Íåäàâíî ÿ ïðîñíóëñÿ óòðîì òèõèì, À â ãîëîâå – íàñòîé÷èâàÿ ìûñëü: Îòíûíå äîëæåí ÿ ïèñàòü ñòèõè. È òàê íàïîëíèòü ñìûñëîì ñâîþ æèçíü! ß ïåðâûì äåëîì ê çåðêàëó ïîø¸ë, ×òîá óáåäèòüñÿ â âåðíîñòè ðåøåíüÿ. Âçãëÿä çàòóìàíåí.  ïðîôèëü – ïðÿì îðåë! Òèïè÷íûé âèä ïîýòà, áåç ñîìíåíüÿ. Òàê òùàòåëüíî òî÷èë êàðàíäàøè, Çàäóì÷èâî ñèäåë â êðàñèâîé ïîçå. Êîãäà äóøà

Um Mar De Escudos

Um Mar De Escudos Morgan Rice Anel Do Feiticeiro #10 Em UM MAR DE ESCUDOS (LIVRO N? 10 DA S?RIE O ANEL DO FEITICEIRO), Gwendolyn d? lux ao seu filho com Thorgrin’ em meio a poderosas profecias. Com o nascimento do filho, as vidas de Gwendolyn e Thorgrin mudam para sempre, assim como o destino do Anel. Thor n?o tem escolha e embarca em uma busca para encontrar sua m?e, deixando mulher e filho para se aventurar longe de sua terra natal em uma aventura perigosa que colocar? em risco o futuro do Anel. Antes de se unir a Gwendolyn no maior casamento da hist?ria dos MacGil, ele deve primeiro reconstruir a Legi?o e aprimorar suas habilidades treinando com Argon, e recebe a honra com que sempre sonhou ao ser nomeado um Prata, tornando-se um cavaleiro. Gwendolyn est? se recuperando do nascimento do filho, da partida de seu marido e da morte da m?e. Todo o Anel se re?ne para o enterro real, levando as irm?s Luanda e Gwendolyn a um ?ltimo confronto que ter? conseq??ncias graves. As profecias de Argon ressoam em sua cabe?a, e Gwendolyn sente um perigo iminente para o Anel, aprofundando seus planos para resgatar todo o seu povo no caso de uma cat?strofe. Erec recebe not?cias da doen?a de seu pai, e ? convocado a retornar para casa, nas Ilhas do Sul; Alistair se junta a ele, e os planos do casamento deles continuam. Kendrick sai em busca de sua m?e, e se surpreende com quem ele encontra. Elden e O’Connor voltam para sua cidade natal e encontram algo inesperado, enquanto Conven fica ainda mais deprimido – e mais suscet?vel ?s for?as do mal. Steffen inesperadamente se apaixona, enquanto Sandara surpreende Kendrick ao deixar o Anel, voltando para sua cidade no Imp?rio. Reece, apesar de seus esfor?os, se apaixona por sua prima, e quando os filhos de Tirus descobrem, eles colocam em andamento um plano trai?oeiro. Matus e Srog tentam manter a ordem nas Ilhas Superiores, mas uma trag?dia acontece quando Selese fica sabendo do caso, logo antes do casamento, e uma Guerra pode come?ar nas Ilhas Superiores devido ? paix?o de Reece. O lado McCloud das Highlands est? igualmente inst?vel, com uma Guerra civil prestes a estourar devido ao reinado incerto de Bronson e ?s a??es impensadas de Luanda. Com o Anel ?s v?speras de uma Guerra civil, Romulus – no Imp?rio, descobre uma nova forma de magia que pode destruir o Escudo de uma vez por todas. Ele faz um acordo com o lado obscuro e, com um poder que nem mesmo Argon pode deter, Romulus embarca certo de que pode destruir o Anel. Com a cria??o sofisticada de mundos e personagens, UM MAR DE ESCUDOS ? uma aventura ?pica de amigos e amantes, rivais e namorados, cavaleiros e drag?es, intriga e manipula??es pol?ticas, do caminho para se tornar um adulto, de decep??es, ambi??es e trai??es. ? uma est?ria de honra e coragem, de destino e magia. Uma fantasia que nos leva a um mundo inesquec?vel, destinado ao p?blico de todas as idades. Morgan Rice Um Mar De Escudos (Livro N? 10 da s?rie O Anel do Feiticeiro) Sobre Morgan Rice Morgan Rice ? a autora do bestseller N?1 DI?RIOS DE UM VAMPIRO, uma s?rie destinada a jovens adultos composta por onze livros (em progresso); da s?rie bestseller N?1 TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por dois livros (em progresso); e da s?rie bestseller N?1 de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros (e contando). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em ?udio e vers?es impressas, e tradu??es dos livros est?o dispon?veis em alem?o, franc?s, italiano, espanhol, portugu?s, japon?s, chin?s, sueco, holand?s, turco, h?ngaro, eslovaco (e mais idiomas em breve). TRANSFORMADA (Livro N?1 da s?rie Di?rios de um Vampiro), ARENA UM (Livro N?1  da s?rie Trilogia de Sobreviv?ncia) e EM BUSCA DE HER?IS (Livro N?1 da s?rie O Anel do Feiticeiro) est?o dispon?veis gratuitamente! Morgan gosta de ouvir sua opini?o, ent?o por favor, sinta-se ? vontade em visitar www.morganricebooks.com para se juntar ? lista de correspond?ncia, receber um livro gr?tis, receber brindes, efetuar o download do aplicativo gratuito, receber as ?ltimas not?cias exclusivas, se conectar com o Facebook e o Twitter, e manter contato! Cr?ticas aos livros de Morgan Rice “Uma fantasia espirituosa que inclui elementos de mist?rios e intriga em sua trama. Em Busca de Her?is mostra onde nasce a coragem e como a busca por um prop?sito leva ao crescimento, amadurecimento e excel?ncia… Para aqueles que buscam aventuras, os protagonistas, acontecimentos e a??o oferecem uma s?rie de acontecimentos relacionados ? evolu??o de Thor de uma crian?a sonhadora a um jovem adulto e sua busca pela sobreviv?ncia apesar de todas as dificuldades… Este ? apenas o come?o de uma s?rie de literatura juvenil ?pica.”     Midwest Book Review (D. Donovan, Cr?tica de E-livros) “O ANEL DO FEITICEIRO re?ne todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: tramas, intrigas, mist?rio, bravos cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, decep??es e trai??es. O livro manter? o leitor entretido por horas e agradar? a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia.”     --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos. “A fantasia ?pica de Rice [O ANEL DO FEITICEIRO] inclui as caracter?sticas cl?ssicas do g?nero – um lugar marcante, altamente inspirado pela antiga Esc?cia e sua hist?ria, e uma boa medida de intriga da corte.”     —Kirkus Reviews “Adorei como Morgan Rice construiu o personagem de Thor e o mundo em que ele vive. A paisagem e as criaturas que vivem no lugar s?o bem descritas… Eu gostei de trama, curta e doce… A quantidade ideal de personagens secund?rios me ajudou a n?o ficar confusa. H? bastante aventura e momentos angustiantes, mas a a??o contida no livro n?o ? excessivamente violenta. O livro ? ideal para leitores adolescentes… H? ind?cios de algo realmente marcante no primeiro livro da s?rie…"     --San Francisco Book Review “Neste livro recheado de a??o, o primeiro da s?rie de fantasia O Anel do Feiticeiro (que atualmente conta com 14 livros), Rice introduz os leitores ao garoto de 14 anos Thorgrin "Thor" McLeod, cujo sonho ? juntar-se ao Ex?rcito Prata, os cavaleiros de elite do rei… A narrativa de Rice ? s?lida e intrigante.”     --Publishers Weekly “[EM BUSCA DE HER?IS] ? de leitura r?pida e f?cil. Os finais dos cap?tulos fazem com que voc? queira ler mais e ? imposs?vel deixar o livro de lado. H? alguns erros ortogr?ficos no livro e alguns nomes est?o trocados, mas isso n?o interfere no andamento da hist?ria. O final do livro fez com que eu adquirisse o livro seguinte imediatamente. Todos os livros dispon?veis da s?rie O Anel do Feiticeiro podem atualmente ser adquiridos na loja da Kindle e Em Busca de Her?is est? dispon?vel gratuitamente para que voc? comece a ler! Se estiver ? procura de algo r?pido e divertido para ler nas f?rias, este ? o livro ideal.”     --FantasyOnline.net Livros de Morgan Rice O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro n?1) UMA MARCHA DE REIS (Livro n?2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro n?3) UM GRITO DE HONRA (Livro n?4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro n?5) UMA CARGA DE VALOR (Livro n?6) UM RITO DE ESPADAS (Livro n?7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n?8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro n?9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro n?10) UM REINADO DE A?O (Livro n?11) UMA TERRA DE FOGO (Livro n?12) UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro n? 13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro n? 14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro n? 15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n? 16) O PRESENTE DA BATALHA (Livro n? 17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n? 1) ARENA DOIS (Livro n? 2) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro n? 1) AMADA (Livro n? 2) TRA?DA (Livro n? 3) PREDESTINADA (Livro n? 4) DESEJADA (Livro n? 5) COMPROMETIDA (Livro n? 6) PROMETIDA (Livro n? 7) ENCONTRADA (Livro n? 8) RESSUSCITADA (Livro n? 9) ALMEJADA (Livro n? 10) DESTINADA (Livro n? 11) Fa?a o download dos livros de Morgan Rice agora mesmo! (https://play.google.com/store/search?q=morgan%20rice&c=books) Ou?a a s?rie O ANEL DO FEITICEIRO em ?udio livro! Copyright © 2013 por Morgan Rice Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book ? licenciado para o seu uso pessoal.  Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas.  Se voc? gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio.  Se voc? estiver lendo este livro sem t?-lo comprado, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira sua pr?pria c?pia.  Obrigado por respeitar o trabalho da autora. Esta ? uma obra de fic??o.  Nomes, personagens, empresas, organiza??es, entidades, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o do autor ou foram usados de maneira fict?cia.  Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. Imagem da capa Copyright da Razzomgame, usada com autoriza??o da Shutterstock.com Conde: “A se tiv?ssemos aqui agora Um d?cimo dos homens da Inglaterra…” Henrique V: “N?o, meu caro primo… Quanto menos homens, maior a honra. A vontade divina! Rogo-te, n?o pe?a por mais homens.”     --William Shakespeare     Henrique V CAP?TULO UM Gwendolyn solta um grito ensurdecedor quando a dor atravessa seu corpo. Ela est? deitada de costas no campo de flores silvestres, e seu est?mago d?i mais do que ela imaginava ser poss?vel, enquanto seu corpo se contorce e empurrando, tentando colocar o beb? para fora. Uma parte dela gostaria que tudo aquilo parasse, gostaria de chegar a um lugar seguro antes que seu beb? venha ao mundo. Mas uma grande parte dela sabe que seu filho est? prestes a nascer, quer ela queira ou n?o. Por favor, Deus, agora n?o, ela reza. S? mais algumas horas.S? at? que eu esteja em seguran?a em algum lugar. Mas n?o ? para ser. Gwendolyn sente outra pontada de dor atravessar seu corpo, e ela se inclina para tr?s e grita quando sente o beb? girar dentro dela, prestes a nascer. Ela sabe que n?o ser? poss?vel det?-lo. Em vez disso, Gwen passa a empurrar, for?ando-se a respirar como as enfermeiras haviam lhe ensinado, tentando ajudar o beb? a sair. Mas tudo aquilo parece n?o estar funcionando, e ela geme em agonia. Gwen se senta mais uma vez e olha em volta procurando qualquer sinal de vida. "Socorro!" Ela grita com toda a for?a que ainda lhe resta. Mas n?o h? qualquer resposta. Gwen est? no meio dos campos, muito longe de qualquer pessoa, e seu grito sem perde em meio ?s ?rvores, carregado pelo vento. Gwen sempre tentava se manter firme, mas ela tem que admitir que ela agora est? apavorada. Ela n?o teme tanto por si mesma, e sim pelo beb?. E se ningu?m os encontrasse? Mesmo que ela conseguisse parir sozinha, como ela seria capaz de sair daquele lugar com o beb?? Ela tem a terr?vel sensa??o de que ela e o beb? morreriam ali. Gwen repassa os ?ltimos acontecimentos em sua mente, relembrando aquele momento fat?dico com Argon, em que o tinha libertado, sobre o que ela tinha feito. O sacrif?cio. A escolha insuport?vel que ela tinha sido for?ada a fazer, tendo que escolher entre seu beb? e seu marido. Ela agora chora, recordando a decis?o que tinha feito. Por que a vida sempre exigia sacrif?cios dela? Gwendolyn prende a respira??o quando o beb? de repente se vira dentro dela, uma dor t?o intensa que reverbera do topo de sua cabe?a at? os dedos de seus p?s. Ela sente como se ela fosse um carvalho sendo partido em dois, de dentro para fora. Gwendolyn arqueia o corpo para tr?s e geme olhando para o c?u, tentando imaginar-se em qualquer outro lugar, menos ali. Ela tenta se agarrar a algo em sua mente, algo que possa lhe dar uma sensa??o de paz. Ela pensa em Thor. Ela v? eles dois juntos, quando eles se conheceram, andando por aqueles mesmos campos de m?os dadas, enquanto Krohn pulava ao redor de seus p?s. Ela tenta trazer a imagem ? vida em sua mente, tentando se concentrar nos detalhes. Mas aquilo n?o est? funcionando. Ela abre os olhos de repente, quando a dor a traz de volta ? realidade. Ela se pergunta como ido parar ali, sozinha naquele lugar, e ent?o se lembra de Aberthol, dizendo-lhe que sua m?e estava morrendo, e se lembra de ter sa?do correndo para v?