Как часто я вижу картинку такую Воочию, или она только снится: Две девочки-гейши о чём-то толкуют, Забыв, что давно им пора расходиться. На улице тёмной все двери закрыты. Ленивое пламя в фонарике сонном… А девочки-гейши как будто забыты Двумя огоньками в пространстве бездонном. Ну что вам не спится, прекрасные гейши? Ведь даже сверчки неумолчны

Um Reinado de Rainhas

Um Reinado de Rainhas Morgan Rice Anel Do Feiticeiro #13 O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: intrigas, conspira??es, mist?rio, cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, trai??es e desilus?es. Ele vai deixar voc? entretido por horas, e vai satisfazer p?blicos de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia. –Books e Movie Reviews, Roberto Mattos UM REINADO DE RAINHAS ? o Livro n 13 da s?rie best-seller O ANEL DO FEITICEIRO, que come?a com EM BUSCA DE HER?IS (Livro n 1) . Em UM REINADO DE RAINHAS, Gwendolyn lidera o que ainda resta de sua na??o em ex?lio enquanto eles navegam pelas terras hostis do Imp?rio. Refugiados pelo povo de Sandara, eles tentam se recuperar escondidos, construindo um novo lar ? sombra de Vol?sia. Thor, determinado a resgatar Guwayne, continua a busca junto com seus irm?os da Legi?o do outro lado do oceano, dentro da enorme caverna que guardam a Terra dos Esp?ritos, enfrentando territ?rios e monstros inimagin?veis. Nas Ilhas do Sul, Alistair se sacrifica por Erec – mas uma reviravolta inesperada por acabar salvando ambos. Darius arrisca tudo para salvar o amor de sua vida, mesmo que para isso ele tenha que encarar o Imp?rio sozinho. Mas ele acabar? descobrindo que seu conflito com o Imp?rio est? apenas come?ando. E Vol?sia continua sua ascens?o, ap?s ter assassinado Romulus, consolidando-se como l?der do Imp?rio e tornando-se a rainha impiedosa que sempre esteve destinada a ser. O povo de Gwen conseguir? sobreviver? Guwayne ser? encontrado? Alistair e Erec ir?o sobreviver? Darius conseguir? resgatar Loti? Thorgrin e seus companheiros sair?o desta vivos? Com uma ambienta??o e constru??o de personagens sofisticada, UM REINADO DE RAINHAS ? um conto ?pico de amizades e amantes, rivais e pretendentes, cavaleiros e drag?es, intrigas e maquina??es pol?ticas, do processo de tornar-se adulto, de cora??es partidos, de enganos, ambi??es e trai??es. ? um conto de honra e coragem, de destino e magia. ? uma fantasia que nos leva at? um mundo que jamais esqueceremos, e que atrai leitores de todas as idades e g?neros. Prendeu minha aten??o desde o in?cio e n?o consegui soltar o livro.. Essa est?ria ? uma aventura incr?vel com um ?timo ritmo, recheada de a??o desde o come?o. N?o h? um ?nico momento entediante. –Paranormal Romance Guild {em rela??o a Transformada} Morgan Rice Um Reinado de Rainhas Livro N 13 Da S?rie O Anel Do Feiticeiro Morgan Rice Morgan Rice ? a autora bestseller n?1 do USA Today da s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezessete livros; da s?rie bestseller n?1 DI?RIOS DE UM VAMPIRO, composta por onze livros (em progresso); da s?rie bestseller n?1 TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por dois livros (em progresso); e da nova s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS, composta por dois livros (e contando). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em ?udio e vers?es impressas, e tradu??es dos livros est?o dispon?veis em 25 idiomas. Morgan gosta de ouvir sua opini?o, ent?o sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com e fazer parte da lista de correspond?ncia, receber um livro gratuito, ganhar brindes, fazer o download do aplicativo gratuito, receber not?cias exclusivas, conectar-se atrav?s do Facebook e Twitter e manter contato! Cr?ticas aos Livros de Morgan Rice "Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga em seu enredo. Em Busca de Her?is ? uma est?ria sobre a busca pela coragem e um prop?sito na vida que leve ao crescimento, ? maturidade e ? excel?ncia… Para aqueles em busca de aventuras substanciais, os protagonistas e suas a??es e estrat?gias fornecem um conjunto vigoroso de conflitos que se concentra na evolu??o de Thor de um rapaz sonhador a um jovem adulto que precisa enfrentar dificuldades impressionantes em sua luta pela sobreviv?ncia. Esse ? apenas o come?o do que promete ser uma s?rie ?pica para jovens adultos.” Midwest Book Review (D. Donovan, cr?tico de E-books) "O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: intrigas, conspira??es, mist?rio, cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, trai??es e desilus?es. Ele vai deixar voc? entretido por horas, e vai satisfazer p?blicos de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia." –-Books e Movie Reviews, Roberto Mattos "A fantasia ?pica de Rice (O ANEL DO FEITICEIRO) inclui as caracter?sticas cl?ssicas do g?nero – um cen?rio forte, altamente inspirado na Esc?cia antiga e sua hist?ria – e uma boa dose de intriga." –Kirkus Reviews "Adorei a forma como Morgan Rice construiu o personagem de Thor e o mundo em que ele vive. O cen?rio e as criaturas que nele habitam s?o muito bem descritas… gostei muito (da trama). A est?ria ? curta e doce – com o n?mero perfeito de personagens secund?rios para que n?o se torne confusa. H? aventuras e momentos impressionantes, mas a a??o descrita n?o ? excessivamente grotesca. O livro ? perfeito para o p?blico adolescente… Esse ? o come?o de algo extraordin?rio…” --San Francisco Book Review "Nesse livro inicial recheado de a??o da s?rie O Anel do Feiticeiro (que atualmente conta com 14 livros), Rice introduz os leitores a Thorgrin "Thor" McLeod, cujo sonho ? se juntar ? Legi?o Prata, a elite dos cavaleiros que servem ao Rei… A escrita de Rice ? solida e a premissa ? intrigante." --Publishers Weekly "(EM BUSCA DE HER?IS) ? de leitura r?pida e f?cil. Os finais dos cap?tulos fazem com que voc? tenha que ler o que acontece a seguir e voc? n?o consegue abandonar o livro. H? alguns erros de digita??o e alguns nomes est?o trocados, mas isso n?o tira o m?rito da est?ria. O final do livro me fez querer o livro seguinte imediatamente e foi isso o que eu fiz. Todos os nove atuais livros da s?rie O Anel do Feiticeiro podem ser adquiridos na Kindle Store e Em Busca de Her?is pode ser adquirido gratuitamente! Se voc? est? procurando algo r?pido e divertido para ler nas f?rias esse livro ? uma boa dica." --FantasyOnline.net Livros de Morgan Rice REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro n?1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro n?2) O PESO DA HONRA (Livro n?3) O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro n 1) UMA MARCHA DE REIS (Livro n 2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro n 3) UM GRITO DE HONRA (Livro n 4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro n 5) UMA CARGA DE VALOR (Livro n 6) UM RITO DE ESPADAS (Livro n 7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n 8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro n 9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro n 10) UM REINADO DE A?O (Livro n 11) UMA TERRA DE FOGO (Livro n 12) UM REINADO DE RAINHAS (Livro n 13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro n 14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro n 15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n 16) O PRESENTE DA BATALHA (Livro n 17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA RENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n 1) ARENA DOIS (Livro n 2) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro n 1) AMADA (Livro n 2) TRA?DA (Livro n 3) PREDESTINADA (Livro n 4) DESEJADA (Livro n 5) COMPROMETIDA (Livro n 6) PROMETIDA (Livro n 7) ENCONTRADA (Livro n 8) RESSUSCITADA (Livro n 9) ALMEJADA (Livro n 10) DESTINADA (Livro n 11) Ou?a a s?rie O ANEL DO FEITICEIRO em formato de ?udio livro! Copyright © 2014 por Morgan Rice Todos os direitos reservados.  Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book ? licenciado apenas para o seu uso pessoal.   Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas.  Se voc? gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio.   Se voc? estiver lendo este livro sem t?-lo comprado, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira sua pr?pria c?pia.   Obrigado por respeitar o trabalho da autora. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, entidades, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o do autor ou foram usados de maneira fict?cia.  Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. Direitos autorais da imagem de capa de propriedade de Slava Gerj, usada sob licen?a a partir de Shutterstock.com CAP?TULO UM A cabe?a de Thorgrin bate contra as pedras e contra a lama ? medida que ele despenca em queda livre montanha abaixo, caindo centenas de metros enquanto a montanha desmorona. Seu mundo gira enquanto ele tenta interromper sua queda, tentando orientar-se sem sucesso. Pelo canto dos olhos, ele v? que seus irm?os tamb?m est?o caindo ao mesmo tempo em que tentam desesperadamente agarrar-se a ra?zes, pedras – qualquer coisa – na tentativa de amenizar a queda. A cada segundo que passa, Thor percebe que est? ficando mais distante do topo do vulc?o – e mais longe de seu filho Guwayne. Ele pensa em todos aqueles selvagens l? em cima – preparando-se para sacrificar seu beb?, e arde de ?dio. Ele se esfor?a para se segurar na terra, gritando desesperado para voltar para o topo. Mas por mais que ele tente, h? muito pouco que ele possa fazer. Thor mal consegue enxergar ou respirar – e muito menos proteger-se ? medida que uma montanha de terra continua a chover em cima dele. ? como se o peso do universo inteiro estivesse caindo sobre seus ombros. Tudo est? acontecendo muito r?pido – r?pido demais para que Thor consiga processar e, ao olhar para baixo, ele v? um monte de pedras afiadas. Ele sabe que assim que ele e seus companheiros atingirem o solo, todos morrer?o. Thor fecha os olhos e tenta se lembrar de seu treinamento, dos ensinamentos de Argon e das palavras de sua m?e, tentando encontrar a calma no meio da tempestade e invocar o poder do guerreiro interior dentro dele. Assim que ele faz isso, ele sente sua vida passar diante de seus olhos. Ele se pergunta se aquele ? o seu teste final. Por favor, Deus, Thor reza, se voc? existe mesmo, salve-me. N?o permita que eu morra assim. Permita que eu invoque os meus poderes. Permita que eu salve o meu filho. Ao pensar nessas palavras, Thor sente que est? sendo testado, sendo for?ado a recorrer a sua f? – a buscar uma f? maior do que ele jamais havia tido. Como sua m?e havia lhe avisado, ele agora ? um guerreiro, e est? sendo for?ado a passar pelo teste de um guerreiro. Quando Thor fecha os olhos, seu mundo come?a a passar em c?mera lenta e, para sua surpresa, ele come?a se sentir mais calmo, e ? tomado por uma grande sensa??o de paz no centro da tempestade. Ele sente um calor crescendo dentro dele, atravessando suas veias na dire??o das palmas de suas m?os. E come?a a sentir maior que seu pr?prio corpo. Thor sente que est? fora de seu corpo e olhando para si mesmo, e se v? caindo montanha abaixo. Ele percebe naquele momento que ele n?o est? mais dentro daquele corpo, e que havia se tornado algo maior. Thor de repente volta para dentro de seu corpo e, ao fazer isso, ergue as palmas das m?os acima de sua cabe?a, e v? uma luz branca brilhante emanando delas. Ele direciona a luz e cria uma bolha ao redor dele e de seus irm?os, e de repente o deslizamento de terra ? interrompido e o monte de terra bate no escudo e n?o consegue mais avan?ar na dire??o deles. Eles continuam escorregando, mas agora bem mais devagar, diminuindo o ritmo at? pararem em um plat? pr?ximo ? base da montanha. Thor olha para baixo e v? que havia parado em ?guas rasas, e percebe ao ficar em p? que a ?gua alcan?a os seus joelhos. Ele olha ao seu redor com uma express?o de surpresa nos olhos. Ele olha para cima da montanha e v? o monte de terra suspenso no ar – como se estivesse prestes a despencar a qualquer instante, ainda bloqueado por sua bolha de luz. Ele observa toda a cena, surpreso por ter sido capaz de fazer aquilo. "Est?o todos bem?" O'Connor pergunta. Thor v? Reece, O'Connor, Conven, Matus, Elden e Indra, todos machucados e abalados, levantando-se lentamente, mas milagrosamente vivos e sem grandes les?es. Eles se abra?am – cobertos de poeira e parecendo ter rastejado para fora de uma mina de carv?o. Thor pode ver que todos est?o gratos por estarem vivos, e percebe em seus olhares que eles acreditam ter sido salvos por ele. Thor, lembrando-se, se vira e imediatamente olha para o topo da montanha com um ?nico pensamento em sua mente: seu filho. "Como vamos voltar para cima-" come?a Matus. Mas antes que ele possa terminar de falar, Thor de repente sente algo se enrolar em torno de seus tornozelos. Ele olha para baixo surpreso, e v? uma criatura grossa e viscosa enrolando-se em volta de seus tornozelos e pernas, v?rias e v?rias vezes. Ele percebe horrorizado que se trata de uma criatura parecida com uma enguia, com duas cabe?as pequenas, que fica chiando com suas l?nguas compridas ao mesmo tempo em que olha para ele e continua enrolando seus tent?culos em suas pernas. A pele da criatura come?a a queimar as pernas de Thor. Os reflexos de Thor finalmente s?o ativados, e ele pega sua espada e a golpeia, assim como fazem seus companheiros – que tamb?m s?o atacados ao seu redor. Thor tenta cuidadosamente golpear de forma a n?o atingir sua pr?pria perna, e consegue se livrar de uma das criaturas; a enguia o solta e a dor horr?vel em seu tornozelo ? amenizada. A enguia desliza de volta para a ?gua sibilando. O'Connor pega seu arco, atirando v?rias flechas e errando o alvo, enquanto Elden grita quando tr?s criaturas o atacam ao mesmo tempo. Thor corre e golpeia a enguia que est? subindo pela perna de O'Connor, enquanto Indra d? um passo adiante e grita para Elden. "N?o se mova!" Ela ergue seu cardo e atira tr?s flechas em r?pida sucess?o, matando tr?s enguias com tiros certeiros – apenas arranhando a pele de Elden. Ele olha para ela em estado de choque. "Voc? est? louca? ele grita. "Voc? quase arrancou a minha perna!" Indra sorri para ele. "Mas eu n?o arranquei, arranquei?" ela responde. Thor ouve mais barulhos na ?gua e ao olhar ao seu redor fica chocado ao ver mais dezenas de enguias se aproximando. Ele percebe que todos precisam tomar uma decis?o e sair dali o mais r?pido poss?vel. Thor est? exausto – esgotado por ter invocado seus poderes, e sabe que lhe resta muito pouco de sua for?a interior; ele sabe que ainda n?o ? forte o bastante para usar seus poderes de forma cont?nua. Ainda assim, ele sabe que precisa us?