«Я знаю, что ты позвонишь, Ты мучаешь себя напрасно. И удивительно прекрасна Была та ночь и этот день…» На лица наползает тень, Как холод из глубокой ниши. А мысли залиты свинцом, И руки, что сжимают дуло: «Ты все во мне перевернула. В руках – горящее окно. К себе зовет, влечет оно, Но, здесь мой мир и здесь мой дом». Стучит в висках: «Ну, позвон

Um Juramento de Irm?os

Um Juramento de Irm?os Morgan Rice Anel Do Feiticeiro #14 O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: intrigas, conspira??es, mist?rio, cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, trai??es e desilus?es. Ele vai deixar voc? entretido por horas, e vai satisfazer p?blicos de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia. Books e Movie Reviews, Roberto MattosEm UM JURAMENTO DE IRM?OS, Thorgrin e seus companheiros escapam da terra dos mortos mais determinados do que nunca a encontrar Guwayne, e embarcam em um oceano hostil que os leva a lugares inimagin?veis. Ao chegarem cada vez mais perto de encontrar Guwayne, eles tamb?m encontram obst?culos como nunca antes, que ir?o testar todos os seus limites – for?ando-os a usarem suas habilidades e treinamento e a permanecerem juntos, como irm?os. Darius enfrenta o Imp?rio, juntando um ex?rcito ao libertar diversas aldeias escravas. Diante de cidades fortificadas, contra um ex?rcito com mil vezes o tamanho do seu, ele invoca todos os seus instintos e coragem, determinado a sobreviver, a vencer e a lutar pela liberdade a todo custo – mesmo que isso custe a sua pr?pria vida. Gwendolyn, sem outra op??o, leva o seu povo para o Grande Deserto, explorando partes do Imp?rio nunca antes visitadas em sua busca pelo lend?rio Segundo Anel – a ?ltima esperan?a de sobreviv?ncia do seu povo, a ?ltima esperan?a de Darius. Mas ao longo do caminho ela encontra monstros horr?veis, terrenos ainda piores e uma revolta entre o seu pr?prio povo que nem mesmo ela pode ser capaz de controlar. Erec e Alistair embarcam rumo ao Imp?rio para salvar o seu povo, e ao longo do caminho param em ilham ocultas, determinados a montar um ex?rcito – mesmo que para isso seja preciso lidar com mercen?rios de ?ndole question?vel. Godfrey se encontra dentro da cidade de Vol?sia e em grandes apuros quando seu plano d? errado. Aprisionado e condenado ? morte, ele n?o v? outra sa?da. Vol?sia faz um pacto com um feiticeiro e, com poderes ainda maiores, continua sua ascens?o, conquistando todos que ousam ficar em seu caminho. Mais poderosa do que nunca, ela levar? sua guerra at? os degraus da Capital do Imp?rio – at? ficar diante do ex?rcito do Imp?rio, um ex?rcito maior do que o dela, dando in?cio ao que promete ser uma batalha ?pica. Thorgrin conseguir? encontrar Guwayne? Gwendolyn e seu povo conseguir?o sobreviver? Godfrey ser? capaz de escapar? Erec e Alistair chegar?o ao Imp?rio? Vol?sia se tornar? a pr?xima Imperatriz? Darius conseguir? liderar seu povo para a vit?ria? Com uma ambienta??o e constru??o de personagens sofisticada, UM JURAMENTO DE IRM?OS ? um conto ?pico de amizades e amantes, rivais e pretendentes, cavaleiros e drag?es, intrigas e maquina??es pol?ticas, do processo de tornar-se adulto, de cora??es partidos, de enganos, ambi??o e trai??es. ? um conto de honra e coragem, de destino e magia. ? uma fantasia que nos leva at? um mundo que jamais esqueceremos, e que atrai leitores de todas as idades e g?neros. Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga em seu enredo.. Para aqueles em busca de aventuras substanciais, os protagonistas e suas a??es e estrat?gias fornecem um conjunto vigoroso de conflitos que se concentra na evolu??o de Thor de um rapaz sonhador a um jovem adulto que precisa enfrentar dificuldades impressionantes em sua luta pela sobreviv?ncia. Esse ? apenas o come?o do que promete ser uma s?rie ?pica para jovens adultos. Midwest Book Review (D. Donovan, cr?tico de E-books) Morgan Rice UM JURAMENTO DE IRM?OS LIVRO N 14 DA S?RIE O ANEL DO FEITICEIRO Sobre Morgan Rice Morgan Rice ? a best-seller n?1 e a autora do best-selling do USA TODAY da s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezassete livros; do best-seller n?1 da s?rie OS DI?RIOS DO VAMPIRO, composta por onze livros (a continuar); do best-seller n?1 da s?rie TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por dois livros (a continuar); e da nova s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS, composta por tr?s livros (a continuar). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em ?udio e vers?es impressas e as tradu??es est?o dispon?veis em mais de 25 idiomas. TRANSFORMADA (Livro n 1 da s?rie Di?rios de um Vampiro), ARENA UM  (Livro n 1 da s?rie A Trilogia da Sobreviv?ncia) e EM BUSCA DE HER?IS (Livro n 1 da s?rie O Anel do Feiticeiro) e A ASCEN??O DOS DRAG?ES (Reis e Feiticeiros – Livro n 1) est?o dispon?veis gratuitamente! Morgan adora ouvir a sua opini?o, pelo que, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com/) e juntar-se ? lista de endere?os eletr?nicos, receber um livro gr?tis, receber ofertas, fazer o download da aplica??o gr?tis, obter as ?ltimas not?cias exclusivas, ligar-se ao Facebook e ao Twitter e manter-se em contacto! Cr?ticas aos Livros de Morgan Rice "O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: intrigas, conspira??es, mist?rio, cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, trai??es e desilus?es. Ele vai deixar voc? entretido por horas, e vai satisfazer p?blicos de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia." –-Books and Movie Reviews, Roberto Mattos “[Uma] fantasia ?pica envolvente.” –Kirkus Reviews “Esse ? o come?o de algo extraordin?rio.” –-San Francisco Book Review “Recheado de a??o… A escrita de Rice ? solida e a premissa ? intrigante." –-Publishers Weekly “Uma fantasia espirituosa… Apenas o come?o do que promete ser uma s?rie ?pica para jovens adultos.” –-Midwest Book Review Livros de Morgan Rice REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro n 1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro n 2) O PESO DA HONRA (Livro n 3) UMA FORJA DE VALENTIA (Livro n 4) O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro n?1) UMA MARCHA DE REIS (Livro n?2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro n?3) UM GRITO DE HONRA (Livro n?4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro n?5) UMA CARGA DE VALOR (Livro n?6) UM RITO DE ESPADAS (Livro n?7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n?8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro n?9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro n?10) UM REINADO DE A?O (Livro n?11) UMA TERRA DE FOGO (Livro n?12) UM REINADO DE RAINHAS (Livro n?13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro n?14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro n?15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n?16) O PRESENTE DA BATALHA (Livro n?17) TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n?1) ARENA DOIS (Livro n?2) DI?RIOS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro n?1) AMADA (Livro n?2) TRA?DA (Livro n?3) PREDESTINADA (Livro n?4) DESEJADA (Livro n?5) COMPROMETIDA (Livro n?6) PROMETIDA (Livro n?7) ENCONTRADA (Livro n?8) RESSUSCITADA (Livro n?9) ALMEJADA (Livro n?10) DESTINADA (Livro n?11) Ou?a a s?rie O ANEL DO FEITICEIRO em formato de ?udio livro! Copyright © 2014 por Morgan Rice Todos os direitos reservados. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book ? licenciado apenas para o seu uso pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas. Se voc? gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio. Se voc? estiver lendo este livro sem t?-lo comprado, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira sua pr?pria c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho da autora. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, entidades, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o do autor ou foram usados de maneira fict?cia. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. Direitos autorais da imagem de capa de propriedade da RazzoomGame, usada sob licen?a a partir de Shutterstock.com CAP?TULO UM Darius olha para a adaga ensanguentada em suas m?os e para o comandante do Imp?rio morto aos seus p?s ao mesmo tempo em que se pergunta o que tinha acabado de fazer. Seu mundo se torna mais lento ? medida que ele olha para cima e v? os olhares chocados de todos os soldados do Imp?rio espalhados diante dele, centenas de homens alinhados at? o horizonte, homens de verdade, guerreiros com armaduras e armas de verdade, centenas de soldados montados em suas zertas. Aqueles s?o homens que nunca haviam experimentado a derrota. Atr?s de Darius, ele sabe, est?o poucos e insignificantes alde?es, homens e mulheres sem a?o e sem armaduras, deixados ? pr?pria sorte para encarar aquele ex?rcito profissional. Eles haviam implorado para que Darius se entregasse e para que ele aceitasse ser mutilado; eles n?o queriam lutar uma guerra que n?o ? poss?vel vencer. Eles n?o queriam morrer. Darius havia tentado seguir a vontade deles, mas no ?ltimo instante ele n?o havia conseguido prosseguir; suas m?os tinham agido por conta pr?pria, seu esp?rito havia tomado conta de seu corpo e ele n?o teria sido capaz de se controlar mesmo se tivesse tentado. Ele tinha sido controlado por uma parte mais profunda de si mesmo, a parte que tinha sido oprimida durante toda a sua vida, uma parte que havia desejado ser livre como um homem sedento anseia por ?gua. Darius olha para aquele mar de rostos sentindo-se mais sozinho do que nunca, mas tamb?m mais livre, e seu mundo gira. Ele se v? fora de seu pr?prio corpo, observando tudo de cima. A sensa??o ? surreal. Darius sabe que aquele ? um dos momentos definitivos de sua vida. Ele sabe que aquele momento ir? mudar tudo. Mas ainda assim, Darius n?o se arrepende. Ele olha para o comandante do Imp?rio morto, aquele homem que teria matado Loti, que teria mutilado todos eles, e ? tomado por uma profunda sensa??o de justi?a. Ele tamb?m se sente encorajado. Afinal de contas, um oficial do Imp?rio est? morto e isso significa que qualquer soldado do Imp?rio pode morrer. Eles podem estar vestindo as melhores armaduras e as armas mais potentes, mas sangram como qualquer outro homem. Eles n?o s?o invenc?veis. Darius sente uma explos?o de for?a atravessar seu corpo e parte para a a??o antes que qualquer um dos outros possa reagir. A alguns metros dali est? o pequeno grupo de oficiais que havia acompanhado o comandante, todos ainda paralisados pelo choque, obviamente esperando nada menos que uma rendi??o e incapazes de prever que seu comandante pode ser atacado. Darius tira vantagem de seu estado de surpresa. Ele parte para cima deles, remove uma adaga de sua cintura e corta o pesco?o de um deles, girando em pleno ar e cortando o pesco?o de outro com o mesmo movimento. Os dois oficiais o encaram com os olhos arregalados, sem conseguir acreditar que aquilo possa estar acontecendo com eles ao mesmo tempo em que o sangue escorre por suas gargantas e eles caem de joelhos, mortos. Darius se prepara; seu ataque audaz o deixa temporariamente vulner?vel e um dos oficiais salta para a frente e golpeia com sua espada, tentando acertar a cabe?a dele. Naquele momento, Darius gostaria de ter uma armadura, um escudo ou uma espada – qualquer coisa – para poder bloquear o golpe, mas ele n?o tem nada. Ele havia baixado sua guarda e sabe que agora ter? que pagar o pre?o por isso. Pelo menos ele morrer? como um homem livre. Um barulho de metal de repente atravessa o ar e, ao olhar pra o lado, Darius v? Raj bloqueando o golpe com sua espada. Darius percebe que Raj havia pegado a espada do soldado morto e corrido para ajud?-lo no ?ltimo instante. Outro barulho de metal corta o ar e, ao olhar para o lado, Darius v? Desmond bloquear outro golpe antes que ele possa acert?-lo. Raj e Desmond continuam lutando e enfrentando seus oponentes, que come?am a recuar por n?o terem esperado encontrar qualquer resist?ncia. Eles golpeiam como homens possu?dos e suas espadas soltam fa?scas ao encontrarem as espadas de seus oponentes, empurrando-os para tr?s at? acertarem o golpe fatal antes que os soldados do Imp?rio possam se defender completamente. Os dois soldados caem no ch?o, mortos. Darius ? tomado por uma onda de gratid?o em rela??o aos seus irm?os e se sente emocionado por t?-los ali, lutando ao seu lado. Ele sente que n?o est? mais encarando aquele ex?rcito sozinho. Darius se abaixa, arranca a espada e o escudo do corpo morto do comandante e corre para junto de Desmond e de Raj ? medida que eles correm na dire??o dos outros seis oficiais do grupo. Darius ergue a espada e aprecia o peso do a?o; ? bom estar empunhando uma espada e um escudo de verdade. Ele se sente invenc?vel. Darius corre na frente e bloqueia um golpe forte com seu escudo ao mesmo tempo em que d? um golpe entre as placas da armadura de um dos soldados do Imp?rio, perfurando-o na omoplata; o soldado grunhe e cai de joelhos. Ele se vira e golpeia com seu escudo, bloqueando um golpe lateral; ent?o Darius continua girando e usando o escudo como uma arma, esmagando o rosto de outro atacante e derrubando-o no ch?o. Darius gira o corpo com sua espada na m?o e corta o est?mago de outro atacante, matando-o instantes antes que outro soldado, com as m?os erguidas acima de sua cabe?a, possa acertar um golpe em seu pesco?o. Raj e Desmond tamb?m continuam atacando ao seu lado, enfrentando outros soldados golpe por golpe ? medida que o barulho de suas armas atravessa o ar. Darius se lembra de todos os dias em que eles haviam treinado juntos com suas espadas de madeira e pode ver agora, durante aquela batalha, que guerreiros formid?veis eles s?o. Enquanto ele ataca, Darius percebe o quanto aquele treinamento o tinha ajudado a aprimorar suas habilidades. Ele se pergunta se teria sido capaz de vencer sem ter treinado. Darius est? determinado a vencer usando sua pr?pria for?a, a vencer com suas pr?prias m?os, e nunca – jamais – usar o poder m?gico que reside em algum lugar profundo dentro dele, um poder que ele ainda n?o entende completamente – e que ele n?o quer compreender. Quando Darius, Desmond e Raj derrotam o restante do grupo e ficam sozinhos no meio do campo de batalhas, as centenas de soldados do Imp?rio que ainda est?o alinhados ? dist?ncia finalmente reagem. Organizando-se, eles soltam um grande grito de batalha e come?am a correr na dire??o deles. Darius olha ao seu redor, parado ali e respirando com dificuldade com a espada ensanguentada na m?o, e percebe que n?o h? para onde correr. Quando os esquadr?es de soldados perfeitamente organizados partem para a a??o, ele percebe que a morte finalmente se aproxima. Darius, Desmond e Raj mant?m suas posi??es; Darius enxuga o suor da testa com as costas da m?o e encara os soldados que se aproximam. Ele n?o pretende recuar em hip?tese alguma. H? outro grande grito de batalha – desta vez, vindo de tr?s dele – e Darius se surpreende ao ver todos os alde?es se reunindo para o ataque. Ele v? v?rios de seus irm?os de armas se aproximando, procurando espadas e escudos nos corpos dos soldados do Imp?rio mortos e correndo para se juntar ao seu grupo. Os alde?es, Darius fica orgulhoso ao ver, cobrem o campo de batalhas como uma onda, vasculhando os corpos e armando-se com a?o e armamentos at? que, logo, v?rios deles est?o empunhando armas de verdade. Aqueles que n?o possuem a?o empunham armas feitas de madeira; dezenas de rapazes mais jovens, amigos de Darius, carregam lan?as de madeira curtas que eles haviam afiado perfeitamente e pequenos arcos e flechas de madeira, ansiosos por um confronto como aquele. Todos atacam ao mesmo tempo, como um s?, lutando por suas vidas ao se juntarem a Darius para enfrentar o ex?rcito do Imp?rio. Ao longe, um enorme estandarte balan?a ao vento, uma trombeta soa e o ex?rcito do Imp?rio se mobiliza. O barulho das armaduras preenche o ar ? medida que as centenas de soldados do Imp?rio marcham para a frente como um s? corpo, disciplinados, uma parede de homens, ombro a ombro, mantendo suas posi??es perfeitamente enquanto eles continuam marchando na dire??o da multid?o de alde?es. Darius lidera seus homens durante o ataque e todos permanecem destemidamente ao seu lado. Quando eles se aproximam do ex?rcito do Imp?rio, Darius grita: "LAN?AS!" Seu povo arremessa suas pequenas lan?as, que passam voando por cima da cabe?a de Darius e atravessam o ar, encontrando seus alvos do outro lado da clareira. Muitas das lan?as de madeira acertam as armaduras e caem no ch?o sem causar qualquer dano, mas outras encontram pontos fracos nas armaduras e acertam seus alvos. Algumas dezenas de soldados do Imp?rio d?o gritos de dor e caem no ch?o ao serem alvejados. "FLECHAS!" Darius grita, ainda correndo com a espada na m?o, diminuindo a dist?ncia entre eles. V?rios alde?es param, miram e soltam saraivadas de flechas de madeira afiadas. Dezenas delas cortam o ar e atravessam a clareira para surpresa do Imp?rio, que n?o tinha esperado qualquer resist?ncia – e muito menos que aqueles alde?es tivessem qualquer tipo de arma. Muitas daquelas flechas n?o atingem seus alvos, mas um n?mero suficiente delas acerta soldados no pesco?o e nas juntas, ferindo muitos outros. "PEDRAS!" Darius grita. V?rias d?zias de alde?es correm para a frente e, usando seus estilingues, come?am a arremessar pedras. Um bombardeio de pequenas pedras atravessa o campo de batalhas e o som de pedras acertando as armaduras preenche o ar. Alguns soldados, alvejados no rosto pelas pedras, caem no ch?o enquanto outros param e erguem seus escudos ou suas m?os na tentativa de impedir o ataque. Aquilo diminui o ritmo do Imp?rio e acrescenta um elemento de incerteza ?s suas fileiras, mas ainda n?o ? o suficiente para det?