*** Твоей Луны зеленые цветы… Моей Луны беспечные рулады, Как светлячки горят из темноты, В листах вишневых сумрачного сада. Твоей Луны печальный караван, Бредущий в даль, тропою невезенья. Моей Луны бездонный океан, И Бригантина – вера и спасенье. Твоей Луны – печальное «Прости» Моей Луны - доверчивое «Здравствуй!» И наши параллельные пути… И З

A Noite dos Corajosos

A Noite dos Corajosos Morgan Rice Reis e Feiticeiros #6 Uma a??o carregada de fantasia que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O Ciclo da Heran?a de Christopher Paolini…F?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais. The Wanderer, A Literary Journal (relativo a A Ascens?o dos Drag?es) Em A NOITE DOS CORAJOSOS, Kyra deve encontrar uma maneira de se libertar de Marda e voltar para Escalon com o Bast?o da Verdade. Se o fizer, vai ter ? sua espera a batalha mais ?pica de sua vida, uma vez que ter? de enfrentar os ex?rcitos de Ra, uma na??o de trolls e um bando de drag?es. Se os seus poderes e arma, forem fortes o suficiente, a sua m?e estar? ? sua espera, pronta para revelar os segredos do seu destino e do seu nascimento. Duncan deve enfrentar epicamente os ex?rcitos de Ra de uma vez por todas. No entanto, mesmo ao combater as maiores batalhas da sua vida, que o levam a um combate final na Ravina do diabo, ele n?o est? a contar com o tenebroso estratagema que Ra tem ? sua espera. Na Ba?a da Morte, Merk e a filha do Rei Tarnis devem juntar for?as com Alec e com os guerreiros das Ilhas Perdidas para lutar contra os drag?es. Apesar de Ves?vio ter ressurgido, eles devem encontrar Duncan e unirem-se para salvar Escalon, n?o podendo antecipar a trai??o que os aguarda. No final ?pico de Reis e Feiticeiros, todas as batalhas mais dram?ticas, armas e feiti?aria levam a um desfecho inesperado de tirar o f?lego, repleto tanto de uma trag?dia comovente como de um renascimento inspirador. Com as suas fortes personagens e atmosferas complexas, A NOITE DOS CORAJOSOS ? uma saga arrebatadora de cavaleiros e guerreiros, de reis e senhores, de honra e valor, de magia, destino, monstros e drag?es. ? uma hist?ria de amor e cora??es partidos, de engano, ambi??o e trai??o. ? a fantasia no seu melhor, convidando-nos para um mundo que vai viver connosco para sempre, que vai apelar a todas as idades e sexos. Se pensava que j? n?o havia motivo para viver depois do fim da s?rie O Anel do Feiticeiro, estava enganado. Morgan Rice surgiu com o que promete ser mais uma s?rie brilhante, fazendo-nos imergir numa fantasia de trolls e drag?es, de valentia, honra, coragem, magia e f? no seu destino. Morgan conseguiu mais uma vez produzir um conjunto forte de personagens que nos faz torcer por eles em todas as p?ginas… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (relativo a A Ascens?o dos Drag?es) Morgan Rice A Noite Dos Corajosos (Reis e Feiticeiros—Livro n? 6) Morgan Rice Morgan Rice ? a best-seller n?1 e a autora do best-selling do USA TODAY da s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezassete livros; do best-seller n?1 da s?rie OS DI?RIOS DO VAMPIRO, composta por onze livros (a continuar); do best-seller n?1 da s?rie TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por dois livros (a continuar); e da nova s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS, composta por tr?s livros (a continuar). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em ?udio e vers?es impressas e as tradu??es est?o dispon?veis em mais de 25 idiomas. Morgan adora ouvir a sua opini?o, pelo que, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com/) e juntar-se ? lista de endere?os eletr?nicos, receber um livro gr?tis, receber ofertas, fazer o download da aplica??o gr?tis, obter as ?ltimas not?cias exclusivas, ligar-se ao Facebook e ao Twitter e manter-se em contacto! Sele??o de aclama??es para Morgan Rice "Se pensava que j? n?o havia motivo para viver depois do fim da s?rie O ANEL DO FEITICEIRO, estava enganado. Em A ASCENS?O DOS DRAG?ES Morgan Rice surgiu com o que promete ser mais uma s?rie brilhante, fazendo-nos imergir numa fantasia de trolls e drag?es, de valentia, honra, coragem, magia e f? no seu destino. Morgan conseguiu mais uma vez produzir um conjunto forte de personagens que nos faz torcer por eles em todas as p?ginas… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita."     --Books and Movie Reviews     Roberto Mattos "A ASCENS?O DOS DRAG?ES ? um sucesso – logo desde o in?cio… Uma fantasia excecional… Come?a, como n?o podia deixar de ser, com as lutas e movimenta??es ordenadas de um protagonista num c?rculo mais amplo de cavaleiros, drag?es, magia e monstros e destino… Toda a ornamenta??o da alta fantasia est? aqui, desde os soldados e batalhas a confronta??es com o pr?prio. Uma vencedora recomendada para qualquer um que aprecia a escrita de fantasia ?pica alimentada por protagonistas jovens adultos poderosos e confi?veis."     --Midwest Book Review     D. Donovan, eBook Reviewer "Uma a??o carregada de fantasia que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O CICLO DA HERAN?A de Christopher Paolini…F?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais."     --The Wanderer, A Literary Journal (referente a Ascens?o dos Drag?es) "Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga no seu enredo. EM BUSCA DE HER?IS tem tudo a ver com a cria??o da coragem e com a compreens?o do prop?sito da vida e como estas levam ao crescimento, maturidade e excel?ncia… Para os que procuram aventuras de fantasia com sentido, os protagonistas, estratagemas e a??es proporcionam um conjunto vigoroso de encontros que se relacionam com a evolu??o de Thor desde uma crian?a sonhadora a um jovem adulto que procura a sobreviv?ncia apesar das dificuldades… Apenas o princ?pio do que promete ser uma s?rie de literatura juvenil ?pica."     --Midwest Book Review (D. Donovan, eBook Reviewer) "O ANEL DO FEITICEIRO re?ne todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: enredos, intrigas, mist?rio, valentes cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, decep??es e trai??es. O livro manter? o leitor entretido por horas e agradar? a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia."     --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos. "Neste primeiro livro cheio de a??o na s?rie de fantasia ?pica Anel do Feiticeiro (que conta atualmente com 14 livros), Rice introduz os leitores ao Thorgrin de 14 anos "Thor" McLeod, cujo sonho ? juntar-se ? Legi?o de Prata, os cavaleiros de elite que servem o rei… A escrita de Rice ? s?lida e a premissa intrigante."     --Publishers Weekly Livros de Morgan Rice DAS COROAS E GL?RIA ESCRAVA, GUERREIRA E RAINHA (Livro n?1) REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro n?1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro n?2) O PESO DA HONRA (Livro n?3) UMA FORJA DE VALENTIA (Livro n?4) UM REINO DE SOMBRAS (Livro n?5) A NOITE DOS CORAJOSOS (Livro n?6) O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro n?1) UMA MARCHA DE REIS (Livro n?2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro n?3) UM GRITO DE HONRA (Livro n?4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro n?5) UMA CARGA DE VALOR (Livro n?6) UM RITO DE ESPADAS (Livro n?7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n?8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro n?9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro n?10) UM REINADO DE A?O (Livro n?11) UMA TERRA DE FOGO (Livro n?12) UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro n? 13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro n? 14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro n? 15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n? 16) O PRESENTE DA BATALHA (Livro n? 17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n? 1) ARENA DOIS (Livro n? 2) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro n? 1) AMADA (Livro n? 2) TRA?DA (Livro n? 3) PREDESTINADA (Livro n? 4) DESEJADA (Livro n? 5) COMPROMETIDA (Livro n? 6) PROMETIDA (Livro n? 7) ENCONTRADA (Livro n? 8) RESSUSCITADA (Livro n? 9) ALMEJADA (Livro n? 10) DESTINADA (Livro n? 11) OBCECADA (Livro n? 12) Oi?a REIS E FEITICEIROS na sua edi??o de Audiobook! Amazon (http://www.amazon.com/Rise-Dragons-Kings-Sorcerers-Book/dp/B00V6QDENW/ref=tmm_aud_title_0) Audible (http://www.audible.com/pd/Sci-Fi-Fantasy/Rise-of-the-Dragons-Audiobook/B00V564M7K/ref=a_search_c4_1_1_srImg?qid=1427682648&sr=1-1) iTunes (https://itunes.apple.com/us/audiobook/rise-dragons-kings-sorcerers/id980009660) Quer livros gratuitos? Subscreva a lista de endere?os de Morgan Rice e receba 4 livros gr?tis, 3 mapas gr?tis, 1 aplica??o gr?tis, 1 jogo gr?tis, 1 hist?ria em banda desenhada gr?tis e ofertas exclusivas! Para subscrever, visite: www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com/) Copyright © 2015 por Morgan Rice Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos de Autor dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book ? licenciado para o seu uso pessoal.  Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas.  Se quiser compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio.  Se est? a ler este livro e n?o o comprou, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira a sua pr?pria c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo desta autora. Esta ? uma obra de fic??o.  Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o da autora ou foram usados de maneira fict?cia.  Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. Imagem da capa Copyright Algol, usada com autoriza??o da Shutterstock.com. CAP?TULO UM Duncan atravessava a ?gua que vazava e que lhe batia na barriga das pernas. Ele, ladeado por dezenas dos seus homens, caminhava atrav?s do cemit?rio flutuante. Centenas de cad?veres Pandesianos flutuavam e batiam contra as suas pernas enquanto ele patinhava pelo que restava da inunda??o de Everfall. Tudo o que ele conseguia ver era um mar de corpos de soldados Pandesianos a transbordar do desfiladeiro, sendo arrastados para o deserto com o recuo das ?guas. Era o ar solene da vit?ria. Duncan olhou para o desfiladeiro ainda a expelir cad?veres a cada minuto. Virou-se e olhou para o horizonte, na dire??o de Everfall, onde a enxurrada tinha abrandado e ficado a correr em fio. Lentamente, ele sentiu a emo??o da vit?ria bem dentro de si. Ao redor dele, sussurraram aplausos vitoriosos dos seus homens estupefactos, todos a caminhar pelas ?guas em descren?a, todos lentamente a aperceberem-se que tinham realmente ganho. Contra todas as probabilidades, eles haviam sobrevivido e conquistado a maior legi?o. Leifall tinha sobrevivido, afinal. Duncan sentiu uma onda de gratid?o para com os seus leais soldados, Leifall, Anvin e, acima de tudo, para com o seu filho. Perante as sombrias probabilidades, nenhum tinha recuado com medo. Ouviu-se um barulho distante. Duncan verificou o horizonte ficando muito feliz ao ver Leifall e os seus homens de Leptus, Anvin e Aidan entre eles, com Branco a correr a seus p?s, todos a voltar de Everfall, cavalgando de volta para se juntarem a eles. O pequeno ex?rcito de Leifall juntou-se-lhes. Eram centenas de homens, com os seus gritos de triunfo aud?veis mesmo a partir dali. Duncan olhou para tr?s, para norte, avistando no horizonte distante um mundo preenchido de preto. Ali, talvez ? dist?ncia de um dia de viagem, estava o que restava do ex?rcito Pandesiano, reunindo-se, preparando-se para vingar a sua derrota. Duncan sabia que da pr?xima vez eles n?o iam atacar com dez mil homens, mas sim com cem mil. Duncan sabia que o tempo era curto. Ele tinha tido sorte uma vez, mas n?o havia qualquer hip?tese de ele conseguir resistir a um ataque de centenas de milhares de soldados, nem mesmo com todos os estratagemas do mundo. E ele tinha esgotado todos os seus estratagemas. Ele precisava rapidamente de uma nova estrat?gia. Os seus homens juntaram-se a ele. Duncan, olhando para todas as suas faces duras e s?rias, sabia que aqueles grandes guerreiros procuravam nele a sua lideran?a. Ele sabia que qualquer decis?o que ele tomasse a seguir afet?