Ðàññâåò ÷àðóþùèé è íåæíûé Êîñíóëñÿ áåëûõ îáëàêîâ, È íåáà îêåàí áåçáðåæíûé, Ñ âîñòîêà çàðåâîì öâåòîâ Ïóðïóðíûõ, ÿðêî - çîëîòèñòûõ, Âäðóã çàñèÿë. Ñêîëüçÿùèé ëó÷ Ïëÿñàë íà ãîðêàõ ñåðåáðèñòûõ… È ñîëíöà ëèê, ïàëÿùèé – æãó÷, Ïëûë íàä Çåìë¸é åù¸ ëåíèâîé, Îáúÿòîé íåãîé ñëàäêèõ ñíîâ… È ëèøü ïàñòóõ íåòîðîïëèâî Êíóòîì èãðàÿ, ãíàë êîðîâ Íà âûïàñ, ñî÷íûìè ë

Conquista Da Meia-Noite

Conquista Da Meia-Noite Arial Burnz Junte-se ? saga deste atraente vampiro escoc?s — Broderick MacDougal — enquanto ele segue a alma de seu verdadeiro amor, Davina. Ele deve conquistar o amor dela a cada vida em que ela reencarna, e enfrentar?o muitos obst?culos: mortalidade, maldi??es, profecias, vampiros, lobisomens, piratas, os Illuminati, anjos, dem?nios e o pr?prio inferno. O amor triunfar? acima de tudo? S? o TEMPO dir?. (Psiu! Sim, essa ? uma dica.) Compre esta s?rie de romance paranormal COMPLETA e maratone! Apaixonar-se n?o fazia parte do plano. Ap?s trinta anos procurando meu inimigo, eu o encontro… Nas mem?rias da bela vi?va. Sei que ela ? a isca, mas ser? que ela ? inocente ou participa do estratagema? Ela resiste a mim, mas eu n?o consigo ficar longe. Sou atra?do por ela. Danem-se as armadilhas, n?o posso descansar at? que ela esteja na minha cama. Eu n?o vou parar at? que eu a reivindique para mim. Compre o primeiro livro desta s?rie de romance de vampiros para adultos. Os livros desta s?rie de romances paranormais para adultos s?o escritos como romances aut?nomos, mas s?o mais bem aproveitados se forem lidos em ordem. Aviso ao leitor: este ? um romance de vampiros com sexo e tem cen?rios hist?ricos como pano de fundo. Fique viciado em La?os de Sangue — Cr?nicas Vamp?ricas de Arial Burnz! Leia esta s?rie de romance paranormal ?pico com fortes protagonistas femininas, um her?i alfa, esgrima, luta, tortura, vingan?a, gigantes, monstros, persegui??es, fugas, amor verdadeiro… e sim, at? milagres. S?rio… esses livros t?m todas essas coisas e MAIS. Os livros de romance paranormal nesta s?rie em ordem cronol?gica s?o: Conquista da Meia-Noite (Livro 1), Midnight Captive (Livro 2), Midnight Hunt (Livro 3), Midnight Eclipse (Livro 4), Frostbitten Hearts (Livro 4.1 - novela independente), Midnight Savior (Livro 5), e Midnight Redemption (Livro 6). Conquista da Meia-Noite Livro 1 das Cr?nicas Vampirescas - La?os de Sangue por Arial Burnz EDI??O EBOOK * * * * * Publicado por: Mystical Press Midnight Conquest: Book 1 of the Bonded By Blood Vampire Chronicles Copyright © 2011 por GC Henderson 2? Edi??o Editado por AJ Nuest Arte de Capa por Arial Burnz Observa??es da licen?a da edi??o em e-book Esta publica??o ? protegida pela Lei de Direitos Autorais dos Estados Unidos de 1976 e todas as outras leis internacionais, federais, estaduais e locais aplic?veis e todos os direitos s?o reservados, inclusive direitos de revenda: voc? n?o tem permiss?o para dar ou vender este e-book a ningu?m. Este e-book est? licenciado para uso pessoal. N?O COMPARTILHE ESTA C?PIA COM NINGU?M. Se voc? encaminhar este livro a qualquer pessoa, n?o apenas privar? a autora de seus direitos autorais leg?timos, mas tamb?m ? um CRIME FEDERAL E PUN?VEL POR LEI. ? considerado pirataria e furto de livros. Obrigada por respeitar o trabalho ?rduo da autora. 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Embora eventos hist?ricos reais ou refer?ncias a eles tenham sido usados neste livro, s?o apenas para fins de pano de fundo e podem conter certa licen?a art?stica. Dedicat?ria Agradecimentos a Sting Por "Moon Over Bourbon Street" Ele me fez conhecer o deleite de Anne Rice. Ela plantou a semente para tudo que eu escrevi; se n?o fosse por ela Eu nunca teria sido mordida * * * * * Cr?ticas de 5 estrelas “Amigos, Conquista da Meia-Noite " ? um retrato impressionante do amor eterno. Davina e Broderick s?o almas g?meas, mas a cada virada de p?gina, eu me deparo com a d?vida e o medo. Como uma autora pode fazer com que sintamos tanto conflito? Meu cora??o chorou quando eu ca? em um mundo que s? Arial Burnz poderia criar. Eu me tornei Davina. Fui arruinada por Broderick. “Conquista da Meia-Noite vai irrit?-lo e gravar uma nova defini??o de amor em seu cora??o. N?o tenho cordas para me segurar, mas Broderick encapsulou meu cora??o com seus dedos imortais e n?o tenho inten??o alguma, em absoluto, de me soltar." ~Resenhas de livros Nom de Plume “Assim que a Sra. Burnz firma o terreno desse universo em nossa mente, o enredo dispara e n?o tem volta! Ela criou uma atmosfera que parece real, perigosa, mas nunca deixa o romance vacilar, nem por um minuto. Passeie no lado negro da hist?ria, onde o amor ? como um farol que une duas pessoas enquanto compartilham um amor ?nico!" ~ Dii Bylo, blog de resenhas Tome Tender “Uma fantasia ?pica do in?cio ao fim! Dois amantes destinados ? eternidade, apesar de todos os percal?os. Com personagens fant?sticos e a??o ininterrupta, n?o consegui parar a leitura. Parab?ns ? Sra. Burnz por criar um conto t?o lindo!" ~ AJ Nuest, autora de The Golden Key Chronicles, vencedora do Pr?mio RONE 2015 de Melhor Romance de Viagem no Tempo “Arial tem a capacidade ?nica de escrever de uma forma que se desdobra em uma s?rie de camadas emocionais e mitol?gicas das quais eu n?o consigo me afastar.” ~ M. Sembera, autora da saga The Rennillia * * * * * Trecho das Notas da Autora S? para constar, chamei meus vampiros de “Vamsirianos” porque a etimologia da palavra “vampiro” menciona que este voc?bulo n?o existia at? 1732. Como o termo n?o foi usado durante o per?odo em que o Livro 1 se passa, criei um que poderia ter evolu?do, sem muita dificuldade para “vampiro” com o passar do tempo. N?o se engane, este romance n?o ? uma fic??o hist?rica, mas sim um romance paranormal com um pano de fundo hist?rico. Como tal, escrevi a maior parte da minha hist?ria atrav?s de linguagem contempor?nea. Eu me esforcei para garantir que o di?logo de meus personagens tivesse um “toque” do per?odo renascentista. N?o afirmo que haja precis?o hist?rica com a linguagem. (Al?m disso, existem poucas palavras modernas para descrever os ?rg?os genitais masculinos e femininos, muito menos se me limitasse ao escasso vocabul?rio dos?culo XVI.) Boa Leitura! Eis meus devaneios… Arial Junho de 2011 Cap?tulo Um Fortaleza Escocesa do Conselho Vamsiriano — 1486 — Morte? Devo… — outra onda de agonia pressionou o peito dele. Broderick MacDougal se preparou quando a dor que mais parecia uma navalha percorreu o interior de seu corpo e correu por suas veias. Ele caiu de joelhos e, colocando as m?os para frente, evitou que o rosto batesse no arenito quando a respira??o foi arrancada de seus pulm?es. Ofegante, ele encostou a bochecha no ch?o. A pedra fria abrandou a febre de sua pele. O som da respira??o irregular ecoava na vastid?o da Fortaleza Vamsiriana. Enquanto a agonia diminu?a, ele lutou para se endireitar e olhou para os rostos jovens dos Anci?es. Os Anci?es do Conselho Vamsiriano sentavam-se em seus tronos de ferro negro atr?s de uma extensa mesa de m?rmore preto, parecendo com qualquer coisa, exceto anci?es. Eles observavam Broderick, que se ajoelhou no ch?o diante deles. Todos os tr?s homens de desconhecidas nacionalidades distintas e caracter?sticas, vestidos com mantos formais de brocado de um vermelho profundo, pareciam n?o ter mais de vinte e cinco anos. No entanto, eles mediam a idade em s?culos, Cordelia disse a ele. Capaz de se levantar mais uma vez, Broderick pigarreou. — Morte? — ele repetiu. — N?o terei permiss?o para viver se n?o escolher nenhuma das op??es? O Anci?o Rasheed, que informara a Broderick das tr?s op??es, ergueu uma sobrancelha negra como carv?o. — Se voc? escolher se juntar ao Ex?rcito da Luz, n?o temos permiss?o para mat?-lo; mas sim, se algu?m n?o escolhe entre n?s e eles, ? costume que se mate os que se negam a fazer tal escolha. Essa ? uma ocorr?ncia rara, mas j? aconteceu. Mat?-lo seria mais por miseric?rdia do que para preservar o segredo de nossa ra?a. Apesar do fogo lambendo seu corpo, Broderick conseguiu erguer a pr?pria sobrancelha. — Miseric?rdia? Por qu?? O Anci?o Rasheed olhou de soslaio para os companheiros. — Decerto foi informado de seu destino como Escravo de Sangue. N?o ? por isso que est? aqui? Broderick n?o gostou do som daquilo e balan?ou a cabe?a, uma gota de suor escorrendo da sobrancelha para a bochecha. — O que ? um Escravo de Sangue? Franzindo a testa, o Anci?o Rasheed voltou um olhar cr?tico para Cordelia. Broderick virou a cabe?a para a direita, cerrando a mand?bula ante o esfor?o, e olhou para a mulher que o trouxera at? aqui. Cordelia Harley se mantinha majestosa, mas evitava os olhos de todos, vermelho tomava conta de suas bochechas enquanto estudava as tape?arias nas paredes de pedra. — Resumindo — continuou Rasheed. —: tornar-se um Escravo de Sangue ? uma senten?a de morte. A troca de sangue que vivenciou ? o que gera sua condi??o. Nos ?ltimos meses, Cordelia se alimentou de Broderick, as pequenas presas perfuravam sua garganta, e ela bebia uma pequena quantidade do sangue dele. Em seguida, ela cortava o pulso e o alimentava com o pr?prio sangue misturado ao dele. Essa troca de sangue era necess?ria… ou foi o que ela havia dito. — Cordelia me disse que era parte da transforma??o. Rasheed baixou o queixo e lan?ou um olhar assassino para Cordelia. — Voc? criou este Escravo de Sangue? — Cordelia ainda se recusava a fazer contato visual com quer que fosse. — Olhe para mim, mulher! A beleza p?lida, mas tortuosa, mirou o Anci?o por debaixo das sobrancelhas negras, ent?o baixou o olhar para o ch?o e assentiu. Broderick resmungou. — Voc? nos levou a acreditar, ao clamar por essa transforma??o, que o estava salvando dessa condi??o, n?o que a havia criado! — Rasheed levantou-se da cadeira como o calor de uma fogueira, devagar e irradiando raiva. — Caso se atreva a sair desse local antes que isso acabe, eu mesmo a esfolarei viva e a deixarei em exibi??o neste Grande Sal?o at? que eu sinta que j? sofreu o suficiente. A respira??o de Cordelia se tornou acelerada enquanto ela encarava os Anci?es com os olhos arregalados de terror. Ela fez um ligeiro meneio de cabe?a como consentimento. Rasheed afundou na cadeira, com o olhar ainda fixo nela. — N?o, Broderick MacDougal. Essa pequena troca de sangue cria um la?o f?sico e emocional com o imortal e, em ess?ncia, o transforma em um escravo da vontade dele. ? por isso que ? damos o nome de “Escravo de Sangue”. Esta tamb?m ? a raz?o para que sinta tanta dor. O sangue imortal luta dentro de seu corpo, tentando fazer a transforma??o. Contudo, j? que n?o h? sangue imortal o suficiente dentro de voc?, seu corpo morrer? nesta batalha. Broderick cerrou os dentes, lutando tanto com a raiva por Cordelia quanto com a dor de sua condi??o. Explicava por que ele a seguia de maneira t?o cega, ele n?o possu?a controle algum das pr?prias emo??es. Mais uma vez, ele se permitiu ser tra?do por uma mulher. Das duas mulheres em quem ele confiou, qual era a mais respons?vel pela posi??o em que ele se encontrava hoje? A jornada dele, de uma vida inteira, para matar o inimigo de seu cl? o motivou a aceitar, com demasiada ansiedade, tudo o que Cordelia prometia. No entanto, a trai??o de Evangeline causou o massacre de seus irm?os e suas fam?lias, alimentando ainda mais sua sede de vingan?a, o deixando sem escolha a n?o ser aceitar a imortalidade para atingir seus objetivos. Ainda assim, o cora??o partido dentro de seu peito n?o exigiria nada menos. Broderick virou os olhos para a esquerda, para contemplar a maldi??o de sua exist?ncia… o inimigo de seu cl?, Angus Campbell. Desde a inf?ncia de Broderick, seu pai, Hamish MacDougal, travava uma guerra intermin?vel com Fraser Campbell, uma batalha particular, cujas ra?zes permaneceram — at? agora — um mist?rio. Pego em uma luta sangrenta ap?s a outra, assistindo ?queles que amava morrerem sob a espada, Broderick desenvolveu seus pr?prios motivos para buscar vingan?a contra esta parte dos Campbell. Seu inimigo estava ao lado dele agora, as veias pulsando em suas t?mporas, a f?ria queimava em seus olhos verde-esmeralda enquanto ele olhava de volta para Broderick e Cordelia. — Sua escolha determinar? seu destino. — disse o Anci?o Rasheed. — O que ? este Ex?rcito de Luz? — Broderick perguntou, resistindo ao impulso de acertar Angus no queixo, e sim voltando-se para o Conselho. O Anci?o Ammon explicou, com um sotaque ainda mais estranho do que o de Rasheed: — Eles se consideram filhos especiais de Deus. — disse com desd?m, o nariz aquilino empinado. — S?o uma pervers?o do que somos. Afirmam oferecer vida eterna e, ainda assim, devido a nossa imortalidade permanecemos vivos enquanto as vidas mortais deles expiram. — Se eles s?o mortais… — Broderick perguntou com uma voz tr?mula. —, o que eu ganharia se os escolher? Pensei que eu estava condenado a morrer. O Anci?o Mikhail sorriu. — Alguns dizem que o deus deles pode fazer milagres e curar. Como nunca temos contato com aqueles que os escolhem; e tenha certeza, foram muito poucos em verdade, n?o h? como confirmar ou negar tais afirma??es. Se for com eles, pode ser que o curem… ou pode ser que n?o. N?o oferecemos garantias quanto ao que eles podem ou n?o fazer. — Mikhail acenou com os dedos finos demonstrando desd?m. — Contudo, a eles deve enfrentar. — disse o Anci?o Ammon, apontando para uma porta ? direita de Broderick. — Eles explicar?o o que esperam em troca da barganha que podem oferecer. Todos aqueles que escolheram fazer parte da ra?a Vamsiriana devem faz?