O Di?rio De Um Gato Detective
Автор:R. F. Kristi
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O Di?rio De Um Gato Detective
R. F. Kristi
R. F. KRISTI
O DI?RIO DE UM GATO DETECTIVE
Traduzido por
In?s Nascimento Wellnitz
Ilustrado por Jorje Valle
(COM CONTRIBUI??ES PARA AS ANIMA??ES POR VIDEO EXPLAINER)
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DIREITOS DE AUTOR
© 2017 POR R.F. KRISTI WWW.INCABOOKS.COM (http://WWW.INCABOOKS.COM)
N?O ? PERMITIDA A REPRODU??O TOTAL OU PARCIAL DESTE LIVRO, NEM A SUA TRANSMISS?O POR QUALQUER MEIO, SEJA ELECTR?NICO, MEC?NICO, FOTOC?PIA, GRAVA??O OU OUTROS M?TODOS, SEM A AUTORIZA??O PR?VIA, POR ESCRITO, DO EDITOR.
POR FAVOR ENVIE TODOS OS PEDIDOS DE INFORMA??O OU DE PERMISS?O PARA COPIAR PARCIAL OU INTEGRALMENTE ESTE LIVRO PARA O EDITOR.
EDITADO POR: R.F. KRISTI (WWW.INCABOOKS.COM) – PRIMEIRA EDI??O
© 2017 R.F. Kristi
Reservados todos os direitos.
ISBN:
AGRADECIMENTOS
? minha mentora Alinka Rutkowska pela sua orienta??o e motiva??o.
? minha editora Amithy Moragoda Alles pela inspira??o que me trouxe e por ter sempre uma aten??o especial aos detalhes.
ao meu ilustrador Jorge Valle por dar vida ? s?rie Inca – da maneira mais maravilhosa.
&
? equipa da Video Explainer pela sua contribui??o para as anima??es.
A minha “?rvore geneal?gica”
Esta ? a minha fam?lia:
INCA (EU):
Eu sou uma gata siberiana, e n?s, os siberianos, somos muito bem-parecidos.
Eu sou a l?der natural aqui da trupe.
Isto tem v?rias raz?es.
Afinal,
Eu sou a mais velha e a mana grande destes patudos todos!
Eu sou uma gatinha super esperta!
Aposto que n?o encontravam nenhum gato mais esperto do que eu, nem que nadassem at? ? China. A M?e n?o sabe, mas EU sou A MAIOR aqui da casa.
CARA:
Cara, uma gatinha siamesa bonitinha, ? a minha irm?.
Ela ? a vaidosa da fam?lia.
Anda sempre toda arranjada, penteada e muito elegante e sempre ? beira da nossa m?e.
Ela ? a preferida da M?e. Tudo o que ela faz est? bem para a M?e e ela adora dar-lhe graxa. Bleargh!
FROMAGE:
O meu irm?o Fromage ? um gato tigrado. Ele chama-se assim porque adora queijo, j? que “fromage” em franc?s significa “queijo”.
O Fromage adora qualquer tipo de queijo, ponto par?grafo. Ele tamb?m se considera um grande especialista em queijos.
O Fromage ? a mascote da nossa loja de queijo. Ele vai ? loja com a M?e todos os dias. Ele tem um grupo de f?s de pessoas em Londres que adoram queijo.
Ele acredita firmemente que ele ? o segredo do sucesso da nossa loja de queijo. Fromage tamb?m ? trapalh?o e mete-se em todo o tipo de sarilhos. Se encontrarem alguma coisa partida na nossa casa, podem apostar o vosso ?ltimo tost?o que a asneira foi da autoria do Fromage!
CHARLOTTE:
A Charlotte ? um hamster Roborovski e ? a melhor amiga do Fromage.
Ela conheceu-o na nossa loja de queijo em Paris e decidiu vir connosco para Londres. A Charlotte adora o Fromage, apesar de todos os sarilhos em que ele se mete. Eu n?o entendo esta amizade entre o Fromage e a Charlotte. A Charlotte ? inteligente e muito r?pida, enquanto o Fromage ??... Bem, o Fromage ? o Fromage.
O Fromage n?o se cala e a Charlotte gosta de o ouvir. Talvez seja esta a raz?o pela qual eles s?o t?o amigos.
O Fromage tamb?m fica ciumento quando algu?m tenta ficar muito amigo da Charlotte.