-lo-ia n?o apenas a ele, mas a todos aqueles grandes homens – na verdade, afetaria todo o destino de Escalon. Ele devia-lhes uma escolha sabia. Duncan dava voltas ? sua cabe?a procurando uma solu??o, ponderando todas as ramifica??es de qualquer movimento estrat?gico. Todos os movimentos acarretavam um grande risco, todos tinham repercuss?es tem?veis e todos eram ainda mais arriscados do que o que tinha feito ali no desfiladeiro. "Comandante?", ouviu-se uma voz. Duncan virou-se e viu o rosto s?rio de Kavos, olhando para ele com respeito. Atr?s dele, centenas de homens olharam tamb?m. Estavam todos ? espera de orienta??es. Eles tinham-no seguido at? ? beira do precip?cio e tinham sobrevivido. Eles confiavam em si. Duncan assentiu, respirando profundamente. "Se nos encontrarmos com os Pandesianos em campo aberto, perdemos", come?ou ele. "Eles continuam a ser mais do que n?s, numa desvantagem de cem para um. Eles tamb?m est?o menos cansados, mais armados e equipados. Estar?amos todos mortos ao cair do sol." Duncan suspirou, com os seus homens presos a cada palavra sua. "No entanto, n?o podemos fugir. Nem devemos", continuou ele. "Com os trolls tamb?m a atacar e os drag?es a circular, n?o temos tempo para nos escondermos, para combater uma guerra de guerrilha. E escondermo-nos n?o ? o nosso caminho. Precisamos de uma estrat?gia ousada, r?pida e decisiva para derrotar os invasores e libertar o nosso pa?s deles de uma vez por todas." Duncan ficou em sil?ncio durante algum tempo, ponderando acerca da tarefa quase imposs?vel que tinha pela frente. Ele s? conseguia ouvir o som do murm?rio do vento que se agitava desde o deserto. "O que prop?es, Duncan?", intercedeu Kavos por fim. Ele olhou para Kavos com intensidade, comprimindo e descomprimindo a sua alabarda, enquanto as palavras dele ecoavam na sua cabe?a. Ele devia a estes grandes guerreiros uma estrat?gia. Uma maneira n?o apenas para sobreviver – mas uma vit?ria. Duncan analisou o terreno de Escalon. Ele sabia que todas as batalhas eram ganhas no terreno e o facto de ele conhecer o terreno da sua p?tria era, talvez, a ?nica vantagem que lhe restava nesta guerra. Ele pensou em todos os lugares em Escalon onde o terreno pudesse oferecer uma vantagem natural. Teria mesmo de ser um lugar muito especial, um lugar onde alguns milhares de homens pudessem lutar contra centenas de milhares. Havia poucos lugares em Escalon – poucos lugares em qualquer lugar – que permitissem isso. No entanto, enquanto Duncan se recordava das lendas e contos entranhados em si pelo seu pai e pelo seu av?, enquanto se recordava de todas as grandes batalhas que tinha estudado desde os tempos antigos, a sua mente voltou-se para as batalhas mais heroicas, mais ?picas, para as batalhas de poucos contra muitos. Insistentemente, a sua mente voltava-se apenas para um s? lugar: Ravina do Diabo. O lugar de her?is. O lugar onde poucos homens tinham derrotado um ex?rcito, onde todos os grandes guerreiros de Escalon tinham sido testados. A ravina tinha a passagem mais estreita em todo o territ?rio de Escalon e era, talvez, o ?nico lugar na terra onde o terreno definia a batalha. Uma parede de ?ngremes penhascos e montanhas encontrava-se com o mar, deixando apenas um corredor estreito por onde passar, formando a ravina que tinha levado mais do que algumas vidas. Isso for?ava os homens a passar numa ?nica fila. Isso for?ava os ex?rcitos a passar numa ?nica fila. Criava um estrangulamento onde alguns guerreiros, se bem colocados e heroicos o suficiente, podiam lutar contra um ex?rcito inteiro. Pelo menos, de acordo com as lendas. "A Ravina", respondeu Duncan finalmente. Todos os olhos se arregalaram. Lentamente, eles acenaram de volta em respeito. A ravina era uma decis?o s?ria; era um lugar de ?ltimo recurso. Era um lugar para onde se ia quando n?o havia outro lugar para ir, um lugar onde os homens morriam ou sobreviviam, um lugar onde a terra se perdia ou se salvava. Era um lugar de lenda. Um lugar de her?is. "A ravina", disse Kavos, abanando a cabe?a durante algum enquanto co?ava a barba. "Forte. No entanto, continua a haver um problema." Duncan olhou para ele. "A ravina est? projetada para manter os invasores fora – e n?o dentro", ele respondeu. "Os Pandesianos j? l? est?o. Pod?amos, talvez, bloquear a ravina e mant?-los l?. Mas n?s queremo-los fora." "Nunca, uma vez sequer no tempo dos nossos antepassados, um ex?rcito invasor, ao atravessar a ravina, foi for?ado a sair por l? novamente. ? demasiado tarde. Eles j? passaram por l?.", Brampton acrescentou. Duncan assentiu, tendo os mesmos pensamentos. "Eu considerei isso", ele respondeu. "No entanto, h? sempre um caminho. Talvez possamos atra?-los de volta pela ravina, para o outro lado. E, depois, assim que eles estiverem a sul, podemos isol?-la e marcar a nossa posi??o." Os homens olhavam para ele, claramente confusos. "E como prop?es que fa?amos isso?", perguntou Kavos. Duncan puxou da espada, encontrou uma mancha seca de areia, chegou-se ? frente e come?ou a desenhar. Os homens reuniram-se todos ? sua volta enquanto a sua l?mina riscava a areia. "Alguns de n?s vamos atra?-los", disse ele, desenhando uma linha na areia. "Os outros v?o esperar no outro lado, preparados para vedar a ravina. Vamos fazer com que os Pandesianos pensem que nos est?o a perseguir, que estamos a fugir. O meu ex?rcito, assim que passar, pode circundar de volta, pelos t?neis, voltar a este lado da Ravina e ved?-la. Podemos, ent?o, todos juntos marcar uma posi??o." Kavos abanou a cabe?a. "E o que te faz pensar que Ra enviar? o seu ex?rcito por essa ravina?" Duncan sentiu-determinado. "Eu entendo Ra", ele respondeu. "Ele anseia pela nossa destrui??o. Ele anseia por uma vit?ria completa e total. Isso vai apelar ? sua arrog?ncia e, para isso, ele ir? enviar todo o seu ex?rcito atr?s de n?s." Kavos abanou a cabe?a. "Os homens que os atra?rem a vir pela ravina", disse ele, "ficar?o expostos. Ser? quase imposs?vel voltar a tempo pelos t?neis. Aqueles homens, provavelmente, ficar?o encurralados e morrer?o." Duncan assentiu com a cabe?a, seriamente. "? por isso que eu pr?prio vou liderar esses homens", disse ele. Olharam todos para ele com respeito. Co?aram as suas barbas, com os seus rostos aflitos de preocupa??o e d?vida, todos claramente apercebendo-se o qu?o arriscado era. "Talvez possa funcionar", disse Kavos. "Talvez possamos atrair as for?as Pandesianas e talvez at? isol?-las. No entanto, mesmo assim, Ra n?o ir? enviar todos os seus homens. Estacionadas aqui est?o apenas as suas for?as do sul. Ele tem outros homens, espalhados por todo o nosso territ?rio. Ele tem um poderoso ex?rcito do norte, guardando o norte. Mesmo que ganh?ssemos esta batalha ?pica, n?o ganhar?amos a guerra. Os seus homens ainda teriam Escalon." Duncan acenou de volta, pensando o mesmo. "? por isso que devemos dividir as nossas for?as", ele respondeu. "Metade de n?s vai para a ravina, enquanto a outra metade vai para norte atacar o ex?rcito do norte de Ra. Liderados por ti." Kavos olhou para ele com surpresa. "Se quisermos libertar Escalon, devemos faz?-lo imediatamente", acrescentou Duncan. "Tu vais liderar a batalha no norte. Leva-os para a tua p?tria, para Kos. Leva a luta para as montanhas. Ningu?m consegue lutar l? t?o bem quanto tu." Kavos assentiu, claramente gostando da ideia. "E tu, Duncan?", perguntou ele, em retorno, com uma voz de preocupa??o. "Sendo as minhas hip?teses t?o baixas no norte, as tuas hip?teses na ravina s?o muito piores." Duncan assentiu e sorriu, agarrando o ombro de Kavos. "Melhores hip?teses para a gl?ria, ent?o", ele respondeu. Kavos sorriu-lhe de volta em admira??o. "Ent?o e a frota Pandesiana?", entrou Seavig na conversa, dando um passo para a frente. "Mesmo agora eles det?m o porto de Ur. Escalon n?o consegue ser livre, enquanto eles possu?rem os mares." Duncan assentiu para o seu amigo, colocando-lhe a m?o no ombro. "? por isso que deves levar os teus homens e ir para o litoral", Duncan respondeu. "Usa a nossa frota escondida e navega at? ao norte, ? noite, pelo Arrependimento acima. Navega para Ur e, com ast?cia suficiente, talvez consigas derrot?-los." Seavig olhava para ele, esfregando a barba, com os seus olhos a brilhar com mal?cia e ousadia. "Tu tens no??o que teremos uma d?zia de navios contra mil", disse. Duncan concordou e Seavig sorriu. "Eu sabia que havia uma raz?o para eu gostar de ti", Seavig respondeu. Seavig montou-se no seu cavalo, seguido pelos seus homens. Ele partiu sem mais nenhuma palavra, levando-os a todos pelo deserto, para oeste na dire??o do mar. Kavos deu um passo ? frente, agarrou o ombro de Duncan e olhou-o nos olhos. "Eu sempre soube que ambos morrer?amos por Escalon", disse ele. "Eu s? n?o sabia que iria morrer de uma forma t?o gloriosa. Deve ser uma morte merecedora dos nossos antepassados. Agrade?o-te por isso, Duncan. Deste-nos um grande presente." "E eu agrade?o-te a ti", Duncan respondeu. Kavos virou-se, acenou para os seus homens e sem outra palavra, montaram-se todos nos seus cavalos e partiram, indo para norte, para Kos. Partiram todos com ?vidos gritos, levantando uma grande nuvem de p?. Isso deixou Duncan parado ali sozinho com v?rias centenas de homens, todos a olhar para si ? espera de orienta??es. Ele virou-se e olhou para eles. "Leifall aproxima-se", disse ele, observando-os perto no horizonte. "Quando eles chegarem, vamos todos cavalgar na dire??o da ravina como um s?." Duncan ia a montar-se no seu cavalo, quando, de repente, uma voz cortou o ar: "Comandante!" Duncan virou-se na dire??o oposta e ficou chocado com o que viu. Vinda de leste, uma figura solit?ria aproximava-se, andando pelo deserto em dire??o a eles. O cora??o de Duncan batia com for?a ao observ?-la. N?o podia ser poss?vel. Os seus homens separaram-se por todos os lados enquanto ela se aproximava. Duncan ficou emocionado e, lentamente, sentiu os olhos a encherem-se de l?grimas de alegria. Ele mal podia acreditar. Aproximando-se dele, como uma apari??o vinda do deserto, estava a sua filha. Kyra. Kyra caminhava em dire??o a eles, sozinha, com um sorriso no rosto, indo diretamente para ele. Duncan estava perplexo. Como ? que ela tinha ali chegado? O que ? que ela estava a fazer ali? Porque ? que ela estava sozinha? Teria ela andado todo aquele caminho? Onde estava Andor? Onde estava o seu drag?o? Nada daquilo fazia qualquer sentido. E, no entanto, ali estava ela, ao vivo. A sua filha tinha voltado para ele. V?-la fazia-o sentir como se a sua alma estivesse a ser restaurada. Tudo parecia certo no mundo, mesmo que apenas por um momento. "Kyra", disse ele, dando ansiosamente um passo ? frente. Os soldados afastaram-se e Duncan caminhou para a frente, sorrindo, estendendo os bra?os, ansioso por abra??-la. Ela sorriu tamb?m, estendendo os bra?os enquanto caminhava em dire??o a ele. Apenas saber que ela estava viva fazia com que toda a sua vida valesse a pena. Duncan deu os ?ltimos passos, t?o entusiasmado por abra??