*** Твоей Луны зеленые цветы… Моей Луны беспечные рулады, Как светлячки горят из темноты, В листах вишневых сумрачного сада. Твоей Луны печальный караван, Бредущий в даль, тропою невезенья. Моей Луны бездонный океан, И Бригантина – вера и спасенье. Твоей Луны – печальное «Прости» Моей Луны - доверчивое «Здравствуй!» И наши параллельные пути… И З

Uma Can??o Para ?rf?s

Uma Can??o Para ?rf?s Morgan Rice Um Trono para Irm?s #3 A imagina??o de Morgan Rice n?o tem limites. Em mais uma s?rie que promete ser t?o cativante como as anteriores, UM TRONO PARA IRM?S apresenta-nos o conto de duas irm?s (Sophia e Kate), ?rf?s, que lutam para sobreviver no mundo cruel e exigente de um orfanato. Um sucesso imediato. Mal posso esperar para por as m?os no segundo e terceiros livros! Books and Movie Reviews, Roberto MattosDe Morgan Rice, Bestseller #1, chega uma nova s?rie inesquec?vel de fantasia. Em UMA CAN??O PARA ?RF?S (Um Trono para Irm?s – Livro Tr?s), Sophia, de 17 anos, parte numa jornada em busca dos seus pais. A sua miss?o leva-a para terras estrangeiras e estranhas – e para um segredo chocante que ela nunca poderia imaginar. Kate, de 15 anos, ? convocada pela bruxa, quando chega o momento de ela pagar o favor. Mas Kate est? a mudar, a atingir a maioridade, a ficar cada vez mais poderosa – e o que ser? de Kate se ela ficar um acordo com a escurid?o?Sebastian, um rom?ntico, segue o seu cora??o, deitando tudo fora para rejeitar a sua fam?lia e encontrar Sophia. Mas Lady D’Angelica ainda est? determinada em mat?-la – e talvez tenha outros planos. UMA CAN??O PARA ?RF?S (Um Trono para Irm?s – Livro Tr?s) ? o terceiro livro de uma deslumbrante nova s?rie de fantasia repleta de amor, desgosto, trag?dia, a??o, aventura, magia, espadas, feiti?aria, drag?es, destino e suspense de tirar o f?lego. Um livro que n?o se quer parar de ler, ele est? cheio de personagens que v?o fazer com que voc? se apaixone, e com um mundo que voc? nunca vai esquecer. Livro #4 na s?rie est? agora igualmente dispon?vel! [UM TRONO PARA IRM?S ? um come?o poderoso de uma s?rie que ir? produzir uma combina??o de protagonistas corajosos e circunst?ncias desafiantes para envolver completamente n?o apenas jovens adultos, mas tamb?m f?s de fantasia adulta que procuram hist?rias ?picas alimentadas por amizades e advers?rios poderososMidwest Book Review (Diane Donovan) UMA CAN??O PARA ORF?S (UM TRONO PARA IRM?S – LIVRO 3) MORGAN RICE Morgan Rice Morgan Rice ? a best-seller n?1 e a autora do best-selling do USA TODAY da s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezassete livros; do best-seller n?1 da s?rie OS DI?RIOS DO VAMPIRO, composta por doze livros; do best-seller n?1 da s?rie TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por tr?s livros; da s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS, composta por seis livros; da s?rie de fantasia ?pica DE COROAS E GL?RIA, composta por oito livros; da s?rie de fantasia ?pica UM TRONO PARA IRM?S, composta por 8 livros (a continuar); e da nova s?rie de fic??o cient?fica AS CR?NICAS DA INVAS?O, composta por 3 livros (a continuar). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em edi??es ?udio e impressas e as tradu??es est?o dispon?veis em mais de 25 idiomas. Morgan adora ouvir a sua opini?o, pelo que, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com) e juntar-se ? lista de endere?os eletr?nicos, receber um livro gr?tis, receber ofertas, fazer o download da aplica??o gr?tis, obter as ?ltimas not?cias exclusivas, ligar-se ao Facebook e ao Twitter e manter-se em contacto! Sele??o de aclama??es para Morgan Rice "Se pensava que j? n?o havia motivo para viver depois do fim da s?rie O ANEL DO FEITICEIRO, estava enganado. Em A ASCENS?O DOS DRAG?ES Morgan Rice surgiu com o que promete ser mais uma s?rie brilhante, fazendo-nos imergir numa fantasia de trolls e drag?es, de valentia, honra, coragem, magia e f? no seu destino. Morgan conseguiu mais uma vez produzir um conjunto forte de personagens que nos faz torcer por eles em todas as p?ginas… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita." --Books and Movie Reviews Roberto Mattos "Uma a??o carregada de fantasia que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O CICLO DA HERAN?A de Christopher Paolini…F?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais." --The Wanderer, A Literary Journal (referente a Ascens?o dos Drag?es) "Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga no seu enredo. A Busca de Her?is tem tudo a ver com a cria??o da coragem e com a compreens?o do prop?sito da vida que leva ao crescimento, maturidade e excel?ncia… Para os que procuram aventuras de fantasia com sentido, os protagonistas, estratagemas e a??es proporcionam um conjunto vigoroso de encontros que se relacionam com a evolu??o de Thor desde uma crian?a sonhadora a um jovem adulto que procura sobreviver apesar das dificuldades… Apenas o princ?pio do que promete ser uma s?rie de literatura juvenil ?pica." --Midwest Book Review (D. Donovan, eBook Reviewer) "O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: enredos, intrigas, mist?rio, valentes cavaleiros e relacionamentos que florescem repletos de cora??es partidos, dece??es e trai??es. O livro manter? o leitor entretido por horas e agradar? a pessoas de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia." --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos. "Neste primeiro livro cheio de a??o da s?rie de fantasia ?pica Anel do Feiticeiro (que conta atualmente com 14 livros), Rice introduz os leitores ao Thorgrin "Thor" McLeod de 14 anos, cujo sonho ? juntar-se ? Legi?o de Prata, aos cavaleiros de elite que servem o rei... A escrita de Rice ? s?lida e a premissa intrigante." --Publishers Weekly Livros de Morgan Rice O CAMINHO DA ROBUSTEZ APENAS OS DIGNOS (Livro #1) UM TRONO PARA IRM?S UM TRONO PARA IRM?S (Livro #1) UMA CORTE PARA LADRAS (Livro #2) UMA CAN??O PARA ?RF?S (Livro #3) UMA ENDECHA PARA PR?NCIPES (Livro #4) UMA JOIA PARA REALEZAS (Book #5) DE COROAS E GL?RIA ESCRAVA, GUERREIRA, RAINHA (Livro #1) VADIA, PRISIONEIRA, PRINCESA (Livro #2) CAVALEIRO, HERDEIRO, PR?NCIPE (Livro #3) REBELDE, PE?O, REI (Livro #4) SOLDADO, IRM?O, FEITICEIRO (Livro #5) HERO?NA, TRAIDORA, FILHA (Livro #6) GOVERNANTE, RIVAL, EXILADA (Livro #7) VENCEDORA, DERROTADA, FILHO (Livro #8) REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro #1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro #2) O PESO DA HONRA (Livro #3) UMA FORJA DE VALENTIA (Livro #4) UM REINO DE SOMBRAS (Livro #5) A NOITE DOS CORAJOSOS (Livro #6) O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro #1) UMA MARCHA DE REIS (Livro #2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro #3) UM GRITO DE HONRA (Livro #4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro #5) UMA CARGA DE VALOR (Livro #6) UM RITO DE ESPADAS (Livro #7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro #8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro #9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro #10) UM REINADO DE A?O (Livro #11) UMA TERRA DE FOGO (Livro #12) UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro #13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro #14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro #15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro #16) O DOM DA BATALHA (Livro #17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro #1) ARENA DOIS (Livro #2) ARENA TR?S (Livro #3) VAMPIRO, APAIXONADA ANTES DO AMANHECER (Livro #1) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro #1) AMADA (Livro #2) TRA?DA (Livro #3) PREDESTINADA (Livro #4) DESEJADA (Livro #5) COMPROMETIDA (Livro #6) PROMETIDA (Livro #7) ENCONTRADA (Livro #8) RESSUSCITADA (Livro #9) ALMEJADA (Livro #10) DESTINADA (Livro #11) OBCECADA (Livro #12) Sabia que eu j? escrevi m?ltiplas s?ries? Se n?o leu todas as minhas s?ries, clique na imagem abaixo e fa?a o download do primeiro livro de cada s?rie! (http://www.morganricebooks.com/read-now/) Quer livros gratuitos? Subscreva a lista de endere?os de Morgan Rice e receba 4 livros gr?tis, 3 mapas gr?tis, 1 aplica??o gr?tis, 1 jogo gr?tis, 1 hist?ria em banda desenhada gr?tis e ofertas exclusivas! Para subscrever, visite: www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com) Copyright © 2017 por Morgan Rice. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos de Autor dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book est? licenciado para o seu uso pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas. Se quiser partilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio. Se est? a ler este livro e n?o o comprou, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira a sua pr?pria c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo desta autora. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o da autora ou foram usados de maneira fict?cia. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. CONTE?DO CAP?TULO UM (#u4132c72d-a9fe-5ab6-9796-78a2d263ef79) CAP?TULO DOIS (#ua9e718d2-ac9e-5a40-8f34-6040bea427a2) CAP?TULO TR?S (#uc8ca8ce9-dc30-50b0-b7ab-a2125dacb021) CAP?TULO QUATRO (#ue7b846ae-50ee-585d-bc13-9f7adacf1491) CAP?TULO CINCO (#ufcb45b3e-ba36-5037-a7c6-ecaa639be912) CAP?TULO SEIS (#u726ffe43-b8a0-5502-9ab9-c319a53df74e) CAP?TULO SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO CATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZANOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO UM Kate estava em frente a Siobhan, sentindo-se t?o nervosa como se sentia antes de qualquer luta. Ela dever-se-ia ter sentido segura; ela estava no terreno da forja de Thomas, e era suposto que esta mulher fosse a sua professora. E, no entanto, ela sentia-se como se o mundo estivesse prestes a desaparecer debaixo de si. "Ouviste-me?" perguntou Siobhan. "Chegou o momento de me pagares o favor que me deves, aprendiza." O favor que Kate tinha regateado quando estava na fonte em troca dos treinos de Siobhan. O favor que ela temia at? ent?o, porque sabia que, o que quer que Siobhan pedisse, seria terr?vel. A mulher da floresta era estranha e caprichosa, poderosa e perigosa na mesma medida. Qualquer tarefa que ela estabelecesse seria dif?cil, e provavelmente desagrad?vel. Kate tinha concordado, embora n?o tivesse escolha. "Que favor?" Kate perguntou finalmente. Ela procurou em volta por Thomas ou Will, mas n?o era porque ela achasse que o ferreiro ou o seu filho a poderiam salvar disto. Era antes porque ela queria se certificar de que nenhum deles era apanhado no que quer que fosse que Siobhan estivesse a fazer. O ferreiro n?o estava l?, e Will tamb?m n?o. Em vez disso, ela e Siobhan estavam agora perto da fonte da casa de Siobhan, com as ?guas a correrem puras pela primeira vez, em vez da sua pedra estar seca e cheia de folhas. Kate sabia que tinha de ser uma ilus?o, mas quando