MISSY (M?E):
A M?e ? um humano que nos pertence a todos. Os outros humanos chamam-lhe Missy, mas n?s chamamos-lhe M?e.
A M?e toma conta da nossa loja de queijo. A loja fica no centro de Kensington, e foi constru?da ? imagem da nossa conhecida loja de queijo em Paris. N?s deixamos a M?e pensar que n?s ? que lhe pertencemos, quando na verdade ela ? que nos pertence. Ela ? o centro do nosso mundo, mas tem uma fixa??o com coisas que n?o nos interessam nada:
A nossa comida
A M?e controla cuidadosamente, contra a nossa vontade, tudo o que comemos.
N?o h? miaus ou festas que a fa?am mudar de ideias enquanto ela prepara o jantar. Nem sequer olhares de adora??o resultam.
Bolas!!! Bolas!!! E bolas!!!
A lista de comidas “N?O, N?O!” para n?s, gatinhos
Nada de chantilly
Nada de bacon
Nada de gelados
Nada de pizza
Nada do que ? bom!
A nossa higiene
A M?e ? obcecada com a limpeza! Quando menos esperamos – l? saca ela de uma das nossas escovas…
O Fromage tenta esconder-se sempre que a v? ir buscar as escovas.
Mas a Cara fica toda vaidosa e at? ronrona quando a M?e a escova, e os olhos dela brilham como duas safiras cintilantes – s? para a M?e.
O Fromage normalmente rosna-lhe um “Traidora!” e mete-se debaixo do sof?.
Mas acham que ela se importa?
N????????o!
Eu tamb?m finjo que protesto, mas n?o consigo evitar gostar de sentir a escova a passar no meu p?lo. E, de qualquer maneira, ningu?m consegue parar a M?e quando ela entra em modo “limpar os gatos”.
E, sendo assim, porque n?o desfrutar do inevit?vel?
TIA FLORENCE:
A tia Florence ? a tia human?ide da M?e.
N?o tenho problemas em admitir que a tia Florence me adora.
Ela ? a ?nica fam?lia que a M?e tem para al?m de n?s. A tia Florence costumava viver no chal? em que vivemos agora, em Kensigton, Londres. Neste momento a tia Florence vive na Proven?a, em Fran?a.
E AGORA QUE J? CONHECEM A MINHA FAMILIA, VAMOS PASSAR A COISAS MAIS INTERESSANTES!
Bl?-bl?-bl?… Pre?mbulo
Numa manh? de s?bado em princ?pios de Dezembro:
A minha vida tornou-se t??????oooo empolgante!
Foi por esta altura que comecei a escrever um di?rio!
E tu perguntas: porque ? que um gato precisa de um di?rio???!!!
? simples.
Desde que deix?mos Paris e cheg?mos a Londres que eu tive a minha primeira aventura de detectives.
Desde essa altura que sonho em me tornar o melhor gato detective do mundo.
Maior celebridade do mundo dos gatos detectives
O meu di?rio ? importante para tornar o meu sonho realidade. Que melhor maneira podia haver de n?o perder de vista os meus casos resolvidos do que manter um registo das minhas aventuras?
Decidi ent?o que j? era o melhor gato detective de Londres.
Disso n?o havia d?vidas!
A minha fama ia espalhar-se rapidamente para o resto do pa?s e depois para al?m-fronteiras, at? ? cidade onde nasci, Paris, em Fran?a.
Imaginei os meus amigos gatos em Paris a ouvirem hist?rias da famosa gata detective.
Eles iam ficar admirados quado percebessem que era eu!
Alguns diriam que “estava destinado a ser assim” e reconhecer-me-iam como um super especialista gato detective – um gato detective “par excellence”!
Outros iam ficar invejosos e diriam que “foi sorte”.
Mas n?o havia d?vida – at? os gatos invejosos iam ter que reconhecer um gato detective mundialmente famoso!
Esgueirar-me com um caderno em branco da secret?ria da M?e enquanto ela estava distra?da foi super f?cil.
As aventuras de Inca, a Fant?stica Gata Siberiana, o gato detective mais famoso do planeta, seria uma obra-prima – um grande sucesso – um best-seller!
Quem ? que conseguiria resistir a hist?rias felinas como as minhas?
Sim – os meus poderes de dedu??o iriam levar-me ao estrelato.
