Êàê ÷àñòî ÿ âèæó êàðòèíêó òàêóþ Âîî÷èþ, èëè îíà òîëüêî ñíèòñÿ: Äâå äåâî÷êè-ãåéøè î ÷¸ì-òî òîëêóþò, Çàáûâ, ÷òî äàâíî èì ïîðà ðàñõîäèòüñÿ. Íà óëèöå ò¸ìíîé âñå äâåðè çàêðûòû. Ëåíèâîå ïëàìÿ â ôîíàðèêå ñîííîì… À äåâî÷êè-ãåéøè êàê áóäòî çàáûòû Äâóìÿ îãîíüêàìè â ïðîñòðàíñòâå áåçäîííîì. Íó ÷òî âàì íå ñïèòñÿ, ïðåêðàñíûå ãåéøè? Âåäü äàæå ñâåð÷êè íåóìîë÷íû

Raz?o Para Matar

Raz?o Para Matar Blake Pierce Um mist?rio de Avery Black #1 Uma hist?ria din?mica que prende a aten??o desde o primeiro cap?tulo e n?o te solta maisMidwest Book Review, Diane Donovan (sobre Once Gone) Do autor de suspenses n?mero 1, Blake Pierce, a nova obra-prima do suspense psicol?gico. A detetive de homic?dios Avery Black passou por muitos problemas. Uma vez considerada uma advogada criminal das melhores, ela caiu em desgra?a quando conseguiu libertar um brilhante professor de Harvard e o viu cometer outro assassinato em seguida. Black perdeu seu marido e sua filha, e viu sua vida desmoronar sob seus olhos. Tentando se redimir, Avery passou para o outro lado da lei. Trabalhando duro, ela se tornou Detetive de Homic?dios, para desgosto de seus colegas de trabalho, que ainda lembram do que ela fez e, por isso, sempre a odiar?o. Mesmo assim, eles n?o podem negar que Avery tem uma mente brilhante, e quando um serial killer perturbador come?a a espalhar medo pelo cora??o de Boston, matando garotas dos col?gios de elite, ? com Black que eles contam. ? a chance de Avery para provar sua reden??o. No entanto, ela vai descobrir em breve que o assassino em seu caminho ? t?o brilhante e ousado quanto ela. Nesse jogo psicol?gico de gato e rato, mulheres est?o morrendo com pistas misteriosas, e os riscos n?o poderiam ser maiores. Uma corrida fren?tica contra o tempo leva Avery a uma s?rie de reviravoltas chocantes e inesperadas, que culminam em um climax que nem Black poderia imaginar. Uma hist?ria psicol?gica obscura com um suspense perturbador, RAZ?O PARA MATAR marca a estreia de uma nova s?rie fascinante e de uma nova personagem amada, que o far?o ler p?ginas e p?ginas noite adentro. O livro 2 da S?rie Avery Black estar? dispon?vel em breve. Uma obra-prima de suspense e mist?rio. Pierce fez um trabalho magn?fico criando personagens com um lado psicol?gico t?o bem descritos que nos fazerm sentir dentro de suas mentes, acompanhando seus medos e celebrando seu sucesso. A hist?ria ? muito interessante e vai lhe entreter durante todo o livro. Cheio de reviravoltas, este livro vai lhe manter acordado at? que voc? chegue ? ?ltima p?gina. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (sobre Once Gone) RAZ?O PARA MATAR (UM MIST?RIO DE AVERY BLACK – LIVRO 1) B L A K E P I E R C E Blake Pierce Blake Pierce ? autor do bestseller RILEY PAGE, s?rie de mist?rios, que inclui os suspenses SEM PISTAS. Blake Pierce tamb?m ? o autor das s?ries de mist?rios MACKENZIE WHITE e AVERY BLACK. Um leitor ?vido e f? de longa data dos g?neros de mist?rio e suspense, Blake ama ouvir opini?es. Ent?o, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.blakepierceauthor.com (http://www.blakepierceauthor.com) para saber mais e manter-se em contato. Copyright © 2016 by Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido na Lei de Direitos Autorais dos Estados Unidos (US. Copyright Act of 1976), nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de nenhuma forma e por motivo algum, ou colocada em um sistema de dados ou sistema de recupera??o sem permiss?o pr?via do autor. Este ebook est? licenciado apenas para seu aproveitamento pessoal. Este ebook n?o pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se voc? gostaria de compartilhar este ebook com outra pessoa, por favor compre uma c?pia adicional para cada benefici?rio. Se voc? est? lendo este ebook e n?o o comprou, ou ele n?o foi comprado apenas para uso pessoal, ent?o por favor devolva-o e compre seu pr?prio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo do autor. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e acontecimentos s?o obras da imagina??o do autor ou ser?o usadas apenas na fic??o. Qualquer semelhan?a com pessoas de verdade, em vida ou falecidas, ? totalmente coincid?ncia. Imagem de capa: Copyright miljko, usada sob licen?a de iStock.com. LIVROS DE BLAKE PIERCE S?RIE DE MIST?RIOS RILEY PAGE SEM PISTAS (Livro 1) S?RIE DE MIST?RIOS MACKENZIE WHITE ANTES QUE ELE MATE (Livro 1) S?RIE DE MIST?RIOS AVERY BLACK RAZ?O PARA MATAR (Livro 1) ?NDICE PR?LOGO (#uc6f406b8-bd66-51b2-9ac4-aec1de2280c0) CAP?TULO UM (#ua1f791d7-4a82-560e-afa1-66beecab8c19) CAP?TULO DOIS (#ud222f364-58ff-565d-8ae8-1beb0fe6b8cd) CAP?TULO TR?S (#ubcc83c2f-504d-5564-a662-503c7bb4ed90) CAP?TULO QUATRO (#u23677028-f630-586f-9598-ff142af8833b) CAP?TULO CINCO (#u41890ca1-d066-5eff-b8e8-a992038a054c) CAP?TULO SEIS (#ub1105bb9-df3b-5f07-87fa-1235b29a0bbe) CAP?TULO SETE (#u668dea70-7312-5da2-b166-2ecf51f1b93f) CAP?TULO OITO (#u78dd78d8-f352-51e6-8fa0-ba67b6c9f4ce) CAP?TULO NOVE (#u08a5520d-77b2-5f6e-bcf9-f31718696a44) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZENOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA (#litres_trial_promo) PR?LOGO Era quase imposs?vel para Cindy Jenkins deixar a festa de primavera de sua irmandade no Atrium. A cobertura enorme tinha sido decorada com luzes estrobosc?picas, dois bares completos e uma bola de cristal estelar, que piscava no sal?o de dan?a, repleto de pessoas festando. Ao longo da noite, ela tinha dan?ado sozinha, e tamb?m com todo mundo. Parceiros vieram e foram, e Cindy balan?ava seu cabelo ruivo e direcionava um sorriso perfeito e um olhar cor de c?u para qualquer dan?arino que aparecia. Esta era a sua noite, uma celebra??o n?o apenas para o orgulho das Kappa Kappa Gamma, mas para todos os anos em que ela se esfor?ou para ser a melhor. Seu futuro, ela sabia, estava garantido. Pelos ?ltimos dois anos, ela tinha estagiado em uma grande contabilidade na cidade. Recentemente, a empresa ofereceu a ela uma promo??o para contadora j?nior. O sal?rio inicial seria suficiente para comprar um elegante guarda-roupa novo, al?m de poder pagar um apartamento a apenas algumas quadras do trabalho. Suas notas? As mais altas da turma. Claro, ela poderia aliviar at? a formatura, mas Cindy n?o entendia a palavra “aliviar”. Ela dava de tudo, todos os dias, n?o importa o que ela estivesse fazendo. Trabalhar duro para se divertir muito, esse era seu lema. E naquela noite, ela queria se divertir. Outra ta?a de Dreamy Blue Slush, um drink altamente alco?lico, outro brinde com as Kappa Kappa Gamma, outra dan?a, e Cindy n?o tirava o sorriso do rosto. Nas luzes estrobosc?picas, ela se movia em c?mera lenta. Seu cabelo ia e voltava, enquanto ela olhava para um garoto que, ela sabia, queria beij?-la h? anos. Por que n?o? Pensou. S? um beijinho, nada s?rio. Nada que arriscasse seu atual relacionamento, apenas o suficiente para que todo mundo na festa soubesse que ela n?o era sempre “a garotinha tipo A que segue todas as regras”. As amigas olharam e brindaram, aprovando a ideia. Cindy ent?o foi em dire??o ao garoto. As consequ?ncias da dan?a, do ?lcool e do calor tinham finalmente chegado. Ela foi apagando aos poucos, ainda sorrindo, e segurou no pesco?o do garoto para que n?o ca?sse. - Voc? quer ir para minha casa? – ele sussurrou. - Eu tenho namorado. - Cad? ele? ? verdade, pensou Cindy. Onde est? Winston? Ele odiava aquelas festas da irmandade. Apenas um monte de garotas que se acham ficando b?badas e traindo seus namorados, ele sempre dizia. Bom, pensou, acho que eu finalmente concordo! Beijar um cara enquanto j? estava comprometida com outro foi provavelmente a coisa mais fora da lei que ela j? tinha feito. Voc? est? b?bada, lembrou a si mesma. Saia daqui. - Tenho que ir – murmurou. - Mais uma dan?a? - N?o – ela respondeu. - S?rio, tenho que ir. Contrariado, o garoto aceitou. Olhando apaixonadamente para a popular veterana de Harvard, ele voltou para o meio da multid?o e deu tchau com as m?os. Cindy colocou uma mecha de cabelo suado atr?s da orelha e saiu da pista de dan?a, com os olhos baixos e uma alegria radiante no rosto. Sua m?sica favorita come?ou a tocar e ela saiu na dire??o contr?ria ? multid?o. - N??o! – suas amigas lamentaram, quando viram que ela estava tentando ir embora. - Onde voc? est? indo? – uma delas perguntou. - Para casa – ela insistiu. Rachel, sua melhor amiga, passou a frente das outras e segurou as m?os de Cindy. Morena, baixinha, ela n?o era a mais bonita nem a mais inteligente do grupo, mas sua natureza sexual agressiva geralmente fazia dela o centro das aten??es. Ela vestia um simples e acanhado vestido prata, e a cada movimento, seu corpo parecia pronto para sair da roupa. - Voc? N?O-PODE-IR! – Ela ordenou. - Eu estou muito b?bada –respondeu Cindy. - N?s ainda nem fizemos nossa pegadinha de 1? de abril! Esse ? o auge da nossa festa! Por favor! Fique mais um pouquinho! Cindy pensou no seu namorado. Eles estavam juntos por dois anos. Naquela noite, eles teoricamente iriam se encontrar mais tarde, depois da festa, no apartamento dele. Ela lamentou internamente o beijo na pista de dan?a. Como eu vou explicar isso? - S?rio, eu tenho que ir. – Apelando para a natureza er?tica escandalosa de Rachel, ela olhou na dire??o do garoto que tinha beijado e ironicamente acrescentou: - Se eu ficar, sabe-se l? o que pode acontecer! - Uou! - Suas amigas brindaram. - Ela est? descontrolada! Cindy beijou Rachel na bochecha e sussurrou: - Tenha uma boa noite. Vejo voc? amanh? – e saiu em dire??o ? porta. J? do lado de fora, o ar puro da primavera fez com que Cindy respirasse fundo. Ela tirou o suor do rosto e ignorou a Church Street com seu curto vestido de ver?o amarelo. As ruas do centro da cidade eram, em sua maioria, compostas de pr?dios baixos de tijolos e poucas e imponentes casas entre as ?rvores. Ela virou ? esquerda na Brattle Street e caminhou em dire??o ao sudoeste. As l?mpadas na rua iluminavam a maioria das esquinas, mas uma parte da Brattle Street estava no escuro. Ao inv?s de ficar assustada, Cindy apertou o passo e abriu os bra?os, como se as sombras pudessem, de alguma forma, tirar o ?lcool e o cansa?o do seu corpo e lhe dar energias para o encontro com Winston. Um beco estreito apareceu ? sua esquerda. Seu instinto a disse para tomar cuidado. Afinal, j? era muito tarde e ela n?o estava no lugar mais seguro de Boston, mas estava muito b?bada para acreditar que qualquer coisa poderia acontecer para atrapalhar seu futuro. Fora do seu campo de vis?o, percebeu um movimento. J? era tarde demais quando ela se virou. Cindy sentiu uma dor forte no