À â Ìîñêâå - ñíåãîïàä... è âëþáë¸ííûå ïàðû... Êàê-òî âäðóã, íåâïîïàä, íà âåñåííèõ áóëüâàðàõ çàáëóäèëàñü çèìà - Áåëûì êðóæåâîì ìàðêèì íàêðûâàåò ëþäåé â òèõèõ ñêâåðàõ è ïàðêàõ. Ñíåã ëåòèò, ëåïåñòêàìè ÷åð¸ìóõè êðóæèò, ë¸ãêèì ïóõîì ëåáÿæüèì ëîæèòñÿ íà ëóæè... Ñåðûé äåíü, îùóùàÿ ñåáÿ âèíîâàòûì, òàëûé ñíåã íàñûùàåò âåñíû àðîìàòîì. Ïîäñòàâëÿþò ëàäîíè â

Ca?ador Zero

Ca?ador Zero Jack Mars —Voc? n?o vai conseguir dormir at? terminar o livro AGENTE ZERO. Um excelente trabalho que cria um conjunto de personagens muito bem elaborados e muito agrad?veis. A descri??o das cenas de a??o nos transporta para uma realidade que ? quase como sentar na frente de uma tela de cinema com som surround e 3D (daria um incr?vel filme de Hollywood). Eu mal posso esperar pela continua??o.- Roberto Mattos, Livros e An?lises de FilmesEm CA?ADOR ZERO (Livro n?3), quando o Agente Zero da CIA descobre que suas duas filhas foram sequestradas e est?o destinadas a um esquema de tr?fico na Europa Oriental, ele embarca em uma persegui??o de alta intensidade pela Europa, deixando um rastro de devasta??o, quebrando todas as regras, arriscando a pr?pria vida e fazendo tudo o que pode para recuperar suas filhas.Kent, convidado pela CIA a se retirar, recusa tal ordem. Sem o apoio da Ag?ncia, com espi?es inimigos e assassinos por todos os lados, com uma namorada em que ele mal pode confiar, e sendo um alvo, o Agente Zero deve lutar contra v?rios inimigos para recuperar suas filhas.Contra a rede de tr?fico mais mortal da Europa, com conex?es pol?ticas por todo o processo at? o topo da escala, ? uma batalha improv?vel - um homem contra um ex?rcito – uma batalha que apenas o Agente Zero pode travar.E, no entanto, sua pr?pria identidade, ele percebe, pode ser o segredo mais perigoso de todos. CA?ADOR ZERO (Livro n?3) ? um thriller indecifr?vel de espionagem que far? voc? virar p?ginas e p?ginas at? tarde da noite.—Suspense de verdade.- Avalia??o Midwest (Alerta Vermelho: Confronto Letal)—Um dos melhores suspenses que li este ano.- Livros e resenhas de filmes (re Alerta Vermelho: Confronto Letal)Tamb?m est? dispon?vel o best-seller de Jack Mars, s?rie LUKE STONE (7 livros), que come?a com Alerta Vermelho: Confronto Letal (Livro n?1), com mais de 800 avalia??es cinco estrelas! C A ? A D O R Z E R O (Uma S?rie de Suspenses do Espi?o Agente Zero — LIVRO 3) J A C K M A R S Jack Mars Jack Mars ? o autor da s?rie best-seller LUKE STONE, que inclui sete livros (com outros a caminho). Ele tamb?m ? o autor do novo livro FORGING OF LUKE STONE, e da s?rie de suspenses do espi?o AGENTE ZERO. Jack adora ouvir seus leitores, por favor, fique ? vontade para visitar o site www.Jackmarsauthor.com. Entre na lista de e-mails e receba amostras gr?tis, conecte-se no Facebook e no Twitter para manter contato! Direitos Autorais © 2019 por Jack Mars. Todos os direitos reservados. Exceto conforme o permitido pela Lei Americana de Direitos Autorais, de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida por nenhuma forma ou meio, ou armazenada em banco de dados ou em sistemas de recupera??o, sem a permiss?o pr?via do autor. Este e-book est? dispon?vel somente para seu uso pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido nem distribu?do para outras pessoas. Se voc? quiser compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, adquira uma c?pia adicional para cada destinat?rio. Caso esteja lendo este livro e n?o tenha pagado por ele, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira seu pr?prio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho do autor Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, locais e incidentes s?o frutos da imagina??o do autor ou s?o utilizados de forma fict?cia. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou mortas, ? mera coincid?ncia. LIVROS DE JACK MARS UM THRILLER DE LUKE STONE ALERTA VERMELHO: CONFRONTO LETAL (Livro #1) O PRE?O DA LIBERDADE (Livro #2) GABINETE DE CRISE (Livro #3) UMA S?RIE DE SUSPENSES DO ESPI?O AGENTE ZERO INFILTRADO (Livro #1) ALVO ZERO (Livro #2) CA?ADOR ZERO (Livro #3) Agente Zero - Resumo do Livro 2 (folha de resumo a ser inclu?da no livro 3) Amostras de um antigo v?rus mortal s?o roubadas da Sib?ria e liberadas na Espanha, matando centenas em horas. Embora sua mem?ria como agente da CIA ainda esteja fragmentada, o Agente Zero ? reintegrado para ajudar a encontrar e proteger o v?rus, antes que uma organiza??o terrorista possa liber?-lo nos Estados Unidos. Agente Zero: Mais lembran?as de sua vida anterior como agente da CIA retornaram, principalmente a de uma conspira??o clandestina do governo americano para iniciar uma guerra pr?-planejada por motiva??es insidiosas. Os detalhes do que ele sabia dois anos atr?s est?o turvos e desbotados, por?m, antes que tivesse a chance de cavar mais fundo, ele voltou para casa e descobriu que suas duas filhas haviam sido sequestradas. Maya e Sara Lawson: Enquanto o pai delas estava fora, as meninas estavam sob o olhar atento de Thompson, seu vizinho e agente aposentado da CIA. Quando o assassino, Rais, invadiu, Thompson fez o poss?vel para intercept?-lo, mas acabou sendo morto, e Maya e Sara foram levadas. Agente Maria Johansson: Mais uma vez, Maria se mostrou uma aliada indispens?vel quando ajudou a impedir que o v?rus da var?ola fosse liberado. Embora seu novo relacionamento com Kent se restrinja ao rom?ntico, ela tem seus pr?prios segredos, tendo se encontrado com um misterioso agente ucraniano no aeroporto de Kiev para discutir onde est?o as lealdades do Agente Zero. Rais: Ap?s ser espancado e deixado para morrer na Su??a, Rais se recuperou por v?rias semanas em um hospital, sob vigia e algemado. Com nada al?m de tempo em suas m?os, ele projetou, n?o apenas uma fuga ousada e sangrenta, mas tamb?m conseguiu fugir para os EUA antes que as fronteiras internacionais fossem fechadas devido ao v?rus mortal. A partir da?, n?o foi dif?cil encontrar a casa de Lawson, matar o velho vizinho e sequestrar as duas filhas adolescentes do Agente Zero. Agente John Watson: Como parte da equipe enviada para proteger o v?rus da var?ola, Watson deixou bem claro que ele n?o gosta das t?ticas audaciosas do Agente Zero. No entanto, ap?s o sucesso em neutralizar Imam Khalil, os dois alcan?aram um entendimento e um respeito m?tuo. Diretora Assistente Ashleigh Riker: Ex-oficial de intelig?ncia que subiu na profiss?o at? o Grupo de Opera??es Especiais, Riker trabalha diretamente com o Diretor Adjunto, Shawn Cartwright, na opera??o para proteger o v?rus. Ela n?o esconde seu desd?m pelo Agente Zero e a licen?a que a ag?ncia lhe concede. Depois que outro agente atacou Zero sem motivo, ele come?ou a suspeitar que Riker poderia fazer parte da conspira??o - e, portanto, n?o era confi?vel. Conte?do CAP?TULO UM (#u0f67555e-fdd6-5ec7-8553-7151889d26f3) CAP?TULO DOIS (#u265d1f37-f394-5696-82ad-c89bf9fc6444) CAP?TULO TR?S (#uf394e5aa-94ef-58be-8676-a9fc6068aed3) CAP?TULO QUATRO (#ua278132c-2d82-5fa7-ba54-db9c505481f5) CAP?TULO CINCO (#u85ac8ff0-6be4-5b8b-a707-5130763d58c4) CAP?TULO SEIS (#uf29e2325-2c57-507b-98c5-35bd9b165ee4) CAP?TULO SETE (#u1eba6068-20bd-5e13-87b4-841491368ac0) CAP?TULO OITO (#u7563e022-f37f-5da4-8251-9d15917e8151) CAP?TULO NOVE (#u99fc4475-f450-5ca7-8248-35cc2bed85c4) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZENOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO UM Aos dezesseis anos, Maya Lawson tinha certeza de que ela morreria em breve. Ela estava sentada no banco de tr?s de uma caminhonete de cabine grande, que seguia pela rodovia interestadual 95, indo para o sul atrav?s do estado da Virg?nia. Suas pernas ainda pareciam fracas com o trauma e terror do que ela experimentara h? pouco mais de uma hora. Ela olhava para frente, impass?vel, a boca ligeiramente aberta em uma express?o chocada e o olhar vazio. A caminhonete pertencia ao seu vizinho, o senhor Thompson. Ele estava morto agora, provavelmente, ainda deitado no sagu?o azulejado da casa dos Lawson, em Alexandria. O homem dirigindo a caminhonete era seu assassino. Sentada ao lado de Maya estava sua irm? mais nova, Sara, de apenas 14 anos. Suas pernas estavam dobradas entre ela e seu corpo, que estava enrolado junto ? Maya. Sara tinha parado solu?ar, pelo menos por agora, mas cada respira??o escapava de sua boca aberta como um gemido suave. Sara n?o tinha ideia do que estava acontecendo. Ela sabia apenas o que tinha visto - o homem na casa delas. Sr. Thompson morto. O assaltante amea?ando quebrar os membros de sua irm? para fazer com que ela abrisse a porta do quarto do p?nico no por?o. Ela n?o sabia nada do que Maya sabia, e at? mesmo Maya conhecia apenas uma pequena parte de toda a verdade. Mas a Lawson mais velha sabia de uma coisa, ou pelo menos ela estava certa disso: ela morreria logo. Ela n?o sabia o que o motorista da caminhonete estava planejando fazer com elas - ele fizera a promessa de que n?o as machucaria desde que fizessem o que ele pedisse -, mas isso n?o importava. Apesar de sua express?o boquiaberta, a mente de Maya estava trabalhando a cem quil?metros por hora. Apenas uma coisa era importante agora, manter Sara segura. O homem atr?s do volante estava alerta e operante, mas em algum momento ele vacilaria. Contanto que fizessem o que pedisse, ele ficaria complacente, mesmo que por apenas um segundo, e naquele momento ela agiria. Ela ainda n?o sabia o que faria, mas teria que ser direta, implac?vel e extenuante. Dar a Sara a oportunidade de fugir, ir para algum lugar seguro, encontrar algu?m, encontrar um telefone. Isso provavelmente custaria a vida de Maya. Mas ela j? estava bem ciente disso. Outro gemido suave escapou dos l?bios de e sua irm?. Ela est? em choque, pensou Maya. Mas o gemido tornou-se um murm?rio e ela percebeu que Sara estava tentando falar. Ela inclinou a cabe?a pr?xima aos l?bios de Sara para ouvir sua pergunta baixa. — Por que isso est? acontecendo com a gente? — Shh — Maya embalou a cabe?a de Sara contra o peito e acariciou gentilmente seus cabelos. — Vai ficar tudo bem. Ela se arrependeu logo ap?s dizer isso. Era um sentimento vazio, algo que as pessoas dizem quando n?o t?m mais nada a oferecer. Claramente n?o estava bem e ela n?o podia prometer que ficaria. — Pecados do pai — o homem atr?s do volante falou pela primeira vez desde que as for?ou a entrar na caminhonete. Ele disse isso de forma casual, estranhamente calmo. Ent?o, mais alto, ele continuou: — Isso est? acontecendo com voc?s por causa das decis?es e a??es tomadas por um Reid Lawson, conhecido por uns como Kent Steele e por muitos outros como Agente Zero. Kent Steele? Agente Zero? Maya n?o tinha ideia do que esse homem, o assassino, que se chamava Rais, estava falando. Mas ela estava ciente de algumas coisas, o suficiente para saber que seu pai era um agente de algum ?rg?o do governo - o FBI, ou possivelmente a CIA. — Ele tirou tudo de mim. — Rais olhava direto para a estrada a frente deles, mas falava com um tom inalter?vel de ?dio. — Agora eu tirei tudo dele. — Ele vai nos encontrar — disse Maya. Sua voz era baixa, n?o desafiadora, como se ela estivesse simplesmente afirmando um fato. — Ele vai vir atr?s n?s e vai matar voc?. Rais assentiu como se concordasse com ela. — Ele vir? atr?s de voc?s; isso ? verdade. E ele vai tentar me matar. Por duas vezes ele tentou e me deixou para morrer... Uma vez na Dinamarca e outra na Su??a. Sabia disso? Maya n?o disse nada. Ela suspeitava que seu pai tivesse algo a ver com a trama terrorista que se desenrolou h? um m?s, em fevereiro, quando uma fac??o radical tentou bombardear o F?rum Econ?mico Mundial, em Davos. — Mas eu aguento — continuou Rais. — Sabe, eu fui levado a acreditar que era meu destino matar seu pai, mas estava errado. ? minha sina. Voc? sabe a diferen?a? — ele zombou levemente. — Claro que n?o sabe. Voc? ? uma crian?a. O destino ? constitu?do de eventos que se espera que sejam cumpridos. ? algo que podemos controlar, algo que podemos ditar. A sina, por sua vez, est? al?m de n?s. Ela ? determinada por outro poder, um poder que n?o podemos compreender plenamente. N?o acredito que eu possa morrer at? que seu pai morra na minha m?o. — Voc? ? membro da Amun — disse Maya. N?o era uma pergunta. — Eu fui uma vez. Mas a Amun n?o existe mais. Eu ajo sozinho. O assassino havia confirmado o que ela j? temia; que ele era um fan?tico, algu?m que tinha sido doutrinado pela Amun, uma organiza??o terrorista, que parecia uma seita, em acreditar que suas a??es n?o eram apenas justificadas, mas necess?rias. Maya foi presenteada com a combina??o perigosa de intelig?ncia e curiosidade; ela havia lido muito sobre terrorismo e fanatismo ap?s o bombardeio em Davos e sua especula??o era de que a aus?ncia de seu pai no momento do ocorrido significava que ele tinha feito parte de uma a??o para parar e desmantelar a organiza??o. Ent?o, ela sabia muito bem que este homem n?o podia ser influenciado por pedidos, ora??es ou s?plicas. Ela sabia que n?o havia como mudar seu pensamento, e estava ciente de que machucar crian?as n?o estava al?m do que ele fazia. Tudo isso s? fortaleceu sua decis?o de que ela teria que agir assim que visse a chance. — Eu tenho que usar o banheiro. — Eu n?o me importo — respondeu Rais. Maya franziu a testa. Ela j? havia escapado de um membro da Amun no cal?ad?o de Nova Jersey fingindo a necessidade de usar o banheiro - ela n?o acreditava na hist?ria que seu pai contou para encobrir o caso, sobre o homem ser membro de uma gangue local, nem por um segundo - e conseguira colocar Sara em seguran?a. Era a ?nica coisa em que podia pensar no momento que lhes permitiria um minuto precioso a s?s, mas seu pedido foi negado. Eles dirigiram por mais alguns minutos em sil?ncio, indo para o sul, na interestadual, enquanto Maya acariciava o cabelo de Sara. Sua irm? mais nova parecia ter se acalmado a ponto de n?o chorar mais, ou simplesmente tinha ficado sem l?grimas. Rais ligou o pisca alerta e guiou a caminhonete para a pr?xima sa?da. Maya espiou pela janela e sentiu uma pequena onda de esperan?a; eles estavam parando em uma parada de descanso. Era pequena, pouco maior que uma ?rea de piquenique, cercada por ?rvores e um pequeno pr?dio de tijolos com banheiros, mas j? era algo. Ele as deixaria usar o banheiro. As ?rvores, ela pensou. Se a Sara conseguir adentrar a floresta, talvez ela possa despist?-lo. Rais estacionou o caminh?o e deixou o motor inativo por um momento enquanto examinava o pr?dio. Maya tamb?m. Havia dois caminh?es ali, grandes caminh?es articulados estacionados paralelamente ao pr?dio de tijolos e ningu?m mais. Fora dos banheiros, sob um toldo, havia duas m?quinas de venda autom?tica. Ela notou com des?nimo que n?o havia c?meras, pelo menos nenhuma vis?vel, nas redondezas. — O lado direito ? o banheiro feminino — disse Rais. — Eu vou levar voc?s at? l?. Se tentarem gritar ou chamar algu?m, eu matarei aquelas pessoas. Se voc?s apenas gesticularem ou sinalizarem para algu?m que algo est? errado, eu irei mat?-los. O sangue deles estar? em suas m?os. Sara estava tremendo em seus bra?os outra vez. Maya abra?ou-a com for?a em volta de seus ombros. — Voc?s duas v?o dar as m?os. Se voc? se separar, Sara vai se machucar. — Ele se virou parcialmente para encar?-las - especificamente Maya. Ele j? havia assumido que, das duas, ela seria a mais propensa a lhe causar problemas. — Voc? entendeu? Maya assentiu, evitando o olhar de seus olhos verdes selvagens. Ele tinha linhas escuras abaixo deles, como se n?o tivesse dormido h? algum tempo, e seu cabelo escuro era curto no topo de sua cabe?a. Ele n?o parecia t?o velho, certamente mais jovem que seu pai, mas ela n?o conseguia adivinhar sua idade. Ele ergueu uma pistola preta - a Glock que pertencera ao pai dela. Maya tentou us?-la quando ele invadiu a casa, e ele tirou a arma dela. — Isso estar? na minha m?o e minha m?o estar? no meu bolso. Mais uma vez, vou te lembrar de que problema para mim ? problema para ela. — Ele gesticulou para Sara com a cabe?a. Ela choramingou levemente. Rais saiu da caminhonete primeiro, enfiando a m?o e a pistola no bolso da jaqueta preta. Em seguida, ele abriu a porta traseira do carro. Maya saiu primeiro, as pernas tr?mulas quando seus p?s tocaram a cal?ada. Ela se voltou para o carro em busca da m?o de Sara e ajudou sua irm? mais nova a sair. — V?o. — As garotas andaram na frente dele enquanto se dirigiam ao banheiro. Sara estremeceu. Fim de mar?o na Virg?nia significava que o tempo estava come?ando a mudar, permanecendo entre os dez graus, ou pouco mais que isso, e as duas ainda estavam de pijama. Maya usava apenas chinelos nos p?s, cal?as de flanela listradas e uma blusa preta. Sua irm? usava t?nis sem meias, cal?as de pijama de popelina enfeitadas com abacaxis e uma das velhas camisetas de seu pai, um trapo desbotado com o s?mbolo de uma banda de que nenhuma das duas jamais ouvira falar. Maya girou a ma?aneta e entrou no banheiro primeiro. Ela instintivamente enrugou o nariz, desgostosa; o lugar cheirava a urina e mofo, e o ch?o estava molhado por causa de um cano de pia que vazava. Ainda assim ela puxou Sara para o dentro. Havia uma ?nica janela no lugar, de um vidro fosco no alto da parede que parecia balan?ar para fora com um bom empurr?o. Se pudesse impulsionar sua irm? para cima e para fora, ela poderia distrair Rais enquanto Sara corria... — Anda. — Maya se encolheu quando o assassino entrou no banheiro atr?s deles. Seu cora??o afundou. Ele n?o as deixaria sozinhas, nem mesmo por um minuto. — Voc?, ali. — Ele apontou para Maya e para a segunda cabine dos tr?s. — Voc?, ali. — Ele instruiu Sara para a terceira. Maya soltou a m?o da irm? e entrou na cabine. Estava imundo; ela n?o desejaria us?