Esta era a melhor altura para come?ar, j? que o Natal estava ? porta. Havia um sentimento de excita??o e antecipa??o no ar.
Sem d?vida! O Natal era a minha festa preferida do ano. O cheiro a pinheiro cortado, as decora??es brilhantes e, acima tudo, os nossos presentes debaixo das luzinhas brilhantes da nossa ?rvore de Natal.
Eu contei ? Cara e ao Fromage sobre o meu di?rio e eles s? quiseram saber que papel ? que ELES iam ter nele.
“Veremos”, foi tudo o que lhes prometi.
Ainda ouvi um murm?rio de “espertalhona!” da Cara, que fingi ignorar.
Isto era o MEU di?rio e EU ? que decidia o que escrever nele.
Por isso, toma l?!
Qual espertalhona, qual qu?!
Nem pensar que vou deixar a minha irm? e o meu irm?o mandar no meu di?rio. Estou mesmo a ver no que ia dar:
Do Fromage: um relamb?rio intermin?vel sobre o seu amado queijo franc?s!
Da Cara: o ?ltimo grito em cachec?is e como andar sempre na moda!!!!
A sonhar acordada, imaginei como uma multid?o de c?es faziam uma v?nia ? minha intelig?ncia superior.
YESSS!
Eu ia ser Inca, o gato detective par excellence!
Nunca nenhum gato tinha sido t???o adorado pelo p?blico.
Bravo, Inca!
Dezembro
12 Dias At? Ao Natal
Domingo, J? Muito Tarde:
De repente, tive uma sensa??o estranha, como se algu?m estivesse a observar-nos.
Missy, a nossa M?e, tinha acendido a lareira e a madeira estava a crepitar alegremente. A casa estava quente e confort?vel, mesmo com o frio tremendo que fazia l? fora.
Era uma noite normal para a fam?lia Inca. A Cara, o Fromage, a Charlotte e eu est?vamos sentados ? volta da lareira com a M?e, o jovem human?ide que nos pertence.
Eu pensei que estivesse a imaginar coisas, que nos estivessem a observar, e sacudi a cabe?a para me acalmar.
Mas aquela sensa??o voltou.
Como n?o queria assustar os outros, fui espreitar cuidadosamente pela janela. N?o havia nada l? fora – s? escurid?o, com alguma luz vinda da enorme Lua l? em cima.
Dei duas ou tr?s voltas e sentei-me de novo, virada para a janela, para o caso de entrarem por l? EXTRATERRESTRES para nos atacar.
Os meus olhos estavam a come?ar a fechar-se quando vi uma sombra a mover-se do lado de fora da janela. Abri-os logo muito outra vez e olhei l? para fora. Mas n?o vi nada. S? a calma de uma noite muito escura.
De repente, vi dois olhos verdes brilhantes a fixar-me.
O meu cora??o parou!
Seria um dem?nio?
Seria um drag?o que come fogo?
Seria uma cobra rastejante?
Estaria o meu maior pesadelo prestes a tornar-se realidade? Seriam os extraterrestres que nos iam atacar?
O meu cora??o come?ou a bater furiosamente:
Vi uma pata cinzenta, grande e forte a esticar-se na minha direc??o e o pelo das minhas costas eri?ou-se como um porco-espinho prestes a atacar.
E, depois, percebi que a aquela figura gorducha na janela, que aparecia e desaparecia, era s? a cara do nosso amigo Monk!
Expirei ent?o lentamente e os batimentos do meu cora??o voltaram gradualmente ao seu ritmo normal.
Monk ? um Russo Azul com pernas compridas e olhos grandes verde-dourados, que tem um pelo sedoso e cuidado e ? muito bonito – para quem gosta de gatos mais gorduchos. Ele usa sempre com um la?o vermelho vivo.
Monk ? um gato bem esperto.
Vamos a ver se me explico bem. A maior parte dos gatos ? naturalmente inteligente. Mas eu j? tinha reparado que o Monk ? muito mais inteligente do que a maior parte dos outros gatos que eu conhe?o. Acho que podemos chamar-lhe um gato nerd.
Monk vivia na casa ao lado da nossa com o Solo (um detective mundialmente famoso), o seu assistente Hobbs, e um c?o grande chamado Terrance.
Terrance era o melhor amigo do Monk e tamb?m ele um grande c?o detective.