-la. Sua m?e tamb?m estaria morrendo, naquele mesmo instante? De repente, Gwen grita, sentindo-se como se estivesse morrendo, e ao olhar para baixo e ela v? a cabe?a do beb?, come?ando a coroar. Ela joga o corpo para tr?s e grita enquanto empurra sem parar, transpirando e com o rosto vermelho pelo esfor?o. Depois de um ?ltimo empurr?o, de repente, um grito atravessa o ar. O choro de um beb?. De repente, o c?u escurece. Gwen olha para cima e observa assustada quando o dia perfeito de ver?o, sem aviso, se transforma em noite. Ela v? quando os dois s?is de repente s?o eclipsados pelas duas luas. Um eclipse total de ambos os s?is. Gwen mal pode acreditar: isso s? acontecia, ela sabe, uma vez a cada 10 mil anos. Gwen assiste em terror enquanto tudo ? sua volta ? imerso na escurid?o. De repente, o c?u se enche de rel?mpagos, estrias atravessando a imensid?o escura, e Gwen se sente bombardeada por pequenas pedras de gelo. Ela n?o consegue entender o que est? acontecendo, at? que ela finalmente percebe que ? uma chuva de granizos. Tudo isso, ela sabe, ? um grande press?gio, e acontece no momento exato do nascimento de seu beb?. Ela olha para a crian?a e sabe imediatamente que ele ? mais poderoso do que ela poderia imaginar. Ela sabe que ele ? de outra esfera do universo. Quando ela finalmente sai, chorando, Gwen instintivamente estende a m?o e pega o beb? no colo, puxando-o contra o peito antes que ele possa deslizar na grama e na lama, protegendo-o do granizo ao colocar os bra?os ao redor dele. Ele chora, e assim que ele faz isso, a terra come?a a tremer. Ela sente o ch?o tremendo e, ao longe, ela v? pedras rolando para baixo das encostas. Ela pode sentir o poder daquela crian?a correndo por ela, afetando todo o universo ao seu redor. Enquanto Gwen segura a crian?a com for?a, ela se sente mais fraca a cada segundo; perdendo muito sangue. Ela fica com a cabe?a leve, fraca demais para se mover, apenas forte o suficiente para segurar seu beb?, que n?o para de chorar em seu peito. Ela mal consegue sentir as pr?prias pernas. Gwen tem a terr?vel sensa??o de que iria morrer ali, naqueles campos, com aquele beb?. Ela n?o se importa mais consigo mesma, mas n?o consegue cogitar a ideia de que seu beb? morreria tamb?m. "N?O!" Gwen grita, invocando toda a for?a que ainda lhe resta para protestar contra aquela situa??o. Quando Gwen joga a cabe?a para tr?s, deitando-se no ch?o, um grito surge em resposta. N?o ? um grito humano, e sim o de uma criatura antiga. Gwen come?ando a perder a consci?ncia. Ela olha para cima, se seus olhos come?am a se fechar apesar de seus esfor?os, mas ela v? o que parece ser uma apari??o dos c?us. ? um animal enorme, descendo na dire??o dela, e ela se lembra vagamente que aquela ? uma criatura que ela ama. Ralibar. A ?ltima coisa que Gwen v? antes que seus olhos se fechem ? Ralibar, descendo com seus grandes olhos verdes brilhantes e suas escamas vermelhas antigas, com as garras estendidas, – indo diretamente at? ela. CAP?TULO DOIS Luanda fica paralisada em estado de choque, olhando para o cad?ver de Koovia, ainda segurando o punhal sangrento em sua m?o, mal acreditando no que ela tinha acabado de fazer. Todo o sal?o de festas se cala e olha para ela; todos est?o espantados, e ningu?m se atreve a se mover. Todos olham para o cad?ver de Koovia aos seus p?s, o intoc?vel Koovia, o grande guerreiro do reino McCloud, perdendo em proezas apenas para o Rei McCloud, e a tens?o no quarto ? t?o pesada que poderia ser cortada com uma faca. Luanda ? a mais chocada de todos. Ela sente a palma de sua m?o queimando, ainda segurando a adaga, e sente uma onda de calor em cima dela, euf?rica e aterrorizada por ter acabado de matar um homem. Ela se sente, acima de tudo, orgulhosa por ter feito aquilo, orgulhosa por ter impedido que aquele monstro colocasse as m?os sobre seu marido ou sobre a noiva. Ele teve o que merecia. Todos aqueles McCloud s?o uns selvagens. De repente ouve-se um grito e, ao olhar para cima, Luanda v? o guerreiro l?der de Koovia, a poucos metros de dist?ncia dela, de repente partir para a a??o, com o desejo de vingan?a estampado em seus olhos, e correr at? ela. Ele ergue sua espada alta e aponta para o peito de Luanda. Luanda ainda est? atordoada demais para reagir, e o guerreiro avan?a rapidamente. Ela se prepara, sabendo que em apenas alguns instantes, ela sentiria o a?o frio perfurando seu cora??o. Mas Luanda n?o se importa; n?o importa o que aconte?a com ela agora que ela havia matado aquele homem. Luanda fecha os olhos quando a espada desce na dire??o dela, preparada para encarar a pr?pria morte – e fica surpresa ao ouvir o barulho de metal batendo contra metal. Ela abre os olhos e v? Bronson dar um passo ? frente, erguendo a espada e bloqueando o golpe do guerreiro. Luanda se surpreende; ela n?o achava que ele fosse capaz disso, ou que ele, com sua ?nica m?o boa, poderia parar um golpe poderoso como aquele. Acima de tudo, ela fica tocada ao perceber o quanto ele realmente se importa com ela, o suficiente para arriscar sua pr?pria vida. Bronson golpeia habilmente com sua espada em torno dele, e mesmo com apenas uma m?o, ele tem tanta habilidade e for?a que consegue perfurar o cora??o do guerreiro, matando-o no local. Luanda mal pode acreditar. Bronson, mais uma vez, havia salvado a vida dela. Ela se sente profundamente grata a ele, e uma nova onda de amor por ele surge dentro dela. Talvez ele seja mais forte do que ela imaginava. Gritos irrompem em ambos os lados do sal?o de festas quando os McCloud e MacGil se aproximam mutuamente, ansiosos para ver quem poderia matar o outro primeiro. Todos os pretextos de civilidade observados durante todo a cerim?nia e festa do casamento de repente s?o esquecidos. Agora ? a guerra: guerreiro contra guerreiro, todos aquecidos pela bebida, alimentados pela raiva, pela indignidade que os McCloud tinham tentado perpetrar ao tentarem violar a sua noiva. Homens saltam sobre a mesa de madeira grossa, ansiosos para matar uns aos outros, apunhalando-se, pegando no rosto um do outro, caindo juntos sobre a mesa e derrubando comida e vinho. A sala est? apertada, completamente tomada pelos guerreiros que se amontoam ombro a ombro, quase sem qualquer espa?o para manobra, enquanto os homens grunhem e se esfaqueiam, gritando e gemendo ? medida que a cena se transforma em um caos sangrento. Luanda tenta se recompor. A luta ? t?o r?pida e t?o intensa, os homens est?o com tamanha sede de sangue, t?o focados em matar uns aos outros, que ningu?m exceto ela tem tempo para olhar ao redor e observar o que acontece na periferia da sala. Luanda observa por uns instantes, e assimila tudo com uma perspectiva maior. Ela ? a ?nica pessoa que v? quando os McCloud deslizam pelos cantos da sala, lentamente barrando as portas, uma de cada vez e, em seguida, esgueiram-se para fora sem que ningu?m perceba. Os cabelos na parte de tr?s do pesco?o de Luanda se arrepiam quando ela de repente percebe o que est? acontecendo. Os McCloud est?o trancando todos na sala – e fugindo por alguma raz?o. Ela observa quando eles pegam as tochas das paredes e seus olhos se arregalam de p?nico. Ela percebe com horror que os McCloud pretendem incendiar o sal?o com todos eles presos ali dentro – at? mesmo os pr?prios membros de seu cl?. Luanda deveria ter imaginado que isso aconteceria. Os McCloud eram implac?veis, e fariam qualquer coisa para ganhar. Luanda olha ? sua volta, vendo tudo se desenrolar diante dela, e v? uma porta que ainda n?o tinha sido barrada. Luanda virou, se distancia da luta corpo a corpo e corre para a porta, desferindo cotoveladas e empurr?es para tirar os homens para fora de seu caminho. Ela v? um McCloud, que tamb?m corre para a porta do outro lado da sala, e ela corre mais r?pido, com pulm?es prestes a estourar, determinada a chegar at? a porta antes dele. O McCloud n?o v? Luanda quando ele chega ? porta, pega uma barra grossa de madeira e se prepara para barr?-la. Luanda o ataca pela lateral, levantando sua adaga e esfaqueando as costas do homem. O McCloud grita, arqueando o corpo, e cai no ch?o. Luanda remove a barra de madeira da porta, abrindo-a, e corre para fora. L? fora, enquanto seus olhos se ajustam ? escurid?o, Luanda olha para a esquerda e para a direita e v? v?rios McCloud, todos fazendo fila do lado de fora do sal?o, empunhando tochas, se preparando para incendi?-lo. Luanda entra em p?nico. Ela n?o pode deixar que isso aconte?a. Luanda vira, corre de volta para a sala, pega Bronson, e o puxa para longe da confus?o. "Os McCloud!" Ela grita urgentemente. "Eles est?o se preparando para incendiar o sal?o! Me ajude! Leve todos para fora! AGORA!" Bronson, compreendendo o que ela diz, arregala os olhos de medo, e para o seu cr?dito, sem hesitar, ele corre at? os l?deres MacGil e os afasta da luta, gesticulando em dire??o ? porta aberta. Todos se viram e percebem o plano McCloud, e ent?o gritam ordens para seus homens. Para a satisfa??o de Luanda, ela v? quando os homens MacGil de repente se afastam da luta e correu para a porta aberta que ela tinha encontrado. Enquanto eles se organizam, Luanda e Bronson n?o perdem tempo. Eles correm para a porta, e ela fica horrorizada ao ver outro McCloud correr na dire??o dela, pegar a t?bua, e tentar tranc?-la. Ela n?o acha que seja poss?vel impedi-lo desta vez. Mas ent?o, Bronson reage; ele levanta sua espada, se inclina para frente, e a atira. Ela atravessa o ar, dando voltas, at? finalmente ser empalada nas costas do McCloud. O guerreiro grita e cai no ch?o, e Bronson corre at? a porta e a abre bem na hora. Dezenas de MacGil saem do sal?o pela porta aberta, e Luanda e Bronson se juntam a eles. Lentamente, todos os MacGil saem do sal?o, e os McCloud que ainda est?o ali observam espantados e come?am a se perguntar porque seus inimigos est?o recuando. Quando todos conseguem sair, Luanda bate a porta, pega uma t?bua de madeira junto com os outros, e barra a porta pelo lado de fora, de modo que nenhum McCloud pudesse segui-los. Os McCloud que est?o ali fora percebem o que est? acontecendo, e come?am a soltar suas tochas e pegam suas espadas para lutar. Mas Bronson e os outros n?o lhes d? a chance. Eles atacam os soldados McCloud em volta deles, esfaqueando e matando-os assim que eles baixam as tochas e se preparam para pegar suas armas. A maioria dos McCloud ainda est? do lado de dentro, e as poucas d?zias ali fora n?o seriam capazes de enfrentar a f?ria dos MacGil que, com sangue nos olhos, matam todos eles rapidamente. Luanda fica ali, com Bronson ao seu lado, cercada pelos membros do cl? MacGil, todos respirando com dificuldade, emocionada por estar viva. Todos olham para Luanda com respeito, sabendo que lhe devem sua vida. Enquanto continuam ali, eles come?am a ouvir o barulho das McCloud dentro do sal?o, tentando sair. Os MacGil lentamente se viram e, sem saber o que fazer, olham para Bronson esperando sua decis?o. "Voc? tem que acabar com a rebeli?o," Luanda diz com for?a. "Voc? deve trat?-los com a mesma brutalidade com que tinham a inten??o de trat?-lo." Bronson olha para ela, em d?vida, e ela pode ver a hesita??o em seus olhos. "O plano deles n?o deu certo," ele diz. "Eles est?o presos l? dentro. Presos. Vamos coloc?-los na pris?o." Luanda balan?a a cabe?a com ferocidade. "N?O!" Ela grita. "Estes homens olham para voc? como um l?der. Esta ? uma regi?o brutal do mundo. N?s n?o estamos na Corte do Rei. A brutalidade reina aqui. A brutalidade comanda respeito. Aqueles homens ali dentro n?o podem viver. Um exemplo deve ser feito deles!" Bronson olha para ela, horrorizado. "O que voc? est? dizendo?" ele pergunta. "Voc? quer queim?-los vivos? Deseja lhes dar o mesmo tratamento brutal que eles planejaram para n?s?" Luanda trava sua mand?bula. "Se voc? n?o fizer isso, marque minhas palavras: certamente um dia eles ir?o mat?