Siobhan entrou l? para dentro, a fonte pareceu suficientemente s?lida. At? humedeceu a bainha do seu vestido. "Porque ? que est?s t?o assustada, Kate?" ela perguntou. "S? te estou a pedir um favor. Tens medo que eu te mande para Morgassa para ca?ar um ovo de roc nas plan?cies de sal ou para lutar contra supostas criaturas do invocador nas Col?nias Long?nquas? Eu teria pensado que tu irias gostar desse tipo de coisa." "E ? por isso que tu n?o o farias" sup?s Kate. Siobhan curvou um sorriso ao ouvir aquilo. "Tu achas que eu sou cruel, n?o ?? Que eu ajo sem motivo? O vento pode ser cruel se estiveres ao vento sem casaco, e n?o consegues entender as suas raz?es mais do que... bem, qualquer coisa que eu diga que tu n?o consegues fazer, ser? para ti um desafio, portanto n?o vamos fazer isso." "Tu n?o ?s o vento" salientou Kate. "O vento n?o consegue pensar, n?o consegue sentir, n?o consegue distinguir o certo do errado." “Oh, ? isso?” Siobhan perguntou. Ela estava agora na borda da sua fonte. Ainda assim, Kate teve a impress?o de que se tentasse fazer o mesmo, iria cair e dar um trambolh?o para cima das ervas em torno da forja de Thomas. "Achas que eu sou m??" Kate n?o queria concordar com isso, mas n?o se conseguia lembrar de nenhuma maneira de discordar sem mentir. Siobhan talvez n?o conseguisse chegar aos cantos da mente de Kate, mais do que os poderes de Kate conseguiam tocar em Siobhan, mas ela suspeitava que a outra mulher saberia se ela agora mentisse. Ela manteve-se em sil?ncio em vez disso. "As freiras da tua Deusa Mascarada teriam dito que tu eras m? por tu as matares" Siobhan salientou. "Os homens que tu massacraste do Novo Ex?rcito ter-te-iam chamado coisa m? e pior. Tenho a certeza de que h? um milhar de homens nas ruas de Ashton agora que te chamariam de m?, s? por conseguires ler as mentes dos outros." "Est?s a tentar dizer-me que ?s boa, ent?o?" Kate ripostou. Siobhan encolheu os ombros. "Estou a tentar dizer-te o favor que deves fazer. A coisa necess?ria. Porque ? isso que a vida ?, Kate. Uma sucess?o de coisas necess?rias. Conheces a maldi??o do poder?" Isso soava bastante como uma das li??es de Siobhan. O melhor que Kate podia dizer a favor disso era que pelo menos ela n?o estava a ser esfaqueada nesta li??o. "N?o" disse Kate. "N?o conhe?o a maldi??o do poder." "? simples" disse Siobhan. "Se tens poder, ent?o tudo o que fazes afetar? o mundo. Se tens poder e consegues ver o que est? por vir, ent?o at? mesmo escolher n?o agir continua a ser uma escolha. Tu ?s respons?vel pelo mundo apenas por estar nele, e eu estou nele h? muito tempo." "H? quanto tempo?" Kate perguntou. Siobhan abanou a cabe?a. "Esse ? o tipo de pergunta cuja resposta tem um pre?o, e tu ainda n?o pagaste o pre?o pelos treinos, aprendiza." "Este teu favor" disse Kate. Ela ainda o estava a temer, e nada do que Siobhan havia dito tornava as coisas mais f?ceis. "? uma coisa suficientemente simples" disse Siobhan. "H? algu?m que deve morrer." Ela f?-lo parecer t?o suave como se ela estivesse a pedir a Kate para varrer o ch?o ou para ir buscar ?gua para tomar um banho. Ela passou uma m?o em redor e a ?gua da fonte brilhou, mostrando uma jovem que atravessava um jardim. Ela usava tecidos ricos, mas nenhuma das ins?gnias de uma casa nobre. A esposa ou a filha de um comerciante, ent?o? Algu?m que tinha ganhado dinheiro de outra forma? Ela era suficientemente bonita, com um sorriso que, perante uma piada in?dita, parecia desfrutar do mundo. "Quem ??" Kate perguntou. "O nome dela ? Gertrude Illiard" disse Siobhan. "Ela vive em Ashton, no recinto familiar do seu pai, o comerciante Savis Illiard." Kate esperou por mais do que aquilo, mas Siobhan n?o disse mais nada. Ela n?o deu nenhuma explica??o, nenhuma indica??o sobre porque ? que esta jovem tinha de morrer. "Ela cometeu algum crime?" Kate perguntou. "Fez alguma coisa terr?vel?" Siobhan levantou uma sobrancelha. "Precisas de saber algo assim para poderes matar? N?o acredito que precises." Kate percebeu que a raiva dela estava a aumentar com aquilo. Como ? que Siobhan se atrevia a pedir-lhe para ela fazer uma coisa dessas? Como ? que ela se atrevia a exigir que Kate sujasse as suas m?os de sangue sem o menor motivo ou explica??o? "Eu n?o sou uma assassina qualquer que tu podes enviar para onde queres" disse Kate. "A s?rio?" Siobhan ergueu-se, impulsionando-se da borda da fonte num movimento estranhamente infantil, como se estivesse a sair de um baloi?o ou a saltar da borda de uma carro?a como um diabrete que havia roubado um passeio pela cidade. "J? mataste imensas vezes antes." "Isso ? diferente" insistiu Kate. "Todos os momentos da vida s?o uma coisa de beleza ?nica" Siobhan concordou. "Mas todos os momentos s?o uma coisa aborrecida, o mesmo que todos os outros tamb?m. Tu j? mataste imensas pessoas, Kate. Porque ? que esta ? t?o diferente?" "Essas pessoas mereciam-no" disse Kate. "Oh, essas pessoas mereciam-no" disse Siobhan, e Kate conseguiu perceber o esc?rnio na sua voz, mesmo que os constantes escudos que a outra mulher mantinha significassem que Kate n?o conseguia captar nenhum dos seus pensamentos por detr?s de tudo isto. "As freiras mereceram-no por tudo o que te fizeram e o traficante de escravas pelo que fez ? tua irm??" "Sim" disse Kate. Ela estava certa disso, pelo menos. "E o rapaz que tu mataste na estrada por se atrever a vir atr?s de ti?" Siobhan continuou. Kate questionou-se sobre o quanto exatamente a outra mulher sabia. "E os soldados na praia por... como ? que justificavas essa, Kate? Foi porque eles estavam a invadir a tua casa, ou foi s? porque as tuas ordens te tinham levado at? ali, e quando a luta come?a, n?o h? tempo para perguntar porqu??" Kate deu um passo atr?s afastando-se de Siobhan, principalmente porque, se Kate a atingisse, ela suspeitava que fossem haver demasiadas consequ?ncias com as quais ela teria de lidar. "Mesmo agora" disse Siobhan, "eu suspeito que eu poderia colocar uma d?zia de homens ou mulheres ? tua frente nos quais tu enfiarias uma l?mina de bom grado. Eu poderia encontrar-te inimigo ap?s inimigo, e tu irias abat?-los. Ainda assim, isto ? diferente?" "Ela ? inocente" disse Kate. "Tanto quanto tu sabes" Siobhan respondeu. "Ou talvez eu simplesmente n?o te tenha contado sobre todas as in?meras mortes pelas quais ela ? respons?vel. Toda a mis?ria." Kate pestanejou e ela estava do outro lado da fonte. "Ou talvez eu simplesmente n?o te tenha contado sobre todo o bem que ela fez, todas as vidas que ela salvou." "Tu n?o me vais dizer qual ?, pois n?o?" Kate perguntou. "Eu dei-te uma tarefa" disse Siobhan. "Espero que tu a executes. As tuas perguntas e escr?pulos n?o entram nisso. Isto ? sobre a lealdade que uma aprendiza deve ao seu professor." Portanto, ela queria saber se Kate iria matar s? porque ela havia ordenado. "Tu pr?pria conseguias matar esta mulher, n?o conseguias?" Kate sup?s. "Eu j? vi o que tu consegues fazer, aparecendo do nada assim. Matar uma pessoa, tu tens poderes para o fazer." "E quem diz que eu n?o o vou fazer?" perguntou Siobhan. "Talvez a maneira mais f?cil para eu o fazer ? enviar a minha aprendiza." "Ou talvez tu s? queiras ver o que eu farei" adivinhou Kate. "Isto ? um tipo de teste." "Tudo ? um teste, querida" disse Siobhan. "Ainda n?o percebeste essa parte? Tu vais fazer isto." O que iria acontecer quando ela o fizesse? Ser? que Siobhan iria mesmo permitir que ela matasse uma estranha qualquer? Talvez esse fosse o jogo que ela estava a jogar. Talvez a inten??o dela fosse fazer com que Kate fosse at? ao limite do assassinato e depois parasse o seu teste. Kate esperava que isso fosse verdade, mas mesmo assim, ela n?o gostava que lhe dissessem desta forma o que fazer. Esse n?o era um termo suficientemente forte para o que Kate sentia naquele momento. Ela odiava isto. Ela odiava os constantes jogos de Siobhan, o seu desejo constante de a transformar em algum tipo de ferramenta para usar. Correr pela floresta sendo perseguida por fantasmas tinha sido suficientemente mau. Isto era pior. "E se eu disser n?o?" Kate perguntou. A express?o de Siobhan ficou sombria. "Achas que chegas a isso?" ela perguntou. "Tu ?s minha aprendiza, juraste-me. Eu posso fazer o que quiser contigo." As plantas surgiram em torno de Kate naquele momento, com os espinhos afiados a transformarem-nas em armas. Elas n?o lhe tocaram, mas a amea?a era ?bvia. Aparentemente Siobhan ainda n?o tinha terminado. Ela gesticulou novamente sobre a ?gua da fonte e a cena que era mostrada mudou. "Eu poderia levar-te e entregar-te a um dos jardins de prazer da Issettia do Sul" disse Siobhan. "H? um rei l? que pode estar inclinado a ser cooperativo em troca pelo dom." Kate teve um breve vislumbre de mi?das vestidas de seda a correrem de um lado para o outro ? frente de um homem com o dobro da idade delas. "Eu poderia levar-te e colocar-te nas linhas dos escravos das Col?nias Pr?ximas" continuou Siobhan, gesticulando para que a cena mostrasse longas filas de trabalhadores a trabalhar com picaretas e p?s numa mina aberta. "Talvez eu te diga onde encontrar as melhores pedras para os comerciantes que fazem o que eu desejo." A cena mudou outra vez, mostrando o que era obviamente uma c?mara de tortura. Homens e mulheres gritavam enquanto figuras mascaradas trabalhavam com ferros quentes. "Ou talvez eu te d? aos sacerdotes da Deusa Mascarada, para teres penit?ncia pelos teus crimes." "N?o o farias" disse Kate. Siobhan estendeu a m?o, agarrando Kate t?o depressa que ela quase n?o teve tempo para pensar antes da outra mulher lhe colocar ? for?a a cabe?a debaixo da ?gua da fonte. Ela gritou, mas isso s? fez com que ela n?o tivesse tempo para respirar enquanto a sua cabe?a mergulhava na ?gua. O frio da ?gua cercou-a, e, apesar de Kate lutar, parecia que a for?a dela a abandonara naqueles momentos. "Tu n?o sabes o que eu faria, e o que eu n?o faria" disse Siobhan, com a sua voz a parecer vir de longe. "Tu pensas que eu penso o mesmo que tu sobre o mundo. Tu achas que eu vou parar em breve, ou ser gentil, ou ignorar os teus insultos. Eu poderia enviar-te para fazer qualquer coisa que eu quisesse, e tu continuarias a ser minha. Minha para eu fazer o que eu quisesse." Kate viu coisas na ?gua naquele momento. Ela viu figuras a gritar em completa agonia. Ela viu um espa?o cheio de dor, viol?ncia, terror e impot?ncia. Ela reconheceu algumas delas, porque ela as tinha matado, ou os seus fantasmas, pelo menos. Ela tinha visto as suas imagens quando a tinham perseguido atrav?s da floresta. Eram guerreiros que haviam sido jurados a Siobhan. "Eles tra?ram-me" disse Siobhan, "e pagaram pela sua trai??o. Tu vais manter a tua palavra para comigo, ou vou transformar-te em algo mais ?til. Faz o que eu quero, ou juntar-te-?s a eles para me servires como eles." Ela soltou Kate ent?o, e Kate apareceu, balan?ando enquanto lutava por ar. A fonte j? havia desaparecido agora, e elas estavam no quintal do ferreiro mais uma vez. Siobhan estava agora ligeiramente afastada dela, como se nada tivesse acontecido. "Eu quero ser tua amiga, Kate" disse ela. "Tu n?o me quererias como inimiga. Mas eu farei o que devo." "O que deves?" Kate retorquiu. "Achas que tens de me amea?ar ou de mandar matar pessoas?" Siobhan estendeu as m?os. "Como eu disse, ? a maldi??o dos poderosos. Tu tens potencial para ser muito ?til no que est? por vir, e eu vou aproveitar isso ao m?ximo." "Eu n?o o farei" disse Kate. "N?o vou matar uma mi?da sem haver um motivo." Kate atacou ent?o, n?o fisicamente, mas com os seus poderes. Ela acumulou a sua for?a e atirou-a como uma pedra contra as paredes que estavam ao redor da mente de Siobhan. A for?a ressaltou, com o brilho do seu poder a desvanecer. "Tu n?o tens o poder para me enfrentares" disse Siobhan, "e tu n?o consegues chegar ao ponto de fazer essa escolha. Deixa-me tornar isto mais simples para ti." Ela gesticulou e a fonte apareceu novamente, com as ?guas a deslocarem-se. Desta vez, quando a imagem estabilizou, ela n?o precisou de perguntar para quem ela estava a olhar. "Sophia?" Kate perguntou. "Deixa-a em paz, Siobhan, estou a avisar-te..." Siobhan agarrou-a novamente, for?ando-a a olhar para aquela imagem com a for?a terr?vel que ela parecia possuir aqui. "Algu?m vai morrer" disse Siobhan. "Tu podes escolher quem, simplesmente escolhendo se matas Gertrude Illiard. Tu podes mat?