-lo, mesmo se realmente precisasse, mas pelo menos teria que fingir. Ela come?ou a empurrar a porta, mas Rais a parou com a palma da m?o. — N?o — ele disse a ela. — Deixe aberto. — E ent?o ele virou as costas, de frente para a sa?da. Ele n?o est? arriscando. Ela lentamente se sentou na tampa fechada do vaso sanit?rio e respirou entre suas m?os. N?o havia nada que pudesse fazer. Ela n?o tinha armas contra ele. Ele tinha uma faca e duas armas, uma das quais estava na m?o, escondida no bolso da jaqueta. Ela poderia tentar pular nele e deixar Sara sair, mas ele estava bloqueando a porta. Rais j? tinha matado o Sr. Thompson, um ex-fuzileiro naval que parecia um urso e que teria evitado uma briga a qualquer custo. Que chance ela teria contra ele? Sara fungou na barraca ao lado dela. Este n?o ? o momento certo para agir, Maya sabia. Ela tinha esperan?as, mas teria que esperar novamente. De repente houve um rangido alto quando a porta do banheiro foi aberta, e uma voz feminina surpresa disse: — Oh! Desculpe-me... Estou no banheiro errado? Rais deu um passo para o lado, passou pela cabine e saiu da vista de Maya. — Desculpe-me, senhora. N?o, voc? est? no lugar certo — sua voz imediatamente assumiu um tom de afeto agrad?vel e at? cort?s. —Minhas duas filhas est?o aqui e... Bem, talvez eu seja super protetor, mas voc? n?o pode descuidar hoje em dia. A raiva inchou no peito de Maya com a desculpa. O fato de esse homem t?-las tirado do pai e se atrever a fingir ser ele a deixava com raiva. — Oh... Compreendo. Eu s? preciso usar a pia — a mulher disse a ele. — Claro. Maya ouviu as batidas dos sapatos contra o azulejo e, ent?o, uma mulher apareceu parcialmente em seu campo de vis?o, de costas para ela enquanto abria a torneira. Ela parecia ter meia-idade, com cabelos loiros pouco abaixo da altura dos ombros e vestia-se de forma elegante. — N?o posso dizer que te culpo — a mulher disse a Rais. — Normalmente eu nunca pararia em um lugar como este, mas eu derramei caf? a caminho de visitar minha fam?lia e... Ah... — Ela parou enquanto olhava para o espelho. No reflexo, a mulher p?de ver a porta da cabine aberta, e Maya sentada em cima do vaso sanit?rio fechado. Maya n?o tinha ideia de como ela poderia parecer para um estranho - cabelo emaranhado, bochechas inchadas de tanto chorar, olhos avermelhados -, mas ela podia imaginar que era prov?vel que seria um motivo de alarme. O olhar da mulher voou para Rais e depois voltou ao espelho. — Ah... Eu simplesmente n?o conseguiria dirigir por mais uma hora e meia com as minhas m?os pegajosas... — Ela olhou por cima do ombro, a ?gua ainda correndo, e ent?o ela murmurou tr?s palavras muito claras para Maya. Voc? est? bem? O l?bio inferior de Maya tremeu. Por favor, n?o fale comigo. Por favor, nem mesmo olhe para mim. Ela balan?ou a cabe?a lentamente. N?o. Rais deve ter se virado, outra vez, para a porta, porque a mulher assentiu devagar. N?o! Maya pensou desesperadamente. Ela n?o estava tentando pedir ajuda. Ela estava tentando impedir que essa mulher sofresse o mesmo destino que Thompson. Maya acenou com a m?o para a mulher e mandou uma palavra para ela. Vai. Vai. A mulher franziu a testa profundamente, as m?os ainda molhadas. Ela olhou na dire??o de Rais novamente. — Eu suponho que seria muito pedir toalhas de papel, hein? Ela disse muito for?adamente. Ent?,o ela apontou para Maya com o polegar e o mindinho, fazendo um sinal de telefone com a m?o. Ela parecia estar sugerindo que ligaria para algu?m. Por favor, apenas v?. Quando a mulher voltou-se para a porta, houve um borr?o de movimento no ar. Aconteceu t?o r?pido que a princ?pio Maya nem teve certeza de que algo tivesse, de fato, acontecido. A mulher congelou, arregalando os olhos em choque. Um fino arco de sangue jorrou de sua garganta aberta, borrifando contra o espelho e a pia. Maya apertou as duas m?os sobre a boca para reprimir o grito que tentava sair de seus pulm?es. Ao mesmo tempo, as m?os da mulher voaram at? o pesco?o, mas n?o houve como impedir o dano que havia sido feito. O sangue escorria como um riacho entre os dedos enquanto ela ca?a de joelhos, um suave gorgolejo escapando de seus l?bios. Maya apertou os olhos, ambas as m?os ainda sobre a boca. Ela n?o queria ver isso. Ela n?o queria ver essa mulher morrer por causa dela. Sua respira??o veio pesada, solu?os sufocantes. Da cabine ao lado, ela ouviu Sara choramingando baixinho. Quando ela se atreveu a abrir os olhos novamente, a mulher a encarava. Uma bochecha descansada contra o ch?o molhado e imundo. A po?a de sangue que escapara de seu pesco?o quase alcan?ou os p?s de Maya. Rais inclinou-se para a cintura dela e limpou a faca na blusa da mulher. Quando ele olhou para Maya novamente, n?o era raiva ou ang?stia em seus olhos muito verdes. Era decep??o. — Eu te disse o que aconteceria — ele falou suavemente. — Voc? tentou sinalizar para ela. As l?grimas obscureceram a vis?o de Maya. — N?o. — Ela conseguiu soltar. Ela n?o conseguia controlar os l?bios tr?mulos, as m?os tr?mulas. — Eu n?o fiz isso… — Sim — disse ele calmamente. — Voc? fez. O sangue dela est? em suas m?os. Maya come?ou a hiperventilar, sua respira??o entrando em tragadas ofegantes. Ela se inclinou, colocando a cabe?a entre os joelhos, os olhos cerrados e os dedos nos cabelos. Primeiro senhor Thompson e agora essa mulher inocente. Os dois tinham morrido, simplesmente, por estarem muito perto dela, muito perto do que esse man?aco queria - e ele havia provado duas vezes que estava disposto a matar, mesmo indiscriminadamente, para conseguir o que queria. Quando ela finalmente recuperou o controle de sua respira??o e se atreveu a olhar para cima novamente, Rais tinha a bolsa preta da mulher e estava a vasculhando. Ela viu quando ele pegou o telefone e arrancou a bateria e o cart?o SIM. — Levante-se — ele ordenou Maya entrando na cabine. Ela se levantou rapidamente, prensando a si mesma contra a divis?ria de metal da cabine e prendendo a respira??o. Rais jogou a bateria e o cart?o SIM no vaso sanit?rio e deu descarga. Ent?o ele se virou para encar?-la, a poucos cent?metros de dist?ncia no espa?o estreito. Ela n?o conseguia encontrar seu olhar. Em vez disso, ela olhou para o queixo dele. Ele balan?ou algo diante do rosto dela - um molho de chaves de carro. — Vamos — ele disse baixinho. Ele deixou a cabine, aparentemente sem nenhum problema em andar pela grande po?a de sangue no ch?o. Maya piscou. A parada de descanso n?o tinha nada a ver com deix?-las usar o banheiro. N?o era sobre esse assassino mostrando um pingo de humanidade. Era uma chance para ele abandonar a caminhonete de Thompson. Pois a pol?cia pode estar procurando por ela. Pelo menos ela esperava que estivessem. Se o pai dela ainda n?o tivesse voltado para casa, havia poucas chances de que algu?m soubesse que as Lawson estavam desaparecidas. Maya andou o mais cautelosamente poss?vel para evitar a po?a de sangue - e para evitar olhar para o corpo no ch?o. Cada junta de seu corpo parecia ser feita de gelatina. Ela se sentia fraca, impotente contra esse homem. Toda a determina??o que ela reunira h? poucos minutos na caminhonete se dissolvera como a??car em ?gua fervente. Ela pegou Sara pela m?o. — N?o olhe — sussurrou e guiou sua irm? mais nova ao redor do corpo da mulher. Sara olhou para o teto, respirando fundo atrav?s da boca aberta. L?grimas frescas riscavam ambas as suas bochechas. Seu rosto estava branco como um len?ol e sua m?o fria e ?mida. Rais abriu alguns cent?metros da porta do banheiro e espiou o lado fora. Ele levantou uma m?o. — Esperem. Maya olhou atrav?s dele e viu um homem corpulento com um bon? de caminhoneiro se afastando do banheiro masculino, secando as m?os nas cal?as jeans. Ela apertou a m?o de Sara e, com a outra, instintivamente alisou o pr?prio cabelo, que estava emaranhado e bagun?ado. Ela n?o podia lutar contra esse assassino, a menos que tivesse uma arma. N?o podia tentar pedir a ajuda de um estranho, ou eles poderiam sofrer o mesmo destino que a mulher morta atr?s deles. Ela tinha apenas uma escolha agora, esperar e torcer para que seu pai viesse atr?s delas... O que ele s? poderia fazer se soubesse onde elas estavam, e n?o havia nada para ajud?-lo a encontr?-las. Maya n?o tinha como deixar pistas ou um rastro. Seus dedos se enroscaram em seus cabelos e sa?ram com alguns fios soltos. Ela os sacudiu da m?o e eles ca?ram lentamente no ch?o. Cabelo. Ela tinha cabelo. E cabelo podia ser testado - isso era o b?sico de forense. Sangue, saliva, cabelo. Qualquer uma dessas coisas poderia provar que ela esteve em algum lugar, e que ela ainda estava viva quando esteve l?. Quando as autoridades encontrarem a caminhonete de Thompson, encontrariam a mulher morta e coletariam amostras. Eles encontrariam o cabelo dela. Seu pai saberia que elas estiveram l?. — Andem — disse Rais. — Saiam. Ele segurou a porta enquanto as duas meninas sa?ram de m?os dadas do banheiro. Ele as seguiu, olhando ao redor mais uma vez para garantir que ningu?m estava olhando. Ent?o, pegou o pesado rev?lver Smith & Wesson do senhor Thompson e virou-o na m?o. Com um ?nico movimento s?lido, ele balan?ou o punho da arma para baixo e arrancou a ma?aneta da porta do banheiro. — Carro azul — apontou com o queixo e guardou a arma. As meninas andaram lentamente para um sedan azul-escuro estacionado a algumas vagas da caminhonete de Thompson. A m?o de Sara tremia junto ? de Maya - ou talvez fosse a de Maya que estivesse tremendo, ela n?o tinha certeza. Rais manobrou o carro para fora da parada de descanso e de volta ? interestadual, por?m, n?o para o sul, como eles estavam indo antes. Em vez disso ele fez a volta e dirigiu para o norte. Maya entendeu o que ele estava fazendo; quando as autoridades encontrassem a caminhonete de Thompson, assumiriam que ele seguiria para o sul. Procurariam por ele e por elas nos lugares errados. Maya arrancou alguns fios de cabelo e os jogou no ch?o do carro. O psicopata que as sequestrou estava certo sobre uma coisa; o destino delas estava sendo determinado por outro poder, neste caso, ele. E era um que Maya ainda n?o podia compreender plenamente. Elas tinham, agora, apenas uma chance de evitar qualquer destino que lhes estivesse reservado. — O papai vir? — ela sussurrou no ouvido de sua irm?. — Ele vai nos encontrar. Ela tentou n?o soar t?o incerta quanto se sentia. CAP?TULO DOIS Reid Lawson subiu rapidamente as escadas de sua casa em Alexandria, na Virg?nia. Seus movimentos pareciam r?gidos, suas pernas ainda entorpecidas pelo choque que experimentara h? apenas alguns minutos, mas seu olhar se fixou em uma express?o de determina??o sombria. Ele subiu os degraus de dois em dois para o segundo andar, embora temesse o que estaria l? em cima - ou, mais apropriadamente, o que n?o estaria. No andar de baixo e do lado de fora havia uma agita??o. Na rua, em frente ? sua casa, tinha nada menos que quatro carros da pol?cia, duas ambul?ncias e um caminh?o de bombeiros, todos os protocolos para uma situa??o como essa. Policiais uniformizados esticaram fita de isolamento formando um X sobre a porta da frente. A per?cia coletava amostras do sangue de Thompson, no sagu?o, e fol?culos capilares nos travesseiros de suas filhas. Reid mal conseguia se lembrar de chamar as autoridades. Ele mal se lembrava de ter dado ? pol?cia uma declara??o, palavras confusas balbuciadas em frases fragmentadas pontuadas por respira??es curtas e ofegantes, enquanto sua mente nadava em possibilidades terr?veis. Ele tinha sa?do no fim de semana com um amigo. Um vizinho estava cuidando de suas filhas. O vizinho estava morto agora. Suas filhas estavam desaparecidas. Reid fez uma liga??o quando chegou ao topo da escada e longe dos ouvidos curiosos. — Voc? deveria ter nos chamado primeiro — disse Cartwright como sauda??o. O Diretor Adjunto Shawn Cartwright era o chefe da Divis?o de Atividades Especiais e, n?o oficialmente, o chefe de Reid na CIA. Eles j? ouviram. — Como sabia? — Voc? est? marcado — informou Cartwright. — N?s todos estamos. Sempre que nossa informa??o aparece em um sistema - nome, endere?o, identifica??o social, qualquer coisa - ela ? enviada automaticamente para a NSA como prioridade. Inferno, voc? recebe uma multa por excesso de velocidade que a ag?ncia saber? antes do policial te liberar. — Eu tenho que encontr?-las. — Cada segundo que passava era um coro estrondoso, o lembrando de que ele nunca mais veria suas filhas se n?o sa?sse agora, neste instante. — Eu vi o corpo de Thompson. Ele est? morto h? pelo menos vinte e quatro horas, o que ? uma vantagem significativa para n?s. Preciso de equipamentos e preciso ir agora. Dois anos atr?s, quando sua esposa, Kate, morreu repentinamente de um acidente vascular cerebral isqu?mico, ele se sentiu completamente entorpecido. Um sentimento atordoado de distanciamento tomou conta de si. Nada parecia real, como se a qualquer momento ele fosse acordar do pesadelo e descobrir que tudo tinha sido sua imagina??o. Ele n?o estava l? por ela. Ele estava em uma confer?ncia sobre a hist?ria da Europa antiga - n?o, isso n?o era verdade. Essa era a sua hist?ria para encobrir que ele estava em uma miss?o da CIA em Bangladesh, buscando o l?der de uma fac??o terrorista. Na ?poca, ele n?o estava com a Kate. Ele n?o estava presente para ajudar suas garotas quando elas foram levadas. Mas ele tinha certeza absoluta de que estar? presente para elas agora. — N?s vamos ajud?-lo, Zero — assegurou-lhe Cartwright. — Voc? ? um de n?s e cuidamos dos nossos. Estamos enviando t?cnicos at? sua casa para ajudar a pol?cia na investiga??o, fingindo ser o pessoal da Seguran?a Interna. Nossos forenses s?o mais r?pidos; devemos ter uma pista de quem fez isso dentro de... — Eu sei quem fez isso — Reid interrompeu. — Foi ele. N?o havia d?vida na mente de Reid de quem era respons?vel por isso, quem tinha vindo e levado suas filhas. — Rais. — Apenas dizer o nome em voz alta reascendeu a raiva de Reid, come?ando em seu peito e irradiando atrav?s de cada membro. Ele cerrou os punhos para impedir que suas m?os tremessem. — O assassino da Amun que escapou da Su??a. Foi ele. Cartwright suspirou. — Zero, at? que haja provas, n?o sabemos com certeza. — Eu sei. Tenho certeza. Ele me enviou uma foto delas. — Ele tinha recebido uma foto, enviada pelo celular de Maya para o de Sara. A foto era de suas filhas, ainda de pijama, abra?adas na traseira da caminhonete roubada de Thompson. — Kent — o diretor djunto disse cuidadosamente. — Voc? fez muitos inimigos. Isso n?o ? totalmente certo... — Foi ele. Eu sei que foi ele. Essa foto ? uma prova de que elas est?o vivas. Ele est? me provocando. Qualquer outra pessoa teria apenas... — Ele n?o conseguiu dizer em voz alta, mas, quaisquer um dos outros inimigos que Kent Steele acumulara ao longo de sua carreira teria simplesmente matado suas filhas como vingan?a. Rais estava agindo assim porque ele era um fan?tico que acreditava estar destinado a matar Kent Steele. Isso significava que, cedo ou tarde, o assassino iria querer que Reid o encontrasse - e, com sorte, as garotas tamb?m. Elas estando vivas ou n?o quando o encontrasse... Ele apertou a testa com as duas m?os, como se pudesse de algum modo arrancar o pensamento de sua cabe?a. Mantenha a cabe?a no lugar. Voc? n?o pode pensar assim. — Zero? — Cartwright disse. — Voc? ainda est? a?? Reid respirou calmamente. — Eu estou aqui. Escuta, precisamos rastrear a caminhonete do Thompson. ? um modelo mais novo; tem uma unidade de GPS. Ele tamb?m est? com o celular da Maya. Tenho certeza de que a ag?ncia tem o n?mero nos arquivos. — Tanto a caminhonete quanto o celular poderiam ser rastreados; se os locais forem sincronizados e Rais n?o tiver abandonado nenhum deles ainda, isso lhes daria uma dire??o s?lida por onde buscar. — Kent, escute… — Cartwright tentou dizer, mas Reid o cortou imediatamente. — N?s sabemos que h? membros da Amun nos Estados Unidos — ele continuou, sem se alterar. Dois terroristas tinham ido atr?s de suas filhas antes, em um cal?ad?o de Nova Jersey. — Ent?o ? poss?vel que haja um esconderijo da Amun em algum lugar dentro das fronteiras do pa?s. Devemos entrar em contato com a H-6 e ver se conseguimos obter alguma informa??o dos detidos. A H-6 era uma pris?o secreta da CIA, em Marrocos, onde os membros capturados da organiza??o terrorista estavam atualmente detidos. — Zero — Cartwright tentou novamente se engajar na conversa unilateral. — Estou arrumando uma mala e saindo pela porta em dois minutos — Reid disse a ele enquanto se apressava para seu quarto. Cada momento que passava era um minuto em que suas garotas estavam mais longe de si. — O TSA deve estar em alerta, caso ele tente tir?-las do pa?s. O mesmo com portos e esta??es de trem. E as c?meras de rodovias - podemos acess?