-lo." Os homens MacGil se re?nem em torno deles, testemunhando aquela discuss?o, e Luanda fica ali, fumegando de raiva. Ela adora Bronson – afinal, ele tinha salvado sua vida. E ainda assim ela odeia como ele ?s vezes poderia ser fraco e ing?nuo. Luanda j? tinha tido o bastante de homens no poder, tomando decis?es ruins. Ela gostaria de poder governar ela mesma; ela sabe que seria melhor do que qualquer um deles. ?s vezes, ela acredita, ? preciso uma mulher para governar um mundo de homens. Luanda, banida e marginalizada durante toda a sua vida, sente que n?o pode mais viver ? margem das coisas. Afinal, ? gra?as a ela que todos aqueles homens est?o vivos no momento. E ela ? a filha primog?nita de um rei, afinal. Bronson fica ali olhando para ela, em d?vida, e Luanda pode ver que ele n?o tomaria medidas. Ela n?o aguenta mais. Luanda grita de frustra??o, corre pra frente, pega uma tocha da m?o de um atendente e, enquanto todos os homens a observam em sil?ncio atordoado, ela corre para a frente deles, segura a tocha bem alto, e a atira. A tocha ilumina a noite, voando pelo ar at? cair em cima do telhado de palha do sal?o de festas. Luanda observa com satisfa??o quando as chamas come?am a se espalhar. Os MacGil em torno dela d?o um grito, e todos seguem seu exemplo. Cada um deles pega uma tocha e a joga, e logo as chamas se levantam e o calor se intensifica, chamuscando seu rosto, iluminando a noite. Logo, todo o sal?o est? envolto em chamas. Os gritos dos McCloud presos ali dentro atravessam a noite, e enquanto Bronson parece recuar, Luanda, com as m?os nos quadris, fica parada – fria, dura, impiedosa, observando com satisfa??o. Ela se vira para Bronson, que fica ali, de boca aberta em estado de choque. "Isso," afirma ela, desafiante, "? o que significa governar." CAP?TULO TR?S Reece caminha com Stara, lado a lado, com os bra?os balan?ando e se encostando, mas sem dar as m?os. Eles atravessam intermin?veis campos de flores no alto da serra, cheios de cor, com uma imponente vista das ilhas Superiores. Eles caminham em sil?ncio, Reece sobrecarregado com pensamentos conflitantes; ele mal sabe o que dizer. Reece volta a pensar naquele momento fat?dico em que ele havia cruzado os olhos com Stara no lago da montanha. Ele tinha enviado sua comitiva longe, precisando de um tempo a s?s com ela. Eles tinham ficado relutantes em deixar os dois sozinhos – especialmente Matus, que conhecia muito bem a hist?ria deles, – mas Reece havia insistido. Stara era como um ?m?, atraindo Reece, e ele n?o queria mais ningu?m ao seu redor. Ele precisava de tempo para alcan??-la, conversar com ela, para entender por que ela olhava para ele com o mesmo olhar de amor que ele sentia por ela. Para entender se tudo aquilo era real, e o que estava acontecendo com eles. O cora??o de Reece bate enquanto eles caminham, sem saber por onde come?ar, o que fazer a seguir. Seu lado racional grita para ele se virar e correr, para correr o mais longe poss?vel de Stara, pegar o pr?ximo navio de volta para o continente e nunca mais pensar nela. Para voltar para casa onde sua futura esposa, que estava em casa ? sua espera. Afinal, ele adora Selese, ela sente o mesmo por ele, e seu casamento seria celebrado em apenas alguns dias. Reece sabe que isso seria a coisa sensata a fazer. A coisa certa a fazer. Mas a parte l?gica dele est? sendo oprimida por suas emo??es, por paix?es que ele n?o consegue controlar, que se recusam a ser subservientes ao seu lado racional. S?o paix?es que o obrigam a ficar ali ao lado de Stara, caminhando com ela atrav?s daqueles campos. ? uma parte incontrol?vel dele, algo que ele nunca tinha entendido e que o levara, durante toda a sua vida, a fazer coisas impulsivas, a seguir o seu cora??o. Ele nem sempre tomava as melhores decis?es, mas Reece possu?a um lado apaixonado e intenso – e nem era capaz de control?-lo. Enquanto Reece caminha ao lado de Stara, ele se pergunta se ela est? se sentindo da mesma maneira que ele. A parte de tr?s da m?o dela encosta na sua enquanto ela anda, e ele acha que pode detectar um leve sorriso no canto dos l?bios dela. Mas ela ? dif?cil de interpretar – Stara sempre tinha sido assim. A primeira vez que ele a tinha conhecido, enquanto eram crian?as, ele se lembra que tinha fica espantado, incapaz de se mover, incapaz de pensar em outra coisa exceto nela por dias a fio. Havia algo em seus olhos transl?cidos, algo sobre a maneira como ela se portava, t?o orgulhosa e nobre, como um lobo olhando para ele, que era hipnotizante. Quando crian?as, eles sabiam que uma rela??o entre primos era proibida, mas isso nunca os tinha perturbado. Algo existia entre eles, algo muito forte, aproximando-os um do outro, apesar de tudo. Eles brincavam juntos, melhores amigos desde o come?o, preferindo a companhia um do outro acima de qualquer um de seus primos ou amigos. Quando eles visitavam as ilhas Superiores, Reece passava todo o tempo com ela; ela tinha correspondido, apressando-se para o seu lado, esperando na costa por dias a fio at? que seu barco chegasse. No in?cio, eles eram apenas melhores amigos. Mas, ent?o, ? medida que cresciam, em uma noite fat?dica sob as estrelas, tudo tinha mudado. Apesar de ser proibido, a sua amizade havia se tornado algo mais forte, maior que os dois, e nenhum deles tinha sido capaz de resistir. Reece deixava as Ilhas sonhando com ela, distra?do a ponto de ter depress?o, encarando noites sem dormir durante os meses seguintes. Ele via o rosto deles todas as noites na cama, desejando que um oceano, e um costume da fam?lia, n?o estivesse entre eles. Reece sabia que ela sentia o mesmo; ele havia recebido in?meras cartas dela, carregadas pelas asas de um ex?rcito de falc?es, expressando seu amor por ele. Ele havia respondido, embora n?o fosse t?o eloquente quanto ela. O dia em que as duas fam?lias MacGil tiveram uma briga foi um dos piores dias da vida de Reece. Foi o dia em que o filho mais velho de Tirus havia morrido, envenenado pelo mesmo veneno que Tirus planejava usar contra o pai de Reece. No entanto, Tirus culpava o Rei MacGil. A rixa havia come?ado, e o cora??o de Reece – e de Stara –tinha se partido. Seu pai era poderoso, assim como o pai de Stara, e ambos haviam sido proibidos de se comunicar com qualquer outro MacGil. Eles nunca mais viajaram para l?, e Reece tinha passado noites inteiras acordado, pensando e sonhando com maneiras para poder ver Stara novamente. Ele sabia pelas cartas dela que ela sentia o mesmo. Um dia, as cartas dela pararam de chegar. Reece acreditava que elas tinham sido interceptadas de alguma forma, mas ele nunca soube ao certo. Ele suspeitava que suas cartas tamb?m j? n?o chegavam ? ela. Ao longo do tempo, Reece, incapaz de seguir em frente, teve que tomar a decis?o dolorosa de tirar Stara de seu cora??o, tendo que aprender a tirar os pensamentos dela de sua mente. O rosto de Stara surgia em sua mente nos momentos mais estranhos, e ele nunca havia deixado de se perguntar o que teria acontecido com ela. Ser? que ela ainda pensava nele, tamb?m? Ela teria se casado com outra pessoa? Agora, naquele dia, v?-la novamente traz tudo de volta. Reece percebe a intensidade dos sentimentos em seu cora??o, como se ele nunca tivesse sa?do do lado dela. Ela agora ? uma vers?o mais completa e ainda mais bela de si mesma, se isso fosse poss?vel. Ela ? uma mulher. E seu olhar ? ainda mais arrebatador do que antes. Naquele olhar, Reece detecta amor, e ele se sente revigorado ao ver que ela sente por ele o mesmo amor que ele tem por ela. Reece gostaria de pensar em Selese. Ele deve isso a ela. Mas por mais que ele tente, ? imposs?vel. Reece anda com Stara ao longo do cume da montanha, ambos em sil?ncio, sem saber muito bem o que dizer. Onde ele deveria come?ar a preencher o vazio de todos aqueles anos perdidos? "Ouvi dizer que voc? deve se casar em breve," Stara fala finalmente, quebrando o sil?ncio. Reece sente um vazio na boca do est?mago. O casamento com Selese sempre lhe causava uma onda de amor e emo??o; mas agora, quando Stara menciona o fato, ele se sente arrasado, como se ele a estivesse traindo. "Eu sinto muito," Reece responde. Ele n?o sabe mais o que dizer. Ele gostaria de falar: Eu n?o a amo. Vejo agora que foi um erro. Eu quero mudar tudo. Eu quero me casar com voc? acima de tudo. Mas ele realmente ama Selese. Ele tem que admitir isso para si mesmo. ? um tipo diferente de amor, talvez n?o t?o intenso quanto seu amor por Stara. Reece se sente confuso. Ele n?o sabe ao certo o que est? pensando ou sentindo. Qual amor ? mais forte? Ser? que havia diferentes intensidades para o amor? Quando amamos algu?m, n?o significa que voc? simplesmente ama, n?o importa o que aconte?a? Como um amor pode ser mais forte que outro? "Voc? a ama?" Pergunta Stara. Reece respira fundo, em meio ? uma tempestade emocional, sem saber o que responder. Eles caminham por um tempo, e ele organiza seus pensamentos at? que finalmente ? capaz de responder. "Eu a amo," responde ele, angustiado. "Eu n?o posso mentir." Reece para e pega a m?o de Stara pela primeira vez. Ela para e se vira para encar?-lo. "Mas eu tamb?m amo voc?," ele acrescenta. Ele v? seus olhos se encherem de esperan?a. "Voc? me ama mais?" Ela pergunta em voz baixa, esperan?osa. Reece pensa bastante. "Eu te amei durante toda a minha vida," diz ele, por fim. "Voc? ? a ?nico lado do amor que eu j? tinha conhecido. Voc? ? o que o amor significa para mim. Eu amo Selese. Mas com voc?… ? como se voc? fosse uma parte de mim. Tal como o meu pr?prio eu, algo que eu n?o posso viver sem." Stara sorri. Ela pega a m?o dele e eles continuam caminhando lado a lado, ela balan?ando seus bra?os ligeiramente, com um sorriso no rosto. "Voc? n?o sabe quantas noites passei sentindo sua falta," admite ela, desviando o olhar. "Minhas palavras foram enviadas nas asas de muitos falc?es – apenas para serem removidas pelo meu pai. Depois da briga, eu n?o consegui entrar em contato com voc?. Eu at? tentei uma ou duas vezes escapar em um navio para o continente, mas fui descoberta." Reece fica transtornado ao ouvir tudo aquilo. Ele n?o tinha ideia. Ele sempre quis saber como Stara se sentia a respeito dele ap?s a briga e, ao ouvir suas palavras, ele se sente ainda mais apegado a ela. Ele agora sabe que n?o ? s? ele que se sente daquela forma. Ele n?o se sente t?o louco. O que existe entre eles ?, de fato, real. "E eu nunca deixei de sonhar com voc?," responde Reece. Eles finalmente chegam ao topo do cume da montanha e ficam ali, lado a lado, olhando juntos para as Ilhas Superiores. A partir daquele ponto de vista, eles podem ver todas as ilhas at? oceano e a n?voa acima dele, as ondas que arrebentam abaixo, e centenas dos navios de Gwendolyn alinhados ao longo das costas rochosas. Eles ficam em sil?ncio por muito tempo, de m?os dadas, saboreando o momento. Saboreando estar juntos, finalmente, depois de todos aqueles anos e todas as pessoas e eventos de vida que haviam mantido os dois separados. "Finalmente, estamos aqui, juntos – e ainda assim, ironicamente, agora voc? est? mais preso do que nunca, com seu casamento a dias de dist?ncia. Parece que h? sempre algo destinado a ficar entre n?s." "E ainda estou aqui hoje, Reece respondeu. "Talvez o destino esteja nos dizendo alguma coisa?" Ela aperta sua m?o como for?a, e Reece aperta a dela de volta. Quando eles olham para fora, o cora??o de Reece bate acelerado, e ele se sente mais confuso do que nunca. Tudo isso estava destinado a acontecer? Ele estava destinado a encontrar Stara ali, a v?-la antes de seu casamento, para impedi-lo de cometer um erro e se casar com outra pessoa? O destino estava, depois de todos aqueles anos, tentando aproxim?-los novamente depois de tudo que havia acontecido? Reece n?o consegue deixar de acreditar que sim. Ele sente que a havia encontrado por algum golpe do destino, talvez para dar a eles uma ?ltima chance antes de seu casamento. "O que o destino reuniu, nenhum homem pode separar," diz Stara. Suas palavras atingem Reece enquanto ela olha em seus olhos, hipnotizando-o. "Muitas coisas na vida nos mantiveram afastados um do outro," continua Stara. "Os nossos cl?s. Nossas terras natais. Um oceano. O tempo… No entanto, nada foi capaz de nos manter separados. Tantos anos se passaram, e nosso amor continua t?o forte quanto antes. ? uma coincid?ncia o fato de voc? ter me encontrado antes de se casar? O destino est? nos dizendo algo. N?o ? tarde demais." Reece olha para ela com seu cora??o acelerado. Ela olha para ele com olhos transl?cidos que refletem o c?u acima deles e o oceano abaixo, comunicando todo o amor que ela sente por ele. Ele se sente mais confuso do que nunca, e incapaz de pensar com clareza. "Talvez eu deva cancelar o casamento," ele declara. "Isso n?o sou eu quem tem que decidir," responde ela. "Voc? deve procurar a resposta dentro de seu pr?prio cora??o." "Nesse momento," ele diz, "meu cora??o me diz que voc? ? a pessoa que eu amo. Voc? ? a pessoa que eu sempre amei. " Ela olha para ele com sinceridade. "Eu nunca amei outro homem," ela responde. Reece n?o se cont?m. Ele se inclina, e seus l?bios se encontram. Ele sente o mundo derretendo tudo ? sua volta, sentindo-se cercado de amor quando ela retribui o beijo. Eles continuam se beijando at? quase perderem o f?lego, at? Reece perceber, apesar de tudo dentro dele protestar o contr?rio, que ele nunca poderia se casar com qualquer outra pessoa, exceto Stara. CAP?TULO QUATRO Gwendolyn est? em cima de uma ponte de ouro. Ela se inclina sobre a grade e v? um rio que corre movimentado abaixo dela. As corredeiras avan?am furiosamente, espirrando ?gua cada vez mais alto enquanto ela observa. Ela pode sentir o spray de onde est?. "Gwendolyn, meu amor." Gwen se vira e v? Thorgrin na costa diante dela, talvez a  seis metros de dist?ncia, sorrindo, com o bra?o esticado na dire??o dela. "Venha," ele implora. "Atravesse o rio." Aliviada ao v?