-la, ou ent?o a tua irm? pode morrer. A escolha ? tua." Kate olhava para ela. Ela sabia que n?o era uma escolha, n?o exatamente. N?o quando isso envolvia a sua irm?. "Pois bem" disse ela. "Eu fa?o-o. Eu farei o que tu quiseres. Ela virou-se, dirigindo-se para Ashton. Ela n?o se despediu de Will, Thomas ou Winifred, em parte porque ela n?o queria arriscar levar Siobhan at? t?o perto deles e, em parte, porque ela tinha a certeza de que, de alguma forma, eles iriam ver o que ela precisava de fazer a seguir, e eles iriam ter vergonha dela por isso. Kate estava envergonhada. Ela odiava pensar no que estava prestes a fazer e odiava ter t?o pouca escolha nisso. Ela apenas tinha de esperar que tudo aquilo fosse um teste, e que Siobhan a fosse deter a tempo. "Eu tenho de fazer isto" dizia ela enquanto caminhava. "Eu tenho." Sim, sussurrou-lhe a voz de Siobhan, tens. CAP?TULO DOIS Sophia voltava para o acampamento que ela tinha montado com as outras, sem saber o que fazer, o que pensar, at? o que sentir. Ela tinha de se concentrar em cada passo na escurid?o, mas a verdade era que ela n?o se conseguia concentrar, n?o depois de tudo o que acabara de descobrir. Ela trope?ava nas ra?zes, segurando-se nas ?rvores para se apoiar, enquanto tentava entender as novidades. Ela sentia folhas a emaranharem-se nos seus longos cabelos ruivos e cascas de ?rvores a esfregarem faixas de musgo contra o seu vestido. A presen?a de Sienne estabilizava-a. O gato da floresta empurrava as pernas dela, guiando-a de volta para o local onde o vag?o estava, com o c?rculo de luz da fogueira a aparentar ser o ?nico ponto de seguran?a num mundo que, de repente, n?o tinha alicerces. Cora e Emeline estavam ali, a antiga serva contratada ao orfanato no pal?cio e a crian?a abandonada com um talento para tocar em mentes, a olharem para Sophia como se ela se tivesse transformado num fantasma. Naquele momento, Sophia n?o tinha a certeza de n?o se ter transformado num fantasma. Ela sentia-se insubstancial; irreal, como se o menor sopro de ar a conseguisse fazer explodir numa d?zia de dire??es diferentes, para nunca mais se voltar a juntar. Sophia sabia que a viagem de volta pelas ?rvores a deveria ter deixado a parecer como uma coisa selvagem. Ela sentou-se numa das rodas do vag?o, olhando sem express?o para a frente enquanto Sienne se aninhava nela, quase como se fosse um gato dom?stico e n?o o grande predador que era. "O que foi?" Emeline perguntou. Aconteceu alguma coisa? ela acrescentou mentalmente. Cora dirigiu-se a ela, tocando com a sua m?o no ombro de Sophia. "Passa-se alguma coisa?" "Eu..." Sophia riu-se, apesar de que isso era tudo, menos a resposta apropriada ao que ela sentia. "Acho que estou gr?vida." Algures enquanto o dizia, o seu riso transformou-se em l?grimas, e, quando estas come?aram a cair, Sophia n?o conseguiu det?-las. Elas simplesmente caiam-lhe, e, ela n?o conseguir perceber se eram l?grimas de felicidade, desespero, preocupa??o por tudo o que lhe poderia acontecer ou outra coisa qualquer. As outras aproximaram-se para a abra?arem, embrulhando os seus bra?os em torno de Sophia, enquanto o mundo se desfocava com a neblina de tudo aquilo. "Tudo vai ficar bem" disse Cora. "Vamos fazer com que tudo resulte." Naquele momento, Sophia n?o conseguia ver como ? que tudo poderia resultar. "Sebastian ? o pai?" Emeline perguntou. Sophia assentiu. Como ? que ela poderia pensar que tinha havido mais algu?m? Ent?o ela percebeu... Emeline estava a pensar em Rupert, perguntando se a sua tentativa de estupro tinha ido mais longe do que elas pensavam. "Sebastian..." Sophia conseguiu dizer. "Ele ? o ?nico com quem j? dormi. ? filho dele. O filho deles. Ou seria, a tempo. "O que ? que vais fazer?" perguntou Cora. Essa era a quest?o para a qual Sophia n?o tinha uma resposta. Era a quest?o que amea?ava arras?-la mais uma vez, e isso pareceu trazer-lhe l?grimas apenas para o tentar contemplar. Ela n?o conseguia imaginar o que viria a seguir. Ela n?o conseguia come?ar a tentar discernir como ? que as coisas iriam resultar. Mesmo assim, ela fez o poss?vel para pensar sobre isso. Num mundo ideal, ela e Sebastian j? estariam casados, e ela descobriria que estava gr?vida cercada por pessoas que a ajudariam, numa casa acolhedora e segura, onde Sophia conseguiria criar bem uma crian?a. Em vez disso, ela estava fora ao frio e ? chuva, sabendo as novidades e tendo apenas Cora e Emeline a quem as contar, nem sequer tendo a sua irm? para a ajudar. Kate?" ela enviou para a escurid?o. Consegues ouvir-me? N?o houve resposta. Talvez fosse por causa da dist?ncia, ou talvez Kate estivesse demasiado ocupada para responder. Talvez pudesse ser por causa de imensas outras coisas, porque a verdade era que Sophia n?o sabia o suficiente sobre o talento que ela e a sua irm? tinham para saber com certezas o que o poderia limitar. Tudo o que ela sabia era que a escurid?o engoliu as suas palavras t?o seguramente como se ela as tivesse simplesmente gritado. "Talvez Sebastian venha atr?s de ti" disse Cora. Emeline olhou para ela com incredulidade. "Achas mesmo que isso vai acontecer? Que um pr?ncipe vir? atr?s de uma mi?da que ele engravidou? Que ele se importar??" "Sebastian n?o ? como a maioria deles no pal?cio" disse Sophia. "Ele ? bondoso. Ele ? um bom homem. Ele... " "Ele mandou-te embora" afirmou Emeline. Sophia n?o podia discutir isso. Sebastian na verdade n?o teve escolha quando descobriu que ela lhe havia mentido, mas ele poderia ter tentado encontrar uma maneira de contornar as obje??es que a sua fam?lia teria levantado, ou poderia ter vindo atr?s dela. Era bom pensar que ele poderia estar a tentar segui-la, mas, na verdade, qual seria a probabilidade de isso estar a acontecer? Qu?o realista era esperar que ele pudesse partir pelo pa?s atr?s de algu?m que o havia enganado relativamente a tudo, mesmo at? sobre quem ela era? Ser? que ela pensava que isto era uma m?sica qualquer, onde o galante pr?ncipe partia sobre colinas e vales num esfor?o para encontrar a sua amada? N?o era assim que as coisas funcionavam. A hist?ria estava cheia de bastardos da realeza, portanto que diferen?a ? que mais um iria fazer? "Tens raz?o" disse ela. "N?o posso contar que ele esteja a vir atr?s de mim. A sua fam?lia n?o iria permitir isso, mesmo que ele o fosse fazer. Mas eu tenho de ter esperan?a, porque sem Sebastian... acho que n?o posso fazer isto sem ele." "H? pessoas que criam crian?as sozinhas" disse Emeline. Havia, mas poderia Sophia ser uma delas? Ela sabia que nunca conseguiria, nunca mesmo entregar uma crian?a a um orfanato depois de tudo que ela tinha passado na Casa dos N?o Reclamados. No entanto, como ? que ela poderia esperar criar uma crian?a quando ela nem sequer conseguia encontrar um lugar para estar em seguran?a? Talvez tamb?m houvesse respostas mais ? frente para essa parte das coisas. A grande casa n?o era vis?vel agora na escurid?o, mas Sophia sabia que ela estava por ali, atraindo-a com a promessa dos seus segredos. Era o lugar onde os seus pais tinham vivido, e o lugar cujos corredores ainda atormentavam os seus sonhos com chamas que ela mal se lembrava. Ela ia l? para tentar encontrar a verdade sobre quem ela era e para encontrar o seu lugar no mundo. Talvez essas respostas lhe dessem a estabilidade suficiente para poder criar o seu filho. Talvez elas lhe dessem um lugar onde as coisas ficariam bem. Talvez ela at? pudesse chamar Kate, dizendo ? sua irm? que ela havia encontrado um lugar para todas elas. "Tu... tem op??es" disse Cora, numa voz hesitante tentando pensar quais seriam essas op??es mesmo antes de Sophia olhar para os seus pensamentos. "Queres que eu me livre do meu filho?" Sophia perguntou. S? de pensar nisso... ela n?o tinha a certeza de o conseguir fazer. Como conseguiria ela? "Eu quero que tu fa?as o que achares que ? melhor" disse Cora. Ela alcan?ou uma bolsa que tinha no seu cinto, ao lado daquelas que tinham a maquiagem. "Este ? o p? de rakkas. Qualquer mulher contratada ao orfanato aprende logo sobre isso, porque ela n?o pode dizer n?o ao seu mestre, e a esposa do seu mestre n?o quer filhos que n?o sejam dela." Havia uma camada de dor e amargura ali que uma parte de Sophia queria entender. Instintivamente, ela alcan?ou os pensamentos de Cora, encontrando dor, humilha??o, um nobre que tinha trope?ado para o quarto errado numa festa. H? algumas coisas, nas quais nem mesmo n?s nos devemos intrometer, Emeline enviou para si. A express?o dela n?o denunciava nenhuma sugest?o do que ela sentia, mas Sophia conseguia sentir a desaprova??o. Se Cora nos quiser contar, ela nos contar?. Sophia sabia que ela tinha raz?o, mas mesmo assim, mas n?o lhe parecia bem que ela n?o pudesse estar l? para a sua amiga da mesma maneira que Cora tinha l? estado para ela com o Pr?ncipe Rupert. Tu tens raz?o, ela enviou de volta, desculpa. Mas n?o deixes Cora saber que tu estavas a ser indiscreta. Tu sabes o qu?o pessoal pode ser algo assim. Sophia sabia, porque quando se tratava da tentativa de Rupert para for??-la a ser sua amante, ela tamb?m n?o queria falar disso, nem pensar nisso, nem ter de lidar novamente com isso de nenhuma maneira. Por?m, tratando-se da gravidez, era diferente. Isso era sobre ela e Sebastian, e isso era algo grande, complicado e potencialmente maravilhoso. Era s? que tamb?m era um desastre potencial, para ela e para todos os que a rodeavam. "Colocas isto na ?gua" disse Cora, explicando o que ela devia fazer com o p?, "e depois bebes. De manh?, j? n?o estar?s gr?vida." Ela f?