-la. Quando ela se aproximou e o abra?ou, ele abra?ou-a tamb?m. "Kyra", ele desatou a chorar. "Est?s viva. Voltaste para mim." Ele conseguia sentir as l?grimas a escorrerem-lhe pela cara, l?grimas de alegria e al?vio. No entanto, estranhamente, enquanto a abra?ava, ela estava quieta, em sil?ncio. Lentamente, Duncan come?ou a aperceber-se que algo estava errado. Numa fra??o de segundo antes dele se aperceber, o seu mundo encheu-se de uma dor dilacerante. Duncan engasgou-se, incapaz de recuperar o f?lego. As suas l?grimas de alegria rapidamente se transformaram em l?grimas de dor, ao ficar sem f?lego. Ele n?o conseguia processar o que estava a acontecer; em vez de um abra?o amoroso, ele sentiu uma fria haste de a?o a perfurar-lhe as costelas, entrando por si adentro. Ele sentiu calor no seu est?mago, sentindo-se entorpecido, incapaz de respirar, de pensar. A dor era t?o cega, t?o abrasadora, t?o inesperada. Ele olhou para baixo e viu um punhal no seu cora??o, ficando ali em choque. Ele olhou para Kyra nos olhos. Pior do que a pr?pria dor, era a dor da sua trai??o. Morrer n?o o incomodava. Mas morrer pela m?o da sua filha destro?ava-o. Ao sentir o mundo a girar por baixo dele, Duncan pestanejou, perplexo, tentando entender porque ? que a pessoa que ele mais amava no mundo o iria trair. No entanto, Kyra apenas sorria, sem mostrar qualquer remorso. "Ol?, Pai", disse ela. "? t?o bom ver-te novamente." CAP?TULO DOIS Alec estava na boca do drag?o, a segurar a Espada Inacabada com as m?os tr?mulas, atordoado, enquanto o sangue do drag?o esguichava para cima dele como uma cascata. Ele olhou por entre as fileiras de dentes afiados, cada um t?o grande quanto ele, preparando-se enquanto o drag?o ca?a a pique no oceano. Ele sentiu o seu est?mago a sair-lhe pela garganta quando as ?guas geladas da Ba?a da Morte se apressaram a cumpriment?-lo. Ele sabia que se n?o morresse com o impacto, seria esmagado pelo peso do drag?o morto. Alec, ainda em choque por ter conseguido matar aquela grande besta, sabia que o drag?o, com todo o seu peso e velocidade, iria afundar-se no fundo da Ba?a da Morte, levando-o com ele. A Espada Inacabada poderia matar um drag?o – mas nenhuma espada poderia parar a sua descida. Pior, as mand?bulas do drag?o, agora relaxadas, aproximavam-se dele ? medida que os seus m?sculos relaxavam, apertando-se para formar uma jaula de onde Alec nunca conseguiria escapar. Ele sabia que tinha de agir r?pido para ter alguma hip?tese de sobreviv?ncia. Enquanto o sangue esguichava na sua cabe?a desde o c?u-da-boca do drag?o, Alec extraiu a espada e, com as mand?bulas quase fechadas, preparou-se e saltou. Ele gritou ao cair pelo ar gelado, com os dentes afiados do drag?o a rasparem-lhe as costas, cortando a sua carne. A sua camisa ficou presa num dente do drag?o e, por um momento, ele achou que n?o iria conseguir. Atr?s de si ouviu as grandes mand?bulas a fecharem-se, sentiu a sua camisa a rasgar-se e um peda?o a arrancar-se – e finalmente, ele entrou em queda livre. Alec agitava-se ao cair pelo ar, preparando-se para as negras e turbulentas ?guas abaixo. De repente, ouviu-se um chap?o. Alec entrou em choque ao mergulhar nas ?guas geladas, com a temperatura impedi-lo de respirar. A ?ltima coisa que ele viu ao olhar para cima foi o corpo morto do drag?o a cair perto dele, prestes a afetar a ba?a. O corpo do drag?o atingiu a superf?cie com um estrondo horr?vel, provocando ondas enormes de ?gua em todas as dire??es. Felizmente, por pouco n?o acertou em Alec. A onda fez-se em crista para longe do cad?ver do drag?o, transportando Alec para uns bons vinte p?s de dist?ncia antes de parar – e, ent?o, para pavor de Alec, come?ou a sugar para baixo tudo ? sua volta num remoinho gigante. Alec nadava com todas as suas for?as para escapar, mas n?o conseguia. Mesmo tentando, quando deu por ele, estava a ser sugado para as profundezas do imenso remoinho. Alec nadava o melhor que conseguia, ainda a segurar a espada, j? a uns bons vinte p?s abaixo da superf?cie, batendo os p?s e mergulhando nas ?guas geladas. Ele batia os p?s para a superf?cie, desesperado, com a luz do sol a brilhar l? de cima. Ao faz?-lo, ele viu tubar?es enormes a nadar na sua dire??o. Ele tinha acabado de avistar o casco do navio a flutuar nas ?guas l? em cima e sabia que tinha pouco tempo para conseguir faz?-lo se quisesse sobreviver. Com um ?ltimo bater de p?s, Alec finalmente chegou ? superf?cie, arfando com falta de ar; pouco depois, sentiu umas m?os fortes a agarrarem-no. Ele olhou para cima e viu Sovos a pux?-lo para bordo do navio e, um segundo depois, ele estava no ar, ainda a segurar a espada. No entanto, de soslaio, ele apercebeu-se de movimento. Virou-se e viu um enorme tubar?o vermelho a saltar para fora da ?gua, atirando-se para a sua perna. N?o havia tempo. Alec sentiu o zumbido da espada na sua m?o, dizendo-lhe o que fazer. Ele nunca havia sentido aquilo. Ele deu balan?o e gritou ao baix?-la com toda a sua for?a, usando as duas m?os. Seguiu-se o som do a?o a cortar carne e Alec observou em choque a Espada Inacabada a cortar ao meio o enorme tubar?o. As ?guas vermelhas rapidamente se encheram de tubar?es a comer os peda?os. Outro tubar?o saltou para os seus p?s, mas desta vez Alec sentiu-se a ser puxado para o alto, caindo no conv?s com um estrondo. Ele rebolou e gemeu, cheio de dores e contus?es. Respirou fundo, aliviado, extenuado, todo molhado. Algu?m, imediatamente, o cobriu com um cobertor. "Como se matar um drag?o n?o fosse suficiente", disse Sovos com um sorriso, de p? ao p? dele, entregando-lhe um cantil de vinho. Alec deu um longo gole que lhe aqueceu o est?mago. O navio estava repleto de soldados, todos num animado estado ca?tico. Alec n?o estava surpreendido: afinal, n?o era com frequ?ncia que um drag?o era derrubado por uma espada. Ele olhou e viu no conv?s, no meio da multid?o, Merk e Lorna, claramente resgatados da ?gua antes. Merk olhou para ele como um patife, possivelmente, um assassino, enquanto Lorna estava encantadora, com uma qualidade et?rea. Ambos estavam a pingar e pareciam atordoados e felizes por estarem vivos. Alec reparou que todos os soldados estavam a olhar para ele, boquiabertos. Em choque, levantou-se lentamente ao aperceber-se ele mesmo do que acabara de alcan?ar. Eles olhavam para a espada que lhe pingava da m?o e para ele como se ele fosse um deus. Ele pr?prio n?o conseguia deixar de olhar para a espada, sentindo o seu peso na m?o, como se fosse uma coisa com vida. Ele olhou para o misterioso metal brilhante, como se fosse um objeto estranho e reviveu na sua mente o momento em que tinha esfaqueado o drag?o e o seu choque quando a espada perfurou a sua carne. Ele estava maravilhado com o poder daquela arma. Talvez ainda mais do que isso, Alec n?o podia deixar de se perguntar quem ? que ele era. Como ? que ele, um simples rapaz de uma simples aldeia, era capaz de matar um drag?o? O que ? que o destino lhe reservava? Ele come?ara a sentir que n?o seria um destino comum. Alec ouviu o estalar de um milhar de mand?bulas. Olhou sobre a amurada e viu um grupo de tubar?es vermelhos agora a deleitarem-se com a enorme carca?a do drag?o, que flutua ? superf?cie. As ?guas negras da Ba?a da Morte estavam agora vermelho-sangue. Alec observava a carca?a a flutuar, tomando consci?ncia de que tinha mesmo feito aquilo. De alguma forma, ele havia matado um drag?o. Ele, sozinho, em todo o Escalon. Gritos altos enchiam o c?u. Alec olhou para cima e viu mais dezenas de drag?es a circular ao longe, expirando grandes colunas de chamas, ?vidos por vingan?a. Embora todos eles olhassem para ele, alguns pareciam ter medo de se aproximarem. V?rios afastaram-se do grupo a voar quando viram o seu companheiro drag?o a flutuar morto na ?gua. Outros, no entanto, guincharam em f?ria e desceram a pique na dire??o dele. Ao v?-los descer a pique, Alec n?o ficou ? espera. Correu para a popa, saltou para cima da amurada, e enfrentou-os. Ele sentia o poder da espada a correr-lhe o corpo, incitando-o. Ali ele sentia uma nova determina??o de a?o. Ele sentia como se a espada o estivesse a dirigir. Ele e a arma eram agora um. O grupo de drag?es desceu diretamente na sua dire??o. Um drag?o enorme com olhos verdes brilhantes liderava-os, guinchando enquanto expelia chamas para baixo. Alec ergueu bem alto a espada, sentindo a vibra??o na sua m?o, dando-lhe coragem. Ele sabia que o pr?prio destino de Escalon estava em jogo. Alec sentiu uma onda de coragem que nunca tinha conhecido e soltou, ele pr?prio, um grito de guerra; ao faz?-lo, a espada tornou-se incandescente. Uma intensa explos?o de luz disparou para a frente, erguendo-se, parando a parede de chamas a meio caminho no c?u. A luz continuou at? fazer a chama reverter o trajeto e, quando Alec golpeou novamente com a espada, o drag?o guinchou ao ficar retido na pr?pria coluna de chamas. Numa grande bola de fogo, o drag?o guinchou e agitou-se ao cair e mergulhar nas ?guas. Outro drag?o desceu a pique e, novamente, Alec levantou a espada, parando a parede de chamas, matando-o. Outro drag?o desceu e, ao faz?-lo, baixou as suas garras, como se para colher Alec para cima. Alec virou-se, golpeou e ficou chocado ao ver que a espada tinha cortado as pernas do drag?o. O drag?o guinchou e, no mesmo movimento, Alec deu balan?o novamente, golpeando-o de lado, abrindo um corte enorme. O drag?o caiu no oceano e, agitando-se ali, incapaz de voar, ele foi atacado por um grupo enorme de tubar?es. Outro drag?o, pequeno e vermelho, desceu do outro lado, com as mand?bulas bem abertas – e desta vez Alec deixou que os seus instintos o guiassem e saltou para o ar. A espada deu-lhe poder. Ele saltou mais alto do que poderia imaginar, sobre a cabe?a do drag?o, pousando nas suas costas. O drag?o guinchava e resistia, mas Alec mantinha-se firme. O drag?o n?o conseguiria acabar com ele. Alec sentia-se mais forte do que o drag?o, capaz de comand?-lo. "Drag?o!", gritou ele. "Eu ordeno-te! Atacar!" O drag?o n?o teve outra escolha sen?o virar-se e voar para cima, diretamente na dire??o do grupo de drag?es que desciam, uma d?zia deles ainda a descer. Alec enfrentou-os sem medo, voando para cima na dire??o deles, segurando a espada diante dele. Ao encontrarem-se no c?u, Alec golpeou com a espada uma e outra vez, com uma for?a e velocidade que ele n?o sabia que possu?a. Ele cortou uma asa de um drag?o e, depois, cortou a garganta de outro, esfaqueando depois outro de lado no pesco?o. Em seguida, girou e cortou a cauda de outro. Um de cada vez, os drag?es ca?am a pique pelo c?u, colidindo com as ?guas, causando um remoinho na ba?a l? em baixo. Alec n?o abrandou. Ele atacava o grupo sem parar, cruzando os c?us, sem nunca recuar. Apanhado no turbilh?o, ele mal se apercebeu quando, por fim, os poucos drag?es que restavam viraram-se, guincharam e afastaram-se, a voar, com medo. Alec mal podia acreditar. Drag?es. Com medo. Ele olhou para baixo. Viu o qu?o alto estava, viu a Ba?a da Morte l? em baixo, viu centenas de navios, a maioria em chamas e milhares de trolls a flutuar, mortos. A Ilha de Knossos, estava, tamb?m, em chamas, com a sua grande fortaleza em ru?nas. O caos e a destrui??o estavam espalhados por todos os lados. Alec viu a sua frota e conduziu o drag?o mais para baixo. Ao aproximarem-se, Alec levantou a espada e mergulhou-a nas costas do drag?o. Ele gritou e come?ou a cair e, ao aproximarem-se da ?gua, Alec saltou e caiu nas ?guas ao lado do navio. Imediatamente, atiraram-lhe cordas e Alec foi i?ado para dentro. Ao aterrar no conv?s, desta vez, ele n?o tremeu. Ele j? n?o sentia frio, nem estava cansado, nem fraco, nem com medo. Em vez disso, ele sentia um poder que nunca tinha sentido. Ele sentia-se cheio de coragem, com for?a. Ele sentia-se a renascer. Ele tinha matado um bando de drag?es. E, agora, nada em Escalon o podia impedir. CAP?TULO TR?S Ves?vio, despertado pela sensa??o de garras afiadas a rastejarem na parte de tr?s da sua m?o, abriu um olho, com o outro ainda fechado. Olhou para cima, desorientado e deu por si deitado de cara na areia, com as ondas do mar a rebentarem atr?s dele e a ?gua gelada a tocar-lhe na parte de tr?s das pernas. Ele recordou-se. Ap?s aquela batalha ?pica ele tinha sido levado at? as margens da Ba?a da Morte; ele indagava-se quanto tempo teria estado deitado ali, inconsciente. A mar? estava agora lentamente a rastejar preparando-se para lev?