*** Òâîåé Ëóíû çåëåíûå öâåòû… Ìîåé Ëóíû áåñïå÷íûå ðóëàäû, Êàê ñâåòëÿ÷êè ãîðÿò èç òåìíîòû,  ëèñòàõ âèøíåâûõ ñóìðà÷íîãî ñàäà. Òâîåé Ëóíû ïå÷àëüíûé êàðàâàí, Áðåäóùèé â äàëü, òðîïîþ íåâåçåíüÿ. Ìîåé Ëóíû áåçäîííûé îêåàí, È Áðèãàíòèíà – âåðà è ñïàñåíüå. Òâîåé Ëóíû – ïå÷àëüíîå «Ïðîñòè» Ìîåé Ëóíû - äîâåð÷èâîå «Çäðàâñòâóé!» È íàøè ïàðàëëåëüíûå ïóòè… È Ç

Vencedora, Derrotada, Filho

Vencedora, Derrotada, Filho Morgan Rice De Coroas e Gl?ria #8 Morgan Rice surgiu com o que promete ser mais uma s?rie brilhante, submergindo-nos numa fantasia de valentia, honra, coragem, magia e f? no seu destino. Morgan conseguiu mais uma vez produzir um conjunto forte de personagens que nos faz torcer por eles em todas as p?ginas… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos, (sobre a Ascens?o dos Drag?es) VENCEDORA, DERROTADA, FILHO ? o livro n. ? 8 – e o ?ltimo – da s?rie best-selling de fantasia ?pica, DE COROAS E GL?RIA, de Morgan Rice, que come?a com ESCRAVA, GUERREIRA, RAINHA (Livro n. ?1) . Enquanto Ceres luta numa terra m?stica para recuperar os seus poderes perdidos - e para salvar a sua pr?pria vida - Thanos, Akila, Lorde Oeste e os outros entrincheiram-se na Ilha de Haylon para sua posi??o final contra o poder da frota de Felldust. Jeva tenta reunir o seu Povo dos Ossos para ajudar Thanos e juntar-se ? batalha por Haylon. Uma batalha ?pica segue movimento ap?s movimento, e todos eles t?m um tempo limitado para aguentar se Ceres n?o regressar.  Stephania navega para Felldust para persuadir o Segundo Pedregulho e lev?-lo de volta a Delos, para recuperar o reino que em tempos tinha sido dela. Mas neste novo mundo de brutalidade, nem tudo pode correr como ela tinha planeado. Irrien, fresco da sua vit?ria no Norte, re?ne toda a for?a da frota da Felldust para liderar um ataque final e esmagador contra Haylon. Ele tamb?m traz uma arma surpresa - um monstro de poder insond?vel - para garantir que Ceres ? exterminada para sempre. Enquanto isso, o feiticeiro Daskalos despacha a sua arma final - o filho de Thanos e Stephania - numa miss?o para matar o seu pai. No final da s?rie, acontece a cena de batalha mais ?pica de todas, com o destino do mundo pendente. Ir? Ceres sobreviver? E Thanos? O que acontecer? ao filho dele? Ser? que a liberdade ir? ascender novamente? E Ceres e Thanos finalmente encontrar?o o amor verdadeiro?VENCEDORA, DERROTADA, FILHO conta uma hist?ria ?pica de amor tr?gico, vingan?a, trai??o, ambi??o e destino. Repleta de personagens inesquec?veis e com a??o de fazer o cora??o bater, transporta-nos para um mundo que nunca vamos esquecer e faz-nos apaixonar pela fantasia mais uma vez. Uma a??o carregada de fantasia que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O Ciclo da Heran?a de Christopher Paolini…F?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais. The Wanderer, A Literary Journal (sobre a Ascens?o dos Drag?es) VENCEDORa, DERROTADa, FILHO (DE COROAS E GL?RIA—LIVRO 8) MORGAN RICE Morgan Rice Morgan Rice ? a best-seller n?1 e a autora do best-selling do USA TODAY da s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezassete livros; do best-seller n?1 da s?rie OS DI?RIOS DO VAMPIRO, composta por doze livros; do best-seller n?1 da s?rie TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por tr?s livros; da s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS, composta por seis livros; da s?rie de fantasia ?pica DE COROAS E GL?RIA, composta por oito livros; da s?rie de fantasia ?pica UM TRONO PARA IRM?S, composta por 8 livros (a continuar); e da nova s?rie de fic??o cient?fica AS CR?NICAS DA INVAS?O, composta por 3 livros (a continuar). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em edi??es ?udio e impressas e as tradu??es est?o dispon?veis em mais de 25 idiomas. Morgan adora ouvir a sua opini?o, pelo que, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com) e juntar-se ? lista de endere?os eletr?nicos, receber um livro gr?tis, receber ofertas, fazer o download da aplica??o gr?tis, obter as ?ltimas not?cias exclusivas, ligar-se ao Facebook e ao Twitter e manter-se em contacto! Sele??o de aclama??es para Morgan Rice “Se pensava que j? n?o havia motivo para viver depois do fim da s?rie O ANEL DO FEITICEIRO, estava enganado. Em A ASCENS?O DOS DRAG?ES Morgan Rice surgiu com o que promete ser mais uma s?rie brilhante, fazendo-nos imergir numa fantasia de trolls e drag?es, de valentia, honra, coragem, magia e f? em seu destino. Morgan conseguiu mais uma vez produzir um conjunto forte de personagens que nos faz torcer por eles em todas as p?ginas… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita.” --Books and Movie Reviews Roberto Mattos “Uma a??o carregada de fantasia que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O CICLO DA HERAN?A de Christopher Paolini…F?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais.” --The Wanderer, A Literary Journal (referente a Ascens?o dos Drag?es) “Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga em seu enredo. A Busca de Her?is tem tudo a ver com a cria??o da coragem e com a compreens?o do prop?sito da vida que leva ao crescimento, maturidade e excel?ncia… Para os que procuram aventuras de fantasia com sentido, os protagonistas, estratagemas e a??es proporcionam um conjunto vigoroso de encontros que se relacionam com a evolu??o de Thor desde uma crian?a sonhadora a um jovem adulto que procura sobreviver apesar das dificuldades… Apenas o princ?pio do que promete ser uma s?rie de literatura juvenil ?pica.” --Midwest Book Review (D. Donovan, eBook Reviewer) “O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: enredos, intrigas, mist?rio, valentes cavaleiros e relacionamentos que florescem repletos de cora??es partidos, decep??es e trai??es. O livro manter? o leitor entretido por horas e agradar? a pessoas de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia.” --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos. “Neste primeiro livro cheio de a??o da s?rie de fantasia ?pica Anel do Feiticeiro (que conta atualmente com 14 livros), Rice introduz os leitores ao Thorgrin “Thor” McLeod de 14 anos, cujo sonho ? juntar-se ? Legi?o de Prata, aos cavaleiros de elite que servem o rei... A escrita de Rice ? s?lida e a premissa intrigante.” --Publishers Weekly Livros de Morgan Rice O CAMINHO DA ROBUSTEZ APENAS OS DIGNOS (Livro n.? 1) UM TRONO PARA IRM?S UM TRONO PARA IRM?S (Livro n.? 1) UMA CORTE PARA LADR?ES (Livro n.? 2) DE COROAS E GL?RIA ESCRAVA, GUERREIRA, RAINHA (Livro n.? 1) VADIA, PRISIONEIRA, PRINCESA (Livro n.? 2) CAVALEIRO, HERDEIRO, PR?NCIPE (Livro n.? 3) REBELDE, PE?O, REI (Livro n.? 4) SOLDADO, IRM?O, FEITICEIRO (Livro n.? 5) HERO?NA, TRAIDORA, FILHA (Livro n.? 6) GOVERNANTE, RIVAL, EXILADA (Livro n.? 7) VENCEDORA, DERROTADA, FILHO (Livro n.? 8) REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro n.? 1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro n.? 2) O PESO DA HONRA (Livro n.? 3) UMA FORJA DE VALENTIA (Livro n.? 4) UM REINO DE SOMBRAS (Livro n.? 5) A NOITE DOS CORAJOSOS (Livro n.? 6) O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro n.? 1) UMA MARCHA DE REIS (Livro n.? 2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro n.? 3) UM GRITO DE HONRA (Livro n.? 4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro n.? 5) UMA CARGA DE VALOR (Livro n.? 6) UM RITO DE ESPADAS (Livro n.? 7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n.? 8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro n.? 9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro n.? 10) UM REINADO DE A?O (Livro n.? 11) UMA TERRA DE FOGO (Livro n.? 12) UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro n.? 13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro n.? 14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro n.? 15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n.? 16) O DOM DA BATALHA (Livro n.? 17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n?1) ARENA DOIS (Livro n.? 2) ARENA TR?S (Livro n.? 3) VAMPIRO, APAIXONADA ANTES DO AMANHECER (Livro n.? 1) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro n.? 1) AMADA (Livro n.? 2) TRA?DA (Livro n.? 3) PREDESTINADA (Livro n.? 4) DESEJADA (Livro n.? 5) COMPROMETIDA (Livro n.? 6) PROMETIDA (Livro n.? 7) ENCONTRADA (Livro n.? 8) RESSUSCITADA (Livro n.? 9) ALMEJADA (Livro n.? 10) DESTINADA (Livro n.? 11) OBCECADA (Livro n.? 12) Fa?a agora o download no Play dos livros de Morgan Rice (https://play.google.com/store/books/author?id=Morgan+Rice)! 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Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo desta autora. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o da autora ou foram usados de maneira fict?cia. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. Copyright da imagem da capa de Captblack76, usada com autoriza??o da shutterstock.com. CONTE?DO CAP?TULO UM (#u721abaa7-38e3-57de-b1a6-6ccbf2cd529e) CAP?TULO DOIS (#u06898a41-f609-5db2-a6d3-e684d050b8b3) CAP?TULO TR?S (#u507c289d-6bdb-5af8-bd1b-c4572905eb0d) CAP?TULO QUATRO (#u37c263e5-0d60-5b38-932c-231122c89017) CAP?TULO CINCO (#uc2aeb175-814d-544a-b07c-59ba65e088d2) CAP?TULO SEIS (#u7795fe04-8656-5427-a696-8be7bf750765) CAP?TULO SETE (#ufb5e2822-acdb-57e0-a343-b58293129ebe) CAP?TULO OITO (#ubeb3b274-019b-58a9-91ca-8b91d917bef0) CAP?TULO NOVE (#u7d1aee25-7831-5140-b876-3bb2e9294141) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO CATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZANOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SEIS (#litres_trial_promo) EP?LOGO (#litres_trial_promo) CAP?TULO UM Thanos baixou-se quando uma flecha passou por ele, ouvindo-a sibilar nos muros de pedra de uma das casas de Haylon. Ele correu de volta pelas ruas, chegou a um cruzamento e virou-se, com a espada na m?o. Uma meia d?zia de antigos homens de Lorde Oeste apareceram de um lado e antigos soldados do Imp?rio apareceram do outro, enquanto os soldados nativos da ilha sa?am das casas circundantes. Eles apanharam os soldados perseguidores de Felldust entre eles, e Thanos atacou. Ele deu uma estocada com sua espada sobre o escudo de um homem, girou para deter um golpe que estava apontado para um homem ao lado de si, e pontapeou para tr?s um terceiro soldado no mesmo tempo que Sir Justin entrou na abertura matando outro homem. “Est?s a adquirir o h?bito de me salvar”, disse Thanos numa acalmia moment?nea na luta. “Continua simplesmente a lutar e podemos considerar que estamos empatados”, respondeu Justin. Thanos poderia fazer essa parte, pelo menos. Ele deteve um machado com sua espada, mantendo-o afastado para que um dos soldados do Imp?rio conseguisse golpear ali naquele espa?o e, depois, tirou-lhe o machado da m?o. Estavam a chegar mais inimigos agora, entrando no espa?o, e os invasores perceberam que havia ali um n? de defensores. Isso significava que estava na hora de desaparecer novamente. “Recuem!”, gritou ele, e os homens