-lo parecer t?o simples quando o passou para Sophia. Mesmo assim, Sophia hesitou em aceitar o p?. Ela estendeu a m?o, e s? de lhe tocar ela sentiu-se como que a trair algo entre ela e Sebastian. De qualquer forma, ela aceitou-o de Cora, sentindo o peso da bolsa na sua m?o, olhando para aquilo como se, de alguma forma, lhe desse as respostas que ela precisava. "N?o tens de o fazer" disse Emeline. "Talvez tenhas raz?o. Talvez este teu pr?ncipe venha. Ou talvez tu encontres outra maneira." "Talvez" disse Sophia. Ela n?o sabia o que pensar naquele momento. A ideia de que ela teria um filho com Sebastian poderia ser uma coisa maravilhosa noutras circunst?ncias, poderia preench?-la com a alegria de criar uma fam?lia, assentar, estar em seguran?a. Aqui, por?m, parecia um desafio que era pelo menos t?o grande quanto qualquer coisa que elas haviam enfrentado em dire??o ao norte. Ela n?o tinha a certeza de que fosse um desafio que ela conseguisse enfrentar. Onde ? que ela poderia criar uma crian?a? Ela n?o tinha propriamente um lugar para viver. Sophia nem sequer tinha uma tenda sua de momento, apenas o abrigo parcial do vag?o para evitar os chuviscos que caiam na escurid?o e humedeciam os seus cabelos. Elas at? tinham roubado o vag?o, portanto elas tinham de se sentir um pouco culpadas de cada vez que comiam ou bebiam por causa da forma como o tinham adquirido. Sophia poderia passar toda a sua vida a roubar? Ela conseguiria fazer isso enquanto criava o seu filho? Talvez ela conseguisse chegar ? grande casa no cora??o de Monthys, que ficava mesmo adiante. "E depois?" Seria ru?nas, impr?prias para qualquer habita??o humana, e muito menos um lugar seguro para criar uma crian?a. Ou isso, ou j? l? haveria pessoas, e seria muito dif?cil para Sophia provar quem ela era. E mesmo depois disso, o que aconteceria? Ser? que ela achava que as pessoas simplesmente aceitariam uma mi?da com a m?scara da deusa tatuada na barriga da perna para mostrar que ela era uma das N?o Reclamadas? Ser? que ela achava que as pessoas a iriam acolher, e dar-lhe um espa?o para criar o seu filho ou ajud?-la de alguma forma? N?o era o que as pessoas faziam com pessoas como ela. Ela iria conseguir trazer uma crian?a a um mundo assim? Era correto trazer algo t?o indefeso como uma crian?a a um mundo que tinha tanta crueldade? Sophia n?o sabia propriamente nada sobre ser m?e, nem tinha nada ?til para ensinar ao seu descendente. Tudo o que ela tinha aprendido enquanto crian?a tinha sido sobre a crueldade que vinha da desobedi?ncia, ou a viol?ncia que era perfeitamente justa para algo t?o perverso quanto um ?rf?o podia esperar. "N?s n?o precisamos de tomar nenhuma decis?o agora" disse Emeline. "Isto pode esperar at? amanh?." Cora abanou a cabe?a. "Quanto mais esperares, mais dif?cil ser?. ? melhor se..." "Pare" disse Sophia, detendo o potencial argumento. "Chega de conversa. Eu sei que ambas est?o a tentar ajudar, mas isso n?o ? algo que voc?s possam decidir por mim. Nem sequer ? algo que eu tenha a certeza que consiga decidir, mas vou ter de o fazer, e eu vou ter de o fazer sozinha." Isto era o tipo de coisa que ela desejava conversar com Kate, mas ela continuou sem resposta quando a chamou durante a noite com os seus pensamentos. Em qualquer caso, a verdade era que Kate provavelmente era melhor em problemas que envolviam inimigos para lutar, ou perseguidores para escapar. Este era o tipo de coisa que ela n?o tinha tido de enfrentar, n?o mais do que Sophia tinha tido. Sophia foi para o outro lado da carro?a, levando o p? de Cora com ela. Ela n?o lhes disse o que ia fazer a seguir, porque, naquele momento, nem ela tinha a certeza de o saber. Sienne levantou-se para segui-la, mas Sophia afastou o gato da floresta com um piscar de pensamento. Ela nunca se tinha sentido t?o sozinha quanto naquele momento. CAP?TULO TR?S A ?ltima vez que Ang?lica tinha ido aos aposentos da Vi?va, tinha sido porque ela havia sido convocada. Nessa altura, ela tinha ficado bastante preocupada. Agora, indo por vontade pr?pria, Ang?lica estava aterrorizada, e ela odiava isso. Ela odiava a sensa??o de impot?ncia que sentia, apesar de ela ser uma das nobres mais grandiosas do reino. Ela podia fazer o que quisesse com os servos, com os ditos amigos, com a metade dos nobres do reino, mas a Vi?va ainda a poderia mandar matar. Era ainda pior que tivesse sido Ang?lica a dar-lhe esse poder. Ela tinha-o feito no momento em que tinha tentado drogar Sebastian. Este n?o era um reino no qual o monarca podia simplesmente estalar os dedos e ordenar uma morte, mas com ela... n?o havia um j?ri de nobres que chamasse ao que ela havia feito nada para al?m de trai??o, se a Vi?va escolhesse levar tal at? esse ponto. Ent?o ela for?ou-se a parar ao chegar ?s portas dos aposentos da Vi?va, compondo-se. Os guardas que ali estavam n?o disseram nada, ficando simplesmente ? espera que Ang?lica se decidisse a entrar. Se tivesse tido mais tempo, Ang?lica teria enviado um servo para solicitar essa audi?ncia. Se ela tivesse tido mais confian?a no seu poder aqui, ela teria repreendido os homens por n?o lhe mostrarem a defer?ncia adequada. "Eu preciso ver sua majestade" disse Ang?lica. "N?s n?o fomos informados que a nossa rainha ia receber visitas" disse um dos guardas. N?o havia desculpas para isso, nenhuma da cortesia que era devida a Ang?lica. Silenciosamente, Ang?lica decidiu ver o homem a pagar por isso a seu tempo. Talvez se ela conseguisse encontrar uma maneira de o mandar para a guerra? "Eu n?o sabia que seria necess?rio faz?-lo at? h? pouco tempo" disse Ang?lica. "Pergunta-lhe se ela me poder? ver, por favor. ? sobre o filho dela. O guarda assentiu com a cabe?a e dirigiu-se l? dentro. A men??o a Sebastian foi suficiente para o motivar, j? que a posi??o de Ang?lica n?o o conseguiu. Talvez ele simplesmente soubesse o que a Vi?va j? havia deixado claro para Ang?lica: que, quando se tratava dos seus filhos, havia pouco que ela n?o fizesse. Isto era o que dava a Ang?lica a esperan?a de que isto podia funcionar, mas era tamb?m o que o tornava perigoso. A Vi?va poderia virar-se e impedir que Sebastian partisse, mas poderia com a mesma facilidade mandar matar Ang?lica por n?o ter conseguido seduzi-lo t?o bem quanto lhe havia sido dito. Mantem-no feliz, tinha-lhe dito a velha morcega, n?o o deixes pensar noutra mulher. Tinha sido suficientemente ?bvio o que ela tinha querido dizer. O guarda reapareceu suficientemente depressa, segurando a porta para Ang?lica entrar. Ele n?o se curvou como deveria ter feito, e nem sequer a anunciou com o seu t?tulo completo. "Milady d'Ang?lica" ele gritou em vez disso. Ent?o, mais uma vez, que t?tulos ? que Ang?lica tinha que poderiam enfrentar uma rainha? Que poder ? que ela possu?a que n?o se desvanecia em insignific?ncia ao lado do da mulher que estava na sala de estar dos seus aposentos, sendo o seu rosto uma m?scara cuidadosamente composta. Ang?lica fez uma v?nia, porque n?o se atrevia a fazer mais nada. A Vi?va gesticulou impacientemente para que ela se erguesse. "Uma visita repentina" disse ela sem um sorriso, "e not?cias sobre o meu filho. Eu acho que podemos dispensar isso." E se Ang?lica n?o tivesse feito uma v?nia, sem d?vida que a m?e de Sebastian a teria repreendido por isso. "Tu disseste-me para te trazer quaisquer not?cias sobre Sebastian, Sua Majestade" disse Ang?lica. A Vi?va acenou com a cabe?a, movendo-se para uma cadeira de apar?ncia confort?vel. Ela n?o disse a Ang?lica para se sentar. "Eu sei o que disse. Eu tamb?m sei o que disse que aconteceria se tu n?o o fizesses." Ang?lica tamb?m se conseguia lembrar das amea?as. A M?scara de Chumbo, o castigo tradicional para os traidores. S? de pensar nisso ela estremeceu. "Bem?" perguntou a Vi?va. "Conseguiste fazer o meu filho o futuro marido mais feliz no c?rculo do mundo?" "Ele diz que se vai embora" disse Ang?lica. "Ele ficou zangado por estar a ser manipulado, e declarou que ia atr?s da prostituta que ele amava antes." "E tu n?o fizeste nada para o impedir?" a Vi?va exigiu saber. Ang?lica mal conseguia acreditar nisso. "O que ? que tu querias que eu tivesse feito? Resolvido a quest?o com ele ? porta? Trancando-o nos seus aposentos?" "Eu tenho de te explicar tudo?" perguntou a Vi?va. "Sebastian pode n?o ser Rupert, mas ainda assim ele ? um homem." "Achas que eu n?o tentei isso?" Ang?lica ripostou. Essa parte do?a mais do que o resto. Nunca ningu?m a havia rejeitado antes. Quem quer que ela quisesse, quer fosse por desejo genu?no ou simplesmente para provar que ela conseguia, tinha vindo a correr. Sebastian tinha sido o ?nico a rejeit?-la. "Ele est? apaixonado." A Vi?va estava sentada ali, parecendo estar um pouco mais calma. "Ent?o est?s a dizer-me que n?o consegues ser a esposa que eu preciso para o meu filho? Que n?o o consegues fazer feliz? Que ?s in?til para mim?" Demasiado tarde, Ang?lica viu o perigo de tal. "Eu n?o disse isso" disse ela. "Eu s? vim porque..." "Porque querias que eu resolvesse os teus problemas por ti, e porque tinhas medo do que aconteceria se n?o o fizesses" disse a Vi?va. Ela levantou-se, com o dedo espetado no peito de Ang?lica. "Bem, estou preparada para te dar um pequeno conselho. Se ele est? a ir atr?s da mi?da, o lugar mais prov?vel para onde ela ir? ser? Monthys, no norte. Pronto, isto ? suficiente para ti ou preciso de te desenhar um mapa?" "Como ? que sabes isso?" Ang?lica perguntou. "Porque eu sei do que falo" ripostou a Vi?va. "Vamos deixar isto claro, Milady. Eu j? fiz algo para controlar o meu filho. Eu enviei-te para o distra?res. Agora, se necess?rio, vou descartar essa op??o, mas n?o haveria casamento ent?o, e eu ficaria... muito dececionada contigo" Ela n?o precisava de explicar a amea?a. Na melhor das hip?teses, Ang?lica daria por si a ser enviada para fora da corte. Na pior das hip?teses… "Eu vou resolver isto" ela prometeu. "Eu vou certificar-me que Sebastian que ame e apenas a mim." "Faz isso" disse a Vi?va. "Independentemente do que for preciso, faz isso." *** Ang?lica n?o tinha tempo para as subtilezas comuns das viagens da nobreza. Este n?o era o momento de vaguear por a? numa carruagem, cercada por um grupo barulhento de parasitas e cercada por servos suficientes para a abrandar para uma caminhada. Em vez disso, ela obrigou os seus servos a desenterrarem roupas de andar a cavalo e, com as pr?prias m?os, ela preparou uma pequena mala com coisas que ela poderia precisar. Ela at? apanhou o cabelo atr?s num estilo muito mais simples do que as suas habituais tran?as elaboradas, sabendo que n?o haveria tempo para essas coisas na estrada. Al?m disso, havia algumas coisas que ela ia fazer que talvez fosse melhor n?o ser reconhecida. Ela entrou em Ashton com um manto ? sua volta para garantir que ningu?m via quem ela era. Ela levava tamb?m uma meia m?scara, e, na cidade, essa era uma marca bastante comum de fervor religioso que ningu?m questionava. Ela cavalgou primeiro at? aos port?es do pal?cio, parando junto aos guardas e girando uma moeda entre os dedos. "O Pr?ncipe Sebastian" disse ela. "Por onde ? que ele foi?" Ela sabia que n?o podia esconder a sua identidade dos guardas, mas provavelmente eles tamb?m n?o fariam perguntas. Eles simplesmente assumiriam que ela estava a ir atr?s do homem que amava e com o qual se pretendia casar. E at? era verdade, de certa forma. "Por ali, Milady" disse um dos homens, apontando. "Pelo caminho por onde as jovens mulheres foram quando fugiram do pal?cio h? alguns dias." Ang?lica dev?