-las. Assim que tivermos algo, pe?a a algu?m que me encontre. Vou precisar de um carro, um que seja r?pido. E um telefone da ag?ncia, um rastreador de GPS, armas... — Kent! — Cartwright gritou ao telefone. — S? pare por um segundo, tudo bem? — Parar? Elas s?o minhas filhinhas, Cartwright. Preciso de informa??es. Preciso de ajuda... O diretor adjunto suspirou pesadamente, e Reid imediatamente soube que algo estava muito errado. — Voc? n?o vai participar desta opera??o, agente — disse Cartwright. — Voc? ? muito pr?ximo. O peito de Reid pesou, sua raiva crescendo novamente. — Do que est? falando? — ele perguntou em voz baixa. — Que diabos voc? est? falando? Eu vou atr?s das minhas filhas... — Voc? n?o vai. — Elas s?o minhas crian?as... — Escute a si mesmo — disse Cartwright severamente. — Voc? est? furioso. Est? emocional. Isto ? um conflito de interesses. N?o podemos permitir isso. — Voc? sabe que eu sou a melhor pessoa para isso — disse Reid com firmeza. Ningu?m mais iria atr?s de suas filhas. Essa pessoa seria ele. Tinha que ser ele... — Desculpe-me. Mas voc? tem o h?bito de atrair o tipo errado de aten??o — declarou Cartwright, como se isso fosse uma explica??o. — Os superiores, eles est?o tentando evitar uma... Uma repeti??o de desempenho, digamos assim. Reid hesitou. Ele sabia exatamente do que Cartwright estava falando, embora n?o se lembrasse realmente disso. Dois anos atr?s, sua esposa, Kate, morreu e Kent Steele enterrou a tristeza em seu trabalho. Ele partiu em longas semanas de insanidade, cortando a comunica??o com sua equipe enquanto perseguia membros da Amun e pistas por toda a Europa. Ele se recusou a retornar quando a CIA o chamou de volta. N?o dava ouvidos a ningu?m - nem a Maria Johansson, nem a seu melhor amigo, Alan Reidigger. Do que Reid lembrava, ele deixou uma s?rie de corpos em seu rastro, que a maioria descreveu como nada menos do que uma algazarra. Na verdade, essa era principal raz?o pela qual o nome “Agente Zero” era sussurrado igualmente em terror e desd?m entre os insurgentes do mundo todo. E quando a CIA se cansou, eles enviaram algu?m para busc?-lo. Eles mandaram Reidigger atr?s dele. Por?m, Alan n?o matou Kent Steele; ele havia encontrado outro jeito, o supressor de mem?ria experimental que lhe permitiria esquecer tudo sobre sua vida na CIA. — Eu entendo. Voc?s t?m medo do que eu possa fazer. — Sim — concordou Cartwright. — Pode ter certeza que temos. — Voc?s deveriam ter. — Zero — o diretor adjunto advertiu. — N?o. Deixe-nos resolver isso do nosso jeito, para que possa ser feito r?pido, silenciosamente e de forma limpa. Eu n?o vou te dizer novamente. Reid encerrou a liga??o. Ele estava indo atr?s de suas filhas, com ou sem a ajuda da CIA. CAP?TULO TR?S Depois de terminar a liga??o com o diretor adjunto, Reid parou do lado de fora do quarto de Sara com a m?o na ma?aneta. Ele n?o queria entrar l?. Mas precisava. Em vez disso, ele se distraiu com os detalhes que sabia, passando por eles em sua mente: Rais entrou na casa por uma porta destrancada. N?o havia sinais de arrombamento, nem janelas nem fechaduras quebradas. Thompson tentou lutar contra ele; havia evid?ncia de uma luta. Em ?ltima inst?ncia, o homem mais velho havia sucumbido ?s facadas no peito. Nenhum tiro foi disparado, mas a Glock que Reid mantinha perto da porta da frente tinha sumido. Assim como a Smith & Wesson que Thompson mantinha perpetuamente em sua cintura, o que significava que Rais estava armado. Mas para onde ele as levaria? Nenhuma das evid?ncias na cena do crime, que era sua casa, levava a um destino. No quarto de Sara, a janela ainda estava aberta e a escada de inc?ndio ainda se desenrolava do peitoril. Parecia que suas filhas tentaram, ou pelo menos pensaram em tentar, descer por ela. Mas elas n?o conseguiram. Reid fechou os olhos e respirou entre suas m?os, afastando a amea?a de novas l?grimas, de novos terrores. Em vez disso, pegou o carregador de celular, ainda conectado ? parede ao lado da mesa de cabeceira. Ele encontrou o telefone dela no andar do por?o, mas n?o contou ? pol?cia sobre isso. Nem mostrou a eles a foto que havia sido enviada - enviada com a inten??o de que ele visse. N?o podia entregar o telefone, apesar de ele claramente ser uma evid?ncia. Ele pode precisar disso. Em seu pr?prio quarto, Reid ligou o celular de Sara na tomada da parede atr?s da cama. Ele colocou o dispositivo no modo silencioso e, em seguida, reencaminhou as liga??es e mensagens para o seu n?mero. Por fim, ele escondeu o telefone entre o colch?o e a cama. N?o queria que o aparelho fosse levado pela pol?cia. Precisava que ele permanecesse ativo, no caso de mais provoca??es aparecerem. Provoca??es poderiam se tornar pistas. Ele rapidamente encheu uma bolsa com algumas mudas de roupa. Ele n?o sabia por quanto tempo ficaria fora, at? onde teria que ir. At? os confins da terra, se necess?rio. Ele trocou os t?nis por botas. Deixou a carteira na gaveta de cima da c?moda. Em seu arm?rio, enfiado at? a ponta de um par de sapatos pretos, havia um ma?o de dinheiro de emerg?ncia, quase quinhentos d?lares. Ele pegou tudo. Sobre sua c?moda havia uma foto emoldurada das meninas. Seu peito apertou com apenas um olhar para a imagem. Maya estava com o bra?o ao redor dos ombros de Sara. As duas sorriam largamente, sentadas em frente a ele em um restaurante de frutos do mar, enquanto ele tirava a foto. Foi de uma viagem em fam?lia para a Fl?rida no ver?o passado. Reid se lembrava bem; ele havia tirado a foto alguns momentos antes de sua comida chegar. Maya tinha um daiquiri sem ?lcool a sua frente. Sara tinha um milk-shake de baunilha Elas estavam felizes. Sorrindo. Contentes. Seguras. Antes que ele tivesse trazido esse terror sobre elas, elas estavam seguras. Na ?poca em que essa foto foi tirada, a ideia de serem perseguidas por radicais que pretendiam lhes fazer mal, ou serem sequestradas por assassinos, era fantasia. Isso ? culpa sua. Ele virou a moldura e abriu a parte de tr?s. Ao fazer isso, ele fez uma promessa. Quando as encontrasse - e eu vou encontr?-las - ele pararia. Pararia com a CIA. Com opera??es secretas. Pararia de salvar o mundo. Para o inferno com o mundo. Eu s? quero que minha fam?lia esteja protegida e que fique em seguran?a. Eles partiriam, se mudariam para longe, mudariam seus nomes se preciso for. Tudo o que importaria para o resto de sua vida seria a seguran?a e a felicidade delas. A sobreviv?ncia delas. Ele tirou a foto da moldura, dobrou-a ao meio e enfiou-a no bolso interno da jaqueta. Ele precisaria de uma arma. Provavelmente, poderia encontrar uma na casa de Thompson, bem ao lado, se conseguisse entrar sem que a pol?cia ou o pessoal da emerg?ncia visse... Algu?m limpou a garganta bem alto no corredor, um sinal de aviso ?bvio, caso precisasse de um momento para se recompor. — Sr. Lawson. — O homem entrou pela porta do quarto. Ele era baixo, um pouco de volume na barriga, por?m, tinha linhas duras gravadas em seu rosto. Ele lembrava a Reid um pouco do Thompson, embora isso pudesse ser apenas culpa. — Meu nome ? Detetive Noles, do Departamento de Pol?cia de Alexandria. Eu entendo que este seja um momento muito dif?cil para voc?. Eu sei que voc? j? deu uma declara??o para os primeiros oficiais a chegarem ao local, mas eu tenho algumas perguntas que gostaria de deixar no registro, se voc?, por favor, puder vir comigo at? a delegacia. — N?o. — Reid pegou sua bolsa. — Eu vou encontrar minhas filhas. — Ele marchou para fora do quarto passando pelo detetive. Noles o seguiu rapidamente. — Sr. Lawson, n?s desencorajamos veementemente que os cidad?os ajam em um caso como este. Deixe-nos fazer o nosso trabalho. A melhor coisa a se fazer seria ficar em algum lugar seguro, com amigos ou familiares, mas permanecer por perto... Reid parou no final da escada. — Eu sou um suspeito no sequestro de minhas pr?prias filhas, detetive? — ele questionou, sua voz baixa e hostil. Noles o encarou. Suas narinas se abriram brevemente. Reid sabia, por seu treinamento, que esse tipo de situa??o era tratado com delicadeza, para n?o traumatizar ainda mais as fam?lias das v?timas. Contudo, Reid n?o estava traumatizado. Ele estava irado. — Como eu disse, eu s? tenho algumas perguntas — respondeu Noles cuidadosamente. — Eu gostaria que voc? viesse comigo, at? a delegacia. — Eu rejeito suas perguntas. — Reid encarou de volta. — Eu vou para o meu carro agora. A ?nica maneira de voc? me levar para qualquer lugar ? algemado. — Ele queria muito que esse detetive robusto sumisse da sua frente. Por um breve momento, ele at? considerou mencionar suas credenciais da CIA, mas n?o tinha nada para comprovar. Noles n?o disse nada quando Reid se virou e saiu da casa para a entrada de ve?culos. Ainda assim, o detetive o seguiu pela porta e atravessou o gramado. — Sr. Lawson, s? pedirei mais uma vez. Considere por um segundo como isso parece, voc? fazendo as malas e fugindo enquanto investigamos ativamente sua resid?ncia. Um choque de raiva percorreu Reid, da base de sua espinha at? o topo da cabe?a. Ele quase largou a bolsa bem ali, tamanho era seu desejo de virar e acertar o detetive Noles na mand?bula por, mesmo que remotamente, ter implicado que ele poderia ter algo a ver com isso. Noles era um veterano; ele deve ter sido capaz de ler a linguagem corporal, mas ainda assim continuou. — Suas garotas est?o desaparecidas e seu vizinho est? morto. Tudo isso aconteceu enquanto voc? n?o estava em casa, ainda assim, n?o tem um ?libi s?lido. Voc? n?o pode nos dizer com quem estava ou onde estava. Agora est? fugindo como se soubesse algo que n?s n?o sabemos. Eu tenho d?vidas, Sr. Lawson. E eu irei obter respostas. Meu ?libi. O verdadeiro ?libi de Reid, a verdade, era que ele passara as ?ltimas quarenta e oito horas correndo atr?s de um l?der religioso alucinado que possu?a um lote, do tamanho do apocalipse, de var?ola alterada. Seu ?libi era que ele acabou de voltar para casa ap?s salvar milh?es de vidas, talvez at? bilh?es, apenas para descobrir que as duas pessoas com quem ele mais se importava em todo o mundo estavam desaparecidas. Mas ele n?o podia dizer nada disso, n?o importava o quanto ele quisesse. Em vez disso, Reid engoliu a raiva e segurou o punho e a l?ngua. Ele parou ao lado do carro e se virou para o detetive. Quando o fez, a m?o do homem mais baixo se moveu lentamente at? o cinto - e suas algemas. Dois policiais fardados, do lado de fora, notaram a potencial discuss?o e deram alguns passos cautelosos para perto dele, tamb?m com as m?os se movendo para seus cintos. Desde que o supressor de mem?ria foi cortado de sua cabe?a, parecia que Reid tinha de duas mentes. Um lado, o l?gico, o lado do professor Lawson, estava dizendo a ele: Ceda. Fa?a o que ele pede. Ou ent?o voc? terminar? na cadeia e nunca chegar? ?s garotas. Todavia, o outro lado, o lado de Kent Steele - o agente secreto, o renegado, o ca?ador de emo??es - era muito mais barulhento, gritando, sabendo por experi?ncia que cada segundo contava desesperadamente. Esse lado ganhou. Reid ficou tenso, pronto para uma luta. CAP?TULO QUATRO Pelo que pareceu um longo momento, ningu?m se moveu - nem Reid, nem Noles, nem os dois policiais atr?s do detetive. Reid agarrou-se ? sua bolsa em um aperto forte que deixou as juntas de seus dedos brancos. Se tentasse entrar no carro e sair, ele n?o tinha d?vida de que os oficiais avan?ariam sobre ele. E ele sabia que reagiria de acordo. De repente, houve um derrapar de pneus e todos os olhos se voltaram para um SUV preto, quando ele parou abruptamente no final da entrada, perpendicular ao ve?culo de Reid, o bloqueando. Uma figura saiu e caminhou rapidamente para neutralizar a situa??o. Watson? Reid quase deixou escapar. John Watson era um colega de campo, um homem alto, afro-americano, cujas fei??es eram perpetuamente passivas. Seu bra?o direito estava suspenso em uma tipoia azul-escura; ele havia levado uma bala perdida no ombro bem no dia anterior, ajudando na guerra contra os radicais isl?micos de liberar o v?rus. — Detetive. — Watson acenou para Noles. — Meu nome ? Agente Hopkins, Departamento de Seguran?a Interna. — Com a m?o boa, ele mostrou um distintivo convincente. — Esse homem precisa vir comigo. Noles franziu a testa; a tens?o do momento anterior evaporara, substitu?da pela confus?o. — O que disse? Seguran?a Interna? Watson assentiu seriamente. — Acreditamos que o sequestro tem algo a ver com uma investiga??o aberta. Vou precisar que o Sr. Lawson venha comigo agora mesmo. — Agora, espere a?. — Noles balan?ou a cabe?a, ainda atordoado pela s?bita intrus?o e r?pida explica??o. — Voc? n?o pode simplesmente entrar aqui e assumir... — Este homem ? um informante do departamento — interrompeu Watson. Ele manteve a voz baixa, como se estivesse compartilhando um segredo conspirat?rio, embora Reid soubesse que era uma artimanha da CIA. — Ele faz parte do WITSEC. Os olhos de Noles se arregalaram ao ponto de parecer que eles saltariam de sua cabe?a. A WITSEC, Reid sabia, era um acr?nimo para o programa de prote??o a testemunhas do Departamento de Justi?a dos Estados Unidos. Mas Reid n?o disse nada; ele simplesmente cruzou os bra?os sobre o peito e encarou o detetive com um olhar penetrante. — Ainda assim... — disse Noles hesitante — Vou precisar de mais do que um distintivo chamativo para liber?-lo... — O celular do detetive tocou de repente. — Suponho que essa seja sua confirma??o do meu departamento. — Disse Watson, quando Noles pegou o telefone. — Voc? vai querer atender. Sr. Lawson, por aqui, por favor. Watson se afastou, deixando um confuso detetive Noles gaguejando em seu telefone. Reid levantou a bolsa e seguiu, mas parou no SUV. — Espere — disse ele antes que Watson pudesse subir no banco do motorista. — O que ? isso? Para onde vamos? — Podemos conversar enquanto dirigimos, ou podemos conversar agora e perder tempo. A ?nica raz?o pela qual Reid poderia conceber para Watson estar l? era se a ag?ncia o enviasse, com a inten??o de pegar o Agente Zero para que eles pudessem ficar de olho nele. Ele balan?ou a cabe?a. — Eu n?o vou para Langley. — Nem eu — respondeu Watson. — Estou aqui para ajudar. Entre no carro. Ele deslizou para o banco do motorista. Reid hesitou por um breve momento. Ele precisava estar na estrada, mas n?o tinha destino. Ele precisava de uma pista. Reid n?o tinha motivos para acreditar que ele estivesse mentindo; Watson era um dos agentes mais honestos e dentro das regras que ele j? conheceu. Reid sentou no assento do passageiro ao lado dele. Com seu bra?o direito em uma tipoia, Watson teve que estender o outro bra?o sobre seu corpo para conduzir e guiar o volante com uma m?o. Eles se afastaram em segundos, indo a mais de vinte acima do limite de velocidade, movendo-se rapidamente, mas evitando a fiscaliza??o. Ele olhou para a bolsa preta no colo de Reid. — Onde voc? estava planejando ir? — Eu tenho que encontr?-las, John. — Sua vis?o se turvou com o pensamento delas l? fora, sozinhas, nas m?os daquele louco assassino. — Sozinho? Desarmado, com um celular de civil? — Agente Watson sacudiu a cabe?a. Voc? deveria ter pensado melhor. — Eu j? conversei com Cartwright — Reid disse amargamente. Watson zombou. — Voc? acha que Cartwright estava sozinho na sala quando falou com voc?? Voc? acha que ele estava em uma linha segura, em um escrit?rio em Langley? Reid franziu a testa. — Eu n?o tenho certeza se entendo. Parece que voc? est? sugerindo que Cartwright quer que eu fa?a a coisa que ele acabou de me dizer para n?o fazer. Watson balan?ou a cabe?a, sem tirar os olhos da estrada. — Est? mais para ele saber que voc? vai fazer a coisa que ele acabou de lhe dizer para n?o fazer, quer ele queira ou n?o. Ele te conhece melhor que ningu?m. Do jeito que ele v?, a melhor maneira de evitar outro problema ? garantir que voc? tenha algum apoio desta vez. — Ele mandou voc? — Reid murmurou. Watson n?o confirmou nem negou, mas ele n?o precisou. Cartwright sabia que Zero estava indo atr?s de suas filhas; a conversa deles foi em benef?cio de outros ouvidos em Langley. Ainda assim, conhecendo a tend?ncia de Watson em seguir o protocolo, n?o fazia sentido para Reid por que ele iria ajudar. — E quanto a voc?? Por que est? fazendo isso? Watson apenas deu de ombros. — H? duas crian?as l? fora. Assustadas, sozinhas, em m?os erradas. N?o gosto muito disso. N?o era realmente uma resposta, e pode at? n?o ter sido a verdade, mas Reid sabia que era o melhor que ele conseguiria tirar do agente estoico. Ele n?o p?de deixar de pensar que parte da anu?ncia de Cartwright em ajud?-lo era uma medida de culpa. Por duas vezes, enquanto estava fora, Reid pediu ao diretor adjunto que colocasse suas filhas em um local seguro. Contudo, em vez disso, ele inventou desculpas sobre a m?o de obra e a falta de recursos... E agora elas estavam desaparecidas. Cartwright poderia ter evitado isso. Ele poderia ter ajudado. Mais uma vez Reid sentiu seu rosto ficar quente quando uma onda de raiva cresceu dentro dele, e novamente ele a reprimiu. Agora n?o era hora para isso. Agora era a hora de ir atr?s delas. Nada mais importava. Vou encontr?-las. Vou resgat?