ao seu redor depararam-se com uma das casas e atravessaram-na para a outra rua. Thanos correu, e viu o General Haven a correr ao seu lado. O rosto do velho estava vermelho com o esfor?o. “N?o deverias encontrar um lugar menos... energ?tico para lutar, General?”, perguntou Thanos. Haven olhou para ele novamente. “N?o me digas o que fazer, jovem! N?o ?s meu pr?ncipe!” Apesar de suas queixas, o velho general parecia feliz em lutar ao lado de Thanos e de Justin, enquanto eles subiam em esfor?o um conjunto de degraus de pedra para um dos telhados da cidade. Era imposs?vel dizer que soldados tinham vindo de que lugares; Thanos apenas conseguia ver que os homens que defendiam a ilha estavam a fazer isso com bravura e tenacidade. Dali, por?m, ele conseguia ver o tamanho da frota a atacar a ilha. N?o era a enorme frota de invas?o que havia chegado a Delos, mas ainda assim era enorme. Cobria o espa?o ao redor do porto como uma mancha escura na ?gua, bloqueando-o com navios que estavam, ainda naquele momento, a atirar mais e mais soldados para o solo de Haylon. A ?nica esperan?a era atacar e fugir, extraindo alguns atacantes e depois juntando-os em n?meros maiores antes de fugirem para a cidade. Os guerreiros nativos de Haylon pareciam estar mais do que acostumados a t?ticas, mas Thanos ficou surpreendido com o qu?o bem os anteriores soldados do Imp?rio as empregavam. Provavelmente tinha algo a ver com o tempo que tinham passado a serem perseguidos nas colinas da ilha. “Por aqui”, disse Haven, e Thanos seguiu o general com base no pressuposto que, de entre todos ali, ele era provavelmente quem melhor conhecia a ilha. Thanos deu por si a desejar que Akila ou Iakos estivessem ali, mas o l?der adjunto estava morto, e Akila estava gravemente ferido para t?ticas t?o operacionais. Thanos viu um conjunto de ruas que ele reconheceu e gesticulou para o general. “Aqui”, gritou ele. “Os becos.” Para sua surpresa, eles seguiram-no. Eles correram por um conjunto de becos estreitos e viraram novamente. Alguns dos homens de Sir Justin pareciam querer contra-atacar o inimigo, mas Thanos levantou o bra?o para det?-los. “Esperem por eles”, disse Thanos. “Podemos defender melhor nesta ponta, e... bem, vejam.” Talvez eles ainda n?o o conhecessem, mas mesmo assim, os homens ocuparam o lugar deles. Os soldados de Felldust avan?aram, e, nesse momento, os habitantes da ilha, que estavam ? espera, empurraram os muros dos dois lados, e os escombros ca?ram sobre eles. “Iakos encurralou metade da cidade”, explicou Thanos. Ele estava a respirar com dificuldade agora, e desejou que eles pudessem fazer uma pausa por um momento, mas numa batalha como aquela, n?o havia tempo. “Vamos, precisamos continuar em movimento.” Eles recuaram mais, desta vez escolhendo o caminho por entre os fios de armadilhas e os mortos. “Esta ? uma forma pouco honesta de lutar”, disse Sir Justin. Thanos colocou uma m?o no ombro dele. Ele podia ver o que o outro homem estava passar. O antigo homem de Lorde Oeste estava provavelmente habituado a longos ataques e duelos cuidadosamente organizados, n?o a lutas em becos e a fugir. “Estamos a fazer o que temos de fazer para vencer”, disse ele. Thanos ainda se conseguia lembrar de quando tinha lutado t?o cuidadosamente que n?o tinha matado seus oponentes. E tinha lutado com honra. Aqueles tempos pareciam agora muito long?nquos. “Estamos a manter nossas fam?lias e amigos em seguran?a. Estamos a salvar as pessoas de Haylon e do Imp?rio.” Ele viu os guerreiros acenarem com a cabe?a, e, em seguida, eles estavam de novo longe, entre as casas, a correr ? frente das for?as que avan?avam. Isso era a parte preocupante. Eles estavam a perder terreno a cada encontro, incapazes de enfrentar e lutar diante de tantos advers?rios. Mesmo quando Thanos se virou novamente, atirando para o lado uma lan?a de modo a conseguir enfiar sua espada bem dentro de seu portador, foi s? para conseguir desatar a fugir novamente, saltando para a posi??o seguinte entre as casas, e, depois, para a seguinte. Parecia menos como um combate para ganhar do que simplesmente um combate para impedir a derrota o maior tempo poss?vel. Thanos estava atr?s de uma barricada mais profunda na cidade quando um mensageiro chegou a correr, surgindo de uma porta pr?xima. Thanos quase o espetou por instinto, mas conseguiu retroceder a tempo. “Akila diz que chegou o momento de as ?ltimas pessoas recuarem da cidade. Uma das praias do outro lado da ilha foi conquistada, e precisamos de todos para refor?ar as passagens.” Thanos assentiu, tentando ocultar sua dece??o com aquelas palavras. Desde que as for?as de Felldust tinham aberto os port?es do porto, ele j? sabia que isso era inevit?vel, mas ele ousou esperar que fosse evit?vel porque eles haviam afetado tudo a esse ataque. Se eles tamb?m eram capazes de conquistar praias por toda a ilha, as coisas eram piores do que ele tinha imaginado. “Recuem at? ?s colinas!”, gritou, e os homens ao seu redor pareceram surpreendidos por um momento, antes de partirem pela cidade em dire??o ?s passagens da montanha. Os homens do General Haven faziam isso t?o depressa quanto os homens de Haylon, obviamente tendo conhecido as montanhas ao longo do tempo que tinham estado l? a lutar. Os antigos homens de Lorde Oeste seguiam-nos, obviamente deixando-se liderar por Thanos. Ele s? esperava n?o os estar a liderar para suas mortes. Eles chegaram aos muros de rocha e passagens nos limites da cidade. Havia homens ali ? espera com martelos de forja perto de grandes cunhas de madeira. Thanos supunha que quando eles os levassem para dentro, os muros de rocha em volta cairiam, formando um muro natural. Thanos tamb?m supunha que, a menos que eles tivessem avaliado aquilo muito bem, os homens estavam a arriscar ficarem soterrados quando as rochas ca?ssem. Eles estavam a dar sua vida para retardarem o avan?o. Thanos n?o os podia deixar fazerem isso sozinhos. Ele agarrou num dos martelos, ignorando a ar de choque do homem ao ver as tropas que estavam consigo passarem pelo espa?o. N?o paravam de chegar mais guerreiros de Haylon, mas agora Thanos conseguia ver os homens de Felldust seguindo logo atr?s. Ent?o ele deu por si a pensar em Ceres. Ele esperava que ela se estivesse a sair melhor em sua busca do que eles estavam na ilha. Ele tinha querido tanto ir com ela, e se ele morresse ali, isso nunca poderia acontecer. Mas Thanos n?o podia simplesmente ficar ali sem fazer nada e deixar aqueles homens fazerem aquilo sozinhos. “Precisamos de o fazer”, disse um dos homens que ali estava. Thanos abanou a cabe?a. “Ainda n?o. Ainda faltam chegar alguns homens.” “Mas se os homens de Felldust conseguirem passar...” “Ainda n?o”, repetiu Thanos. Os guerreiros continuavam a chegar, e Thanos deixava passar o maior n?mero poss?vel de suas pr?prias pessoas. Quando o primeiro dos guerreiros de Felldust se atirou a si, Thanos deteve o golpe com a empunhadura de seu martelo de forja, e depois contra-atacou, sentindo que as costelas cediam sob o ataque. Outro guerreiro avan?ou, e Haven estava l?, abatendo o homem. “Este n?o ? o lugar para ti, meu pr?ncipe”, disse ele. “Eu pensei que tinhas dito que eu n?o era teu pr?ncipe”, salientou Thanos. Ele ouviu o outro homem suspirar. “E n?o ?s, mas est?s certo. Vim para esta ilha para ser um carniceiro. Est? na hora de ser algo mais.” Ele assentiu com a cabe?a, e Thanos sentiu umas m?os fortes sobre seus bra?os. Um par de soldados do Imp?rio empurraram-no para tr?s, enquanto Haven apanhou o martelo que Thanos tinha segurado. “Haven, n?o fa?as isso”, disse Thanos. Era tarde demais. O velho general j? estava a dar balan?o ao martelo, ao lado dos poucos homens escolhidos de Haylon. Ele balan?ava-o com toda a for?a de um homem muito mais jovem, com os golpes a atingir em cheio a cunha, enquanto acima dele as rochas rangiam. Quando elas cederam, foi como um trov?o. O mundo inteiro parecia que estava a desaparecer sob a chuva de rochas a cair. O General Haven desapareceu sob essa avalanche, n?o deixando nada para al?m de uma parede s?lida de rochas. Thanos olhou fixamente para o monte em admira??o. Mesmo assim, ele sabia que isso s? lhes havia comprado um pouco de tempo. Eles haviam perdido Haylon. Ele s? esperava que as coisas fossem mais f?ceis para Ceres. CAP?TULO DOIS Ceres olhou l? debaixo da arena, para o anel de feiticeiros meio mortos que a cercavam, e ela tentou esconder seu medo. Ela conseguiu invocar o desafio ao observar que eles se juntavam, agarrando os punhos de suas espadas g?meas, esperando por eles. Ela n?o deixaria que eles a vissem com medo l? em baixo. “Tu nos poderias ter libertado”, disse o l?der deles com uma voz como se fosse papel antigo. “Vos ter libertado para que destru?ssem coisas”, ripostou Ceres. “Nunca.” “Ent?o vamos levar teu sangue, e ser o que fomos durante um tempo pelo menos.” Ceres ficou ali, ? espera deles. Qual deles atacaria primeiro? Limitar-se-iam eles a disparar l? para baixo para a arena sua magia para a destru?rem? N?o, eles n?o conseguiam, ou conseguiam? N?o quando eles precisavam de seu sangue. Naquele momento surgiu-lhe uma ideia. Uma forma de ela conseguir eventualmente sair daquela arena. Mas seria perigoso. Muito perigoso. “Acham que estou com medo de voc?s?”, exigiu Ceres saber. “Eu j? lutei em arenas antes. Vamos l?, todos voc?s.” Isso n?o funcionaria a menos que todos se atirassem a ela. Mesmo assim, foi aterrorizante quando eles ca?ram num sil?ncio, aterrando na pedra dura da arena, aproximando-se dela apressadamente para a atacar. Ceres golpeava e movia-se. Havia t?o pouco espa?o na arena para lutar que o perigo era que ela fosse cercada. Ela cortou uma m?o que a agarrou, baixou-se sob o golpe das garras apontadas ? sua garganta. Ela sentiu de lado o rasp?o de uma m?o e pontapeou, derrubando um dos feiticeiros. N?o eram t?o fortes quanto tinham sido. Ceres supunha que eles haviam usado mais poder do que eles queriam, ao lan?arem magia atr?s de si. Ela continuava a golpear, continuava a esquivar-se na arena enquanto esperava pelo momento em que alguns deles se alinhariam da maneira que ela queria. Ceres viu-o e n?o hesitou. Ela podia n?o ter a for?a e a velocidade superiores que vinham de seu sangue, mas ainda era r?pida e forte o suficiente para isso. Ela golpeou um que caiu de joelhos ? sua frente, atirou as espadas para fora da arena e depois usou as costas do feiticeiro como um trampolim quando ainda se estava a recuperar. Saltou para cima dos ombros do inimigo seguinte e depois saltou com toda sua garra para o rebordo da arena. Se ela falhasse, teria acabado de deitar fora as ?nicas armas que tinha para se proteger. Ela bateu contra a rocha da parede da arena. Suas m?os agarraram o rebordo enquanto lutava para se i?ar. Ceres sentiu algo a agarrar sua perna, e pontapeou por instinto, sentindo o ranger de ossos ao se conectar com o cr?nio de um feiticeiro. Aquele impulso era tudo o que precisava para trepar, e rapidamente, Ceres se ergueu sobre a borda do fosso onde havia ca?do. Ela agarrou em suas l?minas e se levantou enquanto os feiticeiros gritavam sua raiva. “N?s iremos atr?s!”, prometeram. Um rugiu de raiva naquele momento, atirando magia na dire??o dela. Ceres se esquivou para o lado, mas era como se esse fosse o sinal para os outros atacarem tamb?m. Chamas e rel?mpagos a seguiam enquanto ela fugia da sala que continha a arena, e, ao seu redor, Ceres ouviu as paredes a ressoar. Pequenas rochas come?aram a cair e, depois, maiores. Ceres corria desesperadamente, enquanto as rochas ca?am ao seu redor, ricocheteando quando atingiam o ch?o e rolando no caso das maiores. Ela atirou-se para a frente e levantou-se para descobrir que o t?nel atr?s de si estava agora bloqueado. Ser? que isso pararia os antigos feiticeiros? Provavelmente n?o para sempre. Se eles n?o podiam morrer, ent?o eles podiam eventualmente atravessar, mas isso n?o era o mesmo que conseguir perseguir Ceres agora. Por enquanto, pelo menos, ela estava em seguran?a. Ela continuou atrav?s dos t?neis, sem saber para onde, mas confiando no instinto do suave brilho da luz da caverna. Adiante, Ceres conseguiu v?