-los. Eles continuam marchando, sem sair de sua forma??o mesmo enquanto flechas, lan?as e pedras continuam a acert?-los. Eles simplesmente erguem seus escudos, arrogantes demais para desviar, e marcham com suas alabardas de a?o brilhante e suas longas espadas balan?ando em seus cintur?es ? medida que suas armaduras tilintam sob o sol da manh?. Darius os observa avan?ando e sabe que um ex?rcito profissional se aproxima dele. Ele sabe que aquela ser? uma onda mortal. De repente ele ouve um estrondo e, ao olhar para cima, Darius v? tr?s grandes Zertas se separando da linha de frente e partindo para cima deles, comandadas por tr?s oficiais que empunham longas alabardas. As zertas atacam com f?ria, levantando nuvens de poeira atr?s delas. Darius se prepara quando um deles se aproxima, fazendo uma careta ao erguer a alabarda e arremess?-la repentinamente em sua dire??o. Ele se surpreende com a velocidade da arma e desvia no ?ltimo instante, escapando por pouco do golpe. Mas o alde?o atr?s dele, um garoto que Darius havia conhecido desde sua inf?ncia, n?o tem tanta sorte. Ele grita de dor quando a alabarda o acerta no peito; o sangue escorre pela sua boca e ele cai de costas, olhando para cima de olhos vidrados. Darius, ensandecido, se vira e encara a zerta. Ele aguarda pacientemente, sabendo que se n?o esperar o momento perfeito, ele ser? pisoteado. No ?ltimo segundo Darius salta para fora do caminho e golpeia com sua espada, cortando as pernas da zerta com um ?nico golpe. A zerta grita e cai de cara no ch?o, arremessando o oficial para o meio do grupo de alde?es. Um alde?o se afasta do grupo e corre na dire??o do oficial segurando uma pedra enorme nas m?os. Darius se vira e fica surpreso ao ver que se trata de Loti; ela segura a pedra no alto e bate com for?a no capacete do soldado, matando-o imediatamente. Darius ouve o barulho de galope e v? outra zerta aproximando-se dela com um soldado sentado de lado empunhando uma lan?a ao mesmo tempo em que se prepara para alvej?-lo. N?o h? tempo para reagir. Um rosnado corta o ar e Darius se surpreende ao ver Dray aparecer de repente e saltar no ar, mordendo o p? do soldado no mesmo momento em que ele arremessa a lan?a. O soldado cai para a frente e seu arremesso n?o vai muito longe, caindo no ch?o a poucos metros dele. Ele perde o equil?brio e cai de cima da zerta, e assim que seu corpo toca o ch?o o soldado ? atacado por diversos alde?es. Darius olha para Dray, que se aproxima dele, sentindo-se eternamente grato pela presen?a de seu amigo. Ele ouve outro grito de batalha e v? outro oficial do Imp?rio aproximando-se dele e erguendo sua espada, prestes a atac?-lo. Darius se vira e bloqueia o golpe, empurrando a espada para longe de seu peito antes que ela possa acert?-lo. Ele ent?o gira o corpo e d? uma rasteira em seu oponente. O soldado cai no ch?o e Darius lhe d? um chute na mand?bula antes que ele se levante, fazendo com que ele desmaie. Darius observa Loti passar correndo por ele, avan?ando para o meio da batalha ao mesmo tempo em que se abaixa para pegar uma espada na cintura de um dos soldados mortos. Dray corre na frente dela para proteg?-la e Darius fica preocupado ao v?-la no meio daquela luta, desejando poder lev?-la para um lugar mais seguro. Loc, o irm?o de Loti, tem a mesma ideia. Ele corre at? ela e a agarra pela cintura, fazendo Loti derrubar a espada no ch?o. "Temos que ir embora daqui!" ele diz. "Isso n?o ? lugar para voc?!" “Esse ? o ?nico lugar para mim!” ela insiste. Mas Loc, mesmo com apenas uma m?o, ? surpreendentemente forte e consegue arrast?-la para longe enquanto ela protesta e se debate sem parar. Darius se sente mais agradecido do que jamais seria capaz de dizer. Ele ouve um barulho met?lico ao seu lado e v? um de seus irm?os de armas, Kaz, lutando com um soldado do Imp?rio. Embora Kaz sempre tenha sido um valent?o e o tenha incomodado muito no passado, agora Darius tem que admitir estar feliz por t?-lo ao seu lado no campo de batalhas. Ele observa Kaz enfrentar o soldado, um guerreiro formid?vel, golpe por golpe, at? que o soldado finalmente – com um movimento surpresa – surpreende Kaz e derruba a espada de suas m?os. Kaz fica ali parado completamente indefeso e com uma express?o de pavor no rosto pela primeira vez desde que Darius consegue se lembrar. O soldado do Imp?rio, com sangue nos olhos, d? um passo adiante para dar o golpe mortal. De repente, um barulho met?lico corta o ar e o soldado fica paralisado e cai de cara no ch?o. Morto. Darius e Kaz olham para o lado e ficam chocados ao ver Luzi ali parado, com metade do tamanho de Kaz e segurando um estilingue nas m?os instantes depois de ter terminado o seu arremesso. Luzi sorri para Kaz. "Se arrepende de ter me incomodado agora?” ele fala para Kaz. Kaz o encara boquiaberto. Darius fica impressionado ao ver que Luzi, mesmo ap?s ter sido atormentado por Kaz durante todos os seus dias de treinamento juntos, tenha se aproximado para salvar a vida dele. Aquele gesto inspira Darius a lutar com mais intensidade. Ao ver a zerta abandonada correndo sem rumo entre as fileiras, Darius corre at? ela e sobe no animal. A zerta se contorce descontroladamente, mas Darius segura com todas as suas for?as – determinado a n?o cair. Finalmente, ele assume o controle da fera e consegue vir?-la na dire??o das for?as do Imp?rio. A zerta galopa t?o r?pido que ele mal pode control?-la, levando-o na frente de seus homens, sozinho at? o centro das for?as do Imp?rio. O cora??o de Darius bate acelerado dentro de seu peito ? medida que ele se aproxima da parede de soldados. Ela parece impenetr?vel dali. E agora, n?o h? mais volta. Darius for?a sua coragem a lev?-lo adiante. Ele segue adiante e, ao mesmo tempo, golpeia descontroladamente com sua espada. De seu ponto de vantagem mais alto, Darius golpeia de um lado para o outro, matando dezenas de soldados do Imp?rio que n?o haviam esperado um ataque de um alde?o montado em uma zerta. Ele atravessa as fileiras a uma velocidade inacredit?vel, dividindo o mar de soldados e sendo levado pelo seu impulso, quando de repente sente uma dor horr?vel na lateral de seu corpo. Ele tem a sensa??o de que suas costelas est?o sendo cortadas em duas partes. Darius perde o equil?brio e ? arremessado atrav?s do ar. Ele cai no ch?o com for?a tomado pela dor e percebe que tinha sido atingido pela bola met?lica de um mangual. Ele fica deitado ali no ch?o no meio daquele mar de soldados do Imp?rio e longe de todo o seu povo. Enquanto permanece ali, com sua cabe?a latejando e seu mundo girando, ele olha para longe e v? seu povo sendo cercado. Eles haviam lutado bravamente, mas est?o em completa desvantagem num?rica e absoluta desvantagem de for?a. Seus homens est?o sendo abatidos e Darius pode ouvir seus gritos dali. Sua cabe?a, pesada demais, bate no ch?o enquanto ele continua ali deitado e Darius v? todos os homens do Imp?rio se aproximando dele. Ele fica deitado – esgotado – e sabe que sua vida em breve chegar? ao fim. Ao menos, ele pensa, ele morrer? com honra. Pelo menos, finalmente, ele ser? um homem livre. CAP?TULO DOIS Gwendolyn fica em p? no topo da montanha e observa o sol raiar no c?u do deserto enquanto seu cora??o bate acelerado dentro de seu peito ao se preparar para o ataque iminente. Ela havia liderado seus homens at? ali ao mesmo tempo em que tinha observado o confronto entre os alde?es e os soldados do Imp?rio, circulando o campo de batalhas pelo caminho mais longo e posicionando seus homens atr?s das linhas inimigas. O Imp?rio, completamente concentrado nos alde?es e na batalha diante deles, n?o havia percebido sua aproxima??o. E agora que os alde?es est?o come?ando a morrer ? chegado o momento de faz?-los pagar por tudo que haviam feito. Desde que Gwen havia decidido voltar com seus homens e ajudar os alde?es, ela havia sido tomada por uma profunda sensa??o de predestina??o. Ganhando ou perdendo, ela sabe que aquela ? a coisa certa a fazer. Ela havia assistindo o confronto se desdobrando do alto das montanhas, tinha visto a aproxima??o das for?as do Imp?rio montadas sobre suas zertas e acompanhas de soldados profissionais; tudo aquilo traz de volta sentimentos antigos, fazendo-a lembrar da invas?o do Anel por Andronicus e depois por Romulus. Ela tinha observado Darius avan?ar sozinho para enfrent?-los e seu cora??o havia se animado ao v?-lo matar o comandante. Aquilo ? algo que Thor teria feito – algo que ela mesma teria feito. Gwen, acompanhada por Krohn que rosna calmamente aos seus p?s, fica ali parada com Kendrick, Steffen, Brandt, Atme, dezenas de soldados da Prata e centenas de seus homens atr?s dela; eles vestem as mesmas armaduras de a?o que haviam vestido quando tinham deixado o Anel e empunham as mesmas armas enquanto aguardam pacientemente o seu comando. Seu ex?rcito ? formado por soldados profissionais e eles n?o enfrentam uma batalha de verdade desde que tinham sido exilados de sua terra natal. A hora havia chegado. "AGORA!" Gwen ordena. Um grito de batalha irrompe entre todos os seus homens que, liderados por Kendrick, come?am a correr para baixo da montanha enquanto suas vozes s?o carregadas pelo vento e soam como o rugido de milhares de le?es descendo as encostas sob a luz da manh?. Gwen observa quando seus homens alcan?am as linhas do Imp?rio e os soldados inimigos, ocupados na luta contra os alde?es, se viram lentamente com olhares de surpresa estampados em seus rostos – claramente sem conseguir entender quem poderia estar atacando-os ou a raz?o daquilo tudo. Obviamente, aqueles soldados do Imp?rio nunca tinham sido surpreendidos daquela maneira antes e certamente nunca haviam enfrentado um ex?rcito profissional. Kendrick n?o lhes d? tempo para reagir ou para processar o que est? acontecendo. Ele continua atacando e perfura o primeiro homem que ele encontra; Brandt, Atme, Steffen e as dezenas de soldados da Prata que o acompanham se juntam a ele, gritando ao enfiarem suas armas nos soldados diante deles. Todos os homens de Gwen carregam uma grande m?goa e haviam esperado muito tempo por uma luta, ansiando pela vingan?a contra o Imp?rio e cultivando o ?dio durante todos aqueles dias presos na caverna. Gwen sabe que eles desejam vingar-se do Imp?rio desde que haviam abandonado o Anel – e naquela batalha os seus homens haviam encontrado a oportunidade perfeita. Uma chama arde nos olhos de cada um de seus homens, um fogo onde as almas de todos os entes queridos que eles haviam perdido no Anel e nas Ilhas Superiores ainda vivem. Aquela ? uma necessidade de vingan?a que eles haviam nutrido durante toda a viagem atrav?s do oceano. Gwen percebe que a causa dos alde?es, mesmo vivendo do outro lado do mundo, ? tamb?m a causa de seu povo. Homens gritam ao lutarem frente a frente e Kendrick e os outros usam o impulso inicial para abrir caminho at? o meio luta, eliminando fileiras inteiras de soldados do Imp?rio antes que eles possam se organizar. Gwen se enche de orgulho ao ver Kendrick bloquear dois golpes com seu escudo, girar o corpo e esmagar o rosto de um soldado com ele, batendo no peito de outro com um ?nico movimento. Ela observa Brandt dar uma rasteira em um soldado e ent?o esfaque?-lo nas costas atrav?s do cora??o, usando as duas m?os para enfiar sua espada no corpo do homem. Gwen v? Steffen empunhar sua espada curta, cortar a perna de um soldado e ent?o dar um passo adiante e chutar outro soldado na virilha e bater sua cabe?a na dele, nocauteando-o. Atme gira seu mangual e derruba dois soldados de uma s? vez. “Darius!” grita a voz. Gwen olha para o lado e v? Sandara apontando para o campo de batalhas. "Meu irm?o!" ela exclama. Gwen localiza Darius no ch?o, deitado de costas e cercado pelo Imp?rio que se aproxima rapidamente dele. Seu cora??o se aperta de apreens?o, mas ela v? com satisfa??o quando Kendrick corre at? ele e ergue seu escudo, salvando Darius de um golpe de machado antes que o golpe fatal atinja o seu rosto. Sandara grita e Gwen percebe o seu al?vio e sente o quanto ela ama o seu irm?o. Gwendolyn estica o bra?o e pega um arco das m?os de um dos soldados de guarda ao seu lado. Ela prepara uma flecha e mira. "ARQUEIROS!" ela grita. Ao seu redor, dezenas de seus arqueiros come?am a mirar, preparando seus arcos e esperando pelo seu comando. "FOGO!" Gwen libera sua flecha alto no c?u, bem acima de seus homens. No mesmo instante, dezenas de seus arqueiros tamb?m soltam suas flechas. A saraivada acerta o grupo de soldados restante e gritos irrompem ? medida que dezenas de soldados caem de joelhos. "FOGO!" ela grita mais uma vez. Mais flechas s?o arremessadas sucessivamente. Kendrick e seus homens avan?am e matam todos os homens que haviam ca?do de joelho ap?s terem sido alvejados pelas flechas. Os soldados do Imp?rio s?o for?ados a abandonar os alde?es que ainda resistem e, em vez disso, decidem concentrar suas for?as no confronto com os homens de Kendrick. Isso d? aos alde?es uma oportunidade. Eles d?o um grito ao continuarem avan?ando, atacando pelas costas os soldados do Imp?rio que agora est?o sendo massacrados por ambos os lados. Os soldados do Imp?rio, presos entre duas for?as hostis e com seus n?meros diminuindo rapidamente, finalmente percebem que est?o sendo superados. Suas for?as de centenas logo s?o reduzidas a apenas dezenas; aqueles que ainda restam come?am a abandonar suas fileiras, fugindo ap?s terem suas zertas mortas ou tomadas pelos alde?es. Eles n?o conseguem ir muito longo antes de serem capturados ou mortos. Um grito de triunfo irrompe entre os alde?es e entre os homens de Gwendolyn. Eles se re?nem, celebrando e abra?ando-se como irm?os, e Gwendolyn se apressa para descer a encosta e juntar-se ao grupo com Krohn em seus calcanhares. Ela entra no meio da multid?o e ? cercada pelos seus homens e pelos alde?es, pelo cheio de suor e medo no ar e pelo sangue fresco que cobre o ch?o de terra do campo de batalhas. Ali, naquele dia, apesar de tudo que havia acontecido no Anel. Gwen sente um momento de triunfo. Aquele ? um momento glorioso de vit?ria no meio daquele deserto, cercada pelos alde?es e pelos exilados do Anel, unidos contra um inimigo em comum. Os alde?es haviam perdido muitos homens bons e Gwen tamb?m tinha perdido alguns bons guerreiros. Mas pelo menos Darius, Gwen fica aliviada ao ver, est? vivo e amparado pelos seus amigos. Gwen sabe que o Imp?rio possui milh?es de soldados. Ela sabe que o acerto de contas um dia chegar?. Mas esse dia n?o ? hoje. Hoje ela n?o tinha tomado a decis?o mais s?bia, mas sua decis?o certamente tinha sido a mais corajosa. A decis?o certa. Ela sente que aquela ? uma decis?o que seu pai teria tomado. Ela tinha escolhido o caminho mais dif?cil. O caminho correto. O caminho da justi?a. O caminho da coragem. E n?o importa o que aconte?a agora, ela havia sobrevivido. Ela tinha realmente vivido. CAP?TULO TR?S Vol?sia permanece na sacada de pedra observando o p?tio de paralelep?pedos de Maltolis abaixo dela e olhando para o corpo inerte do Pr?ncipe que est? no ch?o com os membros retorcidos de maneira grotesca. Ele parece estar muito longe dela, min?sculo e impotente, e Vol?sia se espanta com o fato de que apenas instantes antes ele havia sido um dos homens mais poderosos do Imp?rio. Ela n?o deixa de perceber a fragilidade da vida, como tudo aquilo ? ilus?rio e, acima de tudo, como ela com seu infinito poder – uma deusa de verdade agora – pode decidir entre a vida e a morte de qualquer pessoa. Agora ningu?m, nem mesmo um grande pr?ncipe, pode impedi-la. Enquanto ela continua olhando para fora, ao redor de toda a cidade os gritos dos milhares de s?ditos do pr?ncipe, os cidad?os desequilibrados de Maltolis, preenchem o p?tio e tomam conta do ar como uma praga de gafanhotos. Eles gritam e batem com as cabe?as nas paredes de pedra; alguns se jogam no ch?o como crian?as mal criadas e outros arrancam os cabelos de suas cabe?as. Ao v?