-las. E eu vou matar o Rais. Reid respirou fundo, pelo nariz e pela boca. — Ent?o, o que sabemos at? agora? Agente Watson sacudiu a cabe?a. N?o muito. Descobrimos logo depois de voc?, quando ligou para os policiais. Mas a ag?ncia est? agindo no caso. N?s devemos ter uma pista em breve. — Quem est? no caso? Algu?m que eu conhe?o? — O Diretor Mullen deu o caso para as Opera??es Especiais, ent?o Riker est? assumindo a lideran?a... Reid zombou outra vez. Menos de quarenta e oito horas atr?s, ele recuperou uma mem?ria, uma de sua antiga vida como o agente Kent Steele. Ainda estava emba?ada e fragmentada, mas era sobre uma conspira??o, algum tipo de encobrimento do governo. Uma guerra pendente. Dois anos atr?s, ele sabia disso - pelo menos sabia de alguma parte - e estava trabalhando para construir um caso. Independentemente de qu?o pouco ele sabia, ele estava certo de que pelo menos alguns membros da CIA estavam envolvidos. No topo de sua lista estava a rec?m-nomeada Diretora Assistente, Ashleigh Riker, chefe do Grupo de Opera??es Especiais. Com sua falta de confian?a nela, ele definitivamente n?o esperava que ela desse seu melhor para encontrar suas filhas. — Ela designou um cara novo, jovem, mas capaz — continuou Watson. — O nome ? Strickland. Ele ? um ex-Ranger do ex?rcito, excelente rastreador. Se algu?m pudesse descobrir quem fez isso, seria ele. Al?m de voc?, ? claro. — Eu sei quem fez isso, John. — Reid balan?ou a cabe?a amargamente. Ele imediatamente pensou em Maria; ela era uma agente, uma amiga, talvez mais - e definitivamente uma das ?nicas pessoas em quem Reid podia confiar. Da ?ltima que ele ouviu, Maria Johansson estava em uma miss?o rastreando Rais na R?ssia. — Eu preciso entrar em contato com a Johansson. Ela deve saber o que aconteceu. Ele sabia que, at? que pudesse provar que era Rais, a CIA n?o a traria de volta. — Voc? n?o poder? fazer isso, n?o enquanto estiver em campo — respondeu Watson. — Por?m, eu posso tentar falar com ela de outra maneira. Vou pedir para que ela te ligue quando conseguir encontrar uma linha segura. Reid assentiu. Ele n?o gostava de n?o poder contatar Maria, mas tinha pouca escolha. Os telefones pessoais nunca eram levados em opera??es, e a CIA provavelmente estaria monitorando sua atividade. — Voc? vai me dizer para onde estamos indo? — Reid perguntou. Ele estava ficando ansioso. — Para algu?m que possa ajudar. Aqui. — Ele jogou para Reid um pequeno telefone flip prateado, um descart?vel que a CIA n?o conseguia localizar a menos que soubessem dele e tivessem o n?mero. — Tem alguns n?meros programados nele. Um ? uma linha segura para mim. Outro ? para o Mitch. Reid piscou. Ele n?o conhecia um Mitch. — Quem diabos ? Mitch? Em vez de responder, Watson guiou o SUV para fora da estrada e entrou na garagem de uma oficina de autom?veis chamada Third Street Garage. Ele manobrou o ve?culo em uma vaga de garagem aberta e estacionou. Assim que desligou a igni??o, a porta desceu lentamente atr?s deles. Ambos sa?ram do carro enquanto os olhos de Reid se ajustavam ? escurid?o relativa. Ent?o as luzes piscaram, l?mpadas fluorescentes brilhantes que faziam pontos nadarem em sua vis?o. Ao lado do SUV, na segunda vaga da garagem, estava um carro preto, um modelo Trans Am, do final da d?cada de 1980. N?o era muito mais jovem do que ele, mas a pintura parecia nova em folha. Tamb?m na garagem com eles estava um homem. Ele usava macac?o azul-escuro que mal escondia manchas salpicadas de graxa. Suas fei??es estavam encobertas por uma massa emaranhada de barba marrom e um bon? vermelho de beisebol puxado para baixo sobre a testa, a aba descolorida com suor seco. O mec?nico limpou lentamente as m?os em um trapo sujo e manchado de ?leo, olhando para Reid. — Este ? o Mitch — disse Watson. — Mitch ? um amigo. Ele jogou um molho de chaves para Reid e gesticulou para o Trans Am. — ? um modelo antigo, ent?o n?o tem GPS. ? confi?vel. Mitch vem consertando isso nos ?ltimos anos. Ent?o tente n?o destru?-lo. — Obrigado. — Ele estava esperando algo mais discreto, mas, pegaria o que pudesse. — Que lugar ? este? — Isso... Isso ? uma garagem, Kent. Eles consertam carros aqui. Reid revirou os olhos. — Voc? sabe o que eu quero dizer. — A ag?ncia j? est? tentando manter olhos e ouvidos em voc? — explicou Watson. — De qualquer forma que eles puderem te rastrear, eles v?o. ?s vezes, em nossa linha de trabalho, voc? precisa de... Amigos do lado de fora, por assim dizer. — Ele gesticulou novamente em dire??o ao mec?nico corpulento. — Mitch ? um informante da CIA, algu?m que eu recrutei dos meus dias na Divis?o de Recursos Nacionais. Ele ? especialista em “aquisi??o de ve?culos”. Se voc? precisa ir a algum lugar, ligue para ele. Reid assentiu. Ele n?o sabia que Watson esteve na recruta de informantes antes de ser um agente de campo - embora, para ser justo, ele n?o tinha certeza se John Watson era seu nome verdadeiro. — Vamos, eu tenho algumas coisas para voc?. — Watson abriu o porta-malas e, em seguida, o z?per de uma bolsa de lona preta. Reid deu um passo para tr?s, impressionado; dentro do saco havia uma s?rie de suprimentos, incluindo aparelhos de grava??o, uma unidade de rastreamento GPS, um scanner de frequ?ncia e duas pistolas - uma Glock 22 e sua escolha reserva, a Ruger LC9. Ele balan?ou a cabe?a em descren?a. — Como voc? conseguiu tudo isso? Watson deu de ombros. — Tive um pouco de ajuda de um amigo em comum. Reid n?o precisou perguntar. Bixby. O exc?ntrico engenheiro da CIA que passava a maior parte de suas horas de vig?lia em um laborat?rio subterr?neo de pesquisa e desenvolvimento, abaixo de Langley. — Voc? e ele se conhecem h? tempos, mesmo que n?o se lembre de tudo. Disse Watson. — Embora ele tenha se certificado de mencionar que voc? ainda lhe deve alguns testes. Reid assentiu. Bixby foi um dos co-inventores do supressor de mem?ria experimental, que havia sido instalado em sua cabe?a, e o engenheiro perguntou se poderia fazer alguns testes na cabe?a de Reid. Ele pode abrir meu cr?nio se isso significar trazer minhas garotas de volta. Ele sentiu outra onda poderosa e esmagadora de emo??o se chocar contra si, sabendo que havia pessoas dispostas a quebrar as regras, a se colocar em perigo para ajud?-lo - pessoas de quem ele mal conseguia se lembrar, mesmo tendo um relacionamento pr?ximo. Ele piscou para segurar a amea?a de l?grimas que tentavam deixas seus olhos. — Obrigado, John. De verdade. — N?o me agrade?a ainda. N?s mal come?amos. O telefone de Watson tocou em seu bolso. — Deve ser Cartwright. D?-me um minuto. — Ele recuou para um canto para atender a chamada, sua voz baixa. Reid fechou o saco e o porta-malas. Enquanto o fazia, o mec?nico grunhiu, fazendo um som entre limpar a garganta e murmurar alguma coisa. — Voc?... Disse alguma coisa? — Reid perguntou. — Disse que sinto muito. Sobre suas filhas. — A express?o de Mitch estava bem escondida atr?s de sua barba marrom grisalha e o bon? de baseball, por?m, sua voz soou genu?na. — Voc? sabe sobre… Elas? O homem assentiu. — J? est? no notici?rio. As fotos delas, um disque-den?ncia para informar pistas ou avistamentos. Reid mordeu o l?bio. Ele n?o tinha pensado nisso, a publicidade e a conex?o invari?vel com ele. Ele imediatamente pensou na tia delas, Linda, que morava em Nova York. Esse tipo de coisa tinha um jeito de se espalhar rapidamente e, se ela soubesse disso, ficaria preocupada, ligaria sem parar para o telefone de Reid pedindo informa??es e n?o receberia nenhuma. — Tenho algo — disse Watson de repente. — A caminhonete de Thompson foi encontrada em uma parada de descanso a setenta milhas ao sul daqui, na interestadual 95. Uma mulher foi encontrada morta no local. Sua garganta foi cortada, seu carro desapareceu, a identifica??o foi tirada. — Ent?o n?o sabemos quem ela era? — Reid perguntou. — Ainda n?o. Mas estamos trabalhando nisso. Eu tenho um t?cnico infiltrado fazendo varreduras na r?dio da pol?cia e mantendo um olho em transmiss?es via sat?lite. Assim que algo for relatado, voc? saber?. Reid grunhiu. Sem um documento de identifica??o, eles n?o conseguiriam encontrar o ve?culo. Mesmo que n?o fosse uma grande vantagem, ainda assim era algo para ir atr?s, e ele estava ansioso para seguir o rastro. Ele abriu a porta do Trans Am quando perguntou: — Qual sa?da? Agente Watson sacudiu a cabe?a. — N?o v? at? l?, Kent. Estar? cheio de policiais e tenho certeza de que o Agente Strickland est? a caminho. — Serei cuidadoso. — Ele n?o confiava que a pol?cia ou este agente novato encontraria tudo o que ele conseguiria encontrar. Al?m disso, se Rais estivesse jogando assim, da forma com que Reid achava que ele faria, poderia haver outra pista na forma de uma provoca??o, algo destinado apenas a ele. A foto de suas garotas relampejou novamente em sua mem?ria, a que Rais enviara do telefone de Maya, e isso o lembrou de uma ?ltima coisa. — Aqui, fique com isso por mim. — Ele entregou a Watson seu celular pessoal. — Rais tem o n?mero da Sara, e eu tenho o telefone dela encaminhando para o meu. Se alguma coisa acontecer, eu quero saber a respeito. — Claro. A cena do crime est? na sa?da sessenta e tr?s. Voc? precisa de mais alguma coisa? — N?o se esque?a de pedir para a Maria me ligar. — Ele ajeitou o banco atr?s do volante do carro esportivo e acenou para Watson. — Obrigado. Por toda sua ajuda. — N?o fa?o isso por voc? — Watson lembrou sombriamente. — Fa?o isso por aquelas crian?as. E Zero, se eu for descoberto, se ficar comprometido de alguma forma, se eles descobrirem o que estou fazendo com voc?, eu caio fora. Voc? entendeu? N?o posso me dar ao luxo de entrar na lista negra da ag?ncia. O instinto inicial de Reid foi uma r?pida onda de raiva - isso ? sobre minhas filhas e ele tem medo de ser colocado na lista negra? - mas ele a sufocou t?o r?pido quanto ela surgiu. Watson era um aliado inesperado em tudo isso e o homem estava se arriscando pelas meninas. N?o por ele, mas pelas suas duas filhas, que ele s? conhecera brevemente. Reid assentiu com firmeza. — Eu entendo. Ao mec?nico solene e de poucas palavras, acrescentou: — Obrigado, Mitch. Aprecio sua ajuda. Mitch grunhiu em resposta e pressionou o interruptor para abrir a porta daquela vaga da garagem, enquanto Reid subia no Trans Am. O interior era todo de couro preto, limpo e agrad?vel. O motor ligou imediatamente e cantou sob o cap?. Um modelo de 1987, seu c?rebro lhe disse. Motor V8 de 5,0 litros. Pelo menos duzentos e cinquenta cavalos de pot?ncia. Ele saiu da Third Street Garage e dirigiu-se para a estrada, com as m?os firmemente enroladas no volante. Os horrores que estavam girando em sua cabe?a anteriormente foram substitu?dos por uma determina??o de a?o, uma determina??o s?lida. Tinha um disque-den?ncia. A pol?cia estava agindo. A CIA estava agindo. E agora ele tamb?m estava na estrada atr?s delas. Estou a caminho. Papai est? indo at? voc?s. E at? ele. CAP?TULO CINCO — Voc?s deveriam comer. O assassino gesticulou para uma caixa de comida chinesa na mesa de cabeceira ao lado da cama. Maya negou com a cabe?a. A comida j? tinha esfriado h? muito tempo e ela n?o estava com fome. Em vez disso, ela se sentou na cama com os joelhos dobrados, Sara encostada nela com a cabe?a no colo da irm? mais velha. As meninas foram algemadas juntas, o pulso esquerdo de Maya com o direito de Sara. Onde ele havia conseguido as algemas, ela n?o sabia, mas o assassino as avisara v?rias vezes que, se uma delas tentasse alguma coisa para escapar ou fizesse barulho, a outra sofreria como consequ?ncia. Rais estava sentado em uma poltrona perto da porta do quarto sujo do motel, com carpete laranja e paredes amarelas. O quarto cheirava a mofo e o banheiro cheirava a ?gua sanit?ria. Eles estavam l? h? horas; o antigo despertador de cabeceira informava, em n?meros vermelhos de LED, que eram duas e meia da manh?. A televis?o estava ligada, sintonizada em um canal de not?cias com o volume baixo. Uma caminhonete branca estava estacionada do lado de fora, a poucos metros da porta; depois de escurecer, o assassino a roubou de um estacionamento de carros usados. Foi a terceira vez que eles trocaram de carro naquele dia, da caminhonete de Thompson para o sedan azul e agora para o SUV branco. Cada vez que mudavam, Rais mudava de dire??o, seguindo primeiro para o sul, depois para o norte e depois para o nordeste em dire??o ? costa. Maya entendeu o que ele estava fazendo; um jogo de gato e rato, deixando os ve?culos roubados em locais diferentes, para que as autoridades n?o tivessem ideia de para onde estavam indo. O quarto de motel ficava a menos de dezesseis quil?metros de Bayonne, n?o muito longe da fronteira de Nova Jersey e Nova York. O pr?prio motel era uma faixa de pr?dios t?o degradada e, francamente, nojenta que dirigir por ele dava a impress?o de estar fechado h? anos. Nenhuma das meninas dormiu muito. Sara cochilou nos bra?os de Maya, por vinte ou trinta minutos de cada vez antes de despertar com um sobressalto e um gemido enquanto acordava de qualquer sonho que estivesse tendo e lembrava onde estava. Maya lutou contra o cansa?o, tentando ficar acordada o m?ximo que podia - Rais tinha que dormir uma hora, ela sabia, e isso poderia lhes proporcionar alguns preciosos minutos que precisavam para fugir. Por?m, o motel estava localizado em um parque industrial. Ela viu quando eles chegaram que n?o havia casas por perto nem outros neg?cios que estariam abertos a essa hora da noite. Ela nem tinha certeza de que algu?m estaria no escrit?rio do motel. Elas n?o teriam para onde ir a n?o ser vagar durante a noite, e as algemas as atrasariam. Por fim, Maya sucumbiu ao cansa?o e, a contragosto, cochilou. Ela tinha dormido por menos de uma hora quando acordou com um ligeiro suspiro e depois suspirou novamente quando, surpresa, viu Rais sentado na poltrona a apenas um metro de dist?ncia. Ele estava olhando diretamente para ela, os olhos bem abertos. Apenas assistindo. Isso fez a pele dela arrepiar... At? que um minuto inteiro passou, depois outro. Ela o observou, encarando de volta, seu medo se misturando com curiosidade. E ent?o ela percebeu. Ele dorme de olhos abertos. Ela n?o tinha certeza se isso era mais perturbador do que acordar e encontr?-lo olhando para ela ou n?o. Ent?o ele piscou, e ela deu mais outro suspiro assustado, o cora??o pulando em sua garganta. — Nervos faciais danificados — ele disse baixinho, quase um sussurro. — Eu ouvi dizer que pode ser bastante perturbador. — Ele gesticulou para a caixa de sobras de comida chinesa que havia sido entregue no quarto, horas antes. — Voc?s deveriam comer. Ela negou com a cabe?a, embalando Sara em seu colo. O canal de not?cias em baixo volume repetia as principais manchetes do dia anterior. Uma organiza??o terrorista foi considerada respons?vel pela libera??o de um v?rus mortal de var?ola na Espanha e em outras partes da Europa; seu l?der, assim como o v?rus, tinha sido apreendido e v?rios outros membros estavam sob cust?dia das autoridades. Naquela tarde, os Estados Unidos tinham retirado oficialmente sua proibi??o internacional de viagem a todos os pa?ses, com exce??o de Portugal, Espanha e Fran?a, onde havia ainda alguns incidentes isolados de var?ola alterada. Mas todos pareciam confiantes de que a Organiza??o Mundial da Sa?de tinha a situa??o sob controle. Maya suspeitava que seu pai tivesse sido enviado para ajudar nesse caso. Ela se perguntou se ele tinha sido o respons?vel por derrubar o l?der. Ela se perguntou se ele j? estava de volta ao pa?s. Se ele havia encontrado o corpo do Sr. Thompson. Se ele tinha percebido que estavam desaparecidas - ou se qualquer pessoa tivesse percebido que estavam desaparecidas. Rais sentou-se na cadeira amarela com um celular descansando no apoio de bra?o. Era um telefone de estilo antigo, praticamente pr?-hist?rico pelos padr?es de hoje - n?o era bom para nada al?m de liga??es e mensagens. Um telefone descart?vel, Maya ouvira essas coisas na TV. Ele n?o se conectava ? internet e n?o tinha GPS, que ela sabia, por programas policiais - o que significava que s? poderia ser rastreado pelo n?mero de telefone, que algu?m teria que ter. Rais, ao que parecia, estava esperando por algo. Uma chamada ou uma mensagem. Maya queria, desesperadamente, saber para onde estavam indo, se havia um destino. Ela suspeitava que Rais quisesse que o pai delas os encontrasse, os localizasse, mas o assassino n?o parecia estar com pressa de chegar a lugar nenhum. Era este o seu jogo? Ela se perguntou, roubar carros e mudar de dire??o, iludindo as autoridades, na esperan?a de que seu pai fosse o ?nico a encontr?-los primeiro? Eles apenas continuariam saltando de um lugar para outro at? que houvesse uma disputa? De repente, um toque monof?nico soou no telefone ao lado de Rais. Sara saltou ligeiramente em seus bra?os com a intrus?o aguda. — Al? — Rais atendeu ao telefone sem rodeios. — Ano. — Ele se levantou da cadeira pela primeira vez em tr?s horas enquanto trocava o ingl?s por uma l?ngua estrangeira. Maya sabia apenas ingl?s e franc?s, e ela podia reconhecer um punhado de outras l?nguas de palavras e sotaques ?nicos, mas ela n?o conhecia essa. Era uma l?ngua gutural, mas n?o totalmente desagrad?vel. Russo? Ela pensou. N?o. Polon?s, talvez. N?o adianta adivinhar; ela n?o podia ter certeza, e saber n?o a ajudaria a entender nada do que estava sendo dito. Ainda assim, ela ouviu, notando o uso frequente de sons de “z” e “ski”, tentando identificar cognatos, o que pareceu n?o haver nenhum. Havia uma palavra que ela conseguiu distinguir, e isso fez seu sangue gelar. — Dubrovnik — disse o assassino, como se fosse confirmado. Dubrovnik? A geografia era um das suas melhores mat?rias; Dubrovnik era uma cidade no sudoeste da Cro?cia, um famoso porto e destino tur?stico popular. Contudo, muito mais importante do que isso foi a implica??o da palavra mencionada. Isso significava que Rais planejava tir?-las do pa?s. — Ano — disse ele (o que parecia ser uma afirma??o; ela sup?s que significa “sim”). E ent?o: — Porto de Nova Jersey. Eram as ?nicas duas palavras inglesas em toda a conversa, al?m do “ol?”, e ela as compreendeu facilmente. O motel deles j? estava perto de Bayonne, a uma curta dist?ncia do porto industrial de Nova Jersey. Ela j? o tinha visto muitas vezes antes, atravessando a ponte de Jersey para Nova York ou voltando, pilhas sobre pilhas de cont?ineres multicoloridos sendo carregados por guindastes em enormes navios escuros que os levariam para o exterior. O ritmo de seu batimento card?aco triplicou. Rais iria tir?