-la a dar lugar a uma caverna mais ampla com estalactites a pender do teto. Havia tamb?m o som da ?gua, e Ceres ficou surpreendida ao ver um amplo fluxo a passar ao meio. Mais do que isso, havia um pequeno desembarcadouro com um barco de fundo plano amarrado a ele. Ceres sup?s que o barco estivesse ali h? mais anos do que ela queria pensar, mas de alguma forma ainda parecia forte. A jusante, Ceres conseguia ver uma luz que n?o estava presente no resto das cavernas, e, de alguma forma, percebeu que tal seria o que ela precisava para continuar. Ela entrou no barco, soltando-o e deixando que a corrente o levasse. A ?gua envolvia os lados da pequena embarca??o, e Ceres sentia a expetativa a aumentar dentro de si ? medida que seguia em frente. Noutra ocasi?o, ela poderia ter ficado preocupada com uma corrente como aquela, pensando que isso poderia levar a uma represa, ou pior, a uma cascata. Por?m, naquele momento, parecia que a corrente era uma coisa deliberada, projetada para a levar ao seu objetivo. O barco passou por um t?nel bastante estreito de tal forma que Ceres conseguiria ter tocado nas paredes de cada lado. Havia luz ? frente, brilhante depois da meia-luz das cavernas. O t?nel deu lugar a um espa?o que n?o era rocha, nem pedra. Em vez disso, num espa?o onde deveria ter havido apenas outra caverna, Ceres deu por si a flutuar por um peda?o de paisagem id?lica. Ceres reconheceu o trabalho dos Anci?es instantaneamente. Somente eles podiam ter feito algo assim. Talvez os feiticeiros tivessem encontrado o poder para uma ilus?o, mas aquilo parecia verdadeiro; cheirava a ervas frescas e gotas de orvalho. O barco esbarrou contra a margem e Ceres viu um amplo prado ? frente, cheio de flores selvagens cujo aroma era doce e delicado. Algumas pareciam se mover com ela enquanto passava, e Ceres sentiu o pincel de espinhos em sua perna, extraindo sangue numa forte picada de dor. Os espinhos recuaram depois disso. Aparentemente, independentemente das defesas que ali estavam, elas n?o tinham sido feitas para a manter fora dali. Ceres demorou um pouco a perceber que havia duas coisas estranhas sobre o lugar por onde ela estava a passar. Bem, mais estranho que um peda?o de campo no meio de um complexo de cavernas estava em primeiro lugar. Uma coisa estranha era a forma como as vis?es do passado pareciam ter parado. Nas cavernas acima, elas haviam aparecido e desaparecido a cintilar, mostrando o ataque final dos Anci?os ? casa dos feiticeiros. Aqui, o mundo n?o parecia estar encurralado a meio caminho entre dois pontos. Aqui, estava t?o pac?fico quanto parado, sem as mudan?as constantes que o resto do lugar experimentava. A segunda coisa estranha era a c?pula de luz que se erguia no cora??o de tudo, brilhando em tons de dourado contra a vegeta??o do resto. Era do tamanho de uma casa grande, ou da tenda de algum lorde n?mada, mas parecia ser composta quase inteiramente de energia. Ao olhar para aquilo, ela pensou ao princ?pio que a c?pula poderia ter sido um escudo ou uma parede, mas, de certa forma, Ceres sabia que era mais do que isso. Era um lugar vivo, um lar. Era tamb?m, ela adivinhou, o lugar onde o que quer que ela procurava poderia ser encontrado. Praticamente pela primeira vez desde que tinha colocado os p?s na casa dos feiticeiros, Ceres ousou sentir um cintilar de esperan?a. Talvez aquele fosse o lugar onde ela iria recuperar seus poderes. Afinal, talvez ela conseguisse ajudar a salvar Haylon. CAP?TULO TR?S Quando Jeva navegava na dire??o da Costa dos Ossos de Felldust, teve a sensa??o mais estranha de sua vida: ela estava com medo de morrer. Era uma nova sensa??o para ela. N?o era algo que seu povo estivesse acostumado a sentir. N?o era certamente algo que ela sempre tivesse querido. Provavelmente equivalia a uma esp?cie de heresia, a flutuar, a ver a possibilidade de se juntar com os mortos que estavam ? espera e realmente se preocupar com isso. Sua esp?cie abra?ava a morte, e at? lhe dava as boas-vindas como uma oportunidade de finalmente ser uma morte com a grande ablu??o de seus antepassados. Eles n?o temiam o risco disso. No entanto, era exatamente o que Jeva estava a sentir agora, ao ver a linda linha da costa de Felldust aparecer no horizonte. Ela temia a ideia de ser abatida pelo que tinha a dizer. Temia ser enviada para se juntar a esses antepassados, em vez de poder ajudar Haylon. Ela questionava-se sobre o que havia mudado. A resposta para isso era bastante f?cil: Thanos. Jeva deu por si a pensar nele enquanto caminhava em dire??o a terra, observando as aves marinhas que se reuniam em bandos flutuantes enquanto esperavam pelas suas pr?ximas oportunidades de comida. Antes de o conhecer, ela tinha sido... bem, talvez n?o o mesmo que todo seu povo, porque a maioria deles n?o sentia a necessidade de se deslocar at? ao Porto do Sotavento e para l? dele. Mesmo assim, ela tinha sentido o mesmo que eles, tinha sido o mesmo que eles. Ela certamente n?o sentia medo. N?o era medo por si, exatamente, embora ela soubesse perfeitamente que sua pr?pria vida estava em jogo. Ela estava mais preocupada com o que aconteceria com aqueles que tinham ficado em Haylon se ela n?o voltasse; com Thanos. Esse era outro tipo de heresia. Os vivos n?o importavam a n?o ser na medida em que fossem ?teis para cumprir os desejos dos mortos. Se toda uma ilha de pessoas morresse nas m?os de um invasor, essa era uma gloriosa honra para eles e n?o algo para tratar como um desastre iminente. Tudo o que importava na vida era cumprir os desejos dos mortos e conseguir um fim para si mesmo que era adequadamente glorioso. Os oradores dos mortos haviam deixado isso claro. Jeva at? tinha ouvido os sussurros dos mortos, quando o fumo saiu das piras Ela continuou a navegar, ignorando isso, sentindo a atra??o das ondas contra o leme enquanto ela mantinha seu pequeno barco na rota para seu lar. Naquele momento, ela deu por si a ouvir outras vozes a discutir por compaix?o, para salvar Haylon, para ajudar Thanos. Ela havia-o visto a arriscar sua pr?pria vida para ajudar os outros sem nenhuma boa raz?o que Jeva conseguisse ver. Quando ela tinha estado amarrada a um navio de Felldust como uma figura de proa, esperando ser esfolada, ele tinha ido resgat?-la. Quando eles haviam lutado lado a lado, o escudo dele tinha sido o escudo dela de uma maneira nunca vista com seu povo. Ela tinha visto em Thanos algo para admirar. Talvez mais do que admirar. Ela tinha visto algu?m que estava no mundo para fazer o melhor que conseguia e n?o apenas para encontrar a maneira mais perfeita de sair do mundo. As novas vozes que Jeva estava a ouvir diziam-lhe que era assim que ela devia viver, e que ir ajudar Haylon era uma parte disso. O problema era que Jeva sabia que isso s? vinha de dentro de si mesma. Ela n?o lhes devia ter dado ouvidos t?o intensamente. Seu povo certamente n?o o faria. “O que resta deles”, disse Jeva, com o vento a levar suas palavras. A aldeia de sua tribo tinha desaparecido. Agora, ela iria para outro lugar de ajuntamento e pediria a outro pequeno grupo de seu povo pelas suas vidas. Jeva olhou para o modo como o vento ondulava a pequena vela de seu barco, no jogo de espuma sobre o oceano; qualquer coisa para evitar pensar no que ela teria de fazer para que isso acontecesse. Mesmo assim, as palavras surgiam, t?o inevit?veis como o fim da vida. Ela teria de afirmar falar pelos mortos. Tinham sido precisas as palavras dos mortos para os levar a Delos, embora Jeva e Thanos n?o tivessem afirmado falar por eles com isso. Mas Jeva n?o podia simplesmente deixar isso para os oradores. Havia uma grande probabilidade de eles dizerem n?o, e ent?o o que aconteceria? A morte de seu amigo. Ela n?o podia permitir isso. Mesmo que isso significasse fazer o impens?vel. Jeva guiava seu barco mais perto da costa, percorrendo seu caminho por entre as rochas e os destro?os que se tinham atolado sobre elas. Aquela n?o era a praia mais pr?xima de sua antiga casa, mas um lugar um pouco mais afastado na costa, noutro dos grandes lugares de ajuntamento. Ainda assim, eles ainda a tinham conseguido limpar dos destro?os. Jeva sorriu, orgulhando-se um pouco com isso. Apareceram barcos na ?gua para irem ao encontro dela. Na maioria, eram coisas leves, canoas com suportes exteriores para os remos, concebidas para intercetarem o que obviamente n?o fosse uma embarca??o do Povo dos Ossos. Se Jeva n?o fosse obviamente um deles, poderia ter dado por si a lutar pela sua vida naquele momento. Em vez disso, eles se aglomeraram ao redor, rindo e brincando de uma maneira que eles nunca faziam ao p? de estranhos. “Um belo barco, irm?. Quantos homens mataste por ele?” “Matar?”, perguntou outro. “Eles provavelmente foram at? aos mortos quando a viram, por medo!” “Eles iriam at? aos mortos quando vissem tua feiura”, ripostou Jeva, e os homens riram-se com ela. Era assim que as coisas eram feitas ali. A maneira como as coisas eram feitas, importava. O povo dela podia parecer estranho para os forasteiros, mas eles tinham suas pr?prias regras, seus pr?prios padr?es de comportamento. Agora, Jeva iria ter com eles, e se ela afirmasse falar pelos mortos, ent?o estaria a infringir a mais fundamental dessas regras. Ela poderia ser suspensa da comunh?o dos mortos por a quebrar, morta sem que suas cinzas se misturassem com as das piras a serem consumidas. Ela levou seu barco para a margem, saltando dele e puxando-o para a praia. Havia l? mais pessoas de seu povo ? espera. Uma mi?da correu para ela com uma urna funer?ria, oferecendo-lhe uma pitada de cinzas da aldeia. Jeva aceitou-as e provou-as. Simbolicamente, agora ela era uma das da aldeia, fazendo parte da comunh?o deles com seus antepassados. “Bem-vinda, sacerdotisa”, disse um dos homens da praia. Ele era