-lo-ia ter suposto. Ele apontou, e Ang?lica foi. Ela seguia Sebastian pela cidade como um ca?ador numa ca?a, esperando conseguir alcan??-lo antes de ele se afastar demasiado. Ela sentia-se quase como uma esp?cie de esp?rito ligado ? cidade. Na sua casa, ela era poderosa. Ela conhecia as pessoas aqui e sabia com quem conversar. Quanto mais ela se afastasse, mais teria que confiar na sua pr?pria perspic?cia. Ela fazia as mesmas perguntas que Sebastian possivelmente deveria ter feito enquanto por ali passava, e recebia as mesmas respostas. Ela ouviu uma s?rie de pessoas imundas, e nas quais ela nem teria reparado noutras circunst?ncias, a falar sobre o voo pela cidade de Sophia e da serva. Elas lembravam-se disso porque j? n?o acontecia nada de t?o excitante nas suas vidas desoladoras h? semanas. Talvez ela e Sebastian se tornassem mais um motivo de mexerico para eles. Ang?lica esperava que n?o. De uma peixeira bisbilhoteira que se ajoelhou para Ang?lica quando ela passou, ela ouvir falar de uma persegui??o pelas ruas da cidade. De um mi?do da rua t?o sujo que ela n?o sabia se era um rapaz ou uma mi?da, ela ouviu falar sobre elas mergulharem nos barris de uma carro?a para se esconderem. "E ent?o a mulher com a carro?a disse-lhes a elas para irem consigo" disse-lhe a criatura imunda. "Elas foram-se embora juntas." Ang?lica atirou uma moeda pequena. "Se me estiveres a mentir, eu vou-me certificar que te atiram de uma das pontes." Agora que ela sabia sobre a carro?a, era f?cil acompanhar o avan?o delas. Elas tinham-se dirigido para a sa?da mais ao norte da cidade, e isso parecia deixar claro para onde elas estavam a ir: Monthys. Ang?lica acelerou, esperando que a informa??o da Vi?va estivesse certa mesmo enquanto se questionava sobre o que a velha estava a esconder de si. Ela n?o gostava de ser um pe?o no jogo de outra pessoa. Um dia, a velha bruxa iria pagar por isso. Por hoje, ela tinha de chegar primeiro que Sebastian. Ang?lica n?o pensava em tentar mudar a decis?o de Sebastian, ainda n?o. Ele ainda estava ansioso com a necessidade de encontrar aquela... aquela... Ang?lica n?o se conseguiu lembrar de palavras suficientemente severas para a mi?da contratada ao orfanato que fingiu ser algo que n?o era, que seduziu o pr?ncipe que estava destinado a Ang?lica e que n?o tinha sido nada al?m de um impedimento desde que tinha chegado. Ela n?o podia deixar que Sebastian a encontrasse, mas ele n?o se afastaria da busca s? porque ela pedia. Isso significava que ela precisava de agir, e de agir depressa, se ela quisesse que isto resultasse. "Desvia-te!" ela gritou, antes de incitar o seu cavalo a avan?ar com o tipo de velocidade que prometia uma queda esmagadora para algu?m est?pido o suficiente para ficar no seu caminho. Ela saiu da cidade, tentando adivinhar a rota que o vag?o teria tomado. Ela atravessou os campos, passando por cima de cercas t?o perto que ela conseguia sentir os ramos a ro?arem nas suas botas. Qualquer coisa que a deixasse chegar primeiro que Sebastian antes de ele ir longe demais. Por fim, ela viu um cruzamento ? frente e um homem apoiado num letreiro que ali estava com uma caneca de sidra numa m?o e com ar de algu?m que n?o se pretendia mover. "Tu" disse Ang?lica. "Tu est?s aqui todos os dias? Viste uma carro?a com tr?s mi?das a passar por aqui, a caminho do norte, h? alguns dias?" O homem hesitou, contemplando a sua bebida. "Eu... " "N?o importa" disse Ang?lica. Ela levantou uma bolsa, com o tilintar dos Reais l? dentro inconfund?vel. "A partir de agora viste. Um jovem chamado Sebastian ir? perguntar-te, e se tu quiseres estas moedas, tu vais dizer que as viste. Tr?s jovens mulheres, uma com cabelo ruivo, uma vestida como uma serva do pal?cio. "Tr?s jovens mulheres?" o homem disse. "Uma com cabelo ruivo" Ang?lica repetiu com o que ela esperava ser um grau adequado de paci?ncia. "Elas perguntaram-te o caminho para Barriston." Era o caminho errado, ? claro. Mais do que isso, era uma jornada que iria manter Sebastian ocupado durante um tempo, e isso iria arrefecer o seu tolo desejo por Sophia quando ele n?o a conseguisse encontrar. Isso dar-lhe-ia uma oportunidade de se lembrar do seu dever. "Elas fizeram tudo isso?" perguntou o homem. "Elas fizeram se tu quiseres a moeda" Ang?lica respondeu. "Metade agora, metade quando o fizeres. Repete-me o que eu te disse, para que eu saiba que tu n?o est?s demasiado b?bado para o dizeres quando chegar o momento." Ele conseguiu diz?-lo, e isso era bom o suficiente. Tinha de ser. Ang?lica deu-lhe a sua moeda e seguiu adiante, indagando-se quanto tempo ele demoraria a perceber que ela n?o voltaria com a outra metade. Desejavelmente, ele n?o iria perceb?-lo at? bem depois de Sebastian ter passado por ali. Da sua parte, ela j? teria de estar bem longe dali quando esse momento chegasse. Ela n?o se podia dar ao luxo de ser vista por Sebastian, ou ele iria perceber o que ela tinha feito. Al?m disso, ela precisava de toda a vantagem que conseguisse obter. Era um longo caminho a norte para Monthys, e Ang?lica precisava terminar tudo o que precisava de fazer bem antes de Sebastian se aperceber do seu erro e fosse atr?s de si. "Haver? tempo suficiente" Ang?lica tranquilizou-se enquanto cavalgava para norte. "Eu vou faz?-lo, e voltar para Ashton antes que Sebastian perceba que algo est? errado." Faz?-lo. Um modo t?o delicado de o formular, como se ela ainda estivesse na corte, fingindo choque ao lan?ar as leviandades de uma mi?da da nobreza inferior para a onda de boatos digerir. Porqu? n?o dizer o que ela queria dizer? Que, assim que ela encontrasse Sophia, havia apenas uma coisa que ia garantir que ela nunca mais iria interferir com a vida dela e de Sebastian; apenas uma coisa que iria deixar claro que Sebastian era dela, e isso iria mostrar ? Vi?va que Ang?lica estava disposta a fazer o que fosse necess?rio para garantir a sua posi??o. Havia apenas uma coisa que ia fazer com que Ang?lica se sentisse segura. Sophia teria de morrer. CAP?TULO QUATRO Sebastian n?o tinha d?vidas, enquanto cavalgava, de que o que ele estava a fazer agora iria trazer problemas. Cavalgar para longe assim, contra as ordens da sua m?e, evitando o casamento que ela tinha arranjado para si? Para um nobre de outra fam?lia, teria sido suficiente para garantir a deserda??o. Para o filho da Vi?va, isso equivalia a trai??o. "N?o chegar? a isso" disse Sebastian enquanto o seu cavalo trovejava em frente. "E, mesmo se chegar, Sophia vale isso." Ele sabia do que estava a desistir ao faz?-lo. Quando ele a encontrasse, quando ele casasse com ela, eles n?o poderiam simplesmente ir novamente para Ashton em triunfo, passar a residir no pal?cio e assumir que todos ficariam felizes. Se eles conseguissem de todo regressar, seria sob uma nuvem de desgra?a. "Eu n?o me importo" Sebastian disse ao seu cavalo. Preocupar-se com a desgra?a e a honra tinha sido o que o tinha levado a esta confus?o para come?ar. Ele tinha colocado Sophia de lado por causa do que ele tinha assumido que as pessoas pensariam dela. Ele nem sequer os tinha feito erguer a voz em desaprova??o; ele tinha apenas agido, sabendo o que eles iriam dizer. Tinha sido uma coisa de fraco e de covarde, e agora ele ia reparar a situa??o, se conseguisse. Sophia valia mais do que uma d?zia de nobres com os quais ele tinha crescido. Do que uma centena. N?o importava se ela tinha a marca da Deusa Mascarada tatuada na barriga da perna para a reivindicar, ela era a ?nica mulher com quem Sebastian poderia sequer come?ar a sonhar em casar. Com Milady d'Ang?lica seguramente que n?o. Ela era tudo o que a corte representava: vaidosa, f?til, manipuladora, focada na sua pr?pria riqueza e sucesso mais do que qualquer outra pessoa. N?o era importante que ela fosse bonita, ou da fam?lia certa, que fosse inteligente ou o selo de uma alian?a dentro do pa?s. Ela n?o era a mulher que Sebastian queria. "Ainda assim fui duro com ela quando me vim embora" disse Sebastian. Ele questionou-se sobre o que pensaria algu?m que o estivesse a ver a falar assim com o seu cavalo. No entanto, a verdade era que ele n?o se importava agora com o que as pessoas pensavam, e, de muitas maneiras, o cavalo era um melhor ouvinte do que a maioria das pessoas que o rodeavam no pal?cio tinham sido. Ele sabia como as coisas funcionavam l?. Ang?lica n?o tinha tentando engan?-lo; ela simplesmente tinha tentado colocar algo que ela sabia que ele acharia desagrad?vel da melhor maneira poss?vel. Visto atrav?s dos olhos de um mundo onde os dois n?o tinham escolha sobre com quem eles estavam casados, at? podia ser visto como uma gentileza. Era apenas que Sebastian n?o queria mais pensar dessa maneira. "Eu n?o quero ficar preso a um lugar onde o meu ?nico dever ? continuar a respirar no caso de Rupert morrer" ele disse ao seu cavalo. "Eu n?o quero estar num lugar onde o meu valor ? como os dos animais de cria??o, ou como algo a ser vendido para promover as liga??es certas." Posto assim, o cavalo provavelmente entendia a sua situa??o t?o bem quanto qualquer nobre. N?o eram os melhores cavalos vendidos pelo seu potencial de reprodu??o? Os nobres que gostavam de correr o comprimento das pistas do pa?s ou de viajar para a ca?a n?o mantinham registos de cada linha, de cada potro? N?o matariam todos eles os seus pr?prios garanh?es premiados antes de permitirem que uma ?nica gota do sangue errado entrasse nas linhagens? "Eu vou encontr?-la, e vou encontrar um sacerdote para nos casar" disse Sebastian. "Mesmo se a M?e nos quiser acusar de trai??o por causa disso, ela ainda ir? precisar de persuadir a Assembleia dos Nobres." Eles n?o iriam matar um pr?ncipe apenas por um capricho. Provavelmente, alguns deles seriam compreensivos, se lhes dessem tempo suficiente. Na falta disso, ele e Sophia podiam sempre fugir para as terras montanhosas do norte, ou deslizar pela ?gua-Faca juntos sem serem vistos, ou mesmo retirarem-se para as terras de que Sebastian supostamente era duque. Eles encontrariam uma maneira de fazer com que resultasse. "Mas primeiro tenho de a encontrar" disse Sebastian, enquanto o seu cavalo o levava para fora da cidade, na dire??o do vasto campo. Ele sentiu-se confiante de que a iria alcan?ar, mesmo tendo em conta o qu?o longe ela j? deveria estar agora. Ele tinha encontrado pessoas que haviam visto o que acontecera quando ela fugira do pal?cio, pedindo aos guardas pelos seus reportes e, depois, ouvindo as hist?rias das pessoas da cidade. A maioria deles tinha sido cautelosa ao conversar com ele, mas ele tinha conseguido juntar fragmentos suficientes para, pelo menos, ficar com uma ideia geral da dire??o que Sophia tinha tomado. Do que ele tinha ouvido, ela estava numa carro?a, o que significava que ela se estaria a deslocar mais depressa do que a um ritmo de caminhada, mas n?o t?o depressa quanto Sebastian conseguia num cavalo. Ele encontraria uma maneira de alcan??