-las dos Estados Unidos pelo Porto de Nova Jersey em dire??o ? Cro?cia. E de l?... Ela n?o tinha ideia, e ningu?m mais teria. Haveria pouca esperan?a de serem encontradas novamente. Maya n?o podia permitir isso. Sua decis?o de lutar se fortaleceu; sua determina??o em fazer algo sobre essa situa??o voltou ? vida. O trauma de ver Rais cortando a garganta da mulher no banheiro da parada de descanso, mais cedo naquele dia, ainda permanecia; ela viu quando a mulher fechou os olhos. O olhar vago e morto. A po?a de sangue quase tocando seus p?s. Ent?o ela tocou o cabelo de sua irm? e sabia que aceitaria absolutamente o mesmo destino se isso significasse que Sara estaria segura e longe deste homem. Rais continuou sua conversa na l?ngua estrangeira, usando frases curtas e pontuadas. Ele se virou e separou as grossas cortinas ligeiramente, apenas alguns cent?metros ou mais, para espiar o estacionamento. Ele estava de costas para ela, provavelmente pela primeira vez desde que chegaram ao motel decadente. Maya estendeu a m?o e cuidadosamente abriu a gaveta da mesa de cabeceira. Era tudo o que ela conseguia alcan?ar, algemada a sua irm? e sem se mexer da cama. Seu olhar passou nervosamente pelas costas de Rais e depois para a gaveta. Havia uma B?blia nela, muito antiga, com a lombada descascada e lascada. Ao lado havia uma simples caneta esferogr?fica azul. Ela a pegou e fechou a gaveta novamente. Quase no mesmo instante, Rais se virou. Maya congelou, a caneta apertada em seu punho fechado. Mas ele n?o lhe deu nenhuma aten??o. Ele parecia entediado com a liga??o agora, ansioso para desligar o telefone. Algo na televis?o chamou sua aten??o por alguns segundos e Maya escondeu a caneta na cintura el?stica da cal?a de pijama de flanela. O assassino grunhiu um adeus indiferente e terminou a liga??o, jogando o telefone na poltrona. Ele se virou para eles, examinando cada uma. Maya olhou para frente, seu olhar t?o vazio quanto ela conseguia, fingindo assistir ao notici?rio. Aparentemente satisfeito, ele voltou a seu posto na cadeira novamente. Maya gentilmente acariciou as costas de Sara com a m?o livre enquanto sua irm? mais nova olhava para a televis?o, ou talvez para o nada, seus olhos semicerrados. Depois que o incidente no banheiro da parada de descanso, demorou horas para que Sara parasse de chorar, mas agora ela simplesmente estava ali, com o olhar vazio e vidrado. Parecia que ela n?o tinha mais nada. Maya passou os dedos para cima e para baixo na espinha de sua irm? na tentativa de confort?-la. N?o havia como elas se comunicarem entre si; Rais deixara claro que n?o lhes era permitido falar a menos que lhes fizesse uma pergunta. N?o havia como Maya enviar uma mensagem, criar um plano. Embora... Talvez n?o tenha que ser verbal, ela pensou. Maya parou de tocar as costas da irm? por um momento. Quando ela recome?ou, ela pegou seu dedo indicador e, sorrateiramente, desenhou a forma de uma letra entre as omoplatas de Sara - um grande A. Sara ergueu a cabe?a curiosamente por um momento, mas ela n?o olhou para Maya nem disse nada. Maya esperava desesperadamente que ela entendesse. P, ela desenhou em seguida. Ent?o E. Rais sentou-se na cadeira, na vis?o perif?rica de Maya. Ela n?o ousou olhar para ele por medo de parecer suspeita. Em vez disso, ela olhou para frente, como sempre, e desenhou as letras. R. T. E. Ela moveu o dedo de forma lenta, deliberada, parando por dois segundos entre cada letra e cinco segundos entre cada palavra at? que ela soletrasse sua mensagem. Aperte minha m?o se voc? entender. Maya nem viu Sara se mexer. Mas suas m?os estavam pr?ximas, por estarem algemadas juntas, e ela sentiu dedos frios e ?midos fecharem-se ao redor dos seus por um momento. Ela entendeu. Sara entendeu a mensagem. Maya come?ou de novo, movendo-se o mais lentamente poss?vel. N?o havia pressa, e ela precisava ter certeza de que Sara entendesse cada palavra. Se voc? tiver uma chance, ela escreveu, corra. N?o olhe para tr?s. N?o espere por mim. Encontre ajuda. Encontre o papai. Sara ficou ali, quieta e perfeitamente im?vel, durante toda a mensagem. Eram tr?s e quinze antes de Maya terminar. Finalmente, ela sentiu o toque frio de um dedo fino na palma da m?o esquerda, aninhada parcialmente sob a bochecha de Sara. O dedo tra?ou um padr?o na palma da m?o dela, a letra N. N?o sem voc?, a mensagem de Sara dizia. Maya fechou os olhos e suspirou. Voc? tem que fazer, ela escreveu de volta. Ou n?o haver? chance para nenhuma de n?s. Ela n?o deu a Sara a oportunidade de responder. Assim que terminou a mensagem, ela limpou a garganta e disse baixinho: — Eu tenho que ir ao banheiro. Rais arqueou uma sobrancelha e apontou para a porta aberta do banheiro, no outro extremo da sala. — Claro. — Mas... — Maya levantou o pulso algemado. — E da?? O assassino perguntou. — Leve ela com voc?. Voc? tem uma m?o livre. Maya mordeu o l?bio. Ela sabia o que ele estava fazendo; a ?nica janela no banheiro era pequena, mal tinha tamanho o suficiente para Maya passar completamente e seria totalmente imposs?vel enquanto estava algemada ? irm?. Ela deslizou para fora da cama lentamente, cutucando sua irm? para ir com ela. Sara se moveu mecanicamente, como se tivesse esquecido como usar corretamente seus membros. — Voc?s t?m um minuto. N?o tranque a porta — alertou Rais. — Se trancar eu vou derrub?-la no chute. Maya liderou o caminho e fechou a porta do pequeno banheiro, era apertado com as duas l? dentro. Acendeu a luz - quase certa de ter visto uma barata se arrastando para um esconderijo seguro embaixo da pia - e depois ligou o ventilador do banheiro, que zumbia ruidosamente no alto. — Eu n?o vou — Sara sussurrou quase imediatamente. — Eu n?o vou sem... Maya rapidamente ergueu um dedo a frente dos pr?prios l?bios para sinalizar sil?ncio. Pelo que ela sabia, Rais estava bem do outro lado da porta com os ouvidos colados nela. Ele n?o se arriscava. Ela rapidamente puxou a caneta da bainha de suas cal?as. Precisava de algo para escrever, e a ?nica coisa dispon?vel era papel higi?nico. Maya arrancou alguns peda?os e espalhou-os na pequena pia, mas toda vez que pressionava a caneta, o papel rasgava com facilidade. Ela tentou novamente com alguns peda?os novos, por?m, novamente o papel rasgou. Isso n?o funciona, ela pensou amargamente. A cortina de chuveiro n?o ajudaria; era apenas uma folha de pl?stico pendurada na banheira. N?o havia cortinas sobre a pequena janela. Contudo, havia algo que ela poderia usar. — Fique parada — ela sussurrou no ouvido da irm?. As cal?as do pijama de Sara eram brancas com estampa de abacaxi - e elas tinham bolsos. Maya virou um dos bolsos ao avesso e, com o m?ximo de cuidado, rasgou-o at? que ela tirou um peda?o de tecido triangular de bordas ?speras com a estampa de fruta de um lado, por?m, era todo branco do outro. Ela rapidamente achatou-o na pia e escreveu com cuidado enquanto sua irm? observava. A caneta se enroscou v?rias vezes no tecido, mas Maya mordeu a l?ngua para evitar grunhir em frustra??o irritada enquanto escrevia uma nota. Porto de Nova Jersey. Dubrovnik. Havia mais que ela queria escrever, mas estava quase sem tempo. Maya guardou a caneta embaixo da pia e enrolou a nota de tecido no formato de um cilindro. Ent?o ela olhou em volta desesperadamente para um lugar para esconder a nota. N?o podia simplesmente coloc?-lo embaixo da pia com a caneta; isso seria muito evidente, e Rais era minucioso. O chuveiro estava fora de quest?o. Molhar a nota borraria a tinta. Uma batida abrupta na porta do banheiro assustou as duas. — J? passou um minuto — disse Rais claramente do outro lado. — Estou quase terminando — ela disse apressadamente. Ela prendeu a respira??o enquanto levantava a tampa da caixa de descarga da privada, esperando que o ventilador do banheiro abafasse qualquer ru?do. Enfiou a nota enrolada pela corrente no mecanismo de descarga, alto o suficiente para n?o tocar na ?gua. — Eu disse que voc? tem um minuto. Estou abrindo a porta. — S? me d? alguns segundos, por favor! — Maya implorou quando ela rapidamente recolocou a tampa. Por fim, ela puxou alguns cabelos da cabe?a e os jogou sobre a caixa fechada. Com alguma sorte - com muita sorte - qualquer um que seguisse o rastro delas reconheceria a pista. Ela s? podia esperar. A ma?aneta da porta do banheiro girou. Maya deu descarga e se agachou em um gesto para sugerir que estava levantando a cal?a do pijama. Rais enfiou a cabe?a pela porta aberta e dirigiu o olhar para o ch?o. Lentamente, ele se aproximou das duas garotas, inspecionando cada uma delas. Maya prendeu a respira??o. Sara pegou a m?o algemada da irm? e os dedos entrela?ados. — Terminou? — ele perguntou devagar. Ela assentiu. Ele olhou para a esquerda e para a direita com desgosto. — Lave as m?os. Este lugar ? nojento. Maya o fez, lavando com um sabonete laranja arenoso enquanto o pulso de Sara pendia fracamente ao lado do dela. Ela secou as m?os na toalha marrom e o assassino assentiu. — De volta para cama. V?o. Ela levou Sara de volta para a cama. Rais permaneceu por um momento, olhando ao redor do pequeno banheiro. Ent?o ele desligou o ventilador e a luz e voltou para sua cadeira. Maya colocou o bra?o em torno de Sara e a segurou perto de si. Papai vai achar, ela pensou desesperadamente. Ele encontrar? a nota. Eu sei que vai . CAP?TULO SEIS Reid dirigiu para o sul na interestadual, tentando arduamente manter-se no limite entre o excesso de velocidade e chegar rapidamente ao destino, enquanto se dirigia para a parada onde a caminhonete de Thompson tinha sido abandonada. Apesar de sua ansiedade em conseguir uma pista, encontrar um vest?gio, ele estava come?ando a se sentir otimista por estar na estrada. Sua dor ainda estava presente, sentada pesadamente em seu est?mago, como se tivesse engolido uma bola de boliche, mas agora estava envolta em uma concha de firmeza e determina??o. Ele j? sentia a familiar sensa??o de sua persona, Kent Steele, tomando as r?deas enquanto descia a rodovia no Trans Am preto, um porta-malas cheio de armas e aparelhos ? sua disposi??o. Havia tempo e lugar para ser Reid Lawson, mas n?o era agora. Kent tamb?m era o pai delas, as meninas sabendo ou n?o. Kent tinha sido o marido de Kate. E Kent era um homem de a??o. Ele n?o esperou que a pol?cia encontrasse uma pista, para que outro agente fizesse o seu trabalho. Ele estava indo encontr?-las. S? precisava saber para onde estavam indo. A interestadual que se seguia para o sul atrav?s do estado da Virg?nia era, na maior parte, reta, com duas faixas, ladeadas de ambos os lados por ?rvores grossas, era completamente mon?tona. A frustra??o de Reid crescia a cada minuto que ele n?o chegava r?pido o suficiente. Por que ao sul? Ele pensou. Para onde Rais as levaria? O que eu faria se eu fosse ele? Para onde eu iria? — ? isso — disse ele em voz alta para si mesmo quando uma descoberta o atingiu como um golpe na cabe?a. Rais queria ser encontrado, mas n?o pela pol?cia, pelo FBI ou por outro agente da CIA. Ele queria ser encontrado por Kent Steele - e Kent Steele sozinho. N?o posso pensar em termos do que ele faria. Tenho que pensar no que eu faria. O que eu faria? As autoridades diriam que desde que o caminh?o foi encontrado ao sul de Alexandria, Rais estava levando as meninas para o sul. — O que significa que eu iria... Sua reflex?o foi interrompida pelo som estridente do telefone descart?vel no painel central. — V? para o norte — disse Watson imediatamente. — O que voc? achou? — N?o h? nada para encontrar na parada de descanso. Fa?a o retorno primeiro. Depois conversaremos. Reid n?o precisou que ele dissesse duas vezes. Deixou cair o telefone no painel, passou para a terceira marcha e girou o volante para a esquerda. N?o havia muitos carros na estrada naquela hora do dia num domingo; o Trans Am atravessou a pista vazia e derrapou de lado na grama do canteiro central. Suas rodas n?o rangeram contra o pavimento ou perderam a ader?ncia quando o ch?o ficou macio embaixo delas - o Mitch deve ter instalado pneus radiais de alto desempenho. O Trans Am derrapou pelo canteiro, a extremidade dianteira girando apenas um pouco enquanto chutava uma cascata de sujeira para tr?s. Reid endireitou o carro enquanto atravessava o estreito canteiro seco entre trechos da estrada. Quando o carro encontrou o asfalto novamente, ele estalou a embreagem, moveu o p? e pisou no acelerador. O Trans Am disparou para frente como um raio na pista oposta. Reid lutou contra a s?bita euforia que atingiu seu peito. Seu c?rebro reagia fortemente a qualquer coisa que produzia adrenalina; ansiava a emo??o, a possibilidade fugaz de perder o controle e o prazer estimulante de recuper?-lo. — Indo para o norte — disse Reid quando pegou o telefone novamente. — O que voc? achou? — Eu tenho um t?cnico monitorando as ondas de r?dio da pol?cia. N?o se preocupe, confio nele. Um sedan azul foi relatado abandonado em um lote de carros usados esta manh?. Nela encontraram uma bolsa, com identidades e cart?es combinando com a mulher que foi morta na parada de descanso. Reid franziu a testa. Rais roubou o carro e o largou rapidamente. — Onde? — Esse ? o ponto. Est? a cerca de duas horas ao norte da sua localiza??o atual, em Maryland. Ele riu em frustra??o. — Duas horas? Eu n?o tenho esse tempo a perder. Ele j? tem uma grande vantagem sobre n?s. — Estou trabalhando nisso — disse Watson, enigmaticamente. — Tem mais. A concession?ria diz que h? um carro faltando no estacionamento - um SUV branco de oito anos. N?o temos nada para rastre?-lo al?m de esperar que ele seja encontrado. A imagem por sat?lite seria como procurar uma agulha num palheiro... — N?o — disse Reid. — N?o se preocupe. O SUV provavelmente ser? outro beco sem sa?da. Ele est? brincando com a gente. Mudando de dire??o, tentando nos jogar para longe de onde quer que ele esteja realmente as levando. — Como voc? sabe disso? — Porque ? isso que eu faria — ele pensou por um momento. Rais j? tinha uma pista sobre eles; eles precisavam estar ? frente de seu jogo, ou pelo menos a par com ele. — Fa?a seu t?cnico investigar qualquer carro roubado nas ?ltimas doze horas, entre aqui e Nova York. — Essa ? uma rede bem grande para jogar — observou Watson. Ele estava certo; Reid sabia que um carro era roubado a cada quarenta e cinco segundos nos EUA, chegando a centenas de milhares por ano. — Tudo bem, exclua os dez modelos mais frequentemente roubados — disse ele. Por mais que n?o quisesse admitir, Rais era inteligente. Ele provavelmente saberia quais carros evitar e quais visar. — Risque da lista qualquer coisa cara ou chamativa, cores brilhantes, caracter?sticas distintivas, qualquer coisa que os policiais encontrariam facilmente. E, claro, qualquer coisa nova o suficiente para ser equipada com GPS. Concentre-se em locais que n?o teriam muitas pessoas ao redor - lotes vagos, empresas fechadas, parques industriais, esse tipo de coisa. — Entendi — confirmou Watson. — Eu ligo de volta quando tiver informa??es. — Obrigado. — Ele colocou o telefone no painel central novamente. Ele n?o tinha duas horas para gastar dirigindo nas estradas. Ele precisava de algo mais r?pido, ou uma melhor pista sobre onde suas garotas poderiam estar. Ele se perguntou se Rais voltaria a mudar de dire??o; talvez fosse para o norte s? para virar para o oeste, indo para o interior, ou at? mesmo indo para o sul novamente. Ele olhou para as pistas do tr?fego sul. Eu me pergunto se eu poderia estar passando por eles agora, bem ao meu lado. Eu nunca saberia disso. Seus pensamentos foram repentinamente abafados por um som penetrante e familiar - o constante sobe e desce de uma sirene de policial. Reid xingou baixinho enquanto olhava pelo espelho retrovisor para ver uma viatura da pol?cia atr?s dele, com as luzes vermelha e azul piscando. N?o ? o que eu preciso agora. O policial deve t?-lo visto cruzar o canteiro. Ele olhou de novo; a viatura era um modelo Caprice. Motor de 5,7 litros. Velocidade m?xima de duzentos e quarenta. Duvido que a Trans Am possa aguentar isso. Mesmo assim, ele n?o estava disposto a parar e perder um tempo precioso. Em vez disso, ele pisou no acelerador outra vez, saltando dos cento e trinta que estava fazendo para mais de cento e sessenta quil?metros por hora. A viatura manteve o ritmo, ganhando em velocidade sem esfor?o. Ainda Reid manteve ambas as m?os no volante, as m?os firmes, a familiaridade e a emo??o de uma persegui??o em alta velocidade voltando para ele. Exceto que desta vez era ele quem estava sendo perseguido. O telefone tocou novamente. — Voc? estava certo — apontou Watson. — Eu tenho um... Espera, isso ? uma sirene? — Claro que ? — Reid murmurou. — Algo que voc? possa fazer a respeito? — Eu? N?o em uma miss?o n?o oficial. — N?o posso fugir dele... — Mas voc? pode despist?