-lo de boa vontade e com conhecimento de causa. Deve ouvir o que eles t?m a dizer antes de decidir. Dois homens, que Broderick acabara de notar estar atr?s dos Anci?os, avan?aram e ajudaram-no a se levantar. Apoiando-se neles, ele arrastou-se de maneira laboriosa em dire??o ? porta onde um novo destino poss?vel o aguardava. Ele olhou para Cordelia com uma carranca. Ainda se recusava a fazer contato visual quando ele passou. Ela o considerou um tolo. Nunca teve a inten??o de dar a ele a imortalidade, apenas o usou para se vingar de Angus, negando ao homem a possibilidade de matar Broderick ele mesmo. A raiva ?bvia de Angus por Broderick e Cordelia confirmou que ela teve sucesso. Todavia, Broderick s? podia imaginar que motivo ela teria para traz?-lo perante o Conselho. Por que n?o zombar dele e na frente de Angus? Por que traz?-lo aqui? Al?m disso, a presen?a de Angus nesta reuni?o n?o fazia sentido. Ele estava aqui para protestar contra a transforma??o? Por que o Conselho n?o deixava Angus mat?-lo sem quaisquer problemas? Estava claro que ele era incapaz de se defender, mas Angus parecia estar com as m?os atadas. Ent?o, uma ideia o atingiu. Se ele entrasse nesta sala e decidisse se tornar um membro do Ex?rcito da Luz, Angus decerto n?o teria sua vingan?a. Broderick estaria sob prote??o. Se, por algum acaso, o Ex?rcito da Luz pudesse cur?-lo, ele poderia viver para lutar outro dia, sob a prote??o deles, mesmo sendo mortal. E se n?o pudessem cur?-lo, pelo menos, caso ele morresse, o faria sabendo que Angus n?o obteria sua t?o sonhada vingan?a, um ?ltimo ato de desafio, embora fraco. Nada parecia de bom agouro para ele, mas o que mais poderia fazer? Um Vamsiriano abriu a pesada porta de carvalho. Os dois imortais ajudaram Broderick a se acomodar na ?nica cadeira de madeira existente na sala, colocada de frente para outra porta na parede oposta. Eles assentiram e se retiraram para os cantos sombreados atr?s de Broderick. O sil?ncio da c?mara os envolveu como uma n?voa. Um braseiro alto queimava ? direita de Broderick, estalava e sibilava, projetando uma luz laranja bruxuleante nas paredes de pedra, mas n?o fornecia muita ilumina??o. Broderick estremeceu quando outra onda queimou por ele e tirou seu f?lego ao atravessar seu corpo. Ele agarrou os apoios de bra?o, preparando-se para a agonia, ? espera da diminui??o da dor. O tormento precisa acabar ou ficaria louco pela tortura de seu estado! O som de um ferrolho sendo aberto do outro lado da c?mara o fez estremecer. Mais ondas de dor percorreram suas pernas e fizeram os dedos do p? curvarem-se. Uma figura encapuzada entrou na c?mara. A porta se fechou atr?s da pessoa, e o ferrolho retiniu mais uma vez, trancando-os juntos. O corpo dele se recuperou quando a dor diminuiu, e Broderick respirou com facilidade mais uma vez. A figura o encarou. — Sei que sua condi??o pode parecer desesperadora, mas Deus pode cur?-lo dessa afli??o de sangue. Broderick enrijeceu e se inclinou para frente para tentar ver o rosto da mulher que se escondia sob a capa, mas o braseiro n?o o ajudava muito. — ? imposs?vel. — ele grunhiu por entre os dentes. — A voz que ou?o deve vir do t?mulo. A mulher diante dele puxou o capuz para tr?s e revelou os cabelos longos e dourados que ele conhecia t?o bem. Evangeline, sua esposa prostituta, balan?ou a cabe?a e olhou para ele com olhos arregalados. Os l?bios de Broderick se curvaram em um rosnado, e ele engoliu a bile que subiu em sua garganta. Evangeline choramingou e caiu de joelhos. — Querido Pai do c?u, como p?de me escolher para enfrentar meu marido? Ele com certeza ir? escolher o caminho das trevas se for eu aquela a mostrar a luz. Por que n?o p?de enviar outra pessoa? A raiva invadiu seus sentidos. Broderick se levantou, deu um passo na dire??o dela. A dor crescente em seu cora??o amea?ou afog?-lo como uma torrente de ondas, e ele lutou contra as l?grimas que ardiam nos olhos. Veria a luz expirar dela como testemunhou acontecer com Maxwell e Donnell. Evangeline arfou e ergueu as palmas das m?os, continuou seu devaneio com uma r?pida sucess?o de palavras. Broderick bateu em uma parede invis?vel e caiu no ch?o. Contorcendo-se em agonia, a raiva desapareceu. Atrav?s de uma nuvem turva de consci?ncia, ele cambaleou enquanto os dois guardas Vamsirianos o ajudaram a se sentar na cadeira, antes de voltar para o canto. Evangeline baixou as m?os e permaneceu ajoelhada no ch?o de pedra do outro lado do c?modo. Assim que voltou a si, ele limpou a garganta. — O que ? essa magia, bruxa? Ela franziu a testa. — N?o sou uma bruxa, Broderick. Sou membro do TzavaHa'or: o Ex?rcito da Luz. Deus nos deu certas medidas de prote??o contra… — ela franziu os l?bios e baixou o olhar, uma respira??o tr?mula sacudiu seus ombros, e ela ergueu o queixo, encarando-o com os olhos cheios de l?grimas. — Contra o sangue dos amaldi?oados. Broderick agarrou os bra?os da cadeira para se levantar, mas lembrou-se do ?ltimo encontro dele com a prote??o de Deus e reconsiderou. — Como pode estar viva e entre aqueles que deveriam ser filhos especiais de Deus? — ?dio temperava cada s?laba que ele conseguiu dizer entredentes, ela implorou com os olhos, o que s? o fez tremer ainda mais de raiva e tristeza: — Por que voc? ainda vive? — Eu corri… — ela sussurrou em meio ?s l?grimas, revivendo o passado. —, corri para longe da batalha, floresta adentro, por horas. Quando ca? de exaust?o, fui atacada por ladr?es que… — ela fechou os olhos e engoliu em seco. — for?aram-se a mim e me deixaram para morrer. — E mesmo assim se ajoelha diante de mim. — Broderick lutou contra a simpatia que sentia. — Continue. — N?o sei quanto tempo fiquei ali deitada, mas acordei e fui, aos trope?os, para a estrada, onde um grupo de monges quase me atropelou com uma carro?a. Eles me levaram para um convento onde as irm?s cuidaram de mim; onde me tornei um membro do Ex?rcito da Luz. — Evangeline olhou para Broderick com uma centelha de esperan?a em seus olhos vidrados. — Fui ensinada que Nosso Senhor ? um Deus que perdoa e ama, Broderick. Por favor, n?o d? as costas a Ele escolhendo este caminho das trevas. Ele pode curar voc? e perdoar tudo. Perdoou at? a mim! — Eu n?o! — ?dio sacudia seus membros e deu-lhe for?a para resistir ? agonia que rasgava seu corpo, tremor quebrou suas palavras. — Acredita que todas as vidas que tirou com sua trai??o podem ser ignoradas com tanta facilidade? Voc? ? a raz?o para eu estar aqui buscando vingan?a contra meu inimigo, algu?m cuja cama voc? compartilhou. Permanece nos bra?os protetores de Deus enquanto meu corpo morre como um escravo de sangue. — Deus pode curar voc?, Broderick! Ele libertou outros que se tornaram escravos de sangue. Junte-se ao Ex?rcito da Luz e Ele pode cur?-lo. Os dois guardas Vamsirianos flanquearam Broderick quando ele fez men??o de ir na dire??o dela. Ele lutou com os bra?os deles, contra a ang?stia de sua alma, contra a injusti?a que atormentava a vida dele sem cessar. — Voc? est? louca ao pensar que eu aceitaria de voc?, ou de um Deus que abriga traidores. Deveria estar morta, mas est? sentada diante de mim, oferecendo-me a salva??o. Sup?s que eu iria perdo?-la s? por ser a portadora de tal oferta? Evangeline fez uma rever?ncia e balan?ou a cabe?a. — N?o. — ela sussurrou. — Tamb?m estou surpresa por estar viva. Como tal, ainda sou sua esposa, e voc? det?m o direito de fazer comigo o que quiser. Evangeline ergueu as m?os de novo, murmurando outra s?rie de frases estranhas. Broderick respirou melhor com a diferen?a percept?vel na atmosfera, a press?o diminuindo em seu corpo. Os Vamsirianos ao seu lado tamb?m olharam ao redor, admira??o em seus olhos. A parede invis?vel que ela havia erguido deve ter ca?do. Broderick tentou avan?ar, mas os Vamsirianos o contiveram. Incapaz de lutar contra eles, ele se rendeu. — Escolho o caminho da imortalidade, tornando-me assim, morto para voc?. J? que Deus perdoou suas transgress?es, tenho certeza de que a igreja anular? nosso casamento pat?tico. Deus ? seu marido agora e que ambos sofram as consequ?ncias disso! Evangeline caiu no ch?o aos prantos enquanto escoltavam Broderick para fora dali. Posicionando-o diante do Conselho mais uma vez, os dois Vamsirianos soltaram Broderick, e ele reuniu toda for?a que p?de para permanecer de p?. — Escolhi me tornar um Vamsiriano. — ele anunciou com uma voz rouca. Broderick olhou para Angus que, para sua surpresa, exibia um sorriso de satisfa??o nos l?bios. Os Anci?es assentiram e se voltaram para Cordelia, ela se adiantou e olhou para Angus. O medo dominava seus olhos, e ela cruzou os bra?os sobre os seios fartos, voltando-se para o Conselho. — Eu revogo minha reivindica??o sobre Broderick MacDougal. Os olhos do Anci?o Rasheed se arregalaram, assim como os de seus colegas. — Est? afirmando que n?o deseja transformar Broderick MacDougal, raz?o pela qual fomos convocados? Cordelia deu um passo para tr?s e engoliu em seco. — Sim. — respondeu com uma voz tr?mula. O Anci?o Rasheed se levantou, e Cordelia teve sensatez suficiente para se encolher. — Testa minha paci?ncia, mulher! Ainda posso decidir esfol?-la viva! — Anci?o Rasheed, se me permite. Angus deu um passo ? frente, descruzando os bra?os. Rasheed suspirou resignado. — Sim, Angus Campbell. — ele disse com um aceno de desprezo. — Como requisitado, a princ?pio, ao vir perante o conselho, esta pobre criatura ? sua para fazer como desejar. Acabe com sua mis?ria. Sentando-se, Rasheed colocou a cabe?a entre as m?os. — N?o, Anci?o Rasheed. — Angus olhou para Broderick. — Estou propondo que eu mesmo fa?a a transforma??o. Os olhos arregalados de Broderick n?o foram os ?nicos a fazer com que todos prestassem aten??o em Angus Campbell. — Por que faria uma coisa dessas? Enfim tem a oportunidade de se livrar de minha exist?ncia. Aproveite e fa?a o que o Anci?o Rasheed aconselha… acabe com meu sofrimento. Broderick estremeceu com uma onda de dor. — Embora eu goste de v?-lo sofrer — Angus zombou. —, n?o h? nenhuma satisfa??o em mat?-lo em um estado t?o fraco. Meu esp?rito nunca descansar?. — Angus se aproximou de Broderick, sorrindo com mal?cia para seu corpo curvado e profanado. — Deve estar disposto a fazer a transforma??o, Rick, ou n?o posso realizar a a??o. Qual ? a sua escolha? Broderick olhou para todos, o olhar de Cordelia concentrado nele. Todos pareciam estar prendendo a respira??o, esperando que ele dissesse a palavra. — Viva para lutar outro dia! — Angus debochou. — Seja um oponente digno. Broderick olhou para os olhos zombeteiros de seu inimigo. Um longo sil?ncio se estendeu entre eles, denso com oposi??o. As almas de seus irm?os, suas esposas e seus filhos pequenos clamavam, desde os confins de sua alma, por vingan?a. — V? em frente. — Broderick rosnou. — Por?m, se arrepender? desta decis?o. Angus deu uma risada e esperou pela aprova??o de Rasheed, que apenas observava o absurdo da cena. Com apenas um aceno de cabe?a do Anci?o, Angus se lan?ou sobre Broderick, trouxe a cabe?a dele para tr?s com um pux?o feroz em seus cabelos e afundou as presas no pesco?o sens?vel de Broderick. Ele gritou e arranhou quando Angus cortou sua garganta. No entanto, a dor que percorreu seu corpo e queimou seu pesco?o logo desapareceu para dar lugar ? euforia de se alimentar, assim como havia sentido com Cordelia, e Broderick caiu nos bra?os de Angus. O contato com Angus se estendeu em uma n?voa profunda. Cordelia costumava sondar sua mente quando bebia dele, mas n?o vivenciou nada disso com Angus. Broderick escorregava mais fundo em dire??o ? morte, a vida se esvaindo. Angus poderia, muito bem, drenar sua vida e mat?-lo. Por fim, Angus interrompeu o contato e baixou Broderick ao ch?o. Rasheed parou e entregou a Angus uma adaga de cabo preto. Cortando um dos pulsos, Angus estendeu a ferida aberta para que Broderick bebesse. Mas Broderick n?o conseguia abrir a boca e aceitar o sangue Vamsiriano que escorria por seu queixo. Era melhor ele recusar e morrer logo. — Fez essa escolha, Rick! — Angus latiu e voltou a cortar o pulso que se curava com rapidez. — Abra a boca! Antes que Broderick pudesse se deleitar com o triunfo por derrotar Angus, o cheiro do sangue assaltou seus sentidos, e ele abriu a boca para receber a imortalidade. Bebeu com vontade e ofegou quando Angus puxou o pulso para cort?