-los uma ?ltima vez, fossem quais fossem as consequ?ncias. Se ele n?o fizer isso, ele sabe que eles jamais conseguiriam chegar ao topo da montanha a tempo, e morreriam ali naquela lagoa de enguias, e n?o haveria salva??o para seu filho. Talvez fosse preciso usar todas as for?as que ainda lhe restam e talvez ele fosse ficar fraco por v?rios dias – mas ele n?o se importa. Ele pensa em Guwayne sozinho no topo daquela montanha com aqueles selvagens, e sabe que seria capaz de fazer qualquer coisa. Quando outro grupo de enguias come?a a se aproximar dele, Thor fecha os olhos e ergue as palmas das m?os para o c?u. "Em nome do ?nico e sagrado Deus," ele diz em voz alta, "eu ordeno que o c?u se abra para n?s! Eu ordeno que o c?u nos envie nuvens para nos levarem at? o topo da montanha!" Thor enuncia as palavras com uma voz profunda e sombria – sem mais qualquer receio de aceitar suas ra?zes Druidas, e sente seu comando vibrando dentro de seu peito e ressoando pelo ar. Ele sente um forte calor no centro de seu peito ao proferir aquelas palavras, e tem certeza de que seu comando ser? atendido. H? um grande rugido e, ao olhar para cima, Thor v? o c?u come?ando a mudar de cor – transformando-se em um tom roxo escuro, ao mesmo tempo em que as nuvens come?am a crescer e a girar. Um grande buraco redondo surge – uma abertura no c?u, e de repente uma luz escarlate dispara em dire??o ao solo, seguida por uma nuvem em formato de funil que desce na dire??o deles. Dentro de instantes, Thor e seus irm?os se v?em arrastados por um tornado. Thor sente a umidade das nuvens macias girando ao redor dele, e dentro de alguns momentos, ele tem a sensa??o de que est? sendo i?ado pelo ar e se sente mais leve do nunca. Ele realmente se sente um s? com o universo ao seu redor. Thor sente que est? subindo cada vez mais alto pela lateral da montanha, passando pela terra, por sua bolha, todo o caminho at? o topo. Em pouco tempo, a nuvem leva Thor e seus companheiros at? o topo do vulc?o e os coloca gentilmente no ch?o. Ent?o, ela desaparece da mesma forma que havia surgido. Thor fica parado ao lado de seus irm?os, que olham para ele absolutamente com espanto, como se ele fosse um deus. Mas Thor n?o est? pensando neles; ele se vira e rapidamente analisa o plat? com um ?nico pensamento em sua mente: os tr?s selvagens parados diante dele e o pequeno ber?o em seus bra?os – que eles seguram sobre a borda do vulc?o. Thor d? um grito de batalha ao mesmo tempo em que come?a a avan?ar. O primeiro selvagem se vira para encar?-lo com espanto e, quando ele faz isso, Thor n?o hesita e sem perder tempo arranca a cabe?a do homem. Os outros dois homens se viram e olham para ele com express?es horrorizadas ao mesmo tempo em que Thor perfura o cora??o de um deles, e ent?o estica o bra?o e bate no rosto do outro com o punho de sua espada, empurrando-o para dentro do vulc?o. Thor se vira e rapidamente agarra o pequeno ber?o antes que o homem o derrube. Ele olha para baixo com o cora??o batendo acelerado de gratid?o por t?-lo segurado a tempo, preparado para tirar Guwayne de dentro dele e finalmente segur?-lo em seus bra?os. Mas ao olhar para dentro do ber?o, o cora??o de Thor se parte. Ele est? vazio. O mundo de Thor se desfaz, e ele fica parado ali – completamente entorpecido. Ele olha para dentro do vulc?o e v? as chamas erguendo-se de dentro dele. E sabe naquele momento que seu filho est? morto. "N?O!" Thor grita. Thor cai de joelhos gritando para os c?us; ele chora convulsivamente e d? um grito que ecoa pela montanha – o grito primitivo de um homem que acaba de perder o ?nico motivo pelo qual ainda continua vivo. “GUWAYNE!” CAP?TULO DOIS Bem acima da ilha solit?ria no meio do oceano, um ?nico drag?o voa sozinho; ele ainda ? pequeno – n?o est? completamente desenvolvido, e seu grito estridente d? sinais do grande drag?o que ele um dia se tornar?. Ele voa triunfante com suas escamas brilhantes – crescendo a cada minuto, batendo suas asas e segurando em suas garras o bem mais precioso que ele j? tinha visto em sua curta vida. O drag?o olha para baixo sentindo o calor entre suas garras e observa sua preciosa posse. Ele ouve o choro e sente sua carga se movimentando, tranquilizando-se ao ver que o beb? ainda est? a salvo e intacto em suas garras. Guwayne, o homem havia gritado. O drag?o ainda pode ouvir os gritos ecoando pelas montanhas ao voar bem acima das nuvens. Ele est? exultante por ter salvado o beb? a tempo, antes que aqueles homens pudessem t?-lo matado com suas adagas. Ele havia arrancado Guwayne de suas m?os apenas alguns segundos antes do golpe fatal. Ele tinha realizado – com sucesso, a tarefa que lhe tinha sido atribu?da. O drag?o voa cada vez mais alto sobre a ilha, atravessando as nuvens e j? fora do campo de vis?o dos humanos abaixo dele. Ele sobrevoa a ilha, passando por cima de vulc?es e cadeias de montanhas, atravessando nevoeiros e distanciando-se cada vez mais. Logo ele est? voando acima do oceano, deixando a ilha para tr?s. Diante dele, h? apenas a imensid?o do oceano e do c?u, nada al?m da monotonia por um milh?o de quil?metros. O drag?o sabe exatamente onde ele est? indo. Ele sabe onde deve levar aquela crian?a – aquela crian?a que ele j? ama mais do que seria capaz de dizer. Um lugar muito especial. CAP?TULO TR?S Vol?sia observa o corpo inerte de Romulus no ch?o com uma express?o de satisfa??o no rosto enquanto o sangue dele escorre sobre os dedos de seus p?s e sob suas sand?lias. A cena lhe proporciona enorme prazer. Ela n?o consegue se lembrar de quantos homens – mesmo com sua pouca idade – ela j? havia matado, quantos ela j? havia surpreendido daquela forma. Eles sempre a subestimavam – e mostrar como ela poderia ser brutal ? um de seus maiores prazeres na vida. E agora, ela havia matado o Grande Romulus – e com suas pr?prias m?os, e n?o pelas m?os de um de seus homens – o Grande Romulus, a grande lenda, o guerreiro que havia matado Andronicus e assumido o seu lugar no trono. O L?der Supremo do Imp?rio. Vol?sia sorri com grande prazer. Ali est? ele, o l?der supremo, reduzido a uma po?a de sangue aos seus p?s – e por suas pr?prias m?os. Vol?sia se sente entusiasmada. Ela sente um fogo pulsando em suas veias, ardendo para destruir tudo ? sua frente. Ele sente as for?as do destino agindo dentro dela. Sua hora havia chegado. Ela sabe, com a mesma certeza que havia tido de que um dia mataria a m?e com suas pr?prias m?os, que um dia lideraria todo o Imp?rio. "Voc? matou nosso mestre!" diz uma voz tr?mula. "Voc? matou o Grande Romulus!" Vol?sia olha para cima e v? o rosto do comandante de Romulus parado diante dela, encarando-a com um misto de choque, medo e admira??o. "Voc? matou," ele diz abatido, "o Homem que N?o Pode ser Morto." Vol?sia o encara com frieza, e v? atr?s dele centenas dos homens de Romulus vestindo suas melhores armaduras – alinhados no navio, esperando para ver o que ela faria em seguida. Todos esperando para atacar. O comandante de Romulus aguarda nas docas com uma d?zia de seus homens, aguardando suas ordens. Atr?s de Vol?sia, ela sabe, milhares de seus homens esperam por ela. O navio de Romulus, por melhor que seja, est? em terr?vel desvantagem – e seus homens est?o em menor n?mero. Eles est?o encurralados. Aquele ? o territ?rio de Vol?sia, e eles sabem disso. Eles sabem que qualquer ataque – e qualquer fuga, est? fora de cogita??o. "Este n?o ? um ato que possa ficar sem uma resposta," o comandante continua. "Romulus tem um milh?o de homens leais a ele aguardando suas ordens nesse momento no Anel. Ele tem mais um milh?o de homens leais a ele no Sul, na capital do Imp?rio. Quando eles ficarem sabendo do que voc? fez, eles se mobilizar?o e marchar?o at? aqui. Voc? pode ter matado o Grande Romulus, mas n?o matou seus homens. E seu ex?rcito de milhares, mesmo que nos supere em n?mero hoje, n?o ser? nada contra um milh?o dos homens dele. Eles buscar?o vingan?a, e a vingan?a ser? deles." "? mesmo?" Vol?sia pergunta sorrindo e dando um passo na dire??o dele, sentindo a l?mina na palma de sua m?o – ao mesmo tempo em que se imagina cortando a garganta dele e j? sentindo vontade de fazer exatamente isso. O comandante olha para a l?mina nas m?os dela – a l?mina que havia matado Romulus, e engole em seco, como se estivesse lendo seus pensamentos Ela pode ver o medo real em seus olhos. "Deixe-nos ir," ele fala para ela. "Deixe que meus homens continuem seu caminho. Eles n?o fizeram nada contra voc?. D?-nos um navio cheio de ouro, e voc? ter? o nosso sil?ncio. Eu levarei nossos homens at? a capital, e direi a todos que voc? ? inocente. Direi que Romulus tentou atac?-la. Eles a deixar?o em paz, voc? pode ter paz aqui no norte – e eles encontrar?o um novo L?der Supremo para o Imp?rio." Vol?sia abre um grande sorriso, divertindo-se. "Mas voc? j? n?o est? olhando para a sua nova L?der Suprema?" ela pergunta. O comandante olha para ela surpreso, e ent?o finalmente n?o consegue mais segurar e cai na gargalhada. “Voc??” ele diz. "Voc? n?o passa de uma garota, com alguns milhares de homens. Apenas por ter matado um homem, acha mesmo que poderia enfrentar o ex?rcito de um milh?o dos homens de Romulus? Voc? tem sorte em escapar com vida depois de ter feito o que fez aqui hoje. Estou lhe oferecendo um presente. Acabe logo com essa conversa tola, aceite minha oferta com gratid?o e mande-nos embora antes que eu mude de ideia." "E seu eu n?o quiser permitir que sigam o seu caminho?" O comandante olha nos olhos dela e engole em seco. "Voc? pode nos matar aqui mesmo," ele responde. "A escolha ? sua. Mas se fizer isso, estar? apenas matando a si mesma e ao seu povo. Voc? ser? destru?da pelo ex?rcito que vir?." "Ele diz a verdade, minha comandante," sussurra uma voz no ouvido dela. Ela vira e v? Soku, seu comandante geral – um homem alto de tra?os fortes, com cabelos vermelhos curtos e enrolados – aproximar-se dela. "Mande-os para o sul," ele fala. "D?-lhes o ouro que eles tanto querem. Voc? matou Romulus e agora deve negociar uma tr?gua. N?s n?o temos escolha." Vol?sia volta a olhar para o homem de Romulus. Ela o encara por um longo tempo, saboreando o momento. "Farei o que voc? pede," ela diz, "e o enviarei ? capital." O comandante sorri satisfeito e est? prestes a partir quando Vol?sia d? um passo adiante e completa: "Mas n?o para esconder o que eu fiz," continua ela. Ele para e a observa, confuso. "Eu o enviarei ? capital para entregar um recado: quero que diga a eles que eu sou a nova L?der Suprema do Imp?rio, e que se todos se curvarem diante de mim agora, ? poss?vel que continuem vivos." O comandante olha para ela horrorizado, e ent?o balan?a lentamente a cabe?a e sorri. "Voc? ? t?o louca quanto diziam que sua m?e costumava ser," ele fala, e ent?o se vira e come?a a marchar pela longa rampa de volta ao seu navio. "Coloque o ouro no conv?s inferior," ele ordena, sem se importar em olhar para ela ao dar o comando. Vol?sia olha para o seu comandante, que est? parado ao seu lado aguardando pacientemente as suas ordens, e faz um pequeno sinal. O comandante imediatamente se vira e sinaliza para os seus homens, e o som de dez mil flechas sendo acesas, armadas e atiradas ? ouvido. Elas preenchem o c?u – escurecendo-o – e atravessam o ar formando um arco em chamas at? ca?rem no navio de Romulus. Tudo acontece r?pido demais para que seus homens reajam, e logo todo o navio est? em chamas; homens gritam – sobretudo o comandante – tentando fugir e sem terem para onde ir, ao mesmo tempo em que tentam apagar o fogo. Mas ? in?til. Vol?sia acena com a cabe?a mais uma vez, e repetidas saraivadas de flechas atravessam o ar, atingindo o navio em chamas. Os homens gritam ao serem atingidos, alguns caindo no conv?s e outros no mar. ? uma completa chacina sem nenhum sobrevivente. Vol?sia fica ali parada e sorri, assistindo com satisfa??o ? medida que o navio ? lentamente consumido pelas chamas at? a base do mastro – e logo nada mais resta exceto os restos queimados de madeira. Tudo se silencia quando os homens de Vol?sia param de atirar, alinhados e olhando para ela, pacientemente aguardando o seu comando. Vol?sia d? um passo adiante, ergue sua espada e corta a corda grossa que segura o navio ?s docas. Ela se parte, libertando o navio da costa, e Vol?sia ergue uma de suas sand?lias banhadas a ouro e empurra o navio com for?a. Vol?sia assiste quando o navio come?a a se movimentar, levado pelas correntezas – pelas correntes que ir?o lev?