pesco?o, que fez com que ela segurasse a respira??o, e, quando olhou para tr?s, viu algo cintilante na luz. Uma agulha. O cora??o quase parou, e seus sussurros silenciaram em um simples instante. Ao mesmo tempo, ela sentiu algu?m pressionar suas costas, um ?nico bra?o esguio segurando os seus. O corpo era menor do que o dela, mas forte. Com um pux?o, ela foi trazida para o beco. - Shhh. Qualquer pensamento de que aquilo poderia ser uma pegadinha foi embora quando ela ouviu a voz forte e perversa. Ela tentou chutar e gritar. Por alguma raz?o, sua voz n?o sa?a, como se alguma coisa estivesse apertando os m?sculos de seu pesco?o. Suas pernas tamb?m come?aram a sentir como gelatina, e ela mal conseguia manter os p?s no ch?o. Fa?a algo! Ela implorava para si mesma, sabendo que, se n?o fizesse, morreria. O bra?o estava em volta de seu lado direito. Cindy conseguiu se soltar, e ao mesmo tempo fez for?a com o pesco?o para tr?s para dar uma cabe?ada no agressor. A parte de tr?s de seu cr?nio acertou o nariz do bandido e ela pode quase escutar o som do osso quebrando. O homem xingou de dor e a libertou. Corra! Cindy pensou. Mas seu corpo se recusou a entender. Suas pernas cederam, e ela caiu com for?a no cimento. Cindy caiu de costas, com as pernas abertas e os bra?os em ?ngulo contr?rio, sem poder se mexer. O agressor se ajoelhou a seu lado. Sua face estava escondida por uma peruca velha, um bigode falso e ?culos com lentes grossas. Os olhos por tr?s dos ?culos arrepiaram seu corpo de medo: frios e severos. Sem alma. - Eu te amo – ele disse. Cindy tentou gritar. S? conseguiu murmurar. O homem quase tocava seu rosto. Depois, como se soubesse o que havia nos arredores, rapidamente se levantou. Cindy sentiu seu corpo ser puxado pelas m?os e levado pelo beco. Seus olhos se encheram de medo. Algu?m me ajude, ela pedia mentalmente. Ajuda! Ela pensou em suas colegas de classe, seus amigos, as pessoas na festa. Ajuda! Ao fim do caminho, o pequeno homem a levantou e a abra?ou com for?a. A cabe?a dela caiu em seus ombros. Ele, apaixonadamente, acariciou seus cabelos. Ele segurou uma das m?os dela e a girou como se eles fossem amantes. - Est? tudo bem – ele disse em voz alta, como se quisesse que outras pessoas escutassem. –Vou abrir a porta. Cindy viu pessoas ao longe. Pensar era dif?cil. Nada se movia. Seu esfor?o para falar tamb?m falhou. O lado do carona de uma minivan azul estava aberto. Ele a colocou dentro do carro e cuidadosamente fechou a porta, para que a cabe?a dela descansasse na janela. Ele entrou pelo lado do motorista e colocou um saco macio, como almofada, sobre a cabe?a dela. - Durma, meu amor – ele disse, ligando o carro. –Durma. A van arrancou, enquanto a mente de Cindy desvaneceu na escurid?o, com seu ?ltimo pensamento sendo sobre seu futuro, seu brilhante e inacredit?vel futuro, que, de repente, de forma terr?vel, tinha sido destru?do. CAP?TULO UM Avery Black estava na parte de tr?s da sala de confer?ncias lotada, encostada em uma parede, pensando profundamente, dispersa dos procedimentos em volta dela. Mais de trinta agentes lotavam a pequena sala de confer?ncias do Departamento de Pol?cia de Boston na New Sudbury Street. Duas paredes eram amarelas, enquanto duas eram de vidro e tinham vista para o segundo piso do departamento. O Capit?o Mike O’Malley, cinquenta e poucos anos, um pequeno, mas poderoso cidad?o nascido e criado em Boston, com olhos e cabelos negros, seguia se movendo inquieto atr?s do p?dio. Para Avery, ele parecia sempre inquieto, desconfort?vel consigo mesmo. - Por ?ltimo, mas n?o menos importante – disse ele, com seu sotaque forte, - Eu gostaria de dar as boas-vindas a Avery Black ao Esquadr?o de Homic?dios. Alguns poucos aplausos foram ouvidos na sala, que mesmo assim continuou em um sil?ncio constrangedor. - Ora, ora – o capit?o se irritou, - n?o h? porque destratar a nova detetive. Black realizou mais pris?es do que qualquer um de voc?s no ?ltimo ano, e ela acabou com os West Side Killers praticamente sozinha. Deem a ela o respeito devido – disse ele, balan?ando a cabe?a para tr?s com um sorriso prudente. De cabe?a baixa, Avery sabia que seu cabelo loiro descolorido escondia suas caracter?sticas. Vestida mais como uma advogada do que como uma policial, com seu terninho preto e camiseta de bot?o, sua roupa era uma lembran?a de seus dias como advogada de defesa. Mais uma raz?o para que a maioria dos policiais do departamento se afastasse ou a desejasse mal pelas costas. - Avery! – O capit?o levantou os bra?os. - Estou tentando lhe dar um apoio aqui. Acorde! Ela olhou em volta, assustada, para o mar de caras feias olhando em sua dire??o. Come?ou, ent?o, a imaginar se ter aceitado entrar para o Esquadr?o de Homic?dios tinha sido mesmo uma boa ideia. - Certo. Vamos come?ar – acrescentou o capit?o ao restante da sala. –Avery, voc? no meu escrit?rio. Agora. – Ele se dirigiu a outro policial. – Eu quero ver voc? tamb?m. E voc?, Hennessey, venha c?. Charlie, por que voc? est? saindo t?o r?pido? Avery esperou que todos os policiais sa?ssem, depois come?ou a se dirigir ao escrit?rio do Capit?o. Um policial parou em sua frente. Algu?m que ela j? havia visto no departamento, mas nunca tinha sido formalmente apresentada. Ramirez era um pouco mais alto que ela, magro e de boa apar?ncia, com um bronzeado latino. Ele tinha cabelos curtos e negros, barba feita e vestia um bonito terno cinza. Sua postura e apar?ncia estavam tranquilas. Um gole de caf? e ele continuou olhando, sem expressar emo??es. - Posso ajud?-lo? – Ela perguntou. - Ao contr?rio – ele respondeu. – Sou eu sou quem vai te ajudar. Ele estendeu a m?o. Ela n?o correspondeu. - Estou apenas tentando conhecer a infame Avery Black. Muitos rumores. Eu queria descobrir quais deles s?o verdade. At? agora o que eu ouvi foi: distra?da, age como se estivesse acima de todos. Confirmado e confirmado. Duas de duas. Nada mal para uma segunda-feira. Insultos de policiais n?o eram nada novo para Avery. Aquilo havia come?ado tr?s anos antes, quando ela se tornou policial novata, e nunca tinha parado. Poucos no departamento eram considerados amigos, e quase ningu?m era confi?vel. Avery passou pelo policial. - Boa sorte com o comandante – disse Ramirez, ironicamente. – Ouvi dizer que ele pode ser um imbecil e tanto. Avery respondeu acenando com as m?os. Com o passar dos anos, ela aprendeu que era melhor reconhecer seus colegas hostis do que evit?-los completamente, apenas para que eles soubessem que ela estava l?, e n?o iria sair. O segundo andar do departamento de pol?cia A1 no centro de Boston era um complexo de atividades grande e movimentado. Cub?culos preenchiam o centro do enorme local de trabalho, e pequenas salas de vidro cercavam as janelas laterais. Os policiais olharam fixamente para Avery enquanto ela passou. - Assassina – algu?m sussurrou. - O Departamento de Homic?dios ? perfeito para voc? – disse outro. Avery passou por uma policial irlandesa que ela tinha salvo da mira de uma quadrilha. Ela olhou para Black rapidamente e disse baixinho: - Boa sorte, Avery. Voc? merece. - Obrigada – Avery sorriu. A primeira palavra amiga do dia lhe deu a confian?a que ela precisava para entrar na sala do capit?o. Para sua surpresa, Ramirez estava a apenas alguns passos da divis?ria de vidro. Ele levantou seu caf? e sorriu. - Entre – disse. - E feche a porta atr?s de voc?. Avery sentou-se. O’Malley era ainda mais formid?vel de perto. A tintura no cabelo era percept?vel, assim como as muitas rugas em volta de seus olhos e boca. Ele passou a m?o na testa e sentou-se. - Voc? gosta daqui? – perguntou. - Como assim? - Daqui, do A1. Cora??o de Boston. Voc? est? bem no centro. Cidade grande. Voc? vem de cidade pequena, certo? Oklahoma? - Ohio. - Certo, certo – ele concordou. – O que h? no A1 que voc? gosta tanto? H? muitos outros departamentos em Boston. Voc? poderia ter come?ado pelo Southside, B2, talvez D14 e ter experimentado os sub?rbios. Tem muitos bandidos por l?. Mas voc? s? se inscreveu aqui. - Eu gosto de cidades grandes. - Temos gente ruim de verdade por aqui. Voc? tem certeza que quer entrar nessa? Aqui ? o Esquadr?o de Homic?dios. ? um pouco diferente do que fazer rondas. - Eu vi o l?der dos West Side Killers torturar uma pessoa viva enquanto o resto da quadrilha cantava m?sicas e assistia. De que tipo de ‘gente ruim’ n?s estamos falando? O’Malley analisava cada movimento dela. - Pelo que eu soube – ele disse, - voc? foi totalmente enganada por aquele psicopata de Harvard. Ele fez voc? parece uma idiota. Destruiu sua vida. De advogada estrela para advogada em desgra?a, at? virar um nada. E depois a mudan?a para policial caloura. Isso deve doer. Avery se contorceu na cadeira. Por que ele tinha que reviver tudo isso? Por que agora? Hoje era um dia para celebrar sua promo??o ao Esquadr?o de Homic?dios, e ela n?o queria estragar isso – e certamente n?o queria reviver o passado. O que estava feito, estava feito. Agora ela s? podia olhar para frente. - Mas voc? deu a volta por cima – ele consentiu, - construiu uma nova vida aqui. Do lado certo, dessa vez. Tenho que respeitar isso. Mas, - ele disse, a olhando, - eu quero ter certeza que voc? est? pronta. Voc? est?? Ela retribuiu o olhar, imaginando onde ele queria chegar. - Se eu n?o estivesse pronta eu n?o estaria aqui – respondeu. Ele concordou com a cabe?a, parecendo satisfeito com a resposta. - N?s acabamos de receber uma liga??o. Uma garota morta. Um cen?rio produzido. N?o parece nada bom. Os caras no local n?o sabem o que fazer. O cora??o de Avery bateu mais r?pido. - Estou pronta – ela disse. - Est?? - O capit?o perguntou. - Voc? ? competente, mas se isso vier a se tornar um caso de grandes propor??es, n?o quero que voc? estrague tudo. - Isso n?o vai acontecer – respondeu. - Era isso o que eu queria ouvir – disse o capit?o, empurrando alguns papeis sobre sua mesa. – Dylan Connelly supervisa o Esquadr?o. Ele est? l? agora trabalhando com os peritos. Voc? tem um novo parceiro. Tente n?o deix?