Ðàññâåò ÷àðóþùèé è íåæíûé Êîñíóëñÿ áåëûõ îáëàêîâ, È íåáà îêåàí áåçáðåæíûé, Ñ âîñòîêà çàðåâîì öâåòîâ Ïóðïóðíûõ, ÿðêî - çîëîòèñòûõ, Âäðóã çàñèÿë. Ñêîëüçÿùèé ëó÷ Ïëÿñàë íà ãîðêàõ ñåðåáðèñòûõ… È ñîëíöà ëèê, ïàëÿùèé – æãó÷, Ïëûë íàä Çåìë¸é åù¸ ëåíèâîé, Îáúÿòîé íåãîé ñëàäêèõ ñíîâ… È ëèøü ïàñòóõ íåòîðîïëèâî Êíóòîì èãðàÿ, ãíàë êîðîâ Íà âûïàñ, ñî÷íûìè ë

Transmiss?o

Transmiss?o Morgan Rice As Cr?nicas da Invas?o #1 Da autora de fantasia bestselling #1 do mundo inteiro chega uma nova s?rie de fic??o cient?fica h? muito esperada. Quando SETI recebe finalmente um sinal de uma civiliza??o alien?gena, o que ir? acontecer a seguir?Um grande enredo, o tipo de livro que voc? ter? problemas para parar de ler ? noite. O suspense do final ? t?o espetacular que voc? vai imediatamente querer comprar o livro seguinte s? para ver o que acontece. The Dallas Examiner (referente a Amada) Outra s?rie brilhante, mergulhando-nos numa fantasia de honra, coragem, magia e f? no seu destino… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (referente a Ascen??o dos Drag?es) Uma leitura r?pida e f?cil.. voc? tem de ler o que acontece a seguir e n?o quer parar. FantasyOnline. net (referente a Uma Busca de Her?is) Um rapaz de 13 anos, a morrer de uma doen?a cerebral rara, ? a ?nica pessoa capaz de ouvir e descodificar sinais do espa?o intergal?ctico. Seti confirma que ? um sinal real. Qual ? a mensagem? Como ir? o mundo reagir?E acima de tudo: os alien?genas v?m ai?Repleta de a??o.. A escrita de Rice ? s?lida e a premissa intrigante. Publishers Weekly (referente a Uma Busca de Her?is) Uma fantasia superior… Um vencedor recomendado para quem gosta de escrita de fantasia ?pica impulsionada por poderosos e cred?veis protagonistas jovens adultos. Midwest Book Review (referente a Ascens?o dos Drag?es) Uma fantasia repleta de a??o que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O CICLO DA HERAN?A de Christopher Paolini…Os f?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais. The Wanderer, A Literary Journal (referente a Ascens?o dos Drag?es) O livro #2 da s?rie – CHEGADA – est? tamb?m dispon?vel para pr?-encomenda! Tamb?m est?o dispon?veis muitas s?ries de Morgan Rice do g?nero de fantasia, incluindo UMA BUSCA DE HER?IS (LIVRO #1 da s?rie o ANEL DO FEITICEIRO), um download gratuito com mais de 1. 300 avalia??es com 5 estrelas! TRANSMISS?O (AS CR?NICAS DA INVAS?O – LIVRO 1) MORGAN RICE Morgan Rice Morgan Rice ? a best-seller n?1 e a autora do best-selling do USA TODAY da s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezassete livros; do best-seller n?1 da s?rie OS DI?RIOS DO VAMPIRO, composta por doze livros; do best-seller n?1 da s?rie TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por tr?s livros; da s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS, composta por seis livros; da s?rie de fantasia ?pica DE COROAS E GL?RIA, composta por oito livros; e da s?rie de fantasia ?pica UM TRONO PARA IRM?S, composta por 5 livros (a continuar); e da nova s?rie de fic??o cient?fica AS CR?NICAS DA INVAS?O. Os livros de Morgan est?o dispon?veis em edi??es ?udio e impressas e as tradu??es est?o dispon?veis em mais de 25 idiomas. Morgan adora ouvir a sua opini?o, pelo que, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com) e juntar-se ? lista de endere?os eletr?nicos, receber um livro gr?tis, receber ofertas, fazer o download da aplica??o gr?tis, obter as ?ltimas not?cias exclusivas, ligar-se ao Facebook e ao Twitter e manter-se em contacto! Sele??o de aclama??es para Morgan Rice "Se pensava que j? n?o havia motivo para viver depois do fim da s?rie O ANEL DO FEITICEIRO, estava enganado. Em A ASCENS?O DOS DRAG?ES Morgan Rice surgiu com o que promete ser mais uma s?rie brilhante, fazendo-nos imergir numa fantasia de trolls e drag?es, de valentia, honra, coragem, magia e f? no seu destino. Morgan conseguiu mais uma vez produzir um conjunto forte de personagens que nos faz torcer por eles em todas as p?ginas… Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores que adoram uma fantasia bem escrita." --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos “Uma fantasia repleta de a??o que ir? certamente agradar aos f?s das hist?rias anteriores de Morgan rice, juntamente com os f?s de trabalhos tais como O CICLO DA HERAN?A de Christopher Paolini…Os f?s de fic??o para jovens adultos ir?o devorar este ?ltimo trabalho de Rice e suplicar por mais.” --The Wanderer, A Literary Journal (referente a Ascens?o dos Drag?es "Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga no seu enredo. Uma Busca de Her?is tem tudo a ver com a cria??o da coragem e com a compreens?o do prop?sito da vida que leva ao crescimento, maturidade e excel?ncia… Para os que procuram aventuras de fantasia com sentido, os protagonistas, estratagemas e a??es proporcionam um conjunto vigoroso de encontros que se relacionam com a evolu??o de Thor desde uma crian?a sonhadora a um jovem adulto que procura sobreviver apesar das dificuldades… Apenas o princ?pio do que promete ser uma s?rie de literatura juvenil ?pica." --Midwest Book Review, D. Donovan, eBook Reviewer "O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: enredos, intrigas, mist?rio, valentes cavaleiros e relacionamentos que florescem repletos de cora??es partidos, dece??es e trai??es. O livro manter? o leitor entretido por horas e agradar? a pessoas de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia." --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos. "Neste primeiro livro repleto de a??o da s?rie de fantasia ?pica Anel do Feiticeiro (que conta atualmente com 14 livros), Rice introduz os leitores ao Thorgrin "Thor" McLeod de 14 anos, cujo sonho ? juntar-se ? Legi?o de Prata, aos cavaleiros de elite que servem o rei... A escrita de Rice ? s?lida e a premissa intrigante." --Publishers Weekly Livros de Morgan Rice AS CR?NICAS DA INVAS?O TRANSMISS?O (Livro #1) CHEGADA (Livro #2) O CAMINHO DA ROBUSTEZ APENAS OS DIGNOS (Livro #1) UM TRONO PARA IRM?S UM TRONO PARA IRM?S (Livro #1) UMA CORTE PARA LADRAS (Livro #2) UMA CAN??O PARA ?RF?S (Livro #3) UMA ENDECHA PARA PR?NCIPES (Livro #4) UMA JOIA PARA REALEZAS (Livro #5) UM BEIJO PARA RAINHAS (Livro #6) DE COROAS E GL?RIA ESCRAVA, GUERREIRA, RAINHA (Livro #1) VADIA, PRISIONEIRA, PRINCESA (Livro #2) CAVALEIRO, HERDEIRO, PR?NCIPE (Livro #3) REBELDE, PE?O, REI (Livro #4) SOLDADO, IRM?O, FEITICEIRO (Livro #5) HERO?NA, TRAIDORA, FILHA (Livro #6) GOVERNANTE, RIVAL, EXILADA (Livro #7) VENCEDORA, DERROTADA, FILHO (Livro #8) REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro #1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro #2) O PESO DA HONRA (Livro #3) UMA FORJA DE VALENTIA (Livro #4) UM REINO DE SOMBRAS (Livro #5) A NOITE DOS CORAJOSOS (Livro #6) O ANEL DO FEITICEIRO UMA BUSCA DE HER?IS (Livro #1) UMA MARCHA DE REIS (Livro #2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro #3) UM GRITO DE HONRA (Livro #4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro #5) UMA CARGA DE VALOR (Livro #6) UM RITO DE ESPADAS (Livro #7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro #8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro #9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro #10) UM REINADO DE A?O (Livro #11) UMA TERRA DE FOGO (Livro #12) UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro #13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro #14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro #15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro #16) O DOM DA BATALHA (Livro #17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro #1) ARENA DOIS (Livro #2) ARENA TR?S (Livro #3) VAMPIRO, APAIXONADA ANTES DO AMANHECER (Livro #1) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro #1) AMADA (Livro #2) TRA?DA (Livro #3) PREDESTINADA (Livro #4) DESEJADA (Livro #5) COMPROMETIDA (Livro #6) PROMETIDA (Livro #7) ENCONTRADA (Livro #8) RESSUSCITADA (Livro #9) ALMEJADA (Livro #10) DESTINADA (Livro #11) OBCECADA (Livro #12) Sabia que eu j? escrevi m?ltiplas s?ries? Se n?o leu todas as minhas s?ries, clique na imagem abaixo e fa?a o download do primeiro livro de cada s?rie! (http://www.morganricebooks.com/read-now/) Quer livros gratuitos? Subscreva a lista de endere?os de Morgan Rice e receba 4 livros gr?tis, 3 mapas gr?tis, 1 aplica??o gr?tis, 1 jogo gr?tis, 1 hist?ria em banda desenhada gr?tis e ofertas exclusivas! Para subscrever, visite: www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com) Copyright © 2018 por Morgan Rice. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos de Autor dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book est? licenciado para o seu uso pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas. Se quiser partilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio. Se est? a ler este livro e n?o o comprou, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira a sua pr?pria c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo desta autora. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o da autora ou foram usados de maneira fict?cia. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. CONTE?DO CAP?TULO UM (#uf180d28d-2ec6-57d5-98e2-2cea647ec6da) CAP?TULO DOIS (#u3cd34328-da95-5dbd-87e1-a2d91e1532c3) CAP?TULO TR?S (#u3619e45a-5c12-53a5-a5ac-ca05d0e1f4c9) CAP?TULO QUATRO (#u9e48d8bd-753c-5733-be7a-40b649886e78) CAP?TULO CINCO (#u29249b24-301a-5356-a57a-ee4f3bd7d06c) CAP?TULO SEIS (#ud239862e-4abd-5c55-8d72-ab3dc97fd427) CAP?TULO SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO CATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZANOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO UM Kevin estava bastante convicto de que n?o lhe deviam dizer que estava a morrer quando tinha treze anos. Provavelmente n?o havia um bom momento para lho dizerem, para ser franco, mas definitivamente n?o quando se tinha treze anos. “Kevin” disse o Dr. Markham, inclinando-se para a frente na sua cadeira “entende o que lhe estou a dizer? Tem alguma pergunta? Voc? tem, Sra. McKenzie?” Kevin olhou para a sua m?e, ? espera que ela soubesse melhor do que ele o que dizer a seguir. ? espera talvez de ter ouvido mal tudo aquilo e que ela lhe explicasse. Ela era baixa e magra, com o olhar duro de algu?m que tinha trabalhado arduamente para criar sozinha o seu filho em Walnut Creek, na Calif?rnia. Kevin j? era mais alto do que ela, e uma vez, apenas uma vez, ela tinha dito que ele era parecido com o seu pai. Neste momento, ela parecia estar a tentar segurar as l?grimas. “Tem a certeza de que isto n?o ? um engano?” ela perguntou. “N?s s? viemos ao m?dico por causa das coisas que o Kevin andava a ver.” As coisas que ele andava a ver. Essa era uma maneira delicada de o dizer, como se s? de falar naquilo o pudesse piorar ou aumentar. Quando Kevin contou pela primeira vez ? sua m?e sobre isto, ela ficou a olhar para ele e depois disse-lhe que ele o devia ignorar. Por fim, depois de desmaiar, ele acordou e descobriu que tinha uma consulta com o m?dico de fam?lia. Eles foram rapidamente do consult?rio do m?dico para o hospital para fazer exames, e depois para o consult?rio do Dr. Markham, que tinha paredes brancas e estava cheio de lembran?as do que pareciam ser viagens a todos os cantos do planeta. Quando Kevin entrou l? pela primeira vez, ele teve a sensa??o de tal era uma tentativa de fazer com que um ambiente frio e cl?nico parecesse caseiro. Agora ele pensava que talvez o Dr. Markham gostasse de ser lembrado de que havia vida que n?o inclu?a dizer ?s pessoas que elas estavam a morrer. “As alucina??es podem ser um fator quando se trata de doen?as como esta” disse o Dr. Markham, num tom cuidadoso. Falar em alucina??es n?o parecia ser a melhor forma de o dizer a Kevin. Fazia com que soasse como se fossem coisas irreais, fantasmag?ricas, mas as coisas que ele via pareciam encher o mundo quando surgiam. Imagens de paisagens que ele n?o tinha visto, vest?gios de horizontes. E, claro, os n?meros. “23h 06m 29,283s, ?05° 02? 