-la, mesmo que isso significasse cavalgar sem descansar at? o conseguir. Talvez isso fosse parte da sua penit?ncia por expuls?-la, para come?ar. Sebastian apressou-se at? ver o cruzamento, fazendo, finalmente, abrandar o seu cavalo enquanto tentava descobrir o caminho por onde seguir. Havia um homem a dormir encostado ao poste do cruzamento, com um chap?u de palha puxado para os olhos. Um jarro de sidra ao seu lado sugeria o motivo pelo qual ele estava a roncar como um burro. Sebastian deixou-o dormir por agora, olhando para o sinal. O leste iria dar at? ? costa, mas Sebastian duvidava que Sophia tivesse os meios para ir num navio, ou algum lugar para ir, se os tivesse. O sul iria dar novamente a Ashton, pelo que esse caminho ficava de fora. S? restava a estrada que ia dar ao norte e a que ia dar a oeste. Sem qualquer informa??o adicional, Sebastian n?o tinha ideia sobre qual rota seguir. Ele poderia tentar procurar trilhos de carro?a numa das sec??es de terra da estrada, ele sup?s, mas isso implicava que ele tivesse as aptid?es para saber o que procurava, ou para distinguir a carro?a de Sophia das centenas de outras que poderiam ter passado por ali nos ?ltimos dias desde ent?o. S? restava, portanto, pedir ajuda, e esperar que resultasse. Gentilmente, usando a ponta da sua bota, Sebastian cutucou o p? do homem que dormia. Ele recuou quando o homem balbuciou e acordou, porque ele n?o sabia como algu?m t?o b?bado poderia reagir ao avist?-lo ali. "O que foi?" o homem conseguiu dizer. Ele tamb?m conseguiu levantar-se, o que pareceu bastante impressionante dadas as circunst?ncias. "Quem ?s tu? O que ? que queres?" Mesmo agora, ele parecia ter de se segurar ao poste para se estabilizar. Sebastian estava a come?ar a perguntar-se se isto seria assim t?o boa ideia. "Est? aqui regularmente?" ele perguntou. Ele precisava que a resposta fosse sim, mas ao mesmo tempo esperava que fosse n?o, por causa do que isso diria sobre a vida do homem. "Porque ? que queres saber?" o b?bado ripostou. Sebastian come?ava a aperceber-se que n?o iria encontrar o que queria aqui. Mesmo que esse homem passasse a maior parte do seu tempo no cruzamento, Sebastian duvidava que ele estivesse s?brio o suficiente para reparar em alguma coisa. "Deixa l?" disse ele. "Eu estava ? procura de uma pessoa que poderia ter passado por aqui, mas duvido que me consigas ajudar. Desculpa ter-te incomodado." Ele voltou-se na dire??o do seu cavalo. "Espera" disse o homem. "Tu... tu ?s Sebastian, n?o ?s?" Sebastian parou ao ouvir o seu nome, voltando-se para o homem enquanto franzia o sobrolho. "Como ? que sabes o meu nome?" ele perguntou. O homem vacilou um pouco. "Que nome?" "O meu nome" disse Sebastian. "Tu acabaste de me chamar Sebastian." "Espera, tu ?s Sebastian?" Sebastian fez o poss?vel para ser paciente. Este homem estava obviamente ? procura dele, e Sebastian s? podia pensar em algumas raz?es pelas quais esse pudesse ser o caso. "Sim, sou" disse ele. "O que eu quero saber ? porque ? que tu est?s ? minha procura." "Eu estava..." O homem parou por um momento, enrugando a sua testa. "Era suposto eu dar-te uma mensagem." "Uma mensagem?" perguntou Sebastian. Parecia bom demais para ser verdade, mas mesmo assim, ele ousou ter esperan?a. "De quem?" "Havia uma mulher" disse o b?bado, e isso foi suficiente para ati?ar as brasas da esperan?a num fogo de pleno direito. "Que mulher?" perguntou Sebastian. Por?m, o outro homem n?o estava a olhar para ele. Na verdade, parecia que ele estava quase a adormecer novamente. Sebastian segurou-o, erguendo-o e sacudindo-o para o manter acordado. "Que mulher?" ele repetiu. "Havia algo... uma mulher ruiva, numa carro?a." "? ela!" Sebastian disse, com o seu entusiasmo a obter o melhor de si naquele momento. "Isso foi h? poucos dias?" O b?bado levou o seu tempo a consider?-lo. "N?o sei. Poderia ser. Que dia ? hoje?" Sebastian ignorou isso. Era suficiente que ele tivesse encontrado a pista que Sofia lhe havia deixado. "A mulher... ? Sophia. Para onde ? que ela foi? Qual era a mensagem dela?" Ele sacudiu o b?bado mais uma vez quando ele come?ou a adormecer de novo, e Sebastian tinha de admitir que era pelo menos parcialmente devido ? frustra??o. Ele precisava de saber que mensagem ? que Sophia tinha deixado com esse homem. Porqu? ele? N?o havia mais ningu?m com quem Sophia pudesse ter deixado a sua mensagem? Olhando para o homem que mal se segurava, Sebastian soube a resposta para isso: ela tinha tido a certeza de que Sebastian iria encontr?-lo, porque ela tinha suposto que aquele homem n?o iria a lugar nenhum. Ele tinha sido a melhor maneira de enviar uma mensagem a Sebastian caso ele a seguisse. O que significava que ela queria que ele a seguisse. Ela queria que ele conseguisse encontr?-la. S? de pensar nisso Sebastian ficou animado, porque isso significava que Sophia poderia estar preparada para perdoar tudo o que ele tinha feito com ela. Ela n?o lhe daria pistas para ele a seguir se ela n?o visse uma maneira de eles ficarem juntos novamente, n?o era? "Qual foi a mensagem?" Sebastian repetiu. "Ela deu-me dinheiro" disse o homem. "Disse para dizer que... maldi??o, eu sei que me lembrei disso..." "Pense" disse Sebastian. "? importante." "Ela disse-me para te dizer que ela tinha ido para Barriston!" disse o b?bado com uma nota de triunfo. "Disse para te dizer que eu tinha visto isso com os meus pr?prios olhos." "Barriston?" perguntou Sebastian, observando o sinal no cruzamento. "Tens a certeza?" N?o parecia haver nenhum motivo para Sophia ir para aquela cidade, mas talvez esse fosse o motivo, j? que ela estava a fugir. Era um tipo de cidade provincial, sem o tamanho ou a popula??o de Ashton, mas tinha alguma riqueza gra?as ? sua ind?stria de manoplas. Talvez fosse um lugar t?o bom quanto qualquer outro para Sophia. O outro homem assentiu, e isso foi suficiente para Sebastian. Se Sophia lhe tinha deixado uma mensagem, n?o importava quem ela tinha escolhido para a entregar por si. O que importava era que ele havia recebido a sua mensagem, e que ele sabia que caminho seguir para ir atr?s dela. Como agradecimento, Sebastian atirou ao homem do cruzamento uma moeda da sua bolsa do cinto, e apressou-se para montar o seu cavalo. Ele dirigiu a criatura para oeste, inclinando-a para a frente enquanto partia na dire??o de Barriston. Demoraria algum tempo para l? chegar, mas durante o caminho, ele ia acelerar tanto quanto ele se conseguisse atrever. Ele iria alcan??-la l?, ou talvez ele at? a alcan?asse na estrada. De qualquer maneira, ele iria encontr?-la, e eles iriam ficar juntos. "Estou a caminho, Sophia" ele prometeu, enquanto ? sua volta, a paisagem dos Ridings passava acelerada. Agora que ele sabia que ela queria ser encontrada, ele faria qualquer coisa que tivesse de fazer para a alcan?ar. CAP?TULO CINCO A Rainha Vi?va Maria da Casa de Flamberg estava no meio dos seus jardins, levando uma rosa branca at? ao seu nariz e assimilando o delicado aroma. Ela tinha-se tornado boa em encobrir a sua impaci?ncia ao longo dos anos, e no que respeitava ao seu filho mais velho, a impaci?ncia era uma emo??o que lhe chegava com muita facilidade. "Que rosa ? esta?" ela perguntou a um dos jardineiros. "Uma variedade criada por uma das nossas jardineiras contratadas ao orfanato" disse o homem. "Ela chama-a de Estrela Brilhante." "Felicita-a por isso e informa-a que, a partir de agora, a rosa ser? conhecida como a Estrela da Vi?va", disse a rainha. Era um elogio e um lembrete para o jardineiro de que aqueles que possu?am a d?vida da contratada ao orfanato poderiam fazer o que desejassem com as suas cria??es. Era o tipo de movimento de dois lados que a Vi?va apreciava pela sua efici?ncia. Ela tinha-se tornado boa a faz?-los tamb?m. Ap?s as guerras civis, teria sido t?o f?cil deslizar para a impot?ncia. Em vez disso, ela tinha encontrado os pontos de equil?brio entre a Assembleia dos Nobres e a igreja da Deusa Mascarada, as multid?es ignorantes e os comerciantes. Ela havia-o feito com intelig?ncia, crueldade e paci?ncia. At? a paci?ncia tinha os seus limites. "Antes que tu fa?as isso" disse a Vi?va, "gentilmente arrasta o meu filho para fora de qualquer bordel onde ele esteja instalado e lembra-o de que a sua rainha est? ? espera dele." A Vi?va estava parada junto de um rel?gio de sol, observando o deslocamento das sombras enquanto esperava pelo vagabundo que era o herdeiro do reino. Tinha-se deslocado a amplitude de um dedo cheio quando ela ouviu os passos de Rupert a aproximarem-se. "Devo estar a ficar senil na minha tenra idade" disse a Vi?va, "porque estou obviamente a esquecer-me de coisas. A parte em te convoquei h? meia hora atr?s, por exemplo. "Ol? para ti tamb?m, m?e" disse Rupert, sem sequer parecer contrito. Teria sido melhor se houvesse alguma indica??o de que ele estava a usar o seu tempo sabiamente. Em vez disso, o estado desalinhado da sua roupa dizia que ela n?o se tinha enganado relativamente ao seu palpite anterior sobre onde ele estaria. Isso, ou ele tinha estado a ca?ar. Havia t?o poucas atividades com as quais o seu filho mais velho parecia realmente se preocupar. "Vejo que os teus hematomas est?o finalmente a come?ar a desaparecer" disse a Vi?va. "Ou finalmente j? est?s melhor a cobri-los com p??" Ela viu o seu filho a ruborizar-se enraivecido com o que ela havia dito, mas ela n?o se importava. Se ele pensasse ser capaz de atac?-la, ele t?