um homem velho com pele com aspeto de papel, mas ainda se submeteu humildemente a Jeva por causa das marcas que proclamavam que ela se havia submetido aos ritos. “O que traz uma oradora dos mortos at? ? nossa costa?” Jeva ficou ali, considerando a resposta a dar. Teria sido t?o f?cil naquele momento afirmar que falava por aqueles que tinham morrido. Ela j? tinha tido sua quota-parte de vis?es; quando era uma mi?da, havia quem tivesse pensado que ela seria uma grande oradora pelos mortos. Um dos oradores mais velhos havia proclamado outro tanto, dizendo que ela falaria palavras que abalariam todo seu povo. Se ela afirmasse que os mortos a tinham chamado ali e exigido que o povo dela lutasse por Haylon, eles talvez acreditassem sem discutir. Eles talvez obedecessem ? autoridade emprestada dela, como obedeciam a outras t?o pequenas coisas. Se ela o fizesse, poderia na verdade salvar Haylon. Poderia haver uma hip?tese de seu povo ser suficiente para desmantelar o ataque efetuado pela frota de Felldust. Pelo menos, eles poderiam comprar o tempo dos defensores. Se ela mentisse. Por?m, Jeva n?o o conseguia fazer. N?o era apenas a mentira em seu cerne, embora o facto de a estar a considerar a horripilasse. Nem sequer era o facto de que tal ia contra tudo o que seu povo sentia pelo mundo. N?o, era o facto de que Thanos n?o teria querido que ela o fizesse assim. Ele n?o teria querido que ela enganasse as pessoas levando-as at? ?s suas mortes, ou que as for?asse a enfrentar o poder de Felldust sem saber a verdade do porqu? de o estarem a fazer. “Sacerdotisa?”, chamou o velho homem. “Est?s aqui para falar pelos mortos?” O que ? que ele faria a seguir? Jeva j? tinha uma resposta para isso, forjada desde a ?ltima vez em que ele havia estado nas terras do povo dela. Forjada a partir de tudo o que ele tinha feito desde ent?o. “N?o”, disse ela. “N?o estou aqui para falar pelos mortos. Chamo-me Jeva, e hoje desejo falar pelos vivos.” CAP?TULO QUATRO Irrien caminhava pelos campos dos mortos, olhando ao redor para o massacre que seus ex?rcitos haviam causado sem qualquer satisfa??o que normalmente vinha de o fazerem. Ao redor dele, os homens do Norte estavam mortos ou a morrerem, esmagados pelos ex?rcitos dele, abatidos pelos perseguidores dele. Irrien dever-se-ia ter sentido triunfante naquele momento. Ele dever-se-ia ter sentido satisfeito pela sua escala, ou poderoso ao ver seus inimigos mortos. Em vez disso, ele se sentia como se tivesse sido roubado da verdadeira vit?ria. Um homem dentro da brilhante armadura de seus inimigos gemia na lama, tentando apegar-se ? vida, apesar das feridas que haviam sido dilaceradas em si. Irrien ergueu uma lan?a de outro cad?ver pr?ximo e enfiou-a nele. Nem mesmo matar um fraco como aquele lhe levantou a moral. A verdade era que tinha sido muito f?cil. Havia t?o poucos inimigos ali para fazer desta uma luta que valesse a pena ter. Eles haviam atravessado o Norte, atravessando as aldeias e os pequenos castelos, atravessando at? a antiga fortaleza de Lorde Oeste. Em cada lugar, encontravam casas vazias e castelos mais vazios, lugares que as pessoas haviam abandonado a tempo de escapar da horda que andava a cair sobre eles. Isso n?o era frustrante apenas porque significava que ele n?o poderia ter as vit?rias significativas que havia planeado. Era tamb?m frustrante porque significava que seus inimigos ainda estavam por ali. Irrien sabia onde, tamb?m, porque o covarde que ficara para tr?s no castelo de Lorde Oeste lhe havia dito: estavam em Haylon, fortalecendo a ilha para onde ele apenas havia enviado parte de suas for?as para conquistar. Isso fazia com que todos os instantes que Irrien passava ali o fizessem se sentir impaciente. Apesar de haver coisas que precisavam de ser feitas ali. Ele olhou em volta para observar, enquanto seus homens trabalhavam ao lado de gangues de escravos rec?m-tomados para derrubar um dos castelos que pareciam surgir ali como cogumelos ap?s a chuva. Irrien n?o deixaria tais coisas desocupadas atr?s de si, porque isso significaria dar aos seus inimigos um lugar para se reunirem. Mais do que isso, seus homens pareciam suficientemente satisfeitos com a vit?ria f?cil. Irrien conseguia ver aqueles que n?o haviam sido designados para os gangues do trabalho a pregui?arem ao sol, fazendo apostas com moedas saqueadas ou atormentando prisioneiros que eles haviam arrebatado para sua divers?o. Os parasitas habituais estavam ali, ? claro. Algu?m havia montado um campo de escravos ? beira do ex?rcito como se fosse sua sombra, com suas carro?as e suas jaulas rapidamente a ficarem lotadas. Havia um espa?o vazio no meio, onde os escravos regateavam os melhores e os mais belos, embora a verdade fosse que eles ficavam com o que os soldados estavam preparados para lhes vender. Aqueles homens ali eram homens que andavam ao lixo, n?o eram guerreiros por direito pr?prio. Depois, havia os sacerdotes da morte. Eles tinham colocado o altar no meio do campo de batalha, como costumavam fazer. Agora, os soldados estavam a levar-lhes os inimigos feridos que encontravam, arrastando-os para a laje de pedra para lhes cortarem a garganta ou extra?rem-lhes os cora??es. O sangue escorria-lhes, e Irrien imaginava que os deuses dos sacerdotes estavam provavelmente satisfeitos com tudo aquilo. Certamente, os sacerdotes pareciam pensar assim, exortando os fi?is a se submeterem completamente ? morte, pois era o ?nico meio de ganhar seu favor. Um homem pareceu realmente lev?-los a s?rio. Ele obviamente tinha sofrido ferimentos na batalha. Uns eram suficientemente graves para que ele precisasse da ajuda de seus companheiros para chegar at? ? laje. Irrien observou-o a subir l? para cima, expondo seu peito para que os sacerdotes o pudessem esfaquear com uma faca de obsidiana escura. Irrien cuspiu contra a fraqueza de um homem que n?o lutaria contra seus ferimentos. Afinal, Irrien n?o estava a deixar que suas velhas feridas o retardassem, pois n?o? Do?a-lhe o ombro a cada movimento, mas ele n?o se estava a oferecer a si pr?prio como um sacrif?cio para manter a morte afastada para outros. Em sua experi?ncia, a ?nica coisa que mantinha a morte afastada era ser o mais forte de dois guerreiros. A for?a significava que se ia conseguir viver. A for?a significava que se poderia conquistar o que se quisesse, quer fosse terra, vida ou mulheres. Resumidamente, Irrien questionava-se sobre o que os deuses da morte dos sacerdotes pensariam dele. Ele n?o os venerava exceto pelo efeito que tinha em juntar seus homens. Nem tinha a certeza se tais coisas existiam, exceto como uma maneira dos sacerdotes que n?o conseguiam controlar seus homens com sua pr?pria for?a terem poder. Irrien imaginava que tais coisas contassem contra ele com quaisquer deuses que existissem, mas, afinal, n?o havia ele enviado, mais do ningu?m, homens, mulheres e crian?as para seus t?mulos? N?o havia ele lhes dado seus sacrif?cios, promovido seu sacerd?cio e tornado aquilo num mundo que eles aprovariam? Irrien poderia n?o o ter feito por eles, mas tinha-o feito, ainda assim. Ele ficou ali e ouviu durante um momento o sacerdote a falar. “Irm?os! Irm?s! Hoje ? uma grande vit?ria. Hoje, envi?mos muitos atrav?s da porta negra para o mundo al?m. Hoje, saci?mos os deuses, de modo a n?o sermos escolhidos por eles amanh?. A vit?ria de hoje...” “N?o foi uma vit?ria”, disse Irrien, e sua voz sobrep?s-se sem esfor?o sobre a do sacerdote. “Para que haja uma vit?ria, deve haver uma luta que valha a pena ter. Ser? que as casas vazias s?o uma vit?ria? ? chacinando tolos que ficaram para atr?s quando outros tiveram o senso de correr?” Irrien olhou em volta para eles. “N?s mat?mos hoje, e isso ? bom, mas h? muito mais a fazer. Hoje, vamos terminar as coisas aqui. Vamos derrubar seus castelos e dar suas fam?lias aos escravos. Amanh?, por?m, iremos para o lugar onde h? uma vit?ria a ser conquistada. Para o lugar onde todos seus guerreiros foram ? nossa frente. Iremos para Haylon!” Ele ouviu seus homens aclamarem, com seu desejo pela batalha reacendido pelas matan?as. Ele virou-se para o sacerdote que ali estava. “O que dizes? ? esta a vontade dos deuses?” O sacerdote n?o hesitou. Ele agarrou em sua faca e abriu o homem morto no altar, tirando suas entranhas para interpret?-las. “?, Lorde Irrien. A vontade dos deuses segue tua nisto! Irrien! Ir-ri-en!” “Ir-ri-en!”, ecoaram os soldados. O homem reconheceu seu lugar, ent?o. Irrien sorriu e partiu para a multid?o. Ele n?o ficou surpreendido quando uma figura vestida com um manto deslizou para o espa?o ao seu lado, acertando seu passo com o dele. Irrien desembainhou uma adaga, sem saber se precisaria dela. “Tens estado sossegado desde a ?ltima vez que fal?mos, N'cho”, disse Irrien. “N?o gosto que me deixem ? espera.” O assassino inclinou a cabe?a. “Eu tenho estado a pesquisar o que me pediste, Primeiro Pedregulho, perguntando aos meus colegas sacerdotes, lendo pergaminhos proibidos, torturando aqueles que n?o falavam.” Irrien tinha a certeza de que o l?der das Doze Mortes se divertira imensamente. De todos eles, N'cho tinha sido o ?nico a sobreviver ao atac?-lo. Irrien come?ava a indagar-se se aquela tinha sido a escolha certa a fazer. “Tu ouviste o que eu disse aos homens”, disse Irrien. “Estamos a ir para Haylon. Isso significa ir contra o filho dos Anci?es. Tens uma solu??o para mim, ou devo arrastar-te de volta para seres o pr?ximo sacrif?cio?” Ele viu o outro homem abanar a cabe?a. “Infelizmente, os deuses n?o est?o t?o ansiosos para me conhecer, Primeiro Pedregulho”. Irrien estreitou os olhos. “E isso quer dizer o qu??” N'cho recuou. “Eu acredito que encontrei o que tu pediste.” Irrien gesticulou para que o outro homem fosse com ele, liderando pelo caminho de volta at? ? sua tenda. Com um olhar dele, os guardas e os escravos que ali estavam sa?ram apressadamente, deixando os dois sozinhos. “O que ? que encontraste?”, perguntou Irrien. “Havia... criaturas usadas na guerra contra os Anci?es”, disse N'cho. “Tais coisas j? estariam mortas h? muito tempo”, salientou Irrien. N'cho abanou a cabe?a. “Eles ainda podem ser convocados, e eu acredito que encontrei um lugar para convocar um. No entanto, isso custar? muitas mortes.” Irrien riu-se com aquilo. Era um pre?o pequeno a pagar pela vida de Ceres. “A morte”, disse ele, “? sempre a coisa mais f?cil de providenciar.” CAP?TULO CINCO Stephania observava o Capit?o Kang a dormir com um olhar de repugn?ncia que penetrava fundo em sua alma. A forma volumosa do capit?o alterava-se quando ele roncava, e Stephania teve de se chegar para tr?s quando ele se chegou para si durante seu sono. Ele j? o havia feito vezes mais do que suficientes ao acordar. Stephania nunca tinha tido dificuldade em conseguir que seus amantes lhe fizessem as vontades. Afinal, era o que estava a planear fazer com o Segundo Pedregulho. No entanto, Kang estava longe de ser um homem gentil, e parecia ter prazer em encontrar novas maneiras de humilhar Stephania. Ele a havia tratado como a escrava que ela tinha sido brevemente com Irrien, e Stephania tinha jurado a si mesma que ela nunca mais o iria ser. Ent?o ela ouviu os murm?rios entre a tripula??o: que afinal talvez ela n?o fosse chegar em seguran?a. Que talvez o capit?o levasse tudo o que ela tinha dado e a vendesse como escrava de qualquer maneira, no final. Que em ?ltima inst?ncia ele partilharia a recompensa, oferecendo-lhes Stephania. Stephania n?o permitiria isso. Ela preferia morrer, mas, em vez disso, era muito mais f?cil matar. Ela deslizou da cama em sil?ncio, olhando para fora de uma das pequenas janelas da cabina do capit?o. O Porto do Sotavento estava a uma curta dist?ncia com a poeira a cair-lhe em cima a partir das fal?sias, mesmo no lusco-fusco da aurora. Era uma cidade feia, desgastada e apertada, e, at? mesmo a partir dali, Stephania poderia perceber que seria um lugar de viol?ncia. Kang disse que ele n?o se atrevia a ir ? noite. Stephania tinha imaginado que tivesse sido apenas uma desculpa para us?