28,59” disse ele. “Deve significar alguma coisa. Tem que significar alguma coisa.” O Dr. Markham abanou a cabe?a. “Tenho a certeza que deve ser isso que lhe parece, Kevin. Tenho a certeza que deve querer que tudo isso signifique alguma coisa, mas neste momento, preciso que entenda o que est? a acontecer consigo.” Acima de tudo, tal tinha sido parte do motivo pelo qual Kevin o havia contado ? sua m?e. Ele tinha demorado algumas semanas a convenc?-la de que ele n?o estava a brincar ou a jogar um jogo qualquer. Ao in?cio, ela estava convencida de que ele n?o estava a falar a s?rio. Quando ele come?ou a ter as dores de cabe?a, ela come?ou a levar aquilo mais a s?rio, deixando-o faltar ? escola para ficar em casa no dia em que a dor estava paralisante. Quando ele desmaiou pela primeira vez, ela apressou-se a lev?-lo ao m?dico. “O que est? a acontecer comigo?” Kevin perguntou. O que era estranho era como ele se sentia calmo - bem, n?o propriamente calmo. Talvez mais meio adormecido. Adormecido era provavelmente a palavra certa. A sua m?e parecia estar prestes a ir-se abaixo, mas, para Kevin, tudo parecia longe, ainda ? espera para entrar em a??o precipitadamente. “Voc? tem uma doen?a pertencente a um grupo de doen?as degenerativas do c?rebro conhecidas como leucodistrofias” disse o Dr. Markham. “Eu ponho por escrito se quiser.” “Mas eu nunca ouvi falar disso antes” disse a m?e de Kevin, no tom de algu?m para quem isto significava que n?o poderia ser real. Ele via as l?grimas que ela estava a tentar evitar. “Como ? que o meu filho pode ter algo sobre o qual eu nunca ouvi falar?” Ver a sua m?e assim era provavelmente a parte mais dif?cil para Kevin. Ela tinha sempre sido t?o forte. Ele nunca tinha tido um problema que ela n?o tivesse sido capaz de resolver. Ele suspeitava que isso era o que ela estava a pensar tamb?m. “? uma doen?a muito rara, Sra. McKenzie” disse o Dr. Markham. “Ou melhor, uma cole??o de doen?as, sendo que cada uma se manifesta de maneira diferente. Existem diferentes formas, todas causadas por uma anormalidade gen?tica que afeta a mat?ria branca, ? qual chamamos de bainha de mielina, do c?rebro. Geralmente, h? apenas algumas centenas de pacientes com cada uma destas doen?as simultaneamente.” “Se sabe o que as causa, n?o consegue fazer nada?” a m?e de Kevin perguntou. “N?o h? nenhuma terapia gen?tica ou algo assim?” Kevin tinha visto a sua m?e na Internet. Agora, ele suponha que sabia o que ela tinha estado a ver. Ela n?o tinha dito nada, mas talvez ela tivesse tido esperan?a de estar errada. Talvez ela tivesse tido esperan?a que houvesse algo que lhe tivesse escapado. “Existem terapias dispon?veis para algumas formas de leucodistrofia” disse o Dr. Markham. Ele abanou a cabe?a. “E temos esperan?a de que, no futuro, elas possam ajudar, mas para a de Kevin n?o h? um tratamento estabelecido. A triste verdade ? que, quanto mais rara ? a doen?a, menos pesquisa foi feita sobre ela, porque menos financiamento existe para essa pesquisa.” “Deve haver alguma coisa” disse a sua m?e. “Alguma op??o experimental, algum estudo…” Kevin estendeu a m?o colocando-a sobre a da sua m?e. Era estranho que eles j? fossem quase do mesmo tamanho. “Est? tudo bem, M?e” disse ele, tentando soar como se tivesse tudo sob controlo. “N?o, n?o est?.” A m?e dele estava em tal estado de choque com tudo aquilo que parecia que poderia explodir. “Se n?o h? nada, ent?o o que fazemos a seguir?” “Usamos os tratamentos dispon?veis para dar a Kevin a melhor qualidade de vida poss?vel” disse o Dr. Markham. “Pelo tempo que ainda lhe resta. Lamento, gostaria de ter not?cias melhores.” Kevin viu a sua m?e a esfor?ar-se por ser forte, recompondo-se aos poucos. Ele poderia dizer que ela estava a fazer isto por causa dele, e quase se sentia culpado por ela o ter que fazer. “O que ? que isso significa?” ela perguntou. “O que ? que est? exatamente a propor fazer por Kevin?” “Eu vou prescrever comprimidos para ajudar a controlar a dor” disse o Dr. Markham “e reduzir as probabilidades de convuls?es. Kevin, sei que as alucina??es podem ser angustiantes, pelo que eu gostaria que voc? falasse com algu?m sobre t?cnicas para lidar com elas e sobre as suas respostas a elas.” “O doutor quer que Kevin consulte um psic?logo?” a sua m?e perguntou. “Linda Yalestrom ? uma especialista em ajudar pessoas, particularmente jovens, a lidar com os sintomas que doen?as raras como esta podem causar” disse o Dr. Markham. “Eu recomendo fortemente que voc? v? com o Kevin a uma consulta com ela, dadas as coisas que ele tem visto.” “N?o s?o apenas alucina??es” insistiu Kevin. Ele tinha a certeza de que elas eram mais do que isso. “Tenho a certeza que deve parecer assim” disse o Dr. Markham. “A Dra. Yalestrom talvez possa ajudar.” “O que quer que seja... que o doutor achar que ? melhor” disse a m?e de Kevin. Kevin percebeu que ela n?o queria outra coisa sen?o sair dali. No entanto, havia algo que ele precisava de saber. Algo ?bvio que ele achava que provavelmente deveria perguntar, mesmo que n?o quisesse realmente ouvir a resposta. “Quanto tempo?” ele perguntou. “Quanto tempo tenho at?... morrer?” Ainda era dif?cil acreditar nessa palavra dif?cil. Kevin ainda tinha a esperan?a de que tudo aquilo n?o passasse de um engano, at? mesmo agora, mas ele sabia que n?o era. N?o podia ser. “? imposs?vel dizer com certeza” disse o Dr. Markham. “A taxa de progress?o das leucodistrofias pode variar, e cada caso ? diferente.” “Quanto tempo?” Kevin repetiu. “Talvez seis meses.” O Dr. Markham abriu os bra?os. “Sinto muito, Kevin. Eu n?o consigo ser mais exato do que isto.” *** Kevin e a sua m?e foram para casa, com a sua m?e a conduzir com o tipo de cuidado de algu?m que sabia que provavelmente desmoronaria se n?o se concentrasse completamente. Durante a maior parte da viagem em dire??o aos sub?rbios, eles permaneceram em sil?ncio. Kevin n?o tinha a certeza do que poderia dizer. A sua m?e falou primeiro. “N?s vamos arranjar uma solu??o” disse ela. “N?s vamos encontrar outro m?dico, obter uma segunda opini?o. Vamos tentar qualquer tratamento de que eles se lembrem.” “Tu n?o tens dinheiro para isso” disse Kevin. A sua m?e trabalhava arduamente numa ag?ncia de marketing, mas a casa deles era pequena, e Kevin sabia que n?o havia muito dinheiro para extras. Ele tentava n?o exigir muito, porque isso s? fazia com que a sua m?e se sentisse triste quando n?o lho conseguia dar. Ele odiava ver a sua m?e assim, e isso s? tornava as coisas mais dif?ceis. “Achas que isso me importa?” a sua m?e perguntou. Kevin p?de ver as l?grimas a sa?rem-lhe dos olhos. “Tu ?s o meu filho, e tu est?s a morrer, e... eu n?o consigo... eu n?o consigo salvar-te.” “Tu n?o tens que me salvar” disse Kevin, embora, neste preciso momento, ele desejasse que algu?m o fizesse. Ele desejava que aparecesse algu?m que acabasse com tudo isto. Ele estava a come?ar a interiorizar o que isto poderia significar. O que isto poderia significar antes do ano letivo acabar. Ele iria morrer. Ele estaria morto. Tudo com o que ele havia sonhado ser-lhe-ia vedado, tudo o que ele havia desejado para o seu futuro n?o aconteceria porque n?o haveria futuro. Kevin n?o tinha a certeza de como se sentia. Triste, sim, porque era o tipo de not?cia com a qual uma pessoa supostamente ficava triste, e porque ele n?o queria morrer. Zangado, porque o que ele queria n?o parecia importar no que a este assunto dizia respeito. Confuso, porque ele n?o tinha a certeza porque ? que tinha de ser com ele, quando havia milh?es de outras pessoas no mundo. Comparado a sua m?e, por?m, ele estava calmo. Ela estava a tremer enquanto conduzia. Kevin estava t?o preocupado que eles pudessem ter um acidente que suspirou de al?vio quando entraram na rua da sua casa. Era uma das casas mais pequenas do quarteir?o, velha e remendada com repara??es. “Vai correr tudo bem” disse a sua m?e. Ela n?o soava como se acreditasse no que estava a dizer. Ao entrarem em casa, ela deu o bra?o a Kevin, mas parecia que Kevin ? que a estava a apoiar. “Sim” Kevin respondeu, porque ele suspeitava que a sua m?e precisava ouvir isso ainda mais do que ele. Poderia ter ajudado se fosse verdade. Eles entraram, e parecia quase errado fazer coisas normais depois das not?cias que o Dr. Markham lhes transmitira. Como se fazer coisas normais fosse uma esp?cie de trai??o. Kevin colocou uma pizza congelada no forno, enquanto, ao fundo, ouvia a m?e a solu?ar no sof?. Ele ia consol?-la mas duas coisas o impediram. A primeira foi pensar que a sua m?e provavelmente n?o iria querer que ele o fizesse. Ela sempre fora a forte, a que cuidara dele mesmo depois do seu pai se ter ido embora quando ele era apenas um beb?. A segunda foi a vis?o. Ele viu uma paisagem sob um c?u que parecia mais p?rpura do que azul, com as ?rvores por baixo com formas estranhas, com folhas que o faziam lembrar as palmeiras nas praias, mas com troncos que se retorciam como as palmeiras nunca o faziam. O c?u parecia como se o sol se estivesse a p?r. Mas parecia haver algo de errado com o sol. Kevin n?o sabia o qu?, porque n?o passara o tempo a olhar para ele, mas ele sabia que o sol n?o era o mesmo. Num canto da sua mente, os n?meros pulsavam repetidas vezes. Ele estava a caminhar por um espa?o coberto de areia avermelhada agora, e ele sentia os dedos dos p?s a afundarem-se nela. Havia criaturas ali, pequenas e semelhantes a lagartos, que se afastaram quando ele se chegou muito perto delas. Ele olhou ao redor… ... e o mundo se dissolveu em chamas. Kevin acordou no ch?o da cozinha, com o cron?metro do forno a apitar para dizer que a pizza estava pronta e o cheiro de comida a queimar a arrancarem-no do ch?o at? ao forno antes que a sua m?e tivesse que faz?