-lo — respondeu Watson. — Ligue para o Mitch. — Ligar para o Mitch? — Reid repetiu sem express?o. — E dizer o qu? exatamente…? Al?? Watson j? havia desligado. Reid xingou baixinho e ultrapassou uma minivan, voltando para a pista da esquerda com uma das m?os enquanto manuseava o celular. Watson disse a ele que havia salvado um n?mero para o mec?nico no telefone. Ele encontrou um n?mero rotulado com apenas a letra “M” e ligou, enquanto a sirene continuava a tocar atr?s dele. Algu?m respondeu, mas n?o falou nada. — Mitch? — ele perguntou. O mec?nico grunhiu em resposta. Atr?s dele, o policial entrou na faixa da direita e acelerou, tentando chegar ao seu lado. Reid empurrou o volante rapidamente e o Trans Am deslizou impecavelmente para a pista, bloqueando o carro da pol?cia. Atr?s das janelas fechadas e do rugido do motor, ele podia ouvir vagamente o eco de um sistema de som, o policial ordenando que ele parasse. — Mitch, eu estou, uh... — O que eu devo dizer? — Eu estou a cerca de cento e oitenta pela interestadual 95 com um policial no meu p?. — Ele olhou no espelho retrovisor e gemeu quando uma segunda viatura adentrou na rodovia, vinda de um dos ponto de observa??o de velocidade. — Agora s?o dois. — Tudo bem — disse Mitch rispidamente. — D? um minuto. Ele parecia cansado, como se a ideia de uma persegui??o policial em alta velocidade fosse t?o blas? quanto uma ida ao supermercado. — D? o qu? um minuto? — Distra??o — resmungou Mitch. — Eu n?o tenho certeza se tenho um minuto — protestou Reid. —Eles provavelmente j? checaram a placa. — N?o se preocupe com isso. ? falsa. Sem registro. Isso n?o vai inspir?-los a cancelar a persegui??o, Reid pensou sombriamente. — Que tipo de distra??o… Al?? Mitch? — Ele jogou o telefone no banco do passageiro, irritado. Com as duas m?os de volta ao volante, Reid desviou-se de uma caminhonete, de volta ? pista r?pida, e pisou fundo no acelerador. O Trans Am respondeu com zelo, rugindo para frente enquanto a agulha do veloc?metro saltava para duzentos e dez. Ele disparou em meio ao tr?fego muito mais lento, entrando e saindo de ambas as pistas, usando o acostamento, contudo, ainda assim, o par de viaturas continuava no seu encal?o. N?o posso ir mais r?pido que eles. Mas posso desviar melhor que eles. Vamos, Kent. D?-me algo. Acontecera v?rias vezes ao longo do ?ltimo m?s, desde que o supressor de mem?ria havia sido removido, uma habilidade espec?fica de sua antiga vida como agente da CIA viria ? tona em momentos de necessidade. Ele n?o sabia que falava ?rabe at? se deparar com terroristas o torturando por informa??es. Ele n?o sabia que poderia se defender de tr?s assassinos corpo a corpo at? ter que lutar por sua vida. ? isso. Eu s? tenho que me colocar em uma situa??o desesperadora. Reid agarrou o freio de emerg?ncia logo atr?s do c?mbio de marchas e puxou-o para cima. Imediatamente, veio um ru?do horr?vel de dentro do Trans Am e o cheiro de algo queimando. Ao mesmo tempo, suas m?os giraram o volante para a direita e o Trans Am derrapou com for?a, sua extremidade traseira mais uma vez cruzando o canteiro como se ele estivesse tentando girar na dire??o oposta. Os dois carros da pol?cia seguiram o exemplo, pisando no freio e tentando dar a volta. Mas quando eles pisaram no freio, voltados para o sul, Reid continuou no giro, completando um total de trezentos e sessenta graus. Ele empurrou o freio de emerg?ncia, mudou de posi??o e pisou fundo novamente. O carro esportivo deu um solavanco e deixou os policiais confusos literalmente na poeira. Reid soltou um grito de vit?ria enquanto seu cora??o pulsava no peito. Sua excita??o, no entanto, foi de curta dura??o. Ele estava com o p? firme no acelerador, tentando manter a velocidade, mas o Trans Am estava perdendo for?a. A agulha do veloc?metro caiu para cento e cinquenta, depois cento e quarenta e cinco diminuindo rapidamente. Ele estava na quinta marcha, mas sua manobra de freio el?trico deve ter destru?do um cilindro, ou ent?o sugado poeira para dentro do motor. O grito ensurdecedor de sirenes piorou as m?s not?cias. As duas viaturas estavam atr?s dele e se aproximando rapidamente, agora acompanhadas por uma terceira. O tr?fego da rodovia se afastou para abrir caminho, j? que Reid tinha que entrar e sair das pistas, tentando desesperadamente manter a agulha do veloc?metro alta em pouqu?ssimo tempo. Ele grunhiu. Seria imposs?vel escapar da pol?cia nesse ritmo. Eles n?o estavam a mais de cinquenta metros atr?s dele e estavam se aproximando. As viaturas formavam um tri?ngulo, um em cada pista, com o terceiro dividindo a linha atr?s deles. Eles v?o tentar a manobra PIT - enganchar o carro e for??-lo para o lado. Vamos, Mitch. Onde est? minha distra??o? Ele n?o fazia ideia do que o mec?nico tinha planejado, mas realmente precisava dele no momento em que as viaturas diminu?am a dist?ncia at? o carro esportivo, que j? falhava. Ele obteve sua resposta no instante seguinte, quando algo imenso entrou em sua vis?o perif?rica. Na dire??o sul da rodovia, um caminh?o articulado invadiu o canteiro central ?, pelo menos, cento e dez por hora, seus pneus enormes saltando violentamente sobre os sulcos na grama. Quando alcan?ou a pista novamente - indo na dire??o errada - balan?ou perigosamente e o tanque de prata, que o caminh?o estava puxando, virou para o lado, caindo sobre ele. CAP?TULO SETE Por um instante, o tempo desacelerou quando Reid percebeu, ele e o carro inteiro estavam enterrados na sombra de uma m?quina de dezoito rodas que praticamente deixou o ch?o. Naquele momento, estranhamente im?vel, ele p?de ver, claramente, as grandes letras azuis estampadas na lateral do tanque - “POT?VEL”, diziam - quando o caminh?o se abaixou, pronto para esmag?-lo, o Trans Am, e qualquer esperan?a de encontrar suas filhas. Seus hemisf?rios cerebrais pareciam ter se fechado ? sombra do enorme caminh?o, mas seus membros se moviam como se tivessem mentes pr?prias. O instinto tomou conta quando a m?o direita agarrou o freio de m?o novamente e puxou. A m?o esquerda girou a roda no sentido hor?rio e o p? esmagou o pedal do acelerador contra o tapete de borracha. O Trans Am virou de lado e saiu em disparada, paralelo ao caminh?o, de volta ? luz do sol e saindo de baixo dele. Reid sentiu o impacto do caminh?o esmagando a estrada mais do que ouviu. O tanque de prata bateu no asfalto entre o Trans Am e os carros da pol?cia, chegando a menos de trinta metros. Freios gritaram e as viaturas derraparam para o lado quando o enorme tanque de prata se abriu nas juntas trincadas e liberou sua carga. Nove mil gal?es de ?gua limpa ca?ram em cascata e correram sobre os carros da pol?cia, empurrando-os para tr?s como uma corrente agressiva. Reid n?o parou para ver a repercuss?o. O Trans Am mal chegava a cento e dez com o pedal todo para baixo, ent?o ele se endireitou e seguiu na estrada o melhor que p?de. Os policiais encharcados, sem d?vidas reportaram o carro suspeito com as placas n?o registradas; haveria mais problemas pela frente se ele n?o deixasse a estrada em breve. O telefone tocou, a tela exibindo apenas a letra M. — Obrigado, Mitch — respondeu Reid. O mec?nico grunhiu, o que parecia ser seu principal m?todo de comunica??o. — Voc? sabia onde eu estava. Voc? sabe onde eu estou agora. — Reid balan?ou a cabe?a. — Voc? est? rastreando o carro, n?o ?? — Ideia do John — disse Mitch simplesmente. — Ele achou que voc? poderia se meter em algum problema. Tinha raz?o. Reid come?ou a protestar, mas Mitch interrompeu. — Pegue a pr?xima sa?da. Vire ? direita na River Drive. H? um parque com um campo de beisebol. Espere l?. — Esperar l? por qu?? — Transporte. Mitch desligou. Reid riu. O objetivo do Trans Am era ser clandestino, ficar fora do alcance da ag?ncia - n?o trocar a CIA por outra pessoa que pudesse rastre?-lo. Por?m, sem isto, voc? j? teria sido apanhado. Ele engoliu a raiva e fez o que lhe foi dito, guiando o carro pela sa?da, mais oitocentos metros pela interestadual e em dire??o ao parque. Ele esperava que o que quer que Mitch guardasse para ele fosse r?pido; tinha muito terreno para cobrir rapidamente. O parque estava vazio para um domingo. No campo de beisebol, um grupo de garotos da vizinhan?a estava jogando um jogo sem compromisso, ent?o Reid estacionou o Trans Am no terreno de cascalho do lado de fora da cerca de arame atr?s da primeira base e esperou. Ele n?o sabia o que estava procurando, mas sabia que tinha que se mexer depressa, ent?o abriu o porta-malas, pegou sua mochila e esperou ao lado do carro por qualquer coisa que Mitch tivesse planejado. Ele suspeitava que o mec?nico grisalho era mais do que apenas um informante da CIA. Ele era “um especialista em aquisi??o de ve?culos”, disse Watson. Reid se perguntou se Mitch era um recurso, algu?m como Bixby, o exc?ntrico engenheiro da CIA especializado em armas e equipamentos port?teis. E se esse fosse o caso, por que ele estava ajudando Reid? Nenhuma lembran?a surgiu em sua cabe?a quando ele pensou na apar?ncia ?spera de Mitch, sua atitude de grunhir. Havia uma hist?ria esquecida ali? O telefone tocou no bolso. Era Watson. — Voc? est? bem? — o agente perguntou. — Tanto quanto posso, considerando tudo. Embora a ideia de Mitch de uma “distra??o” possa ser um pouco ambiciosa demais. — Ele faz o trabalho. De qualquer forma, seu palpite estava certo. Um dos meus homens encontrou a queixa de um Caddy de doze anos roubado de um parque industrial em Nova Jersey esta manh?. Ele capturou uma imagem de sat?lite do lugar. Adivinha o que ele viu? — O SUV branco desaparecido — Reid se aventurou. — Correto — confirmou Watson. — Parado no estacionamento de uma pilha de lixo chamado Starlight Motel. Nova Jersey? Sua esperan?a desabou. Rais levara suas garotas ainda mais para o norte - sua viagem de duas horas acabou de se tornar uma de, pelo menos, tr?s horas e meia para ter alguma esperan?a de se aproximar. Ele pode estar as levando para Nova York. Uma ?rea metropolitana grande, f?cil de se perder. Reid tinha que conseguir uma pista melhor sobre ele antes que isso acontecesse. — A ag?ncia n?o tem conhecimento do que n?s sabemos ainda — Watson continuou. — Eles n?o t?m nenhuma raz?o para conectar o Caddy roubado a suas filhas. Cartwright confirmou que est?o seguindo as pistas que tinham e mandando Strickland para o norte em dire??o ? Maryland. Mas ? apenas quest?o de tempo. Chegue l? primeiro e voc? ter? uma vantagem sobre ele. Reid deliberou por um momento. Ele n?o confiava em Riker; isso estava claro. Na verdade, o julgamento ainda estava em andamento, at? mesmo seu chefe patr?o, o diretor adjunto Cartwright estava sendo julgado. Entretanto... — Watson, o que voc? sabe sobre este agente Strickland? — Eu s? o encontrei uma ou duas vezes. Ele ? jovem, um pouco ansioso para agradar, mas parece decente. Talvez, at? mesmo, confi?vel. Por qu?? No que voc? est? pensando? — Eu estou pensando... — Reid n?o podia acreditar que estava prestes a sugerir isso, mas era pelas suas filhas. A seguran?a delas era a coisa mais importante, independentemente do custo. — Estou pensando que n?o devemos ser os ?nicos com essa informa??o. Precisamos de toda a ajuda que pudermos conseguir e, embora eu n?o confie em Riker para fazer a coisa certa, talvez Strickland fa?a. Voc? poderia obter informa??es sobre ele anonimamente? — Eu acho que sim, ?. Eu teria que filtr?-lo atrav?s de algumas das minhas conex?es de informantes, mas ? vi?vel. — ?timo. Quero passar a ele nossa informa??o, mas depois de ter estado no local para ver por mim mesmo. Eu n?o quero que ele ganhe uma vantagem sobre mim. Eu s? quero que algu?m saiba o que sabemos. — Mais especificamente, ele queria que algu?m, que n?o fosse Cartwright, soubesse o que eles sabiam. Porque se eu falhar, preciso de algu?m para ter sucesso. — Se voc? diz, claro. — Watson ficou em sil?ncio por um momento. — Kent, tem mais uma coisa. De volta ?quela parada, Strickland achou uma coisa... — O qu?? O que ele achou? — Cabelo — respondeu Watson. — Cabelo castanho, com o fol?culo ainda preso. Puxado pela raiz. A garganta de Reid ficou seca. Ele n?o acreditava que Rais queria matar as meninas, ele n?o podia se permitir acreditar nisso. O assassino precisava delas vivas se quisesse que Kent Steele os encontrasse. Mas o pensamento foi de pouco conforto, quando imagens indesejadas invadiram os pensamentos de Reid, cenas de Rais agarrando sua filha por um punhado de cabelo, for?ando-a a ir aonde ele queria. Machucando-a. E se ele estava as machucando de alguma forma, Reid iria machuc?-lo em todos os sentidos. — Strickland n?o fez muito caso disso — continuou Watson. — Mas a pol?cia encontrou mais no banco de tr?s do carro da mulher morta. Como se algu?m os tivesse deixado de prop?sito. Como uma... — Como uma dica — Reid murmurou. Era Maya. Sabia disso. Ela era inteligente, inteligente o suficiente para deixar algo para tr?s. Inteligente o suficiente para saber que a cena seria varrida com cuidado e seus cabelos seriam encontrados. Ela estava viva - ou pelo menos estava quando eles estiveram l?. Ele estava simultaneamente orgulhoso por sua filha estar t?o interessada e, ao mesmo tempo, triste que ela teria que pensar em fazer uma coisa dessas. Oh, Deus. Uma nova constata??o lhe sobreveio imediatamente: Se Maya tinha, propositalmente, deixado o cabelo no banheiro da parada de descanso, ent?o ela estava l? quando aconteceu. Ela assistiu aquele monstro assassinar uma mulher inocente. E se Maya estivesse l?... Sara poderia ter estado tamb?m. Ambas haviam sido afetadas, mental e emocionalmente, pelos acontecimentos de fevereiro, no cal?ad?o; ele n?o queria pensar no trauma passando por suas mentes agora. — Watson, eu tenho que chegar r?pido ? Nova Jersey. — Estou trabalhando nisso — respondeu o agente. — Basta ficar parado, vai estar a? a qualquer momento. — O que vai estar aqui? Watson respondeu, mas sua resposta foi abafada pelo barulho repentino e surpreendente de uma sirene bem atr?s dele. Ele se virou quando um carro da pol?cia andou sobre o cascalho na dire??o dele. N?o tenho tempo para isso. Ele fechou o telefone e colocou no bolso. A janela do lado do passageiro estava abaixada; ele podia ver que havia dois policiais l? dentro. O carro parou ao lado do dele e a porta se abriu. — Senhor, coloque a bolsa no ch?o e suas m?os na cabe?a. — O oficial era jovem, com um corte estilo militar, aparado em baixo e maior no topo, e ?culos de aviador cobrindo os olhos. Reid notou que uma m?o estava no coldre de sua pistola, o bot?o aberto. O motorista tamb?m saiu, mais velho, por volta da idade de Reid, com a cabe?a raspada. Ele parou atr?s da porta aberta, a m?o tamb?m pairando perto do cinto. Reid hesitou, sem saber o que fazer. A pol?cia local deve ter ouvido o boletim dos policiais. N?o poderia ser dif?cil identificar o Trans Am com as placas falsas estacionado t?o abertamente ao lado do campo de beisebol. Ele se repreendeu por ser t?o descuidado. — Senhor, coloque a bolsa no ch?o e as m?os na cabe?a! — o jovem oficial gritou com firmeza. Reid n?o tinha nada para amea??-los; suas armas estavam na bolsa, e mesmo que tivesse uma, ele n?o iria atirar em ningu?m. At? onde esses policiais sabiam, estavam apenas fazendo seu trabalho, detendo o fugitivo de uma persegui??o em alta velocidade que incapacitara tr?s carros e, com toda a probabilidade, ainda tinham as pistas norte da interestadual 95 fechadas. — Isso n?o ? o que voc? pensa. — Mesmo dizendo isso, ele abaixou a bolsa, colocando-a lentamente no ch?o de cascalho. — Estou apenas tentando encontrar minhas filhas. — Ambos os bra?os se levantaram, as pontas dos dedos tocando bem atr?s das orelhas. — Vire-se — o jovem oficial ordenou. Reid obedeceu. Ele ouviu o tilintar familiar de algemas quando o policial puxou um par da bolsa em seu cinto. Ele esperou pela mordida fria do a?o em seu pulso. — Voc? tem o direito de permanecer calado... Assim que sentiu contato, Reid entrou em a??o. Ele girou, agarrou o pulso direito do policial com o seu pr?prio e o torceu para cima em um ?ngulo. O policial gritou de surpresa e dor, embora Reid tenha tido cuidado para n?o torcer o suficiente a ponto de quebr?