-lo ao sul, direto para o cora??o da capital. Todos veriam o navio incendiado, os corpos queimados de Romulus e de seus homens e as flechas Volusianas – e saberiam quem tinha sido respons?vel por aquele ataque. Eles saberiam que a guerra havia come?ado. Vol?sia olha para Soku, parado ao seu lado com a boca aberta, e sorri. "? assim," ela diz, "que eu negocio uma tr?gua." CAP?TULO QUATRO Gwendolyn se ajoelha na proa no navio agarrando-se ? borda, os n?s de seus dedos brancos por causa do esfor?o enquanto ela junta for?as suficientes apenas pra olhar para o horizonte. Seu corpo inteiro treme – enfraquecido pela falta de comida – e enquanto olha para fora, Gwen se sente tonta. Ela fica em p?, encontrando for?as de alguma forma, e observa encantada a cena diante de seus olhos. Gwendolyn olha atrav?s da n?voa e se pergunta se aquilo seria verdade ou apenas uma miragem. Ali no horizonte, h? uma costa intermin?vel, e no centro dela h? um centro movimentado com um porto enorme e dois grandes pilares brilhantes de ouro enquadrando uma cidade que se ergue atr?s deles at? o c?u. Os pilares e a cidade apresentam um tom verde amarelado ? medida que o sol se movimenta. Gwen percebe que as nuvens se movimentam com mais rapidez ali. Ela n?o sabe se isso se deve ao fato do c?u ser t?o diferente naquela parte do mundo, ou se ? por que ela ainda n?o est? completamente consciente. H? milhares de navios enormes no porto da cidade – com os maiores mastros que ela j? tinha visto, todos banhados a ouro. Aquela ? a cidade mais pr?spera que ela j? tinha visto, constru?da bem na costa e espalhando-se at? onde seus olhos conseguem enxergar – uma cidade cercada pelo mar que arrebenta em torno de sua vasta metr?pole. Aquele lugar faz a Corte do Rei parecer uma pequena vila. Gwen n?o sabe como tantos pr?dios podem existir em um s? lugar. Ela se pergunta que tipo de gente vive ali. Aquela dever ser uma grande na??o, ela pensa. A na??o do Imp?rio. Gwen de repente sente um vazio no peito ao perceber que as correntes est?o levando o seu navio para perto da cidade; logo eles seriam sugados para o vasto porto, e estariam cercados por todos aqueles navios, e seriam inevitavelmente aprisionados – se n?o fossem mortos. Gwen pensa em como Andronicus tinha sido cruel, em como Romulus tinha sido cruel, e pensa que se aquele ? o costume do Imp?rio; talvez tivesse sido melhor ter morrido no mar. Gwen ouve o barulho de passos no conv?s e v? Sandara – tonta de fome, mas orgulhosamente em p? diante da grade do navio e segurando uma grande rel?quia dourada no formato de chifre de touro e movendo-a para que ela reflita a luz do sol. Gwen v? os raios do sol sendo refletidos na rel?quia, e percebe que o objeto emite um sinal incomum para o lado oposto da costa. Sandara n?o envia o sinal na dire??o da cidade, e sim mais ao norte, rumo ao que parece ser um bosque isolado no litoral. ? medida que os olhos de Gwen come?am a se fechar e ela come?a a perder a consci?ncia – enquanto ela cai em dire??o ao conv?s, imagens passam em sua mente. Ela n?o tem mais certeza do que ? real e do que ? fruto de sua imagina??o. Gwen v? canoas – dezenas de canoas, surgindo da densa selva em dire??o ao mar aberto, remando rumo ao seu navio. Ela v? quando eles se aproximam e se surpreende ao perceber que n?o se trata da ra?a do Imp?rio, que aqueles n?o s?o os impressionantes guerreiros com chifres e pele vermelha, mas sim uma ra?a diferente. Ela v? homens e mulheres orgulhosos, com pele cor de chocolate e olhos amarelos brilhantes, rostos compassivos e inteligentes remando ao encontro dela. Gwen v? Sandara olhando para eles com reconhecimento nos olhos, e percebe que aquele ? o seu povo. Ela ouve um barulho oco no navio, v? ganchos no conv?s e cordas sendo lan?adas e presas ao navio. Ela sente o navio mudando de dire??o e, ao olhar para baixo, v? o grupo de canoas rebocando o grande navio, levando-o atrav?s da correnteza na dire??o oposta da cidade do Imp?rio. Gwen lentamente percebe que o povo de Sandara tinha vindo ao seu resgate, para guiar o seu navio na dire??o de outro porto, longe daquela cidade. Gwen sente o navio sendo rebocado rumo ao norte, na dire??o de uma folhagem densa onde ela logo v? um pequeno porto escondido. Ela fecha os olhos e ? inundada pela sensa??o de al?vio. Logo Gwen abre os olhos e se v? em p?, debru?ada sobre a borda do navio, observando enquanto ele ? rebocado. Tomada pela exaust?o, Gwendolyn percebe que est? se apoiando demais sobre a borda; seus olhos se arregalam de repente quando ela perde o equil?brio e est? prestes a cair do navio. Gwen tenta se segurar, mas ? tarde demais, ela j? est? caindo. O cora??o de Gwen bate acelerado pelo medo; ela mal pode acreditar que depois de tudo pelo que haviam passado, ela morreria daquela forma, despencando para uma morte silenciosa justamente quanto todos est?o t?o pr?ximos da terra firme. Quando come?a a cair, Gwen ouve um rosnado repentino e, subitamente, ela sente dentes fortes morderem a parte de tr?s de sua camisa e ouve um gemido ao mesmo tempo em que se sente sendo puxada para tr?s, para longe do abismo e de volta para o conv?s. Ela cai de costas na plataforma de madeira com um barulho – s? e salva. Gwen olha para cima e v? Krohn em cima dela, e seu cora??o se enche de alegria. Krohn est? vivo, e ela fica radiante ao v?-lo. Ele est? bem mais magro que da ?ltima vez que ela o tinha visto, e ela percebe que o tinha perdido de vista no meio de toda aquela confus?o. A ?ltima vez que ela se lembra de t?-lo avistado tinha sido durante uma tempestade particularmente forte, quando ele havia descido para o conv?s inferior. Ela agora percebe que ele deve ter ficado escondido todo esse tempo, passando fome para que os outros tivessem o que comer. Assim ? Krohn, sempre t?o altru?sta. E agora que eles est?o chegando ? terra firme mais uma vez, ele havia reaparecido. Krohn geme e lambe o rosto dela, e Gwen o abra?a com o pouco de for?a que ainda possui. Ela volta a se deitar e Krohn deita ao seu lado – gemendo e colocando a cabe?a em cima dela, aconchegando-se como aquele fosse seu ?ltimo ref?gio no mundo. * Gwen sente um l?quido doce e gelado escorrendo pelos seus l?bios, em sua l?ngua e por suas bochechas e pesco?o. Ela abre a boca e bebe, engolindo avidamente e, assim que ela faz isso, a sensa??o a desperta de seus sonhos. Gwen abre os olhos, bebendo com vontade, v? rostos familiares ao seu redor e continua bebendo at? engasgar. Algu?m ajuda Gwen – que ainda tosse descontroladamente – a se sentar, e outra pessoa bate nas costas dela. "Shhh," diz uma voz. "Beba devagar." ? uma voz gentil, a voz de um curandeiro. Gwen olha para o lado e v? um homem com o rosto marcado, cujo rosto se enche de rugas ao sorrir para ela. Gwen olha ao seu redor e v? dezenas de pessoas desconhecidas – o povo de Sandara, olhando para ela em sil?ncio e examinando-a como se ela fosse uma excentricidade. Gwendolyn, tomada pela fome e pela sede, estica o bra?o, arranca o saco com o l?quido doce das m?os do homem como uma louca e p?e-se a beber sem parar, mordendo a ponta dele como se nunca mais fosse beber em sua vida. "V? devagar, por favor," o homem pede. "Ou voc? vai passal mal." Gwen olha para o lado e v? dezenas de guerreiros – membros da tribo de Sandara, ocupando o seu navio. Ela v? seu pr?prio povo – os sobreviventes do Anel, deitados, ajoelhados ou sentados, sendo atendidos pelo povo de Sandara, recebendo um saco como o que ela est? segurando. Todos eles est?o voltando da beira da morte. Dentre eles, ela v? Illepra, segurando e alimentando o beb? que Gwen havia resgatado nas Ilhas Superiores. Gwen fica aliviada ao ouvir o choro da crian?a; ela havia entregado o beb? para Illepra quando tinha ficado fraca demais para segur?-la, e ao v?-la viva, Gwen pensa em Guwayne. Gwen est? determinada a garantir que aquele beb? sobreviva. Ela se sente cada vez mais recuperada, e se senta mais ereta para continuar bebendo do l?quido doce, perguntando-se o que seria aquilo ao mesmo tempo em que seu cora??o se enche de gratid?o por aquele povo. Eles haviam salvado a vida dela e de seus s?ditos. Gwen ouve um gemido, e ao olhar para baixo v? Krohn ainda deitado ao seu lado com a cabe?a em seu colo; ela estica o bra?o e d? um pouco de sua bebida para ele, que bebe avidamente. Ela acaricia a cabe?a de Krohn gentilmente; mais uma vez, ela lhe deve a sua vida, e v?-lo ali a faz pensar em Thor. Gwen olha para cima e observa o povo de Sandara, sem saber como agradec?-los pela ajuda. "Voc?s nos salvaram," ela diz. "Devemos-lhes nossas vidas." Gwen se vira e olha para Sandara, que se aproxima e se ajoelha diante dela, mas Sandara balan?a a cabe?a. "Meu povo n?o acredita em d?vidas," ela responde. "Eles acreditam que ? uma honra ajudar algu?m em apuros." A multid?o abre caminho e Gwen v? um homem s?rio que parece ser o l?der da tribo – com cinquenta anos de idade, uma express?o s?ria e l?bios finos – aproximar-se. Ele se agacha diante dela usando um grande colar de conchas azul turquesa que brilha sob a luz do sol e faz uma sauda??o – com os olhos cheios de compaix?o ao examin?-la. "Eu sou Bokbu," ele diz com sua voz profunda e autorit?ria. "Atendemos o chamado de Sandara por que ela ? uma de n?s. Acolhemos voc?s colocando nossas pr?prias vidas em risco. Se o Imp?rio descobrir a presen?a de voc?s aqui, todos n?s morreremos." Bokbu se levanta e coloca as m?os nos quadris, e Gwen lentamente fica em p? com o aux?lio de Sandara e do curandeiro, encarando-o. Bokbu suspira e olha para todo o povo de Gwen, para o estado lastim?vel de seu navio. "Agora eles est?o em melhores condi??es e devem partir," diz uma voz. Gwen se vira e v? um guerreiro musculoso, sem camisa e segurando uma lan?a – assim como os outros, aproximar-se de Bokbu e encar?-lo com frieza. "Envie esses forasteiros de volta para o outro lado do mar," ele continua. "Por que dever?amos derramar sangue por eles?" "Eu sou sangue do seu sangue," Sandara diz, dando um passo adiante e encarando o guerreiro severamente. "E ? por isso mesmo que voc? nunca deveria t?-los trazido aqui e nos colocado em perigo," ele dispara. "Voc? envergonha a nossa na??o," Sandara responde. "Por acaso esquece as leis da hospitalidade?" "T?-los trazido aqui ? uma desgra?a para o nosso povo," ele insiste. Bokbu ergue as m?os em ambos os lados, e os dois se silenciam. Bokbu fica ali parado, sem esbo?ar rea??o, e parece estar pensando. Gwendolyn o observa, e percebe a situa??o prec?ria em que ela e seu povo se encontram. Se fossem for?ados a voltar para o alto mar, eles certamente morreriam; mas por outro lado ela n?o quer colocar em risco aquele povo que os havia ajudado. "N?o lhes desejamos mal algum," Gwen fala, dirigindo-se para Bokbu. "N?o queremos lhes colocar em risco. Podemos embarcar agora mesmo." Bokbu balan?a a cabe?a. "N?o," ele declara. Ent?o ele olha para Gwen, analisando-a com o que parece ser grande espanto. "Por que voc? trouxe o seu povo at? aqui?" ele pergunta. Gwen suspira. "N?s fugimos de um grande ex?rcito," ela explica. "Eles destru?ram a nossa terra. Viemos at? aqui para encontrar um novo lar." "Vieram ao lugar errado," diz o guerreiro. "Esse n?o ser? o seu lar." "Sil?ncio!" Bokbu fala para ele, lan?ando-lhe um olhar severo, e finalmente o guerreiro se cala. Bokbu se vira para Gwendolyn, olhando dentro dos olhos dela. "Voc? ? uma mulher orgulhosa e nobre," ele diz. "Posso ver que voc? ? uma boa l?der. E voc? liderou bem o seu povo. Se voltarem para o mar agora, todos voc?s certamente morrer?o. Talvez n?o hoje, mas com certeza dentro de alguns dias." Gwendolyn continua o encarando, inflex?vel. "Ent?o n?s morreremos," ela responde. "Eu n?o posso permitir que o seu povo morra apenas para que o meu possa sobreviver." Ela o encara com firmeza, sem demonstrar qualquer sentimento, encorajada por sua nobreza e por seu orgulho. Ela pode ver que Bokbu a estuda com um novo senso de respeito. Um tenso sil?ncio preenche o ar. "Percebo que o sangue de um guerreiro corre em suas veias," ele diz. "Voc?s ficar?o conosco. Seu povo se recuperar? aqui at? ficarem bem e fortes – por quantas luas forem necess?rias." "Mas meu comandante-" o guerreiro come?a a dizer. Bokbu se vira para ele, dirigindo-lhe um olha duro. "Minha decis?o j? foi tomada." "Mas o navio deles!" ele protesta. "Se o navio permanecer em nosso porto, o Imp?rio o encontrar?. Todos n?s seremos mortos antes da lua minguante!" O comandante olha para o mastro e ent?o para o navio, absorvendo tudo. Gwen olha ao seu redor e analisa a cena, e percebendo que eles tinham sido rebocados at? um porto escondido e cercado por uma densa folhagem. Ela olha para tr?s e v? o mar aberto atr?s deles, e sabe imediatamente que o homem tem raz?o. O comandante olha para ela e assente. "Voc? quer salvar o seu povo?" ele pergunta. Gwen assente com firmeza. "Sim." Ele tamb?m assente para ela. "L?deres devem tomar decis?es dif?ceis," continua ele. "Agora ? a sua vez. Voc? quer ficar conosco, mas o seu navio ser? a nossa ru?na. Convidamos voc?s a desembarcarem, mas o seu navio n?o pode ficar aqui. Voc?s ter?o que queim?-lo, e somente ent?o lhes daremos ref?gio." Gwendolyn encara o chefe da tribo, e seu cora??o se parte com a ideia de destruir seu navio. Ela olha para ele – para o navio que os tinha levado atrav?s do oceano e salvado o seu povo da morte do outro lado do mundo, e seu cora??o se aperta. Sua mente gira com emo??es conflitantes. Aquele navio ? a sua ?nica sa?da dali. Mas por outro lado – sua ?nica sa?da para onde? De volta para o meio do o oceano rumo ? morte? Seu povo mal pode caminhar; eles precisam se recuperar. Eles precisam de abrigo, de um porto seguro e de ref?gio. E se queimar aquele navio ? o pre?o que eles devem pagar por suas vidas, que assim seja. Se eles decidissem voltar para o alto mar, ent?o eles teriam que encontrar outro navio – ou construir outro navio, e fazer o que fosse preciso. Agora, eles precisam apenas se preocupar em sobreviver. Isso ? a ?nica coisa que importa. Gwendolyn olha para ele e assente solenemente, "Que assim seja," ela diz. Bokbu tamb?m assente para ela em claro sinal de respeito. Ele ent?o se vira e grita um comando, e ? sua volta, seus homens partem para a a??o. Eles se espalham pelo navio, ajudando os residentes do Anel a ficarem em p? – um de cada vez – e come?am a gui?-los pela prancha at? a costa arenosa abaixo. Gwen assiste enquanto Godfrey, Kendrick, Brandt, Atme, Aberthol, Illepra, Sandara e todas as pessoas que ela mais ama no mundo passam diante dela. Ela continua ali parada e espera at? que todos tenham deixado o navio, at? que ela ? a ?nica pessoa que ainda permanece a bordo – com Krohn aos seus p?s, e o chefe da tribo espera pacientemente ao seu lado. Bokbu segura uma tocha em chamas nas m?os e a entrega a um de seus homens. Ele estica o bra?o e est? prestes a encost?