-los assim, Vol?sia pensa, um estranho pensaria que Maltolis tinha tido um l?der benevolente. "NOSSO PR?NCIPE!" um deles grita, um grito que ? repetido por muitos outros ? medida que eles se aproximam, saltando sobre o corpo do pr?ncipe solu?ando e chorando. "NOSSO QUERIDO PAI!" Sinos de repente come?am a tocar por toda a cidade, uma longa sucess?o de toques que ecoam por todas as ruas. Vol?sia ouve uma como??o e, ao erguer os olhos, v? o port?o da cidade se abrir para centenas das tropas de Maltolis, que marcham apressadamente pelos port?es da cidade e entram no p?tio em fileiras duplas. Eles come?am a se dirigir para o castelo de Maltolis. Vol?sia sabe que acaba de dar in?cio a uma s?rie de eventos que ir?o alterar o futuro daquela cidade para sempre. H? um estrondo repentino e insistente nas portas de carvalho de seus aposentos e Vol?sia se sobressalta. Batidas repetidas se seguem quando dezenas de soldados vestindo armaduras usam um ar?ete para derrubar a grossa porta de carvalho dos aposentos do Pr?ncipe. Obviamente, Vol?sia havia barrado a porta que tem quarenta cent?metros de espessura e tinha sido feita para resistir a ataques como aquele, mas as batidas a fazem tremer sem parar em meio aos gritos dos soldados do lado de fora. A cada batida, as dobradi?as dobram um pouco mais. Bum, bum, bum. Os aposentos de pedra tremem e o antigo lustre de cristal, pendurado em uma viga de madeira, balan?a descontroladamente at? despencar no ch?o. Vol?sia fica parada e observa tudo calmamente, tendo antecipado tudo aquilo. Ela havia previsto, ? claro, que eles viriam busc?-la. Eles querem vingan?a e jamais deixar?o que ela escape. "Abra a porta!" grita um dos generais do pr?ncipe. Ela reconhece aquela voz como sendo a do l?der das for?as de Maltolis, um homem sem senso de humor e com uma voz rouca que ela havia conhecido brevemente, um homem incapaz, mas um soldado profissional com duzentos mil homens sob o seu comando. Ainda assim, Vol?sia continua ali parada e encara a porta com calma, inabalada, observando pacientemente enquanto espera que eles a destruam. Certamente, ela poderia abri-la para eles, mas n?o quer dar-lhes essa satisfa??o. Finalmente, h? um grande estrondo, a porta de madeira ? arrancada das dobradi?as e dezenas de soldados vestindo armaduras invadem os aposentos. O comandante, usando a armadura ornamental e carregando o cetro dourado que lhe d? o t?tulo de comandante do ex?rcito de Maltolis, lidera o caminho. Ele diminui o ritmo para uma caminhada r?pida ao v?-la parada ali, sozinha e sem tentar fugir. O comandante, com uma express?o s?ria no rosto, se aproxima de Vol?sia e para abruptamente a apenas alguns passos dela. Ele a observa com ?dio e, atr?s dele, todos os seus homens, bem disciplinados, param e aguardam o seu comando. Vol?sia continua parada e o observa calmamente com um sorriso nos l?bios, percebendo que sua postura deve t?-lo incomodado ao ver que o comandante parece nervoso. "O que foi que voc? fez, mulher?" ele pergunta, com a m?o no punho de sua espada. "Voc? veio at? nossa cidade como uma visitante e matou o nosso rei. O escolhido. Aquele que n?o podia ser morto." Vol?sia sorri e responde calmamente: "Voc? est? enganado, comandante," ela diz. “Eu n?o posso ser morta, como acabei de provar aqui hoje." Ele balan?a a cabe?a com raiva. "Como voc? p?de ter sido t?o est?pida?" ele pergunta. "Certamente sabe que a matar?amos e a todos os seus homens, que n?o h? para onde fugir e n?o h? como escapar desse lugar. Aqui, seus poucos homens est?o cercados por milhares dos nossos soldados. Voc? certamente sabe que seus atos de hoje resultariam em uma senten?a de morte ou pior – em sua pris?o e tortura. N?o tratamos nossos inimigos com carinho, caso ainda n?o tenha percebido." "Eu realmente percebi isso, General – e os admiro ainda mais," ela responde. "Ainda assim, voc?s n?o far?o nada contra mim. Nenhum de seus homens far? qualquer coisa." Ele balan?a a cabe?a com irrita??o. "Voc? ? mais tola do que eu pensava," ele comenta. "Eu carrego o cetro dourado. O nosso ex?rcito far? o que eu disser. Exatamente o que eu disser.” "? mesmo?" ela pergunta com um sorriso nos l?bios. Lentamente, Vol?sia se vira e olha pela janela aberta para o corpo do Pr?ncipe, agora sendo carregado nos ombros da multid?o de lun?ticos e levado pelas ruas da cidade como um m?rtir. De costas para o General, ela limpa a garganta e continua. "Eu n?o duvido, General," ela fala, "que suas for?as sejam bem treinadas. Ou que seus homens ir?o seguir aquele que estiver empunhando o cetro. A fama de suas for?as ? lend?ria. Eu tamb?m sei que seu ex?rcito ? vastamente superior ao meu e que n?o h? como escapar deste lugar, mas voc? v?, eu n?o pretendo fugir daqui e tamb?m n?o acredito que eu precise fazer isso." Ela olha para ela com uma express?o de confus?o estampada no rosto e Vol?sia olha para fora da janela, vasculhando o p?tio. ? dist?ncia, ela localiza Koolian, seu feiticeiro, parado no meio da multid?o e ignorando todos ? sua volta enquanto encara apenas ela com seus olhos verdes brilhantes e seu rosto cheio de verrugas. Ele est? vestindo um manto preto, inequ?voco no meio da multid?o, com os bra?os cruzados calmamente e com seu rosto p?lido, parcialmente coberto pelo capuz, virado na dire??o de Vol?sia e aguardando o seu comando. Koolian permanece parado, a ?nica pessoa paciente e disciplinada em toda aquela cidade ca?tica. Vol?sia faz um gesto quase impercept?vel e v? quando ele assente de volta para ela. Lentamente, Vol?sia se vira com um sorriso nos l?bios e encara o General. "Voc? pode me entregar o cetro agora," ela pede, "ou eu posso mat?-lo e tom?-lo de suas m?os." Ele a encara estupefato e ent?o balan?a a cabe?a, sorrindo pela primeira vez. "Eu conhe?o pessoas delirantes" ele declara. "Eu trabalhei para uma pessoa assim por muitos anos. Mas voc?… voc? ? diferente. Muito bem. Se voc? deseja morrer dessa forma, que assim seja." Ele d? um passo adiante e ergue sua espada. "Vou me divertir matando voc?," continua ele. "Eu quero mat?-la desde a primeira vez que a vi. Essa sua arrog?ncia ? o bastante para deixar qualquer homem louco." Ele se aproxima dela e, ao fazer isso, Vol?sia se vira e ele de repente v? Koolian parado ao lado dela no quarto. O General encara Koolian, assustado com sua apari??o repentina nos aposentos do pr?ncipe. Ele fica paralisado, claramente sem saber o que fazer diante daqueles acontecimentos inesperados. Koolian remove o capuz preto e encara o general com seu rosto grotesco – p?lido demais – com seus olhos brancos virados para tr?s, erguendo lentamente as palmas das m?os. Ao fazer isso, o comandante e todos os seus homens caem de joelhos. Eles gritam e levam as m?os aos ouvidos. "Fa?a isso parar!" ele grita. Lentamente, sangue come?a a escorrer de seus ouvidos e, um por um, eles caem no ch?o de pedras e param de se mover. Mortos. Vol?sia se aproxima lentamente e calmamente estica o bra?o e remove o cetro dourado das m?os do comandante morto. Ela ergue o bra?o e o examina sob a luz, admirando o peso do objeto e a maneira como ele brilha. ? uma cena sinistra. Ela abre um grande sorriso. O cetro ? ainda mais pesado do que ela havia imaginado. * Vol?sia para um pouco al?m do fosso, do lado de fora dos muros de Maltolis, acompanhada de seu feiticeiro Koolian, de seu assassino Aksan e de Soku, o Comandante das for?as Volusianas, e observa o vasto ex?rcito Maltolisiano reunido diante dela. At? onde seus olhos podem ver, as plan?cies do deserto est?o tomadas pelos homens de Maltolis, duzentos mil homens, um ex?rcito maior do que ela jamais havia visto. At? mesmo para algu?m como ela, aquela cena ? impressionante. O ex?rcito sem l?der observa Vol?sia pacientemente enquanto ela permanece sentada em seu trono e os encara. A tens?o no ar ? palp?vel e Vol?sia pode sentir que todos est?o esperando e pensando, decidindo se devem mat?-la ou servi-la. Vol?sia olha para eles com orgulho, sentindo que seu destino est? prestes a ser decidido, e ergue lentamente o cetro dourado acima de sua cabe?a. Ela vira seu corpo lentamente em todas as dire??es para que todos possam v?-la, para que todos vejam o cetro brilhando sob o sol. "MEU POVO!" ela grita. "Eu sou a Deusa Vol?sia. Seu pr?ncipe est? morto. Quem segura o cetro agora sou eu; ? a mim que voc?s devem seguir. Sigam-me, e todos voc?s receber?o a gl?ria e todas as riquezas que seus cora??es desejarem. Fiquem aqui e perecer?o e morrer?o nesse lugar, sob a sombra dessas paredes e sob a sombra de um l?der que nunca os amou. Voc?s o serviram na loucura; devem seguir-me na gl?ria e na conquista e finalmente ter?o a l?der que merecem." Vol?sia ergue o cetro ainda mais alto, olhando para os soldados e encarando os seus olhares, sentindo a for?a de seu destino. Ela sente que ? invenc?vel, que nada poder? det?-la – nem mesmo aqueles duzentos mil homens. Ela sabe que eles, assim como todo o mundo, se curvar?o diante dela. Vol?sia v? tudo acontecendo em sua mente, afinal ela ? uma deusa. Ela vive em um mundo diferente dos homens comuns. Que escolha eles t?m? Exatamente como ela havia previsto, um leve clangor de armaduras ? ouvido e, um por um, todos os homens se ajoelham diante dela. "VOL?SIA," eles entoam suavemente, v?rias e v?rias vezes. "VOL?SIA!" "VOL?SIA!" CAP?TULO QUATRO Godfrey sente o suor escorrendo pela sua nuca ao caminhar entre o grupo de escravos, esfor?ando-se para n?o ficar no meio e para n?o ser detectado ? medida que eles abrem caminho pelas ruas de Vol?sia. Outro barulho de chicote corta o ar e Godfrey grita de dor quando a ponta do chicote acerta o seu traseiro. A escrava atr?s dele grita ainda mais. O golpe acerta as costas da mulher, que grita e cambaleia para a frente. Godfrey estica o bra?o e ajuda a mulher antes que ela caia no ch?o, agindo por impulso e sabendo que est? arriscando sua pr?pria vida ao agir daquela maneira. Ela ajusta sua postura e, ao olhar para ele com uma express?o de medo, seus olhos se arregalam de surpresa ao v?-lo. Claramente, ela n?o tinha esperado ver um humano, de pele clara, andando livremente ao seu lado. Godfrey balan?a a cabe?a rapidamente e leva um dedo at? a boca, rezando para que ela permane?a em sil?ncio. Por sorte, ela parece concordar. Outro barulho de chicote corta o ar e quando Godfrey olha para tr?s ele v? o capataz avan?ando pelo comboio e a?oitando escravos sem muito crit?rio, obviamente com o intuito de comunicar sua presen?a. Ao olhar para tr?s, Godfrey percebe os olhares assustados de Akorth e Fulton, cujos olhos se movimentam em todas as dire??es, e tamb?m a presen?a calma e determinada de Merek e Ario. Godfrey fica espantado que os dois garotos demonstrem mais compostura e coragem do que Akorth e Fulton, dois homens adultos, embora b?bados. Eles continuam marchando e Godfrey sente que eles est?o se aproximando de seu destino, seja ela qual for. Obviamente, ele n?o pode permanecer com o grupo at? que eles cheguem aonde estiverem indo: ele precisa tomar uma atitude logo. Ele tinha conseguido atingir seu objetivo, eles est?o dentro de Vol?sia, mas agora Godfrey precisa se separar daquele grupo, antes que eles sejam descobertos. Godfrey olha ao seu redor e percebe algo que ele considera importante: os capatazes agora est?o se reunindo principalmente na frente do comboio de escravos. Isso faz sentido, ? claro. Considerando que todos os escravos est?o acorrentados juntos, n?o h? para onde fugir e os capatazes sentem que n?o h? motivos para proteger a retaguarda. Al?m do ?nico capataz que caminha ao longo das fileiras a?oitando-os, n?o h? mais ningu?m para det?-los quando eles estiverem prontos para escapar por tr?s do comboio. Eles podem fugir e escapar silenciosamente para as ruas de Vol?sia. Godfrey sabe que eles ter?o que agir rapidamente, mas seu cora??o bate acelerado simplesmente ao pensar em tomar uma atitude t?o audaciosa. Sua mente lhe diz para ir, mas seu corpo hesita e parece nunca ter coragem suficiente para avan?ar. Godfrey ainda n?o consegue acreditar que est? ali e que eles tinham realmente conseguido entrar na cidade. Aquilo tudo ? como um sonho, mas um sonho que parece ficar cada vez pior. Quanto mais o efeito da bebida passa, mais ele percebe o quanto aquela ideia ? est?pida. "Temos que sair daqui," Merek sussurra, aproximando-se dele. "Temos que fazer algo r?pido." Godfrey balan?a a cabe?a e engole em seco com o suor escorrendo pelo seu rosto. Uma parte dele sabe que Merek em raz?o, mas outra parte insiste em esperar pelo momento certo. "N?o," ele responde. "Ainda n?o." Godfrey olha ao seu redor e v? todos os tipos de escravos, acorrentados e sendo arrastados pelas ruas de Vol?sia, n?o apenas homens de pele escura. ? como se o Imp?rio tivesse conseguido escravizar todos os tipos de ra?as de todos os cantos do Imp?rio, todas as pessoas que n?o s?o da ra?a do Imp?rio, pessoas que n?o t?m a pele amarela brilhante, a altura avantajada, os ombros largos e os pequenos chifres atr?s das orelhas. "O que estamos esperando?" Ario pergunta. "Se corrermos para as ruas," Godfrey explica, "chamaremos muita aten??o. Podemos ser capturados. Temos que esperar." "Esperar o qu??" insiste Merek, a frustra??o evidente em sua voz. Godfrey balan?a a cabe?a, desanimado. Ele sente que seu plano est? desmoronando. "Eu n?o sei," ele fala. Assim que eles fazem mais uma curva toda a cidade de Vol?sia se desdobra diante deles. Godfrey absorve a cena, completamente espantado. Aquela ? a cidade mais incr?vel que ele j? tinha visto. Godfrey, o filho de um rei, j? tinha visitado grandes aldeias e cidades, assim como cidades ricas e fortalezas. Ele j? havia conhecido as cidades mais belas do mundo. Poucas cidades podem ser comparadas ao resplendor de Savaria, Sil?sia e, acima de tudo, da Corte do Rei. Ele n?o se deixa impressionar por pouco. Mas ele nunca tinha visto nada como aquilo. Vol?sia ? uma combina??o de beleza, ordem, poder e riqueza. Acima de tudo de riqueza. A primeira coisa a chamar a aten??o de Godfrey s?o os ?dolos. Por toda a parte, esparramadas pela cidade, h? est?tuas homenageando deuses que Godfrey n?o reconhece. Um deles parece ser um deus do mar, outro parece ser um deus do c?u