-lo. Ele n?o queria que ela o visse assim, n?o lhe queria dar mais motivos para ela se preocupar. Ele foi buscar a pizza, cortou-a em fatias e levou-as para a sala de estar. A sua m?e estava no sof? e, embora tivesse parado de chorar, os seus olhos estavam vermelhos. Kevin colocou a pizza na mesa de caf?, sentou-se ao lado dela e ligou a televis?o para que pudessem pelo menos fingir que as coisas estavam normais. “Tu n?o deverias ter de fazer isto” a sua m?e disse, e Kevin n?o sabia se ela se estava a referir ? pizza ou a tudo o resto. Naquele momento, isso n?o era importante. Ainda assim, os n?meros pairavam na sua cabe?a: 23h 06m 29,283s, ?05° 02? 28,59. CAP?TULO DOIS Kevin n?o tinha a certeza se j? se tinha sentido t?o cansado quanto se sentia quando ele e a sua m?e entraram no parque de estacionamento da escola. O plano era tentar continuar normalmente, mas ele sentia-se como se pudesse adormecer a qualquer momento. Aquilo estava muito longe de ser normal. E isso era provavelmente por causa dos tratamentos. Tinha havido muitos tratamentos nos ?ltimos dias. A sua m?e tinha encontrado mais m?dicos, e cada um tinha um plano diferente para tentar pelo menos retardar as coisas. Era o que eles sempre diziam, com as palavras a deixarem claro que mesmo isso seria algo especial, e que, na verdade, parar as coisas era algo que eles n?o podiam esperar. “Tem um bom dia na escola, querido” disse a sua m?e. Havia algo de falso na vivacidade daquela frase, uma ponta fr?gil que dizia o quanto ela estava a tentar esfor?ar-se para produzir um sorriso. Kevin sabia que ela estava a fazer um esfor?o por ele, e ele fez tamb?m o seu melhor. “Eu vou tentar, M?e” ele assegurou-lhe, e ele p?de ouvir que a sua pr?pria voz tamb?m n?o pareceu natural. Era como se ambos estivessem a desempenhar pap?is porque eles tinham medo da verdade. Kevin desempenhava o seu porque ele n?o queria que a sua m?e chorasse novamente. Quantas vezes ? que ela j? tinha chorado at? agora? Quantos dias j? tinham passado desde que eles tinham ido ao Dr. Markham pela primeira vez? Kevin havia perdido a no??o. Tinha havido um dia ou dois em que ele tinha faltado ? escola, antes de se ter tornado ?bvio que nenhum deles queria isso. Depois tinha havido o seguinte: a escola intercalada com testes e tentativas de terapias. Tinha havido inje??es, exames de sangue, suplementos porque a sua m?e tinha lido online que eles poderiam ajudar, e comida saud?vel que estava muito distante de pizza. “Eu s? quero que as coisas sejam t?o normais quanto poss?vel” disse a sua m?e. Nenhum deles mencionou que, num dia normal, Kevin teria ido de autocarro para a escola, e eles n?o teriam tido que se preocupar com o que era normal ou n?o. Ou que num dia normal, ele n?o estaria a esconder o que se passava com ele, ou a sentir-se grato pela sua amiga mais pr?xima ter ido para uma escola diferente depois da ?ltima vez que ele e a sua m?e se tinham mudado, para que ela n?o tivesse de ver nada disto. Ele j? n?o telefonava ? Luna h? dias, e as mensagens estavam a aumentar no seu telefone. Kevin ignorava-as, porque ele n?o sabia como lhes responder. Kevin p?de sentir os olhos sobre si desde o momento em que ele entrou na escola. Os rumores circulavam agora, mesmo que ningu?m soubesse com garantias o que se passava com ele. Ele viu um professor adiante, o Sr. Williams, e num dia normal, Kevin teria sido capaz de passar por ele sem sequer atrair um momento de aten??o. Ele n?o era uma daquelas crian?as que os professores ficavam de olho porque estavam sempre a fazer algo de errado. Agora, o professor f?-lo parar, olhando-o de cima a baixo como se esperasse sinais de que ele pudesse morrer a qualquer momento. “Como ? que te sentes, Kevin?” ele perguntou. “Est?s bem?” “Estou bem, Sr. Williams” assegurou Kevin. Era mais f?cil estar bem do que tentar explicar a verdade: como ele estava preocupado com a sua m?e, e sempre cansado com as tentativas de tratamento, e com medo do que fosse acontecer a seguir. Como os n?meros ainda estavam ? volta na sua cabe?a. 23h 06m 29,283s, ?05° 02? 28,59. Eles estavam l? no fundo da sua mente, agachados como um sapo que n?o se mexia, imposs?veis de esquecer, imposs?veis de ignorar, por mais que Kevin tentasse seguir as instru??es da sua m?e para os esquecer. “Bem, diz-nos se precisares de alguma coisa” disse o professor. Kevin ainda n?o tinha a certeza de como responder a isso. Era, ao mesmo tempo, uma daquelas coisas gentis que as pessoas diziam que era mais ou menos in?til. A ?nica coisa que ele precisava era uma coisa que n?o lhe podiam dar: desfazer tudo isto; para as coisas voltarem ? normalidade. Os professores sabiam muitas coisas, mas n?o isto. Ainda assim, ele fez o seu melhor para fingir ser normal durante toda a aula de matem?tica, e pela maior parte da aula de hist?ria a seguir. A Sra. Kapinski estava a contar-lhes algo sobre a hist?ria Europeia dos prim?rdios, que Kevin n?o tinha a certeza se estava realmente em qualquer tipo de teste, mas que aparentemente tinha sido o que ela fez na faculdade, e assim pareceu real?ar mais do que deveria. “Voc?s sabiam que a maioria dos vest?gios Romanos encontrados no norte da Europa n?o s?o realmente Romanos?” ela perguntou. Kevin geralmente gostava das aulas da Sra. Kapinski, porque ela n?o tinha medo de se desviar do assunto e contar-lhes sobre quaisquer fragmentos do passado que tivessem entrado na sua cabe?a. Era um lembrete do quanto tinha havido no mundo antes de qualquer um deles. “Ent?o eles s?o falsos?” Francis de Longe perguntou. Normalmente, seria Kevin a perguntar, mas ele estava a aproveitar a oportunidade para ficar quieto, quase invis?vel. “N?o exatamente” disse a Sra. Kapinski. “Quando eu digo que eles n?o s?o Romanos, quero dizer que s?o vest?gios deixados para tr?s por pessoas que nunca estiveram perto do que ? hoje a It?lia. Eram as popula??es locais, mas ? medida que os romanos avan?avam, ? medida que conquistavam, a popula??o local percebeu que a melhor maneira de se sair bem era adaptar-se aos costumes Romanos. A maneira como se vestiam, as casas em que viviam, a linguagem que falavam, eles mudaram tudo para deixarem claro de que lado estavam e porque isso lhes dava melhores oportunidades de boas posi??es na nova ordem. Ela sorriu. “Depois, quando houve rebeli?es contra Roma, uma das chaves para fazer parte disso era n?o usar esses s?mbolos.” Kevin tentou imaginar isso: as mesmas pessoas num lugar a mudar quem elas eram quando a mar? pol?tica mudava, com todo o seu ser a mudar consoante quem governasse. Ele pensou que poderia ser um pouco como estar numa das multid?es populares na escola, tentando usar as roupas certas e dizer as coisas certas. Mesmo assim, era dif?cil imaginar, e n?o apenas porque imagens de paisagens imposs?veis continuavam a infiltrar-se no fundo da sua mente. Essa era provavelmente a ?nica coisa boa sobre o que se passava com ele: os sintomas eram invis?veis. E isso era tamb?m a coisa assustadora de certa forma. Havia essa coisa que o estava a matar e, se as pessoas ainda n?o soubessem, elas nunca iriam descobrir. Ele poderia apenas ficar ali e ningu?m jamais... Kevin sentiu a vis?o a aproximar-se, elevando-se atrav?s dele como um tipo de press?o que crescia atrav?s do seu corpo. Houve a tontura, a sensa??o do mundo a afastar-se enquanto ele se conectava com alguma outra... coisa. Ele levantou-se repentinamente para perguntar se poderia ser dispensado, mas j? era tarde demais. Ele sentiu as suas pernas a ficarem fracas e caiu. Ele estava a ver as mesmas paisagens de que ele se lembrava de antes, o c?u com o tom errado, as ?rvores demasiado torcidas. Ele estava a ver o fogo a percorr?-las, de forma cega e brilhante, parecendo vir de todos os lugares ao mesmo tempo. Ele j? tinha visto tudo isso antes. Agora, por?m, havia um novo elemento: um batimento fraco que se parecia repetir em intervalos regulares, com a precis?o de um rel?gio. Uma parte de Kevin sabia que um rel?gio era o que aquilo tinha que ser, assim como ele sabia por instinto que tal estava a contar algo de forma decrescente, n?o apenas a marcar o tempo. Parecia que os batimentos estavam a ficar subtilmente mais intensos, como se estivessem a acumular-se para algum crescendo distante. Houve uma palavra numa l?ngua que ele n?o devia ter entendido, mas ele entendeu-a. “Espera.” Kevin queria perguntar do que ? que supostamente ele deveria ficar ? espera, ou por quanto tempo ou porqu?. Ele n?o o fez, em parte porque n?o tinha a certeza de a quem ele deveria perguntar, e em parte porque quase t?o subitamente quanto tinha chegado, o momento passou, deixando Kevin a erguer-se da escurid?o para dar por si deitado no ch?o da sala de aula, com a Sra. Kapinski debru?ada sobre si. “Deixa-te estar aqui deitado e quieto durante um pouco, Kevin” ela disse. “Eu mandei chamar o m?dico da escola. O Hal n?o vai demorar a chegar aqui.” Kevin sentou-se apesar das instru??es dela, porque ele j? sabia como ? que isto era. “Eu estou bem” ele assegurou. “Eu acho que devemos deixar que seja o Hal a avaliar isso.” Hal era um antigo param?dico, grande e gordo, que servia para garantir que os alunos da Escola St. Brendan's resistiam a qualquer emerg?ncia m?dica que sofressem. ?s vezes, Kevin suspeitava que eles o faziam porque pensar na ideia de cuidados m?dicos fazia com que eles ignorassem o pior dos ferimentos. “Eu vi coisas” Kevin conseguiu. “Havia um planeta, um sol ardente e uma esp?cie de mensagem... como uma contagem decrescente.” Nos filmes, algu?m teria insistido em contactar algu?m importante. Eles teriam reconhecido a mensagem pelo que ela era. Haveria reuni?es e investiga??es. Algu?m teria feito algo sobre isto. Fora dos filmes, Kevin era apenas um rapaz de treze anos, e a Sra. Kapinski olhou para ele com uma mistura de pena e leve perplexidade. “Bem, tenho a certeza de que n?o ? nada” disse ela. “? provavelmente normal ver todo o tipo de coisas se est?s a ter este tipo de... epis?dio.” Ao redor deles, Kevin ouvia os murm?rios dos outros na sala de aula. Isso n?o fazia com que ele se sentisse melhor. “... caiu e come?ou a se contorcer...” “… eu ouvi dizer que ele estava doente, espero que n?o seja contagioso…” “... o Kevin acha que v? planetas...” O ?ltimo foi o que doeu. Fazia parecer como se ele estivesse a ficar louco. Kevin n?o estava a ficar louco. Pelo menos, ele n?o achava que estivesse. Apesar das suas melhores tentativas para insistir que estava bem, Kevin ainda teve que ir com Hal quando o m?dico chegou. Kevin teve que se sentar no consult?rio do m?dico enquanto ele direcionava luzes para os seus olhos e fazia perguntas sobre uma condi??o t?o rara sobre a qual ele obviamente n?o sabia mais do que Kevin sobre o que estava a acontecer. “O diretor queria ver-nos assim que eu tivesse a certeza de que tu estavas bem” disse ele. “Achas que consegues caminhar at? ao seu gabinete, ou dever-lhe-?amos pedir para vir at? aqui?” “Eu consigo andar” disse Kevin. “Eu estou bem.” “Se o dizes” Hal disse. Eles foram at? ao gabinete do diretor, e Kevin n?o ficou muito surpreendido ao descobrir que a sua m?e estava l?. ? claro que eles a teriam chamado em caso de uma emerg?ncia m?dica, ? claro que ela estaria l? se ele desmaiasse, mas isso n?o era bom, n?o quando ela