-la no barco. "N?o," diz Gwen, erguendo o bra?o e segurando a m?o dele. Ele olha para ela surpreso. "Um comandante deve destruir seu pr?prio navio," ela fala. Gwen cautelosamente pega a pesada tocha chamejante das m?os dele e, virando-se, enxuga uma l?grima e encosta as chamas na lona da vela que est? amontoada no conv?s do navio. Ela permanece parada e observa enquanto as chamas se espalham rapidamente, atingindo toda a extens?o do navio. Gwen derruba a tocha – atingida pelo calor intenso do fogo – e se vira para partir, acompanhada de Krohn e Bokbu; ela desce a prancha at? a praia – at? seu novo lar, o ?ltimo lugar que lhe resta no mundo. Ao olhar para a selva ao seu redor e ouvir guinchos de p?ssaros e animais estranhos que ela n?o reconhece, Gwen come?a e se perguntar. Eles ser?o capazes de construir um lar ali? CAP?TULO CINCO Alistair se ajoelha sobre a pedra tremendo de frio e olha pra frente quando os primeiros raios do sol brilham sobre as Ilhas do Sul iluminando as montanhas e vales com uma luz suave. Suas m?os, amarradas aos postes de madeira, tremem ligeiramente ? medida que ela se abaixa e coloca o seu pesco?o na plataforma onde tantos outros pesco?os haviam repousado antes do dela. Ela olha para baixo e v? manchas de sangue na madeira e cortes feitos pelas l?minas no momento do golpe fatal. Alistair sente a energia tr?gica no instante exato em que seu pesco?o encosta na madeira – e sente os momentos e emo??es finais de todas as pessoas que haviam estado ali antes dela. Seu cora??o se aperta de tristeza. Alistair olha para cima com orgulho e observa o ?ltimo sol, v? o novo dia amanhecer com a sensa??o surreal de que nunca mais teria aquela experi?ncia novamente. Ela aproveita aquela oportunidade mais do que nunca havia feito antes. Ao olhar para o horizonte naquela manh? fria – enquanto uma brisa suave assopra – as Ilhas do Sul nunca lhe pareceram t?o belas; aquele ? o lugar mais lindo que ela j? tinha visto, com ?rvores exuberantes em tons de laranja, vermelho, rosa e roxo produzindo frutos em abund?ncia. P?ssaros e grandes abelhas laranja j? est?o voando pelo ar, e a doce fragr?ncia das flores ? carregada pela brisa em sua dire??o. A n?voa brilha sob a luz do sol, dando ao ambiente um aspecto m?gico. Ela nunca havia sentido tamanha liga??o com um lugar antes; aquele ? um lugar, ela sabe, onde ela teria ficado feliz em passar o resto de seus dias. Alistair ouve passos de botas andando sobre o ch?o de pedra, e ao olhar para o lado v? Bowyer se aproximar e parar ao lado dela com suas enormes botas raspando nas pedras. Ele tem um grande machado duplo nas m?os e o segura casualmente ao lado do corpo enquanto a observa com uma express?o hostil. Atr?s dele, Alistair pode ver centenas dos habitantes das Ilhas do Sul – todos alinhados, homens leais ? Bowyer – organizados em um c?rculo ao redor dela e em torno da grande pra?a central. Eles permanecem a vinte metros dela, dando um amplo espa?o apenas para ela e Bowyer. Ningu?m quer estar muito perto quando chegar a hora de derramar sangue. Bowyer segura o machado com dedos inquietos – claramente ansioso para terminar logo com aquilo. Ela pode ver nos olhos dele o quanto ele deseja se tornar Rei. Alistair sente grande satisfa??o em pelo menos uma coisa: por mais injusto que aquilo fosse, seu sacrif?cio permitiria que Erec continuasse vivo. E isso significa mais para ela do que sua pr?pria vida. Bowyer d? um passo adiante, aproximando-se dela, e sussurra em seu ouvido, perto o suficiente para que apenas ela ou?a. "Voc? pode ter certeza de que meu golpe ser? limpo," ele diz com um bafo ran?oso em seu pesco?o, "e o de Erec tamb?m." Alistair olha para ele, alarmada e confusa. Ele sorri – um sorriso reservado apenas ela e que ningu?m mais pode ver. "? isso mesmo," ele sussurra, "pode n?o acontecer hoje, e pode ser que n?o aconte?a por muitas luas. Mas um dia, quando ele menos esperar, seu marido vai encontrar minha l?mina nas costas dele. E eu quero que voc? saiba disso, antes que eu a mande para o inferno." Bowyer d? dois passos para tr?s, aperta as m?os com for?a em torno do machado e alonga o pesco?o, preparando-se para dar o golpe fatal. O cora??o de Alistair bate acelerado enquanto ela continua ajoelhada ali, finalmente percebendo a extens?o da perversidade daquele homem. Ele n?o ? apenas ambicioso, mas tamb?m um covarde mentiroso. "Liberte-a!" exige de repente uma voz, cortando o ar calmo daquela manh?. Alistair se vira o m?ximo que pode e v?, no meio da confus?o, duas figuras se aproximando no na multid?o, atravessando o grupo at? que as m?os gordas dos soldados de Bowyer as seguram. Alistair fica chocada e grata ao ver a m?e e a irm? de Erec paradas com olhares agitados em seus rostos. "Ela ? inocente!" A m?e de Erec grita. "Voc? n?o pode mat?-la!" "Voc? mataria mesmo uma mulher!?" grita Dauphine. "Ela ? uma estrangeira. Deixe-a ir. Mande-a de volta para sua terra natal. Ela n?o deve se envolver em nossos problemas." Bowyer olha para elas e grita. "Ela ? uma estrangeira que deseja ser nossa Rainha, e que tentou assassinar o nosso antigo Rei." "Voc? ? um mentiroso!" grita a m?e de Erec. "Voc? se recusou a beber da fonte da verdade!" Bowyer observa os rostos da multid?o que observa a cena. "Algu?m aqui ousa desafiar meu direito?!" ele grita, dirigindo-se aos presentes e olhando-os nos olhos de maneira desafiadora. Alistair olha para eles esperan?osa; mas um de cada vez, todos os homens – bravos guerreiros – a maioria da tribo de Bowyer, desvia o olhar, sem querer desafi?-lo para um combate. "Eu sou o seu campe?o," declara Bowyer. "Eu derrotei todos os oponentes no dia do torneio. N?o h? ningu?m aqui capaz de me derrotar. Ningu?m. Caso haja, eu o desafio a me enfrentar agora." "Ningu?m, a n?o ser Erec!" grita Dauphine. Erec se vira e olha para ela de maneira amea?adora. "E onde est? ele agora? Ele est? deitado, morrendo. N?s, habitantes das Ilhas do Sul, n?o teremos um inv?lido como nosso Rei. Eu sou o Rei, como o segundo melhor guerreiro – como mandam as leis dessa terra. Da mesma forma que o pai do meu pai foi o Rei antes do pai do Erec." A m?e de Erec e Dauphine se jogam pra frente para impedi-lo, mas os homens de Bowyer as seguram, detendo-as. Alistair v? o irm?o de Erec – Strom – com as m?os amarradas para tr?s ao lado de delas; ele luta para se soltar, mas n?o consegue se livrar das amarras. "Voc? vai pagar por isso, Bowyer!" Strom dispara. Mas Bowyer simplesmente o ignora. Em vez disso, ele se vira para Alistair, e ela pode ver em seus olhos que ele est? determinado a continuar. Sua hora havia chegado. "O tempo ? perigoso quando a trapa?a ? sua companheira," afirma Alistair. Ele olha para ela por um instante; obviamente ela havia tocado em um ponto sens?vel. "E essas ser?o suas ?ltimas palavras," ele diz. Bowyer de repente ergue o machado, levantando-o bem acima de sua cabe?a. Alistair fecha os olhos, sabendo que dentro de poucos instantes, ela n?o faria mais parte daquele mundo. De olhos fechados, ela sente o tempo se desacelerar. Imagens passam diante de seus olhos. Ela v? a primeira vez que havia conhecido Erec, ainda no Anel, no castelo do Duque, quando ela ainda era uma criada e havia se apaixonado por ele ? primeira vista. Ela sente todo seu amor por ele – um amor que ela ainda sente at? hoje, ardendo com a mesma intensidade dentro dela. Ela v? seu irm?o Thorgrin, v? seu rosto e, por alguma raz?o, n?o o v? no Anel ou na Corte do Rei, e sim em uma terra distante, em um oceano distante, vivendo em ex?lio. Acima de tudo, ela v? sua m?e. Ela a v? na beira de um precip?cio, diante de seu castelo, bem acima de um oceano e na frente de uma passarela. Ela v? sua m?e de bra?os abertos e sorrindo para ela. "Minha filha," ela diz. "M?e," Alistair fala, "em breve estarei com voc?." Mas para sua surpresa, sua m?e balan?a lentamente a cabe?a. "Sua hora ainda n?o chegou," ela responde. "Seu destino nessa terra ainda n?o se completou. Voc? ainda tem um grande destino diante de voc?." "Mas como, m?e?" ela pergunta. "Como posso sobreviver?" "Voc? ? muito maior do que essa terra," sua m?e responde. "Essa l?mina, esse metal da morte, faz parte dessa terra. Suas amarras s?o parte dessa terra. Essas s?o limita??es mundanas. Elas s?o limita??es apenas se voc? acreditar nelas, se voc? permitir que elas tenham poder sobre voc?. Voc? ? esp?rito, luz e energia. ? nisso que reside o seu verdadeiro poder. Voc? est? acima de tudo isso. Voc? est? se permitindo ser contida por limita??es f?sicas. Seu problema n?o ? um problema de for?a, e sim de confian?a e f?. Falta-lhe confian?a em si mesma. Qual a for?a da sua f??” Enquanto Alistair continua ali ajoelhada, tremendo de olhos fechados, a pergunta de sua m?e ressoa em sua mente. Qual a for?a da sua f??” Alistair deixa de resistir, se esquece de suas amarras e se entrega nas m?os de sua f?. Ela come?a a abrir m?o de sua confian?a nas restri??es f?sicas daquele mundo, e passa a ter f? no poder supremo – no poder supremo que rege todas as coisas que existem no mundo. Um poder havia criado aquele mundo, e ela sabe disso. Um poder havia criado tudo aquilo, e ? com esse poder que ela deve se alinhar. Ao fazer isso, dentro de uma fra??o de segundo, Alistair sente um calor repentino atravessar todo o seu corpo. Ela se sente pegando fogo – maior do que tudo ao seu redor. Alistair sente chamas emanando das palmas de suas m?os, sente sua mente zumbindo e um grande calor surgindo em sua testa, entre seus olhos. Ela se sente mais forte do que todos ? sua volta, mais forte do que suas amarras e mais forte do que qualquer coisa material. Alistair abre os olhos, e ? medida que o tempo volta a passar na velocidade normal, ela olha pra frente e v? Bowyer baixando o machado com uma careta no rosto. Com um ?nico movimento, Alistair se vira e ergue um bra?o, e desta vez suas amarras se partem como se fossem gravetos. Com o mesmo gesto, na velocidade de um raio, ela se levanta e ergue uma m?o na dire??o de Bowyer, e quando ele abaixa seu machado a coisa mais surpreendente acontece: o machado se dissolve. Ele se transforma em cinzas e p? e cai em uma pilha aos p?s dela. Bowyer golpeia sem nada nas m?os e cai de joelhos no ch?o. Alistair se vira e seus olhos s?o atra?dos para uma espada na cintura de um soldado do lado oposto da clareira. Ela estica o outro bra?o, e com a palma da m?o estendida ordena que a espada venha at? ela; ao fazer isso, a espada sai da bainha do soldado e atravessa o ar, indo direto para a m?o dela. Com um movimento r?pido, Alistair pega a espada na m?o, gira o corpo e a ergue no alto, dando um golpe certeiro na parte de tr?s do pesco?o exposto de Bowyer. A multid?o fica chocada ao ouvir o som de metal cortando o pesco?o dele – e ao ver Bowyer, decapitado, cair no ch?o sem vida. Ele fica no ca?do ali, morto, no exato local onde momentos antes ele pretendia matar Alistair. Um grito irrompe no meio da multid?o, e Alistair v? Dauphine se soltar das m?os do soldado, arrancar uma adaga de sua cintura e cortar o seu pesco?o. Com o mesmo movimento, ela d? uma volta e corta as cordas de Strom. Strom imediatamente estica o bra?o e agarra uma espada na cintura de um dos soldados, e ent?o gira o corpo e mata tr?s dos homens de Bowyer antes que eles tenham tempo de reagir. Com a morte de Bowyer, h? alguns momentos de hesita??o, pois a multid?o obviamente n?o sabe o que fazer a seguir. Mais gritos s?o ouvidos no meio da multid?o, pois sua morte claramente havia encorajado aqueles que tinham se juntado a ele com relut?ncia. Eles come?am a reavaliar suas alian?as, especialmente quando dezenas de homens leais ? Erec abandonam suas posi??es e passam para o lado de Strom, lutando lado a lado contra os soldados leais ? Bowyer. A batalha rapidamente muda a favor dos homens de Erec ? medida que, um homem de cada vez, alian?as s?o formadas; os homens de Bowyer, desprevenidos, se viram e fogem pelo plat? na dire??o das montanhas rochosas. Strom e seus homens os seguem de perto. Alistair continua parada ali com a espada na m?o, e observa enquanto uma grande batalha acontece ao longo de todo o campo; gritos e alarmes s?o ouvidos ? medida que toda a ilha parece se mobilizar, aproximando-se para se juntar ? luta em ambos os lados da batalha. O som das armaduras e os gritos de morte dos homens preenchem o ar da manh?, e Alistair sabe que uma guerra civil acaba de come?ar. Ela ergue sua espada e, com o sol refletindo sobre ela, Alistair sabe que havia sido salva pela gra?a divina. Ela se sente renascida – mais poderosa do que nunca e sabe que seu destino espera por ela. Alistair se sente otimista. Os homens de Bowyer seriam mortos, ela sabe disso. A justi?a prevaleceria. Erec viveria. Eles se casariam. E logo, ela seria a Rainha das Ilhas do Sul. CAP?TULO SEIS Darius corre pela trilha de terra que parte de sua vila seguindo as pegadas em dire??o a Vol?sia com o cora??o determinado a salvar Loti e a assassinar os homens que a tinham levado. Ele corre com uma espada – uma espada de verdade - feita de metal verdadeiro – e ? a primeira vez que ele segura metal de verdade nas m?os em toda a sua vida. Apenas esse fato, ele sabe, ? o suficiente para que ele – e toda a sua vila, sejam mortos. O metal ? um tabu – at? mesmo seu pai e seu av? t?m pavor de possu?-lo – e Darius sabe que ele havia atravessado uma linha da qual n?o existe mais volta. Mas ele n?o se importa mais. A injusti?a de sua vida tinha ido longe demais. Com o sequestro de Loti, ele n?o se importa com mais nada a n?o ser resgat?-la. Ele mal tinha tido a chance de conhec?