-lo morrer. - Aquilo n?o foi culpa minha – Avery respondeu, lembrando internamente da recente investiga??o de Affairs Internos, tudo porque seu ex-parceiro, um preconceituoso precipitado, tinha tentado se infiltrar em uma gangue sozinho para ficar com o cr?dito sobre o trabalho dela. O comandante apontou para fora. - Seu parceiro est? esperando. Eu nomeei voc? detetive l?der. N?o me decepcione. Ela se virou e viu Ramirez esperando. Ent?o resmungou: - Ramirez? Por que ele? - De verdade? – O capit?o respondeu. – Ele ? o ?nico aqui que queria trabalhar com voc?. Todos os outros parecem te odiar.” Ela sentiu o est?mago embrulhado. - V? com cuidado, jovem detetive – ele acrescentou e se levantou, sinalizando que a reuni?o havia terminado. – Voc? precisa de todos os amigos que puder ter. CAP?TULO DOIS - Como foi? – Perguntou Ramirez, assim que Avery saiu do escrit?rio. Ela baixou a cabe?a e seguiu caminhando. Avery odiava conversinhas, e ela n?o acreditava que nenhum de seus colegas poderia conversar sem ao menos um insulto. - Pra onde n?s vamos? - Ela respondeu. - Assuntos profissionais. – Ramirez sorriu. - Bom saber. Ok, Black. H? uma garota morta em um banco no Lederman Park, perto do rio. ? uma ?rea com muito movimento. Nem de longe o melhor lugar para se deixar um corpo. Alguns agentes cumprimentaram Ramirez. - Pega ela, tigr?o! - Quebra ela no meio, Ramirez. Avery sacudiu a cabe?a. Bacana. Ramirez levantou suas m?os. - N?o fui eu. - S?o todos voc?s – Avery retrucou. - Nunca pensei que uma esta??o policial fosse ser pior do que um escrit?rio de advocacia. Clube secreto dos bolinhas, certo? Garotas n?o s?o bem-vindas? - Menos, Black. Ela seguiu em dire??o aos elevadores. Alguns agentes celebraram por terem conseguido irrit?-la. Geralmente, Avery conseguia ignorar os insultos, mas algo neste novo caso tinha mexido com ela mais do que o normal. As palavras usadas pelo capit?o n?o eram t?picas de um simples homic?dio: N?o sabem o que fazer. Um cen?rio produzido. Al?m disso, o ar indiferente e arrogante de seu novo parceiro n?o era exatamente confortante: parece resolvido. Nada ? f?cil assim, nunca. A porta do elevador estava para fechar quando Ramirez colocou suas m?os para dentro. - Desculpe, ok? Ele parecia sincero. M?o estendida, um olhar de desculpas nos seus olhos negros. Um bot?o pressionado e eles desceram. Avery olhou para ele. - O capit?o disse que voc? era o ?nico que queria trabalhar comigo. Por qu?? - Voc? ? Avery Black – ele respondeu, como se a resposta fosse ?bvia. – Como eu poderia n?o estar curioso? Ningu?m te conhece de verdade, mas todo mundo parece ter uma opini?o: idiota ou g?nia, decadente ou em ascens?o, assassina ou salvadora. Eu quero separar os fatos da fic??o. - Por que voc? se importa? Ramirez deu um sorriso enigm?tico. Mas n?o disse nada. * * * Avery seguiu Ramirez enquanto ele caminhava calmamente pelo estacionamento. Ele n?o usava gravata e seus dois bot?es de cima estavam abertos. - Estou logo ali – ele apontou. Eles passaram por alguns agentes uniformizados que pareciam conhec?-lo. Um deles o cumprimentou e o lan?ou um olhar estranho que parecia perguntar: O que voc? est? fazendo com ela? Ele a levou at? um Cadilac carmim, velho e empoeirado, com bancos em caramelo rasgados. - Boa carona – brincou Avery. - Esse garot?o j? me salvou muitas vezes – respondeu Ramirez com orgulho, batendo de leve no cap?. – Tudo o que tenho que fazer ? me vestir como um cafet?o ou um espanhol faminto e ningu?m nem percebe minha presen?a. Eles sa?ram do estacionamento. O Lederman Park estava a apenas alguns quil?metros da esta??o de pol?cia. Eles seguiram sentido oeste pela Cambridge Street e pagaram a direita em Blossom. - Ent?o – disse Ramirez – Ouvi dizer que voc? j? foi advogada. - Mesmo? – Os olhos azuis o miraram de relance. – O que mais voc? ouviu? - Advogada de defesa criminal – ele completou. – A melhor das melhores. Voc? trabalhou na Goldfinch & Seymour. N?o ? pra qualquer um. O que te fez sair? - Voc? n?o sabe? - Eu sei que voc? defendeu muitos cr?pulas. Nunca perdeu, certo? Voc? inclusive colocou alguns policiais sujos atr?s das grades. Deve ter vivido a vida. Sal?rio enorme, sucesso intermin?vel. Que tipo de pessoa deixa tudo para tr?s para entrar na pol?cia? Avery lembrou a casa em que ela cresceu, uma pequena fazendo cercada de terras vazias por quil?metros. O isolamento nunca foi para ela. Nem os animais ou cheiro do lugar: fezes, pelos e penas. Desde o come?o ela queria sair de l?. E saiu. Para Boston. Primeiro para a universidade, depois para os estudos e carreira no direito. E agora isso. Deixou escapar um suspiro. - Vamos dizer que algumas coisas n?o saem como planejamos. - O que voc? quer dizer? Em sua mente, ela viu aquele sorriso de novo. Aquele sorriso antigo e sinistro, daquele homem enrugado com ?culos de lentes grossas. Ele parecera t?o sincero no come?o, t?o humilde, inteligente e honesto. Todos eles pareciam, pensou. At? quando os julgamentos terminavam, eles voltavam para suas rotinas e ela era for?ada a aceitar que n?o era nenhuma hero?na dos desamparados, defensora das pessoas, mas sim um pe?o, um simples pe?o em um jogo muito complexo e enraizado para ser modificado. - A vida ? dif?cil – divagou. “Voc? acha que sabe algo em um dia e, no outro, o jogo vira de cabe?a para baixo e tudo muda. Ramirez assentiu. - Howard Randall – disse ele, claramente percebendo do que ela estava falando. Aquele nome a deixou mais consciente de tudo. O ar puro no carro, sua posi??o no banco, a localiza??o deles na cidade. Ningu?m tinha dito aquele nome em voz alta por muito tempo, especialmente para ela. Avery se sentiu exposta e vulner?vel, contraindo o corpo e se ajeitando no banco em resposta. - Desculpe – disse Ramirez. – Eu n?o quis— - Tudo bem – ela respondeu. Mas n?o estava tudo bem. Tudo tinha desmoronado depois dele. Sua vida. Seu trabalho. Sua sanidade. Ser uma advogada de defesa tinha sido um desafio, para dizer o m?nimo, mas ele era quem deveria ter deixado tudo certo novamente. Um professor g?nio de Harvard, respeitado por todos, simples e gentil, tinha sido acusado de assassinato. A salva??o de Avery deveria vir atrav?s da defesa dele. Dessa vez, ela poderia fazer o que sonhou desde crian?a: defender o inocente e garantir que a justi?a prevalecesse. Mas nada daquilo acontecera. CAP?TULO TR?S O parque j? tinha sido fechado para o p?blico. Dois policiais ? paisana viram o carro de Ramirez e rapidamente acenaram para que eles n?o estacionassem no p?tio principal, e sim mais ? esquerda. Entre os agentes que obviamente eram de seu departamento, Avery viu alguns policiais do estado. - O que eles est?o fazendo aqui? - Perguntou. - A sede deles fica aqui na rua. Ramirez estacionou pr?ximo a uma fila de carros de pol?cia. Uma fita amarela havia isolado uma boa parte do terreno. Vans de imprensa, rep?rteres, c?meras e populares se aglomeravam atr?s da fita para tentar ver o que estava acontecendo. - Ningu?m passa daqui - disse um policial. - Esquadr?o de Homic?dios – disse Black. Foi a primeira vez em que ela se deu conta de seu novo cargo, e se sentiu orgulhosa por isso. - Onde est? Connelly? – Perguntou Ramirez. Um oficial apontou em dire??o ?s ?rvores. Eles caminharam pela grama, um peda?o de um campo de beisebol, ? esquerda. Encontraram mais fita amarela antes de chegar ?s ?rvores. Debaixo da folhagem espessa havia um caminho que ladeava o rio Charles. Um policial, um perito e uma fot?grafa estavam em p?, ao redor de um banco. Avery evitou contato com aqueles que j? estavam no local. Com o passar dos anos, ela havia aprendido que intera??es sociais atrapalhavam seu foco, e muitas perguntas e formalidades com outras pessoas atrapalhavam seu ponto de vista. Infelizmente, essa era outra de suas caracter?sticas que tinha despertado o desprezo de todos no departamento. A v?tima era uma jovem colocada no banco em posi??o diagonal. Obviamente ela estava morta, mas n?o fosse a cor da pele, a posi??o e a express?o facial poderiam ter feito a maioria das pessoas que passaram por ali ter que olhar duas vezes para perceberem que algo estava errado. Como uma apaixonada esperando seu amado, as m?os da garota estavam na parte de tr?s do banco. Seu queixo descansava em suas m?os. Um sorriso malicioso nos l?bios. Seu corpo estava virado, como se ela estivesse sentada e se movido para olhar para algu?m ou para respirar fundo. Ela vestia um vestido de ver?o amarelo e sand?lias brancas, com um lindo cabelo ruivo caindo sobre seu ombro esquerdo. Suas pernas estavam cruzadas e os dedos dos p?s descansavam sutilmente no ch?o. Apenas o olhar de v?tima entregava seu tormento. Eles emanavam dor e descren?a. Avery ouviu uma voz em sua mente, a voz do velho homem que assombrava suas noites e seus dias tamb?m. Sobre suas pr?prias v?timas, certa vez ele a havia perguntado: O que elas s?o? Coisas sem nome, sem face, poucas em meio a bilh?es, esperando para encontrar suas raz?es. Seu corpo se encheu de raiva. Raiva por ter sido exposta e humilhada e, acima de tudo, por ter tido toda sua vida destru?da. Ela se aproximou do corpo. Como advogada, ela havia sido obrigada a examinar incont?veis per?cias e fotos de legistas e qualquer coisa relacionada a seus casos. Como policial, seu conhecimento havia aumentado muito, j? que rotineiramente analisava v?timas de assassinato pessoalmente, podendo fazer avalia??es muito mais precisas. O vestido, notou, tinha sido lavado, assim como o cabelo da v?tima. As unhas dos p?s e das m?os estavam bem feitas, e quando chegou bem perto da pele, sentiu cheiro de coco e mel, com apenas um leve toque de formol. - Voc? vai beij?-la ou o que? – Algu?m disse. Avery estava inclinada sobre o corpo da v?tima, com as m?os em suas costas. No banco, um letreiro amarelo com o n?mero 4. Al?m disso, na cintura da garota, havia cabelos crespos e alaranjados, quase impercept?veis pelo vestido amarelo. O Supervisor de Homic?dios Dylan Connelly estava em p?, com as m?os no quadril, esperando por uma resposta. Ele era ?spero e dur?o, com cabelos loiros ondulados e olhos azuis penetrantes. Seu peito e seus bra?os quase sa?am de sua camiseta azul. Suas cal?as eram de linho, marrom, e os sapatos pretos e grossos. Avery j? tinha o visto v?rias vezes no escrit?rio. Ele n?o era exatamente o tipo dela, mas tinha uma ferocidade animal que ela admirava. - Esta ? a cena de um crime, Black. Da pr?xima vez, veja por onde voc? est? andando. Voc? tem sorte que n?s j? buscamos as pegadas e impress?es digitais. Ela olhou para baixo, confusa. Havia tomado cuidado por onde pisara. Black olhou para os Connelly, viu seu olhar determinado e percebeu que ele estava apenas encontrando uma desculpa para reprov?