deveria estar no trabalho. “Kevin, est?s bem?” a sua m?e perguntou assim que ele chegou, virando-se para ele e dando-lhe um abra?o. “O que aconteceu?” “Estou bem, M?e” disse Kevin. “Sra. McKenzie, tenho a certeza de que n?o a ter?amos chamado se n?o fosse s?rio” disse o diretor. “Kevin desmaiou.” “Eu estou bem agora” insistiu Kevin. Por?m, n?o parecia fazer nenhuma diferen?a quantas vezes ele o dissesse. “Al?m disso” disse o diretor “parece que ele estava muito confuso quando recuperou os sentidos. Ele estava a falar sobre... bem, outros planetas.” “Planetas” repetiu a m?e de Kevin. O tom da sua voz foi racional ao dizer isto. “A Sra Kapinski diz que isto interrompeu bastante a sua aula” disse o diretor. Ele suspirou. “Eu questiono-me se n?o seria melhor para Kevin se ele ficasse em casa durante um tempo.” Ele disse-o sem olhar para Kevin. Havia uma decis?o que estava a ser tomada ali, e embora Kevin estivesse no centro dessa decis?o, estava claro que a opini?o dele n?o seria considerada. “Eu n?o quero faltar ? escola” disse Kevin, olhando para a sua m?e. Certamente que ela tamb?m n?o iria querer que ele faltasse. “Eu acho que o que temos que perguntar” disse o diretor “? se, neste momento, a escola ? realmente a melhor coisa que Kevin pode estar a fazer com o tempo que tem.” Provavelmente tinha tido a inten??o de ser uma forma gentil de o dizer, mas tudo o que fez foi lembrar a Kevin do que o m?dico havia dito. Seis meses de vida. N?o parecia tempo suficiente para nada, muito menos para ter uma vida. Seis meses de segundos, cada um a passar numa batida constante que combinava com a contagem decrescente na sua cabe?a. “Est? a dizer que n?o faz sentido o meu filho vir ? escola porque ele estar? morto em breve?” a sua m?e retrucou. “? isto que est? a dizer?” “N?o, claro que n?o” disse o diretor, apressadamente, levantando as m?os para acalm?-la. “Mas ? o que parece que est? a dizer” disse a m?e de Kevin. “Parece que est? assustado com a doen?a do meu filho, tanto quanto as crian?as aqui.” “Eu estou a dizer que vai ser dif?cil ensinar Kevin ? medida que ele for piorando” disse o diretor. “N?s vamos tentar, mas... n?o queres aproveitar ao m?ximo o tempo que tens?” Ele disse aquilo num tom gentil que ainda assim conseguiu atingir diretamente o cora??o de Kevin. Ele estava a dizer exatamente o que a sua m?e tinha pensado, s? que em palavras gentis. A pior parte era que ele estava certo. Kevin n?o iria viver o suficiente para ir para a faculdade ou conseguir um emprego, ou fazer qualquer coisa para o qual ele precisasse que a escola o preparasse, ent?o por que se preocupar em estar l?. “Est? tudo bem, M?e” disse ele, estendendo a m?o para tocar no bra?o dela. Isso pareceu ser uma discuss?o suficiente para convencer a sua m?e, e s? isto dizia a Kevin como isto tudo era s?rio. Em qualquer outra ocasi?o, ele sabia que ela teria lutado. Agora parecia que a luta tinha sido sugada dela. Eles sa?ram para o carro em sil?ncio. Kevin olhou para a escola. Ele foi atingido pelo pensamento de que provavelmente n?o voltaria. Ele nem sequer tinha tido oportunidade de se despedir. “Lamento que eles te tenham ligado para o trabalho” Kevin disse quando eles se sentaram no carro. Ele p?de sentir a tens?o ali. A sua m?e n?o ligou o motor, limitando-se a sentar. “N?o ? isso” disse ela. “? apenas... estava a ficar f?cil fingir que nada estava errado.” Ela parecia t?o triste, t?o profundamente magoada. Kevin j? se acostumara com a sua express?o que significava que ela estava a tentar n?o chorar. Ela n?o estava a conseguir. “Est?s bem, Kevin?” ela perguntou, embora naquele momento, fosse ele que estava agarrado a ela, com tanta for?a quanto conseguia. “Eu... eu gostaria de n?o ter que sair da escola” disse Kevin. Ele nunca pensara ouvir-se a si pr?prio dizer isso. Ele nunca pensara que algu?m o dissesse. “N?s poder?amos voltar a entrar na escola” a sua m?e disse. “Eu poderia dizer ao diretor que te vou trazer novamente amanh?, e todos os dias depois disso, at?...” Ela calou-se repentinamente. “At? ficar demasiado mau” disse Kevin. Ele fechou os olhos com for?a. “Eu acho que talvez j? seja muito mau, M?e.” Ele ouviu a sua m?e bater no painel de instrumentos do carro, provocando um baque seco que ecoou ao redor do carro. “Eu sei” disse ela. “Eu sei e odeio isto. Eu odeio esta doen?a que me est? a levar o meu rapaz.” Ela chorou novamente durante mais um bocado de tempo. Apesar das suas tentativas para se manter forte, Kevin tamb?m chorou. Pareceu demorar algum tempo at? a sua m?e estar calma o bastante para dizer qualquer outra coisa. “Eles disseram que tu viste... planetas, Kevin?” ela perguntou. “Vi” disse Kevin. Como ? que ele lhe poderia explicar como ? que aquilo era? O qu?o real era? A sua m?e olhou, e Kevin teve a sensa??o de que ela estava a lutar pelas palavras certas a dizer. Estava a lutar para ser consoladora, firme e calma, tudo ao mesmo tempo. “Tu percebes que isso n?o ? real, certo, querido? ? s?... ? s? a doen?a.” Kevin sabia que ele deveria perceber isso, mas... “N?o parece ser assim” disse Kevin. “Eu sei que n?o” disse a sua m?e. “E eu odeio isso, porque ? apenas um lembrete de que o meu rapaz est? a escapar. Quem me dera que eu conseguisse acabar com isto tudo.” Kevin n?o sabia o que dizer. Ele tamb?m desejava que tudo aquilo acabasse “Parece real” disse Kevin, mesmo assim. A sua m?e ficou calada por um longo tempo. Quando ela finalmente falou, a sua voz estava fr?gil, dificilmente mantendo-se unida. Ela tinha esta voz apenas desde o diagn?stico, mas agora tinha-se tornado demasiado familiar. “Talvez... talvez tenha chegado o momento de te levarmos aquela psic?loga.” CAP?TULO TR?S O consult?rio da Dra. Linda Yalestrom n?o parecia t?o m?dico quanto todos os outros onde Kevin tinha estado recentemente. Para come?ar, era a casa dela em Berkeley, com a universidade t?o perto que parecia apoiar as suas credenciais t?o seguramente quanto os certificados que estavam perfeitamente pendurados na parede. O resto parecia o tipo de gabinete em casa que Kevin esperava da televis?o, com mob?lia leve obviamente relegada para aqui depois de alguma mudan?a anterior, uma secret?ria onde a desordem se havia arrastado do resto da casa para ali, e alguns vasos com plantas que pareciam estar ? espera do seu tempo, prontos para invadir. Kevin deu por si a gostar da Dra. Yalestrom. Ela era uma mulher baixa, de cabelos escuros, na faixa dos cinquenta anos, cujas roupas eram brilhantemente padronizadas e t?o distantes das roupas m?dicas quanto era poss?vel conseguir. Kevin suspeitava que poderia ser esse o motivo, se ela passasse muito tempo a trabalhar com pessoas que j? tivessem recebido as piores not?cias dos m?dicos. “Podes sentar-te, Kevin” disse ela com um sorriso, apontando para um amplo sof? vermelho que estava bem gasto com anos de pessoas a sentarem-se nele. “Sra, McKenzie, pode dar-nos um momento? Eu quero queo Kevin sinta que ele pode dizer qualquer coisa que ele precise de dizer. A minha assistente vai-lhe buscar um caf?.” A sua m?e assentiu. “Eu estarei l? fora.” Kevin sentou-se no sof?, que se mostrou ser exatamente t?o confort?vel quanto parecia. Ele olhou ao redor da sala para fotos de viagens de pesca e f?rias. Ele demorou algum tempo a perceber algo importante. “Voc? n?o est? em nenhuma das fotos aqui” disse ele. A Dra. Yalestrom sorriu. “A maioria dos meus clientes nunca repara nisso. A verdade ? que muitos desses lugares s?o lugares onde eu sempre quis ir, ou lugares que ouvi dizer que eram interessantes. Eu tenho-as expostas porque rapazes como tu passam muito tempo a olhar para a sala, a fazer qualquer coisa menos falarem comigo, e assim pelo menos t?m algo para onde olhar.” Para Kevin, isso parecia um pouco batota. “Se voc? trabalha muito com pessoas que est?o a morrer” ele disse “porque ? que voc? tem fotos de lugares onde voc? sempre quis ir? Porqu? adiar, quando voc? j? viu...” “Quando eu j? vi o qu?o r?pido tudo pode acabar?” a Dra. Yalestrom perguntou gentilmente. Kevin assentiu. “Talvez por causa da maravilhosa capacidade humana de saber disso e ainda assim procrastinar. Ou talvez eu j? tenha ido a alguns desses lugares, e a raz?o pela qual eu n?o estou nas fotos ? apenas porque eu acho que uma de mim a olhar para as pessoas ? mais do que suficiente.” Kevin n?o tinha a certeza se essas eram boas raz?es ou n?o. Elas n?o pareciam suficientes, de alguma forma. “Onde ? que irias, Kevin?” a Dra. Yalestrom perguntou. “Onde ? que irias se pudesses ir a qualquer lugar?” “Eu n?o sei” ele respondeu. “Bem, pensa nisso. N?o precisas de me dizer agora.” Kevin abanou a cabe?a. Era estranho conversar com um adulto desta forma. Geralmente, quando se tinha treze anos, as conversas resumiam-se a perguntas ou instru??es. Com a poss?vel exce??o da sua m?e, que estava no trabalho a maior parte do tempo, os adultos n?o estavam realmente interessados ??no que algu?m da idade dele tinha a dizer. “Eu n?o sei” ele repetiu. “Quero dizer, eu nunca pensei a s?rio que teria a oportunidade de ir a qualquer lugar.” Ele tentou pensar em lugares onde ele gostaria de ir, mas era dif?cil conceber algum lugar, especialmente agora que ele s? tinha alguns meses para o fazer. “Eu sinto como se, onde quer que eu pensasse ir, qual ? o objetivo? Eu vou morrer muito em breve.” “Qual ? que achas que ? o objetivo?” a Dra. Yalestrom perguntou. Kevin fez o melhor que p?de para pensar num motivo. “Eu acho que... porque muito em breve n?o ? a mesma coisa que agora?” A psic?loga assentiu. “Eu acho que ? uma boa maneira de o colocar. Ent?o, h? alguma coisa que gostasses de fazer muito em breve, Kevin?” Kevin pensou sobre isso. “Eu acho que... eu acho que devo dizer a Luna o que est? a acontecer.” “E quem ? a Luna?” “Ela ? minha amiga” disse Kevin. “N?s j? n?o frequentamos a mesma escola, pelo que ela n?o me viu desmaiar nem nada, e eu j? n?o lhe telefono h? alguns dias, mas...” “Mas tu devias dizer-lhe” disse a Dra. Yalestrom. “N?o ? saud?vel afastar os amigos nos maus momentos, Kevin. Nem mesmo para os proteger.” Kevin engoliu em nega??o, porque era o que ele estava a fazer. Ele n?o queria infligir isto em Luna, n?o queria que ela sofresse com a not?cia do que ia acontecer. Era parte da raz?o pela qual ele n?o lhe telefonava h? tanto tempo. “E que mais?” a Dra.Yalestrom perguntou. “Vamos tentar lugares novamente. Se pudesses ir a qualquer lugar, onde irias?” Kevin tentou escolher entre todos os lugares da sala, mas a verdade era que havia apenas uma paisagem que continuava a surgir na sua cabe?a, com cores que nenhuma c?mara de fotografia normal conseguiria capturar. “Iria parecer est?pido” disse ele. “N?o h? nada de errado em parecer est?pido” garantiu a Dra. Yalestrom. “Eu vou contar-te um segredo. As pessoas geralmente pensam que todos os outros, menos eles, s?o especiais. Elas pensam que as outras pessoas devem ser mais espertas, ou mais corajosas, ou melhores, porque s? elas conseguem ver as partes de si mesmas que n?o s?o essas