-la, mas ao mesmo tempo ? como se ela sempre tivesse sido sua. Uma coisa ? ele ser levado como um escravo, mas deixar que ela seja levada ? demais para ele. Ele n?o pode permitir que isso aconte?a e ainda se considerar um homem. Ele ? apenas um garoto, ele sabe, mas tamb?m est? se tornando um homem. E ele sabe que s?o decis?es como essa – uma decis?o dif?cil que ningu?m est? disposto a tomar – que definem quem s?o os homens de verdade. Darius corre sozinho pela trilha com o suor ardendo em seus olhos e respirando com dificuldade – um homem disposto a enfrentar um ex?rcito e uma cidade inteira. N?o existe alternativa, ele precisa encontrar Loti e lev?-la de volta, ou morrer tentando. Ele sabe que se fracassar – ou at? mesmo se tiver ?xito – toda a sua vila, sua fam?lia inteira e todo o seu povo sofrer?o as consequ?ncias. Se ele parar para pensar sobre isso, ele pode at? mesmo desistir de tudo aquilo e voltar atr?s. Mas ele ? motivado por algo mais forte que seu pr?prio instinto de sobreviv?ncia, algo mais importante que a preserva??o de sua fam?lia e de seu povo. Ele ? motivado por uma sede de justi?a. Pela sede de liberdade. Por um desejo de se livrar de seus opressores e se tornar livre, mesmo que seja apenas por um momento em sua vida. Se n?o por ele mesmo, que seja por Loti e pela liberdade dela. Darius ? motivado por suas emo??es, e n?o por um pensamento racional. Aquele ? o amor da sua vida l? fora, e ele j? tinha sofrido demais nas m?os do Imp?rio. Fossem quais fossem as consequ?ncias, ele j? n?o se importa. Ele precisa mostrar a eles que existe um homem entre o seu povo – mesmo que seja apenas um homem e mesmo que ele seja apenas um garoto – que n?o suporta mais se submeter aquele tratamento. Darius corre sem parar pelas curvas do caminho conhecido, passando diante de campos familiares em dire??o ao territ?rio Volusiano. Ele sabe que ser encontrado ali, t?o perto de Vol?sia, j? seria o suficiente para que ele fosse condenado ? morte. Ele segue pela trilha, dobrando sua velocidade e, vendo as pegadas das zertas pr?ximas umas das outras, percebe que eles est?o se movendo devagar. Se ele fosse r?pido o bastante, ele sabe que poderia alcan??-los. Darius chega ao topo de uma colina e, ofegante, finalmente v? na dist?ncia o que ele est? procurando: a cem metros de dist?ncia, ele v? Loti presa pelo pesco?o com uma corrente de dez metros amarrada em uma das zertas.  O capataz do Imp?rio que havia levado Loti segue montado na zerta de costas para ela, e ao seu lado, caminhando perto deles, h? mais dois soldados do Imp?rio vestindo a armadura preta e dourada, que brilha sob a luz do sol. Eles s?o duas vezes maiores que Darius – guerreiros formid?veis, homens com as mais impressionantes armas e zertas sob o seu comando. Darius sabe que seria preciso um ex?rcito de escravos para subjug?-los. Mas Darius n?o permite que o medo o desanime. Tudo o que ele tem para seguir em frente ? a for?a de seu esp?rito e sua forte determina??o, e ele sabe que precisa encontrar um meio de fazer com que aquilo seja o bastante. Darius continua correndo e se aproxima da caravana desavisada, e logo chega perto de Loti e ergue a sua espada; ela olha para tr?s com uma express?o de surpresa no rosto ao mesmo tempo em que ele abaixa a espada e acerta as correntes que a prendem ? zerta. Loti grita e salta para tr?s assustada, e Darius arrebenta as correntes, libertando-a enquanto o som distinto de metal corta o ar. Ela fica parada – livre, com as algemas ainda em volta de seu pesco?o e a corrente pendurada na frente de seu peito. Darius se vira e v? um olhar de igual perplexidade no rosto do capataz do Imp?rio, que observa tudo montado em sua cela na zerta. Os soldados que caminham ao seu lado tamb?m param, chocados ao verem Darius. Darius fica ali com os bra?os tremendo e segurando a espada de a?o diante dele, determinado a n?o demonstrar medo enquanto fica entre eles e Loti. "Ela n?o pertence a voc?s," Darius grita com a voz tr?mula. "Ela ? uma mulher livre. Somos todos livres!" Os soldados olham para o capataz. "Garoto," ele fala para Darius, "voc? acaba de cometer o maior erro de sua vida." Ele faz um gesto para os soldados, que erguem suas espadas e partem para cima de Darius. Darius continua segurando a espada com m?os tr?mulas sem recuar e, ao fazer isso, sente a presen?a de todos os seus ancestrais. Ele sente a presen?a de todos os escravos que haviam sido mortos observando-o de algum lugar, dando-lhe for?as para resistir, e come?a a sentir um forte calor crescendo dentro dele. Darius sente seu poder oculto come?ando a despertar, querendo ser invocado. Mas ele n?o quer fazer isso. Ele deseja lutar homem contra homem, ganhando deles como qualquer outro homem faria; usando todo o treinamento que havia recebido junto com seus companheiros. Ele quer ganhar como um homem, lutar como um homem com armas de verdade e derrot?-los num confronto de acordo com as regras deles. Ele sempre havia sido mais r?pido que os garotos mais velhos, com suas espadas longas de madeira e seus corpos musculosos – mesmo contra garotos com o dobro de seu tamanho. Ele continua firme no lugar, e se prepara ? medida que os soldados avan?am em sua dire??o. "Loti!" ele grita sem olhar para ela, "CORRA! Volte para a vila!" "N?O!" ela responde. Darius sabe que precisa fazer alguma coisa; ele n?o pode simplesmente ficar ali esperando que eles o alcancem. Ele sabe que precisa surpreend?-los, fazendo algo que eles n?o possam prever. Darius de repente ataca, escolhendo um dos soldados e correndo na dire??o dele. Eles se encontram no meio da trilha de terra, e Darius solta um grande grito de batalha. O soldado golpeia com a espada na dire??o da cabe?a de Darius, mas Darius ergue sua espada e bloqueia o golpe, e suas espadas soltam fa?scas ao se encontrarem; aquele ? o primeiro impacto de metal contra metal que Darius havia sentido. A l?mina ? mais pesada do que ele havia pensado, o golpe do soldado mais forte do que ela tinha previsto, e ele sente a vibra??o – sente todo o seu bra?o tremendo, do seu cotovelo at? seu ombro. Aquilo tudo o pega desprevenido. O soldado rapidamente d? outro golpe, tentando acertar Darius pelo lado, mas Darius se vira e bloqueia o golpe mais uma vez. Aquilo n?o ? como duelar com seus irm?os; Darius tem a sensa??o de estar se movendo mais devagar do que o normal, e come?a a sentir o peso da espada. Ele precisa de mais tempo para se acostumar com tudo aquilo. ? como se o soldado estivesse se movendo duas vezes mais r?pido do que ele. O soldado d? mais um golpe, e Darius percebe que n?o ser? poss?vel enfrent?-lo golpe a golpe, e que ter? que recorrer ? suas outras habilidades. Darius d? um passo para o lado, desviando do golpe ao inv?s de tentar bloque?-lo, e ent?o bate com o cotovelo no pesco?o do soldado. O golpe acerta em cheio e o homem engasga e cambaleia para tr?s, levando a m?o ao pesco?o. Darius ergue o punho de sua espada e bate com for?a nas costas expostas do soldado, derrubando-o de cara no ch?o. Ao mesmo tempo, o outro soldado o ataca, e Darius vira e ergue sua espada, bloqueando o golpe que o soldado d? na dire??o de seu rosto. Mas o soldado continua avan?ando, derrubando Darius com for?a no ch?o. Darius sente suas costelas sendo esmagadas pelo soldado que cai em cima dele, ambos deitados no ch?o no meio de uma nuvem de poeira. O soldado deixa sua espada de lado e leva as m?os ao rosto de Darius, tentando arrancar seus olhos. Darius segura os pulsos do homem, impedindo-o de feri-lo, mas perdendo sua for?a a cada minuto. Ele sabe que precisa agir r?pido. Darius ergue um joelho e gira o corpo, conseguindo virar o homem de lado. Com o mesmo movimento, ele estica o bra?o e extrai uma longa adaga que o soldado carrega no cintur?o – e rapidamente a enfia no peito do homem ao mesmo tempo em que os dois rolam no ch?o de terra. O soldado grita e Darius continua deitado em cima dele, e v? o homem morrer diante de seus olhos.  Darius fica ali, paralisado – chocado. Aquela ? a primeira vez que ele mata um homem. Aquela tinha sido uma experi?ncia surreal, e Darius se sente vitorioso e triste ao mesmo tempo. Darius ouve um grito atr?s dele e, saindo de seu devaneio, se vira para encarar o soldado que ele havia derrubado no ch?o e que agora est? em p? e correndo na dire??o dele. O soldado ergue a espada e d? um golpe no rumo da cabe?a de Darius. Darius espera – concentrado, e ent?o desvia no ?ltimo segundo e o soldado passa trope?ando por ele. Darius se abaixa, retira a adaga do peito do soldado morto e se vira, e quando o soldado volta a atac?-lo, Darius – de joelhos, se inclina e arremessa a adaga. Ele assiste enquanto a adaga atravessa o ar e finalmente se aloja no cora??o do soldado, perfurando sua armadura. O pr?prio a?o do Imp?rio – melhor do que todos os outros – acaba de ser usado contra eles. Talvez, Darius pensa, eles devessem fazer armas menos afiadas. O soldado se ajoelha com os olhos arregalados e ent?o cai para o lado, morto. Darius ouve um grito alto atr?s dele e se levanta r?pido, e ao se virar se depara com o capataz desmontando de sua zerta. Ele faz uma careta e joga sua espada no ch?o, partindo para cima de Darius com um grito de guerra. "Agora serei obrigado a matar voc? com minhas pr?prias m?os," ele grita. "Mas eu n?o vou simplesmente mat?-lo, eu vou torturar voc? e toda a sua fam?lia e sua vila inteira, bem lentamente!" Ele ataca Darius. Este capataz ? obviamente um soldado melhor que os outros – mais alto e mais forte, e sua armadura ? superior. Ele ? um guerreiro endurecido, o maior guerreiro que Darius j? havia enfrentado. Darius tem que admitir sentir medo daquele terr?vel advers?rio – mas ele simplesmente se recusa a demonstrar suas emo??es. Em vez disso, ele est? determinado a enfrentar seu medo, recusando-se a se permitir ser intimidado. Ele ? apenas um homem, Darius repete para si mesmo. E todos os homens podem ser derrotados. Todos os homens podem ser derrotados. Darius ergue sua espada ao mesmo tempo em que o capataz parte para cima dele, golpeando com sua grande espada que brilha sob a luz enquanto ele a segura com as duas m?os. Darius desvia e bloqueia; o homem golpeia de novo. De um lado para o outro, o soldado d? golpes e Darius bloqueia, e o barulho de metal invade seus ouvidos ? medida que fa?scas voam ao seu redor. O homem o empurra cada vez mais para tr?s, e Darius precisa de todas as suas for?as apenas para bloquear seus golpes. Ele ? forte e r?pido, e Darius est? preocupado demais apenas em se manter vivo. Darius se defende de um golpe um segundo tarde demais, e grita de dor quando o capataz consegue atingi-lo e acaba cortando o seu bra?o. ? apenas um ferimento superficial, mas a dor ? real e Darius sente o sangue escorrendo – seu primeiro ferimento em uma batalha – e fica atordoado. ? um erro. O capataz tira vantagem de sua distra??o e o golpeia com sua manopla. Darius sente uma dor profunda no maxilar quando o metal encontra seu rosto e, ao ser jogado diversos metros para tr?s, ele curiosamente pensa que nunca mais vai parar no meio de uma batalha para verificar seus ferimentos. Ao sentir o gosto de sangue em seus l?bios, a f?ria toma conta de Darius. O capataz – partindo para cima dele mais uma vez, ? grande e forte, mas desta vez, sentindo dor em seu rosto e com gosto de sangue na boca, Darius n?o permite que isso o intimide. Os primeiros golpes da batalha tinham sido desferidos e, Darius percebe, por mais dolorosos que tivessem sido – n?o tinham sido nada maus. Ele ainda est? em p?, ainda est? respirando e ainda est? vivo. E isso significa que ele ainda pode lutar. Ele pode levar alguns golpes, e pode continuar lutando. Ser ferido n?o ? t?o ruim quanto ele havia imaginado. Ele pode ser menor e menos experiente, mas ele havia percebido que suas habilidades s?o t?o boas quanto as de qualquer outro homem –  e igualmente mortais. Darius solta um grito gutural e salta pra frente, encarando a batalha em vez de esperar por ela desta vez. Sem temer mais ser ferido, Darius ergue sua espada com um grito e golpeia seu oponente. O homem bloqueia o golpe, mas Darius n?o desiste e continua golpeando, e vai empurrando o capataz para tr?s apesar de sua for?a e tamanho. Darius luta por sua pr?pria vida, pela vida de Loti e a de todo o seu povo e, golpeando sem parar – mais r?pido do jamais havia lutado antes, sem deixar o peso da espada de a?o diminuir seu ritmo nem por um instante, ele finalmente encontra uma oportunidade. O capataz grita de dor quando Darius consegue feri-lo. Ele se vira e olha para Darius, primeiro com surpresa e depois com uma express?o de vingan?a nos olhos. Ele grita como um animal ferido e parte para cima de Darius. O capataz joga sua espada no ch?o e corre na dire??o de Darius, envolvendo-o em um abra?o de urso. Ele derruba Darius no ch?o, apertando-o com tanta for?a que Darius derruba sua espada. Tudo acontece t?o r?pido – e ? um movimento t?o inesperado, que Darius n?o consegue reagir a tempo. Ele esperava enfrentar seu oponente com uma espada, e n?o em uma luta corpo a corpo. Darius, pressionado contra o ch?o e gemendo, sente como se todos os ossos de seu corpo estivessem prestes a serem partidos. Ele grita de dor. O capataz o aperta com mais for?a, e Darius tem certeza de que vai morrer. Ele ent?o d? uma cabe?ada em Darius e esmaga o seu nariz. Darius sente o sangue escorrendo pelo seu rosto e ? tomado por uma dor terr?vel que sobe pelo seu rosto e o deixa cego. Aquele ? um golpe pelo qual ele n?o estava esperando, e quando o capataz joga a cabe?a para tr?s para dar-lhe outra cabe?ada, Darius, indefeso, tem certeza de que dessa vez ele ser? morto. O barulho de correntes atravessa o ar e, de repente, os olhos do capataz se arregalam e ele solta Darius. Darius, ofegante, olha para cima perguntando-se por que ele o tinha soltado. Ent?o ele v? Loti atr?s do capataz, enrolando suas correntes em volta do pesco?o dele v?rias vezes e apertando com toda a for?a. Darius d? alguns passos para tr?s tentando recuperar o f?lego, e observa quando o capataz, cambaleante, estica os bra?os sobre os ombros, agarra Loti e, inclinando-se, puxa ela pra frente. Loti cai de costas no ch?o duro de terra, gritando. O capataz d? um passo adiante, ergue a perna e coloca a bota em cima da cabe?a dela, e Darius v? que ele est? prestes a pisar em cima dela e esmagar o rosto de Loti. Eles est?o a cinco metros de dist?ncia dele – longe demais para que Darius os alcance a tempo. "N?O!" ele grita. Darius pensa r?pido: ele estica o bra?o, pega sua espada e, dando um passo adiante e com um movimento r?pido, ele a arremessa. A espada atravessa o ar e Darius assiste, paralisado, quando a ponta de sua arma perfura a armadura do capataz – acertando-o bem no meio do cora??o. Seus olhos se arregalam mais uma vez e Darius v? quando ele trope?a e cai – primeiro de joelhos e ent?o de cara no ch?o. Loti se levanta rapidamente, e Darius corre para o lado dela. Ele coloca o bra?o em volta dos ombros dela para confort?