o ser em alguma fotos. Com exce??o dos terrenos onde haviam galp?es e planta??es, aquele lugar parecia sem vida para ela. Em algum lugar, em uma paisagem deserta como aquela, uma jovem mulher havia sido brutalmente assassinada. Teria sido o mesmo monstro assassino de antes? Se sim, Riley e Crivaro precisavam por um fim naqueles crimes de uma vez por todas. CAP?TULO SEIS Quando o ve?culo come?ou a se aproximar da cidade de Tunsboro, Riley percebeu que Jillian estava novamente se sentindo desconfort?vel. E talvez ela tenha bons motivos, pensou. Os dois homens nos bancos da frente n?o estavam mais conversando sobre viagens ou qualquer outro assunto aleat?rio. Harry havia deixado seu lado viajante para tr?s e voltara a focar no assunto que, naquele momento, era o principal em sua mente. - Sabe, estou come?ando a criar uma teoria sobre esses dois crimes – ele disse. – Quer saber qual ?? Riley ouviu Jillian suspirar. Ela sabia que a mulher estava com medo de que seu marido fosse descumprir a promessa de n?o se envolver no caso na ?ltima hora. Parecendo irritado, Crivaro apenas resmungou. Riley percebeu que a inten??o dele era dizer “n?o”. Mas Harry estava claramente determinado a contar sobre sua teoria mesmo assim. - Eu acho—n?o, eu tenho quase certeza—que o assassino gosta de acampar e fica pulando de camping em camping. - Igual a voc?? – Crivaro perguntou, com ironia. Harry riu e respondeu: - Sim, como eu, com exce??o dos anos que eu passei justamente atr?s de caras como ele. Mas de certa forma, voc? est? certo. O assassino tem que ser algu?m que combina com a cultura de acampamento. Com certeza ele escolhe as v?timas nos campings. Crivaro balan?ou a cabe?a. - N?o sei, Harry... Harry o ignorou e continuou falando sobre sua teoria. Riley, por sua vez, entendeu a desconfian?a de Crivaro. Mesmo que Harry estivesse certo e os dois assassinatos estivessem ligados, certamente aquilo n?o significava que o criminoso tinha “escolhido” algu?m. Ela sabia que alguns assassinatos eram atos espont?neos, resultados de encontros do acaso. Al?m disso, a maioria das pessoas que acampavam viajava em grupo, pelo menos em duplas. A ideia de existir um campista psicopata vagando pelos campings do pa?s parecia um pouco for?ada. Por fim, Harry disse: - Mas enfim, Jake, n?o quero te dizer como fazer seu trabalho, mas... Riley pode ver Crivaro intrigado com aquelas palavras. Ele resmungou novamente: - Na verdade isso aqui n?o ? meu trabalho. As palavras nem sequer fizeram Harry falar mais devagar. Ele continuou: - Acho que voc? e sua parceira deveriam come?ar indo aos campings, fazendo v?rias perguntas ?s pessoas. Mais cedo ou mais tarde voc?s v?o encontrar alguma pista. Crivaro virou os olhos, e Riley concordou com a rea??o dele. Ainda sem perceber a irrita??o de Jake, Harry seguiu. - Olhe, voc? e sua parceira n?o podem chegar nos campings do jeito que voc?s est?o agora. Voc?s t?m “FBI” estampado por tudo. Eu conhe?o quem acampa, e maioria deles s?o totalmente amig?veis, e v?o conversar com voc?, n?o importa quem voc? seja. Mas temos todo tipo de gente aqui. Alguns deles s?o mais do tipo—qual a palavra mesmo? - Reservados – Jillian resmungou. – Alguns deles s?o t?midos. - Isso, ? isso, t?midos – Harry disse. – Alguns deles gostam de ficar na deles. E se algum desses t?midos souber de algo, eles v?o desaparecer no mesmo instante em que verem voc?s. O que eu quero dizer ? que voc?s t?m que ir ? paisana, fingindo que v?o acampar. Voc? pode dizer que a garota ? sua prima ou algo do tipo. Claro, voc? sabe como fazer isso, mas por esses lados, pode ser mais dif?cil do que parece. Primeira coisa, voc?s precisam de roupas novas, precisam se vestir mais como eu e Jillian. E voc?s v?o precisar do seu pr?prio trailer ou... Nesse momento, Crivaro o interrompeu. - Harry, n?s n?o podemos simplesmente comprar um trailer. - Sim, eu sei, mas voc?s podem alugar um – Harry disse. – Com certeza tem alguns dispon?veis por