-lo-ia feito h? anos atr?s, mas Rupert era bom em saber a quem ? que ele podia e n?o podia direcionar o seu temperamento. "Fui apanhado de surpresa" disse Rupert. "Por uma serva" a Vi?va respondeu calmamente. "Pelo que eu ouvi, enquanto estavas no meio da tentativa de te impores ? antiga noiva do teu irm?o." Rupert permaneceu ali de boca aberta por v?rios segundos. Ele ainda n?o tinha aprendido que a sua m?e sabia o que acontecia no seu reino e na sua casa? Ser? que ele achava que algu?m conseguia permanecer governante de uma ilha t?o dividida quanto essa sem espi?es? A Vi?va suspirou. Ele realmente tinha muito que aprender e n?o mostrava nenhuns sinais de estar disposto a aprender essas li??es. "Sebastian j? a tinha afastado nessa altura" ele insistiu. "Ela era um jogo justo e, de qualquer forma, nada mais do que uma prostituta contratada ao orfanato." "Todos aqueles poetas que escrevem sobre ti como sendo um pr?ncipe dourado realmente nunca te conheceram, pois n?o?" A Vi?va disse, embora a verdade fosse que ela havia pago a mais do que s? a alguns para se certificar de que os poemas ficavam bem. Um pr?ncipe deveria ter a reputa??o que desejava, e n?o a que ganhara. Com a reputa??o certa, Rupert podia at? ter a aclama??o da Assembleia dos Nobres quando chegasse a hora de ele governar. "N?o te ocorreu que Sebastian pudesse ficar bravo se soubesse o que tentaste fazer?" Rupert franziu a testa e a Vi?va viu que o seu filho n?o entendia. "Porque ? que ele ficaria? Ele n?o se ia casar com ela, e, em qualquer caso, eu sou o mais velho, eu serei o seu rei um dia. Ele n?o ousaria fazer nada." "Se tu achas isso" disse a Vi?va, "Tu n?o conheces o teu irm?o." Rupert riu-se. "E tu conhec?-lo, M?e? A tentares cas?-lo? N?o ? de admirar que ele tenha fugido." A Vi?va conteve a sua raiva. "Sim, Sebastian fugiu. Admito que subestimei a for?a dos seus sentimentos, mas isso pode ser resolvido." "Tratando da mi?da" disse Rupert. A nobre assentiu com a cabe?a. "Suponho que ? uma tarefa que tu queiras para ti?" "Certamente." Rupert nem hesitou. A Vi?va nunca tinha pensado que ele hesitaria. Isso era bom, ? sua maneira, porque um governante n?o se deveria encolher de fazer o que era necess?rio. No entanto, ela duvidava que Rupert estivesse a pensar nesses termos. Ele s? queria vingar-se dos hematomas que prejudicavam as suas fei??es, de outra forma perfeitas mesmo agora. "Vamos ser claros" disse a Vi?va. "? necess?rio que esta mi?da morra, tanto para desfazer o insulto contra ti, como por causa das... dificuldades que ela poderia representar." "Com um casamento entre Sebastian e uma mi?da inadequada" disse Rupert. "Que vergonha." A Vi?va arrancou uma das flores pr?ximas. "A vergonha ? como esta rosa. Parece inofensiva o suficiente. Capta a aten??o. No entanto, ainda tem espinhos que cortam. O nosso poder ? uma ilus?o, mantido vivo porque as pessoas acreditam em n?s. Se eles nos envergonharem, essa f? pode vacilar." Ela fechou a m?o, ignorando a dor enquanto a esmagava. "Essas coisas devem ser resolvidas, seja qual for o custo." Era melhor deixar que Rupert pensasse que isso era sobre manter o prest?gio da sua fam?lia. Era melhor do que reconhecer o perigo real que a mi?da representava. Quando a Vi?va se tinha apercebido de quem ela realmente era... bem, o mundo tinha-se transformado numa coisa cristalina, clara e cheia de arestas cortantes. Ela n?o podia permitir que esse perigo continuasse. "Eu mato-a" disse Rupert. "Tranquilamente" acrescentou a Vi?va. "Sem confus?o. Eu n?o quero que tu cries mais problemas dos que os que resolves." "Eu tratarei disso" insistiu Rupert. A Vi?va n?o tinha a certeza se ele o faria, mas ela tinha outras pe?as em jogo no que respeitava ? mi?da. O truque era apenas usar aqueles que tinham as suas pr?prias raz?es para agir. Se desse ordens, ela simplesmente chamaria a aten??o de que aquela mi?da era algu?m que valia a pena vigiar. Ela tinha precisado de toda a sua for?a de vontade para n?o reagir da primeira vez que tinha visto Sophia, no jantar. Para n?o denunciar o que sentiu ao ver aquele rosto, ou com a novidade de que Sebastian planeava casar-se com ela. O facto do seu filho mais novo se ter ido embora atr?s dela tornava as coisas mais complicadas. Normalmente, Sebastian era o est?vel, o inteligente, o obediente. De muitas maneiras, ele seria um rei melhor do que o seu irm?o, mas n?o era assim que essas coisas funcionavam. N?o, o papel dele era viver a sua vida tranquilamente, fazendo o que lhe mandavam, n?o fugindo, fazendo o que desejava. "Eu tamb?m tenho outra coisa para tu fazeres" disse a Vi?va. Ela come?ou a andar fazendo um circuito lento pelo jardim, for?ando Rupert a segui-la da mesma maneira que um c?o seguia atr?s do seu dono. Neste caso, por?m, Rupert era um c?o de ca?a e ela estava prestes a proporcionar o odor. "N?o me deste j? tarefas suficientes, M?e?" ele quis saber. Sebastian n?o teria discutido. N?o tinha discutido com nada, exceto no ?nico caso que interessava. "Tu causas menos problemas quando est?s ocupado" disse a Vi?va. "Em qualquer caso, este ? o tipo de tarefa em que a tua presen?a pode realmente ser ?til. O teu irm?o agiu a sangue quente ao fugir desta forma. Eu acho que vai ser preciso o tato de um irm?o para traz?-lo de volta." Rupert riu-se "A julgar pela forma como ele partiu, vai ser preciso um regimento para traz?-lo de volta." "Ent?o leva um " disse a Vi?va. "Tu tens uma comiss?o, portanto usa-a. Leva os homens que precisas. Encontra o teu irm?o e tr?-lo de volta." "Sem um arranh?o, certo?" Rupert perguntou. Os olhos da Vi?va estreitaram-se ao ouvir isso. "Ele ? teu irm?o, Rupert. Tu n?o vais mago?-lo mais do que o necess?rio para traz?-lo para casa s?o e salvo." Rupert olhou para baixo. "Claro, m?e. Enquanto eu estiver a fazer isto tudo, queres que eu fa?a mais alguma coisa?" Houve algo na forma como ele o disse que fez a Vi?va fazer uma pausa, virando-se para encarar o seu filho. "O que ? que estavas a pensar?" ela perguntou. Rupert sorriu e acenou com a m?o. Do extremo do jardim, uma figura nas vestes de um sacerdote come?ou a aproximar-se. Ao ficar apenas a alguns passos, ele fez uma grande v?nia. "M?e" disse Rupert, "posso apresentar-te Kirkus, segundo secret?rio da alta sacerdotisa da Deusa Mascarada?" "Foi a Justina que te enviou?" perguntou a Vi?va, usando deliberadamente o nome da grande sacerdotisa para relembrar o homem da companhia em que ele estava agora. "N?o, sua majestade" disse o sacerdote, "mas h? uma quest?o de extrema import?ncia." A Vi?va suspirou ao ouvir isso. Na sua experi?ncia, as quest?es de extrema import?ncia para os sacerdotes envolviam principalmente doa??es para os seus templos, a necessidade de punir os pecadores que, aparentemente, n?o estavam a ser suficientemente fustigados pela lei, ou pedidos para interferir nos assuntos dos seus irm?os por toda a ?gua-Faca. Justina tinha aprendido a manter esses assuntos para si mesma, mas os seus subordinados ?s vezes andavam por a? num burburinho, irritando-a como vespas cobertas de preto. "Vale a pena ouvir, m?e" disse Rupert. "Ele tem passado o seu tempo ao redor da corte, a tentar ganhar uma audi?ncia. Tu perguntaste onde ? que eu estava antes? Eu estava ? procura de Kirkus porque eu imaginei que tu poderias querer ouvir o que ele tinha a dizer." Isso foi o suficiente para fazer com que a Vi?va reconsiderar ouvir o sacerdote. Tudo o que servisse para fazer com que Rupert afastasse a mente das mulheres da corte era digno da sua aten??o, pelo menos por um curto per?odo de tempo. "Muito bem" disse ela. "O que tens a dizer, segundo secret?rio?" "Sua Majestade" disse o homem, "houve um ataque muito cruel ? nossa Casa dos N?o Reclamados, e depois aos direitos do sacerd?cio." "Achas que eu ainda n?o ouvi falar sobre isso?" a Vi?va ripostou. Ela olhou para Rupert. "S?o estas as tuas novidades?" "Sua majestade" insistiu o sacerdote, "a mi?da que matou as nossas freiras n?o foi submetida ? justi?a. Em vez disso, ela encontrou ref?gio numa das Companhias Livres. Com os homens de Lorde Cranston." O nome da companhia atraiu o interesse da Vi?va, um pouco. "A companhia de Lorde Cranston foi muito ?til no passado recente" disse a Vi?va. "Eles ajudaram a expulsar uma for?a de invasores das nossas margens, combatendo-a." "Isso... " "Cala-te" interrompeu a Vi?va, cortando a palavra do homem a meio da sua argumenta??o. "Se a Justina realmente se importasse com isso, ela levantaria o problema. Rupert, porque ? que me trouxeste este assunto?" O seu filho sorriu como um tubar?o. "Porque eu tenho andado a fazer perguntas, M?e. Tenho sido muito minucioso." O que significava que ele tinha torturado algu?m. O seu filho s? sabia realmente fazer as coisas desta maneira? "Eu acredito que a mi?da que Kirkus procura ? a irm? de Sophia" disse Rupert. "Alguns dos sobreviventes da Casa dos N?o Reclamados falaram sobre duas irm?s, uma das quais estava a tentar salvar a outra." Duas irm?s. A Vi?va engoliu em seco. Sim, isso fazia sentido, n?o fazia? A sua informa??o tinha-se concentrado em Sophia, mas se a outra tamb?m estava viva, ent?o ela poderia ser igualmente perigosa. Talvez at? mais, a julgar pelo que ela tinha conseguido fazer at? agora. "Obrigada, Kirkus" ela conseguiu dizer. "Eu vou tratar desta situa??o. Por favor, deixa-me que a discuta com o meu filho." Ela conseguiu transformar aquilo numa dispensa, e o homem afastou-se apressadamente do seu campo de vis?o. Ela tentou refletir sobre aquilo. Era ?bvio o que precisava de acontecer a seguir. A quest?o era simplesmente como. Ela pensou por um momento... sim, isso poderia resultar. "Ent?o," disse Rupert, "queres que eu mate tamb?m essa tal irm? dela? Presumo que n?o queiramos algo assim vingativo?” Claro que ele iria pensar em vingan?a. Ele n?o sabia o perigo real que elas representavam, ou os problemas que dai poderiam resultar se algu?m descobrisse a verdade. "O que prop?es fazer?" perguntou a Vi?va. "Invadir e enfrentar o regimento de Peter Cranston? Provavelmente vou perder um filho, se tu o fizeres, Rupert. "Achas que eu n?o conseguiria venc?-los?" ele ripostou. A Vi?va fez-lhe sinal para ele se calar. "Eu acho que h? uma maneira mais f?cil. O Novo Ex?rcito est? a reunir-se, portanto enviaremos o regimento de Lorde Cranston para o combater. Se eu escolher a batalha com sabedoria, os nossos inimigos ficar?o feridos, enquanto a mi?da morrer?, e tal n?o ir? parecer mais do que outro t?mulo n?o identificado numa guerra." Rupert olhou para ela naquele momento com uma esp?cie de admira??o. "Porque ? que eu, M?e, nunca soube que tu poderias ter tanto sangue frio." N?o, ele n?o sabia, porque ele n?o tinha visto as coisas que ela tinha feito para manter os restos do poder que ela tinha. Ele tinha lutado contra rebeldes, mas n?o tinha visto as guerras civis, nem as coisas que tinham sido necess?rias no seu rasto. Rupert provavelmente pensava que ele era um homem sem limites, mas a Vi?va tinha descoberto da maneira mais dif?cil que ela conseguia fazer o que quer que fosse necess?rio para garantir o trono da fam?lia. Ainda assim, n?o valia a pena pensar nisso. Isso acabaria em breve. Sebastian estaria de volta com a sua fam?lia, s?o e salvo, Rupert ter-se-ia vingado da sua humilha??o, e duas mi?das que deveriam ter morrido h? muito tempo iriam para o t?mulo sem deixar rasto. CAP?TULO SEIS "? um teste" Kate sussurrava para si mesma enquanto perseguia a sua v?tima. "? um teste." Ela continuava a dizer isso para si mesma, talvez na esperan?a de que a repeti??o o tornasse verdade, talvez porque era a ?nica maneira de continuar a seguir Gertrude Illiard, mantendo-se ? sombra enquanto ela estava sentada na varanda da sua casa a tomar o pequeno-almo?o, deslizando silenciosamente atrav?s das multid?es da cidade enquanto a filha do comerciante caminhava com amigos pelos mercados madrugadores da manh?. Savis Illiard mantinha c?es e guardas para proteger a sua propriedade e a sua filha, mas os guardas estavam nos seus postos h? demasiado tempo e confiavam nos c?es, enquanto estes eram f?ceis de silenciar com um piscar de poder. Kate observava a mulher que ela deveria matar, e a verdade era que ela j? o poderia ter feito uma d?zia de vezes at? agora. Ela poderia ter corrido pela multid?o e deslizado uma faca entre as suas costelas. Ela poderia ter disparado um dardo da besta ou at? mesmo atirado uma pedra com for?a letal. Ela poderia at? ter aproveitado o ambiente da cidade, assustando um cavalo no momento errado ou cortando a corda que segurava um barril quando o seu alvo passou por baixo. Kate n?o fez nenhuma dessas coisas. Em vez disso, ela observava Gertrude Illiard. Teria sido mais f?cil se ela tivesse sido uma pessoa obviamente diab?lica. Se ela tivesse atacado os criados do seu pai por despeito, ou tivesse tratado as pessoas da cidade como esc?ria, Kate poderia ter conseguido v?