-la mais uma vez, mas talvez fosse mais do que isso. Os mercados de escravos n?o estariam abertos ? noite, afinal. Ela tomou uma decis?o e vestiu-se silenciosamente, embrulhando-se em sua capa e alcan?ando as dobras. Ela tirou uma garrafa e um peda?o de fio, movendo-se com o cuidado de algu?m que sabia exatamente o que estava a segurar. Se ela cometesse um erro naquele momento, ela estava morta, ou do veneno, ou quando Kang acordasse. Stephania posicionou-se sobre a cama, alinhando o fio com a boca de Kang o melhor que conseguia. Ele mexia-se e virava-se durante o sono, e Stephania acompanhava seus movimentos, tomando cuidado para n?o lhe tocar. Se ele acordasse naquele momento, ela estava bem ao alcance de um ataque. Ela gotejou o veneno ao longo do fio, mantendo-se concentrada, enquanto Kang murmurou algo em seu sono. Uma gota escorreu para os l?bios dele e, depois, outra. Stephania preparou-se para o momento em que ele iria ofegar e morrer, com o veneno a apoderar-se dele. Em vez disso, seus olhos abriram-se rapidamente, olhando para Stephania, durante um momento, com incompreens?o e, depois com raiva. “Prostituta! Escrava! Vais morrer por isto.” Num instante, ele estava em cima de Stephania, pressionando-a para baixo contra a cama. Ele atingiu-a uma vez, e, depois, ela sentiu a press?o esmagadora das m?os dele a apertarem-lhe a garganta. Stephania engasgou-se ao sentir sua respira??o cortada, debatendo-se enquanto o tentava tirar de cima de si. Pela sua parte, Kang estava em cima dela com toda sua grande estrutura, prendendo Stephania debaixo de si. Ela lutava e ele, simplesmente, ria-se, continuando a estrangul?-la. Ele ainda se estava a rir quando Stephania tirou uma faca de dentro de sua capa e o esfaqueou. Ele arfou com a primeira estocada, mas Stephania n?o sentiu a press?o em sua garganta a aliviar. Ela come?ou a ver tudo escuro, mas continuou a esfaquear, empurrando mecanicamente por instinto, fazendo-o cegamente, porque agora n?o conseguia ver nada al?m de uma fraca n?voa. O aperto em seu pesco?o afrouxou, e Stephania sentiu o corpo de Kang a desabar em cima de si. Ela demorou muito tempo para conseguir sair debaixo dele, ofegante e tentando voltar ? consci?ncia. Quase caiu da cama. Depois levantou-se, olhando para a ru?na do corpo de Kang com repugn?ncia. Ela tinha de ser pr?tica. Ela tinha feito o que pretendia, por mais dif?cil que isso tivesse provado ser. Agora o resto. Stephania rapidamente ajeitou os len??is para fazer com que parecesse ? primeira vista que ele estava a dormir. Passou pela cabina rapidamente, encontrando o pequeno ba? onde Kang guardava o ouro. Saiu para o conv?s, com seu capuz para cima enquanto se dirigia para o pequeno barco de atracagem do navio na popa. Stephania entrou e come?ou a trabalhar as polias para o baixar. Elas rangiam como um port?o enferrujado, e, de algum lugar acima dela, ela ouviu os gritos dos marinheiros a quererem saber o que era o barulho. Stephania n?o hesitou. Tirou uma faca e come?ou a serrar a corda que segurava o barco. A corda cedeu e ela caiu a pouca altura que faltava para as ondas. Agarrando os remos, ela come?ou a remar, dirigindo-se para o porto, enquanto atr?s de si, os marinheiros perceberam que n?o tinham nenhuma maneira de a seguir. Stephania remou at? se deparar com o cais e, em seguida, subiu, sem sequer se preocupar em amarrar o barco. Ela n?o iria voltar por ali. A partir da ?gua, a capital de Felldust era tudo o que tinha prometido ser. A poeira ca?a-lhe em cima, em ondas, enquanto ao seu redor, figuras atravessavam-na com inten??es sinistras. Uma figura aproximou-se dela, e Stephania sacou rapidamente de uma faca at? ela recuar. Ela entrou mais pela cidade adentro. Stephania sabia que Lucious tinha ido ali, e ela questionou-se como ? que ele se tinha sentido ao faz?-lo. Provavelmente desamparado, porque Lucious n?o sabia como se relacionar com as pessoas. Ele pensava em termos de ataque ?s pessoas, de exig?ncias, de amea?as e de intimida??o. Ele tinha sido um tolo. Stephania n?o era uma tola. Ela olhou em volta at? encontrar as pessoas que teriam informa??es reais: os mendigos e as prostitutas. Foi ter com eles com seu ouro roubado e fez a mesma pergunta, uma e outra vez. “Contem-me sobre Ulren.” Ela perguntou-o em becos e em casas de jogo onde as apostas pareciam ser com sangue t?o frequentemente como com moeda. Perguntou-o em lojas que vendiam camadas de mantos contra a poeira e perguntou-o em lugares escuros onde os ladr?es se reuniam. Escolheu uma estalagem e acomodou-se ali, espalhando o boato pela cidade de que havia ouro para aqueles que falassem consigo. Eles vieram, contando-lhe trechos de hist?rias e boatos, fofocas e segredos numa mistura que Stephania estava mais do que habituada a fazer a triagem. N?o se surpreendeu quando dois homens e uma mulher foram ter consigo, todos envolvidos nos mantos que a cidade usava para se proteger da poeira, todos usando o emblema do antigo Segundo Pedregulho. Eles tinham o olhar duro de pessoas habituadas ? viol?ncia, mas isso poder-se-ia aplicar a quase qualquer pessoa em Felldust. “Tens andado a fazer um monte de perguntas”, disse a mulher, se inclinando sobre a mesa. Perto o suficiente para que Stephania lhe pudesse ter enfiado uma faca facilmente. Perto o suficiente para que elas pudessem ter sido confidentes a partilhar fofocas numa qualquer dan?a cortes?. Stephania sorriu. “Tenho.” “Achavas que essas perguntas n?o iriam atrair a aten??o? Que o Primeiro Pedregulho n?o tem escutas nas sombras?” Stephania riu-se ent?o. Ser? que eles pensavam que ela n?o havia considerado a possibilidade de espi?es? Ela tinha feito mais do que isso; ela contava com isso. Ela tinha andado ? pesca de respostas na cidade, mas a verdade era que ela havia andado ? pesca de aten??o tanto quanto de outra coisa qualquer. Qualquer tolo poderia caminhar at? um port?o e ter sua entrada negada. Uma mulher inteligente fazia-o para que aqueles que estavam l? a levassem para dentro. Afinal, Stephania pensou mais divertida, nunca devia ser uma mulher a fazer toda a persegui??o num romance. “Qual ? a gra?a?”, perguntou a mulher. “?s louca, ou apenas est?pida? Em todo o caso, quem ?s tu?” Stephania puxou seu capuz para tr?s de modo que a outra mulher conseguisse ver suas fei??es. “Sou Stephania”, disse ela. “Ex-noiva do herdeiro do Imp?rio, ex-governante do Imp?rio. Sobrevivi ? queda de Delos e aos melhores esfor?os de Irrien para me matar. Eu acho que teu lorde vai querer falar comigo, n?o achas?” Ela se manteve ali enquanto os outros se entreolharam, obviamente, tentando decidir o que fazer diante disso. Finalmente, a mulher tomou uma decis?o. “N?s a levamos.” Eles avan?aram para ambos os lados de Stephania, mas ela fez quest?o de avan?ar com eles, de modo a que se parecesse mais com uma escolta nobre do que com ela a ser feita prisioneira. Ela ainda estendeu a m?o para a pousar levemente no bra?o da mulher, da mesma maneira que poderia ter feito com um companheiro andando em torno de um jardim. Eles atravessaram toda a cidade, e uma vez que havia um raro intervalo nas tempestades de poeira vindas das fal?sias, Stephania n?o se preocupou com o capuz de sua capa. Ela deixou que as pessoas a vissem, sabendo que os rumores sobre quem ela era e onde estava a ir iriam come?ar. ? claro que, apesar do que ela fazia com que aquilo parecesse, tal estava longe de ser um agrad?vel passeio. Aqueles ao seu lado ainda eram assassinos, que n?o hesitariam em a matar se Stephania lhes desse uma raz?o. Quando eles se aproximaram de um grande recinto no cora??o da cidade, Stephania sentiu o medo a dar-lhe um n? no est?mago, empurrado para baixo apenas pela sua determina??o em fazer todas as coisas que ela tinha ido fazer a Felldust. Ela iria vingar-se de Irrien. Iria reaver seu filho do feiticeiro. Eles atravessaram o recinto, passando pelos escravos que trabalhavam e pelos guerreiros que treinavam, passado por est?tuas que representavam Ulren em sua juventude, de p? sobre os corpos dos inimigos mortos. Stephania n?o tinha d?vida de que aquele era um homem perigoso. Ser o segundo de Irrien significava que ele tinha lutado at? ao topo de um dos lugares mais perigosos que existia. Perder ali significava morrer, ou pior do que morrer, mas Stephania n?o tinha a inten??o de perder. Ela tinha aprendido as li??es da invas?o, e at? mesmo de seu fracasso em controlar Irrien. Desta vez, ela tinha algo a oferecer. Ulren queria as mesmas coisas que ela: poder, e a morte do ex-Primeiro Pedregulho. Stephania tinha ouvido falar de pessoas que baseavam casamentos em coisas piores. CAP?TULO SEIS Ceres saiu do pequeno barco para a margem, admirada pelo facto de que um lugar como aquele pudesse existir algures abaixo da terra. Ela sabia que os poderes dos Anci?es estavam envolvidos, mas ela n?o conseguia perceber porque eles o fariam. Porque fazer um jardim no meio de um pesadelo? Claro que, a partir do pouco que tinha visto dos Anci?es, haver um pesadelo podia ser uma raz?o suficiente para o jardim. E depois havia a c?pula, que parecia ser composta de luz dourada pura. Ceres aproximou-se dela. Se houvesse uma resposta a ser encontrada ali, ela tinha a certeza que estava algures dentro daquela c?pula. A luz estava levemente enevoada, e no interior, Ceres pensou ver um par de figuras. Ela s? esperava que n?o fossem mais feiticeiros meio mortos. Ceres n?o tinha a certeza se tinha mais for?a para lutar contra eles. Ceres aproximou-se da luz, e n?o conseguiu evitar se preparar para algum tipo de choque ou for?a projetada para a atirar para tr?s. Em vez disso, houve apenas um momento de press?o, e, ent?o, ela o atravessou, entrando na c?pula e olhando ao redor. Ali, parecia o interior de algum espa?o opulento, com tapetes e sof?s, est?tuas e ornamentos que pareciam pairar a partir do interior da c?pula. Havia outras coisas tamb?m: vidros