-la. - Eu n?o sabia que isso era a cena de um crime – ela disse. – Obrigada por me lembrar. Ramirez riu em sil?ncio. Connelly mordeu a l?ngua e deu um passo a frente. - Voc? sabe por que as pessoas n?o te suportam, Black? N?o ? apenas porque voc? veio do outro lado. ? porque quando voc? estava do outro lado, voc? n?o respeitava os policiais, e agora que voc? est? aqui dentro, voc? respeita menos ainda. Vou ser bem claro: eu n?o gosto de voc?, eu n?o confio em voc?, e com toda certeza eu n?o queria voc? na minha equipe. Ele virou-se para Ramirez. - Diga a ela o que n?s sabemos. Estou indo pra casa tomar um banho. Estou cansado – disse. Retirou as luvas e as jogou no ch?o. Para Avery, acrescentou. – Espero um relat?rio completo at? o fim do dia. Cinco em ponto. Sala de confer?ncias. Voc? me escutou? N?o se atrase. E limpe essa bagun?a antes de sair tamb?m. Os agentes do estado foram gentis o suficiente para nos deixar trabalhar aqui. Seja gentil o suficiente para ao menos ser cort?s com eles. Connelly saiu, com raiva. - Voc? sabe lidar com as pessoas – comentou Ramirez. Avery deu de ombros. A legista naquele caso era uma americana de origem africana, jovem e em forma, chamada Randy Johnson. Ela tinha olhos grandes e seu cabelo curto e com dreadlocks estava coberto apenas parcialmente pelo bon? branco. Avery j? havia trabalhado com ela antes. Elas tiveram um contato r?pido durante um caso de viol?ncia dom?stica. A ?ltima vez em que tinham visto uma a outra tinha sido ap?s alguns drinks. Animada por estar em mais um caso com Avery, Randy estendeu a m?o, se deu conta de que estava de luva e, envergonhada, aos risos, disse: - Oops! Eu posso estar contaminada. - Bom te ver, Randy. - Parab?ns por entrar no Esquadr?o de Homic?dios – Randy disse. – Subindo na vida. - Uma coisa por vez. O que n?s temos? - Eu diria que algu?m estava apaixonado – respondeu Randy. – Limparam ela muito bem. Abriram pelas costas, drenaram o corpo, colocaram formol para n?o apodrecer e costuraram novamente. Roupas novas. Manicure. Cuidado total. Sem impress?es digitais por enquanto. N?o posso dizer muita coisa at? chegar ao laborat?rio. S? consegui encontrar dois ferimentos. Consegue ver a boca? Voc? pode fazer isso por dentro, ou usar um gel para fazer um cad?ver sorrir assim. Por esse ferimento de perfura??o aqui – ela apontou para o canto do l?bio – eu diria inje??o. Tem outro aqui. – Apontou para o pesco?o. – Pela colora??o, esse foi feito primeiro, talvez na hora da abdu??o. Esse corpo est? morto por aproximadamente 48 horas. Encontrei alguns cabelos intrigantes. - H? quanto tempo ela est? aqui? - Ciclistas a encontraram ?s seis. – Ramirez respondeu. – O parque ? vigiado todas as noites por volta da meia-noite e tr?s da manh?. Ningu?m viu nada. Avery n?o conseguiu parar de olhar os olhos da garota morta. Eles pareciam olhar para algo distante, mas ainda assim perto da costa, daquele lado do rio. Ela cuidadosamente foi at? atr?s do banco e tentou seguir a linha do olhar. Ap?s o rio, havia muitos pr?dios de tijolo. Um deles era pequeno, com uma c?pula branca no topo. - Que pr?dio ? aquele? – Perguntou. – O grande com a c?pula? Ramirez analisou. - Talvez o Cinema Omni? - Podemos descobrir o que est? em cartaz? - Por que? - N?o sei. S? um pressentimento. Avery se levantou. - N?s sabemos quem ? ela? - Sim – Ramirez respondeu e checou suas anota??es. – Acreditamos que o nome dela ? Cindy Jenkins. Veterana de Harvard. Da irmandade. Kappa Kappa Gamma. Desapareceu duas noites atr?s. A guarda do campus e os policiais de Cambridge divulgaram a foto dela ontem ? noite. O pessoal do Connelly analisou as fotos e descobriu. Ainda precisamos da confirma??o. Vou ligar para a fam?lia. - Como est? a nossa busca por imagens? - Jones e Thompson est?o trabalhando nisso agora. Voc? os conhece, certo? Detetives excelentes. Eles est?o conosco hoje. Depois disso, estamos por conta pr?pria a n?o ser que provemos que precisamos de recursos extras. N?o h? c?meras na entrada do parque, mas h? algumas na estrada e pela rua. Teremos algo hoje ? tarde. - Alguma testemunha? - At? agora n?o. Os ciclistas s?o inocentes. Posso vasculhar. Avery analisou a ?rea isolada. A fita amarela cobria uma grande parte do parque. Nada extraordin?rio podia ser visto perto do rio, do caminho dos ciclistas ou da grama. Ela tentou criar uma imagem mental do que tinha acontecido. Ele devia ter dirigido pela estrada principal, estacionado perto da ?gua para ter acesso f?cil ao banco. Como ele colocou o corpo no banco sem nenhuma suspeita? Pessoas poderiam ter visto. Ele tinha que estar preparado para aquilo. Talvez ele fez parecer como se ela estivesse viva? Avery olhou novamente para o corpo. Definitivamente essa era uma possibilidade. A garota era linda, mesmo morta. Obviamente ele havia passado muito tempo planejando para ter certeza de que ela parecesse perfeita. N?o tinha sido uma gangue de assassinos, ela se deu conta. Nem um apaixonado desprezado. Era diferente. Avery tinha visto isso antes. De repente, ela pensou que O’Malley poderia estar certo. Talvez ela n?o estivesse pronta. - Posso pegar seu carro emprestado? – Ela pediu. Ramirez levantou a sobrancelha. - E a cena do crime? - Voc? ? um bom garoto. Descubra. - Onde voc? vai? - Harvard. CAP?TULO QUATRO Ele estava sentado em um escrit?rio em um cub?culo. Superior, vitorioso, mais poderoso do que qualquer pessoa no planeta. A tela do computador estava aberta a sua frente. Com um suspiro profundo, fechou os olhos e relembrou. Recordou do profundo por?o de sua casa, que mais parecia um viveiro. Muitas variedades de flores alinhadas na sala principal: vermelhas, amarelas e brancas. Muitas outras plantas psicod?licas, cada uma conseguida atrav?s de incont?veis anos, estavam em grandes calhas. Algumas eram estranhas e intrigantes, outras tinham uma apar?ncia mais comum, que teriam sido ignoradas em qualquer cen?rio selvagem, apesar de suas potentes habilidades. Um sistema de irriga??o autom?tico, um medidor de temperatura e luzes de LED mantinham as plantas crescendo. Um grande corredor feito de vigas de madeira levava ?s outras salas. Nas paredes, fotos. A maioria de animais em v?rios est?gios de morte, e depois “renascidos”, preenchidos e devidamente posicionados. Um gato malhado, apoiado nas patas traseiras, brincando com um novelo. Um cachorro com pintas, rolando e esperando por um carinho na barriga. Depois lembrou das portas. Ele imaginou a porta da esquerda aberta. L?, ele a viu novamente, seu corpo nu deitado na mesa prateada. Luzes fluorescentes fortes iluminavam o lugar. Em um case de vidro, v?rias jarras limpas com l?quidos coloridos. Ele sentiu a pele dela quando esfregou seus dedos por sua coxa. Mentalmente, reencenou cada um dos delicados procedimentos: a drenagem, preserva??o, limpeza e preenchimento do corpo. Durante o “renascimento”, tirou fotos que mais tarde estariam estampadas nas paredes guardadas para seus trof?us humanos. Algumas das fotos j? tinham sido colocadas. Uma energia tremenda e surreal emergia de si. Durante anos, ele havia evitado humanos. Eles s?o sinistros, mais violentos e incontrol?veis do que animais. Ele amava animais. Humanos, por outro lado, ele havia descoberto serem sacrif?cios mais potentes para o Esp?rito Maior. Ap?s a morte da garota, tinha visto o c?u aberto, e a imagem sombria do Grande Criador o havia olhado e dito: Mais. Sua rever?ncia foi interrompida por uma voz estridente. - Voc? est? sonhando acordado de novo? Um outro funcion?rio estava em p?, atr?s dele, resmungando com cara feia. Tinha cara e corpo de um ex-jogador de futebol. O terno azul n?o ajudava muito a diminuir sua ferocidade. Devagar, ele abaixou sua cabe?a. Seus ombros foram se curvando, e ele se transformou em um mero trabalhador, desprez?vel. - Desculpe, Senhor Peet. - Estou cansado das suas desculpas. Me d? aquelas figuras. Por dentro, o assassino sorria como um gigante gargalhando. No trabalho, o jogo era quase t?o animado quanto sua vida privada. Ningu?m sabia qu?o especial ele era, qu?o dedicado e essencial para o delicado balan?o do universo. Nenhum deles iria receber um lugar honor?vel no reino do Mundo Superior. O dia a dia deles, mundano, tarefas terrenas: vestir-se, ir a reuni?es, mandar dinheiro de um lado a outro. Tudo sem sentido. S? fazia sentido para ele porque o conectava ao outro mundo e o permitia fazer o trabalho do Senhor. O comandante resmungou e saiu. Com os olhos ainda fechados, o assassino imaginou seu Senhor Supremo: a criatura sombria e tenebrosa que sussurrava em seus sonhos e diretamente em seus pensamentos. Um som em rever?ncia saiu de seus l?bios, e ele cantou, sussurrando: “Oh senhor, oh senhor, nosso trabalho ? puro. Pe?a-me e eu lhe darei mais.” Mais. CAP?TULO CINCO Avery j? tinha um nome: Cindy Jenkins. Ela conhecia a irmandade: Kappa Kappa Gamma. E tinha total conhecimento sobre a Universidade de Harvard. A Liga das Heras havia a rejeitado como caloura, mas ainda assim ela tinha encontrado uma maneira de viver a vida de Harvard durante seu tempo na faculdade, namorando dois caras de l?. Diferente de outras universidades, as irmandades e fraternidades de Harvard n?o eram oficialmente reconhecidas. N?o existiam casas gregas dentro ou fora do campus. As festas, no entanto, aconteciam regularmente em casas ou apartamentos fora do campus, sob o nome de “organiza??es” ou “clubes” especiais. Avery tinha testemunhado in loco o paradoxo da vida universit?ria durante seu tempo na faculdade. Todos pretendiam estar somente focados nas notas at? o anoitecer, quando se transformavam em animais selvagens, sedentos por festas. Enquanto esperava em um sem?foro, Avery fez uma busca r?pida na internet e descobriu que a Kappa Kappa Gamma tinha duas ?reas alugadas na mesma quadra de Cambridge: a Church Street. Um dos locais era para eventos, enquanto o outro para reuni?es e encontros sociais. Ela passou pela ponte Longfellow, antiga MIT, e pegou ? direita na Massachusetts Avenue. Logo, ela viu Harvard ? sua direita, com seus incr?veis pr?dios de tijolos vermelhos entre ?rvores e ruas asfaltadas. Havia uma vaga para estacionar na Church Street. Avery estacionou, fechou a porta do carro, e olhou para o sol. Era um dia quente, com temperaturas acima dos 25 graus. Ela olhou as horas: dez e meia. O pr?dio da Kappa era uma estrutura longa, de dois andares, com fachada de tijolos. No primeiro piso, havia algumas lojas de roupa. O segundo, Avery imaginou, estava reservado para escrit?rios e para os neg?cios da irmandade. O ?nico s?mbolo no interfone para o segundo andar era a flor-de-lis azul, s?mbolo de Harvard. Ela pressionou o bot?o. Uma voz feminina arranhada saiu do interfone. - Ol?? - Pol?cia – respondeu. – Abra. Um momento de sil?ncio. - S?rio – a voz respondeu. – Quem ?? - ? a pol?cia. – Disse com a voz s?ria. – Est? tudo bem. Ningu?m est? em apuros. S? preciso falar com algu?m da Kappa Kappa Gamma. A porta se abriu. Ao fim dos degraus, Avery foi recebida por uma garota cansada, com cara de sono, em um su?ter cinza e