-la, grato e aliviado por ela estar bem. De repente, um assobio agudo corta o ar; Darius se vira e v? o capataz, ainda deitado no ch?o, levar as m?os ? boca e assobiar mais uma vez – a ?ltima, antes de finalmente morrer. Um rugido horr?vel quebra o sil?ncio ao mesmo tempo em que o ch?o parece tremer. Darius olha para tr?s e fica aterrorizado ao ver a zerta correndo repentinamente na dire??o deles. Ela corre descontroladamente, baixando seus chifres pontudos. Darius e Loti trocam olhares, sabendo que n?o h? mais para onde ir. Dentro de instantes, Darius sabe, eles estariam mortos. Ele olha ao seu redor, pensando r?pido, e v? ao lado deles uma encosta ?ngreme, repleta de pedras e rochas. Darius ergue os bra?os com as palmas estendidas e coloca um bra?o em torno de Loti, segurando-a perto dele. Ele n?o quer invocar seus poderes, mas sabe que agora n?o lhe resta alternativa – n?o se ele quiser sobreviver. Darius sente um forte calor atravessar seu corpo, um poder que ele mal consegue controlar, e assiste quando uma luz emana da palma de sua m?o aberta na dire??o da encosta ?ngreme. Ele ouve um estrondo – a princ?pio gradual, e que se torna cada vez mais quando grandes rochedos rolam pela encosta, ganhando velocidade. Uma avalanche de rochas avan?a para cima da zerta, esmagando-a antes que ela possa alcan??-los. Uma grande nuvem de poeira se ergue em meio ao barulho, e finalmente tudo se acalma. Darius fica ali parado rodeado por nada al?m do sil?ncio e do p? – que brilha sob a luz do sol, sem conseguir compreender completamente o que tinha acabado de fazer. Ele se vira e v? Loti olhando para ele – v? o olhar de terror em seu rosto, e sabe que tudo havia mudado. Ele havia revelado seu segredo. E agora, n?o h? mais volta. CAP?TULO SETE Thor fica sentado na beirada do pequeno barco de pernas cruzadas e com as m?os repousando em suas coxas, de costas para os outros enquanto observa as ?guas frias do oceano cruel. Seus olhos est?o vermelhos de tanto chorar, e ele n?o quer que seus companheiros o vejam assim. Suas l?grimas j? haviam secado h? muito tempo, mas seus olhos ainda ardem enquanto ele observa o mar – perplexo e se questionando sobre os mist?rios da vida. Como ? que ele poderia ter tido um filho, apenas para que ele lhe fosse tirado daquela forma? Como algu?m que ele ama tanto poderia ter desaparecido assim, sendo levado sem qualquer aviso ou chance de retorno? A vida, Thor sente, ? implacavelmente cruel. Ser? que n?o existe justi?a no mundo? Por que seu filho n?o pode voltar para os seus bra?os? Thor daria qualquer coisa – qualquer coisa - ele andaria por cima do fogo, morreria mil vezes – apenas para ter Guwayne de volta. Thor fecha os olhos e balan?a a cabe?a enquanto tenta bloquear a imagem do vulc?o em chamas, do ber?o vazio e do fogo. Ele tenta bloquear a ideia da morte terr?vel e dolorosa de seu filho. Seu cora??o arde de ?dio, mas acima de tudo de tristeza e vergonha, por n?o ter alcan?ado seu filho a tempo. Thor tamb?m sente um vazio por dentro ao tentar imaginar seu encontro com Gwendolyn, quando ele teria que lhe dar a not?cia. Ela certamente jamais voltaria a olhar em seus olhos. E ela jamais voltaria a ser a mesma pessoa que antes. ? como se toda a vida de Thor tivesse sido tirada dele de uma s? vez. Ele n?o sabe como reconstru?-la, como juntar os peda?os do que um dia havia existido. Como uma pessoa – ele se pergunta, pode encontrar outro prop?sito para sua vida? Thor ouve passos, e sente o peso de um corpo ao seu lado quando o barco se movimenta, rangendo. Ele olha para o lado e fica surpreso ao ver Conven sentado ali, olhando para o mar. Thor tem a sensa??o de que n?o conversa com ele h? muito tempo, desde a morte de seu irm?o g?meo. Ele fica feliz ao v?-lo ali. Enquanto olha para ele, Thor v? a tristeza em seu rosto e, pela primeira vez, ele o compreende. Ele finalmente entende. Conven n?o diz uma palavra. Ele n?o precisa dizer nada. Sua presen?a ? o bastante. Ele est? ali por solidariedade, irm?os compartilhando a dor da perda. Eles ficam sentados em sil?ncio por um longo tempo, sem qualquer barulho exceto o som do vento e das ondas batendo suavemente contra o barco – naquele pequeno barco ? deriva no meio do imenso oceano, depois que a miss?o para encontrar e resgatar Guwayne havia esgotado todas as for?as que eles ainda tinham. Conven finalmente resolve falar. "N?o h? um dia que passa em que eu n?o penso em Conval," ele diz com a voz embargada. Eles continuam sentados em sil?ncio. Thor quer dizer algo, mas n?o consegue – emocionado demais para falar. Finalmente, Conven continua. "Eu sinto muito por Guwayne. Eu gostaria de t?-lo visto crescer e se tornar um grande guerreiro, como voc?. Eu sei que ele teria sido como o pai dele. A vida pode ser tr?gica e cruel. Ela ?s vezes lhe d? algo apenas para lhe tirar depois. Gostaria de poder lhe dizer que me recuperei da perda de meu irm?o – mas infelizmente isso n?o ? verdade." Thor olha para ele, sentindo uma estranha sensa??o de paz pela honestidade brutal de Conven. "O que o mant?m vivo?” Thor pergunta Conven olha para ?gua por um longo tempo, e ent?o finalmente suspira. "Acredito que ? isso que Conval gostaria que eu fizesse," ele fala. "Ele gostaria que eu continuasse. Ent?o aqui estou eu. Eu fa?o isso por ele. N?o ? por mim mesmo. ?s vezes vivemos uma vida pelos outros. ?s vezes n?o nos importamos o suficiente com n?s mesmos, ent?o vivemos nossas vidas pelos outros. Mas quanto mais o tempo passa, percebo que ?s vezes isso deve ser o suficiente." Thor pensa em Guwayne, agora morto, e se pergunta o que seu filho gostaria que ele fizesse. Obviamente, ele gostaria que Thorgrin continuasse vivo, e cuidasse de sua m?e, Gwendolyn. Thor sabe disso. Mas em seu cora??o, aquela ainda ? uma ideia dif?cil de aceitar. Conven limpa a garganta. "Vivemos por nossos pais," ele diz. "Por nossos irm?os. Por nossas esposas, filhos e filhas. N?s vivemos por todas as pessoas que nos rodeiam. E ?s vezes, quando a vida nos maltrata tanto que n?o nos resta qualquer motivo para continuar, isso deve bastar." "Eu discordo," diz uma voz. Thor olha para tr?s e v? Matus se aproximando e sentando do outro lado dele. Matus encara o oceano com um olhar s?rio e cheio de orgulho. "Eu acredito que existe outra raz?o para vivermos," continua ele. "E qual seria essa raz?o?" pergunta Conven. "A f?." Matus suspira. "Meu povo, os homens das Ilhas Superiores, rezam para os quatro deuses das costas rochosas. Eles rezam para os deuses da ?gua, do vento, do c?u e das rochas. Esses deuses nunca responderam as minhas preces. Eu rezo para o antigo deus do Anel." Thor olha para ele, completamente surpreso. "Eu nunca conheci um homem das Ilhas Superiores que compartilhasse a mesma cren?a do Anel," comenta Conven. Matus assente. "Sou diferente do meu povo" ele responde. "Sempre fui assim. Eu queria me juntar ? ordem mon?stica quando era mais jovem, mas meu pai nunca me deu permiss?o. Ele insistiu para que eu me juntasse ao ex?rcito, assim como meus irm?os." Ele suspira. "Eu acredito que vivemos pela nossa f?, e n?o pelos outros," ele afirma. "? isso que nos mant?m vivos. Se nossa f? for forte o suficiente, realmente forte o bastante, ent?o qualquer coisa pode acontecer. At? mesmo um milagre." "E a f? pode trazer meu filho de volta para mim?" Thor pergunta. Matus assente com a cabe?a, inflex?vel, e Thor pode ver a certeza em seu olhar. "Sim," Matus responde sem emo??o. "Qualquer coisa." "Voc? est? mentindo," Conven diz indignado. "Voc? est? lhe dando falsas esperan?as." "N?o estou mentindo," retruca Matus. "Voc? quer dizer que a f? pode trazer de volta meu irm?o morto?" Conven insiste nervoso. Matus suspira. "Estou dizendo que toda trag?dia ? um presente," ele diz. "Um presente?” Thor pergunta horrorizado. "Voc? quer dizer que a perda do meu filho ? um presente?" Matus concorda confiante. "Voc? est? recebendo um presente, por mais tr?gico que possa parecer. Voc? n?o sabe que presente ? esse. E pode ser que n?o descubra por muito tempo. Mas um dia, voc? ver?." Thor se vira e volta a olhar para o mar, confuso e incerto. Seria tudo aquilo um teste? Ele se pergunta. Seria aquilo mais um dos testes de que sua m?e havia falado? A f? poderia mesmo trazer seu filho de volta? Ele quer acreditar naquilo. Ele realmente quer. Mas ele n?o sabe se sua f? ? forte o bastante. Quando sua m?e havia falado sobre testes, Thor havia se sentido confiante de que poderia passar por qualquer teste ? que fosse submetido; mas agora, sentindo-se daquela forma, ele n?o sabe se ? forte o bastante para continuar. O barco balan?a sobre as ondas e de repente a mar? muda, e Thor sente o pequeno barco girar e come?ar a se mover na dire??o oposta. Ele para de pensar no passado e olha por cima do ombro, se perguntando o que estaria acontecendo. Reece, Elden e O'Connor est?o remando e manejando a vela com olhares confusos no rosto, enquanto a pequena vela balan?a descontroladamente contra o vento. "As Mar?s do Norte," Matus diz, em p? e com as m?os nos quadris enquanto olha para a dist?ncia, analisando o oceano. Ele balan?a a cabe?a. "Isso n?o ? um bom sinal." "O que est? acontecendo?" Indra pergunta. "N?o podemos controlar o barco." "Elas ?s vezes passam pelas Ilhas Superiores," explica Matus. "Nunca as vi com meus pr?prios olhos, mas j? ouvi falar delas, especialmente aqui – t?o ao norte. ? como uma correnteza. Uma vez que voc? est? preso nela, a mar? pode lev?-lo para onde ela quiser. N?o importa o quanto voc? reme ou quantas velas voc? tenha." Thor olha para baixo, e v? a ?gua passando ao lado do barco com o dobro da velocidade de antes. Ele olha para longe e percebe que eles agora est?o se dirigindo para um novo horizonte vazio, com nuvens roxas e brancas penduradas no c?u – uma cena ao mesmo tempo bela e aterrorizante. "Mas estamos indo para o leste agora," diz Reece, "e precisamos ir para o oeste. Todo o nosso povo est? naquela dire??o. O Imp?rio fica no oeste." Matus d? de ombros. "Vamos para onde a corrente nos levar." Thor olha para baixo com surpresa e admira??o, percebendo que a cada minuto ele est? ficando mais longe de Gwendolyn e de seu povo. "E onde termina tudo isso?" O'Connor pergunta. Matus d? de ombros. "Eu conhe?o apenas as Ilhas Superiores," ele diz. "Nunca estive t?o ao norte. N?o conhe?o nada do que existe al?m disso." "Mas h? um fim," Reece diz com uma voz profunda, e todos os olhares se voltam para ele. Reece os encara com gravidade. "Eu aprendi sobre as mar?s h? muitos anos, quando ainda era jovem. No livro antigo dos Reis, havia um conjunto de mapas que cobria cada ponto do mundo. As Mar?s do Norte levam ao limite oriental do mundo." "Limite oriental?" Elden pergunta preocupado. "Mas estar?amos do outro lado de mundo em rela??o ao nosso povo." Reece d? de ombros. "Os livros eram antigos, e eu era muito jovem. Tudo o que sei ? que as mar?s eram um portal para a Terra dos Esp?ritos." Thor olha para Reece, pensando. "Conversa de comadres e fantasias de crian?as," O'Connor fala. "N?o existe um portal para a Terra dos Esp?ritos. Ele foi fechado h? muitos s?culos, antes do nascimento dos nossos pais." Reece d? de ombros e todos ficam em sil?ncio e come?am a observar as ?guas do mar. Thor olha para as ?guas que se movem com rapidez e se pergunta: Para onde eles estariam sendo levados? * Thor se senta sozinho na beira do barco, encarando o vazio como j? fazia h? horas e sendo molhado pelas ?guas geladas do mar. Amortecido para tudo ao seu redor, ele mal sente qualquer coisa. Thor gostaria de estar fazendo algo, i?ando velas, remando – qualquer coisa – mas n?o h? nada a fazer agora. As Mar?s do Norte os est?o levando para onde elas querem, e tudo o que ele e seus companheiros podem fazer ? observar as correntes mar?timas, acompanhar o barco se movendo em cima das ondas e imaginar onde eles v?o parar. Eles est?o nas m?os do destino agora. Enquanto fica sentado ali, estudando o horizonte e se perguntando se a viagem chegaria ao fim, Thor se v? entrando em transe por causa do frio e do vento, perdido na monotonia do profundo sil?ncio que havia reca?do sobre eles. Os p?ssaros marinhos que a princ?pio haviam sobrevoado o barco j? os tinham abandonado h? muito tempo, e ? medida que o sil?ncio se aprofunda e o c?u se tornava mais escuro, Thor sente que eles estavam navegando para o nada, diretamente para o fim do mundo. Horas mais tarde, quando os ?ltimos raios de sol est?o deixando de brilhar, Thor de repente se senta mais ereto, tendo visto algo no horizonte distante. A princ?pio ele tem certeza de que se trata de uma miragem; mas quando as correntes se tornam mais fortes, a forma fica mais distinta. O que ele v? ? real. Thor fica mais atento, e pela primeira vez em horas, ele se levanta. Ele fica em p? com as m?os nos quadris enquanto o barco balan?a – olhando para longe. "Aquilo ? de verdade?" Thor olha para o lado e v? Reece dar um passo adiante e se aproximar dele. Elden, Indra e o restante dos outros logo se juntam a eles, observando espantados. "Uma ilha?” O'Connor se pergunta em voz alta. "Parece uma caverna," Matus responde. Quando eles se aproximam, Thor come?a a enxergar melhor o contorno e percebe que de fato se trata de uma caverna. ? uma caverna enorme, uma abertura na rocha que se ergue de dentro do oceano – surgindo no meio daquele imenso e cruel oceano e erguendo-se por dezenas de metros de altura, com uma entrada em forma de arco. A entrada parece uma boca gigante, prestes a engolir tudo o que existe no mundo. As correntes est?o levando o pequeno barco exatamente naquela dire??o. Thor assiste espantado e sabe que aquela s? pode ser uma coisa: a entrada para a Terra dos Esp?ritos. CAP?TULO OITO Darius caminha lentamente pela trilha de terra com Loti ao seu lado – o ar em torno deles pesado com a tens?o causada pelo sil?ncio deles. Nenhum dos dois havia dito uma palavra desde o encontro com o capataz e seus homens, e a mente de Darius fervilha com um milh?o de pensamentos enquanto ele caminha ao lado dela, acompanhando-a de volta at? a vila. Darius gostaria de abra??