-lo. Ele n?o iria ferir os policiais, se pudesse. No mesmo movimento, ele agarrou a algema solta com a m?o esquerda e a colocou ao redor do pulso do oficial. O motorista sacou a arma em um instante, gritando com raiva. — Afaste-se! Para o ch?o, agora! Reid empurrou o homem para frente com os dois bra?os, jogando o jovem oficial trope?ando contra a porta aberta, que se fechou - ou tentou, empurrando o policial mais velho para tr?s. Reid dobrou o corpo, levantando nos joelhos ao lado do outro homem. Ele tirou a Glock das m?os do policial e a jogou por cima do ombro. O policial mais jovem se endireitou e tentou puxar sua pistola. Reid pegou a metade vazia das algemas que balan?ava pendurada no pulso do oficial e puxou, fazendo o homem perder o equil?brio novamente. Ele passou as algemas na janela aberta, puxando o policial para a porta e fechou a argola de a?o em volta do pulso do oficial mais velho. Enquanto os dois lutavam um contra o outro e a porta da viatura, Reid puxou a pistola do policial mais jovem e apontou-a para eles. Eles pararam imediatamente. — Eu n?o vou atirar em voc?s — disse enquanto pegava sua mochila. — Eu s? quero que fiquem quietos e n?o se movam por um minuto ou mais. — Ele apontou a arma para o oficial mais velho. — Abaixe a m?o, por favor. A m?o livre do policial soltou o r?dio comunicador preso no ombro. — Apenas abaixe a arma — disse o oficial mais novo, com a m?o sem algema fazendo um gesto de pacificador. — Outra unidade est? a caminho. Eles v?o atirar em voc? imediatamente. Eu n?o acho que voc? quer isso. Ele est? blefando? N?o; Reid podia ouvir as sirenes ? dist?ncia. Cerca de um minuto para chegarem. Noventa segundos na melhor das hip?teses. O que quer que Mitch e Watson estejam planejando, precisa chegar a agora. Os meninos do campo de beisebol pararam o jogo, agora amontoados atr?s do banco de concreto mais pr?ximo e espiando a cena a poucos metros deles. Reid notou em sua vis?o perif?rica que um dos garotos estava no telefone celular, provavelmente denunciando o incidente. Pelo menos n?o est?o filmando, ele pensou sombriamente, mantendo a arma apontada para os dois policiais. Vamos, Mitch... Ent?o o policial mais novo franziu a testa para o parceiro. Eles olharam um para o outro e depois para o c?u quando um novo som se juntou ?s sirenes que gritavam distantes - um zumbido lamentoso, como um motor estridente. O que ? isso? Definitivamente n?o ? um carro. N?o ? alto o suficiente para ser um helic?ptero ou um avi?o... Reid olhou para cima tamb?m, mas ele n?o podia dizer de que dire??o o som estava vindo. Ele n?o teve que pensar por muito tempo. De cima do campo esquerdo veio um pequeno objeto, voando rapidamente pelo ar como uma abelha zumbindo. Sua forma era indistingu?vel; parecia ser branco, mas era dif?cil olhar diretamente para ele. A parte inferior era pintada com um revestimento refletor, a mente de Reid o informou. Evita que os olhos consigam se concentrar nele. O objeto perdeu altitude como se estivesse caindo do c?u. Ao atravessar a base do arremessador no campo, outra coisa caiu - um cabo de a?o com uma barra estreita na parte inferior, como um ?nico degrau de uma escada. Uma linha de rapel. — Isso deve ser a minha carona — ele murmurou. Enquanto os policiais encaravam, desacreditados, para o que era, literalmente, um OVNI, flutuando na dire??o deles. Reid deixou a arma cair no ch?o de cascalho. Ele se certificou de que tinha segurado firme em sua bolsa, e quando a barra girou em sua dire??o, ele estendeu a m?o e agarrou-a. Ele respirou fundo quando foi, imediatamente, varrido para o c?u, seis metros em segundos, depois nove, depois quinze. Os garotos no campo de beisebol gritaram e apontaram quando o objeto voador acima da cabe?a de Reid retraiu a linha de rapel rapidamente, ao mesmo tempo em que ganhava altitude novamente. Ele olhou para baixo e viu mais dois carros da pol?cia entrando no estacionamento do parque, os motoristas saindo de seus ve?culos e olhando para cima. Ele estava a trinta metros no ar antes de chegar ao cockpit e se acomodar no ?nico assento que o esperava l?. Reid sacudiu a cabe?a, espantado. O ve?culo que o pegara era pouco maior do que uma pequena c?psula em forma de ovo com quatro bra?os paralelos em formato de X, cada um dos quais tinha um rotor girat?rio na ponta. Ele sabia o que era isso - um quadric?ptero, um drone tripulado por uma ?nica pessoa, totalmente automatizado e altamente experimental. Uma lembran?a piscou em sua mente: Um telhado em Kandahar. Dois atiradores de elite com o alvo fixo na sua localiza??o. Voc? n?o tem ideia de onde eles est?o. Mova-se e voc? morrer?. Ent?o, um som - um gemido agudo, pouco mais que um zumbido. Faz voc? se lembrar do seu aparador de gramas em casa. Uma forma aparece no c?u. ? dif?cil olhar ela. Voc? mal consegue ver, mas sabe que a ajuda chegou… A CIA havia experimentado m?quinas como essa para extrair agentes de zonas de perigo. Ele fazia parte do experimento. N?o havia controles na a sua frente; apenas uma tela de LED que informava a velocidade de cento e oitenta e seis quil?metros por hora e um tempo estimado de chegada de cinquenta e quatro minutos. Ao lado da tela havia um fone de ouvido. Ele pegou e colocou sobre as orelhas. — Zero? — Watson? Jesus! Como voc? conseguiu isso? — Eu n?o consegui! — Ent?o, o Mitch — afirmou Reid, confirmando suas suspeitas. — Ele n?o ? apenas um 'informante', ?? — Ele ? o que voc? precisa que ele seja para que confie que ele quer ajudar. A velocidade do quadric?ptero aumentava constantemente, nivelando a pouco menos de quatrocentos e oitenta quil?metros por hora. Diminuindo v?rios minutos no tempo estimado de chegada. — E a ag?ncia? — Reid perguntou. — Eles podem...? — Rastrear? N?o. Muito pequeno, voa em baixas altitudes. Al?m disso, ? um projeto desativado. Eles achavam que o motor fazia barulho demais para ser furtivo. Reid soltou um suspiro de al?vio. Ele tinha uma trajet?ria agora, esse Starlight Motel em Nova Jersey, e, pelo menos, n?o foi uma provoca??o de Rais que o levou at? l?. Se eles ainda estivessem no local, ele poderia p?r um fim nisso - ou tentar. N?o podia ignorar o fato de que isso s? terminaria em um confronto com o assassino, mantendo suas filhas longe do fogo cruzado. — Eu quero que voc? espere quarenta e cinco minutos e depois mande a pista do motel para o Strickland e o departamento de pol?cia local — disse ele a Watson. — Se ele estiver l?, eu quero todos os outros tamb?m. Al?m disso, quando a CIA e a pol?cia chegassem, suas filhas estariam seguras ou Reid Lawson estaria morto. CAP?TULO OITO Maya abra?ou sua irm? mais perto dela. A corrente da algema sacudiu entre seus pulsos; A m?o de Sara estava acima do pr?prio peito, segurando a de Maya no ombro dela enquanto se aconchegavam no banco de tr?s do carro. O assassino dirigia, guiando o carro pelo comprimento do Porto de Nova Jersey. O terminal de carga era longo, v?rias centenas de metros era o melhor palpite de Maya. Pilhas altas de cont?ineres erguiam-se em ambos os lados, formando uma faixa estreita com n?o mais do que trinta cent?metros de espa?o dos dois lados dos retrovisores do carro. Os far?is estavam desligados e estava perigosamente escuro, mas n?o parecia incomodar Rais. De vez em quando, tinha um pequeno intervalo entre as pilhas de carga e Maya podia ver luzes brilhantes ? dist?ncia, mais perto da beira da ?gua. Ela podia at? ouvir o zumbido das m?quinas. As tripula??es estavam trabalhando. Tinha pessoas por perto. No entanto, isso lhe dava pouca esperan?a; at? ent?o, Rais mostrara uma propens?o para o planejamento e ela duvidava que eles pudessem se deparar com qualquer olhar curioso. Ela teria que fazer alguma coisa para impedi-las de sair do pa?s. O rel?gio no painel central do carro informava que eram quatro da manh?. Fazia menos de uma hora desde que deixara o bilhete na caixa da privada no motel. Pouco depois disso, Rais se levantou, repentinamente, e anunciou que era hora de partirem. Sem uma palavra de explica??o, ele as levou para fora do quarto do motel, mas n?o para a caminhonete branca em que chegaram. Em vez disso, ele as levou para um carro mais velho, parado a algumas portas do quarto em que se hospedaram. Ele parecia n?o ter nenhum problema quando abriu a porta e as colocou no banco de tr?s. Rais tirou a tampa da coluna de igni??o e ligou o ve?culo em quest?o de segundos. E agora eles estavam no porto, sob a cobertura da escurid?o e se aproximando da ponta norte de terra, onde o concreto acabava e a ba?a de Newark come?ava. Rais diminuiu a velocidade e parou o carro no estacionamento. Maya espiou para al?m do para-brisa. Havia um barco l?, um bastante pequeno pelos padr?es comerciais. N?o podia ter mais de vinte metros de comprimento e estava cheio de recipientes de a?o em forma de cubo que pareciam ter cerca de um metro e meio de largura e altura. A ?nica luz naquela extremidade da doca, al?m da lua e das estrelas, vinha de duas l?mpadas amarelas enferrujadas no barco, uma na proa e outra na popa. Rais desligou o motor e ficou sentado em sil?ncio por um longo momento. Ent?o ele ligou e desligou os far?is, apenas uma vez. Dois homens sa?ram da cabine do barco. Olharam para o lado e depois desembarcaram pela estreita rampa entre o navio e a doca. O assassino se virou em seu assento, olhando diretamente para Maya. Ele disse apenas uma palavra, de forma lenta: — Fiquem. — Ent?o, saiu do carro e fechou a porta novamente, ficando a poucos metros delas enquanto os homens se aproximavam. Maya apertou a mand?bula e tentou desacelerar seu batimento card?aco. Se elas entrassem nesse barco e sa?ssem da costa, suas chances de serem encontradas diminuiriam significativamente. Ela n?o podia ouvir o que os homens estavam dizendo; ouviu apenas sons baixos quando Rais falou com eles. — Sara — ela sussurrou. — Voc? se lembra do que eu disse? — N?o posso — a voz de Sara se quebrou. — Eu n?o vou... — Voc? precisa! — Elas ainda estavam algemadas juntas, mas a rampa para embarcar era estreita, com pouco mais de sessenta cent?metros de largura. Eles teriam que soltar as algemas, ela disse a si mesma. E quando o fizessem... — Assim que eu me mover, voc? vai. Encontre algu?m Esconda, se precisar. Voc? precisa... Ela n?o conseguiu terminar sua fala. A porta traseira foi aberta e Rais olhou para eles. — Saiam. Os joelhos de Maya se enfraqueceram quando ela deslizou para fora do banco de tr?s, seguida por Sara. Ela se for?ou para olhar para os dois homens que tinham sa?do do barco. Ambos eram de pele clara, cabelos escuros e fei??es sombrias. Um dos dois tinha barba fina e cabelos curtos, usava uma jaqueta de couro preta e tinha os bra?os cruzados sobre o peito. O outro usava um casaco marrom, e seu cabelo era mais longo, em torno de suas orelhas. Ele tinha uma barriga que se projetava sobre o cinto e um sorriso nos l?bios. Foi esse homem, o gordinho, que circulou as duas garotas, andando devagar. Ele disse algo em uma l?ngua estrangeira - a mesma l?ngua, Maya percebeu, que Rais falou pelo telefone no quarto do motel. Ent?o, ele disse uma ?nica palavra na l?ngua dela. — Bonita — ele gargalhou. Seu parceiro de jaqueta de couro sorriu. Rais ficou parado estoicamente. Com essa palavra, uma compreens?o penetrou na mente de Maya e se apertou como dedos gelados pressionando uma garganta. Havia algo muito mais insidioso acontecendo aqui do que simplesmente serem retiradas do pa?s. Ela nem queria pensar nisso, muito menos entender. N?o podia ser real. Isso n?o. N?o com elas. Seu olhar encontrou o queixo de Rais. Ela n?o suportava olhar para os olhos verdes dele. — Voc?. — Sua voz estava baixa, tr?mula, lutando para encontrar as palavras. — Voc? ? um mostro! Ele suspirou gentilmente. — Talvez. Isso ? tudo uma quest?o de perspectiva. Eu preciso atravessar o mar; voc?s s?o minhas moedas de troca. Meu ingresso, por assim dizer. A boca de Maya se secou. Ela n?o chorou nem tremeu. Apenas sentiu frio. A Rais estava as vendendo. — Uhum — algu?m limpou a garganta. Cinco pares de olhos se voltaram atentos quando um rec?m-chegado apareceu sob o brilho das luzes do barco. O cora??o de Maya subiu com uma esperan?a repentina. O homem era mais velho, talvez na casa dos cinquenta, vestindo uma cal?a c?qui e uma camisa branca prensada - parecia um trabalhador. Sob um bra?o ele segurava um capacete branco. Rais tirou a Glock e apontou em um instante. No entanto, ele n?o atirou. Outros ouviriam, Maya percebeu. — Calma! — O homem largou o capacete e levantou as duas m?os. — Ei. — O estrangeiro da jaqueta de couro preta deu um passo ? frente, entre a arma e o rec?m-chegado. — Ei, tudo bem — ele disse com um sotaque acentuado. — Esta bem. A boca de Maya caiu boquiaberta em confus?o. Bem? Quando Rais abaixou a arma devagar, o homem magro enfiou a m?o na jaqueta de couro e tirou um envelope pardo amassado, dobrado em tr?s partes e fechado com fita adesiva. Algo retangular e grosso estava dentro dele, como um tijolo. Ele entregou o envelope quando o trabalhador retirou o capacete. Meu Deus. Ela sabia muito bem o que estava no envelope. Este homem estava sendo pago para manter suas tripula??es longe, para manter a ?rea da doca limpa. A raiva e o desamparo aumentaram em medidas equivalentes. Ela queria gritar com ele - por favor, espere, ajude-nos - mas ent?o seu olhar encontrou o dele, por apenas um segundo, e ela sabia que n?o adiantava. N?o havia remorso em seus olhos. Sem bondade. Sem simpatia. Nenhum som escapou da garganta dela. T?o rapidamente quanto ele apareceu, o homem recuou para as sombras. — Foi um prazer fazer neg?cios com voc?s — ele murmurou enquanto desaparecia. Isso n?o pode estar acontecendo. Ela se sentiu entorpecida. Nunca em toda a sua vida ela conheceu algu?m que ficava de bra?os cruzados enquanto crian?as estavam claramente em perigo - e aceitasse dinheiro para n?o fazer nada. O homem rechonchudo latiu alguma coisa em sua l?ngua estrangeira e fez um gesto vago para as m?os delas. Rais disse algo em resposta que soou como um argumento sucinto, mas o outro homem insistiu. O assassino pareceu aborrecido enquanto pescava no bolso e tirou uma pequena chave prateada. Ele agarrou a corrente das algemas, for?ando ambos os pulsos para cima. — Vou tirar isso de voc?s — disse ele. — Ent?o n?s vamos entrar no barco. Se voc? quiser voltar viva para a terra firme, ficar? em sil?ncio. Voc? far? como eu disser. Ele empurrou a chave na algema em volta do pulso de Maya e a abriu. — E nem pense em pular na ?gua. Nenhum de n?s ir? atr?s de voc?s. N?s vamos assistir voc?s congelarem at? a morte e se afogarem. Levaria apenas alguns minutos. — Ele destravou a algema de Sara, e ela instintivamente esfregou o pulso dolorido e avermelhado. Agora. Fa?a agora. Voc? tem que fazer alguma coisa agora. O c?rebro de Maya gritou, mas ela n?o conseguia se mexer. O estrangeiro da jaqueta de couro preta deu um passo ? frente e segurou seu bra?o com for?a. O s?bito contato f?sico quebrou sua paralisia, fazendo-a entrar em a??o. Ela nem sequer pensou nisso. Um p? se levantou, com toda a for?a que conseguiu, e acertou a virilha de Rais. Quando isso aconteceu, uma lembran?a cruzou sua vis?o. Levou apenas um instante, embora parecesse muito mais demorado, como se tudo tivesse desacelerado ao seu redor. Logo depois que os terroristas da Amun tentaram sequestr?-la em Nova Jersey, seu pai a puxou de lado um dia. Ele tinha que se ater ? sua hist?ria para encobrir o acontecido - eles eram membros de gangues raptando garotas jovens na regi?o, como parte de uma inicia??o - mas ainda assim ele disse a ela: Eu n?o estarei sempre por perto. Nem sempre haver? algu?m para ajudar. Maya jogou futebol por anos; ela tinha um chute poderoso e bem colocado. Um silvo de respira??o escapou de Rais quando ele se curvou, as duas m?os voando impulsivamente para sua virilha. Se algu?m te atacar, especialmente um homem, ? porque ele ? maior. Mais forte. Ele vai superar voc?. E por causa disso tudo, ele acha que pode fazer o que quiser. Que voc? n?o vai ter nenhuma chance contra ele. Ela empurrou o bra?o esquerdo para baixo, r?pida e violentamente, e se soltou do homem de jaqueta de couro. Ent?o ela se lan?ou para frente, na dire??o dele e o desequilibrou. Voc? n?o luta justo. Voc? faz o que precisa fazer. Virilha. Nariz. Olhos. Voc? morde. Voc? se agita. Voc? grita. Eles j? n?o est?o lutando justo. Voc? tamb?m n?o. Maya torceu o corpo para tr?s e, ao mesmo tempo, balan?ou um bra?o fino em um arco amplo. Rais estava encurvado; o rosto dele estava na altura de seus olhos. Seu punho bateu no lado do nariz dele. A dor imediatamente se espalhou atrav?s de sua m?o, come?ando pelas juntas e irradiando pelo comprimento do bra?o, at? o cotovelo. Ela gritou e agarrou a m?o. Mesmo assim, Rais sentiu o golpe com for?a, quase caindo no cais. Um bra?o serpenteou ao redor de sua cintura e a puxou para tr?s. Seus p?s deixaram o ch?o, chutando o nada enquanto ela debatia os dois bra?os. Ela nem percebeu que estava gritando at? que uma m?o grossa apertou o nariz e a boca, cortando o som e a respira??o. Contudo, ela a viu - uma figura pequena ficando menor. Sara correu, seguiu de volta pelo caminho que tinham vindo, desaparecendo na escurid?o das pilhas de carga. Eu consegui. Ela fugiu. Ela est? longe. Qualquer que fosse o destino que a esperava, Maya, agora, n?o se importava. N?o pare de correr, Sara. Continue, encontre algu?m, encontre ajuda. Outra figura avan?ou como uma flecha - Rais. Ele correu atr?s de Sara, tamb?m desaparecendo nas sombras. Ele era r?pido, muito mais r?pido que Sara, e parecia ter se recuperado rapidamente dos golpes de Maya. Ele n?o vai a encontrar. N?o no escuro. Ela n?o conseguia respirar com a m?o segurando seu rosto. Ela apertou aquela m?o com as unhas at? que os dedos deslizaram para baixo, apenas um pouco, mas o suficiente para que ela puxasse o ar pelo nariz. O homem rechonchudo a segurou r?pido, um bra?o ao redor de sua cintura e os p?s dela ainda n?o tocavam o ch?o. Mas ela n?o lutou contra ele; ela ficou quieta e esperou. Por v?rios momentos a doca ficou quieta. O barulho das m?quinas no outro lado do porto ecoou na noite, provavelmente abafando qualquer chance de os gritos de Maya terem sido ouvidos. Ela e os dois homens esperaram que Rais retornasse - ela rezando, desesperadamente, para que ele voltasse de m?os vazias. Um grito curto quebrou o sil?ncio, e os membros de Maya amoleceram. Rais emergiu da escurid?o novamente. Ele tinha Sara debaixo de um bra?o, do jeito que algu?m poderia carregar uma prancha de surfe, com a outra m?o apertada sobre a boca dela para calar a garota. Seu rosto estava vermelho e ela estava solu?ando, embora seus gritos fossem abafados. N?o Maya falhou. Seu ataque n?o tinha feito nada, muito menos colocar Sara em seguran?a. Rais parou alguns metros na frente de Maya, olhando-a com pura f?ria em seus brilhantes olhos verde. Um fino filete de sangue corria da narina onde ela o atingiu. — Eu te disse — ele sibilou. — Eu te disse o que aconteceria se voc? tentasse fazer alguma coisa. Agora voc? vai assistir. Maya agitou-se novamente, tentando gritar, mas o homem a segurou com for?a. Rais disse algo duramente na l?ngua estrangeira para o homem da jaqueta de couro. Ele correu