-lo, se ele n?o tivesse despertado. No entanto, n?o foi o frio das ?guas que o acordou – mas sim a criatura na sua m?o. Ves?vio olhou para a sua m?o, estendida sobre a areia, vendo um grande caranguejo roxo a espetar uma pin?a na sua m?o, arrancando um pequeno peda?o da sua carne. Demorou o seu tempo, como se Ves?vio fosse um cad?ver. Cada vez que o fazia, Ves?vio sentia uma onda de dor. Ves?vio n?o podia culpar a criatura; olhou ? volta e viu milhares de cad?veres espalhados por toda aquela praia, os restos do seu ex?rcito de trolls. Estavam todos ali estendidos, cobertos pelos caranguejos roxos, com o barulho das suas pin?as a preencher o ar. O fedor de trolls em decomposi??o oprimia-o, fazendo-o quase vomitar. Aquele caranguejo na sua m?o era claramente o primeiro que tinha ousado aventurar-se at? Ves?vio. Os outros provavelmente sentiam que ele ainda estava vivo e aguardavam o seu momento. No entanto, aquele valente caranguejo tinha arriscado. Dezenas de outros estavam agora a ir na sua dire??o, tentando seguir o seu l?der. Ves?vio sabia que em pouco tempo, ele estaria coberto, a ser comido vivo por este pequeno ex?rcito – se ele n?o fosse primeiro sugado para o mar pelas g?lidas mar?s da Ba?a da Morte. Sentindo repentinamente uma onda de raiva, Ves?vio estendeu a sua m?o livre, agarrou o caranguejo roxo e, lentamente, apertou-o. O caranguejo tentou fugir – mas Ves?vio n?o iria permitir que ele o fizesse. O caranguejo agitava-se descontroladamente, tentando alcan?ar Ves?vio com as suas tenazes, mas ele agarrava-o com firmeza, impedindo-o de girar ?s voltas. Ele apertou com mais for?a, lentamente, demorando o seu tempo, tendo grande prazer em infligir-lhe dor. A criatura guinchava, sibilando um horr?vel barulho estridente, enquanto Ves?vio lentamente apertava a m?o. At? que, por fim, o caranguejo rebentou. Ves?vio ouviu, com satisfa??o, a concha a estalar. Sangue roxo pingava-lhe da m?o. Ele deixou-o cair, esmagando-se em polpa. Ves?vio ergueu-se sobre um joelho, ainda tr?mulo e, ao faz?-lo, dezenas de caranguejos fugiram depressa, claramente em choque por ver o morto a erguer-se. Uma rea??o em cadeia come?ou e, enquanto ele se levantava, milhares de caranguejos dispersaram, deixando a praia vazia enquanto Ves?vio dava os primeiros passos em terra. Ele caminhava pelo cemit?rio e, lentamente, veio tudo ? sua mem?ria. A batalha de Knossos. Ele havia estado a vencer, a ponto de destruir Lorna e Merk, quando aqueles drag?es chegaram. Ele lembrava-se de ter ca?do da ilha; de perder o seu ex?rcito; recordava-se da sua frota a arder; e, por fim, de quase se afogar. Tinha sido uma derrota e ele ardia de vergonha ao pensar nisso. Virou-se e olhou para tr?s para a ba?a, o lugar da sua derrota, vendo, ao longe, a Ilha de Knossos ainda em chamas. Ele via os restos da sua frota, a flutuar, feita em peda?os, algumas partes de navios ainda em chamas. E ent?o ele ouviu um guincho l? no alto. Olhou para cima e pestanejou. Ves?vio n?o podia conceber o que via ? sua frente. N?o podia ser. Estavam drag?es a cair do c?u, caindo a pique na ba?a, im?veis. Mortos. L? bem em cima, ele viu um homem solit?rio a montar um, lutando contra todos eles enquanto se agarrava ? parte de tr?s de um drag?o, empunhando uma espada. Por fim, o resto do bando virou-se e fugiu. Ele olhou de volta para as ?guas e viu, no horizonte, dezenas de navios, com as bandeiras esvoa?antes das Ilhas Perdidas. Ele viu o homem a cair do ?ltimo drag?o e a voltar para os navios. Ele viu a mi?da, Lorna, o assassino, Merk. Saber que eles haviam sobrevivido deixava-o furioso. Ves?vio olhou novamente para a costa e ao examinar a sua na??o de trolls morta, comida por caranguejos ou levada pela mar? e comida por tubar?es, ele sentiu-se mais sozinho do que nunca. Ele apercebeu-se em choque que era o ?nico sobrevivente do ex?rcito que tinha trazido. Ves?vio virou-se e olhou para norte, para a parte continental da Escalon. Ele sabia que algures longe para norte, as Chamas tinham sido reduzidas. Agora, o seu povo estaria a deixar Marda, invadindo Escalon, com milh?es de trolls a migrar para sul. Afinal de contas, Ves?vio tinha conseguido chegar ? Torre de Kos e destru?do a Espada de Chamas. Certamente, naquele momento, a sua na??o tinha j? atravessado e estava a desfazer Escalon em peda?os. Eles precisavam de lideran?a. Eles precisavam dele. Ves?vio podia ter perdido aquela batalha – mas, ele tinha de se lembrar que tinha ganho a guerra. O seu maior momento de gl?ria, o momento pelo qual ele tinha aguardado a sua vida inteira, ainda estava ? sua espera. Havia chegado a hora de ele reclamar o manto, de liderar o seu povo na vit?ria total e completa. Sim, pensou, ao ficar mais direito, sacudindo a dor, as feridas, o frio congelante. Ele havia conseguido aquilo para o qual ele tinha ido. Iria deixar a mi?da e o seu povo agitarem-se no oceano. Afinal de contas, ele tinha a destrui??o de Escalon diante de si. Ele podia sempre regressar e mat?-la mais tarde. Ele sorriu com o pensamento. Ele iria mat?-la de facto. Ele iria despeda??-la membro por membro. Ves?vio desatou ent?o a correr, uma corrida de pleno direito. Ele iria dirigir-se para norte. Ele encontraria a sua na??o. E ele iria lider?-los na maior batalha de todos os tempos. Estava na hora de destruir Escalon de uma vez por todas. Em breve, Escalon e Marda seriam um. CAP?TULO QUATRO Kyle assistia admirado ao alargamento da fissura na terra, com milhares de trolls a cair para a sua morte, agitando-se, na dire??o das profundezas da terra. Alva estava por perto, de bast?o erguido de onde brilhavam intensos raios de luz, t?o intensos que Kyle tinha de proteger os olhos. Ele estava a destruir o ex?rcito de trolls, sozinho, protegendo o norte. Kyle tinha lutado com tudo o que tinha, assim como Kolva a seu lado. Como tinham acabado com dezenas de trolls em ferozes combates corpo-a-corpo antes de cair feridos, os seus recursos eram limitados. Alva era a ?nica coisa que impedia os trolls de invadir Escalon. Os trolls logo perceberam que a fissura estava a mat?-los e pararam do outro lado, a cinquenta p?s de dist?ncia, percebendo que n?o podiam mais avan?ar. Olharam para Alva, Kolva, Kyle, Dierdre e Marco, com uma olhar de frustra??o. A fissura continuava a alastrar na dire??o deles e eles voltaram-se e, em p?nico, fugiram. Pouco depois, o grande estrondo afastou-se e tudo ficou em sil?ncio. A mar? de trolls tinha parado. Estavam a fugir de volta para Marda? Reagrupando-se para invadir outro lugar? Kyle n?o conseguia ter a certeza. Quando tudo se acalmou, Kyle permaneceu ali, na agonia causada pelos seus ferimentos. Ele observou Alva a baixar lentamente o seu bast?o e a luz a escurecer ao redor dele. Alva, em seguida, virou-se para ele, estendeu a palma da sua m?o e colocou-a na testa de Kyle. Este sentiu uma onda de luz a entrar no seu corpo, sentindo-se a aquecer, a ficar mais leve e, em pouco tempo, sentiu-se completamente curado. Sentou-se, em choque, sentindo-se novamente ele – e transbordando de gratid?o. Alva ajoelhou-se ao lado de Kolva, colocou a m?o no est?mago e curou-o tamb?m. Pouco depois, Kolva levantou-se, claramente surpreendido por estar recuperado, com um brilho nos seus olhos. Dierdre e Marco foram os pr?ximos e, quando Alva colocou as suas m?os neles, eles tamb?m ficaram curados. Ele aproximou o seu bast?o e tocou em Leo e Andor, tamb?m. Eles levantaram-se, todos curados pelo poder m?gico de Alva antes que os seus ferimentos acabassem de vez com eles. Kyle ficou ali, espantado, testemunhando em primeira m?o o poder deste ser m?gico sobre quem ele s? tinha ouvido rumores durante a maior parte da sua vida. Ele sabia que estava na presen?a de um verdadeiro mestre. Ele tamb?m sentia que era uma presen?a fugaz; um mestre que n?o podia ficar. "Conseguiste", disse Kyle, cheio de admira??o e gratid?o. "Impediste toda a na??o de trolls." Alva abanou a cabe?a. "Eu n?o impedi", respondeu ele, deliberadamente, com uma voz cautelosa, antiga. "Eu apenas os abrandei. Uma grande e terr?vel destrui??o ainda vem a caminho." "Mas como?", insistiu Kyle. "A fissura – eles nunca poderiam atravess?-la. Tu mataste tantos milhares deles. N?o estamos seguros?" Alva abanou a cabe?a tristemente. "Tu ainda nem come?aste a ver a ponta desta na??o. Muitos mais milh?es v?o ainda avan?ar. A grande batalha come?ou. A batalha que vai decidir o destino de Escalon." Alva atravessou os escombros da Torre de Ur, escolhendo o seu caminho com o seu bast?o. Kyle estudava-o, perplexo, como sempre, por aquele enigma. Ele finalmente virou-se para Dierdre e Marco. "Voc?s anseiam voltar para Ur, n?o ??", perguntou-lhes. Dierdre e Marco acenaram de volta, com um olhar esperan?ado. "Ide", ele ordenou. Eles olharam para ele, claramente perplexos. "Mas n?o resta nada l?", disse ela. "A cidade foi destru?da. Inundada. Os Pandesianos governam-na agora." "Voltar l? seria voltar para as nossas mortes", Marco entrou na conversa. "Por agora," Alva respondeu. "Mas tu vais l? fazer falta em breve, quando a grande batalha chegar." Dierdre e Marco, n?o necessitando de est?mulo, viraram-se, montaram Andor juntos e galoparam para longe, para sul em dire??o ? floresta, de volta para a cidade de Ur. Leo ficou para tr?s, ao lado de Kyle e este acariciou-lhe a cabe?a. "Tu pensas em mim e em Kyra, n?o ? rapaz?", perguntou Kyle a Leo. Leo ganiu-lhe carinhosamente. Kyle poderia dizer que ele ficaria a seu lado, protegendo-o como se ele fosse Kyra. Ele sentia nele um grande parceiro de luta. Kyle olhou para Alva, questionando, quando este se virou e olhou para a floresta ao norte. "E n?s, meu senhor?", perguntou Kyle. "Onde ? que fazemos falta?" "Exatamente aqui", disse Alva. Kyle olhou para o horizonte, juntando-se a ele ao olhar para norte em dire??o a Marda. "Eles est?o a chegar", acrescentou Alva. "E n?s os tr?s somos a ?ltima e derradeira esperan?a." CAP?TULO CINCO Kyra estava inundada de p?nico enquanto lutava na teia de aranha, contorcendo-se, desesperada para ficar livre ? medida que a enorme criatura rastejava para ela. Ela n?o queria olhar, mas n?o conseguia evit?