Levantei-me devagar para n?o incomodar os outros, saltei pela janela e fui ter com o Monk debaixo de um arbusto denso que separa a nossa casinha do parque que fica na frente da casa enorme dele.
“O que ? que se passa, Monk?”, ronronei baixinho.
O Monk, que normalmente ? um gato calmo e descontra?do, parecia bastante abalado.
Ouvi um som como se fossem campainhas e o p?lo do meu pesco?o, que j? tinha voltado ao normal, voltou a eri?ar-se quando senti o qu?o perturbado ele estava.
“Tudo OK?”, miei, tentando abafar o meu pr?prio p?nico.
O Monk engoliu em seco e respondeu no seu costumado miau lento, fazendo um esfor?o para controlar o medo.
“Voc?s, gatinhos, t?m de vir hoje ? noite at? minha casa. O Terrance tem novidades, e bastante inesperadas”, murmurou ele.
Prometi-lhe que ?amos l? ter assim que a M?e adormecesse.
Apressei-me a regressar para junto dos outros para lhes dar as novidades, ao mesmo tempo que me perguntava o que poderia perturbar tanto algu?m normalmente t?o calmo como o Monk.
Domingo Durante A Noite:
A noite estava escura como breu quando nos esgueir?mos para casa do Monk. Comparado com o nosso chal?, o Monk vivia numa casa enorme e muito chique. Mas n?s ador?vamos a nossa casinha e n?o a troc?vamos por nada deste mundo.
Atravess?mos a grande cozinha silenciosamente, e o Fromage parou para cheirar uma ta?a de natas muito tentadoras que o Hobbs tinha deixado para o Monk.
“Anda, Fromage”, silvou a Cara. “O Monk n?o vai ficar contente se comeres da comida dele sem lhe perguntar primeiro.”
“Nem penses, Cara, o Monk ? meu amigo!”, respondeu o Fromage, ao mesmo tempo que punha a l?ngua de fora ? Cara.
Mas mesmo assim ele veio atr?s de n?s, n?o sem antes olhar melancolicamente para tr?s, para o prato cheio de natas.
O Monk e o Terrance estavam juntos, sentados numa sala aquecida, em frente a uma lareira enorme, onde a lenha ainda crepitava.
No in?cio, a amizade entre o Monk e o Terrance tinha-me surpreendido.
Como ? que um gato esperto como o Monk podia ser t?o amigo de um c?o?
Mas fui obrigada a mudar de ideias depois que conhecer melhor o Terrance.
N?s, gatos, t?nhamos uma m? opini?o dos c?es. Mas o Terrance ? algu?m de quem at? n?s, gatos, aprendemos a gostar e respeitar.
Para ser sincera, a nossa opini?o sobre c?es tinha mudado gradualmente.
Nunca t?nhamos tido muito contacto com c?es antes de chegar a Londres. Tamb?m nunca t?nhamos querido ter. T?nhamo-los sempre tratado como animais terr?veis e peludos e um bocado malcheirosos.
Mas agora era diferente. Agora t?nhamos dois amigos c?es com quem and?vamos regularmente.
O Terrance e o Polo!
O Terrance era um c?o forte, um Golden Retriever com um p?lo comprido dourado. Apesar do seu olhar um bocado piegas e da sua l?ngua cor-de-rosa, babada e sempre ao dependuro, ele ? muito esperto.
Ele era famoso por ter ajudado o Solo a resolver muitos casos.
Se havia alguma coisa que eu respeitava nele, era ele ser t?o popular, tanto com os animais como com os human?ides b?pedes que nos rodeavam.
A sua express?o meia tonta e a l?ngua babada n?o mudavam isso nem um bocadinho.
Eu adorava ser popular assim.
O Terrance costumava acompanhar o Solo e o Hobbs para todo o lado.
O Solo tinha posto o Terrance numa escola para c?es muito famosa. Ele n?o se tinha arrependido, pois Terrance tinha tido as melhores notas na Academia Canina de Busca e Salvamento. O Terrance era um bom colaborador da ag?ncia de detectives de Solo.
Eu estava morta por saber o que ? que o Terrance andava a fazer.
O Terrance abanou a cauda quando nos viu e deu-nos um sorriso de boas vindas. O Monk saltou da sua cadeira favorita e veio receber-nos.
“Algu?m quer natas frescas?”, ronronou ele na sua voz grave.