-la, de dizer como ele se sente grato por saber que ela est? viva, grato que ela o tenha salvado assim como ele a tinha salvado – e contar-lhe como ele est? determinado a nunca mais deixar que ela saia do lado dele. Ele quer ver os olhos dela cheios de alegria e al?vio, quer ouvi-la dizer o quanto ela est? feliz que ele havia arriscado a pr?pria vida por ele – ou pelo menos, que ela est? feliz em v?-lo. Mas enquanto eles caminham em profundo sil?ncio, Loti n?o diz nada, e sequer olha na dire??o dele. Ela n?o havia dito nada para ele desde que ele tinha causado a avalanche, e nem mesmo tinha olhado nos olhos dele. O cora??o de Darius bate acelerado, e ele se pergunta o que ela est? pensando. Ela tinha testemunhado a invoca??o de seus poderes e tinha visto a avalanche. Depois disso, ela tinha olhado para ele com um olhar horrorizado, e n?o falado com ele desde ent?o. Talvez, Darius pensa, aos olhos dela, ele havia quebrado o tabu sagrado de seu povo ao usar m?gica, a ?nica coisa que seu povo desdenha acima de qualquer outra coisa. Talvez ela tenha medo dele – ou ainda pior, talvez ela j? n?o o ame mais. Talvez ela agora o considere algum tipo de aberra??o. Darius sente seu cora??o se partindo enquanto eles caminham de volta para a vila, e se pergunta pra qu? tinha feito tudo aquilo. Ele tinha acabado de arriscar sua pr?pria vida para salvar uma garota que j? n?o sente nada por ele. Ele daria qualquer coisa para ler os pensamentos dela agora – qualquer coisa. Mas ela n?o diz nada. Ela estaria em choque? Darius quer dizer alguma coisa, qualquer coisa para acabar com aquele sil?ncio. Mas ele n?o sabe por onde come?ar. Ele tinha achado que a conhecia, mas agora ele j? n?o tem tanta certeza. Uma parte dele se sente indignada, mas ele ? orgulhoso demais para falar – considerando a rea??o dela – mas outra parte dele se sente envergonhada – ele sabe o que o seu povo pensa sobre a magia. Mas usar magia ? mesmo algo t?o terr?vel? Mesmo tendo salvado a vida dela? Ela pretende contar para os outros? Se os alde?es souberem, ele tem certeza de que ser? exilado. Eles continuam caminhando, e Darius finalmente n?o consegue mais suportar; ele precisa dizer alguma coisa. "Tenho certeza de que sua fam?lia ficar? feliz em v?-la de volta em seguran?a," diz Darius. Para sua grande frustra??o, Loti n?o aproveita a oportunidade para olhar para ele; em vez disso, ela permanece sem express?o ? medida que eles continuam andando em sil?ncio. Por fim, depois de algum tempo, ela balan?a a cabe?a. "Talvez," ela diz. "Mas eu acho que eles v?o ficar mais preocupados do que qualquer outra coisa. A vila inteira vai ficar." "O que voc? quer dizer com isso?" Darius pergunta. "Voc? matou um capataz. N?s matamos um capataz. O Imp?rio inteiro deve estar ? nossa procura. Eles destruir?o a nossa vila. O nosso povo. N?s fizemos algo terr?vel, foi um ato ego?sta." "Algo terr?vel? Eu salvei a sua vida!" Darius diz irritado. Ela d? de ombros. "A minha vida n?o vale mais do que a vida de todo o nosso povo." Darius esbraveja, sem saber o que dizer enquanto eles continuam caminhando. Loti, ele est? come?ando a perceber, ? uma garota dif?cil de entender. Ela tinha sido criada de acordo com a forte doutrina e costumes r?gidos dos seus pais e de todo o seu povo. "Ent?o voc? me odeia," ele fala. "Voc? me odeia por t?-la salvado." Ela se recusa a olhar para ele e continua andando. "Eu salvei voc? tamb?m," ela responde com orgulho. "Voc? esqueceu?" Darius enrubesce; ele realmente n?o a compreende. Ela ? muito orgulhosa. "Eu n?o o odeio," ela finalmente responde. "Mas eu vi como voc? fez aquilo. Eu vi o que voc? fez." Darius percebe que est? tremendo por dentro, magoado com as palavras dela. Aquilo tinha soado como uma acusa??o. N?o ? justo, especialmente depois que ele tinha salvado a vida dela. "E por acaso isso ? algo t?o terr?vel?" ele pergunta. "O tal poder que eu usei?" Loti n?o responde. "Eu sou quem eu sou," continua Darius. "Eu nasci assim. N?o pedi por isso. Eu mesmo n?o compreendo isso completamente. N?o sei exatamente quando come?a e quando vai embora. Eu n?o sei se um dia serei capaz de us?-lo novamente. Eu n?o queria ter usado o poder. ? como se… ele tivesse me usado." Loti continua olhando para baixo, sem responder e sem encontrar os olhos dele, e Darius sente um profundo senso de arrependimento. Ele teria cometido um erro ao t?-la resgatado? Ele deveria sentir vergonha de quem ele ?? "Voc? preferia ter morrido ou que eu tivesse usado… o que quer que eu tenha usado?" Darius pergunta. Mais uma vez, Loti n?o responde enquanto eles continuam andando, e o arrependimento de Darius se aprofunda. "N?o ouse contar isso a ningu?m," ela diz. "N?o podemos contar nada do que aconteceu aqui hoje. Ambos seremos exilados." Eles fazem uma curva e a vila surge diante deles. Eles caminham pela estrada principal e logo s?o vistos pelos alde?es, que d?o gritos de alegria. Dentro de instantes, h? uma grande como??o quando alde?es se aproximam para cumpriment?-los – centenas deles animadamente apressando-se para abra?ar Loti e Darius. Abrindo caminho entre a multid?o est? a m?e de Loti, acompanhada por seu pai e dois de seus irm?os, homens altos com ombros largos, cabelos curtos e express?es de orgulho. Todos olham para Darius, analisando-o. Ao lado deles, est? o terceiro irm?o de Loti, menor que os outros e manco de uma perna. "Meu amor," a m?e de Loti fala, correndo atrav?s da multid?o para abrac?-la com for?a. Darius fica um pouco atr?s, sem saber ao certo como agir. "O que aconteceu com voc??" a m?e dela pergunta. "Eu pensei que o Imp?rio a tinha levado. Como voc? conseguiu escapar?" Os alde?es se silenciam, ficando s?rios, e todos os olhares se voltam para Darius. Ele fica ali parado, sem saber o que dizer. Aquele deveria ser um momento, ele sente, de grande alegria e celebra??o – um momento para sentir-se orgulhoso, para ser recebido de volta em sua aldeia como um her?i. Afinal de contas, ele havia – sozinho – tido a coragem de partir em busca de Loti. Em vez disso, aquele ? um momento de profunda confus?o para ele. E talvez at? de um pouco de vergonha. Loti lan?a um olhar significativo na dire??o dele, como se quisesse adverti-lo para n?o revelar seu segredo. "N?o aconteceu nada, m?e," Loti responde. "O Imp?rio mudou de ideia. Eles me soltaram." "Eles a soltaram?" ela repete boquiaberta. Loti assente. "Eles me soltaram muito longe daqui. Eu estava perdida na floresta, e Darius me encontrou. Ele me trouxe de volta." Os alde?es, em sil?ncio, olham com ceticismo para Loti e Darius. Darius pressente que nenhum deles acredita naquela est?ria. "E o que ? essa marca em seu rosto?" o pai dela pergunta, dando um passo adiante e passando a m?o na bochecha dela ao mesmo tempo em que vira o rosto de Loti para examin?-lo melhor. Darius olha para ela e v? o verg?o roxo em seu rosto. Loti olha para o seu pai, sem saber como responder. "Eu… tropecei," ela diz. "Em uma raiz. Como eu j? disse, estou bem," ele insiste desafiadoramente. Todos os olhares se voltam para Darius e Bokbu, o chefe da vila, d? um passo ? frente. "Darius, isso ? verdade?" ele pergunta com a voz grave. "Voc? a trouxe de volta pacificamente? N?o houve qualquer confronto com o Imp?rio?" Darius permanece ali, com o cora??o aos pulos, enquanto centenas de olhares o encaram. Ele sabe que se contar a eles sobre o confronto – se contar a verdade sobre o que ele havia feito, todos viver?o com medo da inevit?vel repres?lia. E sem ter como explicar como havia matado todos eles sem mencionar o uso de magia, ele acabar? exilado – assim como Loti, e ele n?o deseja criar p?nico em meio ao seu povo. Darius n?o quer morrer, mas ele n?o sabe o que mais fazer. Ent?o, Darius simplesmente assente para os anci?os e n?o diz nada. Deixe que eles interpretem sua resposta como bem quiserem. Lentamente, os alde?es – aliviados, se viram e olham para Loti. Finalmente, um dos irm?os de Loti se aproxima e coloca um bra?o em torno dos ombros dela. "Ela est? bem!" ele grita, acabando com a tens?o. "Isso ? o que importa!" Um grito de alegria irrompe na vila quando a tens?o se dissipa, e Loti ? abra?ada por sua fam?lia e amigos. Darius fica parado observando a cena, recebendo tapinhas de aprova??o nas costas enquanto Loti se afasta sozinha com sua fam?lia e entra na vila. Ele a observa se afastar, esperando e torcendo para que ela se vire e olhe para ele, ao menos uma vez. Mas seu cora??o se aperta ao v?-la desaparecer no meio da multid?o, sem nunca olhar para tr?s. CAP?TULO NOVE Vol?sia se senta orgulhosamente em seu trono dourado em cima de sua embarca??o dourada que brilha sob o sol, flutuando lentamente pelas hidrovias de Vol?sia com os bra?os abertos, saboreando a adula??o de seu povo. Milhares de pessoas a observam, correndo para perto da ?gua, acumulando-se nas ruas e becos e gritando o nome dela de todas as dire??es. ? medida que ela flutua pelos canais estreitos que cruzam a cidade, Vol?sia poderia esticar o bra?o e tocar o seu povo, que grita o seu nome chorando e gritando, admirando-a enquanto jogam pequenos peda?os de papel de diferentes cores, que brilham sob a luz e caem em volta dela. Aquele ? o maior sinal de respeito que o seu povo poderia lhe oferecer. ? uma forma de receber de volta um verdadeiro her?i. "Vida longa ? Vol?sia! Vida longa ? Vol?sia!" dizem eles, em um coro que se repete em todos os becos ? medida que ela atravessa as massas, sendo levada pelos canais atrav?s de sua magn?fica cidade – com suas ruas e pr?dios cobertos de ouro. Vol?sia se inclina para tr?s e absorve tudo, feliz por ter derrotado Romulus – por ter aniquilado o L?der Supremo do Imp?rio e assassinado seu ex?rcito de soldados. Seu povo a apoia, sentindo-se fortalecido por seu poder, e ela nunca havia se sentido t?o poderosa em toda a sua vida – n?o desde que havia matado sua pr?pria m?e. Vol?sia olha para sua imponente cidade, admirando os dois pilares altos que d?o acesso a ela, brilhando em tons dourados e verdes sob o sol; ela absorve as infinitas fileiras de pr?dios antigos, erguidos na ?poca de seus ancestrais, todos com centenas de anos e j? muito gastos. As ruas brilhantes e impec?veis est?o repletas de milhares de habitantes, h? guardas em todas as esquinas e os canais atravessam as ruas em ?ngulos precisos ligando todas as ?reas da cidade. H? pequenas pontes sob as quais cavalos puxam carruagens douradas, onde pessoas vestindo suas melhores roupas e joias observam tudo. A cidade havia declarado um feriado, e todos haviam sa?do para receb?-la, gritando o nome dela naquele dia santo. Ela ? mais do que uma l?der para eles – Vol?sia ? uma deusa. E ? mais auspicioso ainda que aquele dia coincida com o dia de um festival, o Dias das Luzes, em que todos louvam os sete deuses do sol. Vol?sia – como l?der da cidade – ? respons?vel por dar in?cio ?s festividades e, ao atravessar os canais, duas imensas tochas est?o acesas atr?s dela, mais brilhantes do que a luz do dia, prontas para acender a Grande Fonte. Todos os habitantes a acompanham, apressando-se pelas ruas e seguindo o seu barco; ela sabe que eles a acompanhariam durante todo o percurso at? que ela chegasse ao centro dos seis c?rculos da cidade, onde ela desembarcaria e acenderia as fontes, dando in?cio ao dia de celebra??o e sacrif?cios. Aquele ? um dia glorioso para ela e todo o seu povo, um dia para louvar os catorze deuses – os deuses que todos acreditam rodear a cidade, protegendo as catorze entradas contra invasores indesejados. Seu povo reza para todos eles e naquele dia, como em todos os outros, ? preciso agradecer-lhes pela prote??o. Mas esse ano, seu povo ter? uma grande surpresa. Vol?sia havia inclu?do a d?cima quinta divindade, e seria a primeira vez desde a funda??o da cidade que um deus seria adicionado. E aquela divindade ? ela mesma. Vol?sia havia erguido uma enorme est?tua dourada de si mesma no centro dos sete c?rculos, e havia declarado que aquele dia, a partir de agora, seria o seu dia – o seu feriado. Quando a est?tua fosse revelada, seu povo veria pela primeira vez que Vol?sia ? mais do que sua m?e jamais havia sido – mais do que uma l?der, mais do que uma mera humana. Ela ? uma deusa, e merece ser adorada todos os dias. Eles rezariam e se ajoelhariam diante dela assim como faziam com os outros – e fariam isso ou ela mataria todos eles. Vol?sia sorri para si mesma ? medida que seu barco se aproxima do centro da cidade. Ela mal pode esperar para ver a express?o no rosto deles, para v?