-lo, Gwen come?a a caminhar na dire??o dele, at? que uma outra voz a faz parar no meio do caminho. "Mam?e," diz uma voz, baixinho. Gwen olha para tr?s e v? um menino na margem oposta. Aparentando ter dez anos, ele ? alto, orgulhoso, de ombros largos, com um queixo esculpido, tra?os fortes, e olhos cinzentos brilhantes. Assim como seu pai. Ele est? vestindo uma linda armadura brilhante, feita de um material que ela n?o reconhece, e tem armas de um guerreiro ao redor de sua cintura. Ela pode sentir sua for?a, mesmo dali. Um poder insuper?vel. "M?e, eu preciso de voc?," ele diz. O menino estende a m?o, e Gwen come?a a andar em dire??o a ele. Gwen para e olha para um lado e para o outro, entre Thor e seu filho, enquanto ambos estendem a m?o, e se sente dividida, em conflito. Ela n?o sabe que caminho seguir. De repente, enquanto fica ali, a ponte desaba sob seus p?s. Gwendolyn grita quando ela quando mergulha nas corredeiras abaixo. Gwen cai na ?gua gelada com um choque e ? levada pelas ?guas turbulentas. Ela consegue emergir, com falta de ar, e v? seu filho e seu marido, de p? em margens opostas com as m?os estendidas, ambos precisando dela. "Thorgrin!" Ela grita, e ent?o: "Filho!" Gwen estende a m?o para os dois, gritando, mas ela logo despenca de cima de uma cachoeira. Gwen grita quando perde a vis?o deles, caindo dezenas de metros na dire??o das pedras afiadas abaixo. Gwendolyn acorda gritando. Ela olha ao seu redor, suando frio, confusa, se perguntando onde ela estava. Ela lentamente percebe que est? deitada em uma cama, em um quarto escuro do castelo, com tochas acesas ao longo das paredes. Ela pisca v?rias vezes, tentando entender o que havia acontecido, ainda respirando com dificuldade. Lentamente, ela percebe que tinha sido apenas um sonho. Um sonho horr?vel. Os olhos de Gwen se ajustam ? escurid?o, e ela v? v?rios atendentes em p? ao redor o quarto. Ela v? Illepra e Selese em p? em cada lado dela, passando compressas frias ao longo de seus bra?os e pernas. Selese limpa suavemente sua testa. "Shhh," Selese diz suavemente. "Foi apenas um sonho, minha senhora." Gwendolyn sente uma m?o apertar a dela, e seu cora??o se alegra ao ver Thorgrin. Ele se ajoelha ao lado da cama, segurando a m?o dela, com os olhos brilhando de alegria por v?-la acordada. "Meu amor," ele diz. "Est? tudo bem." Gwendolyn pisca, tentando descobrir onde est?, por que ela est? na cama, o que todas aquelas pessoas est?o fazendo ali. Ent?o, de repente, ao tentar se mover, ela sente uma dor terr?vel no est?mago e se lembra. "Meu beb?!" Ela grita, de repente hist?rica. "Onde ele est?? Ele est? vivo?" Gwen, desesperada, estuda os rostos ao redor dela. Thor aperta sua m?o com firmeza e d? um grande sorriso, e ela sabe que tudo est? bem. Ela sente toda a sua vida tranquilizada por aquele sorriso. "Ele est? vivo, ? verdade," Thor responde. "Gra?as a Deus. E a Ralibar. Ralibar trouxe voc? at? aqui, e bem na hora. " "Ele ? perfeitamente saud?vel," acrescenta Selese. De repente, um grito corta o ar, e Gwendolyn v? Illepra dar um passo ? frente, segurando o beb? chorando enrolado em um cobertor nos bra?os. O cora??o de Gwendolyn se enche de al?vio, e ela come?a a chorar. Ela come?a a chorar histericamente, emocionada ao v?-lo. Ela fica t?o aliviada, que l?grimas de alegria tomam conta dela. O beb? est? vivo. Ela est? viva. Eles haviam sobrevivido. De alguma forma, eles tinham conseguido sobreviver aquele terr?vel pesadelo. Ela nunca se havia se sentido t?o grata em toda sua vida. Illepra se inclina pra frente e coloca o beb? no peito de Gwen. Gwendolyn senta e olha para baixo, examinando-o. Ela se sente renascer com o toque dele, o peso do beb? em seus bra?os, seu cheiro e o jeito que ele olha para ela. Ela o embala, segurando com for?a envolto em mantas. Gwendolyn ? tomada por ondas de amor por ele, e sente gratid?o. Ela mal pode acreditar; ela agora tem um beb?. Quando ele ? colocado em seus bra?os, o beb? de repente para de chorar. Ele fica completamente im?vel e, virando-se, olha para ela com os olhos bem abertos. Gwen sente uma corrente atravessar o seu corpo quando seus olhos se cruzam. O beb? tem olhos de Thor – olhos cinza brilhantes que parecem vir de outra dimens?o. Eles olham atrav?s dela, e quando Gwen olha para ele, sente como se o conhecesse de outra vida. Naquele instante, Gwen sente um v?nculo mais forte com o beb? do que ela tinha com qualquer outra coisa ou pessoa em sua vida. Ela o aperta com for?a, e promete nunca abandon?-lo. Ela seria capaz de mover montanhas por ele. "Ele tem os seus tra?os, minha querida," Thor fala para ela, sorrindo ao mesmo tempo em que se inclina para olhar o beb? junto com ela. Gwen sorri, chorando, tomada pela emo??o. Ela nunca tinha sido t?o feliz em sua vida. Isso ? tudo o que ela sempre quis, estar ali com Thorgrin e seu filho. "Ele tem seus olhos," Gwen responde. "A ?nica coisa que ele ainda n?o tem ? um nome,” diz Thor. "Talvez dev?ssemos dar a ele o seu nome," Gwendolyn diz para Thor. Thor balan?a a cabe?a, inflex?vel. "N?o. Ele ? o seu filho, e carrega suas caracter?sticas. Um verdadeiro guerreiro deve ter o esp?rito de sua m?e, e as habilidades de seu pai. Ele precisa de ambos para servir bem. Ele ter? minhas habilidades. E ele deve ser nomeado em sua homenagem." "Ent?o o que voc? prop?e?" Pergunta ela. Thor fica pensativo. "O nome dele parecer com o seu. O filho de Gwendolyn deve se chamar… Guwayne. " Gwen sorri. Ela instantaneamente ama o som daquele nome. "Guwayne," ela repete. "Eu gosto." Gwen abre um largo sorriso, enquanto segura o beb? contra o peito. "Guwayne," ela fala para o filho. Guwayne se vira e abre os olhos de novo, e quando ele olhou para ela, ela seria capaz de jurar que o v? sorrir. Ela sabe que ele ainda ? jovem demais para isso, mas ela v? um lampejo de algo, e tem certeza de que ele aprova o nome. Selese se inclina para frente e passa uma pomada nos l?bios de Gwen, e lhe d? algo para beber, um l?quido espesso e escuro. Gwen se anima imediatamente, e sente que est? lentamente se recuperando. "H? quanto tempo estou aqui?" Pergunta Gwen. "Voc? dormiu quase por dois dias, minha senhora," responde Illepra. "Desde que o grande eclipse." Gwen fecha os olhos, e se lembra de tudo. As lembran?as rapidamente voltam para ela. Ela se lembra do eclipse, do granizo, do terremoto… Ela nunca tinha visto nada parecido. "Nosso beb? prenuncia grandes mudan?as," diz Thor. "Todo o reino testemunhou os eventos. Seu nascimento j? ? comentado, mesmo em terras distantes." Quando Gwen abra?a o menino apertado, ela sente um calor espalhar pelo seu corpo, e sente como ele ? especial. Seu corpo inteiro formiga enquanto ela o segura, e ela entende que ele n?o ? uma crian?a comum. Ela se pergunta que tipo de poderes corria em seu sangue. Ela olha para Thor, pensando. Seu filho tamb?m seria um druida? "Voc? ficou aqui o tempo todo?" Ela pergunta para Thor, percebendo que ele havia permanecido ao seu lado todo aquele tempo e repleta de gratid?o com ele. "Eu fiquei, minha querida. Vim assim que soube, mas passei a noite no Lago das Dores, orando por sua recupera??o." Gwen come?a a chorar novamente, incapaz de controlar suas emo??es. Ela nunca havia se sentido mais satisfeita em toda sua vida; segurar aquela crian?a a faz se sentir completa de uma maneira que ela antes n?o acreditava ser poss?vel. Apesar de seus esfor?os, Gwen se lembra daquele momento fat?dico no Submundo, da escolha terr?vel que ela tinha sido for?ada a fazer. Ela aperta a m?o de Thor e segura o beb? com for?a, querendo ambos perto dela, querendo que os dois fiquem com ela para sempre. No entanto, ela sabe que um deles teria que morrer, e chora descontroladamente. "O que est? errado, meu amor?" Thor finalmente pergunta. Gwen balan?a a cabe?a, incapaz de dizer a ele. "N?o se preocupe," ele fala. "Sua m?e ainda vive. Se ? por isso que voc? est? chorando. " Gwen de repente olha para ele. "Ela est? gravemente doente," acrescenta Thor. "Mas ainda h? tempo para v?-la." Gwen sabe que precisa fazer isso. "Eu preciso v?-la," ela diz. "Leve-me at? ela agora." "Voc? tem certeza, minha senhora?" Pergunta Selese. "Em sua condi??o, voc? n?o deveria fazer esfor?o," acrescenta Illepra. "Seu parto foi muito incomum, e voc? deve se recuperar. Voc? tem sorte de estar viva." Gwen balan?a a cabe?a, inflex?vel. "Eu verei minha m?e antes que ela morra. Leve-me at? ela. Agora ". CAP?TULO CINCO Godfrey se senta no centro da longa mesa de madeira no Sal?o de Bebidas com uma caneca de cerveja em cada m?o, cantando com um grupo grande de homens MacGil e McCloud, batendo suas canecas sobre a mesa com o restante deles. Todos est?o balan?ando para frente e para tr?s, batendo suas canecas para pontuar cada frase, derramando bebida sobre a palma das m?os e em cima da mesa. Mas Godfrey n?o se importa. Ele est? profundamente b?bado, como tinha sido todas as noites durante toda aquela semana, e ele est? se sentindo muito bem. Akorth e Fulton se sentam em ambos os lados dele, e quando ele olha para os lados, fica satisfeito aover dezenas de MacGil e McCloud ao redor da mesa, antigos inimigos reunidos para aquele evento que ele tinha organizado. Godfrey tinha levado v?rios dias atravessando as Highlands para chegar at? ali. A princ?pio, os homens tinham sido cautelosos; mas quando Godfrey havia mostrado os barris de cerveja, e ent?o as mulheres, eles haviam come?ado a chegar. A princ?pio eram apenas alguns homens, desconfiados uns dos outros, mantendo-se em seus pr?prios lados do sal?o. Mas, quando Godfrey havia conseguido lotar o sal?o, naquele pico perdido no meio das Highlands, os homens tinham come?ado a se soltar, e a interagir mais uns com os outros. N?o havia nada, Godfrey sabia, como oferta de cerveja gr?tis para unir os homens. O que realmente havia ajudado, fazendo os homens agirem como irm?os, foi quando Godfrey tinha trazido as mulheres. Godfrey tinha usado todos os seus contatos em ambos os lados das Highlands para limpar os bord?is, e havia pagado as mulheres muito bem. Elas agora lotam o sal?o com os soldados, a maioria sentada no colo de um dos homens, e todos parecem estar satisfeitos. As mulheres bem remuneradas, est?o felizes, os homens est?o felizes, e todo o sal?o transmite alegria e satisfa??o ? medida que os homens param de se concentrar um no outro e passam a prestar aten??o na bebida e nas mulheres. ? medida que a noite avan?a, Godfrey come?a a ouvir uma conversa entre certos MacGil e McCloud de se tornarem amigos, fazendo planos para ir em patrulha juntos. ? exatamente isso que sua irm? o havia enviado ali para fazer, e Godfrey sente orgulho de si mesmo por ter conseguido fazer aquilo. Ele tamb?m se diverte enquanto isso, e suas bochechas est?o coradas pela cerveja. Havia algo diferente, ele percebe, com aquela cerveja McCloud; ela ? mais forte do lado de c? das Highlands, e sobe direto para a cabe?a. Godfrey sabe que h? v?rias coisas envolvidas no processo de fortalecer um ex?rcito, de aproximar as pessoas, e de governar. A pol?tica ? uma delas; o governo ? outra; a aplica??o da lei, outra. Mas nenhuma delas ? capaz de atingir o cora??o dos homens. Godfrey, apesar de todos os seus defeitos, sabe como falar ao homem comum. Ele ? um homem comum. Enquanto ele tem a nobreza da fam?lia real, seu cora??o sempre esteve com as massas. Ele sempre teve certa sabedoria, nascida das ruas, que todos aqueles cavaleiros com armaduras de prata brilhante nunca teriam. Eles vivem acima de tudo, e Godfrey os