e outro das montanhas… Ao redor delas, h? grupos de pessoas fazendo sauda??es. ? dist?ncia, erguendo-se sobre a cidade, h? uma enorme est?tua dourada de Vol?sia. Centenas de pessoas sa?dam a est?tua. A segunda coisa que surpreende Godfrey s?o as ruas, pavimentadas com ouro e brilhantes, elas s?o limpas e meticulosamente organizadas. Todos os pr?dios s?o feitos de pedras perfeitamente lapidadas e todas elas parecem ter sido feitas para ela. As ruas da cidade estendem-se a perder de vista, dando a impress?o de que a cidade continua al?m do horizonte. O que o deixa ainda mais surpreso s?o os canais e as hidrovias que cortam a cidade, interligando as ruas em arcos e c?rculos e agindo como um conduto, o ?leo que faz aquela cidade brilhar. Essas hidrovias est?o repletas de embarca??es douradas ornamentadas, abrindo caminho gentilmente ao longo das ?guas ? medida que elas atravessam a cidade. Vol?sia ? uma cidade repleta de luz e dominada pelo constante barulho das ondas, pois o formato de ferradura da cidade faz com que as ondas arrebentem contra seu muro de prote??o dourado. O brilho do oceano, somado aos raios dos dois s?is e ao sempre presente ouro faz com que Vol?sia tenha um brilho ofuscante. Emoldurante tudo isso, na entrada do porto, h? dois enormes pilares que se estendem at? o c?u, basti?es da for?a. Godfrey percebe que aquela cidade tinha sido constru?da para intimidar e para exalar riqueza, fazendo muito bem o seu papel. Vol?sia ? uma cidade que demonstra avan?os e civilidade, e caso Godfrey n?o conhecesse a crueldade de seus habitantes, aquela teria sido uma cidade onde ele ficaria feliz em viver. O lugar ? muito diferente de tudo que o Anel tem para oferecer. As cidades do Anel s?o constru?das para fortalecer, proteger e defender. Elas s?o humildes e discretas, assim como o seu povo. Aquelas cidades do Imp?rio, por outro lado, s?o abertas, destemidas e constru?das para projetar riqueza. Godfrey percebe que aquilo faz sentido: afinal de contas, as cidades do Imp?rio n?o t?m ningu?m a quem temer. Godfrey ouve um tumulto adiante e, ao percorrerem uma passagem estreita e fazerem uma curva, de repente uma grande pra?a se abre diante deles e, atr?s dela, ele v? o porto. Aquela ? uma ampla pra?a pavimentada com pedras, um ponto central da cidade onde d?zias de ruas se encontram vindas de v?rias dire??es. Tudo isso pode ser visto em partes atrav?s de um arco a vinte metros de dist?ncia deles. Godfrey sabe que quando o comboio tiver passado pelo arco, eles estar?o em um lugar aberto e expostos com os demais. Eles n?o ter?o mais como escapar. Godfrey fica ainda mais preocupado ao ver escravos aproximando-se de todas as dire??es e sendo trazidos por capatazes, escravos de todas as ra?as, vindos de todos os cantos do Imp?rio, todos acorrentados e sendo levados at? uma plataforma pr?xima ao mar. Os escravos ficam em cima da plataforma enquanto os cidad?os ricos do Imp?rio os analisam e fazem suas ofertas. Aquilo parece ser um leil?o. Godfrey ouve aplausos e observa quando um nobre do Imp?rio examina a mand?bula de um escravo de pele branca com cabelos castanhos compridos. O nobre assente com satisfa??o, um capataz se aproxima e prende o escravo, concluindo a transa??o comercial. O capataz agarra o escravo pela parte de tr?s da camisa e o empurra para fora da plataforma de cara no ch?o. O homem cai com for?a no ch?o da pra?a e a multid?o aplaude satisfeita ao mesmo tempo em que v?rios soldados se aproximam para lev?-lo embora. Outro grupo de escravos emerge de outro canto da cidade e Godfrey observa quando um escravo ? empurrado para a frente, o maior escravo do grupo, trinta cent?metros mais alto, mais forte e mais saud?vel do que os outros. Um soldado do Imp?rio ergue seu machado e o escravo tenta se proteger. Mas o capataz corta as correntes e o som de metal atravessa a pra?a. O escravo encara o capataz com uma express?o confusa. "Estou livre?" ele pergunta. Naquele momento v?rios soldados correm at? ele, seguram o escravo pelo bra?o e o arrastam at? a base da est?tua dourada pr?xima ao porto, outra est?tua de Vol?sia cujo dedo est? apontando para o mar enquanto as ondas arrebentam aos seus p?s. A multid?o se aproxima quando os soldados seguram o homem no lugar, empurrando seu rosto contra os p?s da est?tua. "N?O!" o homem grita. O soldado do Imp?rio d? um passo adiante, volta a erguer seu machado e, desta vez, corta a cabe?a do escravo. A multid?o grita de alegria e todos caem de joelhos e se curvam, saudando a est?tua ? medida que o sangue escorre pelos seus p?s. "Um sacrif?cio para a nossa grande deusa!" o soldado grita. "Oferecemos-lhe o primeiro e mais vistoso dos nossos frutos!" A multid?o volta a aplaudir. "Eu n?o sei quanto a voc?," Merek sussurra urgentemente no ouvido de Godfrey, "mas n?o estou disposto a ser sacrificado aos p?s de uma est?tua. N?o hoje." Outro barulho de chicote corta o ar e Godfrey pode ver a entrada aproximando-se diante deles. Seu cora??o bate acelerado enquanto ele considera aquelas palavras e Godfrey sabe que Merek tem raz?o. Ele sabe que precisa agir r?pido. Godfrey se vira ao perceber um movimento repentino. Pelo canto do olho ele v? cinco homens vestindo mantos e capuzes vermelhos e caminhando rapidamente pela rua, indo na dire??o oposta. Ele nota que os homens t?m a pela branca e m?os e rostos p?lidos, v? que eles s?o menores que os soldados brutos da ra?a do Imp?rio e sabe imediatamente quem eles s?o: Finianos. Uma das grandes habilidades de Godfrey ? memorizar est?rias mesmo estando b?bado; ele tinha ouvido cuidadosamente ao longo da ?ltima lua enquanto o povo de Sandara havia contado est?rias de Vol?sia em torno de uma fogueira. Ele tinha ouvido suas descri??es da cidade, de sua hist?ria, de todas as ra?as que eles haviam escravizado e da ?nica ra?a que ainda permanece livre: os Finianos. A ?nica exce??o ? regra. Eles tinham recebido permiss?o para viverem em liberdade, gera??o ap?s gera??o, pois s?o ricos demais para matar, t?m muitas conex?es, s?o muito capazes de se tornarem indispens?veis e de negociarem trocas de favores. Godfrey tinha sido informado de que eles s?o facilmente detect?veis pela pele p?lida demais, pelos mantos vermelhos e cabelos ruivos. Godfrey tem uma ideia. ? agora ou nunca. "VAMOS!" ele fala para seus companheiros. Godfrey se vira e parte para a a??o, correndo para longe do comboio sob os olhares espantados dos escravos acorrentados. Os outros, ele fica aliviado ao ver, o seguem de perto. Godfrey e seus companheiros s?o retardados pelos pesados sacos de ouro que est?o amarrados em suas cinturas. Adiante, ele v? os cinco Finianos entrando em um beco estreito; ele corre na dire??o deles e torce para conseguir alcan?a-los sem ser detectado pelos soldados do Imp?rio. Com o cora??o aos pulos, Godfrey chega ao beco e, sem pensar, salta sobre o grupo ao ver os Finianos parados diante dele. Ele consegue derrubar dois homens no ch?o, sentindo uma dor aguda nas costelas ao bater no ch?o de pedras e sair rolando com eles. Ele olha para cima e v? Merek, seguindo o seu exemplo, derrubar outro Finiano; Akorth pula e imobiliza um dos homens e Fulton tenta derrubar o outro. Godfrey fica irritado ao perceber que Fulton erra o salto e cai no ch?o, gemendo de dor. Godfrey havia derrubado um dos homens e ainda est? imobilizando outro, mas entra em p?nico ao ver o menor deles correndo e prestes a sair do beco. Ele olha para cima e v? quando Ario d? um passo adiante, pega uma pedra e, calmamente, estica o bra?o e a arremessa. ? um golpe perfeito que acerta a t?mpora do Finiano quando ele est? prestes a sair do beco, nocauteando-o. Ario corre at? ele, pega o seu manto e come?a a vesti-lo, percebendo os planos de Godfrey. Godfrey, ainda lutando com o outro Finiano, finalmente estica o bra?o e d? uma cotovelada no rosto do homem, nocauteando-o tamb?m. Akorth finalmente segura a cabe?a do Finiano e bate ela contra o ch?o de pedra duas vezes. Merek estrangula a sua v?tima o bastante para deix?-lo inconsciente e Godfrey olha para Merek a tempo de v?-lo segurando uma adaga contra o pesco?o de seu Finiano. Godfrey est? prestes a gritar para que Merek pare quando uma voz corta o ar, lendo seus pensamentos. "N?o!" ordena a voz severa. Godfrey olha para cima e v? Ario em p? em cima de Merek, olhando para baixo com uma careta. "N?o o mate!" ordena Ario. Merek tamb?m faz uma careta. "Homens mortos n?o falam," Merek diz. "Se eu o soltar, todos n?s morreremos." "Eu n?o me importo," responde Ario, "ele n?o fez mal algum para voc?. Ele n?o deve morrer." Merek, desafiador, se levanta lentamente e encara Ario. Ele se aproxima dele. "Voc? tem metade do meu tamanho, garoto," dispara Merek, "e eu tenho uma adaga. N?o me provoque." "Eu posso ter metade do seu tamanho," Ario responde calmamente, "mas sou duas vezes mais r?pido. Aproxime-se de mim e eu arrancarei essa adaga de suas m?os e cortarei o seu pesco?o antes que voc? possa terminar o seu golpe." Godfrey se espanta com aquele di?logo, principalmente por que Ario ? geralmente t?o calmo. Tudo aquilo ? surreal. Ele n?o pisca ou movimenta qualquer m?sculo e fala como se estivesse tendo a conversa mais calma de sua vida. E isso torna suas palavras ainda mais convincentes. Merek tamb?m deve ter percebido isso, pois ele n?o se move. Godfrey sabe que precisa intervir o mais r?pido poss?vel. "Nosso inimigo n?o est? aqui," Godfrey fala, aproximando-se e abaixando o bra?o de Merek. "Ele est? l? fora. Se come?armos a nos enfrentar, n?o teremos qualquer chance contra eles." Por sorte, Merek permite que seu bra?o seja abaixado e decide guardar sua adaga. "Vamos logo," continua Godfrey. "Todos voc?s. Peguem e vistam as roupas deles. Somos Finianos agora." Eles tiram as roupas dos Finianos e vestem os mantos e capuzes vermelhos. "Isso ? rid?culo," comenta Akorth. Godfrey o examine e v? que sua barriga ? grande demais e que ele ? muito alto; o manto ? curto e est? expondo os tornozelos deles. Merek d? uma risadinha. "Voc? deveria ter bebido menos," ele fala. "Eu n?o vou vestir isso!" Akorth diz. "Isso aqui n?o ? um desfile de modas," Godfrey responde. "Voc? prefere ser descoberto?" Akorth concorda com m? vontade. Godfrey fica parado por um instante e olha para o seu grupo, vestindo aqueles mantos vermelhos, no meio daquela cidade hostil, cercado por for?as inimigas. Ele sabe que suas chances s?o poucas na melhor das hip?teses. "E agora?" pergunta Akorth. Godfrey se vira e olha para a sa?da do beco, de volta para a cidade. Ele sabe que a hora havia chegado. "Vamos ver qual ? a onda da tal Vol?sia." CAP?TULO CINCO Thor fica na proa do pequeno barco e Reece, Selese, Elden, Indra, Matus e O'Connor se sentam atr?s dele sem remar, sabendo que com aquele vento misterioso qualquer esfor?o ser? in?til. Thor sabe que vento os levar? para onde ele quiser e nenhum remo far? qualquer diferen?a. Thor olha para tr?s por cima do ombro, v? os enormes penhascos pretos que marcam a entrada para a Terra dos Mortos desaparecendo atr?s e se sente aliviado. ? hora de olhar para a frente, hora de encontrar Guwayne para come?ar um novo cap?tulo em sua vida. Thor olha para tr?s e v? Selese sentada no barco segurando a m?o de Reece; ele tem que admitir aquilo o deixa abalado. Thor fica emocionado ao v?-la de volta ? terra dos vivos novamente e emocionado ao ver seu melhor amigo t?o exultante. Mas ele tamb?m tem que admitir que aquilo lhe causa uma sensa??o estranha. Ali est? Selese, que havia morrido, agora trazida de volta ? vida. Ele sente como se ele e seus amigos tivessem de alguma forma mudado a ordem natural das coisas. ? medida que ele a examina, Thor notou que ela tem uma pele transl?cida, uma qualidade et?rea, e mesmo que ela esteja realmente ali, em carne e osso, ele n?o pode consegue deixar de v?-la como uma pessoa morta. Ele n?o consegue deixar de se perguntar se ela realmente est? de volta e quanto tempo ela ficar? ali antes de voltar para a Terra dos Mortos. Reece, por outro lado, claramente n?o v? as coisas dessa forma. Ele est? totalmente apaixonado por ela e Thor v? seu amigo feliz pela primeira em muito tempo. Thor consegue entender: afinal, quem n?o gostaria de uma chance de corrigir seus erros, de reparar os erros do passado, de rever algu?m que j? se foi? Reece aperta a m?o dela, olhando em seus olhos, e ela acaricia o seu rosto quando ele a beija. Thor percebe que os outros parecem perdidos, como se tivessem ido para as profundezas do inferno, um lugar que n?o conseguem facilmente apagar de suas mentes. Os efeitos demoram a passar e Thor tamb?m pode senti-los causando flashbacks em sua mente. Uma aura de melancolia toma conta do barco ? medida que todos eles lamentam a perda de Conven. Thor, especialmente, continua revirando sua mente e pensando se h? alguma coisa que ele poderia ter feito para impedi-lo. Ele olha para o mar, observando o horizonte cinza e o oceano sem limites, e se pergunta como Conven pode ter tomado a decis?o que havia tomado. Ele entende a profunda tristeza de Conven pela perda de seu irm?o, mas Thor nunca teria tomado aquela decis?o. Thor percebe que ele est? sofrendo pela perda de Conven, cuja presen?a sempre tinha sido sentida, que sempre havia estado ao seu lado desde seus primeiros dias na Legi?o. Thor se lembra de t?-lo visitado na pris?o, de t?-lo convencido a dar uma segunda chance para a vida; ele se lembra de todas as suas tentativas para anim?-lo, para tir?-lo daquela situa??o e traz?-lo de volta ? vida. No entanto, Thor percebe, n?o importa o que ele tenha feito, ele nunca havia conseguido trazer Conven completamente de volta. A melhor parte de Conven sempre tinha sido o seu irm?o. Thor se lembra do olhar no rosto de Conven ao ser deixado para tr?s. Aquele n?o tinha sido um olhar de arrependimento; o olhar de Conven tinha sido um olhar de pura alegria. Thor sente que ele est? feliz e sabe que n?o deve ficar muito triste. Conven tinha tomado a sua pr?pria decis?o e isso ? mais do que a maioria das pessoas neste mundo ? capaz de fazer. E depois de tudo, Thor sabe que eles se encontrar?o novamente. Na verdade, talvez Conven seja o ?nico que estar? esperando para cumpriment?-lo quando sua hora finalmente chegar. A morte, Thor sabe, est? chegando para todos eles. Talvez n?o hoje ou amanh?. Mas um dia. Thor tenta sacudir aqueles pensamentos sombrios; ele olha para longe e se for?a a se concentrar no oceano, vasculhando as ?guas em todas as dire??es enquanto procura por qualquer sinal de Guwayne. Ele sabe que ? provavelmente in?til procur?-lo ali, no mar aberto, mas ainda assim, Thor ? tomado por um otimismo rec?m-descoberto. Ele sabe, ao menos, que Guwayne est? vivo e isso ? tudo que ele precisa. Ele far? o que for preciso para encontr?-lo novamente. "Onde voc? acha que esta corrente est? nos levando?" pergunta O'Connor, inclinando-se sobre a borda do barco e deslizando as pontas dos dedos na ?gua. Thor estende a m?o e tamb?m toca a ?gua quente; a ?gua passa r?pido por eles, como se o oceano n?o pudesse esperar para lev?-los onde quer que eles estivessem indo. "Desde que seja longe daqui, eu n?o me importo," diz Elden, olhando assustado por cima do ombro na dire??o dos penhascos. Thor ouve um barulho estridente acima deles e, ao olhar para cima, fica emocionado ao ver sua velha amiga Est?feles voando no c?u acima deles.  Ela mergulha no ar acima deles e, em seguida, volta para o ar. Thor tem a sensa??o de que ela est? tentando gui?-los, incentivando-os a segui-la. "Est?feles, minha amiga," Thor sussurra para o c?u. "Seja os nossos olhos e leve-nos at? Guwayne." Est?feles grita de novo, dando sua resposta, e abre suas grandes asas. Ela se vira e voa para o horizonte, na mesma dire??o em que a corrente os est? levando, e Thor tem certeza de que eles est?o se aproximando. Quando Thor se vira, ele ouve um barulho suave ao seu lado e, ao olhar para baixo, v? a Espada da Morte pendurada em sua cintura; ? chocante v?