-los adorar sua imagem como fazem com os outros catorze deuses. Eles ainda n?o sabem, mas um dia, ela pretende destruir os outros deuses um por um, at? que ela seja a ?nica deusa de Vol?sia. Vol?sia, excitada, olha por cima do ombro e v? uma fileira infinita de embarca??es atr?s dela, carregando touros, cabras e carneiros vivos gritando e movimentando-se sob o sol, tudo em prepara??o para o dia de sacrif?cios em homenagem aos deuses. Ela sacrificaria os melhores e maiores animais em sua pr?pria homenagem. O barco de Vol?sia finalmente chega ao canal que d? acesso aos sete c?rculos dourados, um mais largo que o outro e com grandes passarelas douradas separadas por an?is de ?gua. Seu barco abre caminho lentamente pelos c?rculos, aproximando-se cada vez mais do centro, passando diante dos catorze deuses com o cora??o acelerado de emo??o. A est?tua de cada um dos deuses se ergue dezenas de metros acima deles. No centro de tudo isso, na pra?a que sempre havia permanecido vazia e reservada para sacrif?cios e congrega??es, agora h? um pedestal dourado rec?m-constru?do, sob o qual repousa uma estrutura de vinte metros coberta com um peda?o de seda branca. Vol?sia sorri: apenas ela entre todo o seu povo sabe o que h? embaixo daquele tecido. Vol?sia desembarca assim que eles se aproximam da pra?a mais central, e seus criados correm ao seu aux?lio. Ela assiste enquanto outra embarca??o se aproxima, e o maior touro que ela j? tinha visto ? removido e levado at? ela por uma d?zia de homens. Cada um deles segura uma corda, e come?am a guiar o animal cautelosamente. O touro ? um animal especial adquirido nas Baixas Prov?ncias: com cinco metros de altura e pele vermelha brilhante, ele ? um simbolo de for?a. O animal tamb?m est? extremamente irritado. Ele resiste, mas os homens o mant?m no lugar enquanto o levam pra frente da est?tua de Vol?sia. Vol?sia ouve uma espada sendo erguida, e ao se virar v? Aksan, seu assassino pessoal, parado ao seu lado e segurando a espada cerimonial. Aksan ? o homem mais leal que ela j? havia conhecido, sempre disposto a matar quem ela ordene com um simples gesto de sua cabe?a. Ele tamb?m ? um pouco s?dico – outro motivo pelo qual ela o admira – e j? havia ganhado o seu respeito muitas vezes. Aksan ? uma das poucas pessoas que Vol?sia permite ficar ao seu lado. Ele a encara, e Vol?sia olha para o seu rosto cheio de cicatrizes e para os seus chifres vis?veis atr?s de seu cabelo encaracolado. Vol?sia estica o bra?o e pega a longa espada cerimonial com sua l?mina de dois metros, fechando os dedos em torno do punho com as duas m?os. Um sil?ncio tenso recai sobre o seu povo quando ela se vira, ergue a espada e rapidamente golpeia o pesco?o do touro com toda a sua for?a. A l?mina – afiada e fina como papel, atravessa o pesco?o do animal, e Vol?sia sorri ao ouvir o barulho satisfat?rio da espada atravessando a carne, sentindo a l?mina cortando o animal e sentindo o sangue do touro espirrar em seu rosto. O sangue espirra para todos os lados, formando uma grande po?a sob os p?s dela, e o touro cambaleia sem cabe?a e cai aos p?s da est?tua ainda coberta de Vol?sia. O sangue do touro mancha o tecido e o ouro, e o povo solta gritos de aprova??o. "Um excelente press?gio, minha senhora," Aksan fala, fazendo uma sauda??o. As cerim?nias haviam come?ado. Em volta dela, trombetas soam enquanto centenas de animais s?o trazidos pra frente, e seus oficiais come?am a sacrific?-los em torno da pra?a. Aquele seria um longo dia de sacrif?cios, estupros e festividades com abund?ncia de comida e bebida – e depois tudo se repetiria no dia seguinte e no outro. Vol?sia participaria de tudo, beberia um pouco de vinho e passaria a noite com alguns homens – cortando o pesco?o deles como sacrif?cio para os seus deuses. Ela anseia por um longo dia de sadismo e brutalidade. Mas, primeiro, ainda h? uma coisa a fazer. A multid?o se aquieta quando Vol?sia sobe no pedestal localizado na base de sua est?tua e se vira para encarar o seu povo. Ao lado dela est? Koolian, outro conselheiro de sua confian?a – um feiticeiro sombrio que veste um manto com capuz negro, com olhos verdes brilhantes e um rosto cheio de verrugas – a criatura que havia ajudado Vol?sia a planejar o assassinato de sua pr?pria m?e. Koolian tinha sido a pessoa a aconselhar Vol?sia a construir a est?tua de si mesma. A multid?o a encara em absoluto sil?ncio. Ela espera, saboreando o suspense daquele momento. "Grande povo de Vol?sia!" ela come?a. "Apresento-lhes a est?tua de sua mais nova e mais importante dividade!" Com um gesto grandioso, Vol?sia remove o tecido de seda e a multid?o suspira. "Sua nova deusa, a d?cima quinta divindade – Vol?sia!" Koolian grita para a multid?o. O povo emite um som abafado de admira??o, e todos olham para cima com espanto. Vol?sia olha para a est?tua brilhante, duas vezes mais alta que as outras, uma r?plica perfeita dela mesma. Ela espera ansiosa para ver a rea??o de seu povo. H? muitos s?culos ningu?m apresenta uma nova divindade, e ela est? curiosa para ver se o amor de seu povo por ela ? t?o forte quanto ela pensa. Ela n?o precisa apenas do amor de seu povo; ela quer que eles a idolatrem. Para sua grande satisfa??o, seu povo de repente cai de joelhos e leva seus rostos ao ch?o, idolatrando-a. "Vol?sia," eles entoam sem parar. "Vol?sia. Vol?sia." Vol?sia continua ali, com os bra?os abertos e respirando profundamente, absorvendo tudo aquilo. Aquela ? uma experi?ncia para satisfazer qualquer ser humano. Qualquer l?der. Qualquer divindade. Mas ainda n?o ? o bastante para ela. * Vol?sia atravessa a ampla entrada arqueada do seu castelo, passando pelas colunas de m?rmore de trinta metros e pelos corredores repletos de jardins e de guardas – soldados do Imp?rio com posturas perfeitamente eretas, empunhando lan?as e alinhados at? onde seus olhos podem ver. Ela caminha lentamente, acompanhada em ambos os lados por Koolian – seu feiticeiro, Aksan – seu assassino, e Soku – o comandante de seu ex?rcito. "Minha senhora, se eu puder ter uma palavra com voc?," Soku diz. Ele vinha tentando falar com ela durante todo o dia, e ela o havia ignorado, sem interessar-se em seus temores ou sua fixa??o com a realidade. Ela possui sua pr?pria realidade, e falaria com ele quando tivesse vontade. Vol?sia continua marchando at? alcan?ar a porta de entrada para outro corredor, decorada com longas faixas repletas de esmeraldas. Imediatamente, soldados correm para abri-la, dando-lhe passagem. Assim que ela entra, o barulho dos c?nticos, aplausos e festividades das cerim?nias externas come?a a se dissipar. Aquele tinha tido um longo dia de sacrif?cios, bebidas e comemora??es, e Vol?sia precisa de algum tempo para descansar. Ela recuperaria suas energias, e ent?o voltaria para mais uma rodada. Vol?sia entra nos aposentos solenes, iluminados apenas por algumas tochas. A principal fonte de ilumina??o do lugar ? o faixo de luz verde que vem do ?culo no meio do teto, iluminando um ?nico objeto que jaz no centro dos aposentos. A lan?a de esmeralda. Vol?sia se aproxima dela admirada, observando o objeto que permanece ali como j? fazia h? s?culos, apontando diretamente para cima. Com seu punho e ponta de esmeralda, a lan?a brilha sob a luz, apontando diretamente para o c?u – como se estivesse desafiando os deuses. Aquele sempre havia sido um objeto sagrado para o seu povo, o objeto que todos acreditam sustentar toda a cidade. Ela para diante dele admirada, observando as part?culas de poeira girando em torno da luz esverdeada. "Minha senhora," Soku diz suavemente, sua voz ecoando no sil?ncio do lugar. "Tenho permiss?o para falar?" Vol?sia permanece parada de costas para ele por um longo tempo, examinando a lan?a e admirando o trabalho do artes?o como tinha feito todos os dias de sua vida, at? finalmente sentir-se preparada para ouvir as palavras de seu conselheiro. "V? em frente," ela fala. "Minha senhora," ele fala, "voc? matou o l?der do Imp?rio. Certamente, o boato j? se espalhou. Ex?rcitos devem estar marchando para Vol?sia neste exato momento. Ex?rcitos enormes, maiores do que qualquer coisa da qual podemos nos defender. Devemos nos preparar. Qual ? a sua estrat?gia?” "Estrat?gia?” Vol?sia pergunta irritada, ainda sem olhar para ele. "Como voc? pretende negociar a paz?” ele insiste. "Como se render??” Ela se vira para ele e o encara com frieza. "N?o haver? paz," ela responde. "At? que eu decida aceitar sua rendi??o e seu juramento de fidelidade." Ele a encara com medo nos olhos. "Mas minha senhora, eles nos superam em n?meros de cem para um," ele fala. "N?o podemos nos defender contra ataques dessa propor??o." Ela volta a olhar para a lan?a e ele d? um passo adiante, desesperado. "Minha Imperatriz," ele insiste. "Voc? atingiu uma vit?ria not?vel ao usurpar o trono de sua m?e. Ela n?o era amada pelo povo, e voc? ?. Eles a idolatram. Ningu?m ousa falar com voc? francamente. Mas eu farei isso. Voc? est? rodeada de pessoas que lhe dizem apenas o que voc? deseja ouvir. Pessoas que a temem. Mas eu lhe direi a verdade, eu lhe explicarei a realidade da situa??o. O Imp?rio nos cercar?, e n?s seremos derrotados. Nada restar? de nosso reino – ou de nossa cidade. Devemos agir agora. Voc? deve negociar uma tr?gua. Pague o pre?o que for preciso. Antes que eles matem todos n?s." Vol?sia sorri enquanto estuda sua lan?a. "Voc? sabe o que costumavam dizer sobre minha m?e?” ela pergunta. Soku permanece ali, encarando-a sem express?o, e balan?a a cabe?a. "Diziam que ela era A Escolhida. Diziam que ela jamais seria derrotada. Diziam que ela jamais morreria. Sabe por qu?? Por que ningu?m havia empunhado essa lan?a em seis s?culos. E de repente ela surgiu e a empunhou com apenas uma m?o. E a usou para matar seu pr?prio pai e assumir o trono." Vol?sia volta a olhar para ele, seus olhos brilhando com determina??o. "Diziam que a lan?a seria usada apenas uma vez. Pela Escolhida. Diziam que minha m?e viveria por mil s?culos, e que o trono de Vol?sia seria dela para sempre. E sabe o que aconteceu? Eu empunhei aquela lan?a – e a usei para mat?-la." Ela respira fundo. "O que me diz disso, Lorde Comandante?" Ele olha para ela confuso, e balan?a a cabe?a sem saber o que dizer. "Podemos escolher viver ? sombra das lendas dos outros," responde Vol?sia, "ou podemos criar nossas pr?prias lendas." Ela se aproxima dele, encarando-o com raiva. "Quando eu tiver destru?do todo o Imp?rio," ela diz, "quando todos neste universo se ajoelharem diante de mim, quando n?o houver uma ?nica pessoa que n?o saiba quem eu sou e que admire o meu nome, voc? saber? que eu sou a ?nica e verdadeira l?der – e que eu sou a ?nica e verdadeira divindade. Eu sou A Escolhida. Por que eu me escolhi." CAP?TULO DEZ Gwendolyn atravessa a aldeia acompanhada de seus irm?os Kendrick e Godfrey, Sandara, Aberthol, Brandt e Atme e com centenas de seu povo atr?s dela, sendo recebidos pelos habitantes do lugar. Eles s?o guiados por Bokbu, o chefe da vila, e Gwen caminha ao lado dele cheia de gratid?o ao ser levada em um tour da aldeia. O povo daquele lugar os tinha recebido – dando-lhes abrigo, e o chefe tinha feito aquilo por sua pr?pria conta, contra a conta de alguns dos membros de sua tribo. Ele havia salvado todos eles, trazendo-os de volta ? vida. Gwen n?o sabe o que eles teriam feito se isso n?o tivesse acontecido. Eles provavelmente teriam morrido em alto mar. Gwen tamb?m se sente grata a Sandara, que havia garantido ? tribo que eles eram de confian?a – e que tinha tido a sabedoria de lev?-los at? ali. Gwen olha ao seu redor, absorvendo a cena ? medida que os alde?es os cercam observando-os com curiosidade, e se sente com um animal em exibi??o. Gwen v? as pequenas cabanas de barro e o povo orgulhoso que nelas habitam – uma na??o de guerreiros com olhos bondosos a observ?-los. Obviamente, eles nunca haviam visto algo parecido com Gwen e seu povo. Embora curiosos, eles tamb?m s?o reservados. Gwen n?o pode culp?-los. Uma vida de escravid?o os havia deixado bastante cautelosos. Gwen nota fogueiras erguidas por toda parte, e come?a a pensar. "Por que h? tantas fogueiras?" ela pergunta. "Voc?s chegaram num dia muito auspicioso," Bokbu explica. "Hoje ? o dia do nosso festival dos mortos. ? uma noite sagrada para o nosso povo, que acontece apenas uma vez a cada onze anos. Acendemos fogueiras para homenagear os deuses dos mortos, e dizem que nesta noite, os deuses nos visitam e nos contam sobre o que est? por vir." "Tamb?m acreditamos que ? neste dia que nosso salvador ir? chegar," informa uma voz. Gwendolyn olha na dire??o da voz e v? um homem mais velho, aparentemente com setenta anos, magro e com uma express?o s?ria, aproximando-se deles com um cajado nas m?os e vestindo um manto amarelo. "Permita-me apresentar-lhes Kalo," Bokbu fala. "Nosso or?culo." Gwen assente e ele repete o gesto sem esbo?ar qualquer rea??o. "Sua aldeia ? linda," comenta Gwendolyn. "Posso ver o amor de uma grande fam?lia aqui." O chefe sorri. "Voc? ? jovem para uma rainha, mas ? muito s?bia e graciosa. ? verdade o que dizem sobre voc? do outro lado do mar. Gostaria que voc?s pudessem ficar aqui na aldeia conosco; por favor, entenda que temos que escond?-los dos olhares curiosos do Imp?rio. Voc?s estar?o por perto – aquele ser? seu novo lar, bem ali." Gwendolyn segue a dire??o do olhar dele e v? uma montanha distante, repleta de buracos. "As cavernas," ele fala. "Voc?s estar?o seguros l?. O Imp?rio n?o procurar? por voc?s naquele lugar, e voc?s podem acender fogueiras, cozinhar e se recuperar at? ficarem bem." "E depois?" Kendrick pergunta, juntando-se ao grupo. Bokbu olha para Kendrick, mas antes que ele possa responder outro alde?o alto e forte se aproxima do chefe segurando uma lan?a e acompanhado por uma dezena de homens musculosos. ? o mesmo homem do navio, aquele que havia protestado a chegada deles – e ele n?o parece nada satisfeito. Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696463&lfrom=688855901) на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
Наш литературный журнал Лучшее место для размещения своих произведений молодыми авторами, поэтами; для реализации своих творческих идей и для того, чтобы ваши произведения стали популярными и читаемыми. Если вы, неизвестный современный поэт или заинтересованный читатель - Вас ждёт наш литературный журнал.