-lo mais uma vez. — Sim, Rick. — Angus o persuadiu enquanto Broderick fechava a boca ao redor do corte, tomando goles grandes do l?quido vital. Seu corpo voltou a recuperar a for?a, uma sensa??o calmante moveu-se por suas veias, o sangue alcan?ava seus membros, a garganta formigou. Angus puxou a m?o. Embora Broderick ainda n?o conseguisse fazer seu corpo responder aos pr?prios desejos, ele ficou maravilhado com os sentidos agu?ados. A respira??o dos guardas Vamsirianos do outro lado da sala vibrou contra seus ouvidos. O aroma delicado de verbena, de Cordelia, tocou seu nariz como quando ele se alimentou dela. As veias na mesa de m?rmore preto pareciam brilhar, as fraturas do tamanho de um fio de cabelo eram vis?veis com sua nova vis?o. Angus se virou para Rasheed, enxugando a boca com um len?o. — Por que n?o pude ler a mente dele? Por que n?o pude colher todas as mem?rias? Cordelia sorriu e cerrou os punhos ao lado do corpo, alegria iluminando seus olhos. — Porque meu sangue governa o corpo dele. Voc? n?o pode colher mem?rias que pertencem a outro Vamsiriano, Angus. Queria ganhar tal vantagem sobre Broderick, saber tudo sobre ele, mas n?o conseguiu porque ele foi meu Escravo de Sangue. Ela parecia feliz ao fazer uma revela??o t?o particular. Broderick estremeceu e convulsionou no ch?o, enquanto os dois enormes Vamsirianos interrompiam o momento de alegria de Cordelia. Flanqueando-a, eles agarraram seus bra?os e a escoltaram para fora da sala: — Meu senhor — ela protestou e se soltou das m?os que a agarravam pelos pulsos. — Meu senhor, por favor! As obje??es de Cordelia desapareceram por tr?s da porta fechada, deixando a sala em um sil?ncio pesado, e Broderick ponderou o envolvimento de Cordelia nesta farsa. Ela sabia que Angus faria a transforma??o, embora n?o soubesse dos resultados. Por que essa informa??o causou tanta euforia nela? Rasheed contemplou Broderick deitado no ch?o de pedra com os olhos semicerrados. Ap?s um longo momento, os Anci?es sa?ram da sala pela mesma porta em que Cordelia desaparecera, nenhum deles proferiu uma ?nica palavra. Angus estava de p? acima do corpo de Broderick, tremia de revolta devido ao sangue Vamsiriano que purgava o que restava de sua humanidade. O cheiro de seu inimigo, um distinto toque almiscarado, flutuou ao redor de Broderick, e ele guardou o aroma na mem?ria. — Irm?os por toda a eternidade agora, para sempre unidos por sangue. — ajoelhando-se ao lado de Broderick, Angus sussurrou: — Vou lhe dar esta vantagem, Rick, tempo para conhecer o que se tornou. Use-a com sabedoria. Assim que souber o que precisa, vou ca??-lo. Levantando-se, Angus assentiu e se encaminhou para a sa?da. — N?o se eu encontrar voc? primeiro. — Broderick sorriu com vontade enquanto estremecia e olhava carrancudo para Angus, que marchava para fora do Sal?o Principal. Stewart Glen, Esc?cia — Final do outono, 1505 — Dezenove anos depois Os olhos de Davina Stewart dan?aram de alegria ao vislumbrar as barracas e caravanas coloridas do acampamento cigano. Tantos cheiros ex?ticos passeavam por seus sentidos, a boca se enchia d'?gua em um momento, e ela deu um suspiro de prazer no seguinte. Entre as tochas e fogueiras bruxuleantes, acrobatas se contorciam, malabaristas lan?avam bastonetes flamejantes para o alto, e mercadores agitavam seus produtos, trazidos de todo o mundo, para os transeuntes. O pai de Davina, Parlan, e o irm?o dela, Kehr, pediram licen?a e se dirigiram aos cavalos que os ciganos expuseram ? venda. — Davina. — sua m?e, Lilias, pressionou a m?o no bra?o de Davina e gesticulou na dire??o de uma tenda ao longe. — Myrna e eu estaremos naquela barraca. Pretendo comprar um presente para o seu pai antes que ele e seu irm?o voltem. Fique perto de Rosselyn e n?o se distancie. — Sim, senhora. — observando a m?e e Myrna darem os bra?os e se afastarem, Davina apertou a mand?bula para conter a empolga??o. Rosselyn estava com a boca aberta. Davina pigarreou. — Se quiser ficar aqui encarando nossas m?es, ent?o vai ficar sozinha. Eu, por exemplo, n?o vou perder esta rara oportunidade de explorar minha liberdade. — Davina se virou e correu na dire??o oposta para colocar alguma dist?ncia entre ela e a m?e. Rosselyn correu para alcan??-la e deu o bra?o a Davina. — Como sua criada e guardi? nomeada, preciso lembr?-la que sua m?e avisou para n?o se distanciar? — Acredita que ela nos deixou explorar? — Davina estava maravilhada, e as risadas jorraram por entre as m?os apesar de suas tentativas de cobrir a boca. — N?o explora o suficiente quando visita seu irm?o na corte? — Rosselyn colocou um cacho castanho desgarrado sob a touca. — Bah! — Davina zombou, imitando a exclama??o favorita de seu irm?o. — A corte ? um lugar horr?vel para se estar, sei bem. As mulheres se caluniam, fingem serem amigas, e toda a conversa gira em torno de saias levantadas e encontros secretos com rapazes bonitos no jardim. — Calor subiu ao rosto de Davina ante a fala ousada. Rosselyn deu uma risadinha. — Davina Stewart, voc? est? corando! E deve mesmo! Sua m?e iria a?oit?-la se a ouvisse falando dessa maneira. — Na corte, Ma me mant?m por perto, ent?o n?o, tamb?m n?o exploro muito l?. Vou deleitar-me com a minha liberdade esta noite! — Davina riu, mas a alegria desapareceu ao perceber a impress?o que sua fala deixava. — Ora, n?o me entenda mal. Eu adoro a mam?e, mas… — Sim, ela quase nunca permite que fique fora do alcance dela, muito menos de vista. Rosselyn era dois anos mais velha que os treze de Davina e crescera em sua casa. Foi natural que ela assumisse o papel de criada de Davina, j? que a m?e da menina, Myrna, era a criada de Lilias. Embora Rosselyn cumprisse bem as tarefas de sua posi??o, Davina amava a garota mais velha como uma irm?. Pegando emprestada a ideia da m?e, Davina arrastou Rosselyn para examinar as mercadorias das tendas, procurando comprar presentes para sua fam?lia. Uma adaga de bota com um delineado fino chamou sua aten??o. O Cigano puxou a pequena l?mina da bainha. — Uma l?mina espl?ndida para uma senhora como voc?. — ele se esfor?ou. — Ora, n?o ? para mim, mas para meu irm?o. — Davina rebateu. — Sim, uma bela arma para guardar na bota! V? os desenhos incrustados de prata na l?mina? — ? mesmo prata? — Davina ergueu a adaga e estudou os desenhos celtas que desciam pela l?mina estreita. — Pois claro! Uma obra de arte! — quando ele disse o pre?o, ela estremeceu. — Prata de verdade, eu prometo. Ela devolveu a l?mina, mas o ourives n?o a aceitou. Ele olhou ao redor e ent?o sussurrou, em um tom conspirat?rio, um pre?o mais baixo. N?o muito mais baixo, mas o suficiente. Davina entregou a moeda. Rosselyn puxou a manga de Davina. — Olha… — ela disse apontando para uma mulher idosa. A cigana exibia uma longa tran?a prateada e um len?o escarlate cobria a cabe?a. A mulher acenou para elas. Ela se sentava ao lado de uma barraca de lona pintada com uma cena impressionante de uma mulher de cabelos louros sentada atr?s de uma mesa exibindo uma s?rie de objetos. Estrelas, luas e outros s?mbolos estranhos que Davina n?o reconheceu flutuavam em torno dos cabelos loiros em cascata da mulher. — O que ser? que ela vende? — Davina sussurrou com admira??o. Rosselyn olhou para o c?rculo de tendas e carro?as na dire??o de suas m?es. Lilias e Myrna estavam diante de uma s?rie de fitas penduradas nos bra?os de um homem. Agarrando a m?o de Davina, um largo sorriso se espalhou nos l?bios finos de Rosselyn e um brilho de travessura tocou seus olhos castanhos. — Venha! Davina se atrapalhou para acompanhar Rosselyn que puxava sua m?o, as duas correram at? pararem, sem f?lego, diante da cigana. — Ansiosa para ver sua sorte, pelo que vejo. — disse a cigana com um ador?vel sotaque franc?s, e acenou com a m?o enrugada em dire??o ? aba da tenda. — Apenas uma de cada vez, s'il vouspla?t. — V? primeiro, Roz. — encorajou Davina. Rosselyn deu um passo em dire??o ? abertura da tenda e ent?o parou. Voltando-se, ela olhou de relance entre Davina e a Cigana. — Ela n?o deve ir a lugar nenhum. — desviando os olhos de volta para Davina, ela apontou um dedo repreendendo. — N?o saia daqui, entendeu? Sua m?e exibiria minha cabe?a em uma lan?a caso voc? vague por a? sem mim. A mulher agarrou a m?o de Davina e a massageou devagar com suas m?os quentes. — N?o tenha medo, mademoiselle, vou proteg?-la com minha vida enquanto tomamos um ch?. — conduzindo Davina a um banquinho ao lado do fogo, Rosselyn pareceu contente com o arranjo e correu para a tenda, ansiosa por sua sess?o. — Gosta de ch?, oui? — a mulher olhou para a palma da m?o de Davina. — Eu sou Amice. — Meu nome ? Davina. — ela respondeu em franc?s. Como era costume nas cortes escocesas, Davina havia estudado franc?s, mesmo que a liga??o de sua fam?lia com a corte fosse distante: — E sim, eu ficaria muito feliz com uma x?cara de ch?. — um largo sorriso se espalhou pela boca de Amice enquanto Davina falava a l?ngua nativa da idosa. Davina observou-a enquanto a cigana estudava sua m?o, apertando os olhos para as linhas. — O que v?? Amice encolheu os ombros, esfregou o centro da palma da m?o de Davina e sorriu para ela. Olhos jovens fitaram Davina em meio ?s rugas do tempo em seu rosto. — Meus olhos est?o velhos e n?o vejo nada. Sua palma ser? lida, sim? — Lida? — Davina franziu as sobrancelhas. — ? poss?vel ler a palma da m?o como se l? um livro? Amice acenou com a m?o em desd?m. — De certo modo, sim. Ela pediu a Davina, com gentileza, que se sentasse e, antes de sentar-se em seu banquinho, entregou a Davina dois copos de barro. Davina colocou o presente do irm?o no colo para liberar as m?os. Amice estendeu a m?o para tr?s e pegou uma pequena cesta. Polvilhando algumas folhas de ch? nas x?caras, ela colocou a cesta de lado. Do toco cortado entre elas, que servia de mesa improvisada, Amice pegou um pano pesado para agarrar uma chaleira que estava sobre o fogo. Ela sorriu e despejou ?gua quente nas duas x?caras de ch?, enchendo uma apenas pela metade, que pegou para si, e deixando a cheia para Davina. O frio do ar noturno formigou nas bochechas de Davina, e ela segurou a x?cara aquecida entre as m?os, soprando o l?quido ?mbar. Um rangido soou atr?s, e ela se virou para ver uma jovem com cabelos dourados e emaranhados espiando pela porta da carro?a cigana. A garota parecia apenas alguns anos mais nova do que os treze de Davina. Davina sorriu e deu um aceno t?mido. A garota franziu a testa, mostrou a l?ngua e voltou para dentro. Boquiaberta com o comportamento rude da menina, Davina se virou e fez uma careta para o ch?. Mais da metade de sua x?cara j? havia sido tomada quando ela notou que Amice n?o tomara nada ainda, e recolocara a x?cara no toco. Antes que Davina pudesse perguntar, Rosselyn saiu da tenda, esfregando a palma da m?o e sorrindo. — Fascinante, milady! — Minha nossa! Foi r?pido! — Davina lan?ou um olhar de pesar para Amice. Amice acenou para Rosselyn. — Venha, preparei uma x?cara de ch? para voc?. — inclinando-se, ela pegou a chaleira e encheu a x?cara no toco. Com as folhas j? maceradas, a ?gua tornou-se uma x?cara de ch? bem quente. Que inteligente! Davina pensou. Enquanto Rosselyn e Amice se apresentavam, Davina deu um ?ltimo gole no ch?, com cuidado para n?o engolir as folhas soltas, e entregou a x?cara a Amice para entrar na tenda. O aroma pungente de incenso flutuou pelo ar, e ela suspirou pelo aroma ex?tico. A ilumina??o fraca criara uma atmosfera relaxante. A luz externa lan?ada pelo fogo formava sombras nas paredes de tecido, criando um ambiente de sonho. Uma mesa estava localizada na outra extremidade com uma banqueta posicionada diante dela. L?mpadas a ?leo em suportes de ferro iluminavam uma cesta em um canto da mesa, e detr?s dela n?o estava sentada outra velha ou cigana enfeitada como Davina esperava, mas o maior homem que ela j? havia visto. E t?o lindo! Seu cora??o inexperiente bateu forte dentro de sua figura esgani?ada quando o olhar penetrante dele encontrou o dela. Este gigante fazia todo o ambiente parecer pequeno. Seu peito e bra?os pareciam dominar o tecido de linho da camisa dele. Uma pequena abertura no colarinho revelava uma massa de pelos ruivos cacheados, t?o flamejantes quanto os fios em sua cabe?a, impressionante ? luz da lamparina. Rubor s?bito aqueceu o rosto de Davina ante a mistura de emo??es desconhecidas que a percorria com a simples vis?o dele, e ela estendeu a m?o para a aba da tenda, pensando em fugir daquele homem encantador. — Por favor, mo?a. — ele disse, a voz profunda e suave, como creme, ele se inclinou, apoiando um cotovelo na mesa e estendeu a outra na dire??o dela, a mesa rangeu em protesto. — Deixe-me ler sua palma. Atra?da pela voz sedosa e aqueles olhos semicerrados, Davina soltou a aba e sentou-se diante dele. — Meu nome ? Davina. — ela comentou, tentando adiar o contato. — Uma honra conhec?