coisas. Elas preocupam-se que enquanto todas as outras pessoas dizem as coisas acertadas, eles pare?am est?pidos. Por?m, isso n?o ? verdade.” Mesmo assim, Kevin ficou ali por v?rios segundos, examinando detalhadamente o estofamento do sof?. “Eu… eu vejo lugares. Um lugar. Eu acho que essa ? a raz?o pela qual eu tive que vir aqui.” A Dra. Yalestrom sorriu. “Tu est?s aqui porque uma doen?a como a tua pode criar muitos efeitos estranhos, Kevin. Eu estou aqui para te ajudar a lidar com eles, sem que eles dominem a tua vida. Gostavas de me contar mais sobre as coisas que v?s?” Mais uma vez, Kevin fez um exame detalhado ao sof?, aprendendo sobre a sua topografia, pegando uma pequena part?cula de cot?o. A Dra. Yalestrom ficou em sil?ncio enquanto ele o fazia; o tipo de sil?ncio que parecia dar-lhe espa?o para as palavras sa?rem. “Eu vejo um lugar onde nada ? igual aqui. As cores est?o erradas, os animais e as plantas s?o diferentes” disse Kevin. “Eu vejo-o destru?do… pelo menos, acho que vejo. H? fogo e calor, um clar?o luminoso. H? um conjunto de n?meros. E h? algo que parece uma contagem decrescente.” “Porque ? que parece uma contagem decrescente?” a Dra. Yalestrom perguntou. Kevin encolheu os ombros. “N?o tenho a certeza. Porque os batimentos est?o a aproximar-se uns dos outros, imagino?” A psic?loga assentiu, depois foi at? ? sua secret?ria. Ela voltou com papel e l?pis. “Como ? que te sais em arte?” ela perguntou. “N?o, n?o respondas. N?o importa se ? uma grande obra de arte ou n?o. Eu s? quero que tentes desenhar o que v?s, para que eu possa ter uma no??o de como ?. N?o prestes demasiada aten??o ao desenho, desenha apenas. Podes fazer isto por mim, Kevin?” Kevin encolheu os ombros. “Vou tentar.” Ele pegou nos l?pis e no papel, tentando trazer ? sua mente a paisagem que ele tinha visto, tentando lembrar-se de todos os detalhes. Era dif?cil de fazer, porque, embora os n?meros permanecessem na sua cabe?a, parecia que ele tinha que mergulhar fundo em si mesmo para extrair as imagens. Elas estavam abaixo da superf?cie, e para chegar at? elas, Kevin teve que recuar para dentro de si mesmo, concentrando-se s? naquilo, deixando o l?pis fluir sobre o papel quase automaticamente... “Ok, Kevin” disse ela, tirando o bloco a Kevin antes que ele conseguisse dar uma olhadela ao que ele tinha desenhado. “Vamos ver o que tu...” Ele viu o olhar de choque no rosto dela, t?o breve que quase n?o esteve l?. Esteve l?, por?m, e Kevin tinha que se questionar sobre o que seria necess?rio para chocar algu?m que todos os dias ouvia hist?rias sobre pessoas que estavam a morrer. “O que foi?” Kevin perguntou. “O que ? que eu desenhei?” “N?o sabes?” a Dra. Yalestrom perguntou. “Eu estava a tentar n?o pensar demasiado” disse Kevin. “Fiz algo de errado?” A Dra. Yalestrom abanou a cabe?a. “N?o, Kevin, n?o fizeste nada de errado.” Ela segurou o desenho de Kevin. “Gostavas de ver o que produziste? Talvez te ajude a entender as coisas.” Ela entregou-o dobrado, segurando-o apenas nas pontas dos dedos, como se n?o quisesse tocar no desenho mais do que o necess?rio. Isso fez com que Kevin ficasse um pouco preocupado. O que ? que ele poderia ter desenhado que tivesse feito com que um adulto reagisse assim? Ele agarrou no desenho, desdobrando. Um desenho de uma nave espacial estava l?, s? que “desenho” provavelmente n?o era a palavra certa para isto. Isto era mais como um esquema, completo em todos os detalhes, o que parecia imposs?vel no tempo que Kevin teve para desenhar. Ele nunca tinha visto isto antes, mas aqui estava, na p?gina, parecendo gigante e plano, como uma cidade empoleirada num disco. Havia discos menores ao redor, como abelhas oper?rias em volta de uma rainha. O detalhe significava que havia algo limpo, quase cl?nico, sobre o modo como estava desenhado, mas havia mais do que isto. Havia algo na geometria daquilo que, de alguma forma, estava simplesmente... errado, parecendo ter profundidades e ?ngulos que n?o deveriam ser poss?veis de capturar apenas num esbo?o como este. “Mas isto...” Kevin n?o sabia o que dizer. Isto n?o provava o que estava a acontecer? Algu?m achava que ele poderia simplesmente ter inventado algo assim? Aparentemente, a Dra. Yalestrom n?o estava convencida, no entanto. Ela pegou novamente no desenho, dobrando-o com cuidado, como se n?o quisesse olhar para ele. Kevin suspeitou que a estranheza do desenho fosse demais para ela. “Eu acho que ? importante que falemos sobre as coisas que tu est?s a ver” disse ela. “Achas que essas coisas s?o reais?” Kevin hesitou. “N?o tenho a certeza. Elas parecem reais, mas muitas pessoas j? me disseram que n?o podem ser.” “Faz sentido” disse a Dra. Yalestrom. “O que tu est?s a sentir ? muito comum.” “??” O que ele estava a sentir n?o parecia de todo muito comum. “Eu achava que a minha doen?a era rara.” A Dra. Yalestrom foi at? ? sua mesa, colocando o desenho de Kevin numa pasta. Ela pegou num tablet e come?ou a fazer anota??es. “? importante que outras pessoas n?o sintam o que tu est?s a sentir, Kevin?” “N?o, n?o ? isso” disse Kevin. “Foi s? que o Dr. Markham disse que esta doen?a afeta apenas algumas pessoas.” “? verdade” concordou a Dra. Yalestrom. “Mas vejo muitas pessoas que t?m alucina??es de algum tipo por outras raz?es.” “Voc? acha que estou a ficar louco” Kevin sup?s. Todas as outras pessoas pareciam achar isso. At? mesmo a sua m?e, presumivelmente, uma vez que tinha sido ela a traz?-lo aqui depois de ele ter come?ado a falar sobre elas. Ele n?o se sentia como se estivesse a enlouquecer, no entanto. “Essa n?o ? uma palavra que eu goste de usar aqui” disse a Dra. Yalestrom. “Eu acho que, muitas vezes, o comportamento que rotulamos de louco est? l? por um bom motivo. ? que muitas vezes, essas raz?es s? fazem sentido para a pessoa em quest?o. As pessoas far?o coisas para se protegerem de situa??es com as quais t?m muita dificuldade em lidar, que parecem ser... fora do comum.” “Voc? acha que ? o que eu estou a fazer com estas vis?es?” Kevin perguntou. Ele abanou a cabe?a. “Elas s?o reais. Eu n?o as estou a inventar.” “Posso contar-te o que eu acho, Kevin? Acho que uma parte de ti pode estar ligada a essas 'vis?es' porque isso te ajuda a pensar que a tua doen?a pode estar a acontecer por algum tipo de bem maior. Acho que talvez essas 'vis?es' sejam na verdade tu a tentares entender a tua doen?a. As imagens nelas... h? um lugar estranho que n?o ? como o mundo normal. Achas que isso poderia representar a maneira como as coisas mudaram?” “Talvez” disse Kevin. Ele n?o estava convencido. As coisas que ele tinha visto n?o eram sobre um mundo onde ele n?o tinha a sua doen?a. Eles eram sobre um lugar que ele n?o entendia de todo. “Ent?o tu tens a sensa??o de morte iminente com fogo e luz” disse a Dra. Yalestrom. “A sensa??o de coisas a chegarem ao fim. Tu at? tens uma contagem decrescente, completa com n?meros.” Os n?meros n?o faziam parte da contagem decrescente; era apenas os batimentos lentos, a ficarem mais r?pidos aos poucos. Kevin suspeitou que n?o ia convenc?-la disso agora. Quando os adultos decidiam qual era a verdade de alguma coisa, ele n?o era capaz de lhes mudar de ideias. “Portanto, o que ? que eu posso fazer?” Kevin perguntou. “Se voc? acha que elas n?o s?o reais, eu n?o deveria querer livrar-me delas?” “Queres livrar-te delas?” a Dra. Yalestrom perguntou. Kevin pensou sobre isto. “N?o sei. Eu acho que elas podem ser importantes, mas eu n?o pedi para as ter.” “Da mesma forma que n?o pediste para ser diagnosticado com uma doen?a cerebral degenerativa” disse a Dra. Yalestrom. “Talvez essas duas coisas estejam ligadas, Kevin.” Kevin j? tinha estado a pensar que as suas vis?es estavam ligadas ? doen?a de alguma forma. Que talvez isso tivesse mudado o seu c?rebro o suficiente para ser recetivo ?s vis?es. Por?m, ele n?o achava que isso fosse o que a psic?loga queria dizer. “Ent?o o que ? que eu posso fazer?” Kevin perguntou novamente. “H? coisas que podes fazer, n?o para as fazeres ir embora, mas pelo menos para seres capaz de lidar com elas.” “Tais como?” Kevin perguntou. Ele tinha que admitir que tinha ficado com esperan?a ao pensar nisso. Ele n?o queria que tudo isto ficasse a girar na sua cabe?a. Ele n?o pedira para receber mensagens que ningu?m mais entendia, e isto s? o fazia parecer maluco quando falava sobre elas. “Podes tentar encontrar coisas para te distraires das alucina??es quando elas vierem” disse a Dra. Yalestrom. “Podes tentar lembrar-te de que n?o ? real. Se ficares com d?vidas, encontra maneiras de verificar. Talvez perguntar a outra pessoa se ela est? a ver a mesma coisa. Lembra-te, n?o tem mal nenhum veres o que v?s, mas a forma como reages a isso depende de ti.” Kevin achava que ele se conseguia lembrar de tudo aquilo. Mesmo assim, tal n?o fazia nada para acalmar os batimentos fracos da contagem decrescente, vibrando ao fundo, acelerando aos poucos. “E eu acho que tu precisas de dizer ?s pessoas que n?o sabem” disse a Dra. Yalestrom. “N?o ? justo para elas mant?-las no escuro sobre isto.” Ela tinha raz?o. E havia uma pessoa a quem ele precisava de contar mais do que a qualquer outra pessoa. Luna. CAP?TULO QUATRO “Ent?o” Luna disse, enquanto ela e Kevin caminhavam ao longo de um dos caminhos da ?rea de Recrea??o do Reservat?rio de Lafayette, esquivando-se dos turistas e das fam?lias que aproveitavam o seu dia de folga “porque ? que tens andado a evitar-me?” Confiando em Luna para ir diretamente ao assunto. Era uma das coisas que Kevin gostava nela. N?o que ele gostasse dela como mais do que uma amiga. As pessoas pareciam sempre assumir isso. Eles pensavam que, l? porque ela era bonita e loira, e provavelmente porque era chefe de claque, claro, eles seriam namorados. Eles apenas assumiam que era assim que o mundo funcionava. Eles n?o estavam juntos. Luna era a sua melhor amiga. A pessoa com quem ele passava a maior parte do tempo fora da escola. Provavelmente a ?nica pessoa no mundo com quem ele poderia falar sobre absolutamente qualquer coisa. Exceto, como se viu, sobre isto. “Eu n?o tenho...” Kevin parou perante o olhar fixo de Luna. Ela era boa com os olhares. Kevin suspeitava que ela provavelmente praticava. Ele tinha visto todo o g?nero de pessoas, desde valent?es a rudes donos de lojas, a recuarem, em vez de a terem a olhar para eles por mais tempo. Diante daquele olhar, era imposs?vel mentir para ela. “Bem, eu tenho, mas ? dif?cil, Luna. Eu tenho algo... bem, algo que n?o sei como te contar.” “Oh, n?o sejas idiota” disse Luna. Ela encontrou uma lata de refrigerante abandonada e deu-lhe um pontap?, sacudindo-a de um p? para outro com o tipo de habilidade que vinha de o fazer com demasiada frequ?ncia. “Quero dizer, qu?o mau pode isso ser? Vais-te embora? Vais mudar de escola novamente?” Talvez ela tenha percebido algo na sua express?o, porque ficou em sil?ncio por alguns segundos. Havia algo fr?gil naquele sil?ncio, como se ambos estivessem na ponta dos p?s para evitar quebr?