-la ali. Aquilo faz sua viagem para a Terra dos Mortos parecer mais real do que nunca. Thor estende a m?o, sente o punho de marfim da espada, decorado com cr?nios e ossos, e fecha a m?o em torno dela, sentindo a sua energia. Sua l?mina ? incrustada com pequenos diamantes negros e quando ele ergue a espada para examin?-la melhor, Thor os v? brilhando sob a luz. Ao empunhar aquela espada, Thor tem a sensa??o de que est? cumprindo o seu destino. Ele n?o se sente assim com uma arma desde que havia empunhado a Espada do Destino. A Espada da Morte significa mais para ele do que ele ? capaz de dizer; afinal, ele tinha conseguido escapar daquele mundo e a espada tamb?m; Thor sente que ambos s?o sobreviventes de uma guerra terr?vel. Eles haviam passado juntos por tudo aquilo. Entrar na Terra dos Mortos e poder sair de l? tinha sido como caminhar atrav?s de uma teia de aranha gigante e se livrar dela. Thor sabe que eles agora est?o livres, mas de alguma forma ele sente que a teia ainda se adere a ele. Pelo menos ele tinha conseguido ficar com a espada. Thor reflete sobre a sua sa?da, sobre o pre?o que ele tinha pagado e sobre os dem?nios que ele havia involuntariamente libertado. Ele sente um buraco no est?mago, sendo tomado pela sensa??o de que havia libertado uma for?a obscura que n?o ser? t?o facilmente contida. Ele sente que tinha lan?ado algo, como um bumerangue, que um dia, de alguma forma, voltar? para ele. Talvez isso aconte?a antes do que ele espera. Thor segura o punho da espada, preparado. Aconte?a o que acontecer, ele pretende enfrentar o que for preciso em uma batalha e matar o que surgir em seu caminho. Mas o que ele realmente teme s?o as coisas que ele n?o consegue ver, a devasta??o invis?vel que os dem?nios podem causar. O que ele mais teme s?o os esp?ritos desconhecidos, os esp?ritos que atuam com discri??o. Thor ouve passos, sente seu pequeno barco balan?ar e, ao se virar, v? Matus em p? ao lado dele. Matus fica parado com uma express?o triste em seu rosto, olhando para o horizonte com Thor. ? um dia escuro e cinzento e enquanto eles olham para longe ? dif?cil dizer se ? manh? ou tarde, pois o c?u est? uniforme, como se aquela parte do mundo estivesse de luto. Thor pensa na rapidez com que Matus havia se tornado um dos seus amigos mais pr?ximos.  Agora, com Reece fixado em Selese, Thor sente o distanciamento de seu  amigo e a proximidade de Matus com mais intensidade. Thor se lembra de como Matus havia salvado sua vida mais de uma vez l? em baixo e se sente ainda mais leal a ele, como se ele sempre tivesse sido um dos seus pr?prios irm?os. "Esta embarca??o," Matus diz suavemente, "n?o foi feita para o mar aberto. Se enfrentarmos uma boa tempestade, todos seremos mortos. Esse ? apenas um bote do navio de Gwendolyn, ele n?o foi feito para cruzar os mares. Temos que encontrar um barco maior." "E a terra firme," O'Connor entra na conversa, aproximando-se de Thor pelo outro lado, "e provis?es." "E um mapa," Elden interrompe. "Qual ? o nosso destino, afinal?" Indra pergunta. "Onde estamos indo? Voc? tem alguma ideia de onde seu filho pode estar?" Thor examina o horizonte, como j? tinha feito mil vezes, e reflete sobre todas aquelas perguntas. Ele sabe que eles est?o certos e est? se fazendo aquelas mesmas perguntas. Um vasto mar est? diante deles e eles est?o uma pequena embarca??o, sem provis?es. Eles est?o vivos e ele se sente grato por isso, mas a sua situa??o ? prec?ria. Thor balan?a a cabe?a lentamente. Enquanto ele fica ali, perdido em seus pensamentos, ele come?a a detectar algo no horizonte. ? medida que seu barco se aproxima, ele come?a a enxergar melhor e tem certeza de que est? realmente vendo alguma coisa e que n?o s?o seus olhos pregando uma pe?a nele. Seu cora??o bate acelerado de excita??o. O sol sai de tr?s das nuvens e um raio de sol ilumina uma pequena ilha no horizonte. ? um pequeno monte de terra no meio de um vasto oceano, sem nada mais ao redor dele. Thor pisca, perguntando-se se aquilo ? real. "O que ? aquilo?" Matus faz a pergunta que est? na mente de todos eles, que ficam em p? olhando para o horizonte. Quando eles chegam mais perto, Thor v? uma n?voa em torno da ilha, brilhando sob a luz, e sente uma energia m?gica naquele lugar. Ele olha para cima e v? que aquele ? um lugar austero, repleto de fal?sias com dezenas de metros de altura, uma ilha estreita, ?ngreme e implac?vel, com ondas arrebentando nas rochas que a cercam, emergindo do mar como animais antigos. Thor sente, com cada cent?metro de seu ser, que ? para l? que eles devem ir. "Aquela ? uma subida ?ngreme," diz O'Connor. "Se ? que seremos capazes de escalar aquilo." "E n?s n?o sabemos o que nos aguardo no topo," acrescenta Elden. "Pode ser algo hostil. N?o temos qualquer arma, com exce??o de sua espada. N?o podemos ter uma batalha aqui." Mas Thor observa o lugar e pensa, sentindo algo forte ali. Ele olha para o alto, v? Est?feles circulando a ilha e tem ainda mais certeza de que aquele ? o lugar. "Nenhum lugar deve ser ignorado em nossa busca por Guwayne," Thor fala. "Nenhum lugar ? muito remoto. Esta ilha ser? a nossa primeira parada," ele diz. Thor aperta ainda mais as m?os em torno de sua espada. "Hostil ou n?o." CAP?TULO SEIS Alistair se v? em p? em uma paisagem estranha que ela n?o reconhece. O lugar ? uma esp?cie de deserto e quando ela olha para baixo o ch?o se transforma, mudando de preto para vermelho, secando e rachando sob os seus p?s. Ela olha para cima e, ao longe, avista Gwendolyn diante de um ex?rcito desorganizado, com apenas algumas dezenas de homens, membros da Prata que Alistair um dia havia conhecido, com os rostos sangrentos e as armaduras rachadas. Nos bra?os de Gwendolyn h? um pequeno beb? e Alistair sente que aquele ? seu sobrinho, Guwayne. "Gwendolyn!" Alistair grita, aliviada ao v?-la. "Minha irm?!" Mas enquanto Alistair observa, ela de repente ouve um som horr?vel, o som de um milh?o de asas batendo cada vez mais alto, seguido por um grande grasnar. O horizonte escurece e um bando de corvos surge no c?u, voando em sua dire??o. Alistair assiste com horror ? medida que os corvos se aproximam, descem como uma parede negra e arrancam Guwayne dos bra?os de Gwendolyn. Corvejando, eles o levam embora. "N?O!" Gwendolyn grita, estendendo a m?o para o c?u ao mesmo tempo em que eles a atacam. Alistair assiste impotente, sem poder fazer nada exceto assistir enquanto os corvos levam embora o beb? que chora. O ch?o trincado do deserto seca ainda mais e come?a a rachar at? que, um por um, todos os homens de Gwen desabam para dentro dele. Apenas Gwendolyn permanece ali parada, olhando para ela com uma express?o de assombro que Alistair gostaria de nunca ter visto. Alistair pisca e se v? em p? a bordo de um grande navio, navegando em um oceano com ondas que arrebentam ao seu redor. Ela olha ao seu redor e v? que ela ? a ?nica pessoa a bordo do navio; ao olhar para a frente ela v? outro navio diante dela. Erec est? em p? na proa, de frente para ela, acompanhado por centenas de soldados das Ilhas do Sul. Ela fica angustiada ao v?-lo em outro navio, navegando para longe dela. "Erec!" ela grita. Ele olha para tr?s e estende o bra?o na dire??o dela. "Alistair!" ele grita. "Volte para mim!" Alistair assiste com horror ? medida que os navios se afastam ainda mais e o navio de Erec ? levado para longe dela pelas mar?s. O navio dele come?a a girar na ?gua, girando cada vez mais r?pido ao mesmo tempo em que Erec estende a m?o para ela; Alistair n?o pode fazer nada exceto assistir enquanto seu navio ? sugado para baixo por um redemoinho, girando cada vez mais at? desaparecer por completo. "EREC!" Alistair exclama. Ela ouve outro gemido igual ao seu e, ao olhar para baixo, Alistair v? que est? segurando um beb?, o filho de Erec. O beb? ? um menino e seu choro abafa o barulho do vento, da chuva e dos gritos dos homens. Alistair acorda gritando. Ela se senta na cama e olha ao seu redor, se perguntando onde ela est? e o que havia acontecido. Respirando com dificuldade, ela lentamente se acalma e, ap?s v?rios instantes, ela percebe que tudo aquilo tinha sido apenas um sonho. Ela se levanta e, ao ouvir o ch?o rangendo sob seus p?s, Alistair se lembra de que ainda est? no navio. As lembran?as surgem em sua mente: sua partida das Ilhas do Sul e sua miss?o para libertar Gwendolyn. "Minha senhora?" diz uma voz suave. Alistair olha para tr?s e v? Erec em p? ao seu lado, olhando para ela com uma express?o preocupada no rosto. Ela fica aliviada ao v?-lo. "Outro pesadelo?" ele pergunta. Ela assente sutilmente e desvia o olhar, sentindo-se envergonhada. "Os sonhos s?o mais v?vidos no mar," afirma outra voz. Alistair se vira e v? o irm?o de Erec, Strom, que est? por perto. Ent?o ela v? centenas dos habitantes das Ilhas do Sul a bordo do navio e se lembra de tudo. Alistair se recorda de ter deixado Dauphine para tr?s, no comando das Ilhas do Sul ao lado da m?e de Erec. A partir do momento em que haviam recebido aquela mensagem, eles haviam se preparado para zarpar rumo ao Imp?rio para procurar Gwendolyn e todos os outros sobreviventes do Anel, sentindo que ? seu dever sagrado salv?-los. Eles sabem que aquela ? praticamente uma miss?o imposs?vel, mas nenhum deles se importa. Esse ? o seu dever. Alistair esfrega os olhos e tenta sacudir os pesadelos de sua mente. Ela n?o sabe h? quantos dias eles est?o navegando naquele mar sem fim e quando ela olha para longe, estudando o horizonte, ela n?o consegue ver muita coisa. Tudo esta encoberto pelo intenso nevoeiro. "Essa neblina est? nos seguindo desde as Ilhas do Sul," diz Erec, observando o olhar dela. "Vamos torcer para que isso n?o seja um press?gio," acrescenta Strom. Alistair acaricia suavemente a barriga, assegurando-se de que est? tudo bem, de que seu beb? est? bem. Seu sonho tinha parecido muito real. Ela faz isso de forma r?pida e discreta, sem querer que Erec perceba. Ela ainda n?o havia lhe contado nada. Uma parte dela quer dizer-lhe logo, mas outra parte dela prefere esperar pelo momento certo, quando tudo parecer perfeito. Ela segura a m?o de Erec, aliviada ao v?-lo vivo. "Estou feliz que voc? esteja bem," ela fala. Ele sorri para ela, puxando-a para perto para beij?-la. "E por que n?o eu estaria?" ele pergunta. "Seus sonhos s?o apenas fantasias noturnas. Para cada pesadelo, h? tamb?m um homem que est? perfeitamente bem. Eu estou t?o seguro aqui, com voc?, meu irm?o leal e meus homens, quanto eu poderia sonhar estar." "At? chegarmos ao Imp?rio, pelo menos," Strom acrescenta com um sorriso. "Ent?o estaremos t?o segura quanto poss?vel, considerando que seremos uma pequena frota contra dez mil navios." Strom sorri ao dizer aquilo, parecendo antecipar com prazer a luta por vir. Erec d? de ombros com uma express?o s?ria no rosto. "Com os deuses apoiando a nossa causa," ele diz, "n?o podemos perder. Quaisquer que sejam as chances." Alistair se afasta e franze a testa, tentando compreender tudo aquilo. "Eu vi voc? sendo sugado para o fundo do mar com o seu navio. Eu vi voc? a bordo do navio," ela explica. Ela quer acrescentar a parte sobre o filho deles, mas ela se cont?m. "Os sonhos n?o s?o sempre o que parecem ser," ele responde. No entanto, no fundo dos olhos dele, ela v? um lampejo de preocupa??o. Erec sabe que ela consegue ver as coisas e ele respeita as suas vis?es. Alistair respira fundo, olha para a ?gua do mar e sabe que ele est? certo. Afinal, eles est?o todos ali, est?o todos bem. Ainda assim, seu sonho tinha sido muito real. Enquanto e fica ali, Alistair se sente tentada a levar a m?o at? sua barriga para acarici?-la mais uma vez e sentir a crian?a que est? crescendo dentro dela. No entanto, com Erec e Strom por perto, ela n?o pode dar bandeira. Um alarme suave atravessa o ar, tocando de forma intermitente para alertar os outros navios em sua frota de sua presen?a no nevoeiro. "Esse alarme pode entregar nossa posi??o," Strom fala para Erec. "Para quem?" Erec pergunta. "N?o sabemos o que se esconde por tr?s da n?voa," responde Strom. Erec balan?a a cabe?a. "Pode ser," ele responde, "mas o maior perigo agora n?o ? o nosso inimigo, mas n?s mesmos. Podemos colidir contra um dos nossos pr?prios navios e  destruir a nossa frota. N?s teremos que soar os alarmes at? o nevoeiro se dissipar. Todos os nossos navios podem se comunicar dessa maneira e, al?m disso, n?o se afastar?o demais um do outro." No meio do nevoeiro, outro alarme soa a partir de outro navio da frota da Erec, confirmando a sua localiza??o. Alistair olha para a neblina e come?a a pensar. Ela sabe que eles ter?o que ir muito longe, que eles est?o do outro lado do mundo em rela??o ao Imp?rio, e come?a a se perguntar como eles conseguir?o chegar at? Gwendolyn e seu irm?o a tempo. Ela pensa em quanto tempo os falc?es tinham levado para entregar aquela mensagem e se pergunta se eles ainda est?o vivos. Ela tamb?m se pergunta o que havia acontecido com o seu amado Anel. Que maneira terr?vel de morrer, ela pensa, em uma terra estrangeira, longe de sua terra natal. "O Imp?rio fica do outro lado do mundo, meu senhor," Alistair fala para Erec. "Essa ser? uma longa viagem. Por que voc? fica aqui no conv?s? Por que voc? n?o desce e dorme um pouco? Voc? n?o dorme h? dias," ela fala, observando as olheiras sob os olhos dele. Erec balan?a a cabe?a. "Um comandante nunca dorme," ele responde. "E, al?m disso, estamos quase chegando ao nosso destino." "Nosso destino?" ela pergunta intrigada. Erec assente e olha para a n?voa. Ela segue a dire??o de seu olhar, mas n?o v? nada. "A Ilha de Boulder," ele explica. "Essa ser? a nossa primeira parada." "Mas por qu??" ela pergunta. "Por que parar antes de chegar ao Imp?rio?" "Precisamos de uma frota maior," Strom entra na conversa, respondendo por ele. "N?o podemos enfrentar o Imp?rio apenas com algumas dezenas de navios." "E voc? vai encontrar esta frota na Ilha de Boulder?" pergunta Alistair. Erec assente. "? poss?vel," ele diz. "A Ilha de Boulder tem navios e homens – mais do que n?s. Eles desprezam o Imp?rio e j? ajudaram o meu pai no passado." "Mas por que eles ir?o ajud?