-la, senhora. Meu nome ? Broderick. — ele sorriu, e as entranhas de Davina derreteram como neve na primavera. — Broderick… — ela sussurrou, saboreando o nome. Limpando a garganta, ela reuniu suas for?as, colocou o presente de Kehr na mesa e estendeu a m?o. — N?o h? nada a temer, mo?a. — ele a assegurou, e quando ele tocou sua m?o, a ansiedade desapareceu. Broderick fechou os olhos, deixando a cabe?a cair um pouco para tr?s, o nariz aquilino sombreando uma bochecha cinzelada. Davina se inclinou em dire??o a ele, atra?da por seus tra?os bonitos e a for?a que emanava de seu corpo. Ela n?o p?de deixar de compar?-lo a seu irm?o Kehr. Nenhum homem que ela j? viu conseguia desbancar a vis?o que seu irm?o representava: bonito, espirituoso, charmoso, engra?ado, grande em estatura e car?ter. No entanto, este gigante cigano era algo para se ver. Ele abriu um breve sorriso, e uma covinha atraente apareceu logo ? esquerda de sua boca, induzindo-a a sorrir. — Tem uma vida feliz, mo?a. Uma fam?lia cheia de amor e carinho. Um lugar especial em seu cora??o para… Kehr. Davina arfou. Como ele sabia o nome do irm?o? Ela torceu os l?bios. — Rosselyn contou de meu irm?o. Ele abriu os olhos e sorriu. — Bem, eu tamb?m vi o rapaz na vida dela, mas o que eu disse do seu irm?o, aprendi com voc?. N?o acredita em vid?ncia? Davina pigarreou. — N?o disse nada para me convencer de que ? vidente, senhor. Uma risada retumbou desde o centro do peito dele, e o cora??o dela bateu forte contra as costelas. As p?lpebras fecharam em concentra??o. — Mel. Tem uma paix?o especial pelo mel. E seu irm?o compartilha essa paix?o com voc?. — ele abriu os olhos e balan?ou a cabe?a. — Tsc, tsc, tsc… Ora, mo?a. Voc? e Kehr precisam ser mais cautelosos em seus ataques noturnos. Voc?s dois se entregar?o se comerem tanto de uma vez. Sugiro que reduzam os assaltos para evitar problemas. Ele piscou. O rosto de Davina ardeu de vergonha, mas logo deu lugar ? admira??o. Como ele poderia saber que ela e Kehr escapavam pelos corredores do castelo ? noite para assaltar o suprimento de mel? Broderick se inclinou para frente e sussurrou: — N?o tenha medo, mo?a. Seu segredo est? seguro comigo. Davina baixou a cabe?a, escondendo o sorriso, e depois ficou hipnotizada enquanto o gigante voltava a m?o dela para a luz da lamparina e estudava as linhas. Ela deslizou para frente quando uma ruga se formou na testa dele. — O que v?, senhor? Seus rostos estavam muito pr?ximos enquanto a voz profunda a advertia. — N?o posso mentir para voc?, mo?a. Seria um desastre. — Um desastre? — Sim. — os olhos verde-esmeralda dele perfuraram os dela. — Tempos nada agrad?veis est?o para chegar. Mas n?o deve perder a f?. Possui muita for?a. Use essa for?a e segure com firmeza o que lhe ? mais caro, pois ? isso que a ajudar? a atravessar os tempos dif?ceis que est?o por vir. — O que est? para acontecer, senhor? — ela o pressionou. — ? desconhecido para mim. N?o sei os detalhes. As linhas na palma da m?o n?o revelam detalhes mais espec?ficos, apenas dizem que h? conflitos em seu futuro. Basta lembrar-se do que falei. Mantenha-se firme em sua for?a. Ele levou os l?bios ? m?o dela e beijou os n?s dos dedos antes de soltar. Aturdida e boquiaberta, ela olhou para ele, sentia-se enraizada na banqueta. O canto da boca dele se curvou, revelando a covinha, e ela devolveu o sorriso, conseguia ouvir o bater do cora??o no pr?prio peito. Broderick pigarreou e acenou com a cabe?a em dire??o ? cesta. Ela sorriu mais ainda, ainda o encarando, e ele acenou com a cabe?a em dire??o ? cesta mais uma vez. Retribuiu o aceno, olhou para a cesta e quase se engasgou ao perceber. Ele queria que ela o pagasse! Muito envergonhada por seu comportamento rid?culo e deslumbrado, ela se atrapalhou para puxar alguns lingotes da bolsa em sua cintura e os colocou na cesta, correndo para fora da tenda sem olhar para tr?s. Davina parou perto da entrada, recuperando o f?lego e desejando que seu rosto parasse de queimar. Engolindo em seco, ela se virou para a cigana. — Obrigada por sentar-se com Rosselyn, Amice. Colocando mais moedas na m?o da mulher, Davina deu um sorriso inquieto enquanto Rosselyn entregava a x?cara de ch? vazia a Amice. Agarrando a m?o de Rosselyn, Davina arrastou a criada para longe, tentando deixar o constrangimento de lado. — Senhora, o que a incomoda? — Rosselyn parou Davina, agarrando-a pelos ombros e confrontando-a. As palavras sa?ram da boca de Davina depressa enquanto ela agitava as m?os como um p?ssaro ferido. — Ora, eu agi como uma paspalha! Fiquei sentada olhando para ele como uma cor?a. Ele era t?o bonito, Rosselyn! Meu cora??o n?o para de bater no meu peito! O que me atormenta? — Davina abanou o rosto em uma tentativa fracassada de esfriar a queima??o em seu rosto. Rosselyn riu e abra?ou Davina. — Minha querida Davina, acredito que o cigano roubou seu cora??o! Davina tapou a boca com as m?os. — Pelos santos! Deixei o presente do meu irm?o na mesa! Aprumando-se na medida do poss?vel, Rosselyn voltou para a tenda do vidente. — Venha, ent?o. Vamos voltar e busc?-lo. Davina puxou a m?o de Rosselyn com toda a for?a, puxando a amiga de volta. — N?o! N?o posso voltar a encar?-lo. Eu vou, com certeza, morrer de… de… Rosselyn esfregou os ombros de Davina como se para confort?-la. — N?o se preocupe! Busco para voc?. Venha comigo e fique atr?s da carro?a para que ele n?o a veja. Elas se arrastaram pelo canto e olharam o entorno da carro?a do quiromante. Amice parecia estudar as x?caras de ch?, inclinando-as para frente e para tr?s. Broderick saiu da tenda, e Davina agarrou Rosselyn, puxando-a de volta para fora de vista. — O que est? fazendo, Amice? — o som da voz dele, grossa, fez os joelhos de Davina cederem, e ela se atreveu a espiar ao redor da carro?a com Rosselyn. — Uma pequena leitura das folhas de ch?. — disse ela em franc?s, mantendo os olhos fixos nas folhas. Rosselyn se virou para Davina e deu de ombros, pois Rosselyn n?o falava franc?s. Davina indicou que contaria a ela mais tarde e trocou de lugar com Rosselyn para ouvir melhor a conversa. — Das duas jovens? — ele perguntou. — Sim. — Amice sorriu. — O cora??o dela ? seu e para sempre, meu filho. O gigante ergueu a sobrancelha com curiosidade. — De quem? — Da doce Davina. — disse Amice, agitando uma das x?caras no ar enquanto olhava para a outra. Davina quase desmaiou com as batidas r?pidas de seu cora??o. — Bobagem, a menina n?o vai se lembrar de mim quando estiver em idade de arrumar marido. — ele riu. — No entanto, a clara admira??o dela, por mim, foi muito lisonjeira. Ela ? bonita agora, mas ser? ela quem vai roubar cora??es quando chegar ? idade adulta. Ele me acha bonita! Ele me acha bonita! Davina gastou toda sua energia para n?o saltitar como uma pulga. Ela mordeu o dedo indicador para silenciar uma risadinha inebriante. — Ela ? que vai roubar seu cora??o, meu filho. — Amice entregou a x?cara, e Davina abriu a boca com admira??o. Ele olhou para dentro da x?cara, franziu a testa e a devolveu a Amice. Dando de ombros, ele sorriu e entregou o embrulho com o presente de Kehr. — Bem, j? que ela vai voltar e ser meu verdadeiro amor, d? isso a ela. — Amice por fim parou de olhar o fundo da x?cara e se atentou ao pacote. — Ela saiu com tanta pressa que deixou esse fardel na tenda. — Balan?ando a cabe?a, ele se virou e voltou para a tenda. Amice continuou sorrindo, lendo as folhas de ch?. Davina agarrou-se ? lateral da carro?a, a boca ainda aberta. Vendo Broderick desaparecer, Rosselyn deu um passo ? frente, pediu desculpas r?pidas e recuperou a adaga, conduzindo Davina para longe da carro?a, ela s? falou quando notou estarem fora do alcance de ouvidos alheios. — O que eles disseram? Voc? parecia prestes a desmaiar! Davina cambaleou para a frente como se estivesse em transe, a boca aberta e o corpo dormente. O mais leve sorriso apareceu em seus l?bios. Cap?tulo Dois Stewart Glen, Esc?cia — Ver?o de 1513 — Oito anos depois — Imploro que perdoe meu filho, Parlan. Davina Stewart-Russell parou ao som da voz do sogro e ficou perto da porta que estava prestes a atravessar, da sala de estar da casa de sua inf?ncia. O r?pido olhar que lan?ou no c?modo, antes que recuasse para se esconder, proporcionou o momento que ela precisava para ver a cena. Seu pai, Parlan, estava diante da lareira de pedra constru?da com as rochas irregulares da regi?o, os bra?os cruzados e as costas para a sala. Munro, o sogro, estava ao lado direito da lareira, as m?os cruzadas e apoiadas no punho da espada, falava com o pai dela. Seu marido, Ian, estava mais para tr?s, entre os dois homens, a cabe?a baixa e os ombros curvados em uma posi??o nada caracter?stica de submiss?o. Todos estavam de costas para Davina, ent?o n?o a viram se aproximando nem a retirada apressada. Ainda detr?s da porta, protegida pela madeira entreaberta, ela espiou por entre as dobradi?as. Munro continuava sua peti??o em nome do filho, falava como se Ian n?o estivesse presente. — Como discutimos por um longo tempo, o montante de responsabilidade n?o ? bom para Ian. Agrade?o sua paci?ncia e disposi??o de trabalhar comigo para ele se estabelecer no papel de marido e pai. — N?o farei esfor?os para apresent?-lo a nenhum contato real at? que Ian mostre sinais de amadurecimento. — Parlan se virou para Munro e cruzou os bra?os, uma posi??o que Davina conhecia t?o bem e mostrava a solidez quanto ao assunto. — E voc? faria bem em fechar os cofres para ele. Como sabe, ele j? gastou todo o dote de Davina. — Sim, Parlan. Eu… — Pai, por favor! — Ian protestou. — Segure essa l?ngua, rapaz, ou eu a cortarei! — Munro olhou para Ian at? que a cabe?a do mais jovem se curvasse. O cora??o disparado de Davina a deixou sem f?lego pelo medo de ser descoberta e devido a rara demonstra??o de tamanha subservi?ncia do marido. Davina quase desmaiou com a mistura de empolga??o e apreens?o que a invadiu. Quantas vezes o marido a fez se sentir da mesma maneira? Quantas vezes ele a silenciou com uma m?o pesada? Ver Ian sujeito a outra autoridade a fez querer pular de alegria. No entanto, seus membros tremiam ante a ideia de Ian descobri-la testemunhando este momento e vangloriar-se, em privado, ao disciplin?-la. Ela lutou para permanecer em uma audi?ncia silenciosa. A testa de Parlan se enrugou, pensativa, enquanto estudava Ian e Munro. Quando Munro pareceu satisfeito com o sil?ncio do filho, ele voltou-se para Parlan. — Temo que voc? esteja certo, Parlan. Eu esperava que ele restringisse os pr?prios gastos e gostaria de poder dizer para onde o dinheiro est? indo… — ele olhou para o filho. — Contudo, concordo com o curso de a??o sugerido. — Pai, eu tentei! — Ian contestou. — N?o provei ser um marido melhor? Munro deu um passo ? frente e deu um tapa no rapaz, fazendo com que a cabe?a de Ian tombasse para o lado, espirrando sangue no ch?o de pedra. Uma medida de culpa pulsou na consci?ncia de Davina por gostar da situa??o do marido. Ao mesmo tempo, ela ponderou o significado por tr?s de “um marido melhor”. Em verdade, Ian tornara-se ainda mais brutal nos ?ltimos quatro anos e pouco. Ele acreditava que disciplinar a esposa com mais severidade era o que o tornava um bom marido? Munro ergueu o punho, e Ian se preparou para outro golpe. — Chega! — Parlan gritou. — Agora posso ver onde seu filho aprendeu t?cnicas de disciplina. Munro se ergueu, esticando o peito em desafio. — Disciplina severa ? a ?nica maneira de ele entender, Parlan. Confie em mim. — Talvez, pois n?o conhe?o seu filho o suficiente, mas conhe?o Davina, e essa forma de puni??o n?o ? necess?ria com ela. Embora possa ser bastante dram?tica, ela ? uma mulher razo?vel e uma conversa basta. Sei que um homem tem o direito de fazer o que quiser com a esposa, e algumas mulheres precisam ser disciplinadas com um elemento de for?a, mas minha filha n?o. Davina lutou para continuar a enxergar atrav?s das l?grimas que inundavam seus olhos ante a defesa do pai. Ela n?o sabia que seu pai sabia. O orgulho e um al?vio maior em seu peito decerto a fariam explodir! — Firmamos esse contrato de casamento para benef?cios m?tuos. — continuou Parlan. — Como sou primo de segundo grau do Rei James, voc? conseguiu conex?es valiosas. Os Russell t?m riqueza para investimentos e oportunidades de neg?cios para mim e meu filho, Kehr. — ele deu um passo em dire??o a Munro, amea?a em seus olhos e a voz quase em um sussurro, e Davina se esfor?ou para ouvi-lo. — No entanto, n?o aceitei brutalidade com a minha filha como parte da troca. Munro voltou a olhar para o filho. — Mais uma vez, Parlan, devo implorar que perdoe meu filho. — ele se virou para o pai dela, mais arrependido. — E imploro que me perdoe por tudo o que eu possa ter feito para contribuir para o zelo excessivo de meu filho como marido. Um arrepio percorreu Davina. Embora Munro possa ter soado sincero, e a express?o de aceita??o no rosto de seu pai indicava que ele acreditava no homem, o mesmo tom de humildade fingida vinha de Ian com frequ?ncia. No entanto, essa humildade sempre se provou ser um baile de m?scaras elaborado. At? mesmo as palavras indicavam que ele n?o se considerava culpado de nada: “O que quer eutenha feito…” Nos quatorze meses que Davina e Ian estiveram casados, ela notou esses sinais velados destinados a atrair simpatia e rendi??o, mas que, na verdade, indicavam a verdade por tr?s da fachada. Munro voltou os olhos penetrantes para Ian enquanto falava. — Para mostrar meus esfor?os em consertar a situa??o, Parlan, eu farei como sugere e fecharei meus cofres para meu filho. Um sabor sutil de satisfa??o presun?osa tocou as fei??es de Munro enquanto ele mantinha esta posi??o de poder quanto ao filho. Davina reconheceu com facilidade o corpo de Ian tremendo de raiva oculta, os punhos cerrados atr?s das costas. Um terror agourento fluiu atrav?s dela, como a ?gua gelada de uma corrente de inverno levando-a para baixo em sua escurid?o tenebrosa. Ela com certeza seria o alvo da frustra??o dele, assim que estivessem sozinhos e voltassem para mans?o fria somente deles. Mantenha essa imagem de for?a, Davina entoou para si, como j? fizera in?meras vezes antes, sendo a voz e o rosto de Broderick essa for?a. Sempre que a tristeza ou o desespero amea?avam consumi-la e deix?