e livros que indicavam a arte de um feiticeiro. Duas figuras estavam ao meio. O homem tinha a mesma apar?ncia de gra?a e paz que Ceres tinha visto em sua m?e, e ele usava as vestes p?lidas que ela tinha visto nas mem?rias dos Anci?es. A mulher usava as vestes mais escuras de um feiticeiro, mas ao contr?rio dos anteriores, ela ainda parecia jovem, n?o desidratada pelo tempo. Olhando para eles, Ceres percebeu que eles tamb?m tinham a apar?ncia levemente transl?cida que ela tinha visto noutras partes do complexo, nas mem?rias que ali existiam. “Eles n?o s?o reais”, disse ela. O homem riu-se. “Est?s a ouvir isso, Lin? N?s n?o somos reais.” A mulher estendeu a m?o para tocar no bra?o dele. “? um erro incompreens?vel de se fazer. Depois de todo esse tempo, imagino que devemos parecer meras sombras do que fomos.” Isso apanhou Ceres um pouco de surpresa. Num impulso, ela estendeu a m?o para o homem. Ela descobriu que sua m?o passou diretamente atrav?s de seu peito. Ela percebeu o que ela acabara de fazer. “Lamento”, disse ela. “N?o lamentes”, disse o homem. “Eu imagino que seja um pouco desconcertante.” “O que ? que voc?s s?o?”, perguntou ela. “Eu vi os feiticeiros l? em cima, e voc?s n?o s?o como eles, e voc?s tamb?m n?o s?o como as mem?rias, porque essas s?o apenas imagens.” “N?s somos... outra coisa”, disse a mulher. “Eu sou Lin, e este ? Alteus.” “Sou Ceres.” Ceres observou o qu?o perto os dois estavam um do outro; a maneira como a m?o de Lin permanecia no ombro de Alteus. Os dois tinham a apar?ncia de um casal muito apaixonado. Ser? que ela e Thanos alguma vez acabariam assim? Presumivelmente n?o de uma forma t?o ?bvia, por?m. “A batalha estava intensa e n?o a pod?amos parar”, disse Alteus. O que os feiticeiros planearam foi mau.” “Alguns de tua esp?cie n?o foram melhores”, disse Lin com um leve sorriso, como se eles j? tivessem tido essa conversa muitas vezes. “Aconteceu t?o r?pido. Os Anci?es prenderam os feiticeiros como eles estavam. Sua magia misturou passado e futuro juntos, e Alteus e eu...” “Voc?s se tornaram outra coisa”, Ceres terminou. Mem?rias conscientes. Fantasmas do passado que poderiam tocar uns nos outros, pelo menos. “Eu tenho a sensa??o que n?o lutaste l? em cima para chegar at? aqui apenas para descobrir sobre n?s”, disse Alteus. Ceres engoliu. Ela n?o esperava isso. Ela esperava um objeto, talvez algo como o ponto de conex?o a segurar os feiti?os acima juntos. Ainda assim, o Anci?o que estava ? frente dela estava certo: ela tinha chegado ali por uma raz?o. “Eu tenho o sangue dos Anci?es”, disse ela. Ela viu Alteus assentir. “Eu consigo ver isso.” “Mas algo a est? a restringir”, disse Lin. “A limit?-la.” “Algu?m me envenenou”, disse Ceres. “Ela tirou-me os poderes. Minha m?e foi capaz de os restaurar por um tempo, mas isso n?o durou muito.” “Veneno de Daskalos”, disse Lin, com uma nota de repugn?ncia. “Uma coisa m?”, disse Alteus. “Mas uma coisa que pode ser desfeita”, acrescentou Lin. Ela olhou para Ceres. “Se ela for digna disso. Sinto muito, mas isso ? muito poder para algu?m ter. N?s j? vimos o que esse poder pode fazer.” “E dado o que somos, seria preciso muito para desfaz?-lo”, disse Alteus. Lin estendeu a m?o para tocar no bra?o dele. “Talvez tenha chegado a altura de ver coisas novas. Estamos aqui h? centenas de anos. Mesmo tendo em conta as coisas que podemos criar, talvez tenha chegado a altura de ver o que se segue.” Ceres estava parada enquanto ouvia aquilo, a interiorizar suas implica??es. “Esperem, curarem-me matar-vos-ia?” Ela abanou a cabe?a, mas foi interrompida por pensamentos de Thanos e de todos os outros em Haylon. Se ela n?o o fizesse, eles iriam morrer tamb?m. “Eu n?o sei o que dizer”, ela admitiu. “Eu n?o quero que ningu?m morra por mim, mas imensa gente vai morrer se eu n?o fizer isso.” Ela viu os dois esp?ritos a olharem um para o outro. “Isso ? um bom come?o”, disse Alteus. “Isso significa que h? uma raz?o para isso. Conta-nos o resto. Conta-nos tudo o que levou a isto.” Ceres fez seu melhor. Ela explicou tudo sobre a rebeli?o e a guerra. Sobre a invas?o que se seguiu e sua incapacidade para par?-la. Sobre o ataque a Haylon que estava, at? ent?o, a colocar todos os que ela amava em risco. “Eu entendo”, disse Lin, tocando em Ceres. Para surpresa de Ceres, ela sentiu press?o ali. “Isso lembra-me um pouco nossa guerra.” “O passado prossegue em ecos de si pr?prio”, disse Alteus. “Mas existem alguns ecos que n?o podem ser repetidos. Precisamos de saber se ela entende.” Ceres viu Lin acenar. “? verdade”, disse o fantasma. “Ent?o, uma pergunta para ti, Ceres. Vamos ver se entendes. Porque ? que isto ainda est? aqui? Porque ? que os feiticeiros ainda est?o aprisionados desta forma? Porque ? que os Anci?es n?o os destru?ram?” A pergunta dava a sensa??o de um teste, e Ceres teve a sensa??o de que, se n?o conseguisse dar uma boa resposta, n?o iria receber ajuda daqueles dois. Dado o que eles haviam dito que tal lhes poderia custar, Ceres ficou surpreendida de eles o estarem a considerar de todo. “Poderiam os Anci?es t?-los destru?do?”, perguntou Ceres. Alteus parou por um momento, e, ent?o, assentiu. “N?o foi isso. Pensa no mundo.” Ceres pensou. Ela pensou sobre os efeitos da guerra. Sobre os destro?os das demoli??es de Felldust e os escombros da ilha acima dela. Sobre a forma como alguns dos Anci?es foram deixados no mundo. Sobre as invas?es, e as pessoas que tinham morrido a lutar contra o Imp?rio. “Eu acho que tu n?o os destru?ste por causa do que seria necess?rio para o fazer”, disse Ceres. “De que ? que serve ganhar se n?o restar nada depois?” Ela suponha que era mais do que isso, por?m. “Eu fazia parte de uma rebeli?o. Lut?mos contra algo que era grande, e terr?vel, e piorou a vida das pessoas, mas quantas pessoas morreram agora? N?o consegues resolver algo te limitando a abater todas as pessoas.” Naquele momento ela viu Lin e Alteus a olharem um para o outro. Eles assentiram com a cabe?a. “N?s permitimos a rebeli?o dos feiticeiros ao in?cio”, disse Alteus. “Pens?mos que n?o daria em nada. Em seguida, a rebeli?o cresceu, e lut?mos, mas ao combat?-la, caus?mos tantos danos quanto eles. T?nhamos o poder de destruir paisagens inteiras, e n?s us?mo-lo. Oh, como us?mos.” “Tu j? viste as coisas feitas a esta ilha”, disse Lin. Quando eu te curar, se eu te curar, vais ter esse tipo de poder. O que ? que vais fazer com ele, Ceres?” Houve um momento em que a resposta teria sido simples. Ela teria derrubado o Imp?rio. Ela teria destru?do os nobres. Agora, ela s? queria que as pessoas fossem capazes de viver suas vidas de forma segura e feliz; n?o parecia ser pedir demais. “Eu s? quero salvar as pessoas que amo”, disse ela. “Eu n?o quero destruir ningu?m. Eu apenas... acho que tenho de o fazer. Eu odeio isso, eu s? quero paz.” At? mesmo Ceres ficou um pouco surpreendida com isso. Ela n?o queria mais viol?ncia. Ela simplesmente tinha de o fazer para evitar que pessoas inocentes fossem abatidas. Isso rendeu-lhe outro aceno. “Uma boa resposta”, disse Lin. “Chega-te aqui.” A antiga feiticeira passou entre os frascos de vidro e equipamento alqu?mico que pareciam existir numa forma ilus?ria. Ela se movimentava entre eles, misturando coisas e mudando coisas. Alteus foi com ela, e os dois aparentavam funcionar com o tipo de harmonia que s? poderia ser constru?da ao longo de muitos anos. Eles verteram solu??es em novos recipientes, acrescentaram ingredientes, consultaram livros. Ceres estava ali para os ver, e tinha de admitir que n?o entendia metade do que eles estavam a fazer. Quando eles se puseram ? frente dela com um frasco de vidro, quase que n?o parecia suficiente. “Bebe isto”, disse Lin. Ela estendeu-o para Ceres, e apesar de tudo parecer irreal, quando Ceres o agarrou sua m?o encontrou vidro s?lido. Ela ergueu-o, vendo o brilho do l?quido dourado que combinava com a cor da c?pula ao redor de si. Ceres bebeu-o, e tinha um sabor como se ela estivesse a beber a luz das estrelas. Naquele momento, o l?quido pareceu percorr?-la e ela sentiu seu progresso no relaxamento de seus m?sculos, e o aliviar das dores que ela n?o sabia que tinha. Ela tamb?m sentiu algo a crescer dentro de si, espalhando-se como um sistema de ra?zes a percorrer seu corpo enquanto os canais ao longo dos quais seu poder tinha corrido se renovavam. Quando terminou, Ceres sentiu-se melhor do que antes da invas?o. Era como uma profunda sensa??o de paz a espalhar-se atrav?s de si. “J? est??”, perguntou Ceres. Alteus e Lin pegaram nas m?os um do outro. “Nem por isso”, disse Alteus. A c?pula em torno de Ceres pareceu desmoronar-se para dentro, com seu conte?do a desaparecer ? medida que se transformava em pura luz. Aquela luz reuniu-se no lugar onde o Anci?o e a Feiticeira estavam, at? Ceres n?o os conseguir vislumbrar nela. “Ser? interessante ver o que acontece a seguir”, disse Lin. “Adeus, Ceres.” A luz explodiu em dire??o a Ceres, preenchendo-a, enchendo-a atrav?s dos canais de seu corpo, como ?gua ao longo de aquedutos recentemente constru?dos. A luz enchia-a e continuava a ench?-la, entrando e parecendo que havia mais poder dentro de Ceres do que jamais alguma vez tinha havido. Pela primeira vez, ela entendeu a real profundidade dos poderes dos Anci?es. Ela ficou ali, pulsando com poder, e ela sabia que tinha chegado o momento. Tinha chegado o momento para a guerra. CAP?TULO SETE Jeva conseguia sentir a tens?o a crescer a cada passo que dava para a sala de reuni?es. As pessoas ali olhavam para si da forma que ela teria esperado que as pessoas fora de suas terras olhassem para os de sua esp?cie: como se ela fosse algo estranho, diferente, at? mesmo perigoso. N?o era uma sensa??o de que Jeva gostasse. Seria apenas porque eles n?o viam muitas com as marcas de sacerdotisas por ali, ou era algo mais? Apenas quando come?aram os primeiros insultos e acusa??es da multid?o ali reunida ? que Jeva come?ou a entender. “Traidora!” “Tu levaste tua tribo ? morte!” Um jovem saiu da multid?o com aquela arrog?ncia que s? os homens jovens conseguiam gerir. Ele caminhou como se fosse o dono do caminho que levava at? ? Casa dos Mortos. Quando Jeva se dirigiu para o lado dele, ele a bloqueou. Jeva deveria t?-lo atingido apenas por isso, mas ela estava ali para coisas mais importantes. “Afasta-te”, disse ela. “Eu n?o estou aqui para a viol?ncia.” “J? te esqueceste dos costumes de nossa gente assim t?o completamente?”, perguntou ele. “Tu arrastaste tua tribo para morrer em Delos. Quantos voltaram?” Jeva percebeu que ele estava enraivecido. O tipo de raiva que at? mesmo as gentes dela sentiam quando perdiam algu?m pr?ximo. Dizer-lhe a ele que eles tinham ido at? aos antepassados e que ele devia estar feliz n?o serviria para nada. Em qualquer caso, naquele momento, Jeva n?o tinha a certeza de que ela acreditava nisso. Ela tinha visto as mortes sem sentido da guerra. “Mas tu voltaste”, disse o jovem. “Destru?ste uma de nossas tribos, e voltaste, covarde!” Noutro dia qualquer, Jeva t?