cal?a de moletom branca. Com cabelos negros, ela parecia ter vindo de uma festa. Os cabelos cobriam boa parte de seu rosto. Havia c?rculos pretos abaixo de seus olhos, e o corpo do qual ela normalmente se orgulharia em mostrar parecia fora de forma. - O que voc? quer? – ela perguntou. - Fique calma - respondeu Avery. – Isso n?o tem nada a ver com a irmandade. S? estou aqui para fazer algumas perguntas. - Posso ver sua identifica??o? Avery mostrou seu distintivo. Ela analisou Avery, viu o distintivo, e recuou. O espa?o da Kappa Kappa Gamma era grande e iluminado. O teto era alto. Alguns confort?veis sof?s marrons e pufes azuis preenchiam o lugar. As paredes eram azul-escuras. Havia um bar, um sistema de som e uma TV de tela plana enorme. As janelas chegavam quase ao teto. Na rua, Avery podia enxergar o topo de outro pequeno complexo de apartamentos, depois o c?u. Algumas nuvens apareceram. Ela imaginou que seu tempo na faculdade tinha sido muito diferente da maioria das garotas da Kappa Kappa Gamma. Para come?ar, ela tinha pago por seu pr?prio estudo. Todo dia depois das aulas ela ia at? um escrit?rio de advocacia e trabalhava muito, primeiro como secret?ria, at? chegar a honor?vel posi??o de assistente jur?dica. Ela raramente bebia. Seu pai tinha sido alco?latra. Na maioria das festas da faculdade, ela era a motorista da rodada ou ficava no dormit?rio estudando. Uma esperan?a repentina apareceu no rosto da garota. - ? sobre Cindy? – ela perguntou. - Cindy era sua amiga? - Sim, minha melhor amiga. – disse. – Por favor, me diga que est? tudo bem com ela! - Qual seu nome? - Rachel Strauss. - Foi voc? que ligou para a pol?cia? - Sim. Cindy saiu da nossa festa muito b?bada s?bado ? noite. Ningu?m viu ela desde ent?o. Ela n?o ? desse tipo. – Ela virou os olhos para cima e deu um pequeno sorriso, quando completou. – Geralmente ela era bem previs?vel. Ela era a Senhorita Perfeita, sabe? Sempre ia para a cama na mesma hora, mesma rotina, nunca mudava, j? fazia uns cinco anos. S?bado ela estava louca. Bebendo. Dan?ando. Saiu de si por alguns momentos. Foi legal de ver. Rachel olhou para o nada por um momento. - Ela estava apenas feliz, sabe? - Alguma raz?o especial? – Avery perguntou. - Eu n?o sei. A melhor da turma, um emprego garantido para o outono. - Que emprego? - Devante? Eles s?o, tipo, o melhor escrit?rio de Boston. Ela seria contadora j?nior. Chato, eu sei, mas ela era uma g?nia quando o assunto era n?meros. - Voc? pode me falar sobre s?bado? Os olhos de Rachel se encheram de l?grimas. - Voc? est? aqui por causa dela, n?? - Sim - disse Avery. – Podemos sentar? Rachel sentou no sof? e come?ou a chorar. Com dificuldades, tentou falar. - Ela est? bem? Onde ela est?? Essa era a parte do trabalho que Avery mais odiava. Falar com parentes e amigos. Havia pouca coisa que ela poderia dizer. Quanto mais as pessoas ficavam sabendo sobre um caso, mais elas falavam, e a conversa deveria ajudar a encontrar os criminosos. Mas ningu?m entendia isso, ou se importava com isso naquele momento. Tudo o que essas pessoas queriam eram respostas. Avery sentou-se ao dela. - N?s agradecemos muito voc? ter ligado – disse. – Voc? fez a coisa certa. Mas infelizmente n?o posso falar sobre uma investiga??o em andamento. O que posso dizer ? que eu estou fazendo tudo o que eu posso para descobrir o que aconteceu com Cindy naquela noite. Eu n?o posso fazer isso sozinha, eu preciso da sua ajuda. Rachel assentiu e enxugou as l?grimas. - Eu posso ajudar - ela disse. – Eu ajudo. - Eu gostaria de saber tudo o que voc? lembra daquela noite e de Cindy. Com quem ela estava falando? Tem alguma coisa na sua mente? Coment?rios que ela fez? Pessoas interessadas nela? Algo sobre quando ela saiu da festa? Rachel desmoronou completamente. Momentos depois, ela levantou as m?os, assentiu e se recomp?s. - Sim - ela disse. – Com certeza. - Onde est? o resto das pessoas daqui? – Avery perguntou para distrair. – Achei que as casas da irmandade estariam cheias com garotas Kappa de ressaca. - Elas est?o em aula. – Rachel disse, enxugando os olhos novamente. – Algumas foram tomar caf? da manh?. A prop?sito - acrescentou – tecnicamente n?s n?o somos uma irmandade. Esse ? s? um lugar que alugamos para ficar quando n?o queremos voltar para nossos dormit?rios. Cindy nunca ficou aqui. Muita modernidade para ela. Ela era mais caseira. - Onde ela morava? - Em uma casa de estudantes perto daqui. – disse Rachel – Mas ela n?o estava indo para casa s?bado ? noite. Ela ia encontrar com o namorado. Avery apurou os sentidos. - Namorado? Rachel assentiu. - Winston Graves, veterano de longa data, remador, um imbecil. Ningu?m nunca entendeu porque ela namorava ele. Bom, acho que eu sei na verdade. Ele ? lindo e tem muito dinheiro. Cindy nunca teve dinheiro. Eu acho que quando voc? nunca teve dinheiro, isso ? algo atraente. Sim, Avery pensou, eu sei. Ela lembrou de como o dinheiro, o prest?gio e o poder de seu antigo escrit?rio de advocacia tinham feito com que ela acreditasse que era diferente da jovem assustada e determinada que havia sa?do de Ohio. - Onde Winston mora? – Perguntou. - Em Winthrop Square. ? bem perto daqui. Mas Cindy n?o chegou at? l?. Winston veio no domingo de manh? procurando por ela. Ele pensou que ela tinha apenas esquecido do que eles combinaram e tinha dormido. Ent?o n?s fomos at? a casa dela juntos e ela tamb?m n?o estava l?. Foi quando eu liguei para a pol?cia. - Ela pode ter ido para outro lugar? - Nunca – disse Raquel. – N?o ? o tipo dela. - Ent?o quando ela saiu daqui voc? tinha certeza que ela estava indo para a casa do Winston. - Com certeza. - Alguma coisa pode ter mudado os planos dela? Algo que aconteceu naquela noite, mais cedo? Rachel balan?ou a cabe?a. - N?o. Bem… - ela lembrou – houve algo. Tenho certeza que n?o ? nada de mais, mas havia um garoto que gostava da Cindy h? anos. O nome dele ? George Fine. Ele ? lindo, solit?rio, mas um pouco estranho, se voc? me entende. Malha e corre muito pelo campus. Eu tive aulas com ele uma vez ano passado. Uma de nossas brincadeiras ? que todo semestre ele estava em pelo menos uma aula com Cindy, desde o ano de calouro. Ela era obcecado por ela. Ele estava aqui s?bado, e o mais louco ? que Cindy dan?ou com ele, e eles at? se beijaram. Totalmente estranho em se tratando de Cindy. Quero dizer, por ela estar namorando Winston. N?o que eles tinham um namoro perfeito. Mas ela estava muito b?bada, e com raiva. Eles dan?aram, se beijaram, e depois ela foi embora. - George a seguiu? - Eu n?o sei – ela disse. Sinceramente, eu n?o lembro de te visto ele seguindo Cindy, mas pode ser porque eu estava totalmente b?bada. - Voc? lembra a que horas ela foi embora? - Sim - ela disse – exatamente quinze para as tr?s. S?bado era nossa festa anual de Primeiro de Abril, e n?s ir?amos fazer uma pegadinha, mas todo mundo estava se divertindo tanto que n?s esquecemos disso at? a hora que Cindy saiu. Rachel baixou sua cabe?a. Um vazio tomou conta do lugar por um instante. - Bom, veja - disse Avery – isso pode ser de grande ajuda. Obrigado. Aqui est? meu cart?o. Se voc? lembrar de mais alguma coisa, ou se as garotas da irmandade tiverem algo para contar, eu gostaria muito de saber. Essa ? uma investiga??o aberta, ent?o at? o menor detalhe pode nos ajudar. Rachel a olhou com l?grimas nos olhos. As l?grimas come?aram a cair por seu rosto, mas sua voz se manteve calma e est?vel. - Ela est? morta, n?o est?? - Rachel, eu n?o posso… Rachel assentiu, e depois cobriu o rosto com as m?os, completamente destru?da. Avery chegou perto e a abra?ou forte. CAP?TULO SEIS Do lado de fora, Avery olhou para o sol e respirou fundo. A Church Street era muito movimentada, e muitos lugares tinham c?meras. Mesmo no meio da noite, ela n?o acreditava que era ali que Cindy havia sido raptada. Onde voc? foi? Imaginou. Uma busca r?pida no celular mostrou o caminho mais r?pido para a Winthrop Square. Ela seguiu na Church e virou ? esquerda na Brattle. A Brattle Street era mais larga que a Church, com a mesma quantidade de lojas. Na rua, ela viu o Teatro Brattle. Um pequeno beco se situava em um dos lados do pr?dio, colado em um caf?. ?rvores deixavam a ?rea em sombras. Curiosa, Avery caminhou at? a faixa estreita entre os pr?dios. Ela voltou ? Brattle e olhou cada uma das fachadas no raio de uma quadra nos dois lados da Church Street. Havia pelo menos duas lojas com c?meras no lado de fora. Ela entrou em uma pequena tabacaria. O sino na porta tocou. - Posso ajudar? – Disse um hippie, branco e idoso, com dreadlocks no cabelo. - Sim - disse Avery – Eu vi que voc? tem uma c?mera ali fora. At? onde voc? acha que ela chega? - Na quadra inteira - ele disse – nas duas dire??es. Tive que instalar h? dois anos. Malditos universit?rios. Todo mundo acha que esses jovens de Harvard s?o especiais, mas s?o apenas um bando de imbecis como quaisquer outros. Durante anos eles quebraram minhas janelas. Essas pegadinhas de faculdade, sabe? N?o comigo. Voc? sabe quanto custa uma janela dessa? - Eu sinto por isso. Olha, eu n?o posso garantir - ela disse mostrando seu distintivo – mas algumas dessas crian?as idiotas podem ter causado um dist?rbio aqui na rua, mais pra frente. N?o h? c?meras l?. Eu poderia dar uma olhada? Eu sei o hor?rio exato. N?o vai demorar. Ele franziu a testa e murmurou para si mesmo. - N?o sei. Eu tenho que cuidar da loja. Eu estou sozinho aqui. - Eu vou fazer seu tempo valer a pena. – Ela sorriu. – O que acha de 50 mangos? Sem falar nada, ele baixou a cabe?a, saiu do balc?o e mudou o sinal da porta de “aberto” para “fechado”. - Cinquenta mangos? – ele disse. – Entre! A parte de tr?s da loja era escura e bagun?ada. Entre caixas e alguns objetos, o homem abriu espa?o at? uma televis?o. Acima da televis?o, em uma estante mais alta, havia uma s?rie de equipamentos eletr?nicos conectados ? TV. - Eu n?o ando usando muito - ele disse – apenas quando h? algum problema. As fitas s?o apagadas toda semana, ?s segundas ? noite. Quando foi seu incidente? - S?bado ? noite – respondeu Black. - Certo. Ent?o voc? est? com sorte. Ele ligou a TV. A imagem em preto e branco era de fora da loja. Avery podia ver perfeitamente a entrada, assim como o outro lado da rua e boa parte da Brattle. A ?rea que ela queria investigar, especificamente, estava a mais ou menos 50 metros. A imagem estava granulada, e era quase imposs?vel ver alguma coisa na frente do beco. Um pequeno mouse foi usado para ver as imagens antigas. - Que horas voc? disse? – Ele perguntou. - Quinze para as tr?s - ela respondeu – mas eu preciso ver outros hor?rios tamb?m. Voc? se