“Obrigada, N?O”, respondeu a Cara antes que o Fromage ou eu pud?ssemos dizer alguma coisa, “n?s jant?mos antes de vir.”
O Fromage olhou para ela fixamente.
Conhecendo bem o meu irm?o, e sabendo que ele estava a preparar-se para come?ar uma briga, eu mudei rapidamente de assunto.
“Terrance, o que se passa?”, miei.
“H? novidades importantes acerca do Raoul, o pai desaparecido do Polo!”, disse o Terrance, depois que toda a gente se sentou no lugar do costume na biblioteca.
Tenho de vos falar sobre o nosso amigo Polo e o triste estado em que est? a sua fam?lia.
O Polo ? um pequin?s. Ele ? baixinho e n?o ? muito maior do que eu.
N?s conhecemos o Polo quando nos mud?mos de Paris para Londres no Ver?o passado. Curiosamente, havia uma amizade especial entre ele e a Charlotte.
Tinha havido alguns ci?mes entre o Fromage e o Polo por causa da Charlotte. Foi um al?vio quando esses ci?mes passaram ? hist?ria.
O Polo pertencia ? Se?ora Conchita Consoles, a quem toda a gente chamava Sen?ra, uma cantora de ?pera reformada.
A Se?ora tinha perdido o seu marido, Raoul, quando ele desapareceu ao escalar o Monte Evereste nos Himalaias. Desde essa altura, e at? n?s chegarmos, ela tinha estado muito triste.
Ela estava a recuperar-se pouco a pouco da perda de Raoul. Mas n?s sab?amos que tanto a Se?ora como o Polo sentiam terrivelmente a falta do Raoul.
Torn?mo-nos bons amigos quando ajud?mos o Polo durante o mist?rio do colar de diamantes desaparecido da Se?ora.
O desfecho tinha sido surpreendente, mas fant?stico, apesar do susto que foi o desaparecimento do Fromage e o s?tio muito estranho em que o colar foi descoberto.
Foi nessa altura que o bichinho das investiga??es me mordeu. Eu estava morta por me envolver noutro caso e tornar-me uma detective famosa de direito pr?prio.
O Terrance continuou a contar a sua hist?ria em latidos graves.
“O Solo chegou a casa com novidades que, se se confirmarem, v?o deixar o Polo felic?ssimo.”
“O Solo tem um amigo que trabalha para os M?dicos Sem Fronteiras no Nepal.”
“Numa viagem recente a Londres, o jovem m?dico disse ao Solo que tinha ouvido falar de um estrangeiro, ferido, que estava a ser tratado por alguns habitantes locais numa aldeia perto dos Himalaias.”
“A breve descri??o que lhe deram fizeram-no pensar que se possa tratar de Raoul, o marido da Se?ora.”
“N?s vamos aos Himalaias para confirmar esta informa??o, uma vez que o Solo n?o pode ter a certeza se ? mesmo Raoul, o dono do Polo.”
“Se a Se?ora ou o Polo ficam a saber disto e afinal ? outra pessoa, eles v?o ficar muito desiludidos.”
“O mais importante ? evitar que tanto a Se?ora como o Polo saibam oq eu se passa at? termos a certeza de que este estrangeiro ? o Raoul”, disse o Terrance.
“N?o te preocupes, n?s vamos fazer tudo para que isto n?o chegue aos ouvidos do Polo”, disse eu, olhando para o Fromage e a Charlotte com um olhar severo.
“A ?ltima coisa que eu quero ? desiludir o Polo. Ele ? nosso amigo”, disse a Charlotte, olhando para o Fromage e franzindo os seus olhinhos pequeninos.
“Tamb?m eu”, murmurou o Fromage, um pouco acanhado. Eu respirei de al?vio.
Terrance deu-nos mais pormenores.
Ele ia acompanhar Solo e Hobbs na viagem at? ao Nepal. Eles iam apanhar o avi?o de Inglaterra para Katmandu, a capital do Nepal, onde iam alugar um carro para ir at? aos Himalaias. De l? iriam a p? at? ? aldeia, com a ajuda de um guia local.
O Terrance disse-nos que a parte da viagem que iam fazer a p? era perigosa e dif?cil, Iam ter de andar por caminhos estreitos em encostas montanhosas.