-lo-ia matado por ter dito aquilo, mas a verdade era que o choramingar de um idiota n?o importava, n?o em compara??o com tudo o que estava a acontecer. Ela dirigiu-se para o lado dele novamente. Jeva parou quando ele sacou de uma faca. “Tu n?o queres fazer isto, rapaz”, disse ela. “N?o me digas o que eu quero!”, gritou ele, e atirou-se a ela. Jeva reagiu por instinto, desviando-se da dire??o do golpe a balan?ar, enquanto atacava com suas correntes de l?minas. Uma enrolou-se ? volta do pesco?o dele, puxando enquanto ela se movia com a velocidade de uma longa pr?tica. O sangue espirrou e o jovem agarrou a ferida, caindo de joelhos. “Maldito”, disse Jeva suavemente. “Porque ? que me obrigaste a fazer isto, seu idiota?” N?o houve resposta, ? claro. Nunca havia qualquer resposta. Jeva sussurrou as palavras de uma ora??o para os mortos por cima do jovem e, em seguida, levantou-se, levantando-o. Outros alde?es a seguiram enquanto ela continuava em seu caminho, e Jeva sentia a tens?o ali agora onde antes havia havido piadas. Eles a seguiam de perto como uma guarda de honra, ou a escolta de um prisioneiro para sua execu??o. Quando chegou ? Casa dos Mortos, os mais velhos da aldeia j? estavam ? espera dela. Jeva entrou suavemente e descal?a, ajoelhando-se diante da pira que queimava incessantemente e deixando ali cair o corpo de seu atacante. Ela ficou ali, enquanto ele come?ava a arder, a olhar em redor para as pessoas que ele tinha ido convencer. “Tu vens aqui com sangue nas tuas m?os”, disse um Orador dos Mortos, dando um passo para a frente com seus mantos a rodopiar. “Os mortos disseram-nos que viria algu?m, mas n?o que isso iria acontecer assim.” Jeva olhou para ele, indagando-se se era verdade. Tinha havido um tempo em que ela n?o o teria questionado. “Ele me atacou”, disse Jeva. “Ele n?o era t?o r?pido quanto ele pensava.” Os outros que ali estavam assentiram. Tais coisas podiam acontecer naquelas partes mais severas do mundo. Jeva n?o deixou que nenhuma da culpa que sentia transparecesse em seu rosto. “Vieste para nos perguntar alguma coisa”, disse o Orador. Jeva assentiu. “Vim.” “Ent?o pergunta.” Jeva ficou ali, recolhendo seus pensamentos. “Eu pe?o ajuda para a ilha de Haylon. Uma grande frota est? a atac?-la, sob as ordens do Primeiro Pedregulho. Eu acredito que nosso povo pode fazer a diferen?a.” Naquele momento, vozes se entoaram, falando ao mesmo tempo. Havia perguntas e exig?ncias, acusa??es e opini?es, todas parecendo se esbaterem juntas. “Ela quer que a gente v? morrer por ela.” “N?s j? ouvimos isso antes!” “Porqu? lutar por pessoas que n?o conhecemos?” Jeva ficou ali, deixando-se afetar por tudo aquilo. Se aquilo corresse mal, muito provavelmente ela n?o sairia daquela sala. Dado quem ela era, ela deveria ter tido uma sensa??o de paz com isso, mas Jeva tamb?m deu por si a pensar em Thanos, que a tinha salvado, arriscando sua pr?pria vida, e em todas as pessoas que estavam presas em Haylon. Eles precisavam que ela tivesse ?xito. “N?s dev?amos d?-la aos mortos por tudo o que ela fez!”, exclamou um. O Orador dos Mortos colocou-se ent?o ao lado de Jeva, levantando as m?os para pedir sil?ncio. “Sabemos o que nossa irm? est? a pedir”, disse o Orador. “Agora n?o ? o momento para falar. N?s somos apenas os vivos. Agora ? o momento de ouvir os mortos.” Ele estendeu a m?o para seu cinto, tirando uma bolsa dos p?s sagrados misturados com as cinzas dos antepassados. Ele atirou-a para a pira, e as chamas atearam. “Respira, irm?”, disse o Orador. “Respira e v?.” Jeva inspirou o fumo, levando-o bem para dentro de seus pulm?es. As chamas dan?avam no fosso abaixo dela, e pela primeira vez em anos, Jeva viu os mortos. Come?ou com o esp?rito do homem que ela tinha matado. Ele levantou de seu corpo a arder, caminhando atrav?s das chamas na dire??o dela. “Tu mataste-me”, disse ele em algo parecido com choque. “Tu mataste-me!” Ele atacou-a ent?o, e embora os mortos n?o devessem ter sido capazes de tocar nos vivos, Jeva ainda o sentia t?o seguramente como se ele lhe tivesse dado um estalo enquanto ele estava vivo. Ele atacou-a e, depois, deu um passo para tr?s, olhando em expectativa. Os restantes mortos apareceram a Jeva naquele momento, e n?o eram mais am?veis do que o jovem que ela tinha morto. Eles estavam todos ali: as pessoas que ela havia matado com suas pr?prias m?os e os que ela havia levado at? ?s suas mortes em Haylon. Eles apareceram-lhe, um por um, e um por um, eles atacaram Jeva, com golpes que a deixaram a rebolar, atirando-a ao ch?o, reduzindo-a a algo que se aguentava no ch?o. Pareceu demorar uma eternidade at? eles se afastarem de Jeva e ela ser capaz de olhar para cima novamente. Ela deu por si a olhar para Haylon. Uma ilha cercada por navios numa batalha intensa. Ela viu os navios do Povo dos Ossos embaterem contra aqueles atacantes, abrindo um buraco, com seus guerreiros a emergirem na praia. Ela via-os a lutar, a matar e a morrer. Jeva via-os a morrer em n?meros que ela s? havia visto uma vez antes, em Delos. “Se os levares para Haylon, eles v?o morrer”, disse uma voz, e essa voz soou como se fosse composta pelas vozes de milhares de antepassados ao mesmo tempo. “V?o morrer como n?s morremos.” “Ser? que v?o ganhar?”, perguntou Jeva. Houve uma breve pausa antes de a voz responder a isso. “? poss?vel que a ilha possa ser salva.” Portanto, n?o seria um gesto em v?o. N?o seria o mesmo que em Delos. “Vai ser o fim para nosso povo”, disse a voz. “Alguns v?o sobreviver, mas nossas tribos n?o. Nossos caminhos n?o. Haver? tantos mais a juntarem-se a n?s, ? tua espera na morte.” Isso provocou um lampejo de medo a Jeva. Ela sentiu a raiva daqueles que tinham morrido, sentiu seus golpes. Valia a pena? Conseguiria ela faz?-lo a todo seu povo? “E irias morrer”, continuou a voz. “Anuncia isto ao nosso povo, e morrer?s por isso.” Lentamente, ela come?ou a voltar a si mesma, encontrando-se no ch?o, diante da pira. Jeva colocou sua m?o no rosto que ficou saiu ensanguentada, embora ela n?o soubesse se isso era a tens?o da vis?o ou a viol?ncia dos mortos. Ela obrigou-se a levantar-se, olhando para a multid?o reunida. “Diz-nos o que viste, irm?,” disse o Orador dos Mortos. Jeva ficou ali, a olhar para ele, tentando avaliar o quanto, se alguma coisa, ele tinha visto. Ela poderia mentir naquele momento? Poderia dizer ? multid?o reunida que os mortos eram todos a favor do plano? Jeva sabia que n?o podia mentir assim, mesmo para Thanos. “Eu vi a morte”, disse ela. “A vossa morte, minha morte. A morte de todo nosso povo, se fizermos isso.” Um murm?rio deu a volta ? sala. O povo dela n?o tinha medo da morte, mas a destrui??o de todo o modo de vida deles era outra coisa. “Pediste-me para falar pelos mortos”, disse Jeva, “e eles disseram isso em Haylon, a vit?ria seria comprada com a vida de nossas pessoas.” Ela respirou, a pensar no que Thanos teria feito. “Eu n?o quero falar pelos mortos. Eu quero falar pelos vivos.” Os murm?rios mudaram de tom, tornando-se mais confusos. Tornando-se mais zangados em alguns espa?os tamb?m. “Eu sei o que tu pensas”, disse Jeva. “Achas que eu estou a falar sacril?gios. Mas h? toda uma ilha de pessoas l?, que precisa de nossa ajuda. Vi os mortos, e eles amaldi?oaram-me pelas suas mortes. Sabes o que ? que isso me diz? Que a vida importa! Que a vida de todos aqueles que v?o morrer se n?s n?o ajudarmos importa. Se n?o ajudarmos, vamos permitir que o mal se instale. Permitimos que aqueles que vivem em paz sejam chacinados. Vou opor-me, n?o porque os mortos o exijam, mas porque os vivos o exigem!” Em seguida, houve um alvoro?o na sala. O Orador dos Mortos olhou para tudo aquilo e a seguir para Jeva. Ele empurrou-a para a porta. “Tens de ir”, disse ele. “Vai antes que eles te matem por blasf?mia.” Jeva, por?m, n?o foi. Os mortos j? lhe haviam dito que ela iria morrer por fazer isso. Se aquele era o pre?o por ganhar ajuda, ela iria pag?-la. Ela ficou ali como um ponto de sil?ncio no meio das discuss?es na sala. Quando um homem correu para ela, ela pontapeou-o para tr?s e manteve-se ali de p?. Era tudo o que ela podia fazer naquele momento. Ela esperava pelo momento em que um deles finalmente a matasse. Jeva ficou bastante confusa quando n?o o fizeram. Em vez disso, o ru?do na sala cessou, e as pessoas l? ficaram ? sua frente, olhando em sua dire??o. Uma por uma, ajoelharam-se, e o Orador da Morte chegou-se ? frente. “Parece que vamos contigo para Haylon, irm?.” Jeva pestanejou. “Eu... n?o entendo.” Naquele momento, ela j? devia estar morta. Os mortos haviam-lhe dito que era o sacrif?cio que eles queriam. “J? te esqueceste de nossos h?bitos assim t?o completamente?”, perguntou o sacerdote. “Ofereceste-nos uma morte que vale a pena ter. Quem somos n?s para discutir?” Ent?o, Jeva ajoelhou-se juntamente com os outros. N?o sabia o que dizer. Tinha estado ? espera da morte, e, em vez disso, tinha a vida. Agora, s? tinha de fazer com que aquilo valesse a pena para alguma coisa. “Estamos a chegar, Thanos”, prometeu ela. CAP?TULO OITO Irrien ignorava a dor de seus ferimentos enquanto cavalgava em dire??o ao sul ao longo dos trilhos j? em lama devido ? passagem de seu ex?rcito. Ele for?ou-se a ficar erguido na sela, n?o deixando que a agonia que ele sentia se notasse. N?o abrandou ou parou, apesar dos muitos cortes, das ligaduras e dos pontos. As coisas que se encontravam no final daquela viagem eram muito importantes para adiar. Seus homens viajavam com ele, tornando a viagem de volta para Delos ainda mais r?pida do que em seu ataque contra o Norte. Alguns deles estavam a mover-se mais lentamente, direcionando fileiras de escravos ou vag?es de bens saqueados, mas a maioria cavalgava com seu lorde, pronta para as batalhas que ainda estavam por vir. “? melhor que tenhas raz?o acerca disto”, disse, impacientemente, Irrien a N'cho. O assassino andava ao lado dele com a calma aparentemente infinita que ele sempre projetava, como se a pressa de uma horda dos melhores guerreiros de Irrien atr?s dele n?o fosse nada. “Quando chegarmos a Delos, vais ver, Primeiro Pedregulho.” Alcan?ar Delos n?o demorou muito, embora no momento em que l? chegaram, o cavalo de Irrien estivesse a respirar com dificuldade, com seus flancos cobertos de suor. Ele seguia N'cho que liderava o caminho longe da estrada, para um espa?o cheio de ru?nas e l?pides. Quando finalmente ele parou, Irrien olhou ao redor, impressionado. “? aqui?”, perguntou ele. “? aqui”, assegurou N'cho. “Um espa?o onde o mundo ? fraco o suficiente para convocar... outras coisas. Coisas que podem matar um Anci?o.” Irrien desmontou. Ele deveria ter sido capaz de fazer isso com graciosidade e facilidade, mas a dor de seus ferimentos f?