admira por isso. Mas, Godfrey percebe, h? uma certa vantagem em estar abaixo de tudo isso, tamb?m. Sua situa??o lhe d? uma perspectiva diferente sobre a humanidade e, por vezes, uma vis?o necess?ria para compreender plenamente as pessoas. Afinal, os maiores erros dos Reis sempre tinham sido perder o contato com as pessoas. "Esses McCloud realmente sabem beber," diz Akorth. "Eles n?o decepcionam," acrescenta Fulton, quando mais duas canecas deslizam pela mesa e param diante deles. "Esta bebida ? muito forte," diz Akorth, dando um grande arroto. "Eu n?o sinto falta de casa de forma alguma," acrescenta Fulton. Godfrey ? empurrado nas costelas, e v? alguns homens McCloud, balan?ando com muita for?a, rindo muito alto, b?bados enquanto acariciam as mulheres. Aqueles McCloud, Godfrey percebe, s?o mais grosseiros do que os MacGil. Os MacGil s?o dif?ceis, mas os McCloud – h? algo a respeito deles, algo um pouco primitivo. Ao inspecionar o sal?o com um olhar cr?tico, Godfrey v? os McCloud segurando suas mulheres um pouco forte demais, fazendo um pouco mais de barulho com suas canecas e acotovelando-se com maldade. Algo sobre aqueles homens deixa Godfrey no limite, apesar de todos os dias que j? havia passado com eles. De alguma forma, ele n?o confia plenamente naquelas pessoas. E quanto mais tempo passa com eles, mais ele come?a a entender por que os dois cl?s viviam separados. Ele se pergunta se realmente seria poss?vel viverem juntos. O consumo de bebida chega ao auge, e mais canecas v?o sendo passadas, o dobro do que antes, e os McCloud n?o diminuem o ritmo, como soldados normalmente faziam naquele momento. Em vez disso, eles come?am a beber ainda mais, de forma excessiva. Godfrey, apesar de seus esfor?os, come?a a se sentir um pouco nervoso. "Voc? imaginava que homens pudessem beber tanto?" Godfrey pergunta para Akorth. Akorth faz uma careta. "Mas que pergunta ofensiva!" Ele responde. "O que deu em voc??" Fulton pergunta. Mas Godfrey observa de perto quando um McCloud, t?o b?bado que mal consegue enxergar, trope?a em um grupo de companheiros, derrubando todos com um estrondo. H? uma pausa por um segundo, enquanto todos no sal?o param para olhar para o grupo de soldados no ch?o. Mas, em seguida, os soldados se levantam – gritando, rindo e aplaudindo, – e para al?vio de Godfrey, as festividades continuam. "Voc? acha que j? foi o suficiente?" Pergunta Godfrey, come?ando a se perguntar se tudo aquilo teria sido uma m? ideia. Akorth olha fixamente para ele. "O suficiente?" ele pergunta. "Acha realmente que existe uma coisa dessas?" Godfrey percebe que ele mesmo est? arrastando a fala, e sua mente n?o est? t?o desperta quanto ele gostaria. Ainda assim, ele come?a a sentir algo estranho no sal?o, como se algo n?o estivesse exatamente como ele deveria ser. ? tudo um pouco excessivo, como se o sal?o tivesse perdido todo o autocontrole. "N?o toque nela!" Algu?m grita de repente. "Ela ? minha!" O tom da voz ? sombrio, perigoso, atravessando o ar e fazendo Godfrey se virar. Do outro lado do sal?o, um soldado MacGil fica em p?, com o peito estufado, discutindo com um McCloud; o McCloud estende a m?o e tira uma mulher do colo do MacGil, colocando um bra?o em volta da cintura dela e puxando-a para junto dele. "Ela era a sua. Ela ? minha agora! V? encontrar outra!" A express?o do MacGil escurece, e ele saca a espada. O som caracter?stico atravessa o sal?o, fazendo todos olharem naquela dire??o. "Eu disse que ela ? minha!" ele grita. Seu rosto est? vermelho e seu cabelo emaranhado com suor, e todos observam fascinados pelo tom amea?ador que ele usa. Tudo para abruptamente e o sal?o entra em sil?ncio, como ambos os lados observando, paralisados. O McCloud, um homem grande, corpulento, faz uma careta, pega a mulher, e a empurra bruscamente para o lado. Ela sai voando no meio da multid?o, trope?a, e cai. O McCloud claramente n?o se preocupa com a mulher; agora fica ?bvio para todos que derramar sangue era seu ?nico intuito, e n?o a mulher. O McCloud saca sua pr?pria espada, e eles se enfrentam. "Vai ser a sua vida pela dela!" o McCloud dispara. Soldados recuam em todos os lados, abrindo uma pequena clareira para eles lutarem, e Godfrey v? todos ficarem tensos. Ele sabe que precisa impedir aquilo antes que aquele confronto se transforme em uma verdadeira guerra. Godfrey salta sobre a mesa, trope?ando em canecas de cerveja, corre outro lado do sal?o, e vai at? o meio da clareira. Quando ele fica entre os dois homens, Godfrey estende as m?os para mant?-los afastados. "Homens!" ele grita, arrastando as palavras. Ele tenta manter o foco, esfor?ando-se para pensar com clareza, e sinceramente lamenta ter bebido tanto. "Somos todos homens aqui!" ele grita. "Somos todos um s? povo! Um ex?rcito! N?o h? necessidade de uma luta! H? mulheres suficientes para todos! Nenhum de voc?s teve a inten??o de insultar ningu?m!" Godfrey olha para o MacGil e o homem fica ali, franzindo a testa, segurando sua espada. "Se ele se desculpar, irei aceitar,” MacGil diz. O McCloud fica parado, confuso, e ent?o, de repente sua express?o se suaviza, e ele abre um sorriso. "Ent?o, eu pe?o desculpas!" O McCloud grita, esticando a sua m?o esquerda. Godfrey abre caminho, MacGil aceita a m?o estendida com cautela, e ambos apertam as m?os. Assim que eles fazem isso, por?m, o soldado McCloud puxa o soldado MacGil para perto, ergue sua espada e perfura o peito dele. "Pe?o desculpas," acrescenta ele, "por n?o mat?-lo mais cedo! Seu MacGil in?til!" O soldado MacGil cai no ch?o, morto, e seu sangue escorre pelo ch?o. Godfrey fica parado em estado de choque. Ele estava apenas um metro de dist?ncia dos soldados, e n?o consegue evitar a sensa??o de que tudo aquilo de alguma forma tinha sido sua culpa. Ele havia incentivado o MacGil a baixar a guarda; ele ? o ?nico que tinha tentado intermediar uma tr?gua. Ele havia sido tra?do por aquele McCloud, feito de bobo na frente de todos os seus homens. Godfrey n?o est? pensando claramente, e alimentado pela bebida, algo dentro dele explode. Em um movimento r?pido, Godfrey se abaixa, pega a espada do MacGil morto e, levantando-se, esfaqueia o McCloud atrav?s do cora??o. O McCloud olha pra frente com os olhos arregalados de choque e, em seguida, cai no ch?o – morto e com a espada ainda enfiada em seu peito. Godfrey olha para sua pr?pria m?o sangrenta, e n?o consegue acreditar no que tinha acabado de fazer. ? a primeira vez que ele havia matado um homem de t?o perto. Ele n?o sabia que era capaz disso. Godfrey n?o tinha a inten??o de mat?-lo; ele n?o tinha pensado sobre aquilo com cuidado. Sua rea??o tinha surgido em uma parte profunda de si mesmo, alguma parte que exigia vingan?a pela injusti?a. O sal?o de repente se transforma em um caos. De todos os lados, homens gritam e se atacam, enfurecidos. O som de espadas sendo empunhadas enche a sala, e Godfrey ? empurrado com for?a para fora do caminho por Akorth, logo antes de uma espada acertar sua cabe?a. Outro soldado – Godfrey n?o consegue se lembrar quem ou por qu?, pela ele no colo e arremessa seu corpo em cima de uma mesa forrada de cerveja, e a ?ltima coisa que Godfrey se lembra ? de estar deslizando pela mesa de madeira, com a cabe?a batendo em cada caneca pelo caminho at? finalmente cair no ch?o, batendo a cabe?a e desejando estar em qualquer lugar, menos ali. CAP?TULO SEIS Gwendolyn, sentada na cadeira de rodas com Guwayne nos bra?os, se prepara para o encontro quando criados abrem as portas e Thor entra nos aposentos de sua m?e doente. Os soldados da Guarda da Rainha curvam a cabe?a e d?o um passo para o lado, e Gwen segura o beb? mais apertado quando eles entram no quarto escuro. O local est? em sil?ncio, sufocante, sem ar. Tochas ardem nas paredes, e Gwen pode sentir a morte no ar. Guwayne, ela pensa. Guwayne. Guwayne. Ela repete o nome silenciosamente em sua cabe?a, repetidas vezes, tentando se concentrar em qualquer coisa que n?o a sua m?e moribunda. Ao pensar no nome, ela se sente confortada, como se uma onda de calor tomasse conta de seu corpo.  Guwayne. Um verdadeiro milagre. Ela ama o filho mais do que jamais seria capaz de dizer. Gwen quer que sua m?e o veja antes de morrer. Ela quer que sua m?e sinta orgulho dela, e que lhe d? sua ben??o. Ela precisa admitir que, apesar de seu passado conturbado, Gwen quer paz e resolu??o em seu relacionamento com a m?e antes que ela morra. A rainha est? fragilizada, e o fato de terem se aproximado durante as ?ltimas luas apenas deixa Gwen mais perturbada. Gwen sente seu cora??o apertado quando as portas se fecham atr?s dela. Ela olha ao redor do quarto e v? uma d?zia de atendentes perto de sua m?e, pessoas da antiga guarda que ele consegue reconhecer, e que tamb?m costumavam cuidar de seu pai. O quarto est? lotado, todos ? espera da morte da rainha. Ao lado de sua m?e, ? claro, est? Hafold, sua leal criada, que a protege sem deixar que qualquer outra pessoa se aproxime, como sempre havia feito durante toda a vida. Quando Thor empurra a cadeira de Gwendolyn para perto da cabeceira de sua m?e, Gwen tem vontade de se levantar, de se inclina sobre a m?e para lhe dar um abra?o. Mas seu corpo ainda est? dolorido e, naquela condi??o, ela n?o consegue. Em vez disso, ela estende o bra?o e segura o pulso de sua m?e. Ele est? frio ao toque. Quando ela faz isso, sua m?e, deitada inconsciente, lentamente abre um olho. A rainha se mostra surpresa e satisfeita ao ver Gwen, abrindo lentamente ambos os olhos e tentando falar. Ela balbucia algumas palavras, que soam como um suspiro. Gwen n?o consegue entend?-la. Sua m?e limpa a garganta e acena com a m?o para Hafold. Hafold imediatamente se aproxima, colocando o ouvido perto da boca da rainha. "Sim, minha senhora?" pergunta Hafold. "Envie todos para fora. Eu quero ficar sozinha com minha filha e Thorgrin." Hafold olha para Gwen ressentida, e em seguida responde: "Como quiser, minha senhora." Hafold imediatamente re?ne os presentes e os leva para fora do quarto; em seguida, ela volta e toma sua posi??o novamente ao lado da rainha. "Sozinha," a Rainha repete para Hafold, com um olhar compreensivo. Hafold olha para baixo, surpresa, em seguida, lan?a um olhar ciumento para Gwen e sai do quarto, fechando a porta firmemente atr?s dela. Gwen fica ao lado de Thor, aliviada que todos tenham ido embora. O manto da morte paira no ar, e Gwendolyn sente que sua m?e n?o estaria com ela por muito tempo. A rainha aperta a m?o de Gwen, e Gwen aperta a dela. Sua m?e sorri, e uma l?grima escorre pelo seu rosto. "Estou feliz em v?-los," sua m?e fala. Suas palavras saem como um sussurro quase inaud?vel. Gwen sente vontade de chorar de novo, e tenta ser mais forte, segurando as l?grimas por causa de sua m?e. No entanto, ela n?o se cont?m; l?grimas de repente escorrem pelo seu rosto e ela chora sem parar. "M?e," ela diz. "Sinto muito. Eu realmente sinto muito, por tudo." Gwen ? tomada pela tristeza por n?o terem sido pr?ximas durante toda a sua vida. Elas nunca haviam totalmente se compreendido. Suas personalidades viviam sempre em confronto, e eles nunca conseguiam ver as coisas da mesma maneira. Gwen se arrepende da sua rela??o, mesmo que n?o tenha sido sua culpa. Ela queria que houvesse algo que ela poderia ter feito ou falado para que as coisas fossem diferentes. Mas elas sempre ficaram em lados opostos em rela??o a tudo em suas vidas. E nenhum esfor?o de qualquer uma delas poderia mudar isso. Elas eram apenas dois seres humanos muito diferentes, presos na mesma fam?lia, presos em uma rela??o m?e e filha. Gwen nunca tinha sido a filha que ela queria, e a Rainha nunca foi m?e que Gwen gostaria de ter tido. Gwen se pergunta por que elas tinham sido destinadas a ficar juntas. A rainha acena com a cabe?a, e Gwen pode ver que ela entende. "Eu ? que sinto muito," ela responde. "Voc? ? uma filha excepcional. E uma rainha excepcional. Uma rainha melhor do que eu jamais consegui ser. E uma governante ainda maior que o seu pai. Ele ficaria orgulhoso. Voc? merecia uma m?e melhor do que eu." Gwen se perde em l?grimas. "Voc? foi uma boa m?e." Sua m?e balan?a a cabe?a. "Eu fui uma boa rainha, e uma esposa dedicada. Mas eu n?o fui uma boa m?e. N?o para voc?, pelo menos. Eu acho que vi muito de mim em voc?. E isso me assustou." Gwen aperta a m?o dela, chorando, desejando que elas tivessem mais tempo juntas, desejando que eles pudessem ter conversado assim antes. Agora que ela ? a rainha, agora que ambas est?o mais velhas, e agora que ela tem um filho, Gwen gostaria de ter sua m?e ao seu lado, e gostaria de transform?