-la apenas a um passo de dist?ncia das freiras que a tinham atormentado ou as pessoas que a haviam desprezado na rua. Mas, em vez disso, ela era gentil, nas pequenas coisas que as pessoas conseguiam ser quando n?o pensavam demasiado nisso. Ela deu dinheiro a um mendigo quando ela passou por ele. Ela perguntou pelos filhos de um comerciante que ela mal conhecia. Ela parecia uma pessoa bondosa e gentil, e Kate n?o conseguia acreditar que mesmo Siobhan quisesse algu?m assim morto. "? um teste" Kate disse a si mesma novamente. "Tem de ser." Ela tentou dizer a si mesma que a bondade tinha de ser uma fachada a mascarar um lado mais profundo e mais sombrio. Talvez esta jovem mulher mostrasse um rosto am?vel ao mundo para esconder assassinatos, chantagens, crueldade ou embuste. No entanto, enquanto outra pessoa qualquer poderia dizer isso a si mesma, Kate conseguia ver os pensamentos de Gertrude Illiard, e nenhum deles apontava para uma predadora que se escondia sob a superf?cie. Ela era uma jovem bastante normal para o seu lugar no mundo, rica por causa dos neg?cios do seu pai, talvez um pouco despreocupada com isso, mas genuinamente inocente em todos os aspetos que Kate conseguia ver. Era dif?cil n?o sentir repulsa com o que Siobhan havia ordenado que ela fizesse ent?o, e com o que Kate se tinha tornado sob a tutela dela. Como ? que Siobhan poderia querer a morte dela? Como ? que ela poderia exigir que Kate o fizesse? Estaria Siobhan realmente a pedir-lhe para o fazer apenas para ver se ela tinha dentro de si matar se a mandassem faz?-lo? Kate odiava esse pensamento. Ela n?o conseguiria fazer tal coisa, ela n?o faria tal coisa. Mas ela n?o tinha escolha, e ela odiava isso ainda mais. Por?m, ela tinha de ter a certeza. Ent?o, ela dirigiu-se para a casa do comerciante antes da sua presa, saltando sobre o muro num momento em que sentiu que os guardas n?o estavam a ver e correu para a sombra do muro. Ela esperou mais alguns batimentos card?acos, certificando-se de que tudo estava calmo, e, depois, subiu at? ? varanda do quarto de Gertrude Illiard. Havia um trinco na varanda, mas era uma coisa f?cil de levantar usando uma faca delgada, deixando-a entrar. O quarto estava vazio, e Kate n?o pressentiu ningu?m por perto, pelo que ela rapidamente o pesquisou. Ela n?o sabia o que estava ? espera de encontrar. Um frasco de veneno guardado para um rival, talvez. Um di?rio detalhando todas as torturas que ela planeava infligir a algu?m. Havia um di?rio, mas mesmo at? s? de relance, Kate p?de ver que ele simplesmente detalhava sonhos da jovem mulher e desejos para o futuro, os seus encontros com amigos, os seus breves sentimentos para com um jovem ator que ela havia conhecido no mercado. A verdade era que Kate n?o conseguiu encontrar uma ?nica raz?o pela qual Gertrude Illiard merecesse morrer, e apesar de j? ter matado antes, Kate achava a ideia de assassinar algu?m sem raz?o abomin?vel. Ela ficava angustiada s? de pensar em faz?-lo. Ela sentiu o cintilar de uma mente a aproximar-se e escondeu-se rapidamente sob a cama, tentando pensar, tentando decidir o que fazer. N?o era que essa jovem mulher a lembrasse de si mesma, porque Kate n?o conseguia imaginar a filha desse comerciante a saber realmente o que era o sofrimento, ou a querer erguer uma espada. Ela nem sequer era como Sophia, porque a irm? de Kate tinha algo de enganador quando precisava, e o tipo de pragmatismo intenso que vinha de ter de viver com nada. Esta mi?da nunca teria passado semanas a fingir ser algo que n?o era, e nunca teria seduzido um pr?ncipe. Enquanto uma serva percorreu o quarto, arrumando-o em prepara??o para o retorno da sua senhora, Kate colocou a m?o no medalh?o ao seu pesco?o, pensando na foto de uma mulher l? dentro. Talvez fosse isso. Talvez Gertrude Illiard se enquadrasse na inoc?ncia de uma fam?lia nobre que Kate tinha quando se tratava dos seus pais. No entanto, o que ? que isso significava? Significava que ela n?o a conseguiria matar? Ela tocou no anel que estava ao lado do medalh?o, destinado a Sophia. Ela sabia o que a sua irm? diria, mas essa n?o era uma escolha que Sophia estivesse em posi??o de fazer. Ent?o Gertrude entrou no quarto, e Kate sabia que ela precisaria de fazer a sua escolha rapidamente. Siobhan estava ? espera, e Kate duvidava que a paci?ncia da sua professora durasse para sempre. "Obrigado, Milly" disse Gertrude. "O meu pai est? em casa?" "Ele n?o ? deve chegar em menos de duas horas, menina." "Nesse caso, acho que vou dormir uma sesta. Acordei demasiado cedo hoje." "Claro, menina. N?o vou deixar que te incomodem." A serva saiu, fechando a porta do quarto com um clique. Kate viu botas bordadas a serem tiradas e colocadas ao lado do seu esconderijo, e sentiu o movimento da cama acima quando Gertrude Illiard se sentou sobre ela. As madeiras rangeram quando ela se deitou. Kate ainda continuava ? espera. Ela tinha de o fazer. Ela tinha visto o que aconteceria com ela se ela n?o o fizesse. Siobhan tinha deixado claro: Kate era dela agora, para fazer o que ela quisesse. Kate estava t?o fortemente ligada a ela quanto estaria se a sua d?vida tivesse sido vendida a outro. Mais fortemente ligada, porque agora n?o era apenas a lei da terra a dar poder a Siobhan sobre Kate, mas a magia da sua fonte. Se ela falhasse a Siobhan nisso, na melhor das hip?teses, ela daria por si a ser enviada para algum inferno vivo, for?ada a suportar coisas que fariam com que a Casa dos N?o Reclamados parecesse um pal?cio. Na pior das hip?teses... Kate tinha visto os fantasmas daqueles que haviam tra?do Siobhan. Ela tinha visto o que eles sofriam. Kate n?o se iria juntar a eles, independentemente do que fosse preciso. Ela s? tinha de continuar a lembrar-se a si pr?pria de que isto era um teste. Ela observava os pensamentos de Gertrude enquanto ela adormecia, reparando que o ritmo destes mudavam ? medida que ela deslizava para o sono. O quarto estava agora silencioso, enquanto as servas se mantinham afastadas para deixar a sua senhora descansar. Era o momento perfeito. Kate sabia que tinha de agir agora, ou n?o agir de todo. Ela saiu debaixo da cama sem fazer um ?nico barulho, levantando-se de novo e olhando para Gertrude Illiard. A dormir ela parecia ainda mais inocente, com a boca ligeiramente aberta e com a cabe?a deitada num dos dois travesseiros de penas de ganso. ? um teste, Kate disse a si mesma, apenas um teste. Siobhan vai parar isto antes de eu a matar. Era a ?nica coisa que fazia sentido. A mulher da fonte n?o tinha motivos para querer aquela mi?da morta, e Kate n?o podia acreditar que nem mesmo ela pudesse ser t?o caprichosa. No entanto, como ? que ela passava no teste? A ?nica maneira que ela conseguia ver era realmente tentar matar esta mi?da. Kate ficou ali a contemplar as suas op??es. Ela n?o tinha nenhum veneno, e n?o saberia qual a melhor maneira de o administrar se o tivesse, pelo que ent?o isso estava de fora. N?o havia nenhuma maneira de engendrar um acidente aqui, da mesma maneira que ela poderia ter na rua. Ela poderia sacar de uma adaga e cortar a garganta de Gertrude, mas tal daria alguma oportunidade para que Siobhan pudesse intervir? E se ela esfaqueasse ou cortasse t?o depressa que n?o houvesse salva??o do alvo desse teste? Havia uma resposta ?bvia, e Kate contemplou-a, levantando um dos travesseiros de seda. Tinha uma imagem tecida de um rio de uma terra distante, com os fios grossos levantados debaixo dos seus dedos. Ela segurou o travesseiro entre as suas m?os, aproximando-se para ficar sobre Gertrude Illiard, com o travesseiro pronto. Kate sentiu a mudan?a nos pensamentos da jovem ao ouvir algo, e viu os olhos dela a abrirem-se. "O que... o que ? isto?" ela perguntou. "Desculpa" disse Kate, e pressionou com o travesseiro. Gertrude lutou, mas ela n?o era forte o suficiente para afastar Kate. Com a for?a que a fonte tinha desbloqueado, Kate conseguia manter o travesseiro no lugar com facilidade. Ela conseguia sentir a jovem mulher a lutar para encontrar um espa?o qualquer no qual ela conseguisse respirar, ou gritar, ou lutar, mas Kate manteve o seu peso sobre o travesseiro, n?o permitindo que a menor greta de ar se esgueirasse. Ela queria tranquilizar Gertrude dizendo-lhe que tudo ficaria bem; dizer-lhe que num minuto, Siobhan iria parar isso. Ela queria dizer-lhe que, por muito mau que aquilo estivesse a ser agora, tudo ficaria bem. No entanto, ela n?o podia. Se ela o dissesse, havia um grande risco de Siobhan saber que ela n?o estava a tratar isso como real, e for??-la a terminar. Havia um grande risco de Siobhan atirar a sua alma para as profundidades infernais da fonte. Ela tinha de ser forte. Ela tinha de continuar. Kate manteve o travesseiro no lugar enquanto Gertrude se agitava de um lado para o outro e a arranhava. Ela manteve-o no lugar mesmo quando as suas resist?ncias come?aram a enfraquecer. Quando ela ficou quieta, Kate olhou ao redor, com esperan?a que Siobhan aparecesse para a felicitar, reviver Gertrude Illiard e declarar isto como terminado. Em vez disso, havia apenas sil?ncio. Kate afastou o travesseiro do rosto da jovem e, surpreendentemente, ela ainda parecia serena, apesar da viol?ncia dos segundos antes daquele momento. N?o havia vida ali naquela express?o, nenhuma da anima??o que tinha havido enquanto Kate a tinha andado a seguir pela cidade. Ela p?de sentir que n?o havia pensamentos ali, mas mesmo assim, ela colocou os dedos na pulsa??o da garganta de Gertrude Illiard. N?o havia nada. A jovem tinha morrido, e Kate... Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696823&lfrom=688855901) на ЛитРес. 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