-lo. Virou-se e ficou cheia de medo ao ver uma enorme aranha a sibilar, a rastejar na sua dire??o, com uma enorme perna de cada vez. Esta olhava para ela com os seus enormes olhos vermelhos, elevando as suas longas e pretas pernas felpudas e abrindo a sua larga boca que revelava caninos amarelos, de onde escorria saliva. Kyra sabia que ela tinha apenas alguns momentos para viver – e que esta seria uma maneira horr?vel de morrer. Enquanto se contorcia, Kyra ouvia ? sua volta na teia o barulho de ossos; ela olhou e viu os restos de todas as v?timas que tinham ali morrido antes dela e ela sabia que as suas hip?teses de sobreviv?ncia eram m?nimas. Ela estava presa ? teia e n?o havia nada que conseguisse fazer. Kyra fechou os olhos, sabendo que n?o tinha outra escolha. Ela n?o podia contar com o mundo exterior. Ela tinha de olhar para dentro. Ela sabia que a resposta n?o residia na sua for?a externa, nas suas armas externas. Se ela contasse com o mundo exterior, ela morreria. Internamente, por?m, o seu poder, ela sentia, era vasto, infinito. Ela tinha de tocar na sua for?a interior, tinha de convocar os poderes que ela temia enfrentar. Ela tinha de, por fim, entender o que a motivava, compreender o resultado total de toda a sua forma??o espiritual. Energia. Tinha sido isso que Alva lhe tinha ensinado. Quando confiamosem n?s pr?prios, usamosapenas uma fra??oda nossa energia,uma fra??o donosso potencial.Tocanaenergiado mundo.Todo o universoest? ? espera parateajudar. Corria-lhe nas veias, ela sentia-o. Era algo especial com que ela tinha nascido, que sua m?e tinha passado para ela. Era o poder que corria atrav?s de tudo, como um rio que flui debaixo da terra. Era o mesmo poder em que ela sempre tinha tido dificuldade em confiar. Era a parte mais profunda de si mesma e na qual ela ainda n?o confiava completamente. Era a parte que ela mais temia, mais do que qualquer inimigo. Ela queria chamar a sua m?e, desesperada pela sua ajuda. No entanto, ela sabia que n?o podia alcan??-la ali, naquela terra de Marda. Ela estava totalmente sozinha. Talvez o facto de estar completamente sozinha, dependente de mais ningu?m, fosse a etapa final da sua forma??o. Kyra fechou os olhos, sabendo que era agora ou nunca. Ela sentia que se tinha de tornar maior do que ela pr?pria, maior do que este mundo que ela via ? sua frente. Obrigou-se a concentrar-se na energia dentro de si e, em seguida, na energia ao seu redor. Lentamente, Kyra sintonizou-se. Ela sentia a energia da teia, a energia da aranha; ela conseguia senti-la a correr por si. Lentamente ela permitiu que aquela energia se tornasse uma parte dela. Ela j? n?o lutava contra ela. Ela permitiu-se, em vez disso, unir-se a ela. Kyra sentiu-se a abrandar; ela sentiu o tempo a desacelerar. Ela sintonizou-se no mais ?nfimo pormenor, ouvindo tudo, sentindo tudo ao seu redor. De repente, Kyra sentiu um clar?o de energia. Ela percebeu, pela primeira vez, que todo o universo era um s?. Sentiu todos os muros da separa??o a descerem, sentiu a barreira entre os mundos externos e internos a dissolver-se. Ela sentiu que a pr?pria distin??o era falsa. Ao senti-lo, ela sentiu tamb?m uma onda de energia, como se uma represa se tivesse libertado dentro dela. As palmas das suas m?os ardiam como se estivessem em chamas. Kyra abriu os olhos e viu a aranha, t?o perto agora, a olhar para ela, preparando-se para atacar. Ela virou-se e viu o seu bast?o, a pouca dist?ncia, preso na teia. Esticou-se, n?o duvidando de si mesma. Convocou o bast?o e, ao faz?-lo, ele navegou pelos ares, diretamente para a palma da m?o que o esperava. Ela agarrou-o firmemente. Kyra usou o seu poder, sabendo que ela era mais forte do que tudo o que via ? sua frente e confiou em si mesma. Ao faz?-lo, ela levantou o bra?o, segurando o bast?o que se libertou da teia. Ela rodopiou e, assim que a aranha aproximou os seus caninos, ela alcan?ou-a e espetou o seu bast?o dentro da sua boca. A aranha soltou um horr?vel e estridente ru?do e Kyra empurrou com for?a o bast?o para as profundezas da sua boca, virando-a de lado. A aranha tentou fechar as mand?bulas, mas n?o conseguiu, com o bast?o a manter a sua boca aberta. Mas ent?o, para choque de Kyra, de repente, a aranha fechou as suas mand?bulas, despeda?ando o antigo bast?o em peda?os. Partiu o que n?o se conseguia partir, na sua boca como um palito. Esta besta era mais poderosa do que ela tinha imaginado. A aranha saltou para cima dela e, ao faz?-lo, o tempo abrandou. Kyra sentia que tudo se estava a focar. Sentia, no fundo, que conseguiria libertar-se, que conseguiria ser mais r?pida do que a aranha. Kyra saltou para a frente, libertando-se e rolando na teia; quando os caninos da aranha desceram, rasgaram a teia em vez de a rasgarem a ela. Ao focar, Kyra sentiu, pela primeira vez, um leve zumbido no ar, sentiu algo a cham?-la. Ela virou-se e olhou para o que, do outro lado da teia, a tinha feito viajar at? Marda: o Bast?o da Verdade. Ali estava, alojado num bloco de granito preto, et?reo, a brilhar sob o c?u da meia-noite. Kyra sentiu uma conex?o intensa com o Bast?o da Verdade, sentiu as palmas das suas m?os entorpecidas ao esticar a sua m?o direita. Soltou o maior grito de guerra da sua vida e, ela sabia, ela simplesmente sabia, que o bast?o iria obedecer-lhe. De repente, Kyra sentiu a terra a tremer sob os seus p?s. Ela sabia que estava a extrair a arma para fora do ?mago da terra e, por um momento glorioso, ela j? n?o duvidava de si mesma, dos seus poderes, ou do universo. Seguiu-se um grande barulho, o barulho de pedra a raspar em pedra. Kyra assistiu com espanto quando o bast?o se ergueu devagar, libertando-se do granito. Ergueu-se lentamente e, em seguida, voou pelo ar, com o seu adornado cabo preto a cair diretamente na palma da m?o de Kyra. Ela agarrou-o e ela sentia-se viva. Era como agarrar uma serpente, como agarrar uma coisa viva. Sem hesitar, Kyra girou e baixou-o quando a aranha veio na sua dire??o. O bast?o de repente transformou-se numa l?mina, cortando ao meio a enorme teia. A aranha, a guinchar, caiu no ch?o, claramente atordoada. Kyra girou ? volta e cortou a teia novamente, libertando-se completamente e caindo de p?. Ela segurou o bast?o com as duas m?os acima da cabe?a, assim que a besta a atacou. Enfrentou-a corajosamente, dando um passo para a frente e cortando-a com toda sua for?a com o Bast?o da Verdade. Ela sentiu o bast?o a cortar o grosso corpo da aranha. Esta soltou um guincho terr?vel, ao ser cortada pela metade. Sangue espesso e preto esguichava da aranha que caiu aos seus p?s, morta. Kyra ficou ali, a segurar o bast?o, com os bra?os a tremer, sentindo uma onda de energia diferente de tudo que j? sentira. Ela sentia que tinha mudado naquele momento. Ela sentia que se tinha tornado mais poderosa, que ela nunca mais seria a mesma. Sentia que todas as portas se tinham aberto e que qualquer coisa era poss?vel. Bem l? acima, os c?us trovejaram e os rel?mpagos fizeram um estrondo. Dispararam rel?mpagos escarlate atrav?s das nuvens, deixando-as com faixas, como se a lava estivesse a correr por elas. Em seguida, ouviu-se um enorme rugido e Kyra ficou muito feliz ao ver Theon a irromper pelas nuvens. A barreira, ela persentiu, tinha sido reduzida quando ela puxou o bast?o. Pela primeira vez, ela sabia que ela era a ?nica destinada a mudar tudo. Theon aterrou aos seus p?s e, sem pausa, ela montou-se nas suas costas e eles subiram para o alto. Ressoaram trov?es ao redor deles ? medida que eles voaram pelos c?us, rumo ao sul, para longe de Marda, em dire??o a Escalon. Kyra sabia que tinha descido aos n?veis mais profundos e tinha sa?do vitoriosa, que tinha passado o seu teste final. E agora, com o Bast?o da Verdade ? m?o, ela tinha uma guerra a travar. CAP?TULO SEIS Ao partir, Lorna viu a ilha de Knossos, que ainda ardia, a desaparecer no horizonte. Ela estava destro?ada. Ela estava na proa do navio, agarrando-se ? amurada, com Merk ao seu lado e a frota das Ilhas Perdidas atr?s dela. Ela conseguia sentir todos os olhos postos em si. Aquela amada ilha, que abrigava os Sentinelas, os bravos guerreiros de Knossos, j? n?o existia. Em chamas. O seu glorioso forte destru?do, com todos os seus queridos guerreiros, que tinham montado guarda durante milhares de anos, agora mortos, mortos pela onda de trolls. Exterminada pelo bando de drag?es. Lorna apercebeu-se de movimento e virou-se para ver, aproximando-se dela Alec, o rapaz que tinha matado os drag?es e que finalmente fizera a Ba?a da Morte silenciar-se. Ele ficou ali, t?o atordoado quanto ela, segurando a sua espada. Ela sentiu uma onda de gratid?o para com ele e para com aquela arma que ele segurava nas suas m?os. Ela olhou para a Espada Inacabada, um objeto belo, conseguindo sentir a energia intensa que dela emanava. Lembrou-se da morte dos drag?es. Ela sabia que nas suas m?os ele segurava o destino de Escalon. Lorna estava grata por estar viva. Ela sabia que ela e Merk teriam encontrado um final fatal na Ba?a da Morte se aqueles homens das Ilhas Perdidas n?o tivessem chegado. No entanto, ela tamb?m sentia uma onda de culpa por aqueles que n?o tinham sobrevivido. O que lhe do?a mais era que ela n?o tinha previsto isso. Em toda a sua vida, ela havia previsto tudo, todas as voltas e reviravoltas do destino na sua vida solit?ria de guarda na torre de Kos. Ela tinha previsto a chegada dos trolls, tinha previsto a chegada de Merk e tinha at? previsto a destrui??o da Espada de Chamas. Ela tinha previsto a grande batalha na Ilha de Knossos – mas ela n?o tinha previsto o seu resultado. Ela n?o tinha previsto a ilha em chamas, n?o tinha previsto aqueles drag?es. Ela estava a duvidar dos seus pr?prios poderes e isso incomodava-a mais do que qualquer coisa. Como ? que aquilo podia acontecer? Ela indagava-se. A ?nica resposta poderia ser que o destino de Escalon estava a mudar a cada momento. O que tinha sido escrito h? milhares de anos estava a ser apagado. Ela sentia que o destino de Escalon estava a ser ponderado e estava agora amorfo. Lorna sentiu que todos no navio olhavam para ela, todos a querer saber para onde ir a seguir, todos a querer saber o que o destino lhes reservava enquanto se afastavam de barco da ilha em chamas. Com o mundo a arder em caos, todos procuravam nela a resposta. Ali Lorna fechou os olhos e, lentamente, conseguiu sentir a resposta a surgir de dentro de si, dizendo-lhe onde eles faziam mais falta. Algo estava a obscurecer a sua vis?o, apesar de tudo. Com um sobressalto, ela lembrou-se. Thurn. Lorna abriu os olhos e procurou nas ?guas abaixo, observando cada corpo flutuante que passava, com o mar de cad?veres a bater contra o casco. Os outros marinheiros, tamb?m, estavam ? procura h? horas, examinando os rostos com ela. No entanto, ainda n?o tinham sido bem-sucedidos. "Minha senhora, o navio aguarda o seu comando", Merk incitou delicadamente. "Andamos h? horas ? procura nas ?guas", acrescentou Sovos. "Thurn est? morto. Devemos deix?-lo ir." Lorna abanou a cabe?a. "Eu sinto que ele n?o est?", ela respondeu. "Eu, mais do que ningu?m, desejava que assim fosse," respondeu Merk. "Devo-lhe minha vida. Ele salvou-nos do sopro dos drag?es. No entanto, vimo-lo pegar fogo e cair para o mar." "No entanto, n?o o vimos a morrer", ela respondeu. Sovos suspirou. "Mesmo que, de alguma forma, ele tivesse sobrevivido ? queda, minha senhora, ele n?o poderia ter sobrevivido nestas ?guas", Sovos acrescentou. "Devemos deix?