-la em sua conselheira. No entanto, ironicamente, ela quer a presen?a de sua m?e justamente quando j? n?o ? mais poss?vel. "M?e, eu quero que voc? conhe?a o meu filho. Meu filho, Guwayne." Os olhos da Rainha se arregalam de surpresa, e ela apoia a cabe?a nos travesseiros e v?, pela primeira vez, Gwen segurando Guwayne em seus bra?os. A rainha respira fundo e se senta, pondo-se a solu?ar. "Oh, Gwendolyn," ela diz. "Ele ? o beb? mais lindo que eu j? vi." Ela estende a m?o e acaricia Guwayne, colocando as pontas dos dedos em sua testa. Quando ela faz isso, come?a a chorar ainda mais. Sua m?e se vira lentamente e olha para Thor. "Voc? ser? um ?timo pai," ela fala. "Meu ex-marido o amava. Eu passei a entender o porqu?. Eu estava errada a seu respeito, perdoe-me. Estou feliz por voc? estar com Gwendolyn." Thor assente solenemente, estende a m?o, e aperta o ombro da rainha quando ela estende a m?o para ele. "N?o h? nada a perdoar," afirma ele. A rainha vira e olha para Gwendolyn, e seus olhos endurecem; Gwen v? algo dentro mudando neles, v? a antiga rainha voltar ? vida. "Voc? ter? muitos desafios agora," diz sua m?e. "Eu tenho me mantido a par de tudo, ainda tenho meus informantes em todos os lugares, e temo por voc?." Gwendolyn acaricia a m?o dela. "M?e, n?o se incomode com isso agora. N?o ? o momento para neg?cios de Estado." Sua m?e balan?a a cabe?a. "? sempre hora de discutir assuntos de Estado – e agora mais do que nunca. Funerais, n?o se esque?a, s?o assuntos de Estado. Eles n?o s?o eventos familiares; eles s?o pol?ticos." A rainha tosse por bastante tempo, e ent?o respira fundo. "Eu n?o tenho muito tempo, ent?o escute o que vou lhe dizer," ela pede, com a voz fraca. "E nunca se esque?a dessas palavras, mesmo que lhe doa ouvi-las." Gwen chega mais perto e assente solenemente. "Qualquer coisa, m?e." "N?o confie em Tirus. Ele vai te trair. N?o confie em seu povo. Esses MacGil, n?o s?o como n?s. Eles apenas carregam o nosso nome. N?o se esque?a disso. " Sua m?e se esfor?a, tentando recuperar o f?lego. "N?o confie nos McCloud, tamb?m. N?o pense que voc? pode trazer a paz." Sua m?e suspira, e Gwen pensa sobre aquilo, tentando compreender o seu significado mais profundo. "Mantenha o seu ex?rcito forte e suas defesas fortalecidas. Quanto mais voc? perceber que a paz ? uma ilus?o, mais voc? ser? capaz de assegurar a paz." Sua m?e suspira novamente, por um longo tempo, fechando os olhos, e o cora??o de Gwen se parte ao ver o esfor?o que ela est? fazendo para falar. Por um lado, Gwen pensa que talvez aquelas sejam apenas as palavras de uma rainha moribunda que estava cansado h? muito tempo; mas, por outro lado, ela n?o pode deixar de admitir que h? alguma sabedoria nelas, talvez uma sabedoria que ela mesma n?o queira reconhecer. Sua m?e abre os olhos de novo. "Sua irm?, Luanda," ela sussurra. "Quero ela no meu funeral. Ela ? minha filha, minha primog?nita." Gwendolyn respira fundo, surpresa. "Ela fez coisas terr?veis, e merece o ex?lio. Mas permita que ela volte, apenas uma vez. Quando eles me colocarem na terra, eu quero ela l?. N?o recuse o pedido de uma m?e ? beira da morte." Gwendolyn suspira, dividida. Ela quer agradar sua m?e, no entanto, ela n?o quer permitir que Luanda volte, n?o depois do que ela tinha feito. "Prometa-me," sua m?e pede, apertando a m?o de Gwen com firmeza. "Prometa-me.” Finalmente, Gwendolyn assente, percebendo que n?o poderia dizer n?o. "Eu prometo, m?e." Sua m?e suspira e acena com a cabe?a, satisfeita, ent?o se recosta em seu travesseiro. "M?e," Gwen diz, limpando a garganta. "Gostaria que voc? aben?oasse o meu filho." Sua m?e abre os olhos fracamente e olha para ela, em seguida, volta e fech?-los e balan?a a cabe?a lentamente. "Esse beb? j? possui todas as b?n??os que uma crian?a poderia desejar. Ele tem a minha b?n??o, mas n?o precisa dela. Voc? vai ver, minha filha, que seu filho ? muito mais poderoso do que voc? ou Thorgrin ou qualquer pessoa que j? existiu, ou que ainda est? por nascer. Tudo foi profetizado, anos atr?s." Sua m?e inspira por um longo tempo, e justo quando Gwen acredita que ela havia terminado, quando ela est? se preparando para sair, sua m?e abre os olhos pela ?ltima vez. "N?o se esque?a o que o seu pai lhe ensinou," ela diz, com a voz t?o fraca que mal consegue falar. "?s vezes, um reino vive mais em paz quando est? em guerra." CAP?TULO SETE Steffen galopa pela estrada empoeirada, seguindo ? Leste da Corte do Rei, como fazia h? dias, seguido por uma d?zia dos membros da guarda da rainha. Sentindo-se horando que a Rainha tenha lhe dado esta miss?o e determinado a cumpri-la, Steffen tinha cavalgado de cidade em cidade, acompanhado por uma caravana de carruagens reais carregadas com ouro e prata, moeda real, materiais de constru??o, milho, gr?os, trigo, e de diversas provis?es e materiais de constru??o de todo tipo. A rainha estava determinada a levar ajuda a todos os pequenos vilarejos do Anel e a ajud?-los na reconstru??o; em Steffen, ela havia encontrado um mission?rio determinado. Steffen j? tinha visitado muitas aldeias, distribuindo carro?as cheias de suprimentos em nome da rainha, com cuidado e precis?o direcionando-os para as aldeias e fam?lias mais necessitadas. Ele havia sentido orgulho ao ver a alegria em seus rostos enquanto ele distribu?a suprimentos e recursos humanos alocados para ajudar a reconstruir as aldeias da Corte do Rei. Uma vila de cada vez, em nome de Gwendolyn, Steffen estava ajudando a restaurar a f? no poder da Rainha, no poder da reconstru??o do Anel. Pela primeira vez em sua vida, seu povo estava ignorando sua apar?ncia e o tratando com respeito, como uma pessoa normal. Ele adora a sensa??o. As pessoas estavam come?ando a perceber que eles tamb?m n?o tinham sido esquecidos pela atual Rainha, e Steffen se sente honrado por fazer parte daquela transforma??o e por espalhar o seu amor e devo??o por ela. N?o h? nada que ele queira mais. Por capricho do destino, a rota que a rainha havia determinado estava levando Steffen, depois de muitas aldeias, de volta at? sua pr?pria aldeia, para o lugar onde ele havia crescido. Steffen ? tomado por uma sensa??o de pavor, um vazio em seu est?mago, ao perceber que sua pr?pria aldeia ? a pr?xima da lista. Ele gostaria de dar a volta, fazer alguma coisa para desviar dela. Mas ele sabe que n?o poderia. Ela havia prometido a Gwendolyn que cumpriria o seu dever, e sua honra estava em jogo, mesmo que isso implicasse na sua volta para o mesmo lugar que povoava seus pesadelos. Ali viviam todas as pessoas que zombavam dele enquanto ele crescia, pessoas que tinham grande prazer em atorment?-lo, em zombar do jeito como ele havia nascido. Aquelas pessoas o faziam sentir profunda vergonha de si mesmo, e assim que ele havia deixado a aldeia, Steffen havia jurado nunca mais colocar os olhos em sua fam?lia novamente. Agora, ironicamente, sua miss?o o trazia at? ali, o obrigando a destinar-lhes os recursos que fossem necess?rios. O destino tinha sido muito cruel. Steffen atinge o topo de um monte e tem seu primeiro vislumbre de sua aldeia. Ele imediatamente de transforma; apenas ao v?-la, j? come?a a pensar menos de si mesmo. Ele est? come?ando a se fechar, a se tornar ainda mais introspectivo – uma sensa??o que ele odeia. Ele estava se sentindo t?o bem, melhor do que se sentia h? muito tempo, especialmente dada sua nova posi??o, seu s?quito, seu contato direto com a pr?pria rainha. Mas agora, vendo este lugar, ele imediatamente se lembra da forma como as pessoas costumavam trat?-lo. Ele detesta aquela sensa??o. Aquelas pessoas ainda estavam ali? Ele se pergunta. Ainda eram t?o cru?is quanto costumavam ser? Ele espera que n?o. Se Steffen encontrasse sua fam?lia ali, o que diria a eles? O que eles diriam? Quando vissem o posto que havia conquistado, se orgulhariam dele? Ele havia conseguido posto e posi??o mais elevados do que qualquer outra pessoa de sua fam?lia, ou aldeia, jamais tinha conseguido. Ele ? um dos mais altos assessores da rainha, um membro do conselho real interno. Eles ficariam espantados ao ouvir o que ele tinha conquistado. Finalmente, eles teriam que admitir que estavam errados a respeito dele o tempo todo – e que ele tinha algum valor, afinal. Steffen espera que, talvez, seja assim que as coisas aconte?am. Que talvez, finalmente, sua fam?lia fosse admir?-lo, e ele pudesse conseguir uma pequena vingan?a contra seu povo. Steffen e sua caravana real se aproximam dos port?es da pequena cidade, e Steffen faz sinal para que todos parem. Ele vira e olha para seus homens, uma d?zia de soldados da guarda real, sob seu comando. "Voc?s devem esperar aqui," Steffen ordena. "Fora dos port?es da cidade. Eu n?o quero que meu povo os veja ainda, quero enfrent?-los sozinho." "Sim, comandante," respondem eles. Steffen desmonta, querendo andar o restante do caminho, para entrar na cidade a p?. Ele n?o quer que sua fam?lia veja seu cavalo, ou qualquer membro de sua comitiva real. Ele quer ver como eles reagiriam a ele como ele ?, sem saber seu posto ou posi??o. Ele remove os s?mbolos reais de seu novo vestu?rio, guardando-os na sela. Steffen passa pelos port?es e entra na aldeia feia de que ele se lembrava, com cheiro de c?es selvagens, galinhas correndo soltas nas ruas com senhoras idosas e crian?as a persegui-las. Ele passa por fileiras e fileiras de casas, algumas feitas de pedra, mas a maioria feita de palha. As ruas est?o em p?ssimas condi??es, cheias de buracos e res?duos animais. Nada havia mudado. Depois de todos aqueles anos, absolutamente nada havia mudado. Steffen finalmente chega ao fim da rua e, virando ? esquerda, seu est?mago se aperta ao ver a casa de seu Pai. Ela est? com a mesma apar?ncia que sempre teve, uma pequena cabana de madeira com um telhado inclinado e uma porta torta. O puxadinho nos fundos ? onde Steffen tinha sido obrigado a dormir. A vis?o do lugar o faz querer destru?-lo. Steffen caminha at? a porta da frente, que est? aberta, e fica parado na entrada, olhando para dentro. Ele fica sem f?lego ao ver toda sua fam?lia l? dentro: seu pai e sua m?e, todos os seus irm?os e irm?s, todos eles lotando a pequena cabana, como sempre faziam. Todos est?o reunidos em volta da mesa, como sempre, lutando por restos, rindo entre si. Mas eles nunca tinham rido com Steffen; costumavam rir dele. Todos parecem estar mais velhos, mas por outro lado, iguais. Ele os observa com admira??o. Ele tinha mesmo crescido com aquelas pessoas? A m?e de Steffen ? a primeira a avist?-lo. Ela se vira e, ao v?-lo, engasga, deixando seu prato cair no ch?o. Seu pai vira em seguida, e ent?o os demais olham para tr?s, em estado de choque ao v?-lo novamente. Todos demonstram uma express?o desagrad?vel nos rostos, como se um h?spede indesej?vel tivesse chegado. "Ent?o," seu pai diz lentamente, franzindo o cenho, dando a volta na mesa em dire??o a ele, limpando a graxa das m?os com um guardanapo de forma amea?adora, " voc? voltou." Steffen lembra que seu pai costumava dar um n? no guardanapo, molh?-lo, e chicote?-lo com ele. "Qual ? o problema?" Seu pai acrescenta, com um sorriso sinistro no rosto. "Voc? n?o conseguiu sobreviver na cidade grande?" "Ele achou que era bom demais para n?s. E agora ele acha que pode voltar correndo para casa como um c?o!" Um de seus irm?os grita. "Como um cachorro sem dono!" Completa uma de suas irm?s. Steffen est? fervendo, respirando com dificuldade, mas se esfor?a a segurar a l?ngua, para n?o se rebaixar ao mesmo n?vel. Afinal de contas, aquelas pessoas s?o ignorantes, cheias de preconceito, o resultado de uma vida trancados em uma pequena aldeia; ele, por?m, tinha visto o mundo, e havia aprendido que as coisas n?o eram como eles pensavam. Seus irm?os – na verdade, todos na sala, – riem dele dentro da pequena cabana. A ?nica pessoa que n?o ri e fica apenas olhando para ele com os olhos arregalados, ? sua m?e. Ele se pergunta se talvez ela seja a ?nica pessoa ali que poderia estar feliz em v?