e pegou Sara, segurando-a parada e mantendo-a em sil?ncio. O assassino desembainhou uma faca grande, a que ele usara para matar o Sr. Thompson e a mulher no banheiro da parada de descanso. Ele for?ou o bra?o de Sara para o lado e segurou-o com firmeza. N?o! Por favor, n?o a machuque. N?o. N?o… Ela tentou formar palavras, gritar aquelas palavras, por?m, elas sa?ram apenas como gritos estridentes e abafados. Sara tentou se afastar enquanto chorava, mas Rais segurou seu bra?o em um aperto de dedos brancos. Ele for?ou os dedos dela a se separarem e enfiou a faca no espa?o entre o anelar e o mindinho. — Voc? vai assistir — ele disse novamente, olhando diretamente para Maya. — Enquanto eu corto um dos dedos da sua irm?. — Ele apertou a faca contra a pele. N?o. N?o. Por favor, Deus, n?o… O homem que a segurava, o gordinho, murmurou alguma coisa. Rais parou e olhou para ele, irritado. Os dois tiveram uma troca r?pida, nenhuma palavra que Maya entendesse. N?o teria importado de qualquer maneira; seu olhar estava fixo em sua irm?zinha, cujos olhos estavam cerrados, as l?grimas escorrendo pelas bochechas e pela m?o que segurava sua boca com for?a. Rais grunhiu em frustra??o. Finalmente, ele soltou a m?o de Sara. O homem gordinho soltou Maya e, ao mesmo tempo, o da jaqueta de couro empurrou Sara para frente. Maya pegou a irm? nos bra?os e a abra?ou. O assassino se adiantou, falando baixinho. — Desta vez, voc? teve sorte. Esses senhores sugeriram que eu n?o danificasse nenhuma mercadoria antes de ela chegar ao destino. Maya tremeu da cabe?a aos p?s, mas n?o se atreveu a se mexer. — Al?m disso — ele disse —, para onde est?o indo ser? muito pior do que qualquer coisa que eu possa fazer com voc?s. Agora todos n?s vamos entrar no barco. Lembrem-se, voc? s? s?o boas para eles se estiverem vivas. O homem gordinho liderou o caminho at? a rampa, Sara atr?s dele e Maya logo atr?s dela quando pisaram no barco. N?o adiantava lutar agora. Sua m?o latejava pela dor do golpe que deu em Rais. Havia tr?s homens e apenas duas delas e ele era mais r?pido. Ele havia encontrado Sara no escuro. Elas tinham pouca chance de fugir por conta pr?pria. Maya olhou para o lado do barco, para a ?gua negra abaixo deles. Por apenas uma fra??o de segundo, ela pensou em pular; congelar em sua profundidade pode ser melhor do que o destino que as aguardava. Mas ela n?o podia fazer isso. Ela n?o podia deixar Sara. Ela n?o podia perder sua ?ltima gota de esperan?a. Elas foram direcionadas para a popa da embarca??o, onde o homem de jaqueta de couro tirou um molho de chaves e destrancou o cadeado na porta de uma caixa de a?o, pintada de uma cor laranja enferrujada. Ele abriu a porta e Maya engasgou em horror. Dentro do compartimento, apertando os olhos sob a fraca luz amarela, havia v?rias outras garotas, pelo menos quatro ou cinco, pelo que Maya podia ver. Ent?o ela foi empurrada por tr?s, for?ada a entrar. Sara tamb?m, e ela caiu de joelhos no ch?o do pequeno cont?iner. Quando a porta se moveu atr?s delas, Maya se aproximou e envolveu Sara em seus bra?os. Ent?o a porta se fechou e elas mergulharam na escurid?o. CAP?TULO NOVE O sol se p?s rapidamente no c?u nublado enquanto o quadric?ptero avan?ava para o norte para entregar sua encomenda, um determinado pai e agente da CIA, para o Starlight Motel em Nova Jersey. Seu tempo estimado de chegada era de cinco minutos. Uma mensagem na tela piscou um aviso: Prepare-se para o lan?amento... Ele olhou para o lado do cockpit e viu, bem abaixo, que pairava sobre um amplo parque industrial de armaz?ns quadrados e instala??es de produ??o, em sil?ncio e no escuro, iluminados apenas pelos pontos das luzes alaranjadas da rua. Ele abriu o z?per da bolsa preta em seu colo. Dentro, ele encontrou dois coldres e duas armas. Reid tirou a jaqueta com um pouco de dificuldade dentro do min?sculo cockpit e colocou o equipamento de ombro que continha uma Glock 22, padr?o - n?o tinha nenhuma das travas de gatilho biom?tricas de alta tecnologia de Bixby, como tinha com a Glock 19. Ele vestiu a jaqueta e puxou a perna da cal?a jeans para prender o coldre de tornozelo que continha sua arma reserva preferida, a Ruger LC9. Era uma pistola compacta com um cano robusto, calibre de nove mil?metros em um pente extra de nove balas, preso a apenas quatro cent?metros da empunhadura. Ele tinha uma m?o na barra de rapel, pronto para desembarcar do drone tripulado assim que atingisse uma altitude e velocidade seguras. Ele estava prestes a tirar o fone de ouvido dos ouvidos quando a voz de Watson soou atrav?s do aparelho. — Zero. — Quase l?. Pouco menos de dois minutos... — Acabamos de conseguir outra foto, Kent — Watson o interrompeu. — Enviada para o telefone da sua filha. Dedos gelados de p?nico apertaram o cora??o de Reid. — Delas? — Sentadas em uma cama — confirmou Watson. — Parece que poderia ser o motel. — O n?mero de onde veio a foto, pode ser rastreado? — Reid perguntou esperan?oso. — Desculpe-me. Ele j? se desfez do telefone. Sua esperan?a se esvaiu. Rais era esperto, at? agora ele havia enviado fotos apenas de onde estivera, n?o de onde estava. Se havia alguma chance de o Agente Zero alcan??-lo, o assassino queria que isso acontecesse do jeito dele. Durante todo o percurso no quadric?ptero, Reid ficou nervosamente otimista em rela??o ? pista do motel, ansioso por terem conseguido acompanhar o jogo de Rais. Mas se tinha uma foto... Ent?o havia uma boa chance de eles j? terem mudado a localiza??o. N?o. Voc? n?o pode pensar assim. Ele quer que voc? o encontre. Ele escolheu um motel no meio do nada, especificamente por esse motivo. Ele est? te provocando. Elas est?o aqui. Elas t?m que ser. — Elas estavam bem? Elas pareciam... Elas est?o machucadas...? — Eles pareciam bem — disse Watson. — Tristes. Assustadas. Por?m, bem. A mensagem na tela mudou, piscando em vermelho: Lan?ar. Lan?ar. Independentemente da foto ou de seus pensamentos, ele chegou. Ele tinha que ver por si mesmo. — Preciso ir. — Seja r?pido — disse Watson. — Um dos meus homens est? fazendo uma liga??o dando uma pista falsa do motel, informando a semelhan?a na descri??o de Rais e de suas filhas. — Obrigado, John. — Reid puxou o fone de ouvido, certificou-se de que ele tinha um aperto firme na barra de rapel e saiu do quadric?ptero. A descida controlada de quinze metros at? o ch?o foi mais r?pida do que ele previra e tirou o seu f?lego. A emo??o familiar, a adrenalina, percorreu suas veias enquanto o vento rugia em seus ouvidos. Ele dobrou os joelhos levemente ao se aproximar do ch?o e tocou o asfalto agachando. Assim que ele soltou a barra de rapel, a linha voltou para o quadric?ptero e o drone zumbiu para longe na noite, retornando para onde tinha vindo. Reid olhou em volta rapidamente. Ele estava no estacionamento de um armaz?m do outro lado da rua do motel sujo, pouco iluminado por apenas algumas l?mpadas amarelas do lado de fora. Uma placa pintada ? m?o em frente ? rua dizia que ele estava no lugar certo. Ele examinou a esquerda e a direita enquanto atravessava a rua vazia. Estava quieto aqui, estranhamente quieto. Havia tr?s carros no estacionamento, cada um espa?ado ao longo da fileira de quartos ? sua frente - e um deles era claramente o SUV branco que havia sido roubado do estacionamento de carros usados em Maryland. Estava estacionado do lado de fora de um quarto com o n?mero 9, em lat?o, na porta. N?o havia luzes acesas l? dentro; n?o parecia que algu?m estava l? no momento. Mesmo assim, ele largou a bolsa do lado de fora da porta e ouviu atentamente por cerca de tr?s segundos. Ele n?o ouviu nada, ent?o puxou a Glock do coldre de ombro e chutou a porta. O batente estilha?ou facilmente quando a porta se abriu e Reid entrou, a arma apontada para a escurid?o. No entanto, nada se moveu nas sombras. Ainda n?o havia sons, ningu?m gritando de surpresa ou procurando por uma arma para se defender. Sua m?o esquerda procurou um interruptor de luz na parede e o ligou. O quarto 9 tinha um tapete laranja e papel de parede amarelo que se curvavam nos cantos. O quarto havia sido limpo recentemente, nos padr?es de "limpeza" que pareciam ser usados no Starlight Motel. A cama fora arrumada ?s pressas e cheirava a desinfetante barato de aerossol. Contudo, estava vazio. Seu cora??o se afundou. N?o havia ningu?m aqui - nada de Sara ou Maya ou do assassino que as havia levado. Reid andou com cuidado, olhando pelo quarto. Perto da porta havia uma poltrona verde. O tecido da almofada do assento e das costas estava ligeiramente descolorido com a marca de algu?m que havia se sentado l? recentemente. Ele se ajoelhou ao lado, delineando a forma da pessoa com as pontas dos dedos enluvadas. Algu?m ficou sentado aqui por horas. Cerca de um metro e oitenta de altura, oitenta quilos. Era ele. Ele estava sentado aqui, pr?ximo ao ?nico ponto de entrada, perto da janela. Reid enfiou a arma de volta no coldre e cuidadosamente retirou a colcha de cama. Os len??is estavam manchados, eles n?o tinham sido trocados. Ele os inspecionou cautelosamente, levantando cada travesseiro por sua vez, tomando cuidado para n?o contaminar nenhuma evid?ncia em potencial. Ele encontrou dois cabelos loiros, longos fios sem ra?zes. Ca?ram naturalmente. Ele encontrou uma ?nica mecha castanha da mesma maneira. Elas estavam aqui, juntas, nesta cama, enquanto ele estava sentado e as observava. Mas, por qu?? Por que Rais as trouxe aqui? Por que eles pararam? Era outro truque no jogo de gato e rato do assassino, ou ele estava esperando por alguma coisa? Talvez ele estivesse me esperando. Demorei muito para seguir as pistas. Agora eles se foram novamente. Se Watson j? tivesse telefonado para fazer a falsa den?ncia, a pol?cia estaria no motel em minutos, e Strickland provavelmente j? estava em um helic?ptero. Ainda assim, Reid se recusou a sair sem algo para continuar, ou ent?o tudo teria sido por nada, apenas mais um beco sem sa?da. Ele correu para o escrit?rio do motel. O tapete era verde e ?spero sob as botas, fazia lembrar grama sint?tica. O lugar fedia a fuma?a de cigarro. Do outro lado do balc?o, havia uma porta escura e, atr?s dela, Reid podia ouvir algo tocando em volume baixo, um r?dio ou uma televis?o. Ele tocou a campainha de servi?o no balc?o, uma campainha dissonante soando no escrit?rio silencioso. — Hmm. — Ele ouviu um grunhido suave da sala dos fundos, mas ningu?m apareceu. Reid tocou a campainha novamente tr?s vezes em r?pida sucess?o. — T? certo, cara! Jesus — uma voz masculina. — Estou indo — um jovem saiu dos fundos. Ele parecia estar na casa dos vinte ou trinta anos; era dif?cil para Reid dizer, por causa de sua pele ruim e olhos avermelhados, que ele esfregou como se tivesse acabado de acordar de uma soneca. Havia uma pequena argola de prata em sua narina esquerda e seu cabelo loiro sujo estava preso em dreadlocks de apar?ncia sarnenta. Ele olhou para Reid por um longo momento, como se estivesse irritado com o pr?prio conceito de algu?m ter entrado pela porta do escrit?rio. — Ah? O qu?? — Estou procurando por informa??es — disse Reid categoricamente. — Tinha um homem aqui recentemente, caucasiano, cerca de trinta anos, com duas adolescentes. Uma de cabelos castanhos e outra mais jovem, loira. Ele dirigia aquele SUV branco ali. Eles ficaram no quarto nove... — Voc? ? um policial? — o funcion?rio interrompeu. Reid estava ficando rapidamente irritado. — N?o. Eu n?o sou policial. — Ele queria acrescentar que era o pai dessas duas garotas, mas conteve-se; n?o queria que esse funcion?rio o identificasse mais do que ele j? podia. — Olha, mano, eu n?o sei nada sobre garotas adolescentes — insistiu o funcion?rio. — O que as pessoas fazem aqui ? assunto delas... — Eu s? quero saber quando ele esteve aqui. Se voc? viu as duas garotas. Eu quero o nome que o homem te deu. Quero saber se ele pagou em dinheiro ou cart?o. Se for cart?o, quero os ?ltimos quatro d?gitos do n?mero. E quero saber se ele disse alguma coisa, ou se voc? ouviu alguma coisa, isso pode me dizer para onde ele foi depois daqui. O funcion?rio olhou para ele por um longo momento e ent?o soltou uma risada rouca e estridente. — Amigo, olhe ao seu redor. Este n?o ? o tipo de lugar que pede nomes ou cart?es de cr?dito ou algo assim. Este ? o tipo de lugar em que as pessoas alugam quartos por hora, se ? que voc? me entende. As narinas de Reid se alargaram. Ele j? estava quase o farto dessa bobagem. — Deve haver algo, qualquer coisa, voc? possa me dizer. Quando eles fizeram o check-in? Quando eles sa?ram? O que ele lhe disse? O balconista lan?ou-lhe um olhar agu?ado. — Quanto vale para voc?? Por cinquenta d?lares, eu direi o que voc? quer saber. A f?ria de Reid acendeu como uma bola de fogo quando ele alcan?ou o balc?o, agarrou o jovem atendente pela camiseta e o puxou para frente, quase o erguendo do ch?o. — Voc? n?o tem ideia do que est? me impedindo de fazer — ele rosnou na cara do garoto. — Ou o qu?o longe vou para conseguir isso. Voc? vai me dizer o que eu quero saber ou estar? se alimentando por um canudo num futuro pr?ximo. O recepcionista levantou as m?os, os olhos arregalados quando Reid o sacudiu. — T? certo, cara! T? certo! Tem um registro embaixo do balc?o... Deixe-me pegar e vou olhar. Vou te dizer quando eles estiveram aqui. Tudo bem? Reid suspirou e soltou o rapaz. Ele trope?ou para tr?s, alisou a camiseta e depois pegou algo que n?o p?de ver embaixo do balc?o. — Um lugar como esse — o funcion?rio disse lentamente. — O tipo de pessoa que recebemos aqui... Eles valorizam sua privacidade, se ? que voc? me entende. Eles n?o se importam muito com as pessoas bisbilhotando. — Ele deu dois passos lentos para tr?s, retirando o bra?o direito de baixo do balc?o... Enquanto segurava a coronha marrom escura de uma espingarda de calibre 12. Reid suspirou tristemente e balan?ou a cabe?a. — Voc? vai desejar n?o ter feito isso. O balconista estava desperdi?ando seu tempo para proteger canalhas, como o Rais - n?o que ele soubesse no que Rais estava envolvido, mas outros tipos s?rdidos, cafet?es, traficantes e afins. — Volte para a sua vizinhan?a de classe m?dia, cara. — O cano da espingarda estava apontado para seu peito, mas o jovem estava tr?mulo. Reid teve a impress?o de que o garoto j? havia usado a arma para amea?ar, mas nunca, de fato, atirou antes. N?o havia d?vida de que Reid tinha o saque mais r?pido do que o funcion?rio; ele nem hesitaria em atirar nele, no ombro ou na perna, se isso significasse conseguir o que precisava. Entretanto, n?o queria dar um tiro. O som seria ouvido a 800 metros de dist?ncia no parque industrial. Pode assustar quem quer que sejam os h?spedes no motel - pode at? levar algu?m a ligar para a pol?cia e ele n?o precisa dessa aten??o. Em vez disso, ele adotou uma abordagem diferente. — Voc? tem certeza que essa coisa est? carregada? — ele perguntou. O balconista olhou para a espingarda por um segundo incerto. Naquele momento, com o jovem desviando o olhar, Reid colocou a m?o firmemente no balc?o e saltou sobre ele facilmente. Ao mesmo tempo em que atacou com a perna direita e chutou a espingarda das m?os do balconista. Assim que seus p?s tocaram o ch?o, ele se inclinou para frente e enfiou o cotovelo no nariz do garoto. Um suspiro agudo saiu da garganta do funcion?rio quando o sangue escorreu de ambas as suas narinas. Ent?o, apenas por via das d?vidas, Reid pegou um punhado de dreadlocks imundos e bateu o rosto do rapaz no balc?o. O funcion?rio caiu no tapete verde ?spero, gemendo cuspindo sangue no ch?o pelo nariz e pelos dois l?bios rachados. Ele gemeu e tentou se apoiar nas m?os e nos joelhos. — Voc?... Oh, Deus... Voc? quebrou meu nariz, cara! Reid pegou a espingarda. — Essa ? a menor das suas preocupa??es agora. — Ele pressionou o cano nos dreadlocks loiros sujos. O funcion?rio imediatamente caiu de bru?os e choramingou. — N?o... N?o me mate... Por favor, n?o... Por favor... N?o me mate... — Me d? seu telefone. — Eu n?o... Eu n?o tenho um... Reid se inclinou rapidamente deu um tapinha no jovem. Ele estava sendo honesto; n?o tinha telefone, mas tinha carteira. Reid abriu e conferiu a carteira de motorista. — George — Reid riu. O balconista n?o se parecia muito com um George. — Voc? tem um carro aqui, George? — Eu tenho, tenho uma moto suja, estacionei nos fundos... — Bom o bastante. Vou te dizer o que vai acontecer, George. Eu vou pegar sua moto. Voc?, voc? vai sair daqui. Ou correr, se preferir. Voc? vai ao hospital dar um jeito no seu nariz. Voc? vai dizer a eles que levou um soco num bar. Voc? n?o vai dizer uma palavra sobre este lugar, ou uma palavra sobre mim. — Ele se inclinou e abaixou a voz. — Porque eu tenho um r?dio da pol?cia, George. E se eu ouvir alguma men??o, mesmo uma palavra sobre um homem que se encaixa na minha descri??o, eu irei at? o... — Ele verificou o documento de identifica??o novamente. — Apartamento 121B na Cedar Road e eu vou levar sua espingarda comigo. Voc? entendeu? — Eu entendi, entendi... — o balconista chorou, sangue e saliva caindo de seus l?bios. — Entendi, prometo que entendi. — Agora, o homem com as meninas. Quando eles estiveram aqui? — Tinha... Tinha um cara, como voc? disse, mas eu n?o vi garotas... — Mas voc? viu um homem que se encaixava nessa descri??o? — Sim, sim. Ele estava s?rio. Mal disse uma palavra. Veio ontem ? noite, depois do anoitecer, e pagou a estadia em dinheiro... Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=51923442&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.