Mas o Solo estava decidido a faz?-lo porque o Raoul era seu amigo. Se o Raoul estivesse vivo, ia fazer toda a diferen?a do mundo para a Se?ora se ela pudesse v?-lo outra vez.
“E n?o s? para a Se?ora”, disse a Charlotte, numa voz fininha.
“Tamb?m para o Polo. Ele adorava o Raoul! Afinal, ele ? o pai dele”, suspirou Charlotte com o seu narizinho a tremer.
Prometemos ao Terrance n?o dizer uma palavra ao Polo acerca da raz?o que os levava a viajar at? ao Nepal.
“Quando ? que partem?”, perguntei.
“Amanh?”, ladrou o Terrance.
“O Hobbs est? a fazer as malas. Ele j? comprou os bilhetes de avi?o para o Nepal. Eu vou agora tomar as minhas vacinas para poder viajar para fora do pa?s.”
De repente lembrei-me de uma coisa – e o Natal?
N?s tencion?vamos festejar o Natal todos juntos em casa do Solo. A Se?ora, o Polo, os empregados deles, o Senhor e a Senhora Applebee, que eram parentes do Hobbs e muito simp?ticos, e a M?e andavam a planear o jantar de Natal h? semanas.
“Se tudo correr bem, estaremos de volta antes do Natal”, disse o Terrance.
Eu senti um arrepio na espinha quando vi o olhar pensativo que os dois velhos amigos, Monk e Terrance, trocaram entre si.
Lembrei-me do que o Terrance tinha dito acerca da ?ltima parte da viagem, que era muito perigosa e extremamente arriscada.
E eu aqui, a pensar na festa de Natal, enquanto a fam?lia do Monk ia viajar por algumas das estradas mais perigosas do mundo para ajudar a Se?ora e o Polo, dois bons amigos nossos.
Que ego?sta que eu sou!
N?o admira que o Monk estivesse em p?nico quando me visitou nesse dia.
Ele parecia ter-se acalmado, mas devia estar ansioso por ver a sua fam?lia fazer uma viagem t?o perigosa – e a perguntar-se se eles regressariam s?os e salvos.
Os Himalaias! Hmmmm… pensei eu. Nunca tinha ouvido falar desse s?tio. Eu, que normalmente gostava de saber tudo, estava perplexa.
“Onde ? que isso fica?”, perguntei ao Terrance.
Ele foi at? ? secret?ria do Solo e trouxe-nos um livro com fotografias dos Himalaias.
Que paisagem extraordin?ria! Imensas montanhas com o cume coberto de neve. Aquele lugar era enorme e tinha um ar muito in?spito. Eu imaginava como devia ser gelado…
Eu imaginei o Terrance observando os Himalaias, pronto para os conquistar.
“Solo n?o acha que esta seja a melhor altura do ano para visitar os Himalaias, j? que entre Novembro e Mar?o ? extremamente frio”, ladrou o Terrance
“Mas, por outro lado, o Solo tamb?m n?o quer esperar nem mais um dia, no caso de o Raoul estar vivo e a precisar de cuidados m?dico.
N?s vamos de avi?o directos a Katmandu”, concluiu o Terrance.
“Vai ser dif?cil para ti ficares sozinho, Monk?”, perguntou a Cara com o seu miado suave.
“O Lance vem at? c?. O Solo ligou-lhe ontem ? noite e pediu-lhe para tomar conta da casa at? eles voltarem”, respondeu Monk, piscando os olhos.
“Quem ? o Lance?”, perguntou o Fromage.
“Um familiar afastado do Solo”, disse o Monk.
“? um rapaz novo, sempre metido em biscates. Ele fica c? quando o Solo e o Hobbs est?o a trabalhar num caso.”
“Ele n?o ? m? pessoa, mas eu tento manter-me afastado dele. Normalmente ele fica por aqui a ver televis?o enquanto come sem parar, e tem umas ideias meio malucas para ganhar dinheiro”, miou o Monk.
11 Dias At? Ao Natal
Segunda-Feira De Manh?:
N?s fomos at? casa do Monk para nos despedirmos dos nossos amigos que iam partir para os Himalaias.
O Solo e o Hobbs tinham imensa bagagem espalhada pelo hall de entrada. Eles iam levar os casacos de inverno e as botas para os manterem quentes nas montanhas altas dos Himalaias.
O Terrance tinha um casaco de malha polar bem quentinho e umas botinhas para proteger as patas dele das pedras afiadas e do frio.