-lo. Mas ela apenas balan?a a cabe?a lentamente. "Oh, Steffen," ela diz, "Voc? n?o deveria ter vindo para c?. Voc? n?o faz parte desta fam?lia." Suas palavras, proferidas com tanta calma, sem mal?cia, machucam mais Steffen do que qualquer outra coisa. "Ele nunca fez parte da fam?lia," seu pai fala. "Ele ? um animal. O que voc? est? fazendo aqui, rapaz? Est? querendo mais restos?" Steffen n?o responde. Ele n?o tem o dom da palavra, de respostas espirituosas, de pensamento r?pido, e certamente n?o em uma situa??o emocional como aquela. Ele est? t?o perturbado, que mal consegue falar qualquer coisa. H? tantas coisas que ele gostaria de dizer a todos eles, mas ele simplesmente n?o consegue formar as palavras. Ent?o, ao inv?s disso ele apenas fica parado, fervendo de raiva em sil?ncio. "O gato comeu sua l?ngua?" Seu pai zomba. "Ent?o, saia da minha frente. Voc? est? desperdi?ando meu tempo. Este ? o nosso grande dia, e voc? n?o conseguir? arruin?-lo para n?s." O pai de Steffen passa correndo por ele, empurrando-o para fora do caminho ao sair pela porta. Seu pai olha para os dois lados enquanto a fam?lia inteira observa, esperando, mas ele suspira e volta para dentro, decepcionado. "Eles j? chegaram?" Pergunta sua m?e esperan?osa. Ele balan?a a cabe?a. "N?o sei onde eles poderiam estar," responde seu pai. Em seguida, ele se vira para Steffen, irritado, e seu rosto fica corado de raiva. "Saia j? dessa porta," ele grita. "Estamos ? espera de um homem muito importante, e voc? est? bloqueando o caminho. Voc? vai estragar tudo, n?o ? mesmo, como sempre fez? Mas que ideia a sua, aparecer justo em um momento como este. O comandante da Rainha vai chegar aqui a qualquer momento, para distribuir alimentos e suprimentos para a nossa aldeia. Essa ? a hora de conversarmos com ele. E olhe para voc?," seu pai zomba, “parado a?, no meio do caminho. Basta um olhar para voc?, e ele vai pular a nossa casa. Ele vai achar que n?s somos uma casa de loucos." Seus irm?os e irm?s caem na gargalhada. "Uma casa de anormais!" Um deles grita. Steffen fica ali, tamb?m corado pela raiva, olhando para seu pai, que o enfrenta com um olhar amea?ador. Steffen, transtornado demais para responder, lentamente lhes d? as costas, balan?a a cabe?a, e sai pela porta. Steffen sai para a rua e, ent?o, faz um sinal para seus homens. De repente, dezenas de carruagens reais reluzentes aparecem, atravessando a aldeia. "Eles est?o vindo!" o pai de Steffen grita. A fam?lia inteira de Steffen sai em disparada, passado correndo por Steffen, e se alinham diante da casa, admirando as carro?as e a guarda real. A guarda se coloca a postos e todos olham para Steffen. "Meu senhor," um deles diz, "Vamos distribuir aqui ou vamos continuar?" Steffen fica parado com as m?os nos quadris, e olha de volta para sua fam?lia. Sua fam?lia inteira o encara, chocada al?m das palavras. Eles n?o param de olhar pra frente e pra tr?s, entre Steffen e a guarda real, completamente espantados, como se fossem incapazes de compreender o que est? acontecendo. Steffen caminha lentamente, monta em seu cavalo real, e fica diante de todos os outros, sentado em sua sela de ouro e prata, olhando para sua fam?lia "Meu senhor?" O pai dele repete. "Isso ? algum tipo de piada de mau gosto? Voc?? O comandante real?" Steffen simplesmente fica ali, olhando para seu Pai, e balan?a a cabe?a. "? isso mesmo, meu pai," Steffen responde. "Eu sou o comandante real." "N?o pode ser," diz seu pai. "N?o ? poss?vel, como um animal como voc? pode ter sido escolhido para guarda da rainha?" De repente, dois guardas reais desmontam, sacam suas espadas, e correm at? seu Pai. Eles seguram as pontas de suas espadas contra a garganta dele com firmeza, pressionando com for?a suficiente para que seu pai arregale os olhos de medo. "Insultar um homem da rainha ? insultar a pr?pria rainha," um dos homens rosna para o pai de Steffen. Seu pai engole em seco, apavorado. "Meu senhor, devemos prender este homem?" Outro soldado pergunta para Steffen. Steffen observa sua fam?lia, v? o choque em todos os seus rostos, e reflete. "Steffen!" Sua m?e corre para a frente, e se joga nas pernas dele, implorando. "Por favor! N?o prenda seu pai! E por favor, nos d? provis?es. Precisamos delas!" "Voc? nos deve ao menos isso!" Seu pai retruca. "Por tudo o que eu te dei durante toda a sua vida. Voc? nos deve isso." "Por favor!" Sua m?e pede. "N?s n?o t?nhamos ideia. N?o sab?amos quem voc? havia se tornado! Por favor, n?o machuque o seu pai!" Ela cai de joelhos e come?a a chorar. Steffen apenas balan?a enquanto olha para aquelas pessoas mentirosas e trai?oeiras, pessoas que sempre haviam sido cru?is com ele, durante toda sua vida.  Agora que perceberam que ele ? algu?m importante, eles querem algo dele. Steffen decide que eles sequer merecem uma resposta. E percebe outra coisa, tamb?m: toda a sua vida ele havia admirado sua fam?lia, colocando-a em um pedestal como se eles fossem exemplos, pessoas perfeitas e bem sucedidas – como algu?m que um dia ele gostaria de se tornar. Mas agora ele percebe que o oposto ? verdade. Ele percebe que tudo aquilo tinha sido apenas uma ilus?o sua, e que aquelas pessoas eram simplesmente pat?ticas. Apesar de sua apar?ncia, ele est? acima de todos eles. Pela primeira vez, ele percebe isso. Ele olha para o seu pai, acuado pela ponta de uma espada, e uma parte dele gostaria de machuc?-lo, mas outra parte percebe uma ?ltima coisa: eles n?o eram dignos de sua vingan?a, tamb?m. Eles teriam que ser algu?m para merecer seu empenho, – e eles n?o s?o ningu?m. Ele se vira para seus homens. "Eu acho que esta aldeia se virar muito bem por conta pr?pria," ele declara. Ele chuta seu cavalo e, em uma grande nuvem de poeira, todos deixam a aldeia – Steffen determinado a nunca mais voltar. CAP?TULO OITO As portas de carvalho antigo se abrem e Reece entra correndo, trocando o vento e a chuva das Ilhas Superiores, e pelo ref?gio do forte de Srog. Ele fica aliviado assim que as portas se fecham atr?s dele, e come?a a tirar a ?gua dos cabelos e do rosto quanto Srog se aproxima correndo para abra??-lo. Reece retribui o abra?o; sempre teve um lugar especial em seu cora??o para aquele grande guerreiro e l?der, aquele homem que havia liderado Sil?sia t?o bem, que tinha sido leal ao pai de Reece, e ainda mais leal a sua irm?. Vendo Srog, com sua barba dura, ombros largos, e um sorriso amig?vel, lhe traz de volta mem?rias de seu Pai, da antiga guarda. Srog se afasta e coloca uma m?o carnuda no ombro de Reece. "Voc? fica cada vez mais parecido com seu pai muito ? medida que envelhece," ele declara calorosamente. Reece sorri. "Eu espero que isso seja uma coisa boa." "?, de verdade," respondeu Srog. "N?o havia nenhum homem mais fino. Eu teria feito qualquer coisa por ele." Srog se vira e leva Reece pelo Hall, e seus homens entram em fila atr?s deles ? medida que abrem caminho atrav?s do forte. "Voc? ? sempre muito bem vindo aqui neste lugar miser?vel," diz Srog. "Sou grato a sua irm? por ter lhe enviado." "Parece que eu escolhi um p?ssimo dia para visitar," Reece fala enquanto passam diante de uma janela aberta, a chuva caindo a poucos metros de dist?ncia. Srog sorri. "Todos os dias s?o assim aqui," ele responde. "No entanto, tudo pode mudar em um segundo. Eles dizem que as Ilhas Superiores experimentam as quatro esta??es em um ?nico dia, e eu vim para ver se ? verdade." Reece observa um pequeno p?tio vazio do castelo, preenchido com um punhado de antigas constru??es de pedra que parecem se misturar ? chuva. Poucas pessoas est?o do lado de fora, e elas protegem suas cabe?as contra o vento e correm de um lado para o outro. Esta ilha parece ser um lugar solit?rio e desolado. "Onde est?o todas as pessoas?" Pergunta Reece. Srog suspira. "Os habitantes das Ilhas Superiores ficam dentro de casa. Eles n?o costumam se misturar, e vivem esparramados. Este lugar n?o ? como Sil?sia, ou a Corte do Rei. Aqui, eles vivem por toda a ilha, n?o se re?nem em cidades. Eles s?o um povo estranho, de pessoas reclusas. Teimosos e dif?ceis – como o clima." Srog leva Reece por um corredor e eles viram uma esquina e entram no Sal?o Principal. Ali, h? uma d?zia dos homens de Srog, soldados vestindo suas botas e armaduras, sentados com semblante s?rio ao redor de uma mesa perto de um fogo. C?es dormem ao redor do fogo, e os homens comem peda?os de carne e jogam restos para os c?es. Eles olham na dire??o de Reece e resmungam. Srog se aproxima do fogo com Reece. Reece esfrega as m?os diante das chamas, grato pelo seu calor. "Eu sei que voc? n?o tem muito tempo antes da partida do navio," Srog diz. "Mas eu, pelo menos, queria me despedir de voc? com algum calor e roupas secas." Um criado se aproxima e entrega para Reece uma troca de roupa seca exatamente do seu tamanho. Reece olha para Srog com surpresa e gratid?o, tirando a roupa molhada e trocando-as pelas que havia recebido. Srog sorri. "N?s tratamos nossos homens bem aqui," ele diz. "Eu presumi que voc? fosse precisar disso, dadas as condi??es desse lugar." "Obrigado," diz Reece, j? se sentindo muito mais quente. "Eu nunca precisei tanto de algo." Ele estava com receio de navegar de volta com a roupa molhada, e isso ? exatamente o que ele precisava. Srog come?a falando de pol?tica, um longo mon?logo, e Reece assente educadamente, fingindo ouvir. Mas no fundo, Reece est? distra?do. Ele ainda est? distra?do por pensamentos de Stara, e n?o consegue tirar ela da cabe?a. Ele n?o consegue parar de pensar em seu encontro, e cada vez que pensa nela, seu cora??o acelera de excita??o. Ele n?o consegue parar de pensar – com medo – nas tarefas que est?o diante dele, no continente, em contar para Selese – e todos os outros, que o casamento seria cancelado. Ele n?o quer machuc?-la, mas ele n?o v? outra escolha. "Reece?" Srog pergunta. Reece olha para ele e pisca os olhos. "Voc? ouviu o que eu disse?" Questiona Srog. "Eu sinto muito," responde Reece. "O que ? que que voc? disse?" "Eu disse que imagino que sua irm? tenha recebido meus despachos?" Srog repete. Reece assente, tentando se concentrar. "De fato," Reece responde. "? por isso que ela me enviou aqui. Ela me pediu para conversar com voc?, para ouvir em primeira m?o o que est? acontecendo ". Srog suspira, olhando para as chamas. "Estou aqui h? seis luas agora," ele diz, "e eu posso te dizer, os habitantes da Ilhas Superiores n?o s?o como n?s. Eles s?o MacGil apenas no nome, e n?o t?m as qualidades de seu pai. Eles n?o s?o apenas teimosos, eles n?o s?o de confian?a. Eles sabotam navios da Rainha diariamente; na verdade, eles sabotam tudo o que fazemos aqui. Eles n?o nos querem aqui. Eles n?o querem qualquer parte do continente, a menos que eles o estejam invadindo, ? claro. Cheguei ? conclus?o de que viver em harmonia simplesmente n?o ? o seu caminho." Srog suspira. "N?s desperdi?amos nosso tempo aqui. Sua irm? deve se retirar e deix?-los ? pr?pria sorte." Reece assente, ouvindo enquanto esfrega as m?os diante do fogo, quando de repente, o sol sai de tr?s das nuvens, e o clima escuro e ?mido se transforma em um dia claro de ver?o. Um alarme distante toca. "O seu navio!" Srog grita. "Temos que ir. Voc? deve partir antes que o clima mude novamente. Vou acompanha-lo." Srog lidera Reece por uma porta lateral na fortaleza, e Reece fica surpreso com a claridade, como se aquele dia estivesse ensolarado desde o in?cio. Reece e Srog caminham rapidamente, lado a lado, seguidos por v?rios dos homens de Srog, esmagando rochas sob suas botas ao atravessarem as colinas e abrirem caminho pelas trilhas sinuosas em dire??o ? costa distante abaixo. Eles passam por rochas cinzentas e colinas e penhascos rochosos repletos de cabras que se agarram ?s encostas e mastigam ervas daninhas. Quando se aproximam da costa, sinos tocam ao redor deles, avisando navios da aproxima??o do nevoeiro. "Eu posso ver em primeira m?o as condi??es com que voc? est? lidando," diz Reece quando eles finalmente passam a caminhar. "Eles n?o s?o f?ceis. Voc? conseguir controlar coisas aqui por muito mais tempo que muitos teriam conseguido, eu tenho certeza. Voc? fez seu trabalho muito bem, e pode estar certo de que direi isso a rainha." Srog acena com a cabe?a, agradecido. "Fico feliz em ouviu isso," ele fala. "Qual ? a raz?o do descontentamento deste povo?" Pergunta Reece. "Eles s?o livres, afinal de contas. N?o lhes desejamos mal algum – na verdade, n?s oferecemos apenas suprimentos e prote??o." Srog balan?a a cabe?a. "Eles n?o v?o descansar at? Tirus ser libertado. Eles consideram isso uma afronta que seu l?der tenha sido preso." "No entanto, eles est?o com sorte que ele esteja apenas na pris?o, e n?o tenha sido executado por sua trai??o." Srog assente. "? verdade. Mas essas pessoas n?o entendem isso." "E se o libertarmos?" Pergunta Reece. "Isso resolveria os problemas?" Srog balan?a a cabe?a. "Eu duvido. Acredito que somente lhes dar?amos motivos para encontrar outra fonte de descontentamento." "Ent?o, o que deve ser feito?" Pergunta Reece. Srog suspira. "Abandone este lugar," ele afirma. "E o mais rapidamente poss?vel. Eu n?o gosto do que vejo. Sinto uma revolta sendo acalentada." "No entanto, estamos em muito maior n?mero de homens e navios." Srog balan?a a cabe?a. "Isso ? apenas uma ilus?o," declara ele. "Eles s?o bem organizados e estamos no seu terreno. Eles t?m um milh?o de maneiras sutis de sabotagem que n?o podemos antecipar. Estamos sentados aqui em um covil de cobras." "Exceto por Matus," diz Reece. "? verdade," responde Srog. "Mas ele ? o ?nico que se salva." H? uma outra pessoa, Reece pensa. Stara. Mas ele guarda seus pensamentos para si. Ouvir tudo aquilo o faz querer resgatar Stara, lev?