-lo agora?" ela pergunta com curiosidade. "Quem s?o esses homens?" "Mercen?rios," responde Strom. "Homens rudes forjados por uma ilha dif?cil cercada por mares agitados. Eles lutam por aquele que der o maior lance." "Piratas," diz Alistair em tom de desaprova??o, percebendo quem s?o os habitantes daquela ilha. "N?o exatamente," explica Strom. "Piratas vivem pela recompensa. Os habitantes da Ilha de Boulder vivem para matar." Alistair olha para Erec e percebe pela express?o em seu rosto que o que Strom diz ? verdade. "? nobre lutar por uma causa verdadeira e justa com a ajuda de piratas?" ela pergunta. "Mercen?rios?" "? nobre ganhar uma guerra," Erec responde, "e lutar por uma causa justa como a nossa. Os meios de travar tal guerra nem sempre s?o t?o nobres quanto gostar?amos." "N?o ? nobre morrer," acrescenta Strom. "E quem decide o que ? nobre geralmente s?o os vencedores, n?o os perdedores." Alistair franze a testa e Erec se vira para ela. "Nem todo mundo ? t?o nobre quanto voc?, minha senhora," ele fala. "Ou como eu. Essa n?o ? a maneira como o mundo funciona. Essa n?o ? a maneira como as guerras s?o vencidas." "E podemos confiar nesses homens?" ela pergunta. Erec suspira e olha para o horizonte com as m?os nos quadris, se perguntando a mesma coisa. "Nosso pai confiava neles," ele finalmente diz. "E seu pai antes dele. Os homens da Ilha de Boulder nunca falharam com eles." "E isso significa que eles n?o nos trair?o agora?" ela pergunta. Erec analisa o horizonte e, ao fazer isso, de repente o nevoeiro se dissipa e o sol aparece por tr?s das nuvens. A vista muda drasticamente e o cora??o de Alistair come?a a bater acelerado quando ela avista terra firme ao longe. No horizonte distante, h? uma ilha formada por penhascos ?ngremes onde parece n?o haver lugar para desembarque, nenhuma praia e nenhuma entrada. Ent?o Alistair olha para cima e v? um arco, uma porta aberta na pr?pria montanha; ? uma entrada grande e imponente, guardada por uma ponte levadi?a de ferro, uma parede de rocha s?lida com uma porta no meio. Aquilo ? diferente de tudo que Alistair j? tinha visto. Erec olha para o horizonte, observando a porta iluminada pelos raios de sol, e tem a impress?o de que aquela ? a entrada para outro mundo. "A confian?a, minha senhora," ele finalmente responde, "nasce da necessidade – e ? uma coisa muito prec?ria atualmente." CAP?TULO SETE Darius fica em p? no meio do campo de batalhas segurando uma espada feita de a?o e olha ao seu redor, absorvendo a cena. Tudo aquilo lhe parece surreal. Mesmo ao ver a cena com seus pr?prios olhos, ele n?o consegue acreditar no que tinha acabado de acontecer. Eles haviam derrotado o Imp?rio. Ele e algumas centenas de alde?es, sem qualquer tipo de arma de verdade – com a ajuda de algumas centenas dos homens de Gwendolyn – haviam derrotado aquele ex?rcito profissional de centenas de soldados do Imp?rio. Eles tinham armaduras e armas da melhor qualidade e tamb?m a ajuda de zertas. E ele, Darius, praticamente desarmado, havia liderado a batalha e desarmado todos eles – a primeira vit?ria contra o Imp?rio em toda a hist?ria do reino. Ali, naquele lugar, onde ele havia esperado morrer defendendo a honra de Loti, ele ainda resiste, vitorioso. Um conquistador. Enquanto avalia o campo de batalhas, Darius v? os corpos de dezenas de alde?es misturados aos corpos dos soldados do Imp?rio – dezenas de mortos – e a tristeza se mistura ? sua alegria. Ele flexiona seus m?sculos e percebe a presen?a de novos ferimentos, cortes de espada em seus b?ceps e em suas coxas, sentindo novamente a dor da ferida em suas costas. Ele pensa na retalia??o que certamente vir? e sabe que aquela vit?ria ter? um pre?o. Mas por outro lado, ele pensa, toda liberdade tem um pre?o. Darius sente um movimento e ao se virar v? seus amigos Raj e Desmond se aproximando; eles est?o feridos, mas Darius fica aliviado ao ver que est?o vivos. Ele pode ver em seus olhos que Raj e Desmond olham para ele de modo diferente – que todo o seu povo agora olha para ele de maneira diferente. Eles olham para ele com respeito e algo mais – admira??o. Como uma lenda viva. Todos tinham visto o que ele havia feito, enfrentando o Imp?rio sozinho. E derrotando todos eles. Eles n?o o veem mais como um garoto. Eles agora olham para Darius como um l?der. Como um guerreiro. Aquele ? um olhar que ele nunca havia esperado ver nos olhos daqueles garotos mais velhos, ou nos olhos dos alde?es. Ele sempre tinha sido ignorado, o garoto de quem eles n?o haviam tido muitas expectativas. Aproximando-se dele ao lado de Raj e de Desmond est?o dezenas de seus irm?os de armas, garotos com quem Darius havia treinado e duelado dia ap?s dia, um grupo de quase cinquenta meninos que sacodem a poeira e se re?nem em torno dele. Eles olham com admira??o e espanto para Darius, que est? em p? no meio do campo de batalhas com sua espada de a?o na m?o e coberto de ferimentos. Eles tamb?m demonstram esperan?a. Raj d? um passo adiante e o abra?a, sendo seguido por cada um dos garotos. "O que voc? fez foi imprudente," diz Raj com um sorriso. "Eu n?o achei que voc? fosse capaz disso." "Eu tinha certeza de que voc? fosse se render," Desmond fala. "Mal posso acreditar que estamos todos vivos," completa Luzi. Eles olham ao seu redor com espanto, avaliando a cena como se tivessem acabado de chegar a um planeta estranho. Darius observa todos os corpos e olha para aquelas armaduras e armas de qualidade brilhando sob o sol; ele ouve o som de p?ssaros e v? abutres circulando o c?u acima deles. "Recolham essas armas," Darius se ouve dizendo, tomando a lideran?a. ? uma voz forte, mais profunda do que ele j? tinha usado antes e carrega um tom de autoridade que ele ainda n?o tinha reconhecido em si mesmo. "E enterrem os nossos mortos." Seus homens ouvem e se separam, indo de soldado e soldado e recolhendo o que podem; eles escolhem as melhores armas: alguns pegam espadas, outros preferem ma?as, manguais, punhais, machados e martelos de guerra. Darius segura a espada que havia pegado do comandante e a admira sob a luz do sol. Ele aprecia o peso da arma, seu punho elaborado e a l?mina afiada da arma. A?o de verdade. Algo que ele havia acreditado que nunca teria a chance de segurar em toda a sua vida. Darius pretende us?-la com frequ?ncia, matando quantos soldados do Imp?rio for poss?vel. "Darius!" grita uma voz que ele conhece bem. Ele se vira e v? Loti atravessar a multid?o com l?grimas nos olhos e correr na dire??o dele. Ela se aproxima e l?grimas quentes escorrem pelo pesco?o de Darius ? medida que ela o abra?a. Darius retribui o gesto e eles permanecem juntos por um longo tempo. "Nunca me esquecerei," ela diz entre l?grimas, chegando mais perto para sussurrar em seu ouvido. "Nunca me esquecerei do que voc? fez hoje." Ela o beija, rindo e chorando ao mesmo tempo. Darius est? muito feliz por v?-la viva, por t?-la em seus bra?os e por saber que aquele pesadelo, pelo menos momentaneamente, havia terminado. Feliz em saber que o Imp?rio n?o poder? mais fazer qualquer mal a ela. Enquanto ele a segura em seus bra?os, Darius sabe que faria tudo de novo por ela. "Irm?o," diz uma voz. Darius olha para o lado e fica feliz ao ver sua irm?, Sandara, dar um passo adiante acompanhada de Gwendolyn e do homem que Sandara ama, Kendrick. Darius percebe que o bra?o de Kendrick est? sangrando e, ao ver que h? marcas recentes em sua armadura e em sua espada, ? imediatamente tomado por uma onda de gratid?o. Ele sabe que se n?o tivesse sido por Gwendolyn, Kendrick e seu ex?rcito, ele e seu povo certamente teriam morrido no campo de batalhas naquele dia. Loti se afasta quando Sandara se aproxima para abra??-lo e Darius retribui o gesto. "Eu estou em d?vida com voc?s," fala Darius, dirigindo-se ao grupo. "Eu e todo o meu povo. Voc?s voltaram para nos ajudar quando n?o precisavam ter feito isso. S?o verdadeiros guerreiros." Kendrick se adianta e coloca uma m?o no ombro de Darius. "? voc? o verdadeiro guerreiro, meu amigo. Voc? exibiu muita coragem no campo de batalhas hoje. Deus recompensou sua coragem com esta vit?ria." Gwendolyn se aproxima e Darius faz uma sauda??o para ela. "A justi?a triunfou sobre a maldade e sobre a brutalidade," ela declara. "Fico extremamente feliz, por muitas raz?es, em testemunhar a sua vit?ria e por ter tido a oportunidade de participar dessa luta. Sei que meu marido Thorgrin sentiria o mesmo." "Obrigado, minha senhora," ele responde emocionado. "Ouvi falar muito bem de Thorgrin e espero conhec?-lo um dia." Gwendolyn assente. "E quais s?o seus planos para o seu povo agora?" ela pergunta. Darius pensa e percebe que n?o faz a menor ideia; ele n?o ainda n?o tinha pensado sobre o futuro. Ele n?o tinha pensado que fosse sobreviver. Antes que Darius possa responder h? uma como??o e um rosto que ele conhece bem sai do meio da multid?o: Zirk, um dos treinadores de Darius se aproxima, ensanguentado ap?s a batalha e exibindo seus m?sculos bem definidos. Ele ? seguido por meia d?zia de anci?os da aldeia e por v?rios alde?es e n?o parece satisfeito. Zirk encara Darius de maneira condescendente. "E por acaso est? orgulhoso do que voc? fez hoje?" ele diz depreciativamente. "Olhe o que voc? fez. Veja quantas pessoas morreram aqui hoje. Todas essas pessoas morreram em v?o, homens bons e que morreram por sua culpa. Tudo isso por causa do seu orgulho, da sua arrog?ncia e do seu amor por essa garota." Darius enrubesce e seu ?dio come?a a se acumular. Zirk o tinha perseguido desde o dia em que eles haviam se conhecido. Por alguma raz?o, ele sempre havia parecido se sentir amea?ado por Darius. "Eles n?o foram mortos por minha causa," Darius responde. "Eu lhes dei a chance de viver. De viver de verdade. Eles foram mortos pelas m?os do Imp?rio e n?o pelas minhas." Zirk balan?a a cabe?a. "Errado," ele retruca. "Se voc? tivesse se rendido como n?s ordenamos, todos n?s estar?amos mutilados agora. Em vez disso, alguns est?o mortos. O sangue deles est? em suas m?os." "Voc? n?o sabe de nada!" Loti grita, defendendo Darius. "Voc?s tiveram medo de fazer o que Darius fez!" "Voc? acha que tudo isso vai parar por aqui?" continua Zirk. "O Imp?rio possui milh?es de homens em seu ex?rcito. Voc? matou alguns deles. E da?? Quando eles descobrirem, enviar?o cinco vezes mais tropas. E da pr?xima vez todos n?s seremos mortos e torturados primeiro. Voc? acaba de assinar nossa senten?a de morte." "Voc? est? errado!" grita Raj. "Ele nos deu uma chance para vivermos. Uma chance para vivermos com honra. Uma vit?ria que voc? n?o mereceu." Zirk olha para Raj, fazendo uma careta. "Essas foram as a??es de um garoto tolo e inconsequente," ele diz. "Um grupo de garotos que deveria ter escutado as ordem de seus anci?os. Eu nunca deveria t?-los treinado!" "Errado!" Loc grita, dando um passo adiante e ficando ao lado de Loti. “Essas foram as atitudes corajosas de um homem. Um homem que levou garotos a agir como homens. Um homem que voc? finge ser, mas n?o ?. A idade n?o torna uma pessoa um homem. A coragem faz o homem." Zirk enrubesce e, contorcendo o rosto, aperta a m?o em torno do punho de sua espada. "Palavras de um aleijado," ele dispara, dando um passo amea?ador na dire??o de Loc. Bokbu emerge do grupo e levanta uma das m?os, interrompendo Zirk. "Voc?s n?o v?em o que o Imp?rio est? fazendo conosco?" ele diz. "Eles est?o criando uma divis?o entre n?s. Mas n?s somos um s? povo. Unidos por uma s? causa. Nossos inimigos s?o eles e n?o n?s mesmos. Precisamos nos manter unidos agora mais do que nunca." Zirk coloca as m?os nos quadris e encara Darius. "Voc? ? apenas um garoto tolo com um discurso idiota," ele fala. "Voc? nunca vai conseguir derrotar o Imp?rio. Nunca. E n?o estamos unidos. Eu discordo de suas a??es hoje, todos n?s discordamos do que voc? fez," ele continua, apontando para os outros anci?os e para o grupo de alde?es ali presentes. "Se seguirmos voc?, estaremos assinando a nossa senten?a de morte e pretendemos continuar vivos." "E como voc? pretende fazer isso?" Desmond pergunta com raiva, ficando ao lado de Darius. Zirk enrubesce e permanece em sil?ncio; fica claro para Darius que ele n?o tem qualquer plano, assim como os outros, e que ele est? falando tudo aquilo apenas por medo, frustra??o e desamparo. Bokbu finalmente se aproxima e fica entre eles, aliviando a tens?o no grupo. Todos os olhares se voltam para ele. "Voc?s dois est?o errados e certos ao mesmo tempo," ele diz. "O que importa agora ? o futuro. Darius, qual ? o seu plano?" Darius sente todos os olhares sobre ele em meio ao sil?ncio tenso. Ele pensa e, lentamente, um plano come?a a se formar em sua mente. Darius sabe que h? apenas um caminho a seguir. Essa ? a ?nica alternativa que lhes resta. "Levaremos esta guerra at? as portas da capital do Imp?rio," ele diz em voz alta, sentindo-se encorajado. "Antes que eles possam se recuperar, faremos com que paguem pelo que fizeram. Reuniremos as outras aldeias escravas, formaremos um ex?rcito e faremos com que aprendam o que significa sofrer. Podemos morrer, mas morreremos como homens livres, lutando pela nossa causa." H? um grito de aprova??o atr?s de Darius, vindo da maioria dos alde?es, e ele pode ver a maior parte da aldeia se reunindo atr?s dele. Um pequeno grupo, atr?s de Zirk, observa Darius com uma express?o incerta. Zirk, furiosos e em menor n?mero, enrubesce e come?a a se afastar, desaparecendo no meio da multid?o. O pequeno grupo de alde?es logo decide segui-lo. Bokbu d? um passo adiante e encara Darius solenemente com o rosto marcado pela preocupa??o, um rosto que j? tinha visto muitas coisas em sua vida. Ele observa Darius com olhos repletos de sabedoria. E medo. "Nosso povo procura em voc? um l?der agora," ele diz suavemente. "Isso ? algo muito sagrado. N?o perca a confian?a deles. Voc? ? jovem para liderar um ex?rcito, mas essa tarefa agora cabe a voc?. Voc? come?ou essa guerra e agora deve termin?-la." * Gwendolyn, com Kendrick e Sandara ao seu lado e Steffen, Brandt, Atme, Aberthol, Stara e dezenas de seus homens atr?s dela, d? um passo adiante quando os alde?es come?am a se afastar. Ela olha para Darius com respeito e pode ver a gratid?o nos olhos dele por sua decis?o de ajud?-lo no campo de batalhas naquele dia. Ap?s a vit?ria dele, ela se sente vingada e sabe que havia tomado a decis?o certa, por mais dif?cil que tenha sido. Ela havia perdido dezenas de seus homens durante a batalha e ainda est? sofrendo a perda deles. Ela tamb?m sabe que se ela n?o tivesse voltado Darius e seus companheiros certamente teriam morrido durante aquele confronto. Ver Darius lutando com tanta coragem e enfrentando sozinho o Imp?rio tinha feito Gwendolyn pensar em Thorgrin e seu cora??o se aperta ao ser invadido pelas lembran?as dele. Ela est? determinada a recompensar a coragem de Darius, seja qual for o custo. "Estamos dispostos a apoiar sua causa," afirma Gwendolyn. A declara??o chama a aten??o de Darius, Bokbu e de todos os outros, e os alde?es que ainda permanecem ali se viram na dire??o dela. "Voc?s nos receberam quando precis?vamos de ajuda, portanto estamos prontos para ajud?-los quando voc?s necessitam de apoio. Nossas armas s?o suas, sua causa ? a nossa causa. Afinal de contas, ? tudo a mesma cisa. Queremos voltar para nossa terra em liberdade e voc?s querem libertar a sua terra. Compartilhamos o mesmo opressor." Darius encara Gwendolyn emocionado e Bokbu caminha at? o meio do grupo e fica olhando para ela em sil?ncio enquanto todos os observam. "Hoje percebemos a s?bia decis?o que tomamos ao aceitar receb?-los aqui," ele diz com orgulho. "Voc? nos recompensou al?m do que jamais ousamos sonhar e somos eternamente gratos. Sua reputa??o, e a de todo o povo do Anel, de guerreiros honrados e corajosos ? verdadeira. Jamais seremos capazes de retribuir esse gesto." Ele respira fundo. "Precisamos realmente de sua ajuda," ele continua. "Mas n?o precisamos de mais homens no campo de batalha. Seus homens n?o ser?o o suficiente – n?o para a batalha que est? por vir. Se realmente deseja nos ajudar, o que realmente precisamos ? que voc?s busquem refor?os. Se ? para termos uma chance de verdade, precisaremos de dezenas de milhares de homens para nos ajudar." Gwen o encara com os olhos arregalados. "E onde poderemos encontrar dezenas de milhares de cavaleiros?" Bokbu lan?a um olhar sombrio na dire??o dela. “Se existe mesmo uma cidade de homens livres no Imp?rio, uma cidade disposta a nos ajudar – observe que eu disse se – ent?o essa cidade fica no Segundo Anel.” Gwen o encara com uma express?o confusa. "O que voc? est? pedindo que eu fa?a?" ela pergunta. Bokbu a observa solenemente. "Se realmente deseja nos ajudar," ele fala, "pe?o que embarque em uma miss?o imposs?vel. Pe?o que fa?a algo mais dif?cil e perigoso do que nos acompanhar at? o campo de batalhas. Estou pedindo que voc? siga o seu plano original, a miss?o que voc? havia planejado seguir hoje cedo. Pe?o que atravesse o Grande Deserto, encontre o Segundo Anel e, caso voc? sobreviva, caso o Segundo Anel realmente exista, conven?a seus ex?rcitos a nos ajudarem em nossa causa. Essa ? a ?nica chance que temos de vencer essa guerra." Ele olha para ela com um olhar sombrio em meio a um sil?ncio t?o intenso que Gwen pode ouvir o vento atravessando o deserto. "Ningu?m jamais foi capaz de atravessar o Grande Deserto," ele continua. "Ningu?m jamais confirmou a exist?ncia do Segundo Anel. Essa ? uma miss?o imposs?vel. Uma marcha suicida. Detesto ter que lhe pedir isso, mas ? exatamente o que precisamos." Gwendolyn examina Bokbu, nota a seriedade em seu rosto e pondera sua proposta por um longo tempo. "Faremos o que for preciso," ela finalmente diz, "faremos o que mais ajudar a sua causa. Se h? aliados do outro lado do Grande Deserto, que assim seja. Partiremos imediatamente e voltaremos com ex?rcitos prontos para lutar em seu nome." Bokbu d? um passo adiante e abra?a Gwendolyn com l?grimas nos olhos. "Voc? ? uma Rainha de verdade," ele declara. "Seu povo tem sorte em ter algu?m como voc?." Gwen se vira para o seu povo e v? que eles a observam solenemente e sem medo. Ela sabe que eles a seguir?o a qualquer parte. "Preparem-se para marchar," ela ordena. "Atravessaremos o Grande Deserto e encontraremos o Segundo Anel, ou ent?o morreremos tentando." * Sandara se sente dividida ao ver Kendrick e se povo se preparando para embarcar em sua miss?o rumo ao Grande Deserto. Ao seu lado est?o Darius e seu povo, as pessoas com quem ela havia crescido e as ?nicas pessoas que ela conhece, preparando-se para se afastar, para reunir as aldeias e enfrentar o Imp?rio. Ela se sente dividida ao meio e n?o sabe qual caminho seguir. Sandara n?o consegue suportar a ideia de ver Kendrick desaparecer para sempre e tamb?m n?o consegue pensar em abandonar o seu povo. Kendrick, ao terminar de preparar sua armadura e de colocar sua espada na cintura, olha para cima e encontra o seu olhar. Ele parece saber sobre o que ela est? pensando, como sempre faz. Sandara pode ver a m?goa nos olhos de Kendrick, certa cautela em rela??o a ela, e n?o o culpa por isso; durante todo aquele tempo no Imp?rio, ela havia se mantido afastada dele e passado seus dias na aldeia enquanto Kendrick tinha vivido nas cavernas. Ela tinha se decidido a honrar os anci?os e n?o se misturar com outras ra?as. Por outro lado, ela n?o havia honrado seu amor por Kendrick. O que ? mais importante? Honrar os costumes de sua fam?lia ou seu pr?prio cora??o? Essa quest?o havia lhe causado muita ang?stia desde que ela havia voltado ao Imp?rio. Kendrick se aproxima dela. "Imagino que voc? v? ficar com o seu povo?" ele pergunta com um tom de m?goa na voz. Ela olha para ele sem saber o que dizer. Ela mesma n?o sabe a resposta para aquela pergunta. Sandara fica paralisada e se sente enraizada no ch?o do deserto. De repente, Darius se aproxima dela. "Minha irm?," ele diz. Ela se vira e faz um gesto para cumpriment?