-lo. Mesmo assim, eles tinham de o fazer. Eles n?o podiam simplesmente andar assim para sempre. “Algo mau ent?o?” ela disse, atirando a lata para um recipiente do lixo com um ?ltimo movimento do p?. Kevin assentiu. Mau era uma palavra para isso. “Qu?o mau?” “Mau” disse ele. “O reservat?rio?” O reservat?rio era o lugar onde ambos iam quando se queriam sentar e conversar sobre as coisas. Eles tinham falado sobre Billy Hames gostar de Luna quando eles tinham nove anos, e sobre o gato de Kevin, Tiger, a morrer quando eles tinham dez anos. Nada disso parecia uma boa prepara??o para isto. Ele n?o era um gato. Eles desceram at? a beira da ?gua, olhando para as ?rvores do outro lado, para as pessoas com as suas canoas e barcos a remos no reservat?rio. Em compara??o com alguns dos lugares que eles iam, isto era agrad?vel. As pessoas achavam que Kevin era o rapaz do lado errado da cidade, que levava Luna por maus caminhos, mas era ela que tinha o dom de se esgueirar por cercas e escalar edif?cios abandonados, deixando que Kevin a seguisse se conseguisse. Aqui, n?o havia nada disso, apenas a ?gua e as ?rvores. “O que ??” Luna perguntou. Ela tirou os sapatos e balan?ou os p?s na ?gua. Kevin n?o sentiu vontade de fazer o mesmo. Naquele momento, ele queria fugir, esconder-se. Qualquer coisa para evitar contar a verdade. Era como se, quanto mais tempo ele conseguisse evitar contar a Luna, mais tempo aquilo n?o seria realmente real. “Kevin?” Luna disse. “Est?s a deixar-me preocupanda agora. Olha, se n?o me dizes o que ?, ent?o eu vou ligar para a tua m?e e descobrir dessa forma.” “N?o, n?o fa?as isso” Kevin disse rapidamente. “Eu n?o tenho a certeza... a M?e n?o est? a lidar bem com isto.” Luna estava a ficar mais preocupada a cada momento que passava. “O que ? que se passa?” Ela est? doente? Tu est?s doente?” Kevin acenou com a cabe?a ? ?ltima. “Estou doente” disse ele. Ele colocou a m?o no ombro de Luna. “Eu tenho algo chamado leucodistrofia. Estou a morrer, Luna.” Ele sabia que o havia dito demasiado r?pido. Para algo assim, deveria haver toda uma grande explica??o, uma constru??o adequada, mas honestamente, essa era a parte que importava. Ela olhou para ele, abanando a cabe?a em ?bvia descren?a. “N?o, n?o podes estar, isso ?...” Ela abra?ou-o ent?o, com tal for?a que Kevin mal conseguia respirar. “Diz-me que ? uma piada. Diz-me que n?o ? real.” “Eu gostaria que n?o fosse” disse Kevin. Ele desejava isso mais do que qualquer coisa naquele momento. Luna afastou-se, e Kevin p?de v?-la a contorcer as suas fei??es com o esfor?o para n?o chorar. Normalmente, Luna era boa em n?o chorar. Agora, por?m, ele conseguia ver que ela n?o se estava a aguentar. “Isto... quanto tempo?” ela perguntou. “Eles disseram que talvez seis meses” disse Kevin. “E isso foi h? dias, portanto agora ? menos tempo” ripostou Luna. “E tu tens tido que lidar com isto sozinho, e...” Ela caiu em sil?ncio quando a clara enormidade daquilo obviamente a atingiu. Kevin pode v?-la a olhar para as pessoas no reservat?rio, observando-as com os seus pequenos barcos e as suas incurs?es r?pidas para a ?gua. Eles pareciam t?o felizes l?. Ela olhou para eles como se eles fossem a parte que ela n?o conseguia acreditar, n?o a doen?a. “N?o parece justo” disse ela. “Todas estas pessoas, simplesmente continuam como se o mundo fosse o mesmo, a divertirem-se enquanto tu est?s a morrer.” Kevin sorriu tristemente. “O que devemos fazer? Dizermos-lhes a todos para pararem de se divertir?” Ele apercebeu-se, um pouco tarde demais, do perigo de o dizer quando Luna se levantou num ?pice, colocou as suas m?os em forma de ta?a na boca, e gritou o mais alto que conseguiu. “Ei, voc?s todos, voc?s t?m que parar! O meu amigo est? a morrer e eu exijo que voc?s parem de se divertir imediatamente!” Algumas pessoas olharam em volta, mas ningu?m parou. Kevin suspeitava que n?o tinha sido essa a quest?o. Luna ficou ali por alguns segundos, e, desta vez, foi ele que a abra?ou, segurando-a enquanto ela chorava. Era suficientemente raro que o enorme choque daquilo mantivesse Kevin ali. Luna a gritar com as pessoas, comportando-se de uma forma que elas nunca esperariam de algu?m como ela, era normal. Luna a descontrolar-se n?o era. “Sentes-te melhor?” ele perguntou passado um pouco. Ela abanou a cabe?a. “Na verdade n?o. E tu?” “Bem, ? bom saber que h? algu?m que tentaria parar o mundo por mim” disse ele. “Sabes qual ? a pior parte?” Luna conseguiu outro sorriso. “N?o ser capaz de soletrar o que te est? a matar?” Kevin s? p?de retribuir aquele sorriso. Confiando que Luna soubesse que ele precisava que ela fosse o seu eu habitual, brincando com ele. “Eu consigo, eu pratiquei. A pior parte ? que tudo isto significa que ningu?m acredita em mim quando eu digo que tenho andado a ver coisas. Eles acham que ? tudo apenas da doen?a.” Luna inclinou a cabe?a para um lado. “Que tipo de coisas?” Kevin explicou-lhe sobre as estranhas paisagens que ele tinha andado a ver, com o fogo a devast?-las, a sensa??o de uma contagem decrescente. “Isso...” Luna come?ou quando ele terminou. Ela n?o parecia saber como acabar embora. “Eu sei, ? uma loucura, sou louco” disse Kevin. Mesmo Luna n?o acreditou nele. “N?o me deixaste terminar” disse Luna, inspirando. “Isso... ? t?o fant?stico.” “Fant?stico?” Kevin repetiu. N?o tinha sido a rea??o que ele esperava, mesmo vindo dela. “Todas as outras pessoas acham que eu estou a ficar louco ou que o meu c?rebro est? a derreter, ou algo assim.” “Todas as outras pessoas s?o est?pidas” declarou Luna, embora, para ser justo, esse parecesse ser o seu par?metro padr?o para a vida. Para ela, todas as pessoas eram est?pidas at? prova em contr?rio. “Ent?o acreditas em mim?” Kevin perguntou. At? mesmo ele j? n?o tinha a certeza, depois de tudo o que as pessoas lhe haviam dito. Luna colocou as suas m?os nos ombros dele, olhando-o diretamente nos olhos. Com outra mi?da, Kevin poderia ter pensado que ela estava prestes a beij?-lo. N?o com Luna, no entanto. “Se me disseres que essas vis?es s?o reais, ent?o elas s?o reais. Eu acredito em ti. E ser capaz de ver mundos alien?genas ? definitivamente fant?stico.” Os olhos de Kevin arregalaram-se um pouco. “O que ? que te faz pensar que ? um mundo alien?gena?” Luna deu um passo para tr?s, encolhendo os ombros. “O que mais vai ser?” Quando ela perguntou isto, Kevin teve a sensa??o de que ela estava t?o atordoada com tudo isto quanto ele. Ela s? fazia um trabalho melhor a escond?-lo. “Talvez...” ela sup?s “... talvez tudo isto tenha mudado o teu c?rebro, pelo que ele tenha uma liga??o direta para esse lugar alien?gena?” Se Luna alguma vez adquirisse um superpoder, provavelmente seria a capacidade de saltar para grandes conclus?es num ?nico salto. Kevin gostava disso nela, especialmente quando isto significava que ela era a ?nica pessoa que poderia acreditar nele, mas mesmo assim, parecia muito a decidir, t?o rapidamente. “Tu sabes o qu?o louco isso soa, certo?” ele perguntou. “N?o ? mais louco do que a ideia de que o mundo vai simplesmente arrancar para longe de mim o meu amigo sem um bom motivo” Luna ripostou, com os punhos cerrados de uma forma que sugeria que ela lutaria alegremente sobre o assunto. Ou talvez simplesmente cerrados pelo esfor?o para n?o chorar novamente. Luna costumava ficar com raiva, fazer piadas ou fazer coisas loucas em vez de ficar chateada. Naquele momento, Kevin n?o a podia culpar. Ele viu-a a parar de chorar, pouco e pouco, for?ando um sorriso. “Portanto, doen?a terr?vel, vis?es fant?sticas de mundos alien?genas... h? mais alguma coisa que n?o me estejas a contar?” “Apenas os n?meros” disse Kevin. Luna olhou para ele com ?bvio aborrecimento. “Entendes que n?o era suposto teres dito sim?” “Eu queria contar-te tudo” disse Kevin, embora achasse que era provavelmente um pouco tarde agora. “Desculpa.” “Ok” disse Luna. Mais uma vez, Kevin teve a sensa??o que ela estava a trabalhar para processar tudo aquilo. “N?meros?” “Eu tamb?m os vejo” disse Kevin. Ele repetiu-os de mem?ria. “23h 06m 29,283s, ?05° 02? 28,59.” “Ok” disse Luna. Ela franziu os l?bios. “Eu questiono-me o que eles significam.” Que eles n?o pudessem significar nada n?o lhe pareceu ocorrer. Kevin adorava isto nela. Ela tinha o telefone dela. “N?o ? uma matr?cula de carro, e seria estranho para uma palavra-passe. “Que mais?” Kevin n?o tinha pensado nisso, pelo menos n?o com o tipo de objetividade que Luna parecia estar a aplicar ao problema. “Talvez como um n?mero de um objeto, um n?mero de s?rie?” Kevin sugeriu. “Mas h? horas e minutos l?” disse Luna. Ela parecia totalmente envolvida no problema do que isso poderia significar. “E que mais?” “Talvez como um tempo de entrega e um local?” Kevin sugeriu. “Essas segundas partes soam como se fossem coordenadas.” “N?o est? propriamente correto para uma refer?ncia de mapa” disse Luna. “Talvez se eu pesquisar no Google... oh, fant?stico.” “O qu? ??” Kevin perguntou. Um olhar no rosto de Luna disse que eles tinham acertado. “Quando digitas essa cadeia de n?meros num motor de busca, s? obt?ns resultados sobre uma coisa” disse Luna. Ela f?-lo soar t?o certo como isso. Ela virou o telefone para lho mostrar, as p?ginas marcadas numa fileira organizada. “O sistema de estrelas Trappist 1.” Kevin sentiu o seu entusiamo a aumentar. Mais do que isto, ele sentiu a sua esperan?a a aumentar. Esperan?a que isto pudesse realmente significar alguma coisa, e que n?o era apenas a sua doen?a, independentemente do que todos diziam. Esperan?a que isto pudesse realmente ser real. “Por?m, porque ? que eu veria esses n?meros?” ele perguntou. “Talvez porque ? suposto que o sistema Trappist seja um dos que t?m a possibilidade de abrigar vida?” Luna perguntou. “Pelo que diz aqui, existem v?rios planetas l? no que pensamos ser uma zona habit?vel.” Ela disse-o como se aquilo fosse a coisa mais ?bvia do mundo. A ideia de planetas que poderiam ter vida parecia demais para ser uma coincid?ncia quando Kevin tinha visto aquela vida. Ou visto uma vida estranha, pelo menos. “Precisas de falar com algu?m sobre isto” declarou Luna. “Tu ?s… como, a primeira prova de contacto extraterrestre, ou algo assim. Quem eram aquelas pessoas que procuravam alien?genas, os cientistas? Eu vi uma coisa sobre eles na televis?o.” “SETI?” Kevin perguntou. “S?o esses” disse Luna. “Eles n?o est?o localizados em S?o Francisco, ou S?o Jose, ou algo assim?” Kevin n?o sabia, mas quanto mais ele pensava sobre isso, mais a ideia o puxava. “Tens que ir, Kevin” disse Luna. “Tens de, pelo menos, falar com eles.” *** “N?o” disse a sua m?e, pousando o caf? com tanta for?a que entornou. “N?o, Kevin, nem pensar!” “Mas M?e...” “Eu n?o te vou levar de carro at? S?o Francisco, para que tu possas incomodar um monte de loucos” disse a sua m?e. Kevin estendeu o telefone, mostrando-lhe as informa??es sobre o SETI. “Eles n?o s?o loucos” disse ele. “Eles s?o cientistas.” “Os cientistas podem ser loucos tamb?m” disse a sua m?e. “E toda essa ideia... Kevin, n?o consegues simplesmente aceitar que est?s a ver coisas que n?o existem?” Esse era o problema; seria muito f?cil aceitar isso. Seria f?cil dizer a si mesmo que isso n?o era real, mas havia algo perturbador na parte de tr?s do seu c?rebro que dizia que seria uma p?ssima ideia se ele o fizesse. A contagem decrescente continuava, e Kevin suspeitava que ele precisava de falar com algu?m que acreditasse nele antes que tal chegasse ao fim. “M?e, os n?meros que eu te disse que estava a ver... eles s?o o local de um sistema estelar.” “H? tantas estrelas por a? que tenho a certeza de que qualquer sequ?ncia aleat?ria de n?meros se conectaria a uma delas” disse a sua m?e. “Seria o mesmo que a massa da estrela ou... ou, eu n?o sei o suficiente sobre as estrelas para saber o que mais, mas seria algo.” “N?o ? isso que eu quero dizer” disse Kevin. “Quero dizer que era exatamente o mesmo. A Luna introduziu os n?meros e o sistema Trappist 1 foi a primeira coisa a sair. A ?nica coisa a sair. “Eu deveria saber que a Luna estaria envolvida” a sua m?e disse com um suspiro. “Eu adoro essa mi?da, mas ela tem muita imagina??o para o seu pr?prio bem.” “Por favor, M?e” disse Kevin. “Isto ? real.” A sua m?e colocou as m?os nos ombros dele. Desde quando ? que ela tinha come?ado a esticar-se para cima para o conseguir fazer? “N?o ?, Kevin. A Dra. Yalestrom disse que tu estavas a ter problemas em aceitar tudo isto. Tu precisas entender o que est? a acontecer e eu tenho que te ajudar a aceit?