aqui. Mas escolha um decente, nada muito acabado. Alguns dos melhores campings nem deixam os trailers mais destru?dos entrarem. Com certeza o comandante de Tunsboro vai saber dizer onde voc? pode encontrar o que voc? precisa. Riley deixou escapar um sorriso. A ideia de ir de camping em camping com Crivaro, fingindo ser a sobrinha dele, parecia rid?cula para ela. N?o vamos conseguir enganar ningu?m, pensou. Ela percebeu que os conselhos infinitos de Harry mostravam como ele estava animado com o caso. Por outro lado, o sil?ncio de Jillian mostrava que ela estava muito ciente da anima??o do marido. Enquanto Harry seguiu falando sobre como Riley e Crivaro deveriam investigar o caso, eles passaram por resorts com campos de golfe e alguns ranchos um pouco antes da cidade de Tunsboro. Quando finalmente chegaram a Tunsboro, Riley pensou estar em uma daquelas cidades antigas de faroeste que algu?m tinha tentado, sem sucesso, transformar em um lugar moderno. Pr?dios com fachadas estranhas tomavam conta da rua principal. Coberturas prec?rias sustentadas por postes de madeira tomavam conta da frente dos pr?dios. Mesmo que alguns deles tivessem sido pintados recentemente, nenhuma das constru??es parecia pronta para o ano 2000, prestes a chegar. Na verdade, a cal?ada de concreto, as ruas pavimentadas, os sem?foros e especialmente os carros pareciam n?o pertencem ?quele lugar. Harry estacionou em frente ? delegacia, que tamb?m tinha uma fachada antiga. Ele virou-se para olhar para Riley e Crivaro. - N?o acho que o comandante Webster esteja esperando por voc?s. N?o falei nada sobre meu contato com a UAC. Ele pelo menos me conhece da conversa ao telefone. Talvez eu deva entrar com voc?s e— Jillian interrompeu imediatamente. - Nem pense nisso, Harry. Harry olhou para sua esposa com a express?o de quem precisava de um favor. - Vai levar s? um minuto, querida – ele disse. - N?o vai levar s? um minuto, voc? sabe disso. Vamos deixar seus amigos aqui e vamos direto pegar nossas coisas e seguir para Corolado. ? isso o que vai acontecer. - Mas querida— - Sem “mas”, Harry. Se voc? entrar nessa delega??o, eu vou pegar esse carro e ir embora sem voc?. Harry suspirou e for?ou uma risada. Ele disse a Crivaro e Riley: - Bem, voc?s escutaram. Como eu disse, a coleira ? apertada. Temos que ir. Desejo uma boa ca?ada para voc?s dois. E obrigado novamente por virem at? aqui investigar isso. Quando Riley e Crivaro sa?ram do ve?culo, ela ouviu Harry resmungando: - Eu gostaria que voc?s me mantivessem informado. - N?o! – Jillian interrompeu novamente. Riley e Jake ficaram ali, vendo Harry e sua esposa irem embora da cidade. Riley sentiu-se muito estranha ao estar ali, de repente no meio daquela cidade incomum. Crivaro, aparentemente, estava sentindo o mesmo. Ele olhou para o ch?o, mexeu os p?s e balan?ou a cabe?a. - Que loucura – ele disse. – N?o t?nhamos nada que nos meter nisso. Riley riu e disse: - Bom, n?o foi exatamente uma ideia minha. Depois, uma possibilidade surgiu em sua mente. - Al?m disso – acrescentou, - at? onde sabemos, Harry est? certo sobre tudo o que disse. Crivaro olhou para ela e resmungou: - Ele n?o est? certo sobre eu e voc? indo acampar. Isso ? rid?culo. Temos que colocar limites nisso. - Concordo – Riley disse. Crivaro virou-se e caminhou em dire??o ? delegacia. - Vamos, vamos nos apresentar para o comandante. Eles entraram na delegacia, onde uma recepcionista lhes mostrou onde ficava a sala do Comandante Everett Webster. Ele estava encostado em sua mesa, conversando com outro policial. A conversa parecia ser s?ria. Riley teve certeza de que eles estavam conversando sobre o recente assassinato. Quando Riley e Crivaro mostraram seus distintivos e se apresentaram, o queixo de Webster caiu. - Meu Senhor – ele disse. – Que porra voc?s, federais, est?o fazendo aqui? Crivaro respondeu: - Sabemos que voc?s encontraram uma mulher morta em uma trilha aqui perto. Webster disse: - Sim, mas ningu?m chamou