Tamb?m se viam tendas robustas e uma caixa grande de mantimentos enlatados suficientes para duas semanas.
Coisas como frutas e vegetais e outros produtos que s? se podem comer frescos iam ser comprados pelo guia deles no mercado, antes de fazer a viagem a p?.
O Terrance tinha comida enlatada especial e uma grande embalagem de biscoitos para c?o.
O Fromage tinha-me dito que, quando a M?e tinha sabido da viagem deles, tinha vindo trazer-lhes um bocado grande de queijo franc?s, bem embrulhado em papel de alum?nio, para eles levarem na viagem.
Ele cheirou o queijo atrav?s da caixa e declarou que ele estava bem embalado l? dentro.
O Monk fez uma careta quando a sua fam?lia se preparou para partir.
Conhecendo o Monk h? tempo suficiente, eu sabia que ele estava preocupado com a seguran?a da sua fam?lia, embora o escondesse. Ainda assim, a sua express?o, normalmente calma e bem-humorada, estava tensa.
“Fica bem, amigo, estaremos de volta antes que tenhas tempo de sentir a nossa falta”, disse o Terrance ao Monk.
“N?o te preocupes muito com o Monk. Prometo-te que vamos fazer-lhe companhia at? tu voltares”, sussurrei eu ao Terrance quando o Monk n?o estava a olhar.
“Toma conta de ti e traz toda a gente de volta s? e salva, de prefer?ncia incluindo o Raoul. Isso ia deixar o Polo doido de alegria”, acrescentei.
“Obrigado, Inca. Tivemos muita sorte por voc?s se terem mudado para a casinha aqui ao lado”, ladrou o Terrance, enquanto me dava aquele sorriso meio de lado com a l?ngua cor-de-rosa ao dependuro.
Pouco depois chegou um t?xi preto e grande. O Lance, que tinha chegado entretanto, juntamente com o Hobbs e o taxista, carregaram o carro com a bagagem, e l? foram eles come?ar a sua viagem at? ao Nepal.
Eu virei-me na ombreira da porta para olhar para o Lance.
Ele era um rapaz novo com cabelo castanho claro e olhos de um azul vivo. Estava vestido de maneira descontra?da com umas cal?as de ganga e uma camisola e tinha, no seu todo, um ar de quem n?o leva nada muito a s?rio.
O Lance estava a observar a Cara de perto, levantando-a bem alto no ar, e pela cara dela dava para perceber que ela n?o gostava de estar a ser transportada por este estranho.
Depois ele virou-se para mim e levantou-me do ch?o para me examinar atentamente.
Perguntei-me qual seria a causa deste interesse repentino em N?S, j? que ele estava a ignorar completamente o Fromage.
Debati-me nos seus bra?os e escapei para o ch?o.
“Como te atreves a pegar em mim e examinar-me como se eu fosse uma cobaia num laborat?rio?”, pensei com os meus bot?es.
Fiquei com a sensa??o de que o Lance estava a tramar alguma.
“Vamos voltar para casa”, disse eu aos outros, para evitar estar perto do Lance mais tempo do que o estritamente necess?rio.
Depois de convidar o Monk para vir passar tempo connosco sempre que ele quisesse, deix?mo-lo e ao Lance e corremos para casa, j? que a M?e devia estar a chegar para fazer o jantar.
N?s ador?vamos fazer corridas. Eu sou pequena mas tamb?m sou r?pida. Eu consegui ganhar tanto ? Cara como ao Fromage e ser a primeira a meter a cabe?a pela porta.
O Fromage tinha decidido n?o ir ? loja de queijo nessa manh?, j? que ele queria despedir-se do Terrance.
Mas at? um dia longe da sua amada loja de queijo era demasiado para o Fromage.
Segunda-Feira De Manh?:
A M?e estava a trabalhar no seu computador port?til, sentada com as pernas cruzadas no confort?vel sof?.
A Cara e o Fromage tinham tomado posse do tapete em frente ao sof?, e a Charlotte estava aninhada em cima do cachecol de l? do Fromage.
Sentada no meu lugar nas costas do sof?, atr?s da M?e, olhei para a minha fam?lia, e dei um grande bocejo. Como chefe do Reino Inca, este era o meu lugar favorito. E eu tamb?m gostava de ler o que a M?e estava a escrever no computador.
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