-la louca, ela se concentrava naqueles cabelos ruivos e flamejantes, em seu peito largo e nos bra?os fortes, envolvendo-a em um casulo de seguran?a, os l?bios cheios pressionando um beijo reconfortante na testa dela. Broderick nunca a trataria como Ian, e ela encontrou ref?gio na fantasia de ser a esposa do cigano. Naquele mundo, naquele reino de fantasia, Ian n?o poderia toc?-la, quebrar seu esp?rito, nem destruir seu orgulho. Girando nos calcanhares, Munro encarou Parlan mais uma vez e deu um breve aceno de cabe?a que chamou a aten??o de Davina. — Um conselho muito s?bio, de fato, e estou envergonhado de n?o ter pensado nisso. — Responsabilidade envolve mais do que a gest?o das finan?as, Ian. — Parlan estava diante do genro, olhando carrancudo para o topo da cabe?a baixa do rapaz. — Davina ? de bom cora??o, tem uma alma amorosa… — Mais um motivo para eu estar muito feliz com a uni?o. — interrompeu Munro, ficando ao lado de Ian. — Ela ? a doce m?o que vai acalmar a besta que vive dentro de meu filho. Tenho certeza de que voc? viu sabedoria nisso, por isso concordou com a uni?o. Davina ter? sucesso em tornar meu filho um marido e pai amoroso. O rosto de Parlan ficou sombrio, e se aproximou dos dois homens. Estudando-os, seus olhos pousaram em Ian, que encontrou seu olhar. — ? dif?cil se tornar pai, Ian, quando se espanca aquela que vai carregar seus filhos. Davina usou a manga do vestido para segurar as l?grimas de alegria. A solid?o havia sido sua ?nica companhia sob as m?os brutais do marido, e o filho que ela perdeu foi uma dor mais triste do que ela poderia suportar. Ela n?o fazia ideia de que o pai sabia do que ela sofrera. Ian a amea?ava repetidas vezes, dizendo que s? cumpria o dever de um marido disciplinando uma esposa indisciplinada, que se ela dissesse algo a algu?m acerca da constante corre??o merecida, ela se arrependeria. Depois que lutar contra ele provou trazer mais de seu lado dominante ? tona, ela come?ou a acreditar ser a culpada, e que sim, ela mesma atra?a a ira dele para cima dela. Afinal, muitas de suas primas falaram sobre a disciplina que todas as mulheres devem suportar nas m?os dos maridos, at? mesmo os m?todos cru?is que alguns escolhiam para lev?-las para a cama. Por que sua situa??o deveria ser diferente? Os humores inconsistentes de Ian a deixavam cautelosa o tempo todo. Em um momento ele demonstrava aten??o amorosa, sussurrava promessas; e, no seguinte, a culpava por qualquer raz?o que o fizesse perder o bom humor. A mente dela girava com a torrente de v?rias acusa??es e raz?es para as mudan?as de humor dele. ?s vezes, Davina mal conseguia distinguir altos e baixos, e todas as racionaliza??es eram insuficientes para o caos de suas circunst?ncias. Ao ver seu pai vir em sua defesa e saber que ele enxergava a verdade, ela agarrou-se ? parede para firmar as pernas, dobrando-se de puro al?vio. Ela n?o estava louca! N?o era culpada! — Segure seu dinheiro, ent?o, Munro, at? que Ian possa provar ser mais gentil com Davina, ela voltar? para minha casa, e aqui o cortejo recome?ar?. Ian virou a cabe?a na dire??o do pai, e Munro deixou a boca se abrir. — Agora, Parlan, creio que est? indo longe demais. N?o h? necessidade de incomodar Davina a ponto de traz?-la de volta para c?, para suportar a instabilidade de uma vida dom?stica inconstante. — Uma vida dom?stica segura e amorosa ? melhor do que as duras penas que ela suportou sob seu teto. Vou providenciar para que os pertences dela sejam trazidos de volta agora mesmo. — Parlan estreitou os olhos na dire??o de Ian. — Se quer ter acesso ? coroa, rapaz, ? melhor provar ser um marido amoroso, digno dos meus futuros netos. Davina lutou para acalmar as batidas fortes de seu cora??o que agora estava em total descompasso. Ela voltaria para casa! — Parlan. — Munro colocou uma m?o reconfortante no ombro do pai dela. — Posso garantir que Davina estar? segura sob meu teto. Agora que estou ciente da situa??o… — Os maus tratos estavam ocorrendo sob o seu nariz, e voc? n?o foi capaz de enxergar! — Parlan rugiu. Munro baixou a cabe?a, recuando e assentindo. — Est? certo, Parlan. N?o posso expressar o pesar de minha ignor?ncia pela dor que causei a sua preciosa filha. Hoje vejo Davina como a filha que sempre quis, e lamento que minha esposa n?o tenha vivido para conhec?-la. — Munro se virou e iniciou uma passada acelerada, um vai-e-vem, as m?os atr?s das costas, uma vis?o de arrependimento. — Creio que se Ian tivesse a influ?ncia amorosa de minha esposa, ele poderia ter aprendido a ser um marido mais gentil. Temo que minha aten??o a quest?es de propriedade e riquezas tenha me dado pouco tempo com ele, ent?o falhei em meu dever de ensinar certas coisas. — voltando os olhos tristes para Parlan, Munro defendeu seu caso. — Entendo sua decis?o, e se deseja mant?-la, n?o lutarei com voc?. No entanto, imploro que me d? a chance de consertar isso. Meus olhos est?o abertos, e eu serei o protetor de Davina. Vou manter Ian sob controle. Davina esperou, a respira??o presa no peito, enquanto ousava ter esperan?as na seguran?a que seu pai oferecia. Os momentos se prolongaram por uma infinidade de tempo enquanto ela observava Parlan considerar as palavras de Munro. Com um suspiro profundo, ele assentiu. — Concederei. Davina abriu a boca, e seu cora??o mergulhou para as profundezas de seu ?mago. — Com uma condi??o: todos ficar?o aqui, como nossos h?spedes, por quinze dias ou mais. Desejo passar um tempo com minha filha, e que ela tenha uma chance de al?vio. Assim como um per?odo de observa??o para seu filho. — Parlan apontou um dedo para o rosto de Munro e rosnou: — Entretanto, se eu vir o menor sinal de tristeza nos olhos da minha filha, qualquer ind?cio de marcas em seu corpo, se eu n?o vir seu comportamento mudar para o de uma mulher contente e feliz em pouco tempo, eu anularei este casamento, n?o importa o esc?ndalo ou o preju?zo que tal a??o me traga. Munro apertou a mand?bula, e seus olhos ficaram frios. — Sim, tenho certeza de que esc?ndalo ? algo com que est? bem-acostumado a lidar, considerando seu hist?rico. O rosto de Parlan ficou vermelho. — Mesmo desconsiderando de onde venho — ele rangeu os dentes. —, ainda sou aquele que tem conex?es com a coroa, e n?o apenas atrav?s do meu nascimento ileg?timo. Ser primo e ter crescido lado a lado daquele que est? hoje no trono tem seus privil?gios. Os dois homens se encararam em uma competi??o silenciosa, mas um largo sorriso por fim apareceu no rosto de Munro. — N?o se preocupe, meu amigo! N?o ficar? desapontado. Ian ser? um genro modelo e teremos muitos netos dos quais nos orgulhar! Os tapas vigorosos de Munro nas costas de Parlan n?o fizeram nada para apagar a linha determinada da boca de Parlan, mas ele ainda assentiu. Davina engoliu em seco as novas l?grimas de consterna??o que amea?avam delat?-la. Afastando-se da porta, ela caminhou em sil?ncio pelo corredor, para longe desta reuni?o de homens, esta domina??o masculina que gerava um destino cheio de condena??o para a vida dela. Enquanto cambaleava pela cozinha, ia at? o p?tio vazio e passava atr?s dos est?bulos, seu cora??o afundou ainda mais com a ideia da prote??o de Munro na qual ela n?o tinha f?. Ela nunca disse uma palavra ao pai, e Parlan sabia que Ian a estava maltratando pelas poucas visitas que os pais haviam feito, ou nas breves visitas deles ? casa do pai. Como Munro p?de ficar ali, fingindo ignorar o que acontecia sob seu pr?prio teto? Ela afundou em uma pequena pilha de palha atr?s de alguns barris para coleta da chuva, puxou os joelhos contra o peito e enterrou o rosto nos bra?os, deixou as l?grimas rolarem. Nenhuma vez durante esse horror e farsa de casamento ela confidenciou ao irm?o Kehr. Mesmo agora, ela n?o podia ir at? ele, j? que ele estava em Edimburgo, a pelo menos tr?s dias de viagem da casa deles em Stewart Glen. Por que ela nunca compartilhou nenhuma de suas ang?stias em rela??o a Ian com o irm?o? Ela n?o conseguia raciocinar neste momento. Compartilhava tudo com ele, incluindo as fantasias de ser a esposa do cigano vidente. N?o os detalhes ?ntimos, ? claro, mas a ideia de ele voltar e declarar seu amor por ela. Ela sentia-se grata porque o irm?o aceitava os devaneios dela, embora a provocasse de vez em quando. Kehr sempre a apoiou, mas a alertou para n?o ficar muito presa aos sonhos. Afinal, era uma fantasia. Respirando fundo, ela acalmou o cora??o que batia forte e apertou as m?os, buscando suas fantasias para aliviar a preocupa??o. Que impress?o ele causara nela, o gigante vidente cigano. Ela havia aproveitado muitas viagens ao acampamento cigano durante a ?ltima estada deles aqui, conversou com Amice, tomaram ch? perto do fogo. Quase sem olhar para Davina, Broderick ia e vinha, contando o futuro e cuidando de seus neg?cios. Muito t?mida para se dirigir a ele de maneira direta, Davina aproveitava cada oportunidade que o via, a paix?o crescendo. E quando ele se dirigia a ela, ela n?o conseguiu formar mais do que duas palavras sem uma onda de risos. Contudo, memorizou cada tra?o do rosto de Broderick: a curva de seu nariz aquilino, o ?ngulo bonito das ma??s do rosto, a linha definida da mand?bula quadrada. Na tenra idade de treze anos, a inoc?ncia e a inexperi?ncia temperaram seus devaneios com passeios pelas florestas enluaradas e beijos roubados. Conforme ela crescia, essas fantasias amadureceram e queimavam com abra?os cheios de paix?o. Amice disse que eles voltariam. Nos oito anos desde que ela o conheceu, cada caravana de ciganos que viajava pela pequena vila de Stewart Glen colocava seu cora??o em chamas, que logo se apagavam pela decep??o por ele n?o estar entre eles. Quando seu pai firmou o contrato de casamento com Munro, dando a m?o dela a Ian, ela se for?ou a abandonar os sonhos, e chegou ? conclus?o realista que precisava deixar os caprichos de lado, como seu irm?o encorajou. A realidade sombria da uni?o com Ian, entretanto, ressuscitou tais fantasias, e ela se agarrava como se pudessem salvar sua vida. Gatinhos miaram em algum lugar nos est?bulos, gritinhos indefesos chamando a aten??o dela e fazendo curvar os l?bios em simpatia. Ela suspirou. Pelo menos seu cora??o parou de retumbar acelerado, e as m?os estavam firmes mais uma vez. Apoiando a cabe?a contra a estrutura de madeira dos est?bulos, ela olhou para as pedras da parede do per?metro do outro lado… pedras que seu pai colocara com suas pr?prias m?os. Ela sorriu ao se lembrar da tentativa dele de projetar a abertura secreta localizada no lado norte da parede do per?metro, na parte de tr?s do terreno, ? sua esquerda. Ele reclamou como os mecanismos eram imperfeitos. Kehr e Davina adoravam usar a passagem secreta para se divertir ao longo dos anos, embora com a severa advert?ncia do pai para n?o revelar o local exato. Mesmo que a casa n?o tenha sido projetada para ser uma fortaleza formid?vel contra um ex?rcito, os muros os mantinham seguros por levar todo o tr?fego para os port?es da frente. Parlan sempre se preocupou com a fam?lia, como um pai respons?vel deve fazer. Ela se assustou com um barulho do outro lado da parede que se encostava e levou a m?o ao peito, for?ando a respira??o a desacelerar. Sem mover um m?sculo ou ousar respirar, ela esperou por qualquer outro som para revelar o que aconteceu. O sangue