importa se eu sentar aqui e olhar eu mesma? Voc? pode voltar para a loja. Um olhar suspeito a fitou. - Voc? vai roubar alguma coisa? - Eu sou policial - ela disse. – Seria contra meus princ?pios. - Ent?o voc? n?o ? como todos os policiais que eu conhe?o – ele riu. Avery puxou uma pequena cadeira. Ela tirou a poeira e sentou-se. Analisou o equipamento rapidamente e logo aprendeu a colocar as imagens para frente e para tr?s. ?s quinze para as tr?s, algumas poucas pessoas caminhavam nos dois sentidos da Brattle Street. ?s dez para as tr?s, a rua parecia vazia. ?s oito para as tr?s, algu?m – uma garota pelo vestido e cabelo – apareceu no v?deo, na dire??o da Church. Ela caminhou pela Brattle e virou ? esquerda. Assim que passou do caf?, uma imagem escura vinda das ?rvores apareceu junto ? dela, e os dois desapareceram. Por um momento, Avery s? conseguia ver o movimento indecifr?vel de v?rias sombras negras. Na continua??o da cena, as ?rvores tomaram sua forma original. A garota nunca reapareceu. - Merda! – Sussurrou. Ela tirou um moderno walkie-talkie da parte de tr?s de seu cinto. - Ramirez - disse – cad? voc?? - Quem ?? – respondeu uma voz crepitante. - Voc? sabe quem ?. Sua nova parceira. - Ainda estou na Lederman. Quase terminando aqui. Eles acabaram de levar o corpo. - Eu preciso de voc? aqui, agora. – Ela disse e o deu a localiza??o. – Eu acho que sei onde Cindy Jenkins foi raptada. * * * Uma hora depois, Avery j? tinha bloqueado os dois lados do beco com fita amarela. Na Brattle Street, um carro da pol?cia e uma van da per?cia estavam estacionadas na cal?ada. Um oficial foi posicionado para afastar os curiosos. O beco terminava em uma rua larga e escura, mais ou menos na metade da quadra. Em um lado da rua havia um pr?dio de uma imobili?ria com fachada de vidro e uma doca de carregamento. No outro lado da rua havia um complexo de casas. Havia tamb?m um estacionamento com espa?o para quatro carros. Outro carro de pol?cia, parado rente a mais uma faixa de fita amarela, estava ao fim do beco. Avery estava parada em frente ? doca. - Ali - disse, apontando para uma c?mera no alto. – N?s precisamos daquelas imagens. Provavelmente essa c?mera ? da imobili?ria. Vamos at? l? ver o que podemos encontrar. Ramirez balan?ou a cabe?a. - Voc? est? louca - disse – n?o deu pra ver nada naquela fita. - Cindy Jenkins n?o tinha porque entrar nesse beco – disse Avery. – O namorado dela mora na dire??o contr?ria. - Talvez ela queria dar uma caminhada. – Ramirez argumentou. – S? estou dizendo que estamos colocando muitos homens trabalhando aqui, e tudo que temos ? um pressentimento. - N?o ? s? um pressentimento. Voc? viu a fita. - Eu vi um monte de borr?es pretos que n?o consegui identificar! – Ele argumentou. – Por que o assassino atacaria aqui? Tem c?meras em todos os lados. S? se ele fosse um idiota! - Vamos descobrir – respondeu Black. A imobili?ria Top Real State era dona do pr?dio de vidro e da doca. Ap?s uma pequena discuss?o com a seguran?a no hall de entrada, Avery e Ramirez foram instru?dos a esperar no sof? de couro at? que algu?m com mais autoridade chegasse. Dez minutos depois, o chefe da seguran?a e o presidente da empresa apareceram. Avery abriu seu melhor sorriso e apertou suas m?os. - Obrigada por virem – disse. – N?s gostar?amos de ter acesso ? c?mera que est? bem acima da sua doca. N?s n?o podemos garantir – ela franziu a testa – mas acreditamos que uma garota, que agora est? morta, foi raptada s?bado ? noite, provavelmente em frente ? sua porta de tr?s. A n?o ser que encontremos algo, n?s n?o vamos levar mais do que 20 minutos. - E se voc?s encontrarem? – perguntou o presidente. - Nesse caso voc? ter? feito a coisa certa em ajudar a pol?cia em algo t?o importante e urgente. Um mandado pode nos tomar um dia inteiro. O corpo da garota est? morto h? dois dias. Ela n?o pode mais falar. Ela n?o pode nos ajudar. Mas voc? pode. Por favor, nos ajude. A cada segundo perdido n?s ficamos mais longe da verdade. O presidente assentiu e se virou para seu seguran?a. - Davis – disse – mostre a eles. D? tudo o que eles precisarem. Se houver algum problema – ele olhou para Avery – por favor me avise. No caminho, Ramirez sussurrou: - Que encantadora. - Fa?o o que for preciso. – respondeu Avery, tamb?m com um sussurro. O escrit?rio de seguran?a da Top Real State era uma sala barulhenta, com mais de 20 televis?es. O guarda sentou-se ? frente de uma mesa preta e um teclado. - OK - ele disse – Hora e local? - Doca. Por volta de duas e cinquenta e dois, e depois adiante. Ramirez balan?ou a cabe?a. - N?s n?o vamos encontrar nada. As c?meras da imobili?ria eram muito melhores do que a da tabacaria, al?m de serem coloridas. A maioria das telas tinha um tamanho parecido, mas uma em particular era maior. O seguran?a p?s a c?mera da doca na tela grande e depois come?ou a retroceder a imagem. - A? – interrompeu Avery. – Pare! A imagem foi paralisada ?s duas e cinquenta. A c?mera mostrava uma vista panor?mica do estacionamento diretamente da doca, bem como o lado esquerdo, em dire??o ao sinal de Rua sem Sa?da e da pr?xima rua. Havia apenas uma vista parcial do beco em dire??o ? Brattle. Apenas um carro estava parado no estacionamento: uma minivan que parecia ser azul-escura. - Aquele carro n?o deveria estar ali – apontou o seguran?a. - Voc? pode consult?-lo? – perguntou Avery. - Sim, vou fazer isso – disse Ramirez. Os tr?s seguiram olhando. Por enquanto, o ?nico movimento vinha dos carros na rua perpendicular e das ?rvores. ?s duas e cinquenta e tr?s, duas pessoas apareceram na tela. Devia ser um casal apaixonado. Um era um pequeno homem, magro e baixo, com cabelo grosso, bigode e ?culos. A outra era uma garota, mais alta, com cabelos longos. Ela vestia sand?lias e um vestido claro de ver?o. Eles pareciam estar dan?ando. Ele segurava uma das m?os dela e a girava pela cintura. - Cacete! – disse Ramirez – ? Jenkins! - Mesmo vestido – disse Avery – Sapato, cabelo. - Ela estava dopada – ele falou. – Olhe s?. Os p?s est?o se arrastando. Eles assistiram ao assassino abrir a porta do carona e colocar a garota dentro do carro. Depois, ele caminhou para o lado do motorista, olhou diretamente para a c?mera da doca, curvou-se como se estivesse no teatro, e chegou ? porta do motorista. - Merda! – Ramirez berrou. – Esse filho da puta est? brincando com a gente! - Quero todos trabalhando nisso – disse Avery. – Thompson e Jones ficam o tempo todo na vigil?ncia a partir de agora. Thompson pode ficar no parque. Fale para ele sobre a minivan. Isso vai ajud?-lo nas buscas. N?s precisamos saber para que dire??o esse carro foi. Jones tem uma miss?o mais dif?cil. Ele precisa vir at? aqui agora e seguir a van pelas imagens. N?o quero saber como. Diga a ele para ir atr?s de qualquer c?mera que possa ajudar ele nisso. Ela virou-se para Ramirez, que a olhava, chocado. - Achamos nosso assassino. CAP?TULO SETE O cansa?o finalmente chegou para Avery ?s quinze para as sete da noite, no elevador que subia com dire??o ao segundo andar da esta??o de pol?cia. Toda a energia e ?mpeto que havia chegado com as revela??es daquela manh? culminaram em um dia produtivo, mas em uma noite de muitas perguntas sem resposta. Sua pele clara estava um pouco queimada pelo sol, seu cabelo bagun?ado, a jaqueta que estava usando jogada em seus ombros. Sua camiseta, suja e amassada. Ramirez, por outro lado, parecia estar com mais for?as do que pela manh?. Cabelo penteado para tr?s, roupa quase sem amasso, olhos afiados e apenas uma gota de suor na testa. - Como voc? pode parecer t?o inteiro? – Ela perguntou. - S?o minhas ra?zes hispano-mexicanas – explicou orgulhoso. – Eu posso trabalhar vinte e quatro, vinte e oito horas e ainda assim manter esse brilho. Um r?pido olhar para Avery e ele lamentou: - ?, voc? est? bem acabada. Seus olhos se encheram de respeito. - Mas voc? conseguiu. O segundo andar n?o estava completamente cheio ? noite, com a maioria dos oficiais em casa ou trabalhando nas ruas. As luzes da sala de confer?ncias estavam acesas. Dylan Connelly estava l? dentro, obviamente irritado. Quando os viu, ele abriu a porta. - Onde voc?s estavam? – Esbravejou. – Eu disse que queria um relat?rio ?s cinco! S?o quase sete. Voc?s desligaram os walkie-talkies. Os dois! – Ele apontou. – Eu poderia esperar isso de voc?, Black, mas n?o de voc?, Ramirez. Ningu?m me ligou. Ningu?m atendeu as liga??es. O capit?o tamb?m est? puto, ent?o n?o adianta chorar pra ele. Voc?s t?m ideia do que aconteceu por aqui? Que merda voc?s est?o pensando? Ramirez levantou as m?os. - N?s ligamos - disse – n?s deixamos uma mensagem. - Voc? ligou vinte minutos atr?s – Dylan esbravejou. – Eu estou te ligando a cada meia hora desde as quatro e quarenta. Algu?m morreu? Voc?s estavam perseguindo o assassino? O Deus Todo Poderoso desceu do c?u para ajudar voc?s nesse caso? Porque essas s?o as ?nicas respostas aceit?veis para essa desobedi?ncia flagrante. Eu deveria tirar voc?s dois desse caso agora mesmo! Ele apontou para a sala de confer?ncias. - Entrem a?. Amea?as raivosas n?o funcionavam com Avery. A f?ria de Dylan era um barulho distante que ela poderia facilmente ignorar. Ela havia aprendido a fazer isso h? muito tempo, ainda em Ohio, quando tinha que escutar seu pai gritando com sua m?e quase todas as noites. Naquele tempo, ela colocava as m?os nas orelhas com for?a, cantava e sonhava com o dia em que finalmente seria livre. Agora, ela tinha coisa mais importantes para prestar aten??o. O jornal da tarde estava sobre a mesa. A foto de Avery estava na capa, em uma foto em que parecia que algu?m havia apenas empurrado uma c?mera em seu rosto. A manchete dizia: “Assassinato no Lederman Park. Advogada defensora de assassinos em s?rie no caso!” Ao lado da foto de p?gina inteira havia uma foto de Howard Randall, o velho e acabado assassino dos pesadelos de Avery com uma garrafa de Coca-Cola e um sorriso no rosto. A manchete sobre sua foto dizia: “N?o acredite em ningu?m. Advogados ou policiais”. - Voc? viu isso? – Perguntou Connelly. Ele pegou o jornal e virou para a contra capa. - Voc? est? na capa! Primeiro dia no Esquadr?o de Homic?dios e voc? est? na capa dos jornais… outra vez. Voc? consegue ver o qu?o amador ? isso? N?o, n?o - ele disse ao ver a express?o de Ramirez – nem tente falar nada agora. Voc?s dois foderam tudo. Eu n?o sei com quem voc?s falaram hoje de manh?, mas voc?s come?aram uma avalanche! Como ? que Harvard ficou sabendo da morte de Cindy Jenkins? Tem uma homenagem pra ela no site da Kappa Kappa Gamma! - Um chute, quem sabe? – disse Avery. - V? se