-lo ir. A nossa frota precisa de orienta??o." "N?o", disse ela, perentoriamente, numa voz autorit?ria. Ela conseguia sentir uma premoni??o a crescer dentro dela, um formigamento entre os olhos. Estava-lhe a dizer que Thurn estava vivo l? em baixo, algures no meio dos destro?os, entre os milhares de corpos flutuantes. Lorna observava as ?guas, esperando, desejando, ouvindo. Devia-lhe muito e ela nunca virava costas a um amigo. A Ba?a da Morte estava estranhamente calma, com todos os trolls mortos e os drag?es idos; e, no entanto, ainda carregava um som pr?prio, o uivo cont?nuo do vento, os salpicos de mil carneirinhos, o gemido do navio deles ao ser atingido continuamente. Enquanto ela escutava, as rajadas de vento ficavam mais ferozes. "Uma tempestade forma-se, minha senhora", disse finalmente Sovos. "Temos de velejar. Precisamos de orienta??o." Ela sabia que eles estavam certos. E, no entanto, ela n?o podia desistir. De s?bito, no momento em que Sovos abriu a boca para falar, Lorna sentiu uma onda de excita??o. Ela inclinou-se e viu algo ao longe, balan?ando nas ?guas, a ser levado pelas correntes em dire??o ao navio. Ela sentiu um formigamento no est?mago. Ela sabia que era ele. "ALI!", gritou ela. Os homens correram para a amurada e espreitaram pela borda e todos viram, tamb?m: l? estava Thurn, flutuando na ?gua. Lorna n?o perdeu tempo. Ela deu dois grandes passos, saltou para fora da amurada e mergulhou de cabe?a, caindo vinte p?s pelo ar nas ?guas geladas da ba?a. "Lorna!", gritou Merk atr?s dela, com uma voz de preocupa??o. Lorna viu os tubar?es vermelhos que abundavam l? em baixo e compreendeu a preocupa??o dele. Eles circundavam Thurn, mas ela viu que apesar de eles o espica?arem, ainda n?o tinham sido capazes de furar a sua armadura. Ela apercebeu-se que Thurn tinha tido sorte por ainda estar na sua armadura, a ?nica coisa que lhe estava a salvar a vida – e mais sorte ainda por estar a segurar-se a uma prancha de madeira, que o mantinha ? tona. No entanto, os tubar?es espica?avam agora com mais for?a, tornando-se mais ousados. Ela sabia que tempo dele era limitado. Ela tamb?m sabia que os tubar?es viriam atr?s de si e, ainda assim, ela n?o hesitaria, n?o quando a vida dele estivesse em perigo. Ela devia-lhe muito. Lorna caiu na ?gua, ficando em choque com o frio g?lido e, sem parar, bateu os p?s e nadou por baixo da superf?cie at? o alcan?ar, usando o seu poder para nadar mais rapidamente do que os tubar?es. Ela colocou os bra?os ? volta dele, agarrando-o, sentindo-o vivo, embora inconsciente. Os tubar?es come?aram a nadar na sua dire??o. Ela preparou-se para fazer o que fosse preciso para mant?-los vivos. De repente, Lorna viu cordas a ca?rem ? sua volta. Agarrou-se com firmeza e sentiu-se a ser puxada para tr?s rapidamente, voando pelo ar. Foi mesmo a tempo: um tubar?o vermelho saltou da ?gua e atirou-se ?s suas pernas, falhando por pouco. Lorna, segurando Thurn, foi puxada pelos ares, levantando-se no vento g?lido, balan?ando descontroladamente, at? baterem contra o casco do navio. De seguida, eles foram puxados para cima pela tripula??o e, antes de ela voltar a bordo, ela olhou pela ?ltima vez para os tubar?es agitados l? em baixo, furiosos por terem perdido a sua refei??o. Lorna aterrou no conv?s com um estrondo, com Thurn nos bra?os. Imediatamente, virou-o e examinou-o. Metade do rosto dele estava desfigurado, queimado pelas chamas, mas ele tinha, pelo menos, sobrevivido. Os seus olhos estavam fechados. Pelo menos eles n?o estavam abertos para o c?u, o que era um bom sinal. Ela colocou as m?os no cora??o dele e sentiu algo. Por muito fraco que estivesse, ele batia. Lorna colocou as suas m?os no cora??o dele e, ao faz?-lo, sentiu uma onda de energia, um calor intenso que vertia das palmas das suas m?os para ele. Ela convocou os seus poderes desejando que Thurn voltasse ? vida. De repente, Thurn abriu os olhos e sentou-se com um suspiro, respirando pesadamente, cuspindo ?gua. Ele tossiu e os outros homens correram para a frente e envolveram-no em peles, aquecendo-o. Lorna estava exultante. Ela viu a cor a regressar-lhe ? cara. Ela sabia que ele iria sobreviver. De repente, Lorna sentiu uma pele morna a ser-lhe colocada por cima do ombro. Ela virou-se e viu Merk de p? sobre ela, sorrindo para baixo, ajudando-a a recuperar. Os homens logo se aglomeraram ao redor dela, olhando-a ainda com mais respeito. "E agora?", perguntou ele seriamente, chegando-se ao p? dela. Ele quase que tinha de gritar para ser ouvido por cima do vento e do gemido do seu navio a balan?ar. Lorna sabia que o tempo deles era escasso. Fechou os olhos e estendeu as m?os para o c?u. Lentamente, sentiu o universo. Com a Espada de Chamas destru?da, Knossos desaparecido, os drag?es idos, ela precisava de saber onde ? que Escalon precisava mais deles naquele tempo de crise. De repente, ela sentiu a vibra??o da Espada Inacabada ao lado dela e ela percebeu. Virou-se e olhou para Alec e este olhou para ela, claramente ? espera. Ela sentiu o seu destino especial a crescer dentro dela. "Tu n?o deves perseguir mais os drag?es", disse ela. "Aqueles que fugiram n?o vir?o atr?s de ti – eles agora temem-te. E se tu os procurares, n?o os vais encontrar. Eles foram para a batalha noutras partes de Escalon. Destru?-los ? agora miss?o de outra pessoa." "Ent?o o que se segue, minha senhora?", perguntou ele, claramente surpreendido. Ela fechou os olhos e sentiu que a resposta lhe estava a surgir. "As Chamas", Lorna respondeu, sentindo a resposta com certeza. "Elas devem ser restabelecidas. ? a ?nica maneira de impedir que Marda destrua Escalon. Isso ? o que mais importa agora." Alec parecia perplexo. "E o que isso tem a ver comigo?", perguntou. Ela olhou para ele. "A Espada Inacabada", ela respondeu. "? a ?ltima esperan?a. Ela, e somente ela, consegue restabelecer a Parede de Chamas. Deve ser devolvida ao seu lar original. At? l?, Escalon nunca poder? estar seguro." Ele olhou para ela, surpreendido. "E onde ? que ? a sua casa?", perguntou ele, ao mesmo tempo que os homens se aproximaram para escutar. "No norte", ela respondeu. "Na Torre de Ur." "Ur?", perguntou Alec, perplexo. "A torre n?o foi j? destru?da?" Lorna assentiu. "A torre, sim", respondeu ela. "Mas n?o o que se encontra por baixo." Ela respirou fundo e todos fixavam a sua aten??o nela. "A torre possui uma c?mara escondida, bem debaixo da terra. Nunca foi a torre que foi importante – era apenas uma distra??o. Era o que estava por baixo. L?, a Espada Inacabada vai encontrar a sua casa. Quando a devolveres, o territ?rio ficar? seguro, com as Chamas restabelecidas para sempre." Alec respirou fundo, claramente assimilando tudo. "Queres que v? para norte?", perguntou. "Para a torre?" Ela assentiu. "Vai ser uma viagem trai?oeira", ela respondeu. "Vais encontrar inimigos por todos os lados. Leva os homens das Ilhas Perdidas contigo. Navega pelo Arrependimento e n?o pares at? chegar a Ur." Ela aproximou-se e colocou uma m?o no seu ombro. "Devolve a espada", ela ordenou. "E salva-nos." "E a minha senhora?", perguntou Alec. Ela fechou os olhos e sentiu uma onda terr?vel de sofrimento, sabendo imediatamente onde tinha de ir. Duncan est? a morrer enquanto falamos ", disse ela. "E s? eu o posso salvar." CAP?TULO SETE Aidan atravessou o deserto com os homens de Leifall, com Cassandra de um lado, Anvin do outro, com Branco aos seus p?s. Galopavam levantando uma nuvem de poeira. Aidan sentia-se muito feliz e orgulhoso com a sua vit?ria. Ele tinha ajudado a alcan?ar o imposs?vel, conseguindo redirecionar as cataratas, mudando as grandes correntes de Everfall, fazendo jorrar as suas ?guas pelas plan?cies, inundando o desfiladeiro e salvando o seu pai mesmo a tempo. Ele estava t?o ansioso para se reunir com o seu pai. Ao aproximar-se, Aidan conseguiu ver os homens do seu pai ao longe e ouvir os seus gritos de j?bilo, mesmo a partir dali. Sentia-se muito orgulhoso. Eles haviam conseguido. Aidan estava radiante pelo seu pai e pelos restantes homens terem sobrevivido, pelo desfiladeiro se ter alagado, transbordando, com milhares de Pandesianos mortos, arrastados. Pela primeira vez, Aidan experimentou um sentido de prop?sito e de perten?a. Ele tinha realmente contribu?do para a causa do seu pai, apesar da sua pouca idade. Sentia-se como um homem entre os homens. Sentia que aquele era um dos grandes momentos da sua vida. Enquanto galopavam, com o sol a brilhar, Aidan n?o aguentava esperar pelo momento em que iria ver o seu pai, orgulhoso, grato e, acima de tudo, com um olhar de respeito. Ele tinha a certeza de que o seu pai v?-lo-ia agora como um igual, como um dos seus, um verdadeiro guerreiro. Era tudo o que Aidan sempre tinha querido. Aidan continuou a cavalgar, com o som ensurdecedor dos cavalos nos seus ouvidos, coberto de sujidade, queimado do sol por causa da longa viagem. Finalmente quando subiram a colina e avan?aram para baixo, ele viu o percurso final diante deles. Olhou para o grupo de homens do seu pai, com o cora??o a bater em antecipa??o – quando, de repente, percebeu que algo estava errado. L?, ao longe, os homens do seu pai estavam a separar-se e ele viu, no meio deles, uma ?nica figura, andando sozinha no deserto. Uma mi?da. N?o fazia sentido. O que ? que estava uma mi?da a fazer ali, sozinha, caminhando em dire??o ao seu pai? Porque ? que todos os homens tinham parado, deixando-a passar? Aidan n?o sabia exatamente o que estava errado, mas pela forma como o seu cora??o batia forte, algo profundo dentro de si lhe dizia que eram problemas. Ainda mais estranho, Aidan ficou estupefacto ao aproximar-se e ao reconhecer a apar?ncia singular da mi?da. Viu a sua capa de camur?a e couro, as suas botas pretas altas, o seu bast?o ao seu lado, o seu longo cabelo louro claro, o seu rosto e caracter?sticas altivas. Ele pestanejou, confuso. Kyra. A sua confus?o apenas se aprofundou. Enquanto a observava a caminhar, via a forma como andava, a maneira como segurava os seus ombros. Ele sabia que algo n?o estava certo. Parecia ela, mas n?o era. Aquela n?o era a irm? com quem ele tinha vivido toda a sua vida, com quem ele tinha passado tantas horas a ler livros ao seu colo. Ainda a cem jardas de dist?ncia, o cora??o de Aidan batia com for?a e ele sentia-se muito apreensivo. Baixou a cabe?a, esporeou o seu cavalo, incitando-o a galopar t?o r?pido que mal conseguia respirar. Ele teve uma premoni??o de desgra?a iminente ao ver a mi?da perto de Duncan. "PAI!", gritou ele. No entanto, dali, os seus gritos eram abafados pelo vento. Aidan galopou mais r?pido, cavalgando ? frente do grupo, correndo montanha abaixo. Ele assistia, impotente, ? mi?da a aproximar-se para abra?ar o seu pai. "N?O, PAI!", gritou ele. Ele estava a cinquenta jardas de dist?ncia e depois a quarenta, a trinta – e ainda assim, longe demais para fazer alguma coisa, a n?o ser olhar. "BRANCO, CORRE!", ordenou ele. Branco desatou a correr, correndo ainda mais r?pido do que o cavalo. E, no entanto, Aidan sabia que n?o haveria tempo. Ent?o, ele viu-o a acontecer. A mi?da, para horror de Aidan, aproximou-se e mergulhou uma adaga no peito do seu pai. Os olhos do pai arregalaram-se e ele caiu de joelhos. Aidan sentiu como se ele, tamb?m, tivesse sido esfaqueado. Ele sentiu todo o seu corpo a desabar dentro de si, sentindo-se mais impotente do que nunca na sua vida. Tudo tinha acontecido t?o depressa, com os homens do seu pai ali, confusos, pasmos. Ningu?m sabia o que estava a acontecer. Mas Aidan sabia. Ele soube imediatamente. Ainda a vinte jardas de dist?ncia, Aidan, desesperado, tirou da sua cintura a adaga que Motley lhe dera e atirou-a. A adaga navegou pelo ar, girando sobre a extremidade final, brilhando ? luz, dirigindo-se para a mi?da. Ela extraiu a sua adaga, fez m? cara e preparava-se para esfaquear Duncan novamente, quando, de repente, a adaga de Aidan encontrou o seu alvo. Aidan ficou aliviado por, pelo menos, ver a adaga a perfurar a parte de tr?s da sua m?o, por ouvir o seu grito e por ela soltar a sua arma. N?o era um grito terreno e certamente n?o era de Kyra. Quem quer que ela fosse, Aidan tinha-a desmascarado. Ela virou-se e olhou para ele e, ao faz?