-lo, feliz pela distra??o quando ele coloca um bra?o em torno do ombro dela e olha para Kendrick. "Kendrick," ele diz. Kendrick assente em sinal de respeito. "Voc? sabe o quanto eu a amo," continua Darius. "Meu lado ego?sta deseja pedir-lhe que fique." Ele respira fundo. "Mas ainda assim, imploro que voc? v? com Kendrick." Sandara olha para ele, completamente chocada. "Mas por qu??" ela pergunta. "Vejo seu amor por ele e sei dos sentimentos dele por voc?. Um amor como esse n?o se encontra duas vezes. Voc? deve seguir seu cora??o, n?o importa o que o nosso povo pensa ou as nossas leis. Isso ? a ?nica coisa que importa." Sandara olha para o seu irm?o mais jovem com emo??o; ela est? impressionada com a sua sabedoria. "Voc? amadureceu muito desde a ?ltima vez que o vi," ela fala. "N?o ouse abandonar o seu povo e n?o ouse ir embora com ele," diz uma voz amea?adora. Sandara se vira e v? Zirk, dando um passo adiante acompanhado de v?rios anci?os ao ouvir a conversa deles. "Seu lugar ? aqui, ao nosso lado. Se decidir ir embora com este homem, nunca mais poder? voltar." "E quem disse que isso lhe diz respeito?" Darius pergunta com raiva, saindo em defesa de sua irm?. "Cuidado, Darius," Zirk adverte. "Voc? pode estar liderando este ex?rcito agora, mas voc? n?o ? o nosso l?der. N?o finja falar em nome do nosso povo." "Falo por minha irm?," Darius responde, "e falarei por quem eu bem entender." Sandara nota Darius fechar a m?o em torno do punho de sua espada enquanto encara Zirk e rapidamente coloca uma m?o em seu bra?o. "Quem deve tomar essa decis?o sou eu," ela fala para Zirk. "E eu j? me decidi," ele completa, sentindo uma onda de indigna??o e tomando a decis?o naquele exato momento. Ela n?o pretende deixar aquelas pessoas tomarem decis?es por ela. Ela havia permitido que os anci?os tomassem decis?es importantes sobre a sua vida desde que consegue se lembrar e agora j? tinha tido o bastante. "Kendrick ? o amor da minha vida," ela diz olhando para Kendrick, que olha para ela surpreso. Ao pronunciar aquelas palavras, Sandara sabe que est? dizendo a verdade e sente uma onda de amor por ele, sendo tomada pela culpa por n?o t?-lo aceitado antes diante de sua tribo. "O povo dele ? o meu povo. Ele ? meu e eu sou dele; nada e ningu?m podem nos separar." Ela se dirige a Darius. "Adeus, meu irm?o," ela fala. "Vou acompanhar Kendrick." Darius abre um largo sorriso ao mesmo tempo em que Zirk faz uma careta. "Nunca mais fale conosco," ele dispara, dando-lhe as costas e come?ando a se afasta com os anci?os. Sandara olha para Kendrick e faz o que tinha sentido vontade de fazer desde que havia chegado ali. Ela o beija diante de todos, sem medo de finalmente poder demonstrar seu amor por ele. Para sua grande felicidade, ele retribui o gesto e a envolve em seus bra?os. "Fique em seguran?a, meu irm?o," diz Sandara. "E voc? tamb?m, minha irm?. N?s nos veremos novamente." "Neste mundo ou no pr?ximo," ela responde. Com isso, Sandara entrela?a seu bra?o no de Kendrick e, juntos, eles se juntam ao povo de Kendrick e se encaminham para o Grande Deserto, para uma morte certa, mas ela est? preparada para ir a qualquer parte do mundo desde que esteja ao lado de seu ?nico e verdadeiro amor. CAP?TULO OITO Godfrey, Akorth, Fulton, Merek e Ario, vestindo os mantos dos Finianos, caminham atentos pelas ruas brilhantes de Vol?sia, em grupo e muito tensos. A bebedeira de Godfrey j? havia passado h? muito tempo e ele caminha pelas ruas desconhecidas da cidade com os sacos de ouro pendurados em sua cintura se amaldi?oando por ter se oferecido para ir naquela miss?o ao mesmo tempo em que pensa sobre o que deve fazer a seguir. Ele daria qualquer coisa por uma bebida naquele momento. Que ideia terr?vel ele havia tido ao decidir ir at? ali. Por que ele tinha tido aquela atitude est?pida de bravura? O qu? ? mesmo a bravura? ele se pergunta. Um momento de paix?o, de abnega??o e de loucura. Aquilo tudo deixa sua garganta seca, faz seu cora??o bater acelerado e suas m?o tremerem. Ele odeia aquela sensa??o, odeia cada segundo daquilo. Ele deveria ter mantido sua boca fechada. A bravura simplesmente n?o combina com ele. Ou ser? que combina? Ele j? n?o tem certeza de mais nada. Tudo o que Godfrey sabe ? que ele quer sobreviver, viver, beber, estar em qualquer lugar exceto ali. O que ele n?o daria por uma cerveja naquele momento. Ele ? capaz de trocar o ato mais her?ico do mundo por uma cerveja. "E quem exatamente n?s vamos comprar?" pergunta Merek, aproximando-se de Godfrey enquanto eles caminham pelas ruas. Godfrey pensa. "Precisamos de algu?m no ex?rcito deles," ele finalmente diz. "Um comandante. Algu?m n?o muito importante. Apenas importante o suficiente. Algu?m que se importe mais com o ouro do que com a viol?ncia." "E onde vamos encontrar algu?m assim?" Ario pergunta. "N?o podemos simplesmente entrar nos quart?is deles." "Pela minha experi?ncia, h? apenas um lugar confi?vel onde ? poss?vel encontrar algu?m de princ?pios question?veis," declara Akorth. "Nas tavernas." "Agora voc? est? falando a minha l?ngua," Fulton comenta. "Finalmente algu?m come?a a fazer sentido." "Essa ? a pior ideia que eu j? ouvi," retruca Ario. "Parece que voc? s? est? interessado em beber." "Bem, eu realmente quero," Akorth responde. "E que mal h? nisso?" "O que voc? acha?" Ario responde. "Acha que vamos entrar na taverna, encontrar um comandante e conseguir compr?-lo? Acha que vai ser simples assim?" "Bem, o garoto finalmente tem raz?o sobre algo," interrompe Merek. "Essa ? uma p?ssima ideia. Eles v?o dar uma ?nica olhada em nosso ouro, ir?o nos matar e nos roubar?o." "E ? por isso que n?o levaremos o ouro," responde Godfrey decidido. "O qu??" pergunta Merek, virando-se na dire??o dele. "O que vamos fazer como ele, ent?o?" "Escond?-lo," Godfrey responde. "Esconder todo esse ouro?" Ario pergunta. "Voc? est? louco? Trouxemos muito ouro, Isso ? o suficiente para comprar metade dessa cidade." "E ? precisamente por isso que vamos escond?-lo," explica Godfrey, acostumando-se com a ideia. "Encontraremos a pessoa certa, pelo pre?o certo, uma pessoa em quem podemos confiar, e ent?o a levaremos at? o ouro." Merek d? de ombros. "Esse ? um plano furado. Est? indo de mal a pior. N?s seguimos voc? at? aqui, sabe-se l? porque, e voc? est? nos levando para os nossos t?mulos." "Voc? me seguiu porque voc? acredita na honra e na coragem," Godfrey responde. "Voc? me seguiu porque, a partir daquele momento, nos tornamos irm?os. Irm?os na bravura. E irm?os n?o se abandonam." Os outros ficam em sil?ncio enquanto eles caminham e Godfrey fica surpreso consigo mesmo. Ele ainda n?o compreende completamente esse seu lado que surge de vez em quando. Aquele ? seu pai falando atrav?s dele? Ou ? ele mesmo? Eles fazem uma curva, a cidade de desdobra diante deles e Godfrey fica mais uma vez espantando com a beleza de Vol?sia. As ruas, cobertas de ouro, interligadas pelos canais repletos de ?gua do mar e completamente iluminadas, refletem o brilho das luzes e o deixam temporariamente cego. As ruas est?o movimentadas e Godfrey assimila o movimento da multid?o. Ele ? empurrado mais de uma vez e toma cuidado para manter sua cabe?a abaixada para n?o ser detectado pelos soldados do Imp?rio. H? soldados marchando em todas as dire??es, vestindo armaduras de todos os tipos e misturados aos nobres do Imp?rio e aos cidad?os, homens enormes com a facilmente identific?vel pele amarela e os pequenos chifres, muitos deles com barracas, vendendo suas mercadorias ao longo das ruas de Vol?sia. Godfrey tamb?m v?, pela primeira vez, as mulheres do Imp?rio, t?o altas quanto os homens e com os mesmos ombros largos, quase t?o grandes quanto alguns dos homens do Anel. Seus chifres s?o mais longos, mais pontudos e brilham em um tom azul claro. Elas parecem ser mais selvagens do que os homens. Godfrey n?o quer se envolver em uma briga com uma daquelas mulheres. "Talvez possamos dormir com algumas mulheres enquanto estivermos aqui," diz Akorth com um arroto. "Acho que elas v?o preferir cortar o seu pesco?o," responde Fulton. Akorth d? de ombros. "Quem sabe elas fa?am as duas coisas," ele fala. "Pelo menos eu morreria um homem feliz." Quando a multid?o se torna mais densa, ? medida que abre caminho pelas ruas da cidade, transpirando e tremendo de ansiedade, Godfrey se esfor?a para permanecer forte, para ter coragem, para pensar em todas as pessoas daquela aldeia e em sua irm?, que precisa de sua ajuda. Ele considera os oponentes que aquelas pessoas t?m que enfrentar. Se ele tiver ?xito em sua miss?o, talvez ele possa fazer a diferen?a, talvez ele possa realmente ajud?-los. Aquela n?o ? a estrat?gia gloriosa e corajosa de guerra de seus irm?os, mas ? o seu jeito e ? a ?nica forma que ele conhece de fazer as coisas. Ao fazerem uma curva, Godfrey olha para a frente e v? exatamente o que ele est? procurando: ali, adiante, um grupo de homens sai de um pr?dio, lutando entre si ? medida que um grupo se forma em torno deles para assistir a briga. Eles d?o socos e cambaleiam de um modo que Godfrey reconhece imediatamente: eles est?o b?bados. B?bados, ele pensa, t?m a mesma apar?ncia em qualquer lugar do mundo. Eles fazem parte de uma fraternidade de tolos. Ele identifica um pequeno estandarte negro exposto acima do estabelecimento e sabe imediatamente do que se trata. "Ali," Godfrey diz, como estivesse olhando para Meca. "? exatamente daquilo que precisamos." "Aquela ? a taverna mais limpa que eu j? vi," diz Akorth. Godfrey nota a fachada elegante e se sente inclinado a concordar com ele. Merek d? de ombros. "Todas as tavernas s?o iguais por dentro. Os frequentadores desse lugar ser?o t?o b?bados e est?pidos aqui quanto em qualquer outro lugar." "Exatamente o meu tipo de gente," responde Fulton, lambendo os l?bios como se j? pudesse sentir o sabor da cerveja. "E como vamos chegar at? l??" Ario pergunta. Godfrey olha para baixo e percebe por que ele est? fazendo aquela pergunta: a rua termina em um canal. N?o h? como andar at? l?. Godfrey v? uma pequena embarca??o se aproximar com dois homens do Imp?rio, v? quando eles saltam para fora e amarram o barco em um poste com uma corda, deixando-o ali enquanto caminham na dire??o da cidade sem nunca olhar para tr?s. Godfrey v? a armadura que um deles veste e conclui que eles s?o oficiais e n?o precisam se preocupar com seu barco. Eles claramente sabem que ningu?m ? tolo o suficiente para ousar roubar o barco de um oficial. Godfrey e Merek trocam olhares audaciosos ao mesmo tempo. Grandes mentes, Godfrey pensa, andam em sintonia, ou pelo menos as mentes que j? tinham alguma experi?ncia com calabou?os e becos escuros. Merek d? um passo adiante, remove a adaga de sua cintura e corta a corda; um de cada vez, eles sobem na pequena embarca??o. Godfrey se inclina para tr?s e empurra o barco para longe da doca. Eles deslizam pelo canal e Merek pega o remo comprido, pondo-se a remar. "Isso ? loucura," diz Ario, olhando para tr?s ? procura dos oficiais. "Eles podem voltar a qualquer momento." Godfrey olha para a frente e assente. "Ent?o ? melhor remarmos mais r?pido," ele responde. CAP?TULO NOVE Vol?sia fica parada no meio do deserto sem fim cujo solo rachado e seco parece pedra sob seus p?s e olha para a frente, enfrentando a comitiva de Dansk. Sua postura demonstra orgulho e uma d?zia de seus conselheiros mais pr?ximos a acompanham naquele encontro com duas d?zias dos homens de Dansk, t?picos homens do Imp?rio – altos, com ombros largos, a pele amarela, os olhos vermelhos brilhantes e dois pequenos chifres. A ?nica diferen?a not?vel no povo de Dansk ? que, com o tempo, seus chifres haviam crescido para o lado em vez de crescerem para cima. Vol?sia olha por cima dos ombros dos soldados e v? a cidade des?rtica de Dansk, imponente e suprema, erguendo-se dezenas de metros no ar com seus muros verdes da cor do deserto feitos de pedras ou de tijolos – ela n?o consegue identificar qual dos dois. A cidade ? perfeitamente circular, com muralhas ao longo dos muros e, ao longo delas, soldados de guarda a cada tr?s metros observando todas as esta??es e protegendo cada canto do deserto. Ela parece impenetr?vel. Dansk fica diretamente ao sul de Maltolis, na metade do caminho entre a cidade do Pr?ncipe enlouquecido e a capital do Sul, e representa uma fortaleza crucial para Vol?sia. Sua m?e havia mencionado aquele lugar muitas vezes, mas ela nunca havia estado ali. A m?e de Vol?sia havia dito que ningu?m seria capaz de conquistar o Imp?rio sem antes conquistar Dansk. Vol?sia voltar a olhar para o l?der a cidade, parado diante dela com sua comitiva, olhando para ela com uma express?o arrogante. Ele ? diferente dos outros, claramente o seu l?der, e carrega um ar de confian?a e muitas cicatrizes no rosto emoldurado por duas longas tran?as que descem at? sua cintura. Eles est?o esperando em sil?ncio h? muito tempo, ambos aguardando que o outro fale primeiro, e n?o h? qualquer barulho exceto o barulho do vento atravessando o deserto. Finalmente, ele deve ter se cansado de esperar e come?a a falar. "Ent?o voc? deseja entrar em nossa cidade?" ele pergunta para Vol?sia. "Voc? e seus homens?" Vol?sia o encara com orgulho e confian?a sem demonstrar qualquer rea??o. "Eu n?o desejo entrar na cidade," ela responde. "Desejo tom?-la. Vim para oferecer-lhe os termos de sua rendi??o." Ele a encara por v?rios segundos, como se estivesse tentando compreender suas palavras, e ent?o seus olhos se arregalam de surpresa. Ele se inclina para tr?s e cai na gargalhada. Vol?sia enrubesce. "N?s!?" “Nos rendermos!?” Ele continua rindo como se tivesse ouvido a piada mais engra?ada do mundo. Vol?sia olha para ele calmamente e observa que os soldados que o acompanham n?o est?o rindo – e tamb?m n?o parecem sorrir. Eles a encaram com seriedade. "Voc? n?o passa de uma garota," ele finalmente diz, parecendo se divertir. "Voc? n?o sabe nada da hist?ria de Dansk, do nosso deserto e do nosso povo. Se soubesse, saberia que nosso povo nunca se rendeu. Nem mesmo uma vez. Nenhuma vez em dez mil anos. N?o nos rendemos a ningu?m. Nem mesmo para o ex?rcito de Atlow o Grande. Dansk jamais foi conquistada." Seu sorriso se transforma em uma careta. "E agora voc? vem at? aqui," ele diz, "uma garota jovem e est?pida, vinda do nada com uma d?zia de soldados, e nos pede a nossa rendi??o? E por que eu n?o deveria mat?