foder, Black! Voc? est? fora do caso. Entendeu? O capit?o O’Malley entrou na sala. - Espere! – Disse Ramirez. – Voc? n?o pode fazer isso. Voc? n?o sabe o que n?s conseguimos! - N?o me importa o que voc?s conseguiram - Dylan esbravejou. - Eu ainda n?o terminei. Essa merda fica pior. O Prefeito ligou uma hora atr?s. Parece que ele costumava jogar golf com o pai da Jenkins, e ele quer saber porque uma ex-advogada de defesa, que livrou um assassino em s?rie da pris?o, est? cuidando do caso de assassinato da filha de um amigo t?o pr?ximo. - Acalme-se – O’Malley interviu. Dylan caminhou pela sala, com o rosto vermelho e a boca aberta. Ao sinal do Capit?o, que era menor e mais calmo, mas parecia pronto para explodir, ele tentou se acalmar. - Por alguma raz?o - O’Malley disse com a voz branda – esse caso saiu do controle. Por isso, eu quero saber o que voc?s fizeram o dia todo. Se estiver tudo bem por voc?, Dylan. Connelly murmurou qualquer coisa e saiu. O capit?o assentiu para Avery. - Explique-se. - Eu n?o falei o nome da v?tima para ningu?m – disse Avery. – Mas eu falei com uma garota da Kappa Kappa, a melhor amiga de Cindy Jenkins, Rachel Strauss. Ela deve ter se dado conta. Eu sinto por isso. – Falou com um olhar realmente sentido para Dylan. – Esse tipo de conversa n?o ? meu forte. Eu queria respostas e eu as consegui. - Conte pra eles – intrometeu-se Ramirez. Avery andou em volta da mesa de confer?ncias. - N?s temos um assassino em s?rie nas m?os. - Ah, fala s?rio! – lamentou Dylan. – Como ela pode dizer isso? Ela est? no caso faz um dia. O que n?s temos ? uma garota morta. N?o tem como. - Voc? pode calar a boca? – berrou O’Malley. Dylan mordeu os l?bios e assentiu. - Esse n?o ? um assassinato comum – disse Avery. – Voc? mesmo me disse, Capit?o, e voc? deve ter percebido tamb?m - continuou olhando para Dylan. – A v?tima foi transformada para parecer viva. Nosso assassino a venerava. Sem feridas no corpo, sem entradas a for?a, ent?o podemos eliminar gangues e viol?ncia dom?stica. Os peritos confirmaram que ela foi drogada com um anest?sico forte, provavelmente natural, que o assassino pode ter criado ele mesmo, com extrato de plantas que podem ter a paralisado instantaneamente e a matado devagar. Levando em conta que ele guarda essas plantas clandestinamente em um lugar fechado, ele precisa de luzes, comida e um sistema de irriga??o. Eu fiz algumas liga??es para descobrir como essas sementes s?o importadas, onde s?o vendidas, e como colocar as m?os nesse equipamento. Ele tamb?m queria que a v?tima ficasse viva, pelo menos um pouco. Eu n?o sabia porque, at? que n?s o encontramos nas imagens de vigil?ncia de uma c?mera. - Que? – murmurou O’Malley. - N?s o encontramos – disse Ramirez. – N?o se anime muito. As imagens s?o granuladas e dif?ceis de ver, mas todo o rapto pode ser visto de duas c?meras diferentes. Jenkins saiu da festa um pouco depois das duas e meia na madrugada de domingo para ir para a casa do namorado. Ele mora a mais ou menos cinco quadras do pr?dio das Kappa Kappa Gamma. Avery fez o mesmo caminho que ela imaginava que Jenkins havia feito. Ela encontrou um beco. N?o sei o que deu nela pra fazer isso, mas com um pressentimento, ela foi checar a c?mera de seguran?a em uma tabacaria pr?xima ao local. - Voc? precisa de um mandado para isso. – interrompeu Dylan. - S? se algu?m pedir. – Avery respondeu. – E ?s vezes um sorriso amigo e uma conversa convincente podem ajudar muito. Aquela tabacaria sofreu com vandalismo mais ou menos dez vezes no ?ltimo ano. Eles instalaram uma c?mera do lado de fora recentemente. A loja fica no lado oposto ao beco, meia quadra antes, mas claramente ? poss?vel ver uma garota debaixo de algumas ?rvores, e eu achei que poderia ser Cindy Jenkins. - Foi quando ela me ligou – Ramirez tomou a palavra. – Eu achei que ela estava louca. S?rio. Eu vi o v?deo e eu n?o teria notado nada. Mas Black me fez ligar para os peritos e levar a equipe toda para l?. Voc? pode imaginar, eu fiquei puto. No entanto - ele falava com ?nimo nos olhos – ela estava certa. Havia outra c?mera em uma doca nos fundos do beco. N?s pedimos para a empresa para ver as imagens. Eles concordaram e, boom! – Ele abriu os bra?os – Um homem apareceu no beco segurando nossa v?tima. O mesmo vestido. Os mesmos sapatos. Ele ? min?sculo, menor que Cindy, e dan?ava. Na verdade, ele estava segurando ela e dan?ando. Aquele merda estava nos provocando. Ele colocou ela no banco da frente de uma minivan e dirigiu para o nada. O carro ? um Chrysler, azul escuro. - Rastrearam a placa? - ? falsa. Eu j? rastreei. Devia ser uma placa de mentira. Estou fazendo uma lista de todas as minivans Chrysler daquela cor vendidas nos ?ltimos cinco anos em um raio consider?vel. Vai demorar um pouco, mas talvez n?s conseguiremos diminuir a lista com mais informa??es. Outra coisa, ele estava disfar?ado. Mal dava pra ver a cara. Estava de bigode, talvez peruca, ?culos. A ?nica coisa que podemos ter certeza ? a altura, entre 1,65 e 1,68m, e talvez a cor da pele: branca. - Onde est?o as fitas? – Perguntou O’Malley. - L? embaixo, com Sarah – respondeu Avery. – Ela disse que pode levar um tempo, mas ela vai tentar desenhar um retrato do assassino com base no que ela conseguir ver at? amanh?. Assim que tivermos um retrato, podemos comparar com nossos suspeitos, colocar da base de dados e ver o que encontramos. - Onde est?o Jones e Thompson? – Perguntou Dylan. - Espero que trabalhando ainda – disse Avery. – Thompson est? no comando das buscas no parque. Jones est? tentando descobrir para onde foi a minivan depois que saiu do beco. - At? a hora que sa?mos – acrescentou Ramirez – Jones tinha encontrado pelo menos seis c?meras em um raio de dez quadras do beco que poderiam ajudar. - Mesmo que ele perca o carro de vista – Avery disse – n?s podemos pelo menos restringir a dire??o. Nas sabemos que ele foi para o norte do beco. Essa informa??o, junto com seja l? o que Thompson encontrar no parque, pode nos fazer determinar uma ?rea e ir de casa em casa se for preciso. - E os peritos? Encontraram algo? – O’Malley perguntou. - No beco, nada. – Avery respondeu. - Isso ? tudo? - N?s temos alguns suspeitos, tamb?m. Cindy estava em uma festa na noite do rapto. Um cara chamado George Fine estava l?. Parece que ele estava atr?s de Cindy h? anos: indo ?s mesmas aulas, aos mesmos eventos que ela. Ele beijou Cindy pela primeira vez e dan?ou com ela a noite toda. - Voc? falou com ele? - Ainda n?o – ela disse, e olhou para Dylan. – Eu queria sua aprova??o antes de criar uma tempestade em Harvard. - Que bom que voc? ainda tem algum senso de protocolo. – Dylan resmungou. - Tamb?m tem o namorado - ela acrescentou para O’Malley. – Winston Graves. Cindy teoricamente iria para a casa dele naquela noite. Mas nunca apareceu. - Ent?o temos dois suspeitos em potencial, imagens do caso, e um carro para encontrar. Estou impressionado. E sobre o motivo? Voc? j? pensou em algo? Avery desviou o olhar. As imagens que ela viu, bem como a maneira com que a v?tima havia sido manipulada e colocada no parque, tudo apontava para um homem que amava o que fazia. Ele j? tinha feito aquilo antes, e faria novamente. Algum tipo de for?a maior devia t?-lo motivado, porque ele teve pouco cuidado com a pol?cia. Aquela cena no beco, diretamente para a c?mera, tamb?m dizia muito. Aquilo demandava coragem, ou estupidez, e nada no rapto ou na coloca??o do corpo no parque apontavam para algo impensado. - Ele est? jogando conosco – ela disse. – Ele gosta de fazer o que faz, e quer fazer novamente. Eu diria que ele tem algum tipo de plano. Isso ainda n?o acabou. Dylan bufou e balan?ou a cabe?a. - Rid?culo. - Tudo bem – disse O’Malley. – Avery, voc? est? liberada para falar com os suspeitos amanh?. Dylan, entre em contato com Harvard e os deixe a par da situa??o. Eu vou ligar para o comandante hoje ? noite e avis?-lo do que n?s j? temos. Eu acho que tamb?m devemos te dar um mandado de acesso ?s c?meras. Vamos manter Thompson e Jones nas tarefas deles. Dan, eu sei que voc? trabalhou o dia todo. S? mais uma coisa e voc? pode ir embora. Consiga o endere?o dos dois garotos de Harvard se voc? ainda n?o tem. Passe por l? no caminho pra casa. Certifique-se de que eles n?o v?o fugir. N?o quero ningu?m escapando. - Eu posso fazer isso – disse Ramirez. - Ok - aprovou O’Malley. – V?. Excelente trabalho de voc?s dois. Voc?s devem ter orgulho disso. Avery e Dylan, fiquem aqui mais um pouco. Ramirez olhou para Avery. - Voc? quer que eu te busque amanh? de manh?? ?s 8? Vamos sair juntos? - Claro. - Eu vou me manter em contato com Sarah sobre o retrato. Talvez ela tenha algo. Ver um parceiro querendo ajudar, por livre e espont?nea vontade, era algo novo para Avery. Todos os seus outros parceiros desde que ela havia entrado na pol?cia tinham tido vontade deix?-la morta em uma vala, se poss?vel. - Parece ?timo – ela disse. Assim que Ramirez saiu, O’Malley fez Dylan sentar-se em um lado da mesa de confer?ncias, e Avery no outro. - Escutem, voc?s dois - disse com voz firme. – O comandante me ligou hoje, querendo saber o que eu estava pensando, colocando uma ex-advogada de defesa criminal conhecida e acabada neste caso. Avery, eu disse a ele que voc? era a oficial certa para este trabalho e mantive minha decis?o. Seu trabalho hoje prova que eu estava certo. Mas s?o quase sete e meia e eu ainda estou aqui. Eu tenho uma esposa e tr?s filhos esperando por mim em casa e eu quero muito ir para casa v?