-lo, Aidan ficou horrorizado ao ver o rosto dela a transformar-se. O rosto de mi?da foi substitu?do por uma figura grotesca, viril, crescendo a cada segundo, maior do que qualquer um deles. Os olhos de Aidan arregalaram-se em choque. N?o era a sua irm?. Aquilo n?o era outro sen?o o Sant?ssimo e Supremo Ra. Os homens de Duncan olhavam, tamb?m, em choque. De alguma forma, a adaga que tinha perfurado a sua m?o havia transformado a ilus?o, havia quebrado aquele feiti?o m?gico, qualquer que ele fosse, que ele tinha usado para enganar Duncan. No mesmo instante, Branco saltou para a frente, pulando pelo ar e pousando sobre o peito de Ra com as suas enormes patas, atirando-o ao ch?o. Rosnando, o c?o atirou-se ? sua garganta, arranhando-o. Ele arranhou-lhe a cara com as patas, apanhando Ra completamente desprevenido e impedindo-o de se preparar e atacar Duncan novamente. Ra, lutando no ch?o, olhou para o c?u e gritou palavras, algo numa l?ngua que Aidan n?o entendia, invocando claramente algum antigo feiti?o. E ent?o, de repente, Ra desapareceu transformando-se numa bola de poeira. Tudo o que restava era o seu punhal ensanguentado, ca?do no ch?o. E l?, numa po?a de sangue, o im?vel pai de Aidan. CAP?TULO OITO Ves?vio cavalgava para norte atravessando os campos, a galope nas costas do cavalo que ele havia roubado depois de assassinar um grupo de soldados Pandesianos – e num tumulto desde ent?o, mal abrandando enquanto destru?a vila ap?s vila, matando mulheres e crian?as inocentes. Nalguns casos, ele passava por uma vila apenas pela sua comida e armas; noutros, apenas pela alegria de matar. Ele sorria abertamente ao recordar-se de incendiar aldeia ap?s aldeia, sozinho, fazendo-as em cinzas. Ele iria deixar a sua marca em Escalon por onde quer que ele passasse. Ao sair de cavalo da ?ltima aldeia, Ves?vio bramiu e atirou uma tocha de fogo, vendo com satisfa??o quando esta caiu em mais um telhado, incendiando mais outra vila. Ele explodiu de alegria. Era a terceira aldeia que ele queimava naquela hora. Ele iria queim?-las a todas, se conseguisse – mas ele tinha neg?cios urgentes. Ele cravou os calcanhares no cavalo, determinado a reunir-se com os seus trolls e a lev?-los na reta final da sua invas?o. Eles precisavam dele agora, mais do que nunca. Ves?vio cavalgou sem parar, cruzando as grandes plan?cies e entrando na parte norte de Escalon. Ele sentiu o seu cavalo a ficar cansado debaixo dele, mas isso s? o fez cravar ainda mais profundamente os seus calcanhares. Ele n?o se importava de o levasse ? morte – na verdade, ele desejava que ele morresse. O sol crescia no c?u e Ves?vio sentia que a sua na??o de trolls estava a aproximar-se, ? sua espera; ele sentia o cheiro no ar. Dava-lhe grande alegria pensar no seu povo ali em Escalon, finalmente, naquele lado das chamas. No entanto, ao cavalgar, ele perguntava-se porque ? que os seus trolls n?o estavam j? mais a sul, a pilhar por todo o campo. O que os estava a impedir? Eram os seus generais assim t?o incompetentes que n?o conseguiam fazer nada sem ele? Ves?vio finalmente explodiu por um longo trecho de floresta, ficando em ?xtase ao ver as suas for?as espalhadas pelas plan?cies de Ur. Dezenas de milhares de trolls estavam a reunir-se, o que o deixou entusiasmado. No entanto, ele estava confuso: em vez de parecerem vitoriosos, aqueles trolls pareciam derrotados, sem esperan?as. Como ? que isso poderia ser? Ao ver o seu povo ali, Ves?vio ficou desgostoso. Sem a sua presen?a, todos eles pareciam desmoralizados por lhes terem sido retiradas as lutas. Finalmente, com as Chamas em baixo, Escalon era deles. Do que ? que eles estavam ? espera? Ves?vio finalmente alcan?ou-os e, ao emergir no meio da multid?o, galopando entre eles, viu-os a todos a virarem-se e olharem para ele em choque, com medo e depois com esperan?a. Todos eles ficaram petrificados a olhar. Ele tinha sempre tido aquele efeito sobre eles. Ves?vio saltou do seu cavalo e, sem hesitar, ergueu a sua alabarda, virou-se e cortou a cabe?a do cavalo. O cavalo ficou ali por um momento, sem cabe?a, e, em seguida, caiu no ch?o, morto. Isto, pensou Ves?vio, foi por n?o andaressuficientementer?pido. Al?m disso, ele gostava sempre de matar alguma coisa quando chegava a algum lugar. Ves?vio viu o medo nos olhos dos seus trolls enquanto marchava em dire??o a eles enraivecido, exigindo respostas. "Quem est? a liderar estes homens?", perguntou ele. "Eu, meu senhor." Ves?vio virou-se e viu um troll grande e gordo, Suves, o seu vice-comandante em Marda, de frente para ele, com dezenas de milhares de trolls por detr?s. Ves?vio podia dizer que Suves estava a tentar parecer orgulhoso, mas o medo escondia-se atr?s do seu olhar. "Pens?vamos que estavas morto, meu senhor", acrescentou, como se se estivesse a justificar. Ves?vio fez m? cara. "Eu n?o morro", ele retorquiu. "Morrer ? para cobardes." Os trolls olhavam todos com medo e em sil?ncio enquanto Ves?vio segurava a sua alabarda, comprimindo-a e descomprimindo-a. "E porque ? que pararam aqui?", perguntou ele. "Porque ? que n?o destru?ram Escalon todo?" Suves olhava para os seus homens e para Ves?vio com medo. "N?s fomos parados, meu mestre", ele finalmente admitiu. Ves?vio sentiu uma onda de raiva. "Parados!?", ele retrucou. "Por quem?" Suves hesitou. "Aquele conhecido como Alva", disse ele finalmente. Alva. O nome tocou profundamente na alma de Ves?vio. O maior feiticeiro de Escalon. Talvez o ?nico com mais poder do que ele. "Ele criou uma fissura na terra", explicou Curves. "Um desfiladeiro que n?o consegu?amos atravessar. Ele separou o sul do norte. Muitos de n?s morreram a tentar. Fui eu que cancelei o ataque, que salvei todos estes trolls que tu v?s aqui hoje. ? a mim que deves agradecer por as suas preciosas vidas terem sido poupadas. Fui eu que salvei a nossa na??o. Para isso, meu mestre, pe?o que me promovas e me deixes, eu pr?prio, comandar. Afinal de contas, agora esta na??o procura em mim a lideran?a." Ves?vio sentiu a sua raiva a crescer ao ponto de explodir. Com as m?os a tremer, ele deu dois passos r?pidos, girou a alabarda largamente e cortou a cabe?a de Suves. Suves desabou no ch?o, enquanto o resto dos trolls olhava em choque e medo. "Aqui est? o teu comando", respondeu Ves?vio ao troll morto. Ves?vio observava a sua na??o de trolls com descontentamento. Ele patrulhava as suas fileiras de cima a baixo, olhando para a cara de todos, incutindo o medo e p?nico em todos, como ele gostava de fazer. Finalmente, ele falou, com a voz a soar mais como um rosnado. "O grande sul encontra-se diante de voc?s", bombardeou ele com a sua voz sombria, cheia de f?ria. "Estas terras foram em tempos nossas, pilhadas aos nossos antepassados. Estas terras foram em tempos de Marda. Eles roubaram o que ? nosso." Ves?vio respirou fundo. "Para aqueles que t?m medo de avan?ar, eu vou recolher os vossos nomes e os nomes das vossas fam?lias e vou mandar torturar lentamente cada um, um de cada vez. Depois, mando-vos apodrecer nas profundezas de Marda. Aqueles de voc?s que desejem lutar, para salvar as vossas vidas, para reclamar o que em tempos foi dos vossos antepassados, v?o juntar-se a mim agora. Quem est? comigo? ", gritou. Ouviu-se uma grande aclama??o, um grande estrondo nas fileiras, fila ap?s fila, at? onde ele conseguia, de trolls a erguerem as suas alabardas e a gritar o seu nome. "VES?VIO! VES?VIO! VES?VIO!" Ves?vio soltou um grande grito de guerra, virou-se e correu para sul. Atr?s de si, ele ouviu como que um estrondo de trov?o, o retumbar de milhares de trolls a seguirem-no, o retumbar de uma grande na??o determinada a p?r fim a Escalon de uma vez por todas. CAP?TULO NOVE Kyra voava nas costas de Theon, correndo para sul atrav?s de Marda, voltando lentamente a si mesma enquanto deixava aquela terra de escurid?o. Sentia-se mais poderosa do que nunca. Na sua m?o direita ela empunhava o Bast?o da Verdade, que emanava uma luz brilhante envolvendo-os a ambos. Ela sabia que era uma arma maior do que ela; era um objeto de destino que a enchia com o seu poder, comandando-a enquanto ela o comandava. Segur?-lo fazia com que o universo parecesse maior, fazia com que ela se sentisse maior. Kyra sentia como se estivesse a empunhar a arma ? qual ela estava destinada desde que tinha nascido. Pela primeira vez na sua vida, ela entendeu o que lhe tinha estado a faltar e ela sentia-se completa. Ela e o bast?o, esta arma misteriosa que ela tinha recuperado do fundo nas terras de Marda, eram um s?. Kyra voou para sul, Theon, tamb?m. Este maior e mais forte debaixo dela, com a f?ria e a vingan?a nos seus olhos a combinarem com as dela pr?pria. Voaram sem parar, com as horas a passar. Finalmente, a escurid?o come?ou a diminuir e o verde de Escalon tornou-se vis?vel. O cora??o de Kyra acelerou ao ver a sua terra natal; ela nunca tinha pensado que a ia ver novamente. Ela estava com pressa; ela sabia que o seu pai, apoderado pelos ex?rcitos de R?, precisava dela no sul; ela sabia que os soldados Pandesianos atulhavam o territ?rio; ela sabia que as frotas da Pandesia estavam a encurralar Escalon pelos mares; ela sabia que algures l? em cima os drag?es circulavam, tamb?m curvando-se para a destrui??o de Escalon; e ela sabia que os trolls estavam a invadir. Milh?es de criaturas estavam a destruir a sua terra. Escalon estava encurralada por todos os lados. Kyra pestanejou e tentou afastar do seu pensamento a lembran?a terr?vel da sua terra natal completamente destru?da, com enormes ?reas em ru?nas, escombros e cinzas. E, no entanto, ao agarrar o seu bast?o com mais for?a, ela sabia que aquela arma podia ser a esperan?a de reden??o para Escalon. Poderiam aquele bast?o, Theon e os seus poderes salvar verdadeiramente Escalon? Poderia algo ido h? tanto tempo, ser salvo? Poderia Escalon alguma vez esperar voltar a ser o que em tempos tinha sido? Kyra n?o sabia. Mas havia sempre esperan?a. Isso era o que o seu pai lhe tinha ensinado: mesmo nas horas mais sombrias, quando as coisas pareciam t?o dif?ceis, mesmo quando pareciam totalmente destru?das, havia sempre uma esperan?a. Havia sempre alguma fa?sca de vida, de esperan?a, de mudan?a. Nunca era absoluto. Nem mesmo a destrui??o. Kyra voava sem parar, sentindo bem dentro dela o seu destino, sentindo uma onda de otimismo, sentindo-se mais poderosa a cada momento. Ela refletiu e sentiu que havia conquistado algo profundo dentro de si mesma. Ela lembrou-se de quando cortou aquela teia de aranha e sentiu que, ao faz?-lo, tamb?m tinha cortado algo dentro dela. Ela tinha sido for?ada a sobreviver por conta pr?pria e tinha conquistado os dem?nios mais profundos dentro de si. Ela j? n?o era a mesma mi?da que tinha crescido na Fortaleza de Volis; ela j? n?o era a mesma mi?da que se tinha aventurado em dire??o a Marda. Ela tinha regressado como uma mulher. Como uma guerreira. Kyra olhou para baixo atrav?s das nuvens, sentindo a mudan?a de paisagem debaixo dela, vendo que tinham finalmente chegado ? fronteira onde as chamas em tempos haviam estado. Ela examinou a grande cicatriz na terra. Movimenta??es l? em baixo chamaram a sua aten??o. "Mais para baixo, Theon." Eles desceram pelas grossas nuvens e, como a opacidade se dissolveu, ela ficou feliz por voltar a ver a terra que tinha amado. Ela ficou emocionada ao ver o seu pr?prio solo, as colinas e as ?rvores que ela reconhecia, ao cheirar o ar de Escalon. No entanto, ao olhar novamente ela ficou desolada. L? em baixo, estavam milh?es de trolls, inundando a terra, a correr para o sul de Marda. Assemelhava-se a uma migra??o em massa de animais, com o seu burburinho aud?vel mesmo a partir dali. Ao ver aquilo, ela n?o sabia como ? que a sua na??o poderia resistir a tal ataque. Ela sabia que o seu povo precisava dela – e rapidamente. Kyra sentiu o Bast?o da Verdade a zumbir nas suas m?os e, em seguida, a fazer um assobio estridente. Ela sentiu que ele a chamava para a a??o, exigindo que ela atacasse. Ela n?o sabia se estava a comandar o bast?o ou se ele ? que a estava a comandar a ela. Kyra levou o bast?o em dire??o ao ch?o e, ao faz?