o FBI aqui. ? um crime local e n?s podemos lidar com isso. Depois, ele apertou os olhos para Riley e Crivaro e disse: - Esperem a?. Voc?s n?o est?o aqui por causa daquele louco do Colorado, est?o? O cara que ligou tentando me convencer que existia uma liga??o entre esse crime e um outro de um ano atr?s? Crivaro encolheu os ombros. - S? viemos checar algumas coisas. Webster balan?ou a cabe?a e disse ao outro policial: - Wally, voc? pode nos emprestar a sala por alguns minutos? Wally assentiu e saiu da sala. Webster come?ou a caminhar pela sala. Para Riley, ele parecia um homem muito feio, com o queixo saliente e a testa avantajada, que faziam com que ele parecesse um homem das cavernas. Mas seus olhos pareciam ser de algu?m sempre alerta e provavelmente muito inteligente. Ele disse a Riley e Crivaro: - Olhem, eu n?o sei como aquele cara conseguiu fazer o FBI mandar voc?s dois aqui, mas isso ? uma perda de tempo. Desculpem, mas minha equipe pode lidar com isso. - N?o tenho d?vidas – Crivaro disse. – Mesmo assim, j? que estamos aqui, talvez voc? possa nos contar o que voc? sabe sobre esse crime. Somos da Unidade de An?lise Comportamental, e parece que esse assassino n?o ? comum. Pensamos que poder?amos ajudar de alguma forma. Webster encolheu os ombros e disse: - UAC? Bom, ? um caso estranho, preciso admitir. Brett Parma ? o nome da v?tima. Acabei de terminar uma liga??o em que estava tentando saber mais sobre ela. O comandante pegou algumas anota??es de sua mesa e olhou-as atrav?s de seus ?culos de leitura. Ele disse: - Parece que ela trabalhava como recepcionista num consult?rio m?dico em North Platte, Nebraska. Ela veio aqui para f?rias de tr?s semanas. Ficou no camping Wren’s Nest, perto daqui, algumas noites, e saiu de l? no s?bado. Foi a ?ltima vez que algu?m a viu—pelo menos at? quando um trilheiro encontrou o corpo dela ontem, no meio de uma trilha. Aparentemente, ela tinha uma reserva no camping Beavertail, que tamb?m fica aqui perto. Mas n?o chegou a pisar l?. Webster voltou a largar as anota??es na mesa e continuou: - Olhem, eu n?o me importo em dizer, eu meio que levo para o lado pessoal quando algu?m ? assassinado na minha jurisdi??o. ? ruim para o turismo, e a economia de Tunsboro praticamente depende do turismo—pelo menos desde que as minas foram fechadas, h? muito tempo. Meu time e eu temos um plano para resolver esse caso logo. Sem ofensa, mas eu preferiria n?o ter nenhuma interfer?ncia de Quantico. Crivaro assentiu. - Eu entendo, e respeito. Mas j? que estamos aqui, voc? se importa se eu e minha parceira olharmos a cena do crime? Em uma r?pida olhada n?s vamos poder dizer se podemos ajudar ou n?o—e provavelmente, n?o. Ent?o vamos poder te deixar em paz. Webster visivelmente relaxou um pouco. - Temos um plano – ele disse. – Na verdade, eu estava me preparando para ir para l?. Voc?s podem aproveitar a carona. Riley e Jake seguiram Webster e entraram no carro com ele. Enquanto Webster dirigia para fora da cidade, Riley pensou no que ele havia dito sobre como Brett Parma fora morta. “Cortes pelo corpo todo, sangrou at? morrer.” Riley estremeceu ao se lembrar do ?ltimo caso bizarro em que ela e Crivaro haviam trabalhado juntos—o caso do assassino do arame farpado. As v?timas dele tamb?m sangravam at? a morte, e aquela semelhan?a a deixou desconfort?vel. Riley tamb?m pensou no que Crivaro havia acabado de dizer: “Ent?o vamos poder te deixar em paz.” Ela perguntou-se... ser? que ele est? falando s?rio? Riley n?o sabia se Harry poderia estar certo sobre a liga??o entre os dois crimes. Mas uma coisa era certa—uma mulher havia sido recentemente e brutalmente assassinada perto dali. Eles poderiam simplesmente ignorar esse fato? Voariam de volta ? Quantico sem nem tentar resolver o caso? Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=51923842&lfrom=688855901) на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
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