-la agora mesmo ou lev?-la para os nossos calabou?os? Acho que ? voc? quem deveria estar negociando os termos de uma rendi??o. Se eu a mandar embora, este deserto a matar?. Por outro lado, se eu permitir que voc? fique, ? poss?vel que eu decida mat?-la." Vol?sia o encara com calma e n?o vacila. "Eu n?o oferecei os mesmos termos duas vezes," ela diz calmamente. "Rendam-se agora e eu pouparei suas vidas." Ele a encara estupefato, finalmente percebendo que ela est? falando s?rio. "Voc? est? delirando, garota. Voc? passou muito tempo sob o sol do deserto." Vol?sia continua encarando o homem e seu olhar se escurece. "Eu n?o sou uma jovem garota," ela responde. "Eu sou a grande Vol?sia da grande cidade de Vol?sia. Soou a Deusa Vol?sia. E voc?s, assim como todos os seres dessa terra, s?o subservientes a mim." Enquanto ele a observa sua express?o muda, passando a encar?-la como uma louca. "Voc?s n?o ? Vol?sia," ele fala. "Vol?sia ? mais velha. Eu a conheci pessoalmente. Foi uma experi?ncia das mais desagrad?veis. Por?m, posso ver a semelhan?a. Voc? ?… a filha dela. Sim, ? isso. Por que sua m?e n?o vem falar conosco? Por que ela est? mandando voc?, a filha dela?" “Eu sou Vol?sia,” ela responde. "Minha m?e est? morta. Eu mesma me certifiquei disso." Ela olha para ela e sua express?o se torna s?ria. Pela primeira vez, ele parece incerto. "Voc? pode ter sido capaz de matar sua pr?pria m?e," ele fala. "Mas ? tolice nos amea?ar. N?s n?o somos uma mulher indefesa e os homens de Vol?sia est?o longe daqui. Voc? errou em se aventurar t?o longe de sua fortaleza. Acha mesmo que pode conquistar nossa cidade com uma d?zia de soldados?" ele pergunta, apertando e soltando o punho de sua espada como se estivesse pensando em mat?-la. Ela sorri lentamente. "Eu n?o posso conquistar essa cidade com uma d?zia de soldados," ela responde. "Mas posso faz?-lo com duzentos mil homens." Vol?sia ergue um punho no ar enquanto segura o cetro dourado, levantando-o bem alto sem nunca tirar os olhos de cima dele e, ao fazer isso, observa o l?der da comitiva de Dansk olhar por cima dos ombros dela e se transformar em uma express?o de p?nico e choque. Ela n?o precisa olhar para tr?s para saber o que ele est? vendo: seus duzentos mil soldados Maltolisianos acabam de subir a colina ao seu sinal e est?o esparramados ao longo da linha do horizonte. Agora o l?der de Dansk sabe a verdadeira amea?a que aguarda a sua cidade. Toda a sua comitiva reage, parecendo horrorizada e ansiosa para retornar para a seguran?a dos muros da cidade. "O ex?rcito Maltolisiano," o l?der diz, o medo evidente em sua voz pela primeira vez. "O que eles est?o fazendo aqui, com voc??" Vol?sia sorri para ele. "Eu sou uma deusa," ela diz. "Por que eles n?o estariam seguindo o meu comando?" Ele agora a observa com uma express?o de espanto e surpresa. "Ainda assim, eu n?o ousaria atacar Dansk," ele afirma com a voz tr?mula. "Estamos sob a prote??o direta da capital. O ex?rcito do Imp?rio possui milh?es de soldados. Se voc? nos atacar, eles ser?o obrigados a retaliar. Voc? eventualmente ser? derrotada. N?o ser? poss?vel vencer. Voc? ? t?o imprudente assim? Ou ser? t?o est?pida?" Ela continua sorrindo, apreciando o n?tido desconforto do l?der. "Talvez um pouco dos dois," ela responde. "Ou talvez eu apenas queira testar meu rec?m-conquistado ex?rcito e aprimorar as habilidades deles contra voc?s. ? apenas uma grande falta de sorte que voc?s estejam em meu caminho, entre meus homens e a capital. E nada – nada – poder? me impedir." Ele a encara e sua express?o se transforma em ?dio. Mas agora, pela primeira vez, ela pode ver p?nico de verdade nos olhos dele. "N?s viemos aqui para discutir termos e n?s n?o os aceitamos. N?s nos prepararemos para a guerra, se ? isso que voc? deseja. Lembre-se apenas que foi voc? quem quis assim." Ele de repente d? um chute em sua zerta com um grito e se vira junto com os outros, galopando de volta para a cidade com sua comitiva e levantando uma nuvem de poeira atr?s dele. Vol?sia desmonta casualmente de sua zerta, estica o bra?o e pega uma lan?a curta e dourada que seu comandante, Soku, entrega para ela. Ela ergue uma m?o, sente a brisa e prepara sua mira. Ent?o, ela se inclina para a frente e arremessa a lan?a. Vol?sia acompanha a lan?a atravessando o ar por quase cinquenta metros at? ouvir o barulho satisfat?rio que a lan?a faz ao acertar a carne humana. Ela observa com alegria quando a lan?a acerta as costas do l?der. Ele grita, despencando de cima de sua zerta, e rola no ch?o do deserto. Sua comitiva para e olha para baixo horrorizada. Eles continuam sentados em suas zertas, debatendo se devem parar para resgat?-lo. Ao olharem para tr?s e verem os homens de Vol?sia no horizonte, come?ando a marchar na dire??o deles, eles parecem reconsiderar suas op??es. Eles se viram e galopam na dire??o dos port?es da cidade, abandonando o seu l?der no ch?o do deserto. Vol?sia avan?a com sua comitiva at? chegar perto do l?der moribundo e desmonta ao lado dele. Quando a comitiva chega at? Dansk os port?es de ferro s?o baixados e as grandes portas duplas s?o fechadas atr?s deles, criando uma fortaleza de ferro impenetr?vel. Vol?sia olha para o l?der moribundo, que se deita de costas no ch?o e a encara com uma express?o de ang?stia e choque. "Voc? n?o pode ferir um homem que veio at? voc? em uma miss?o de paz," ele afirma ultrajado. "Isso ? contra todas as leis do Imp?rio! Isso nunca foi feito antes!" "Eu n?o tive a inten??o de feri-lo," ela fala, ajoelhando-se ao lado dele, esticando o bra?o e tocando a ponta da lan?a. Ela enfia a lan?a com mais for?a no corpo do l?der, sem soltar at? o homem parar de se debater e dar o ?ltimo suspiro. Ela abre um grande sorriso. "Eu tive a inten??o de mat?-lo." CAP?TULO DEZ Thor fica na proa do pequeno navio ? vela diante de seus irm?os com o cora??o batendo acelerado de ansiedade ? medida que a corrente os leva em linha reta em dire??o ? pequena ilha na frente deles. Thor olha para cima e observa as fal?sias com espanto – ele nunca tinha visto nada parecido com aquilo antes. As paredes s?o perfeitamente lisas, feitas de um granito absolutamente branco que brilha sob os dois s?is e t?m dezenas de metros de altura. A ilha tem o formato de um c?rculo com a base cercada por enormes rochas; ? dif?cil pensar em meio ao incessante bater das ondas, mas a ilha parece inexpugn?vel e ? praticamente imposs?vel para qualquer ex?rcito escal?-la. Thor leva uma m?o aos olhos e olha para o sol. As fal?sias parecem parar em algum momento, culminando em um plat? a dezenas de metros de altura. Quem mora l? em cima, no topo, vive em perp?tua seguran?a, pensa Thor, supondo que algu?m more l?. No topo, pairando sobre a ilha como um halo, h? uma s?rie de nuvens rosa e lil?s, protegendo-a dos fortes raios de sol, como se aquele lugar fosse aben?oado pelo pr?prio Deus. Uma brisa suave assopra e o ar est? agrad?vel e suave. Thor pode sentir mesmo de longe que h? algo de especial sobre aquele lugar. Ele parece m?gico. Thor n?o se sente assim desde que havia chegado ? terra do castelo de sua m?e. Todos os outros tamb?m se entreolham com express?es de espanto em seus rostos. "Quem voc? acha que mora aqui?" O'Connor diz, fazendo em voz alta a pergunta que est? em todas as suas mentes. "Quem ou o qu??" pergunta Reece. "Talvez ningu?m," responde Indra. "Talvez seja melhor continuarmos navegando," sugere O'Connor. "E ignorar o convite?" pergunta Matus. "Estou vendo sete cordas e h? sete de n?s." Thor examina as fal?sias e, quando olha de perto, v? sete cordas douradas penduradas desde o topo at? a costa, brilhando sob o sol. Ele come?a a pensar. "Talvez algu?m esteja nos esperando," afirma Elden. "Ou nos tentando," diz Indra. "Mas quem?" pergunta Reece. Thor olha para o topo e todos aqueles mesmos pensamentos passam pela sua mente. Ele se pergunta quem poderia saber que eles est?o a caminho. Eles est?o sendo observados de alguma forma? Todos eles ficam em sil?ncio no barco ? medida que a corrente os leva para cada vez mais perto da ilha. "A verdadeira pergunta," diz Thor em voz alta, finalmente quebrando o sil?ncio, "? se eles s?o amig?veis ou se isso ? apenas uma armadilha." "E por acaso isso far? alguma diferen?a?" pergunta Matus, aproximando-se dele. Thor balan?a a cabe?a. "N?o," ele responde, apertando a m?o em torno do punho de sua espada. "Vamos visit?-los de qualquer maneira. Se eles forem amig?veis, iremos abra??-los; caso sejam nossos inimigos, iremos mat?-los." As correntes se intensificam e ondas maiores carregam seu barco todo o caminho at? a pequena faixa de areia negra que cerca o lugar. Quando o barco ? levado suavemente at? a praia, todos desembarcam ao mesmo tempo. Thor segura o punho da espada, inquieto, e olha para todas as dire??es. N?o h? qualquer movimento na praia, nada al?m do que o bater das ondas. Ele caminha at? a base das fal?sias, coloca a palma da m?o sobre elas e sente o qu?o suave elas s?o, sente o calor e a energia que irradia delas. Ele examina as cordas penduradas ao longo do penhasco, embainha sua espada e agarra uma delas. Thor puxa a corda com for?a e v? que ela n?o cede. Um por um, os outros se juntam a ele e tamb?m pegam uma corda. "Ser? que vai aguentar?" O'Connor pergunta em voz alta, olhando para cima. Todos olham para cima, claramente se fazendo a mesma pergunta. "H? apenas uma maneira de descobrir," Thor responde. Ele agarra a corda com ambas as m?os, d? um salto e come?a a sua subida. Ao seu redor, seus companheiros fazem o mesmo e come?am a escalar os penhascos como cabras da montanha. Thor sobe sem parar, com os m?sculos doloridos e queimando sob o sol. O suor escorre pelo seu pesco?o, seus olhos ardem e todos os seus membros come?am a tremer. Ao mesmo tempo, h? algo de m?gico sobre aquelas cordas, uma esp?cie de energia que lhes d? for?as, fazendo-os subir mais r?pido do que o normal, como se as cordas os estivesse puxando para cima. Muito mais cedo do que ele havia imaginado, Thor chega ao topo; ele estende a m?o e fica surpreso ao perceber que est? agarrando grama e solo. Ele puxa o corpo para cima e rola para o lado, para a grama macia, exausto, respirando com dificuldade e com todos os membros doloridos. Ao seu redor, Thor v? seus amigos chegando – eles haviam conseguido. Algo realmente quer que eles estejam ali em cima. Thor n?o sabe se isso ? motivo de tranquilidade ou de preocupa??o. Thor se ajoelha e empunha sua espada, assumindo uma posi??o de defesa por n?o saber o que esperar.  Em torno dele, seus irm?os fazem o mesmo, ficando em p? e instintivamente assumindo uma forma??o semicircular para proteger as costas uns dos outros. No entanto, ao permanecer ali, Thor fica chocado com o que v?. Ele havia esperado encontrar um inimigo diante dele, tinha antecipado ver um lugar rochoso, est?ril e desolado. Em vez disso, ele n?o encontra ningu?m ali para receb?-los e em vez de rochas ele v? o lugar mais bonito que ele j? tinha visto: ali, diante dele, h? luxuriantes colinas verdes com flores, folhagens e frutas exuberantes sob o sol da manh?. A temperatura do lugar ? perfeita e seu corpo ? constantemente acariciado pela brisa suave do oceano. H? pomares, vinhas verdejantes, locais de tal generosidade e beleza que toda a sua tens?o imediatamente se dissipa. Ele embainha sua espada e todos os outros relaxam tamb?m, apreciando a perfei??o daquele lugar. Pela primeira vez desde que ele havia deixado a Terra dos Mortos, Thor tem a sensa??o de que pode realmente relaxar e baixar sua guarda. Aquele ? um lugar de onde ele n?o tem pressa para sair. Thor fica perplexo. Como um lugar t?o lindo pode existir no meio de um oceano t?o implac?vel? Thor olha ao seu redor e v? uma n?voa suave que paira sobre tudo, olha para cima e v?, bem acima, o anel de nuvens roxas delicadas encobrindo o lugar, protegendo-o, mas tamb?m permitindo que os raios de sol iluminem a ilha; ele sabe com cada cent?metro de seu corpo que aquele lugar ? m?gico. Aquela ilha ? um lugar de tal beleza f?sica que ? capaz de deixar mesmo a abund?ncia do Anel para tr?s. Thor fica surpreso ao ouvir um grito distante; a princ?pio, ele pensa que ? apenas a sua mente pregando pe?as nele, mas ent?o ele sente um arrepio ao ouvir o grito de novo. Ele leva uma m?o aos olhos e olha para cima, vasculhando os c?us. Ele pode jurar ter ouvido o grito de um drag?o, mas ele sabe que isso n?o ? poss?vel. O ?ltimo dos drag?es, ele sabe, tinha morrido com Ralibar e Mycoples. Ele havia testemunhado o fato e o momento fat?dico de sua morte ainda paira sobre ele como um punhal em seu cora??o. N?o h? um dia que passe em que ele n?o pense em sua amiga Mycoples e deseje a presen?a dela ao seu lado. Teria sido apenas uma ilus?o, ter ouvido aquele grito? O eco de algum sonho esquecido? Thor de repente ouve o grito novamente, atravessando os c?us e perfurando o pr?prio tecido do ar, e seu cora??o come?a a bater acelerado de entusiasmo e admira??o. Aquilo est? mesmo acontecendo? Ao levar a m?o aos olhos e olhar para os dois s?is, no alto das fal?sias, Thor pensa detectar os tra?os de um pequeno drag?o circulando no ar. Ele fica paralisado e se pergunta se seus olhos est?o pregando pe?as nele. "Aquilo n?o ? um drag?o?" Reece pergunta de repente em voz alta. "N?o ? poss?vel," responde O'Connor. "N?o existem mais drag?es vivos." Mas Thor n?o tem mais tanta certeza ao observar o contorno da forma desaparecer no meio das nuvens. Thor olha para baixo e estuda seu entorno. Ele come?a a pensar. "Que lugar ? esse?" Thor pergunta em voz Alta. "Um lugar de sonhos, um lugar de luz," diz uma voz. Thor se vira de repente, assustado com a voz estranha, e fica chocado ao ver, em p? diante deles, um homem idoso, vestido com um manto e capuz amarelo, carregando um longo cajado transl?cido incrustado com diamantes, com um amuleto preto pendurado na ponta. Ele brilha t?o intensamente que Thor mal consegue enxergar. O homem sorri calmamente, caminha na dire??o deles de maneira bem-humorada, e remove o capuz, revelando longos cabelos ondulados e dourados e um rosto atemporal. Thor n?o ? capaz de dizer se ele tem dezoito ou cem anos de idade. Uma luz emana de seu rosto e Thor ? surpreendido por sua intensidade. Ele n?o tinha visto nada assim desde havia visto Argon pela ?ltima vez. "Voc? est? certo," ele fala ao encontrar os olhos de Thorgrin e caminhar at? ele. Ele para a poucos passos de dist?ncia e seus olhos verdes transl?cidos parecem enxergar atrav?s dele. "Ao pensar em meu irm?o." "Seu irm?o?" Thor pergunta confuso. O homem assente. "Argon?" Thor encara o homem, completamente chocado. "Argon?" Thor diz. "Seu irm?o?" ele acrescenta, quase sem conseguir pronunciar as palavras. O homem assente, examinando-o, e Thor tem a sensa??o de que ele est? vendo sua pr?pria alma. "Ragon ? o meu nome," ele diz. "Eu sou o irm?o g?meo de Argon. Embora, ? claro, n?o sejamos muito parecidos. Eu acredito que eu seja o mais bonito," ele acrescenta com um sorriso. Thor olha fixamente para ele, sem palavras. Ele n?o sabe por onde come?ar; ele nunca tinha sido informado de que Argon tinha um irm?o. Lentamente, tudo come?a a fazer sentido. "Voc? nos trouxe at? aqui," diz Thor, processando tudo. "Aquelas correntes, esta ilha, aquelas cordas… Voc? planejou que vi?ssemos at? aqui." Thor conclui. "Voc? esteve nos observando." Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696471&lfrom=688855901) на ЛитРес. 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