-lo, ouviram-se estalos que emanavam dele. Era como se ela estivesse a empunhar trov?es e rel?mpagos na palma da m?o. Ela observou fascinada uma esfera de luz intensa que sa?a do bast?o e corria na dire??o do ch?o. Centenas de trolls pararam e olharam para cima. Ela viu a cara de p?nico e de terror quando eles olharam para a bola de luz que, vinda do c?u, descia na dire??o deles. N?o tinham tempo para correr. Seguiu-se uma explos?o, t?o poderosa que as suas ondas de choque abanaram Theon e Kyra mesmo a partir do solo. A esfera de luz bateu no ch?o com a for?a de um cometa a embater na terra. Ao produzir o seu efeito de ondula??o, milhares de trolls ca?ram, achatados pelas ondas de luz cada vez maiores. Kyra analisou o bast?o em rever?ncia. Ela preparava-se para golpear novamente, para acabar com o ex?rcito de trolls, quando, de repente, um rugido horr?vel soou acima dela. Ela olhou para cima e ficou chocada ao ver o enorme rosto de um drag?o escarlate emergindo das nuvens – e mais uma d?zia por detr?s dele. Ela percebeu, demasiado tarde, que aqueles drag?es tinham andado ? procura deles. Antes de Kyra conseguir atac?-los com o seu bast?o, um drag?o aproximou-se e bateu com for?a em Theon com as suas garras. Theon foi apanhado de surpresa e o tremendo golpe atirou-o ?s voltas pelos ares. Kyra agarrou-se ? sua querida vida enquanto eles giravam, quase fora de controlo. As asas de Theon estavam viradas ao contr?rio e ele tentava endireitar-se, virando-se uma e outra vez, com Kyra a mal conseguir aguentar-se, agarrando-se ?s suas escamas, at? ele finalmente se endireitar. Theon rugiu em desafio e, apesar de ser menor do que o grupo, ele mergulhou para cima, sem medo, na dire??o do drag?o que lhe havia batido. O drag?o ficou claramente surpreendido ao ver que o pequeno Theon tinha recuperado e, antes de conseguir reagir, Theon enfiou os dentes na sua cauda. O grande drag?o guinchou quando Theon lhe mordeu a cauda. Voou por um momento sem cauda e, em seguida, perdeu o rumo e caiu, de cara, diretamente no ch?o l? em baixo. Caiu com um estrondo, criando uma cratera e uma nuvem de poeira. Kyra ergueu o seu bast?o, sentindo-o a queimar na palma da sua m?o. Balan?ou-o quando mais tr?s drag?es vieram na sua dire??o. Ela viu uma bola de luz disparar e embater no rosto dos tr?s drag?es. Eles guincharam, pararam no ar por pouco tempo e, depois agitaram-se. Ficaram muito quietos e, em seguida, ca?ram como pedras, at? baterem tamb?m no ch?o como uma explos?o, mortos. Kyra estava espantada com o seu poder. Teria o Bast?o da Verdade realmente acabado de matar tr?s drag?es com um ?nico golpe? Kyra ergueu o bast?o novamente, aparecendo mais uma d?zia de drag?es. Quando ela o baixou, esperando faz?-los cair, ficou subitamente surpreendida ao sentir uma dor terr?vel na sua m?o. Ela virou-se e de soslaio viu que um drag?o tinha descido abruptamente por tr?s dela e as suas garras tinham dilacerado as costas da sua m?o, que ficaram a deitar sangue, enquanto que no mesmo movimento, lhe arrancavam das m?os o Bast?o da Verdade. Kyra gritou, mais do horror de perder o bast?o do que da dor. Impotente, ela viu o drag?o a voar, levando o bast?o para longe dela. A seguir, o drag?o deixou-o cair, e ela ficou horrorizada ao ver o bast?o a cair pelos ares, a rodopiar na dire??o ao ch?o. O bast?o, a ?ltima esperan?a de Escalon, seria destru?do. E Kyra, agora indefesa, estava perante um bando de drag?es, todos prontos para despeda??-la. CAP?TULO DEZ Lorna caminhava urgentemente a passos largos pelo campo e os homens de Duncan desviavam-se para ela passar. Merk caminhava ao seu lado, acompanhado por Sovos e seguido por uma d?zia de homens das Ilhas Perdidas, guerreiros que se tinham bifurcado dos outros e se tinham juntado a eles na sua jornada para fora da Ba?a da Morte, de volta ? terra e por todo aquele caminho, no deserto, passando por Leptus. Lorna tinha, por sua pr?pria iniciativa, levado-os para ali, sabendo que Duncan precisava dela. Quando se aproximou, Lorna viu os homens de Duncan a olhar para ela com admira??o. Eles abriram espa?o para ela passar. Finalmente chegou ? pequena clareira onde Duncan estava. Reunidos ? volta dele estavam guerreiros preocupados, ajoelhados ao seu lado, todos seriamente preocupados com o seu comandante moribundo. Ela viu Alvin e Aidan, a chorar, com Branco aos seus p?s a emitir o ?nico som naquele pesado sil?ncio. Uma m?o parou-a quando ela se aproximou de Duncan. Ela parou e olhou para tr?s. Merk e Sovos ficaram tensos, com as m?os sobre as suas espadas, mas ela gentilmente colocou a m?o sobre eles, n?o querendo um confronto. "Quem ?s tu e porque vieste at? aqui?", perguntou severamente um guerreiro de Duncan. "Eu sou a filha do Rei Tarnis", respondeu ela com autoridade. "Duncan tentou salvar o meu pai. Eu vim para retribuir o favor." O homem parecia surpreendido. "O ferimento ? fatal", disse o guerreiro. "Eu j? vi isto muitas vezes em batalha. Ele j? n?o se consegue curar." Foi a vez de Lorna franzir a testa. "N?s estamos a perder tempo. Queres que Duncan morra aqui, a sangrar? Ou devo tentar cur?-lo?" Todos os guerreiros estavam claramente c?ticos desde o seu encontro com Ra e a sua feiti?aria. Eles entreolharam-se. Finalmente, Anvin assentiu. "Deixa-a passar", disse ele. Eles passaram e quando Merk e Sovos baixaram as armas, Lorna apressou-se para a frente e ajoelhou-se ao lado de Duncan. Ela examinou-o e soube imediatamente que o cen?rio n?o era bom. Ela podia sentir a aura negra da morte ao redor dele e sabia, ao examinar os seus olhos fechados e esvoa?antes, que o fim estava pr?ximo. Em breve, ele abandonaria a terra. O golpe de R? tinha provocado graves danos – n?o tanto por causa da adaga, mas porque, ela percebeu, Duncan se sentia tra?do. Ele ainda achava que tinha sido Kyra que o havia esfaqueado. Ela sentia na sua aura que, por causa disso, ele j? n?o tinha vontade de viver. Isso estava a minar a sua energia vital. "Podes salvar o meu pai?" Lorna olhou para cima e viu Aidan, de olhos vermelhos, com o rosto molhado de l?grimas, a olhar para ela com esperan?a e desespero. Ela respirou fundo. "N?o sei", ela respondeu simplesmente. Lorna p?s uma palma da m?o na testa de Duncan e outra sobre a ferida. Ela come?ou a murmurar um antigo hino e, lentamente, a multid?o ficou em sil?ncio. O choro de Aidan parou. Ela sentiu um tremendo calor a passar-lhe pelas palmas das m?os, a enfrentar a doen?a dele. Fechou os olhos e convocou todo o poder que tinha, tentando ler o seu destino, tentando entender o que tinha acontecido e o que o seu destino lhe reservava. Lentamente, tudo ficou claro para ela. Duncan estava destinado a morrer ali naquele dia. Aquele era o seu destino. Ali, naquele lugar, naquele campo de batalha, ap?s a sua grande vit?ria no desfiladeiro. Ela viu todas as batalhas que ele j? tinha lutado; viu a sua ascens?o a guerreiro, a comandante; viu a sua ?ltima e maior batalha ali no desfiladeiro. N?o era suposto ele sobreviver ? inunda??o. Ele estava destinado a morrer no seu rasto. Ele tinha levado a revolu??o t?o longe quanto estava destinado a lev?-la. Ela sentiu que a sua filha, Kyra, que voava pelos ares, a caminho dali, tinha como destino assumir o seu comando. Duncan estava destinado a morrer naquele momento. No entanto, ao ajoelhar-se ao p? dele, Lorna invocou o poder do universo e pediu-lhe para alterar a sua sina, para mudar o seu destino. Afinal de contas, Duncan tinha sido o ?nico e verdadeiro amigo do seu pai, o rei Tarnis, mesmo quando todos os outros lhe haviam virado as costas. Foi Duncan que o seu pai a incitou a salvar. Em nome do seu pai, ela devia-lhe isso. E ela tamb?m, no fundo, sentia que ainda poderia haver uma batalha ?pica para Duncan combater dentro de si pr?prio. Lorna lutava com o destino, sentindo a luta a esgot?-la. Ela sentia uma batalha ?pica de esp?ritos a lutarem furiosamente dentro de si e lutava com poderes com os quais era suposto n?o lutar. Poderes perigosos. Poderes que poderiam mat?-la. O destino, afinal de contas, n?o era uma coisa a ser levada de ?nimo leve. Enquanto lutava, Lorna sentia que a vida de Duncan estava em balan?o. Por fim, ficou exausta, respirando com dificuldade e teve a resposta: era tanto a vit?ria como o fracasso. A vida de Duncan seria prolongada – mas apenas por um curto tempo. Ser-lhe-ia permitida uma ?ltima batalha, ser-lhe-ia autorizado ver o rosto da sua filha novamente, a sua filha verdadeira e ser-lhe-ia permitido morrer nos seus bra?os. Isso, pelo menos, era alguma coisa. Lorna tremeu, sentindo-se doente, dominada pelos poderes com que tinha lutado. As palmas das suas m?os queimavam e, de repente, ela sentiu algo que nunca tinha sentido, sendo atirada para tr?s pela for?a do mesmo. Ela caiu de costas a alguns p?s de dist?ncia. Merk rapidamente a puxou e ela ficou ali ajoelhada, fraca, com suores frios. A algumas jardas de dist?ncia, Duncan mantinha-se im?vel e Lorna sentia-se dominada pela magia do que ela havia convocado. "Minha senhora, o que aconteceu?", perguntou Anvin. Ela lutava para limpar a sua mente, para encontrar as suas palavras. No sil?ncio, Aidan deu um passo adiante e desesperadamente confrontou-a. "O meu pai viver??", implorou. "Por favor, diga-me." Lorna, antes de desmaiar de exaust?o, convocou a energia para fracamente assentir. "Ele vai viver, rapaz", disse ela. "Mas n?o por muito tempo." CAP?TULO ONZE Aidan tinha vergonha, mas por muito que tentasse ele n?o se conseguia evitar chorar. Ele tinha recuado at? aos confins do acampamento, para uma caverna na periferia, na esperan?a de ficar sozinho, n?o querendo que os outros homens vissem as suas l?grimas. S? Branco se sentou a seus p?s, ganindo a seu lado. Ele queria deter as suas l?grimas, mas n?o conseguia, oprimido pelo sofrimento devido aos ferimentos do seu pai. Elevai viver, masn?o por muito tempo. As palavras de Lorna ecoavam na sua cabe?a e Aidan desejava poder apagar aquelas palavras. Ele daria qualquer coisa para que o seu pai pudesse viver para sempre. Com a cabe?a entre as m?os, Aidan solu?ava baixinho. Repassava na sua cabe?a o momento em que Ra, disfar?ado de sua irm?, tinha esfaqueado o seu pai. Aidan tinha galopado pela colina abaixo, tinha atirado uma adaga e tinha impedido que Ra o esfaqueasse uma segunda vez. No entanto, ainda assim, tinha sido tarde demais. Porque ? que ele n?o chegara alguns minutos mais cedo? Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696767&lfrom=688855901) на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
Наш литературный журнал Лучшее место для размещения своих произведений молодыми авторами, поэтами; для реализации своих творческих идей и для того, чтобы ваши произведения стали популярными и читаемыми. Если вы, неизвестный современный поэт или заинтересованный читатель - Вас ждёт наш литературный журнал.