sumiu de seu rosto quando os resmungos de Ian chegaram aos ouvidos dela. Protestos profundos e nervosos ecoaram dos cavalos nos est?bulos enquanto Ian chutava o que parecia ser baldes ou bancos. — Megera! ? tudo culpa dela! — o tilintar de fivelas e arreios soou em meio ? como??o. — Fique quieto, seu animal est?pido! Davina se agachou ainda mais no ch?o e espiou pelas fendas nas venezianas da abertura acima dela. Ian se atrapalhava para selar seu cavalo. Ela estremeceu a cada pux?o e empurr?o que o cavalo suportava do mestre, at? que o cavalari?o Fife pigarreou ao se aproximar da baia. — Posso ajudar, Mestre Ian? Ian recuou ao ouvir a voz de Fife e respirou fundo para se acalmar, afastando-se do cavalo. — Sim, Fife, eu agradeceria. O cora??o de Davina se contraiu ao ver o belo sorriso de Ian e o ar encantador. Ele agira assim com ela, durante o namoro, mas agora mostrava esse lado de sua personalidade a todos, menos a ela. As pessoas n?o suspeitavam do homem cruel por tr?s de um exterior atraente. — Algo o incomoda, Mestre Ian? — Fife esfregou o nariz grande e redondo, semicerrando os olhos marcados pela idade enquanto dava tapinhas no pesco?o do cavalo e contornava o outro lado para prender as tiras de couro. — Oras, s? um pequeno desentendimento com meu pai. Nada grave. — Ian sorriu e balan?ou a cabe?a. — Ser? que em algum momento deixamos de ter desentendimentos com os nossos pais, eu me pergunto? Fife riu e balan?ou a cabe?a, baixando a guarda. — ? uma batalha sem fim que devemos suportar a vida toda, rapaz. Uma vida inteira. — ambos compartilharam uma risada ante tal sabedoria. Fife passou as r?deas para Ian. — Pegue leve com ela, Mestre Ian. Corra um pouco para aliviar a tens?o dela, e volte na hora do jantar. Ian balan?ou a cabe?a com bom humor e subiu na sela de maneira elegante. — Sinto que tenho mais de um pai por aqui com a maneira como voc? e Parlan me amam. — S? estou cuidando de voc?, Mestre Ian. — Fife acenou enquanto observava Ian virar o cavalo e se dirigir ao port?o da frente. — Bom rapaz. — ele sussurrou enquanto arrumava os est?bulos. Davina mordeu o l?bio inferior em frustra??o. Ela era a ?nica que via a crueldade de Ian? Cerrando os punhos, ela saiu de tr?s dos est?bulos e voltou para o castelo, Fife lan?ou um olhar perplexo quando ela fechou a porta. N?o, ela n?o era a ?nica. O pai dela tinha olhos atentos, e ela estava certa de que ele conhecia a extens?o da brutalidade de Ian. Ela voltou direto para a sala de estar, mas a encontrou vazia, o fogo ainda queimando na lareira. Girando nos calcanhares, ela quase trombou com a m?e. — Ora! Davina, voc? me deu um susto! — Lilias levou a m?o ao peito e prendeu a respira??o. — Seu pai me mandou buscar voc?. — Estava procurando por ele agora mesmo. Pegando a filha pela m?o, Lilias conduziu Davina pelo andar t?rreo da casa at? o primeiro andar, que comportava os c?modos privados. A cada pedra que passavam no caminho para o quarto dos pais lembrava Davina do orgulho que sentia pelos esfor?os do pai e da confian?a em sua sabedoria para ouvir seus apelos. Quando a m?e abriu a porta do quarto deles, Lilias conduziu Davina, fechou a pesada porta atr?s delas e sentou-se no sof? perto da lareira, assumindo um lugar tranquilo, mas de apoio ao lado do marido. Parlan estava de p? junto ? lareira, de costas para a porta, da mesma forma que na sala de estar. — N?o tenho certeza do quanto voc? ouviu fora da sala, Davina, mas lamento que a conversa tenha lhe causado tanto sofrimento. — ele se virou para encar?-la, as sobrancelhas franzidas de tristeza. — N?o tenha medo, fui o ?nico que testemunhou sua retirada chorosa. As ?ltimas palavras foram um sussurro reconfortante. Davina puxou o l?bio tr?mulo entre os dentes para control?-lo e manter-se firme diante do pai. — O senhor n?o me causou nada, pai. Sinto-me grata por saber que est? ciente da minha situa??o. — a voz dela tremeu, mas ela limpou a garganta e manteve as l?grimas sob controle. — Eu estava a caminho da sala de estar, para buscar meu bordado quando meu sogro implorava perd?o a voc? por meu marido. As sobrancelhas de Parlan se ergueram, parecia surpreso por ela ter ouvido tanto. Ele assentiu. — Ent?o voc? sabe da puni??o de Ian por sua incapacidade de gerenciar suas responsabilidades. Ela assentiu. Depois de uma longa pausa, ele disse: — Sei que dada a condi??o desse arranjo parece que estou mandando voc? de volta para a cova dos le?es. — Parlan estudou o couro marrom macio de suas botas antes de voltar seu olhar para ela. — Ian n?o est? nada feliz com o esvaziamento de seus bolsos, algo em que eu confio que Munro ir? cumprir. ? por isso que insisto que fiquem aqui sob meu teto, para que eu possa lhe dar uma parcela de seguran?a e garantia de que voc? estar? protegida. Davina soltou a torrente de tristeza. — Pai, por favor, n?o me deixe suportar mais um momento desta uni?o! N?o podemos fazer como disse e dissolver este casamento? Parlan apertou a mand?bula e voltou os olhos tristes para a esposa. Lilias agarrou a m?o dele, parecendo dar-lhe apoio. — Davina, os Russell oferecem imensas oportunidades de neg?cios, tanto para mim quanto para seu irm?o, e n?o posso contar com meu primo Rei para sempre. Devemos fazer esfor?os para aumentar nosso patrim?nio por conta pr?pria. — concentrando-se mais uma vez em Davina, ele deu um passo na dire??o dela e envolveu as m?os dela com as dele. — Lamento que tenha sofrido mais do que qualquer mulher com a m?o pesada de seu marido. Agora que n?o posso mais negar o tratamento que ele dispensou a voc?, espero que me perdoe por n?o a ter defendido antes. Vou tomar medidas para garantir que esteja protegida e, com sua ajuda, creio podermos fazer isso funcionar. Davina fez um grande esfor?o para falar, apesar do n? que se formava na garganta. — Ser a m?o gentil que domar? a besta. — ela sussurrou, repetindo as palavras do sogro. Parlan assentiu. — Est? ?bvio que Munro fez um p?ssimo trabalho em ensinar a Ian como ser um homem. A sua estada, e a deles, aqui ser? indefinida. Ian e Munro ficar?o nos quartos de h?spedes acima, e voc? ter?, mais uma vez, seu quarto s? para voc? neste andar. Fiz press?o em Munro quanto a isso, e n?s dois estaremos atentos ao comportamento de Ian nas pr?ximas longas semanas. Munro aceitou, com humildade, minha orienta??o como pai e de Lilias como m?e, para colocar Ian no caminho certo. Apenas quando virmos melhorias, voc? poder? se aventurar a estar de volta ? casa deles. Somente quando eu estiver certo de que voc? ser? querida e cuidada como a mulher preciosa que ?, voc? ter? permiss?o para ir com eles. Embora aliviada com o fim das surras e dos compromissos sexuais cru?is, o mundo de Davina ainda desmoronava acima dela. — Pai, voc? n?o conhece o verdadeiro Ian. Ele ? um mestre em vestir uma m?scara de charme para esconder o monstro que ?. Ele… — Davina, de jeito nenhum vou deixar que ele a machuque. Concordo que ele leva as responsabilidades longe demais ao exercer seu dom?nio como marido, mas ele n?o ? um perigo para sua vida. Caso eu considerasse que sim, acabaria com este casamento agora. N?s iremos proteg?-la. — Davina odiou perceber que a fam?lia acreditava que ela era dram?tica. Ele a beijou na testa e puxou-a para um abra?o apertado. — N?o vou deixar que ele a machuque. Deve fazer isso por sua fam?lia. Um dia, quando Ian aprender bem o papel e deveres de um marido, voc? aprender? a perdo?-lo e am?-lo. Se n?o, ao menos ter? consolo nos filhos que ter?o um dia. Ela deixou suas l?grimas rolarem, molhando a t?nica do pai e segurando-o com for?a enquanto se submetia ?s ordens dele. Ela seria o cordeiro sacrificial para a estabilidade do futuro de sua fam?lia. * * * * * O a?o colidindo com o a?o ecoou no ar, ricocheteando nas paredes e no teto alto do Sal?o Principal, que se misturava aos grunhidos, ofegos e gemidos de Kehr e Ian enquanto duelavam. Kehr defendeu o impulso de Ian, se virou e golpeou o lado aberto de Ian, provocando um grunhido dele. Com um sorriso no rosto, Ian empurrou Kehr para frente, e Kehr retribuiu o sorriso com seu pr?prio impulso. No entanto, Ian obteve um bloqueio efetivo ao usar o escudo. — Bom! — Kehr encorajou. — Obrigado! — Ian disse com outro golpe da espada, que Kehr se esquivou. Davina sorriu para o irm?o, animada com a presen?a dele. Por fim ele voltava para casa depois de uma longa estada em Edimburgo visitando a corte. Havia chegado tarde na noite anterior, e embora ela antecipasse a chegada dele e a oportunidade de passar um tempo juntos, a not?cia da apari??o do rei James a fez desanimar. Toda a Esc?cia estava alvoro?ada com a experi?ncia do rei, e Kehr contara a hist?ria com uma grande encena??o na sala. Com o fogo alto na lareira que lan?ava sombras sinistras pelo c?modo, a fam?lia se sentou em um c?rculo, concentrada na encena??o dram?tica de Kehr. — Curve-se perante o Rei da Esc?cia!, o conselheiro do rei berrou enquanto perseguia o homem que invadiu as c?maras de ora??o privadas do rei. — Kehr imitou o marechal, John Inglis, correndo atr?s do intruso. — Entretanto, o rei levantou a m?o e interrompeu seus conselheiros porque o homem parou antes de alcan?ar Sua Majestade. Ondas de riso circularam pelo c?modo, e Davina colocou a m?o na boca para abafar as pr?prias risadas. — E voc?s dizem que sou eu que tenho uma queda por drama! — ela provocou. Kehr riu da interrup??o, mas continuou. — Basta, disse o rei, deixe-o falar, e depois que eles se encararam por um longo per?odo de sil?ncio, o homem avan?ou… — Kehr imitou as a??es do intruso, inclinando-se com o punho diante dele. — … e puxou Sua Majestade pela t?nica, dizendo: SenhorRei, minha m?e me enviou a voc?, desejando que n?o v? aonde se prop?e. — a testa de Kehr se franziu com a grave mensagem que o homem entregou ao rei. — Caso fa?a isso, n?o se sair? bem em sua jornada, nem ningu?m que esteja com voc?. Kehr caminhou em frente das pessoas sentadas ao redor da sala, olhando cada uma delas nos olhos. Davina balan?ou a cabe?a ante a pausa que ele usou para causar efeito. Kehr centrou-se diante da audi?ncia. — E assim, do nada… — Kehr estalou os dedos. — O homem desapareceu como em um piscar de olhos! — a fam?lia arfou e murmurou entre si. Kehr encolheu os ombros. — E ent?o o rei decidiu n?o declarar guerra ? Inglaterra. Davina se acalmou enquanto a respira??o deixava o peito de uma s? vez… enquanto todos os outros aplaudiam, torciam e celebravam a grande ocasi?o. Agarrando seu hidromel, Kehr acenou com a cabe?a para Davina e ergueu a caneca. Ela retribuiu o aceno com um sorriso for?ado. O irm?o dela sentou-se em meio aos aplausos, e a fam?lia o parabenizou pelo desempenho e pela not?cia maravilhosa. Davina havia feito de tudo para parecer feliz, assim como agora, lutou para manter o sorriso como uma m?scara, agarrada ao conhecimento de que, afinal, Kehr e seu pai n?o iriam para a guerra. Felizmente, falar de guerra sempre a mantinha longe da corte, lugar em que ela detestava estar. Al?m disso, ela queria Ian no campo de batalha… n?o seu irm?o e pai. — Aguente firme, Ian. — Kehr avisou e desencadeou um ataque de balan?os, confrontos e avan?os que fizeram Ian recuar por toda a extens?o do c?modo. Sem prestar aten??o aos pr?prios passos, Ian trope?ou e caiu para tr?s, mas logo recuperou o equil?brio e se virou para evitar o ataque de Kehr. — Fascinada pela empolga??o, minha sobrinha? O irm?o de sua m?e, Tammus, parou ao lado de Davina. Davina percebeu estar agarrada ao encosto de uma cadeira enquanto observava o irm?o e o marido se engajando na batalha simulada, parte do treinamento de Ian. Ela s? percebeu a dor em seus dedos ao soltar a madeira dura. Olhou para o tio, cujo rosto brilhava com um tom quente e laranja ? luz das tochas colocadas no corredor. — Sim, tio. Eu me preocupo com os dois. — ela mentiu. Tammus colocou um bra?o quente sobre os ombros dela e a abra?ou de lado. — Ora, n?o se preocupe, mo?a. Uma simula??o de batalha com certeza difere do combate real, que no final, felizmente, n?o precisamos vivenciar. — Sim, tio. — ela sorriu e voltou a prestar aten??o ao par que duelava. Quando Kehr piscou para ela, de costas para Ian, o marido deu um tapa no traseiro de Kehr com a parte plana de sua espada, fazendo seu irm?o gritar. Ian ergueu as sobrancelhas fingindo surpresa, e Kehr come?ou a perseguir Ian, que fugiu gritando como uma garotinha, circundando a vasta extens?o do c?modo. Todos explodiram em gargalhadas com a cena c?mica, exceto Davina. A exibi??o de Ian a deixava nauseada. Ao longo das ?ltimas seis semanas, desde a puni??o recebida que lhe custou o dinheiro que recebia, Ian demonstrava um desempenho estelar em conquistar a fam?lia dela em todas as oportunidades. Embora n?o permitissem que os dois ficassem sozinhos, para grande al?vio dela, nos raros momentos em que ele podia lan?ar um olhar para ela, ou encurral?