-lo.” “Eu sei que estou a morrer, M?e” disse Kevin. Ele n?o deveria ter dito aquilo assim, porque ele p?de ver as l?grimas nos olhos da sua m?e. “Sabes?” Porque isto...” “Vou encontrar uma maneira de chegar l?” prometeu Kevin. “Vou de autocarro se for preciso. Vou de comboio at? ? cidade e caminho. Eu tenho que pelo menos falar com eles. “E rirem-se de ti?” a sua m?e afastou-se, sem olhar para ele. “Sabes que ? isso que vai acontecer, certo, Kevin? Estou a tentar proteger-te.” “Eu sei que est?s” disse Kevin. “E eu sei que eles provavelmente se v?o rir de mim, mas eu tenho que tentar pelo menos, M?e. Tenho a sensa??o de que isto ? realmente importante.” Ele queria dizer mais, mas n?o tinha a certeza se isso ajudaria naquele momento. A sua m?e estava calada o que queria dizer que ela estava a pensar, e naquele momento era o melhor que Kevin podia esperar. Ela continuava a pensar, com a sua m?o a bater no balc?o da cozinha, marcando o tempo enquanto ela se decidia. Kevin ouviu o suspiro da sua m?e. “Pois bem” disse ela. “Eu fa?o-o. Vou levar-te, mas s? porque suspeito que, se n?o o fizer, receberei um telefonema da pol?cia para me dizer que o meu filho desmaiou num autocarro algures.” “Obrigado, M?e” disse Kevin, avan?ando para abra??-la. Ele sabia que ela n?o acreditava mesmo nele, mas de certa forma, isto tornava a demonstra??o de amor ainda mais impressionante. CAP?TULO CINCO Foi preciso cerca de uma hora para ir de Walnut Creek at? ao Instituto SETI em Mountain View, mas, para Kevin, pareceu uma vida inteira. N?o foi s? porque esse tr?fego na cidade arrastava-se por estradas congestionadas; cada momento era algo desperdi?ado quando ele poderia estar l?, poderia estar a descobrir o que estava a acontecer com ele. Eles saberiam, ele estava certo disso. “Tenta n?o ficar demasiado entusiasmado” a sua m?e avisou-o, pelo que parecia ser a vig?sima vez. Kevin sabia que ela estava apenas a tentar proteg?-lo, mas mesmo assim, ele n?o queria que o seu entusiasmo diminu?sse. Ele tinha a certeza de que este seria o lugar onde ele iria descobrir o que estava a acontecer. Eles eram cientistas que estudavam alien?genas. Certamente eles saberiam tudo? Por?m, quando eles l? chegaram, o instituto n?o era o que ele estava ? espera. A Avenida Bernardo, n.? 189 mais parecia uma galeria de arte ou uma parte de uma universidade do que o tipo de edif?cios de alta tecnologia que a imagina??o de Kevin havia conjeturado. Ele estava ? espera de edif?cios que parecessem ser do espa?o sideral, mas em vez disso, pareciam vers?es caras do tipo de edif?cios que a escola tinha. Eles avan?aram e estacionaram em frente aos edif?cios. Kevin respirou fundo. Era isto. Eles entraram numa sala de entrada, onde uma mulher sorriu para eles, conseguindo transformar isso numa pergunta antes mesmo de ela falar. “Ol?, t?m a certeza de que est?o no lugar certo?” “Eu preciso de falar com algu?m sobre sinais alien?genas” disse Kevin, antes que a sua m?e pudesse tentar explicar. “Sinto muito” disse a mulher. “N?s, na verdade, n?o temos visitas abertas ao p?blico.” Kevin abanou a cabe?a. Ele sabia que precisava faz?-la entender. “Eu n?o estou aqui para uma visita” disse ele. “Eu acho que... eu acho que estou a receber algum tipo de sinal alien?gena.” A mulher n?o olhou para ele com o tipo de choque e descren?a que a maioria das outras pessoas poderia ter olhado, ou at? mesmo com a surpresa que a sua m?e teve quando ele se saiu com uma daquelas. Este era mais um olhar de resigna??o, como se ela tivesse que aturar esse tipo de coisa com mais frequ?ncia do que gostaria. “Estou a ver” disse ela. “Infelizmente, n?o podemos conversar com as pessoas que entram aqui vindas da rua. Se quiser enviar uma mensagem para n?s atrav?s do nosso e-mail de contacto, teremos prazer em consider?-lo, mas no momento…” “Vamos, Kevin” a sua m?e disse. “N?s tent?mos.” Para sua pr?pria surpresa tanto quanto para qualquer um. Kevin abanou a cabe?a. “N?o, eu n?o vou.” “Kevin, tens de vir” disse a sua m?e. Kevin sentou-se bem no meio da entrada. O tapete n?o era muito confort?vel, mas ele n?o se importava. “Eu n?o vou a lugar nenhum at? falar com algu?m sobre isto.” “Espere, voc? n?o pode fazer isto” disse a rececionista. “Eu n?o vou a lugar nenhum” disse Kevin. “Kevin...” a sua m?e come?ou. Kevin abanou a cabe?a. Ele sabia que aquilo era infantil, mas da forma que ele o via, ele tinha treze anos, e ele podia faz?-lo. Al?m disso, isto era importante. Se ele sa?sse e se fosse embora agora, isto terminava. Ele n?o podia deixar isto terminar. “Levante-se ou terei que chamar a seguran?a” disse a rececionista. Ela caminhou at? Kevin e segurou o seu bra?o com firmeza. Instantaneamente, a m?e de Kevin mudou a sua aten??o dele para a rececionista, estreitando os olhos. “Tire as m?os do meu filho agora mesmo.” “Ent?o fa?a o seu filho se levantar e sair antes que eu tenha que envolver a pol?cia.” A rececionista soltou-o de qualquer maneira, embora isto pudesse ter algo a ver com o olhar que a sua m?e lhe deu. Kevin tinha a sensa??o de que, agora que havia uma maneira de ela conseguir proteger o seu filho, a sua m?e iria faz?-lo, independentemente do que fosse preciso. “N?o nos ameace com a pol?cia. Kevin n?o est? a fazer mal nenhum a ningu?m.” “Acha que n?o temos loucos aqui regularmente?” “O Kevin n?o ? louco!” a sua m?e gritou, num volume que ela normalmente reservava para quando Kevin tinha feito algo realmente errado. Os minutos seguintes tiveram mais discuss?es do que Kevin teria desejado. A sua m?e gritou para ele se levantar. A rececionista gritou que ligaria para a seguran?a. Elas gritaram uma para a outra, enquanto a m?e de Kevin decidia que ela n?o queria que ningu?m amea?asse o seu filho com a seguran?a, e a mulher parecia supor que a sua m?e seria capaz de mover Kevin. Kevin manteve-se sempre sentado com surpreendente serenidade. Isso acalmou-o e, nessas profundezas, ele viu algo... A escurid?o fria do espa?o estava ao seu redor, com estrelas a cintilar, com a Terra a parecer t?o diferente de cima que isso quase tirou o f?lego de Kevin. Havia um objeto prateado a flutuar no espa?o, apenas um de tantos outros em ?rbita. As palavras Pioneer 11 estavam gravadas de lado… Depois ele estava deitado no ch?o do Instituto SETI, com a sua m?e a ajudar a levant?-lo, juntamente com a rececionista. “Ele est? bem?” a rececionista perguntou. “Quer que eu chame uma ambul?ncia?” “N?o, eu estou bem” insistiu Kevin. A sua m?e abanou a cabe?a. “N?s sabemos o que se passa. O meu filho est? a morrer. Tudo isto... eu pensei que isto o ajudaria a aceitar que o que ele estava a ver n?o era real, que era por causa da doen?a.” Colocado assim, parecia uma trai??o, como se a m?e de Kevin estivesse estado a planear que os sonhos dele fossem sempre destru?dos. “Eu entendo” disse a rececionista. “Ok, vamos p?r-te de p?, Kevin. Posso ir buscar alguma coisa para voc?s?” “Eu s? quero falar com algu?m” disse Kevin. A rececionista mordeu o l?bio e assentiu. “Ok, eu vou ver o que consigo fazer.” Assim, sem mais nem menos, toda a sua atitude parecia ter mudado. “Esperem aqui. Sentem-se. Vou ver se h? algu?m por perto que possa ao menos falar contigo, talvez mostrar-te algumas coisas por aqui. Embora n?o haja muito que ver.” Kevin sentou-se com a sua m?e. Ele queria contar-lhe sobre tudo o que acabara de ver, mas ele p?de ver pelo rosto dela que isto s? lhe iria causar sofrimento. Em vez disso, ele esperou em sil?ncio. Finalmente, uma mulher apareceu. Ela devia ter cinquenta e poucos anos, vestida com um fato escuro que sugeria que ela tinha o tipo de reuni?es onde roupas mais casuais n?o funcionavam. Havia algo nela que dizia que ela era uma acad?mica - talvez algo na curiosidade com que ela olhou para Kevin. Ela ofereceu a sua m?o ? m?e de Kevin e depois a ele. “Ol?, Kevin” disse ela. “Eu sou a Dra. Elise Levin. Eu sou a diretora aqui no instituto.” “? a respons?vel?” Kevin perguntou, com a esperan?a a crescer dentro de si. “De todas as coisas alien?genas?” Ela sorriu com um ar divertido. “Eu acho que isto ? um pouco forte. Muitas das buscas por vida extraterrestre acontecem em outros lugares. A NASA fornece dados, algumas universidades se envolvem e muitas vezes pedimos emprestado tempo aos telesc?pios de outras pessoas onde conseguimos. Mas sim, eu sou a respons?vel por este instituto e pelas coisas que acontecem aqui.” “Ent?o eu preciso de lhe contar” disse Kevin. Ele estava a falar mais r?pido do que queria, tentando soltar as palavras antes que aquele adulto tivesse tempo para n?o acreditar em si. “Est? algo a acontecer. Eu sei o qu?o estranho parece, mas eu tenho visto coisas, h? uma esp?cie de contagem decrescente...” Como ? que ele poderia explicar a contagem decrescente? N?o era como n?meros, n?o havia um ponto ?bvio que ele pudesse dizer que marcava o seu fim. Havia apenas um batimento fraco que acompanhava o sinal no seu c?rebro, a ficar firme, quase impercetivelmente mais r?pido, ? medida que se aproximava de algo que Kevin n?o conseguia adivinhar. “Porque n?o me falas sobre isto enquanto damos uma volta?” a Dra. Levin sugeriu. “Eu vou mostrar-te um pouco do que fazemos aqui.” Ela levou Kevin e a m?e pelos corredores do instituto e, para ser honesto, Kevin tinha pensado que seria mais emocionante. Ele tinha pensado que seria menos como um conjunto de gabinetes de gabinete. “Eu pensava que haveria grandes telesc?pios aqui, ou laborat?rios cheios de equipamentos para testar coisas do espa?o” disse Kevin. A Dra. Levin encolheu os ombros. “Temos alguns laborat?rios e testamos