-lo bater no ch?o com for?a. Foi um lembrete do que o assassino e seus colegas lhe tinham feito, e um que N'cho pagaria se ele n?o conseguisse cumprir sua promessa. “Parece um simples cemit?rio”, disse Irrien de repente. “Tem sido um lugar da morte desde o tempo dos Anci?es”, respondeu N'cho. “Tem havido tantas mortes aqui que tal deixou o caminho ? beira da abertura. Exige apenas as palavras certas, os s?mbolos certos. E, claro, os sacrif?cios certos.” Irrien devia ter adivinhado essa parte de um homem que se vestia como um dos sacerdotes da morte. Ainda assim, se isso lhe pudesse dar os meios para matar a crian?a dos Anci?es, valeria a pena. “Os escravos ser?o trazidos”, prometeu ele. “Mas se falhares nisto, vais juntar-te a eles na morte.” A parte mais assustadora foi que o assassino n?o reagiu a isso. Ele mantinha a serenidade enquanto caminhava at? um ponto que parecia como se tivesse sido o local de uma vala comum, enquanto tirava p?s e po??es de suas vestes, enquanto come?ava a fazer marca??es no ch?o. Irrien esperava e observava, sentado ? sombra de um dos t?mulos que ali estavam tentando disfar?ar o quanto seu corpo lhe do?a ap?s a longa viagem. Ele teria gostado de ter cavalgado para Delos e, em seguida, ter limpado e feito um curativo em suas feridas, e talvez descansar um pouco. Mas ent?o seus homens iriam fazer perguntas sobre porque ? que ele n?o estava ali a ver tudo o que acontecia. N?o iria parecer plaus?vel. Ent?o, em vez disso, ele enviou homens para irem buscar sacrif?cios, e uma lista de outras coisas que N'cho disse que ele precisava. Demorava mais de uma hora para qualquer coisa voltar da cidade e, mesmo assim, era a cole??o mais estranha que ele j? tinha exigido. Uma d?zia de sacerdotes mortos vinha juntamente com os escravos e os unguentos, as velas e os braseiros. Irrien viu N'cho a sorrir com sua presen?a, com uma confian?a que disse a Irrien que aquilo n?o era um truque. “Eles querem ver como isto ? feito”, disse ele. “Eles querem ver se ? mesmo poss?vel. Eles acreditam, mas eles n?o acreditam.” “Eu vou acreditar quando vir alguns resultados”, disse Irrien. “Ent?o vais t?-los, meu senhor”, respondeu o assassino. Ele voltou para o espa?o que tinha marcado com os s?mbolos de seu of?cio, colocando velas e acendendo-as. Ele gesticulava para que os escravos fossem trazidos para a frente, e, um por um, amarrou-os no lugar, afixando-os a estacas ao redor da borda do c?rculo que tinha desenhado, ungindo-os com ?leos que os faziam contorcer e implorar. N?o era nada em compara??o com seus gritos quando o assassino os p?s em chamas. Irrien conseguia ouvir alguns de seus homens a ofegar com a brutalidade ocasional de tudo aquilo, ou queixando-se da perda. Irrien limitou-se a ficar ali. Se aquilo n?o funcionasse, haveria tempo mais do que suficiente para matar N'cho mais tarde. Funcionou, por?m, e de uma forma que Irrien n?o poderia ter previsto. Ele viu N'cho a dar um passo para tr?s a partir do c?rculo, cantando. Enquanto cantava, o solo dentro do c?rculo parecia se desintegrar, dando lugar a algo semelhante como quando um sumidouro poder-se-ia ter aberto nos res?duos de poeira a que Irrien estava acostumado. Os gritos, os sacrif?cios flamejantes ca?am para l?, e, ainda assim, N'cho continuava a cantar. Irrien ouviu o ranger e o estalar quando os t?mulos se come?aram a abrir. Uma sepultura perto do local onde Irrien estava desfez-se com um som da terra a dilacerar-se, e Irrien viu ossos a serem puxados de l?, como se por um remoinho, sugados em dire??o ao buraco no ch?o e desaparecendo sem deixar vest?gios. Mais se seguiram, entrando como se atra?dos para o espa?o, batendo com a velocidade de dardos arremessados. Irrien viu um homem empalado por um osso da coxa e, depois, a ser transportado para o fosso. Ele gritou ao cair, e, seguidamente, fez-se sil?ncio. Durante v?rios segundos, tudo ficou em sil?ncio. N'cho gesticulou para os sacerdotes da morte se aproximarem. Eles aproximaram-se, juntando-se a si, obviamente querendo ver o que ele estava a fazer. Por causa disso, Irrien pensou que eles eram loucos, colocando seu desejo de poder ? frente de tudo o resto, at? mesmo de sua sobreviv?ncia. Irrien imaginou o que estava por vir, mesmo antes de uma m?o grande, com garras, sair da caverna que se tinha aberto e apanhado um deles. As garras perfuraram o sacerdote e, depois, come?aram a arrast?-lo para dentro do buraco, enquanto ele implorava por miseric?rdia. N'cho estava l? enquanto a criatura agarrava o moribundo, envolvendo uma leve corrente prateada em torno do membro da criatura t?o facilmente como se estivesse a atar as pernas de um cavalo. Ele entregou a corrente a um grupo de soldados, que cautelosamente a agarraram, como se estivessem ? espera de ser as pr?ximas v?timas. “Puxem”, ordenou ele. “Puxem se n?o querem morrer.” Os homens olharam para Irrien que assentiu. Se isso custasse algumas vidas, valeria a pena. Ele observava os homens a puxar, a esticar da mesma forma que poderiam fazer ao erguer uma vela pesada. N?o arrastaram o animal de sua caverna, mas pareciam ser capazes de o persuadir a se mover. A criatura subiu do buraco com suas pernas com garras. Era uma coisa com pele cori?cea, fina como o papel, sobre ossos que eram mais compridos do que um homem alto. Alguns desses ossos projetavam-se atrav?s da pele em espig?es e espinhos que eram t?o alongados quanto cabe?as de lan?as. A criatura era t?o alta quanto um navio, parecendo poderosa e impar?vel. Sua cabe?a era da esp?cie dos crocodilos e com escamas, com um ?nico olho grande a olhar a partir do meio de seu cr?nio com um sinistro brilho amarelo. N'cho estava l? com mais correntes, correndo em torno da besta, entregando-as a mais homens, para que, rapidamente, uma companhia inteira de guerreiros, de forma a sobreviver, segurasse a besta. Mesmo acorrentada assim, a criatura era terrivelmente perigosa. Parecia exalar uma sensa??o de morte, com as ervas ao seu redor a escurecerem simplesmente com sua presen?a. Irrien estava ali quieto. Ele n?o puxou da espada, mas apenas porque n?o valia a pena. Como ? que se matava algo que claramente n?o estava vivo em nenhum sentido que ele entendia? Mais concretamente, porque ? que haveria de a querer matar, quando ela era exatamente o que ele precisava para ser capaz de lidar com os defensores de Haylon e com a mi?da que supostamente era mais perigosa do que todos eles? “Como prometido, Primeiro Pedregulho”, disse N'cho, com um gesto como se fosse um traficante de escravos a mostrar um pr?mio particularmente caro. “Uma criatura mais perigosa do que qualquer outra.” “Perigosa o suficiente para matar um Anci?o?”, quis saber Irrien. Ele viu o assassino assentir como um cuteleiro orgulhoso de sua cria??o. “Esta ? uma criatura de pura morte, Primeiro Pedregulho”, disse ele. “Ela pode matar qualquer coisa que esteja viva. Acredito que te satisfaz?” Irrien observou os homens a esfor?arem-se para a conter, tentando avaliar a for?a pura da coisa. Ele n?o conseguia imaginar tentar lutar contra ela. N?o conseguia imaginar ningu?m a sobreviver ao seu ataque. Por poucos segundos, aquele ?nico olho cruzou-se com seu olhar e a ?nica impress?o que Irrien teve ali foi de ?dio: um ?dio permanente e profundo de tudo o que estava vivo. “Se depois a conseguires colocar l? novamente”, disse Irrien. “N?o tenho nenhum desejo que a criatura se atire a mim.” N'cho assentiu. “N?o ? uma coisa deste mundo, Primeiro Pedregulho”, disse ele. “O poder que a mant?m vai se esgotar, com o tempo.” “Leva-a para os barcos”, ordenou Irrien. N'cho assentiu, gesticulando para os homens, dando ordens sobre onde puxar e com que for?a. Irrien viu quando um dos homens falhou o passo, e a fera atacou, dilacerando-o ao meio. Irrien n?o tinha medo de muita coisa, mas aquela coisa o amedrontava. Por?m, isso era uma coisa boa. Isso significava que a criatura era poderosa. Poderosa o suficiente para matar seus inimigos. Poderosa o suficiente para terminar com aquilo, de uma vez por todas. CAP?TULO NOVE Stephania estava impaciente numa sala de espera dentro da vasta casa de Ulren, mantendo suas fei??es t?o perfeitamente inexpressivas como uma das est?tuas que ali estava, independentemente do medo que sentia ent?o. Ele estava com medo, apesar de ter planeado aquele momento, e apesar de tudo o que ela tinha feito para chegar ali. Ela sabia, de sua tentativa de seduzir Irrien, o qu?o mal aquilo poderia correr. Um passo errado e poderia acabar morta, ou pior, vendida como pr?mio a algum homem rico. Felizmente, o antigo Segundo Pedregulho seria mais f?cil de conquistar do que o primeiro. A presen?a cont?nua dos bandidos que a tinham levado l? nada fazia para acalmar os nervos de Stephania. Eles n?o falavam com ela nem a tratavam com a defer?ncia que a posi??o dela exigia. Em vez disso, os dois homens estavam perto da porta como carcereiros, enquanto a mulher tinha sa?do para ir dizer a Ulren que Stephania estava l?. Stephania passou seu tempo a congeminar a melhor maneira de se apresentar. Escolheu um local onde estava um sof? no meio do ch?o, reclinando-se sobre ele elegantemente, at? mesmo sedutoramente. Ela queria deixar claro para Ulren desde os primeiros momentos o porqu? de ela ali estar. Quando o Segundo Pedregulho entrou em sua sala de espera, com a bandida a andar ao lado dele, foi tudo o que Stephania conseguiu fazer para evitar se levantar e se ir embora. Manter um sorriso no rosto foi ainda mais dif?cil, mas Stephania tinha muita pr?tica no que dizia respeito a disfar?ar o que realmente sentia. As est?tuas de Ulren podiam ter mostrado um jovem homem robusto e atraente em seu auge, mas agora o Segundo Pedregulho estava longe disso. Ele era velho. Pior do que isso, a idade n?o tinha sido gentil com ele em suas rugas, em suas manchas de velhice, no enfraquecimento de seu cabelo e nas cicatrizes que ele tinha acumulado. Aquele era o tipo de homem com quem mi?das nobres brincavam sobre a mais pobre entre elas ter de casar por dinheiro, e n?o algu?m que Stephania devesse ter vindo a considerar como um potencial marido. “Primeiro Pedregulho Ulren,” disse Stephania, sorrindo enquanto se levantava. “? um prazer finalmente conhec?-lo.” Ela mentia porque algo muito mais importante do que dinheiro estava em jogo. Aquele homem poder-lhe-ia devolver o reino. Ele poder-lhe-ia devolver o que lhe tinha sido tirado, e muito mais. “Minha serva diz-me que tu ?s Stephania, a nobre que foi rainha do Imp?rio por pouco tempo”, disse Ulren. “Tu espalhaste rumores para atrair minha aten??o. Agora j? a tens. Espero que n?o te venhas a arrepender.” Stephania ampliou seu sorriso deliberadamente, estendendo a m?o para lhe tocar no bra?o. “Como ? que eu me poderia arrepender de me encontrar com o homem mais poderoso do mundo? Especialmente quando eu tenho uma proposta para ele?” Ela observou o rosto de Ulren, tentando ignorar o facto de que era dif?cil evitar imaginar de como seria deitar-se com ele. Isso era um problema para outro momento, e, em qualquer caso, Stephania faria o que fosse necess?rio. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696575&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.