-la no castelo, ele a deixou ciente de que, em particular, tudo o que ele estava passando voltaria para assombr?-la assim que ele alcan?asse o objetivo de retomar o controle e o dinheiro. — ? um jogo delicioso de gato e rato, n?o ?? — ele perguntou uma vez em uma dessas emboscadas. — N?o ser? capaz de enganar minha fam?lia. — disse Davina, segura de si. Ele se aproximou dela, fazendo-a encostar-se no canto da escada e apoiando os bra?os nas paredes. — Eles pensam que me controlam… — ele sibilou. — que sou uma marionete presa aos dedos deles, distribuindo por??es escassas de moedas? Vejamos se gostar?o de ser controlados. H? demasiada confian?a neles, assim como em voc?. Ele a amaldi?oou com um sorriso maligno e se afastou. Ela come?ou a carregar uma adaga na bota depois daquele encontro. Observando a fam?lia agora, comendo nas m?os de Ian, a declara??o dele parecia bastante verdadeira. Ian gostava dessa mascarada, gostava de manipular as pessoas para que pensassem e agissem da maneira que ele queria, um jogo que ele adorava aperfei?oar. At? onde ele iria? Kehr conseguiu fazer Ian trope?ar, e ele se esparramou no ch?o de pedra. Todos correram em seu socorro, Kehr ? frente da multid?o, se desculpando. Ian ficou atordoado por um momento, e Davina se permitiu um sorriso secreto. Recuperando a compostura, Ian limpou o sangue do l?bio inferior e olhou para ela. Erguendo uma sobrancelha, ele deu um breve sorriso, apenas o tempo suficiente para que ela percebesse, antes de seu rosto ficar sombrio. Ian baixou o olhar como se estivesse com o cora??o partido. Olhando para Davina, ele se levantou do ch?o e espanou as cal?as. O leve gesto fez com que seu irm?o e seu pai se voltassem para Davina. Antes que ela soubesse o estratagema de Ian, Davina foi pega se regozijando pelo acidente de seu marido, exatamente como Ian queria. Calor subiu em suas bochechas. Parlan olhou para ela, fazendo com que o resto do grupo tamb?m se virasse na mesma dire??o. Pedindo licen?a para sair da cena, Davina saiu do Sal?o Principal e foi para o corredor que passava pela sala, pela cozinha e seguia na dire??o dos est?bulos, sempre sufocando os solu?os. O crep?sculo se instalava ao redor do castelo, lan?ando tons de cinza em tudo. Halos de luz ?mbar circundavam as tochas colocadas no terreno, iluminando ao menos o bastante para guiar o caminho. Ela adentrou os est?bulos aos pis?es e chutou um balde vazio no ch?o. A como??o acordou os gatinhos, e eles se mexeram. — Como eles podem acreditar na farsa dele? — ela sibilou e cruzou os bra?os sob os seios, cerrando os punhos e andando de um lado para o outro. Ap?s o primeiro incidente, Davina procurou seu pai para explicar o plano de Ian, e ele acreditou nela. Mas quando Ian foi levado perante Munro, Parlan e Davina para dar explica??es, Ian alegou que Davina o entendera mal e se desculpou por escolher mal as palavras, por n?o explicar corretamente. No in?cio, at? ela acreditava que n?o ouvira bem, at? que ele a encurralou outra vez. N?o havia engano em nada. Depois de um tempo, seu pai passou a acreditar que Davina estava tentando desacreditar Ian enquanto ele tentava, com afinco, mudar. No entanto, essas falhas n?o a desencorajaram de continuar tentando. Tr?s gatinhos emergiram de debaixo da caixa na parte de tr?s da ?rea de trabalho de Fife. Davina parou e ficou olhando, esperando. Onde estavam os outros gatinhos? Ela se agachou nos calcanhares, perscrutando a escurid?o. Mais um gatinho saiu se arrastando, miando. Cresceram tanto nas ?ltimas seis semanas…, mas apenas em tamanho. O n?mero cada vez menor de filhotes era o que preocupava Davina. Quando ela viu os gatinhos pela primeira vez, ela contou oito. Uma semana depois, uma semana ap?s o in?cio da puni??o e supervis?o de Ian, a contagem foi de sete. Ela descartou a diferen?a de n?meros como um erro na contagem anterior dela. Quando o segundo gatinho desapareceu na semana seguinte, ela imaginou que a pobre criatura poderia ter sido agarrada por uma coruja ou outro predador. Outro predador, de fato. Fife contou do terceiro gatinho desaparecido duas semanas depois, dizendo que Ian o trouxe para ele quase com o cora??o partido. A cabe?a havia sido esmagada… por um cavalo, sup?s Fife. Davina tentou contar a Fife de suas suspeitas, mas com tom de conselho paternal, ele disse que ela estava sendo muito dura com o Mestre Ian, que precisava aprender a perdo?-lo pelas transgress?es passadas, e contou como Ian confidenciou as tentativas de ser um marido melhor. Muitos gatinhos desapareceram para ela n?o suspeitar, apesar do que Fife dizia. Ela se agachou, esperando que o quinto gatinho emergisse da caixa. Nada ainda. Tirando uma das tochas da parede, ela trouxe a luz para a escurid?o crescente da noite que ca?a, para a ?rea de trabalho de Fife. A caixa estava vazia. Quatro gatinhos vagavam ao redor dela. Quatro de oito. Onde estava o quinto? Ela recolocou a tocha no lugar e deu duas voltas completas ao redor da ?rea em frente ?s baias antes de entrar no port?o de seu cavalo, Heather. Agarrando a sela, ela a ajustou no lombo de Heather. — Indo a algum lugar? — a voz de Ian a fez pular, estocadas de gelo dan?ara pela espinha dela. Ela fechou os l?bios, e se concentrou em puxar as tiras de couro com for?a, esfor?ando-se para ouvir as a??es dele acima das batidas incessantes de seu cora??o. Arrastando-se para o outro lado do animal, o p? dela pousou em algo macio, e ela saltou para tr?s com um grito, pensando que tinha pisado em um rato. Nada se moveu. Com a ponta da bota, ela tocou a palha onde pisou. Ainda sem se mexer, ela se ajoelhou, estendeu a m?o tr?mula e ergueu a palha. O quinto gatinho. — Ahhhh. — Ian disse, parecendo desamparado, mas quando ela o viu espiando por cima da baia, viu o sorriso dele. — Outro? Ela ficou abismada de terror em como ele conseguia fazer a voz soar amorosa ou preocupada sem tirar o sorriso t?o amea?ador do rosto. Ela sentiu os pelos na nuca se arrepiaram. — Por qu?? — ela choramingou. — Por que est? fazendo isso? Ele olhou por cima do ombro e sorriu. — Ing?nua at? o fim. — ele sussurrou e piscou. Ela pegou um peda?o de pano pendurado na parte de tr?s da baia e pegou o corpo frio. Solu?ou enquanto mostrava o gatinho para ele. — Tem tanta raiva dentro de voc? que deve descontar em animais inocentes, j? que n?o pode descontar em mim? — Davina, o que est? dizendo? — Ian deu um passo para tr?s em dire??o ? abertura dos est?bulos. — Est? me dizendo que eu… — Ian balan?ou a cabe?a, parado do lado de fora da entrada do est?bulo. Os olhos dele se encheram de tristeza e refletiram a luz bruxuleante da tocha, aumentando a aura demon?aca em torno dele. — Sei que fiz mal a voc?, mas n?o fiz tudo o que podia para provar que mudei? O que mais… — Calma, calma, Mestre Ian. — disse Fife, entrando nos est?bulos. — O que o deixou t?o chateado, rapaz? — ? isso que voc? pensa de mim, Davina? — Ian disse, abatido pela tristeza. — Fife! Olhe! Outro gatinho! — ela solu?ava de forma incontrol?vel. Temia o resultado de tudo isso. — ? como eu disse a voc?! Ele me viu encontrar o gatinho e n?o demonstrou remorso! Fife a olhava boquiaberto, e ent?o olhou para Ian com pesar. Davina passou correndo por eles, deu a volta nos est?bulos e colocou o gatinho sobre uma pequena pilha de palha. Chorando, ela lavou o sangue das m?os e jogou a ?gua fria do barril de chuva no rosto para tentar acalmar a mente. Descansando as m?os na borda do barril, ela ofegou, tentando pensar em como lidaria com a situa??o. Era s?... isso n?o poderia estar acontecendo! Por que isso est? acontecendo? Na borda do barril de chuva, uma crosta marrom parecia uma impress?o palmar parcial. A marca de uma m?o ensanguentada. Ian a agarrou pelos ombros e a girou t?o depressa que sua cabe?a girou. Segurando-a contra a parede de tr?s do est?bulo, ele disse alto o suficiente para que Fife ouvisse, em uma voz cheia de afeto t?o sincero que ela quase acreditou nas palavras dele… se n?o fosse pela express?o sinistra em seu rosto. — Voc? ? t?o delicada quanto aqueles gatinhos. Eu odiaria ver algo assim acontecer com voc?. Eu ficaria destru?do. Ele apertou os ombros dela com mais for?a ao dizer a palavra “destru?do” para dar ?nfase. Atrav?s das janelas ? sua esquerda, acima do barril de chuva, passos recuando enfraqueceram, e Ian esperou que Fife estivesse fora do alcance da voz. — Ing?nua at? o fim, Davina. — ele zombou. — Farei com que me aceitem na sua fam?lia, e ser? voc? que se ver? controlada. Pode ser at? que a considerem louca quando eu terminar. O mundo se fechava em torno dela, ela o empurrou e correu em dire??o ao castelo. Entrado como um raio pela cozinha, ela disparou pelo corredor at? a sala de estar e parou na porta. Sua fam?lia estava sentada e espalhada, os olhos arregalados e questionadores. Fife estava ? sua esquerda, ao lado do pai, esmagando o chap?u nas m?os nervosas, culpa no rosto. — Fife, o que contou? Davina pousou as pontas dos dedos frios nas bochechas ?midas e vermelhas. O pai cruzou os bra?os. — Que hist?ria ? essa de Ian estar matando gatinhos? Ela correu para agarrar o antebra?o de seu pai. — Pai, ele est? descontando a raiva nesses pobres animais indefesos em vez de em mim. — ela n?o conseguia controlar os solu?os enquanto implorava. — Agora, Senhora Davina. — Fife advertiu baixo. — Mestre Ian disse que n?o poderia machucar aqueles gatinhos tanto quanto n?o poderia machucar a senhora. Apenas entendeu mal o que ele disse. — Obrigado por me defender, Fife, mas creio ser in?til continuar tentando. — Ian parou na porta, a tristeza puxando os cantos de sua boca. — Creio que ela est? certa, Parlan. Devemos dissolver essa uni?o. Ela nunca vai me perdoar, n?o importa o quanto eu tente mudar. — Por que est? fazendo isso? — ela gritou na cara de Ian. — Agora voc? me quer? Qual ? o seu jogo, Davina? Ian ergueu as m?os em frustra??o e se arrastou at? o centro da sala para defender seu caso, deixando Davina ? porta. — N?o, n?o ? isso que eu quero dizer, sabem bem disso! Por que voc? est? tentando fazer minha fam?lia me ver como louca? Ian deixou cair o queixo como se tivesse levado um tapa. Fechando a boca e depois os olhos, ele assentiu. — Parlan, eu tentei. — ele olhou para o pai dela com tanta tristeza que a m?e solu?ou. — Eu amo sua filha e esperava que pud?ssemos fazer essa uni?o funcionar, mas est? claro que ela n?o vai me perdoar. — Virando-se para o pai, Munro, ele disse: — Vou ao meu quarto arrumar meu ba?. ? melhor partirmos amanh?. — de frente para Davina, ele deu um passo, ainda de costas para a sala, e abriu aquele sorriso particular e maligno que jamais era tra?do pela voz. — Adeus, Davina. — ele sussurrou, e partiu. Munro o seguiu, mostrando uma carranca para ela ao sair. Davina ficou perplexa com os olhares acusat?rios de sua fam?lia. Parlan suspirou e marchou at? a lareira, virando de costas para ela. Lilias solu?ou no len?o que puxou da manga. Kehr deu um passo ? frente, as sobrancelhas baixas. — Davina, ? hora de deixar de lado o amante cigano de seus sonhos. Nenhum homem, muito menos voc? Ian, ser? capaz de fazer jus a essa fantasia, jamais. Est? na hora de crescer. Parlan se virou com express?es fluidas que alternavam entre confus?o e raiva. Davina quase se engasgou com o n? que se formou na garganta. At? seu amado Kehr a tra?a, pensava que ela estava louca! Correndo da sala, ela voltou para os est?bulos. Puxando Heather da baia, Davina montou e disparou pelo terreno, saiu pelo port?o da frente, para longe da loucura. Suas bochechas, molhadas de l?grimas, ficaram frias quando o vento soprou e emaranhou seus cabelos. Em uma clareira onde costuma conseguir encontrar a solid?o, ela puxou as r?deas de Heather e saltou, caindo no ch?o coberto das folhas do outono passado, ?midas do orvalho da noite. Ajoelhada no meio da floresta enluarada, Davina solu?ava nas folhas. Qu?o certo estava seu amante cigano dos sonhos! A desgra?a que Broderick previu para a vida dela quando ela era uma menina agora a dominava. E por que raz?o isso estava acontecendo? Ela s? queria continuar a vida feliz que vivia antes de conhecer Ian. Por que Deus a uniu a este louco que se regozijava com a manipula??o e o controle? Ela s? queria uma fam?lia e algu?m para amar. Com um impulso para se levantar, ela colocou as m?os tr?mulas na barriga. Perder o primeiro filho provocara uma grande tristeza em seu ser, contudo, no fim n?o foi melhor ter perdido a crian?a? Davina n?o suportava ver sua pr?pria carne e seu sangue obrigados a se submeter ao mesmo destino que ela, a esse frenesi que suportava. Curvando os joelhos contra o peito, ela puxou as pernas para perto, abra?ando o beb? que se aninhava dentro dela. Ela perdera dois cursos mensais: um antes da puni??o de Ian e este ?ltimo m?s, portanto, engravidara antes que ela