-los e esquecer desse lugar horr?vel por um tempo. Claro, nenhum de voc?s t?m essa preocupa??o, ent?o talvez voc?s n?o entendam o que eu estou dizendo. Ela o olhava de volta, pensando. Vamos logo. Pare de me encher com suas besteiras. Um sil?ncio tenso tomou conta da sala. - Dylan, comece a agir como um supervisor. N?o me ligue a cada detalhezinho. Aprenda a cuidar do seu pessoal sozinho. E voc? - ele disse a Avery – ? melhor parar com esse jeito idiota e com as atitudes de quem n?o est? nem a? e come?ar a agir como se voc? se importasse, porque eu sei que voc? se importa. – Ele olhou para ela por um bom tempo. – Eu e Dylan ficamos te esperando por horas. Voc? quer desligar o r?dio? N?o atender o telefone? Isso te ajuda a pensar? Bom pra voc?. Fa?a isso. Mas quando seu superior liga, voc? tem que retornar. A pr?xima vez que isso acontecer, voc? est? fora do caso. Entendido? Avery assentiu, humildemente. - Entendido. - Entendido. – Dylan repetiu. - Que bom – O’Malley respondeu. Ele levantou-se e sorriu. - Agora… Eu tinha que ter feito isso antes, mas n?o h? hora melhor para apresenta??es. Avery Black, eu gostaria de te apresentar Dylan Connelly, pai divorciado de duas crian?as. A esposa o deixou dois anos atr?s porque ele nunca voltava para casa e bebia muito. Agora eles moram em Maine e ele nunca v? os filhos, ent?o ele est? sempre estressado. Dylan endureceu-se e se preparou para falar, mas n?o disse nada. - E Dylan… Apresento Avery Black, ex-advogada de defesa criminal que se fodeu ao libertar um dos piores assassinos do mundo nas ruas de Boston, um homem que voltou a matar e destruiu a vida dela. Ela perdeu um marido multimilion?rio e tem uma filha que quase n?o fala com ela. E, assim como voc?, ela geralmente desconta as m?goas no trabalho e no ?lcool. Voc? v?? Voc?s t?m mais em comum do que voc? pensava. Ele voltou a ficar s?rio. - N?o me envergonhem de novo, ou os dois est?o fora do caso. CAP?TULO OITO Deixados sozinhos na sala de confer?ncias, Avery e Dylan ficaram se olhando por alguns momentos em sil?ncio. Nenhum dos dois se movia. Ele estava de cabe?a baixa, fazendo careta e parecendo estar refletindo sobre algo. Pela primeira vez, Avery sentiu simpatia por ele. - Eu sei como ? - ela come?ou a falar. Dylan levantou-se rapidamente e colocou a cadeira com for?a de volta no lugar. - N?o pense que isso muda alguma coisa - ele disse. – Voc? e eu n?o temos nada em comum. Ainda que suas express?es fossem de raiva e distantes, seus olhos diziam algo diferente. Avery tinha certeza de que ele estava ? beira de um colapso. Algo que o capit?o havia dito o afetou, assim como havia afetado ela. Os dois estavam fragilizados e sozinhos. - Olha s? - ela disse – Eu estava pensando… Dylan se virou a abriu a porta. Seu movimento at? a sa?da a fez confirmar o que ela imaginava: seus olhos vermelhos estavam cheios de l?grimas. - Cacete! – Ela sussurrou. As noites eram a pior parte do dia para Avery. Ela n?o tinha mais um grupo est?vel de amigos, nem hobbies, nem outro trabalho, e andava t?o cansada que n?o conseguia nem pensar em fazer exerc?cios. Sozinha na mesa enorme, ela baixou a cabe?a, temendo o que viria a seguir. A sa?da do escrit?rio foi como todos os dias, por?m carregada com um sentimento estranho, e muitos oficiais ainda mais irritados com a capa do jornal estampando Avery. - Ei, Black! – Algu?m a chamou e apontou para o jornal. – Boa foto! Outro policial tocou a imagem de Howard Randall. - Essa mat?ria diz que voc?s eram bem pr?ximos, Black. Voc? entende de gerontofilia? Voc? sabe o que ? isso? Significa que voc? gosta de foder com idosos! - Voc?s s?o hil?rios! – Ela sorriu e apontou os dedos em forma de arma. - V? se foder, Black. * * * Uma BMW branca estava estacionada na garagem. Cinco anos de uso, suja. Avery havia a comprado no auge de sua carreira como advogada de defesa. Onde voc? estava com a cabe?a? Pensou. Por que algu?m compra um carro branco? Sucesso, ela lembrou. A BMW branca, outrora, fora brilhante e chamativa, e ela queria que todo mundo soubesse que ela era a chefe. Agora, o carro era um lembrete de sua vida mal sucedida. O apartamento de Avery era na Bolton Street, no sul de Boston. Ela era dona de um dois quartos no segundo andar de um pr?dio de dois andares. O lugar era decadente em rela??o ? sua antiga casa, mas era espa?oso e agrad?vel, com um bom terra?o onde ela podia sentar e relaxar ap?s um dia ?rduo de trabalho. A sala de estar era um espa?o aberto com um tapete marrom e felpudo. A cozinha ficava ? direita da porta de entrada, separada do resto da sala por dois grandes m?veis. N?o havia plantas ou animais. Virado para o norte, o apartamento geralmente era escuro. Avery jogou suas chaves na mesa e se desfez do resto de seus pertences: arma, colete, walkie-talkie, distintivo, cinto, telefone e carteira. Ela se despiu no caminho para o banho. Ap?s pensar muito para processar o que havia acontecido no dia, ela vestiu um roup?o, pegou uma cerveja da geladeira, seu telefone e foi at? o terra?o. Quase vinte chamadas n?o atendidas estavam na tela do celular, al?m de dez novas mensagens. A maioria era de Connelly e O’Malley, muitas vezes gritando. ?s vezes, Avery ficava t?o concentrada e focada em algo que se recusava a prestar aten??o em qualquer coisa que n?o fosse essencial para sua tarefa, especialmente quando ainda havia um quebra-cabe?a para ser montado. Hoje havia sido um desses dias. Ela arrastou a tela para os ?ltimos n?meros discados e para todos os n?meros que haviam ligado para ela no ?ltimo m?s. Nenhuma chamada era de sua filha ou de seu ex-marido. De repente, ela sentiu falta dos dois. N?meros foram discados. O telefone tocou. Uma mensagem respondeu: “Oi, aqui ? Rose. Eu n?o posso atender agora, mas se voc? deixar uma breve mensagem com seu nome e n?mero, eu retorno assim que puder. Muito obrigada.” Bip. Avery desligou. Ela considerou a ideia de ligar para Jack, seu ex. Ele era um bom homem, seu amor da faculdade, e tinha um cora??o de ouro. Um cara decente. Eles viveram um amor t?rrido desde que tinham 18 anos, mas seu ego causado pelo trabalho dos sonhos havia estragado tudo. Por anos, ela culpou outras pessoas pela separa??o e pela briga com sua filha. Howard Randall por suas mentiras, seu antigo chefe, o dinheiro, o poder, e todas aquelas pessoas que constantemente ela precisava entreter e barganhar para estar um passo ? frente da verdade. Pouco a pouco, seus clientes se tornaram menos confi?veis, e mesmo assim ela quis seguir, ignorando a verdade, enganando a justi?a de um jeito ou de outro, simplesmente para ganhar. S? mais um caso, ela dissera v?rias vezes. Da pr?xima vez, vou defender algu?m realmente inocente e colocar as coisas em ordem. Howard Randall havia sido aquele caso. Eu sou inocente, ele dissera chorando na primeira reuni?o. Esses alunos s?o minha vida. Por que eu machucaria algum deles? Avery havia acreditado nele, e pela primeira vez em muito tempo, ela havia come?ado a acreditar em si mesma. Randall era um professor de psicologia de Harvard mundialmente renomado, com seus 60 e poucos anos, sem raz?o ou passado conhecido de suas perturbadoras cren?as pessoais. Mais do que isso, ele parecia fraco e acabado, e Avery sempre quis defender os fracos. Quando ela o libertou, havia sido o auge de sua carreira, o ponto mais alto, at? ele voltar a matar e transform?-la em uma fraude. Tudo que Avery queria saber era: por que? Por que voc? fez isso? Ela perguntara certa vez para ele no telefone. Por que voc? mentiu e armou para mim, simplesmente para ir para a cadeira pelo resto da vida? Porque eu sabia que voc? se salvaria, Howard respondera. Salvaria, Avery pensou. Isso ? se salvar? Ela pensou e olhou em vota. Aqui? Agora? Sem amigos? Sem fam?lia? Uma cerveja na m?o e uma vida nova ca?ando assassinos que me fazem relembrar meu passado? Ela deu um gole na cerveja e balan?ou a cabe?a. N?o, isso n?o ? se salvar. Pelo menos n?o ainda. Seus pensamentos se voltaram para o assassino. Uma imagem dele apareceu em sua mente: quieto, sozinho, desesperado por aten??o, especialista em ervas e cad?veres. Ela descartou um alco?latra ou viciado. Ele era muito cuidadoso. A minivan indicava uma fam?lia, mas suas a??es pareciam indicar que uma fam?lia era o que ele queria, n?o o que ele tinha. Com a mente inundada em pensamentos e imagens, Avery tomou mais duas cervejas at? que finalmente pegou no sono em sua confort?vel cadeira. CAP?TULO NOVE Em seus sonhos, Avery estava com sua fam?lia outra vez. Seu ex era um homem atl?tico com o cabelo bem cortado e olhos verdes deslumbrantes. Alpinistas ?vidos, eles estavam em um passeio com sua filha, Rose. Ela s? tinha 16 anos e j? havia sido admitida antecipadamente na Brandeis College, mesmo ainda estando no segundo grau. No sonho, no entanto, ela ainda era uma crian?a de seis anos. Eles estavam cantando e caminhando juntos por um caminho cheio de grandes ?rvores. P?ssaros pretos bateram as asas e cantaram antes das ?rvores se transformarem em um monstro assombroso e algo como uma faca atingisse Rose no peito. - N?o! - Avery gritou. Outra m?o esfaqueou Jack e ele e sua filha foram levados. - N?o! N?o! N?o! – Avery chorava. O monstro se abaixou. Os l?bios negros sussurraram em seu ouvido. N?o existe justi?a. Avery acordou assustada com o som de um toque incessante. Ela ainda estava no terra?o, de roup?o. O sol j? havia nascido. O telefone continuava tocando. Ela atendeu. - Black. - Ei, Black! – Ramirez respondeu. – Voc? n?o atende nunca? Estou aqui embaixo. Pegue suas coisas e vamos. Tenho caf? e alguns esbo?os de retratos. - Que horas s?o? - Oito e meia. - Preciso de cinco minutos – ela respondeu e desligou. O sonho continuou nos pensamentos dela. Vagarosamente, Avery levantou-se e entrou no apartamento. Sua cabe?a latejava. Ela vestiu cal?as jeans e uma camiseta branca, que ficou mais apresent?vel junto com o blazer preto. Tr?s goles de suco de laranja e uma barra de granola batida serviram de caf? da manh?. Na sa?da de casa, Avery se olhou no espelho. Suas roupas e aquele caf? da manh? estavam a anos luz dos ternos de milhares de d?lares e dos caf?s di?rios nos restaurantes mais chiques. Esque?a isso, ela pensou. Voc? n?o est? aqui para se vestir bem. Voc? est? aqui para ir atr?s de bandidos. Ramirez a entregou uma x?cara de caf? no carro. - Voc? est? com boa apar?ncia, Black - ele brincou. Como sempre, ele parecia o modelo da perfei??o: jeans azul-escuros, uma camisa de bot?o azul-claro e uma jaqueta azul-escuro com cintos e sapatos marrons. - Voc? deveria ser modelo - Avery respondeu – n?o policial. Um sorriso mostrou seus dentes perfeitos. - Na verdade, eu trabalhei um pouco como modelo um tempo atr?s. Ele saiu da rua em sentido norte. - Voc? conseguiu dormir essa noite? – Ramirez perguntou. - N?o muito. E voc?? - Dormi como um nen?m - ele respondeu orgulhoso. – Eu sempre durmo bem. Nada disso me atinge, sabe? Eu gosto de deixar acontecer – disse, balan?ando as m?os pelo ar. - Alguma novidade? - Os dois garotos estavam em casa ontem ? noite. Connelly ficou de olho neles para ter certeza que n?o iriam fugir. Ele tamb?m falou com o reitor para dar algumas informa??es e garantir que ningu?m se desespere com um monte de policiais fardados pelo campus. Nenhum dos dois t?m antecedentes. O reitor disse que os dois s?o bons garotos de boas fam?lias. Vamos ver hoje. Nada ainda da Sarah sobre o reconhecimento facial. Devemos ter algo ? tarde. Algumas concession?rias me ligaram de volta com nomes e n?meros. Eu vou segurar a lista por enquanto e ver o que acontece. Voc? viu o jornal da manh?? Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43693439&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.