materiais ocasionalmente, mas n?o temos telesc?pios. Por?m, estamos a trabalhar com Berkeley para construir um sistema dedicado de antenas de radiotelesc?pio.” “Ent?o, como ? que voc?s procuram alien?genas?” a m?e de Kevin perguntou. Parecia que ela estava t?o surpreendida quanto Kevin com a falta de telesc?pios gigantes e equipamentos de escuta. “N?s trabalhamos com outras pessoas” disse a Dra. Levin. “Pedimos ou contratamos tempo em telesc?pios e sistema de antenas de sensores. Trabalhamos com dados da NASA. Apresentamos-lhes sugest?es sobre os lugares que eles podem querer procurar ou os tipos de dados que podem querer reunir. Lamento, eu sei que n?o ? t?o entusiasmante quanto as pessoas ?s vezes pensam. Venham comigo.” Ela levou-os at? um gabinete que, pelo menos, parecia um pouco mais interessante do que alguns dos outros espa?os. Tinha alguns computadores, v?rios cartazes relacionados com o sistema solar, algumas revistas que mencionavam o trabalho do SETI, e algumas mob?lias que pareciam ter sido especialmente projetadas para serem ergon?micas, elegantes e t?o confort?veis ??quanto um tijolo. “Deixem-me que vos mostre algumas das coisas em que estamos a trabalhar” disse a Dra. Levin, chamando imagens de grandes sistemas de antenas de telesc?pios no processo de constru??o. “Estamos a olhar para o desenvolvimento de sistemas de antenas de radiotelesc?pios que podem ser poderosas o suficiente para captar frequ?ncias de r?dio ambiente, em vez de apenas esperar que algu?m nos direcione um sinal.” “Mas eu acho que algu?m est? a mandar-nos sinais” disse Kevin. Ele precisava que ela entendesse. A Dra. Levin fez uma pausa. “Eu ia perguntar se te est?s a referir ? teoria de que o que algumas pessoas acham que s?o explos?es de r?dio de alta frequ?ncia de um pulsar podem ser sinais intelig?veis, mas n?o est?s, pois n?o?” “Eu tenho andado a ver coisas” disse Kevin. Ele tentou explicar sobre as vis?es. Ele contou-lhe sobre a paisagem que ele tinha visto e sobre a contagem decrescente. “Estou a ver” disse a Dra. Levin. “Mas eu tenho que perguntar uma coisa, Kevin. Entendes que o SETI trata de explorar essa quest?o com a ci?ncia, procurando provas reais? ? a ?nica maneira de fazer isto e saber que qualquer coisa que encontramos ? real. Portanto, eu tenho que te perguntar, Kevin, como ? que sabes que o que est?s a ver ? real?” Kevin j? havia conseguido responder isto a Luna. “Eu vi uns n?meros. Quando os pesquisei, descobriu-se que eles eram o local de algo chamado sistema Trappist 1.” “Um dos candidatos mais promissores para a vida alien?gena” disse a Dra. Levin. “Mesmo assim, Kevin, entendes o meu problema agora? Dizes que viste esses n?meros e eu acredito em ti, mas talvez os tenhas visto porque os leste em algum lugar. Eu n?o posso redirecionar os recursos do SETI com base nisso, e em qualquer caso, n?o tenho a certeza do que mais poder?amos fazer quando se trata do sistema Trappist 1. Para algo assim, eu precisaria de algo novo. Algo que n?o conseguirias ter obtido de outra maneira.” Kevin percebeu que ela estava a tentar dececion?-lo o mais suavemente poss?vel, mas ainda assim, isso do?a. Como ? que ele lhes poderia fornecer isso? Ent?o ele pensou no que ele tinha visto na entrada. Ele tinha que o ter visto por um motivo, n?o era? “Eu acho que...” Ele n?o tinha a certeza se o deveria dizer ou n?o, mas ele sabia que tinha que o dizer. “Eu acho que voc?s v?o receber um sinal de algo chamado Pioneer 11.” A Dra. Levin olhou para ele por alguns segundos. “Sinto muito, Kevin, mas isso n?o parece muito prov?vel.” Kevin viu a sua m?e franzir a testa. “O que ? o Pioneer 11?” “? uma das sondas espaciais que a NASA enviou” explicou a Dra. Levin. “Ela voou atrav?s do nosso sistema solar, enviando dados de volta e tinha velocidade suficiente para envi?-los para al?m dos limites do sistema solar. Infelizmente, o ?ltimo contacto que tivemos com a sonda foi em 1995, pelo que eu realmente n?o acho que...” Ela parou quando o seu telefone come?ou a tocar, tirando-o como se para ignorar a chamada. Kevin viu quando ela parou e ficou a olhar fixamente. “Sinto muito, tenho que atender esta chamada” disse ela. “Sim, estou, o que foi? Isso pode esperar um momento, estou no meio de... tudo bem, se ? assim t?o urgente. Um sinal? Est?o a telefonar-me porque a NASA tem dados a chegar? Mas a NASA tem sempre...” Ela parou novamente, olhando para Kevin, com uma express?o de ?bvia descren?a no seu rosto. Mesmo assim, ela disse-o. “Posso dar um palpite?” ela disse ao telefone. “Acabaram de receber um sinal qualquer da Pioneer 11? Receberam? N?o, n?o vos posso dizer. N?o tenho a certeza se voc?s acreditariam em mim se eu o fizesse.” Ela desligou o telefone, olhando para Kevin como se o estivesse a ver pela primeira vez naquele momento. “Como ? que fizeste isso?” ela perguntou. Kevin encolheu os ombros. “Eu vi-o quando estava ? espera na entrada.” “Viste-o? Da mesma forma que 'viste' essa paisagem alien?gena?” A Dra. Levin olhou para ele e Kevin teve a sensa??o de que ela estava a tentar descobrir alguma coisa. Provavelmente ela estava a tentar descobrir alguma maneira de ele poder t?-los enganado com isto, ou feito isto acontecer. Foi quase um minuto antes de ela chegar a uma decis?o. “Eu acho” disse a Dra. Levin, no tom cuidadoso de algu?m a tentar se certificar de que ela n?o tinha enlouquecido “que ? melhor virem comigo.” CAP?TULO SEIS Kevin e a sua m?e seguiram a Dra. Levin desde as instala??es do SETI at? um carro que parecia pequeno demais para pertencer a algu?m na sua posi??o. “? muito amigo do ambiente” ela disse, num tom que sugeria que ela tinha enfrentado muitas vezes essa pergunta. “Vamos l?, ser? mais f?cil se eu vos levar aos dois at? l?. Eles s?o bastante rigorosos quanto ? seguran?a.” “Quem?” a m?e de Kevin perguntou. “A NASA.” Kevin susteve a respira??o ao ouvir isso. Eles iam falar com a NASA? Quando se tratava de alien?genas, isso era ainda melhor que o SETI. A viagem atrav?s de Mountain View foi curta, de alguns minutos no m?ximo. Mesmo assim, foi o suficiente para Kevin olhar pelas janelas para as empresas de alta tecnologia espalhadas pela ?rea, obviamente atra?das para ali pela NASA e Berkeley, com a presen?a de tantas pessoas inteligentes num s? lugar a atra?rem-nas. “Estamos mesmo a ir para a NASA?” Kevin perguntou. Ele n?o conseguia acreditar, o que n?o fazia sentido, dadas todas as coisas em que ele tinha tido que acreditar nos ?ltimos dias. O campus da NASA era tudo o que o edif?cio do SETI n?o tinha sido. Era grande, espalhado por v?rios edif?cios e localizado num espa?o que conseguia ter vistas tanto das colinas circundantes quanto da ba?a. Havia um centro de visitantes que era essencialmente uma tenda constru?da numa escala que parecia dif?cil de acreditar, num branco brilhante e pintada com o logotipo da NASA. Eles passaram por ela de carro, por?m, para um espa?o fechado ao p?blico, atr?s de uma cerca de arame e de uma barreira onde a Dra. Levin teve que mostrar a identifica??o para entrar. “Est?o ? minha espera” disse ela. “E quem s?o eles, minha senhora?” o guarda perguntou. “Kevin McKenzie e a sua m?e” disse a Dra. Levin. “Eles est?o comigo.” “Eles n?o est?o no...” “Eles est?o comigo” disse a Dra. Levin novamente, e, pela primeira vez, Kevin teve uma no??o do tipo de dureza que a posi??o dela envolvia. O guarda hesitou por um momento, e, depois, produziu dois passes de visitantes, que a Dra. Levin lhes entregou. Kevin pendurou o seu ao seu pesco?o, e ele sentiu-o como se fosse um trof?u, um talism?. Com isto, ele poderia ir onde ele precisava. Com isto, as pessoas, efetivamente, acreditavam nele. “Precisamos de entrar nas ?reas de pesquisa” disse a Dra. Levin. “Por favor, tenham cuidado para n?o tocarem em nada, porque algumas das experi?ncias s?o delicadas.” Ela levou-os para dentro de um edif?cio que parecia ser composto principalmente por delicadas curvas de a?o e vidro. Este era o tipo de lugar que Kevin tinha esperado encontrar quando eles chegaram a Mountain View. Isto era como um lugar que observava o espa?o deveria ser. Havia laborat?rios de ambos os lados, com o tipo de equipamento avan?ado que sugeria que podiam testar quase qualquer coisa que o espa?o lhes atirasse. Havia lasers e computadores, bancos e aparelhos que pareciam projetados para a qu?mica. Havia oficinas cheias de equipamentos de solda e pe?as que poderiam ter sido para carros, mas que Kevin queria acreditar que eram para ve?culos para uso em outros planetas. A Dra. Levin perguntava ao seu redor enquanto eles seguiam, aparentemente tentando descobrir onde estavam todos os que estavam ligados com as not?cias sobre a mensagem da Pioneer 11. Sempre que passavam por algu?m, ela os detinha, e Kevin achava que ela conhecia todos ali. O SETI podia estar separado de tudo isto, da maneira que ela dizia que estava, mas era ?bvio que a Dra. Levin passava muito tempo aqui. “Ei, Marvin, onde ? que est?o todos?” ela perguntou a um homem com barba que vestia uma camisa xadrez. “Eles est?o maioritariamente reunidos no centro para pesquisa de supercomputadores” disse ele. “Algo assim, eles querem ver o que os recintos v?o inventar.” “Os fossos?” Kevin perguntou. A Dra. Levin sorriu. “J? vais ver.” “Quem s?o eles?” o homem com barba perguntou. “O que dirias se eu te dissesse que aqui o Kevin consegue ver alien?genas?” a Dra. Levin perguntou. Marvin riu-se. “Podes tentar jogar com a reputa??o do ca?ador alien?gena louco o quanto quiseres, Elise. Tu ?s t?o c?tica quanto todos n?s.” “Talvez n?o sobre isto” disse a Dra. Levin. Ela olhou para o Kevin e para a sua m?e. “Por aqui.” Ela levou-os para outra parte do edif?cio, e agora Kevin teve a sensa??o de seguran?a extra, com scanners de identifica??o e c?maras em quase todos os cantos. Mais do que isso, era provavelmente o lugar mais limpo onde ele j? havia estado. Muito mais limpo do que, por exemplo, o seu quarto. Parecia que nenhuma part?cula de poeira era permitida a entrar sem permiss?o, muito menos as pilhas de roupas velhas que enchiam o seu espa?o at? a sua m?e lhe dizer para ele arrumar tudo. Os laborat?rios estavam quase vazios naquele momento e vazios de uma forma que sugeria que eles tinham sido deixados de uma forma apressada ??porque algo mais excitante estava a acontecer. Era f?cil perceber onde eles tinham ido. As pessoas estavam aglomeradas nos corredores quando os tr?s se aproximaram do destino, trocando rumores que Kevin s? conseguia apanhar fragmentos. “H? um sinal, um sinal real.” “Depois de todo esse tempo.” “N?o s?o apenas dados de telemetria ou at? mesmo digitaliza??es. H? algo... mais.” “Estamos aqui” disse a Dra. Levin, quando chegaram a uma sala onde a porta havia sido deixada aberta, obviamente para permitir que a multid?o de pessoas tentasse se espremer l? para dentro. “Deixem-nos passar, por favor. Precisamos de falar com o Sam.” Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696567&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.