e Ian fossem colocados em quartos separados. O que aconteceria ent?o a este beb? se a vissem como uma lun?tica? Balan?ando-se para frente e para tr?s, a testa apoiada nos joelhos, ela deixou o rio de l?grimas fluir. A dobra de seu bra?o tocou a adaga que carregava na bota. Ela prendeu a respira??o, congelada por uma ideia que tocou sua mente. Subindo a bainha do vestido, ela puxou a arma do esconderijo e sentou-se sobre os calcanhares. Seu cora??o guerreava devido a tal decis?o. Sou louca, mas que outra escolha me resta? Ela apertou as m?os em torno do cabo da adaga, a ponta da l?mina posicionada na pele, na dire??o do cora??o. Com os n?s dos dedos brancos e tr?mulos, as m?os latejavam de dor. Se ela agarrava a faca por medo ou por for?a, n?o estava claro. Uma brisa suave tocou suas bochechas manchadas de l?grimas, esfriando a carne no ar da noite. N?o queria chegar a este ponto, tirar a pr?pria vida e a vida de seu filho ainda por nascer… mas como ela poderia enfrentar a loucura que os esperava? Como poderia enfrentar a trai??o da pr?pria fam?lia? Ou era apenas uma desculpa covarde? Ela soltou um grito de frustra??o e cravou a l?mina na terra ?mida e macia, caindo no ch?o. Seu corpo se debatia com solu?os e o cheiro de terra se misturava ?s folhas velhas e podres, como uma sepultura. — T?o perto. — ela choramingou. — T?o perto de ser uma vi?va. T?o perto da liberdade. Devido a uma decis?o do rei, todas as esperan?as dela se despeda?aram como pingentes de estalactites contra pedra. At? mesmo este membro de sua fam?lia, seu primo de sangue Real, a traiu. A apari??o de James parecia ter sido enviada apenas a ela, apenas para atormentar sua exist?ncia. Davina solu?ou mais forte enquanto a desesperan?a a engolfava. Heather bateu com os cascos e sacudiu a cabe?a. Davina lan?ou um olhar ao redor da floresta escura em busca da fonte da agita??o do animal. Ela se sentiu revirar de medo. Meu Deus! Haviam ido atr?s dela? Ela empalideceu. Ian poderia t?-la perseguido… sozinho. Exceto pelo leve farfalhar das ?rvores ao vento, apenas o sil?ncio sepulcral a rodeava. Ela perscrutou o terreno, mas n?o viu nada. Ap?s mais um momento de sil?ncio, ela deu um suspiro hesitante e o al?vio a banhou. Ningu?m vinha com cavalos para agarr?-la e lev?-la de volta. Davina p?s-se de p?, enxugou o nariz, e rastejou em dire??o ? montaria, ainda olhando ao redor. — Calma, calma. — ela apaziguou a ?gua com a m?o estendida. Antes que pudesse colocar os dedos no flanco de Heather, uma for?a invis?vel tirou o ar de seus pulm?es, e ela bateu com a cabe?a no ch?o. O rosto de Davina foi empurrado para as folhas, a cabe?a latejando, e algu?m esmagou seu corpo. Incapaz de respirar ou pensar, ela lutou para for?ar o ar de volta aos pulm?es quando o p?nico se instalou. — Relaxe, mo?a. — uma voz profunda sussurrou em seu ouvido. — Sua respira??o voltar? em um momento. Em um giro, seu agressor a colocou de p? e a virou para encar?-lo, as m?os dele apertavam os hematomas nos bra?os dela, feitos por Ian quando ele a segurou contra a parede dos est?bulos. Com a vis?o turva e a mente ainda cambaleando com o encontro, ela conseguiu se equilibrar, e logo o ar da noite de ver?o encheu seus pulm?es mais uma vez. Ela respirou em lufadas famintas. — A? est?, mo?a. Medo sacudiu seu corpo, e ela lutou com o homem que a mantinha presa contra ele. Um brilho como prata derretida nas pupilas dos olhos dele a atraiu para suas profundezas, e ela se acalmou. Uma onda de curiosidade e confus?o a inundou quando o olhar dela pousou no rosto familiar, aquele nariz aquilino, aqueles olhos verde-esmeralda, os cabelos vermelho-fogo. Seu Broderick havia, por fim, voltado para resgat?-la? Ela empurrou o peito dele para ganhar alguma dist?ncia de seu rosto e ter uma melhor vis?o dele. N?o. Este rosto parecia mais jovem, a mand?bula n?o era t?o larga, as ma??s do rosto n?o eram t?o cinzeladas. Eu perdi a cabe?a! Ela deveria estar apavorada a ponto de perder os sentidos nos bra?os de seu agressor, mas ainda assim se perguntava se ele era o homem por quem ansiava desde a juventude. O perigo nos olhos dele se transformou em confus?o quando o estranho escuro examinou o rosto dela. Agarrando-a pelos cabelos, ele puxou a cabe?a dela para tr?s. Um grito escapou de seus l?bios quando ele puxou o cabelo contra o caro?o em sua cabe?a. Ela foi for?ada a ficar boquiaberta para o c?u negro e a lua cheia acima. Ela prendeu a respira??o quando a boca dele se fechou em sua garganta, e dentes afiados perfuraram a pele tenra. Uma breve dor… ent?o um inesperado fluxo quente de prazer fluiu por suas veias, e ela desabou contra ele com um gemido, caindo em euforia. Este homem — esta criatura — sondou sua mente, uma invas?o sedutora em seus pensamentos, enquanto bebia, ele descobriu tudo que poderia ser desvendado. Em poucos instantes, ela reviveu os prazeres da inf?ncia, as frustra??es da juventude e as fantasias com o amante cigano em seus sonhos. Essas mem?rias distantes de Broderick vieram correndo e a cercaram… o aroma ex?tico do incenso, a presen?a inebriante do calor dele, a vibra??o que sentiu por dentro ao v?-lo. Davina reviveu a noite em que conheceu Broderick. — O que v?, senhor? Seus rostos estavam muito pr?ximos enquanto a voz profunda a advertia. — N?o posso mentir para voc?, mo?a. Seria um desastre. — Um desastre? — Sim. — aqueles olhos cor de esmeralda perfuraram os dela. — Tempos nada agrad?veis est?o para chegar. Mas n?o deve perder a f?. Voc? possui muita for?a. Use essa for?a e segure com firmeza o que lhe ? mais caro, pois ? isso que a ajudar? a atravessar os tempos dif?ceis que est?o por vir. — O que est? para acontecer, senhor? — ela o pressionou. — ? desconhecido para mim. N?o sei os detalhes. As linhas na palma da m?o n?o revelam detalhes mais espec?ficos, apenas dizem que h? conflitos em seu futuro. Basta lembrar o que falei. Mantenha-se firme em sua for?a. O resto das mem?rias dela que levaram a este momento no tempo, aceleraram e a trouxeram de volta ao desespero que ela experimentara hoje. At? agora. Deixe esse estranho beber a vida que flui pelo meu corpo. Deixe-o fazer o que n?o consigo fazer. Enfim terei paz e morrerei nos bra?os do homem que imagino, no momento, ser aquele que amo. Nos segundos desde o momento em que ele agarrou a garganta dela at? este instante, serenidade a envolveu. O estranho se separou dela e a jogou no ch?o. O pesco?o de Davina latejava. Sua cabe?a se agitou com as mem?rias r?pidas que giravam em sua mente, exibindo sua pr?pria vida como uma pe?a mal interpretada. Examinando a imagem nebulosa dele come?ando a clarear, ela o viu inclinar a cabe?a para tr?s e rir como um louco. — Ap?s duas d?cadas de procura, eu enfim encontrei o que queria! — ele se ajoelhou diante dela e envolveu o rosto dela com as palmas das m?os. — Deus n?o v? bem a minha esp?cie, ent?o s? posso dar cr?dito ao pr?prio Lorde das Trevas por me trazer tal pr?mio! — ele respirou fundo, o sorriso crescendo. — T?o doce quanto o seu sangue ? voc?, minha querida senhora. — o homem lambeu o sangue dos l?bios. — Eu a deixarei com sua vida tr?gica. O brilho de prata derretida desapareceu dos olhos dele. As perguntas girando em sua mente desapareceram no desespero familiar movendo-se por ela e agarrando seu cora??o. Que jogos distorcidos os destinos estavam jogando com ela? Por que reviver todos aqueles momentos, com a Morte t?o perto em seus bra?os, apenas para ter sua chance de liberdade arrancada dela. Ela estendeu a m?o para ele, mas a fraqueza dominou seu corpo. — N?o. — ela tentou dizer mesmo com o n? em sua garganta, sufocando as l?grimas ardendo em seus olhos. — N?o pode me deixar assim. Por favor… termine. Ele passou um dedo sob o queixo dela. — Tudo ficar? bem. Ele colocou a palma da m?o na testa dela, e a mente de Davina se tornou uma n?voa. Tudo ficou preto. * * * * * Estrelas borrifavam o c?u acima com a lua no alto. Davina sentou-se, a cabe?a girando e tocou o caro?o latejante na parte de tr?s do cr?nio. — Gra?as a Deus! — uma voz de homem, grave, exclamou. Uma figura nebulosa ajoelhou-se ao lado dela, e ela lutou para clarear a vis?o e tentar identific?-lo. — Em que estava pensando? Ela franziu as sobrancelhas em confus?o, sua mente uma bagun?a sem fim. — O qu?…? — Pe?o desculpas. Posso ter sido um pouco zeloso ao tentar salv?-la de voc? mesma. — quando ela tentou se levantar, as m?os quentes dele em seus ombros a empurraram de volta para baixo. — Acredito que precisa ficar sentada por mais um momento. Sabe onde est?? Davina esquadrinhou a ?rea, o mundo aparecendo. Ela estava sentada no meio da floresta, na clareira que costumava buscar para ficar sozinha. Heather estava parada a certa dist?ncia, mordiscando algumas folhas de um arbusto. Por que ela estava aqui? Olhando para as m?os tr?mulas, esperava encontrar as respostas. Seus olhos vagaram, e na m?o do estranho, ela reconheceu a pr?pria adaga. Ela viu o estranho, os olhos verde-esmeralda cheios de preocupa??o na luz prateada da lua. Qu?o familiar ele parecia. A respira??o dela ficou presa na garganta. Muito parecido com amante cigano dos sonhos dele, mas n?o como ele. — Voc? se lembra… — ele disse balan?ando a cabe?a. — Tem muita sorte de eu ter vindo, senhora. O que a possuiria para tirar a pr?pria vida, s? Deus saber?, mas pelo bem de sua alma, espero que n?o tente repetir essa tarefa medonha. — Senhor, por favor. — ela colocou uma das m?os no bra?o dele, implorando. — O que aconteceu? — Ora, pensei que voc? se lembrava. — ele limpou a garganta. — Estava prestes a tirar a pr?pria vida, e eu a impedi. No processo, voc? bateu com a cabe?a. Espero que possa me perdoar. — ele revirou os olhos e murmurou: — Eu poderia ter terminado o processo por voc? dada a minha falta de jeito. — N?o gostaria de ser portadora de m?s not?cias, senhor, mas eu gostaria que voc? tivesse terminado o que eu estava fazendo. — Bobagem! — ele inspirou e pareceu ganhar controle da pr?pria explos?o. — Por que acha que estou aqui, jovem senhorita? — N?o tenho certeza se entendi o que quer dizer, senhor. — Ousarei diz?-lo, por mais loucura que minhas palavras pare?am. — ele segurou as m?os dela e a olhou fixamente nos olhos. — N?o foi por acaso que vaguei por esta floresta esta noite. Digo isso ap?s ter salvado sua vida, mas duvidei da minha sanidade no in?cio. Eu estava passando por sua humilde cidadezinha l? embaixo e essa floresta me chamava. Uma mensagem veio ? minha mente enquanto eu procurava, sem saber o que procurava. A mensagem dizia: “Deve dizer que ele voltar?, que a salvar?. Deve insistir para n?o perder a esperan?a e se apegar a essa vis?o de for?a.”. Davina arfou. — Sabe o que isso significa? Ela assentiu. — Bom, porque eu decerto n?o sei. — o canto da bela boca dele se ergueu quando ela n?o deu nenhuma explica??o. — Bem, n?o importa. Estou feliz por n?o estar maluco, afinal. — Eu tamb?m, senhor. — respondeu ela com admira??o e uma nova esperan?a floresceu no peito de Davina. — Agrade?o ao Senhor que voc? O estava ouvindo esta noite. Obrigada por me impedir. Ela resistiu ao impulso de abra?ar o estranho sombrio, que se tornou seu salvador e mensageiro na forma do homem que ela amava, e em vez disso beijou os n?s dos dedos em gratid?o. — Bem, isso ? mais recompensa do que j? recebi e poderia ter esperado. Ele a ajudou a se levantar, sem soltar sua m?o at? que ela provasse estar bem de p? e garantisse que ela era capaz de cavalgar. Assim que ela montou em Heather, ele estendeu a adaga para ela, oferecendo-lhe o cabo. Quando ela estendeu a m?o para peg?-lo, ele a puxou de volta. — Entrego isto com muita hesita??o, querida senhora. Promete que nunca mais ter? esta l?mina apontada para o seu cora??o? — Sim, senhor, eu prometo. — ele devolveu a adaga, e ela a enfiou na bota. — A mensagem que me entregou me deu uma raz?o para viver. — ? um grande al?vio. — ele deu um tapinha no joelho dela. — Pode cavalgar de volta por conta pr?pria, n?o ?? Ela assentiu e seu rosto ficou vermelho de vergonha. — Sim, tenho certeza de que minha fam?lia n?o sabia de minhas inten??es quando parti em tal torpor. Ter que explicar como voc? me salvou de mim mesma nos colocaria em uma posi??o estranha. — Com certeza. Por mais que eu queira acompanh?-la de volta, tenho outros assuntos urgentes. Espero por al?m h? bastante tempo, e creio que n?o terei que esperar mais. Voc? tamb?m me deu um sinal, minha cara senhora. No entanto, tenho certeza de que voltaremos a nos ver. — ele deu alguns passos para tr?s e acenou antes de se virar para ir embora. — Boa noite, bela senhora! — Ora, senhor. Qual ? o nome do meu salvador para que eu possa inclu?-lo em minhas ora??es? — Angus! — ele gritou sem perder um passo. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=66225940&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.