-la para longe daquele lugar o mais r?pido poss?vel. Ele promete para si mesmo que o faria, mas primeiro ele precisa voltar e resolver seus assuntos. E ent?o, ele poderia voltar para ela. Assim que eles pisam na areia, Reece olha para cima e v? seu navio diante dele, com os homens ? sua espera. Ele para diante do navio e Srog vira para ele e aperta seus ombros calorosamente. "Vou dividir tudo isso com Gwendolyn," Reece promete. "Eu vou contar a ela sobre suas preocupa??es. No entanto, eu sei que ela est? decidida em rela??o a estas ilhas. Ela as v? como parte de uma estrat?gia maior para o Anel. Por enquanto, pelo menos, voc? deve tentar manter a harmonia aqui. O que for preciso. O que voc? precisa? Mais navios? Mais homens?" Srog balan?a a cabe?a. "Todos os homens e navios do mundo n?o v?o conseguir mudar os habitantes daqui. A ?nica coisa capaz disso ? o fio da espada." Reece olha para ele, horrorizado. "Gwendolyn nunca mataria pessoas inocentes," declara Reece. "Isso eu sei," responde Srog. "? por isso mesmo que eu suspeito que muitos de nossos homens morrer?o." CAP?TULO NOVE Stara caminha nos parapeitos do forte de sua m?e, uma fortaleza de pedra quadrada t?o antiga quanto a ilha, o lugar onde Stara vivia desde que sua m?e havia morrido. Stara vai at? a beirada, grata que o sol havia finalmente surgido naquele dia dram?tico, e olha para o horizonte, com excepcional visibilidade, e observa quando o navio de Reece come?a a se afastar ? dist?ncia.  Ela assiste seu navio se separar da frota, e acompanha o m?ximo que consegue ? medida que o navio segue em dire??o ao horizonte, ficando cada vez mais longe dela. Ela seria capaz de assistir o navio de Reece durante todo o dia, se soubesse que ele estava l? dentro. Ela n?o suporta v?-lo partir, e sente como se uma parte de seu cora??o, uma parte de si mesma, estivesse deixando a ilha. Finalmente, ap?s todos aqueles anos t?o solit?rios, naquela ilha terr?vel e est?ril, Stara se sente tomada pela alegria. Seu encontro com Reece a tinha feito se sentir viva novamente. Ele havia restaurado um vazio dentro dela que ela sequer havia percebido estar corroendo o seu cora??o durante todos aqueles anos. Agora que ela sabe que Reece iria cancelar seu casamento, que voltaria para ela, e que os dois se casariam e finalmente ficariam juntos para sempre, Stara sente que tudo vai ficar bem. Toda a mis?ria que ela teve que aturar em sua vida tinha valido a pena. Obviamente, ela tem que admitir, uma pequena parte dela se sente mal por Selese. Stara nunca quis ferir os sentimentos de outra pessoa, mas, ao mesmo tempo, Stara sente que sua pr?pria vida est? em jogo, seu futuro, seu marido – e ela acredita que aquilo ? tudo ? justo. Afinal de contas, ela, Stara, conhecia Reece desde crian?a, e tinha sido o primeiro e ?nico amor de Reece. Essa nova garota, Selese, mal conhece Reece, e apenas por pouco tempo. Certamente ela n?o o conhece como Stara conhecia. Stara deduz que Selese logo superaria aquilo e encontraria algu?m. Mas se Stara perder, nunca seria capaz de superar a perda. Reece ? sua vida. O destino dela. Eles tinham sido feitos um para o outro, tinha sido assim a vida toda. Reece tinha sido seu primeiro, e pela forma como ela analisa as coisas, ? Selese quem est? errada. Stara est? apenas pegando de volta o que ? dela por direito. Independentemente disso, Stara n?o poderia ter tomado uma decis?o diferente mesmo se tivesse tentado. Independentemente do que fosse certo ou errado, ela n?o se importa. Toda a sua vida, todos ao seu redor – e sua pr?pria raz?o, – haviam lhe dito que era errado primos ficarem juntos. E mesmo assim, ela n?o tinha sido capaz de ouvi-los. Ela absolutamente ama Reece, e nada que algu?m pudesse dizer ou poderia mudar isso. Ela tem que ficar com ele. N?o h? outra op??o em sua vida. Enquanto Stara fica ali observando o navio ficar cada vez menor no horizonte, ela ouve passos bruscos de algu?m no telhado do forte, e ao se virar encontra seu irm?o, Matus, caminhando rapidamente em dire??o a ela. Ela fica feliz v?-lo, como sempre. Stara e Matus eram praticamente melhores amigos desde pequenos. Rejeitados pelo restante da fam?lia e pelos habitantes das Ilhas Superiores, Stara e Matus desprezavam seus irm?os e seu pai. Stara pensa em si mesma e em Matus como sendo mais refinados e mais nobres do que os outros; considera os outros membros da fam?lia trai?oeiros e indignos de confian?a. ? como se ela e Matus tivessem sua pr?pria pequena fam?lia dentro da fam?lia. Stara e Matus moram no forte de sua m?e, separados dos outros que vivem no castelo de Tirus. Agora que seu pai estava na pris?o, sua fam?lia estava dividida, e seus outros dois irm?os, Karus e Falus, os culpam. Ela sabe que pode confiar em Matus para defend?-la, embora ela tamb?m esteja disposta a fazer o mesmo por ele. Eles sempre conversavam sobre abandonar as Ilhas Superiores, e irem at? o continente para se juntarem aos outros MacGil.  E agora, finalmente, toda aquela conversa est? finalmente come?ando a parecer que pode se tornar uma realidade, especialmente com toda a sabotagem dos habitantes das ilhas contra a frota de Gwendolyn. Stara n?o consegue suportar a ideia de permanecer ali por muito mais tempo. "Meu irm?o," Stara o cumprimenta, sentindo-se plenamente feliz. Mas a express?o de Matus est? extraordinariamente sombria, e ela pode ver que ele est? preocupado com alguma coisa. "O que foi?" Ela pergunta. "O que h? de errado?" Ele balan?a a cabe?a em desaprova??o para ela. "Eu acho que voc? sabe o que est? errado, minha irm?," ele responde. "Nosso primo. Reece. O que aconteceu entre voc?s dois?" Stara enrubesce e vira as costas para Matus, olhando para o oceano. Ela se esfor?a para ver o navio de Reece na dist?ncia, mas ele j? tinha ido embora. Uma onda de raiva recai sobre ela; ela havia perdido o ?ltimo vislumbre dele. "N?o ? da sua conta,” ela retruca. Matus sempre havia desaprovado seu relacionamento com o primo, e ela est? farta daquilo. Aquele ? o ?nico ponto de disc?rdia entre eles, e poderia resultar em brigas. Ela n?o se importa com o que Matus – e mais ningu?m- pense sobre seu relacionamento. Isso ? problema dela, e Stara n?o quer que eles se intrometam. "Voc? sabe que ele est? com o casamento marcado, n?o ??" Matus pergunta para ela em tom acusativo, chegando mais perto. Stara balan?a a cabe?a, como se quisesse empurrar o pensamento terr?vel de sua mente. "Ele n?o vai se casar com ela," ela responde. Matus parece surpreso. "E como voc? sabe disso?" Ele pressiona. Ela se vira para ele, determinada. "Ele me disse, e Reece n?o mente." Matus olha para ela, chocado. Em seguida, sua express?o se transforma. “Ent?o voc? o fez mudar de ideia?" Ela olha para ele, desafiante, agora sentindo raiva. "Eu n?o preciso convenc?-lo de qualquer coisa," declara ela. "? o que ele queria, o que ele escolheu fazer. Ele me ama, e sempre me amou. E eu tamb?m o amo.” Matus franze a testa. "E voc? n?o se incomoda em destruir o cora??o dessa garota? Quem ? ela?" Ela faz uma careta, sem querer ouvir aquilo. "Reece me ama h? muito mais tempo do que ele ama essa nova garota." Matus n?o cede. "E o que ser? de todos os planos cuidadosamente feitos para o reino? Voc? sabe que este n?o ? apenas um casamento. ? um teatro pol?tico. Um espet?culo para as massas. Gwendolyn ? a Rainha, e esse ? o seu casamento, tamb?m. O reino inteiro, e terras distantes, estar? l? para assistir. O que vai acontecer quando Reece cancelar tudo? Voc? acha que a Rainha vai gostar disso? E o que voc? acha que os MacGil ir?o pensar? Voc? vai deixar todo o Anel em desordem. Voc? vai colocar todos eles contra n?s. Suas paix?es valem tudo isso?" Stara olha para Matus, com um olhar frio e duro. "O nosso amor ? mais forte do que qualquer espet?culo. Do que qualquer reino. Voc? n?o entenderia. Voc? nunca teve um amor como o nosso." Agora Matus enrubesce. Ele balan?a a cabe?a, visivelmente furioso. "Voc? est? cometendo o mais grave erro de sua vida," ele diz. "E da de Reece. Voc? est? levando todos ? ru?na com voc?. Essa ? uma decis?o, infantil, ego?sta e tola. Seu amor infantil deve ficar no passado." Matus suspira, exasperado. "Voc? vai redigir uma carta e envi?-la no pr?ximo falc?o para Reece. Voc? vai dizer a ele que voc? mudou de ideia. Voc? vai instru?-lo a se casar com essa menina. Quem quer que seja." Stara se sente tomada de ?dio por seu irm?o, uma raiva mais forte do que ela j? havia sentido. "Voc? est? se intrometendo," ela fala. "N?o tenha a pretens?o de me dar conselhos. Voc? n?o ? meu pai. Voc? ? meu irm?o. Fale dessa maneira comigo mais uma vez, e nunca mais falar? comigo." Matus a encara, claramente atordoado. Stara nunca havia falado com ele assim antes, e ele percebe que ela n?o est? brincando. Seus sentimentos por Reece s?o muito mais profundos do que o seu v?nculo com o irm?o. Muito mais profundo do que qualquer coisa em sua vida. Matus, chocado e magoado, finalmente se vira e sai do telhado. Stara olha para o mar, procurando por algum sinal do navio de Reece. Mas ela sabe que ele j? est? muito longe. Reece, ela pensa. Eu te amo. Mantenha o curso, independente dos obst?culos que enfrentar, mantenha o curso. Seja forte. Cancele seu casamento. Fa?a isso por mim. Por n?s. Stara fecha os olhos e junta as m?os, rezando e pedindo a Deus que Reece tenha for?a para seguir adiante. Para voltar para ela, e para que os dois finalmente fiquem juntos para sempre. Custe o que custar. CAP?TULO DEZ Karus e Falus, os dois filhos de Tirus, caminham rapidamente para baixo da escada de pedra em espiral, descendo cada vez mais na dire??o da masmorra onde seu pai est? preso. Eles odeiam a indignidade de ter que descer at? aquele lugar para ver o seu pai, um grande guerreiro que tinha sido o leg?timo Rei das Ilhas Superiores, e eles silenciosamente juram vingan?a. No entanto, desta vez, eles trazem not?cias, algo que poderia mudar tudo. Not?cias que, finalmente, lhes d?o motivos para ter esperan?a. Karus e Falus marcham at? os soldados de guarda na entrada para a pris?o, homens leais ? rainha. Eles param diante dos guardas, corados, detestando ter que sofrer a humilha??o de pedir permiss?o para ver seu pai. Os homens de Gwendolyn os observam como se estivessem debatendo, em seguida, fazem um sinal e d?o um passo ? frente. "Abram os bra?os e mantenham eles afastados," eles ordenam para Karus e Falus. Karus e Falus obedecem, irritados quando os soldados retiram suas armas. Ent?o, eles abrem as portas de ferro lentamente e os deixam entrar, fechando e trancando as portas atr?s deles. Karus e Falus sabem que n?o t?m muito tempo; eles s? seriam autorizados a passar alguns minutos com seu pai, como j? faziam, uma vez por semana, desde que ele tinha sido preso. Depois disso, os homens de Gwendolyn pediriam que eles sa?ssem. Eles caminham at? o final do longo corredor do calabou?o; todas as celas est?o vazias, seu pai ? o ?nico prisioneiro naquele calabou?o antigo. Finalmente, eles chegam ? ?ltima cela ? esquerda, mal iluminada por uma tocha pendurada na parede, e se aproximam das barras e procuram seu pai na escurid?o. Lentamente, Tirus surge a partir dos cantos escuros da cela e se aproxima deles. Ele olha para fora com o rosto magro e a barba por fazer, e sua apar?ncia ? desagrad?vel. Ele carrega a express?o desesperada de um homem que sabe que nunca mais veria a luz do dia novamente. Os cora??es de Falus e Karus se partem ao testemunhar aquilo. A cena os deixa ainda mais decididos a encontrar uma maneira de libert?-lo, e a conseguir vingan?a contra Gwendolyn. "Pai," Falus come?a, esperan?oso. "Trazemos not?cias urgentes," completa Karus. Tirus olha para eles com um lampejo de esperan?a. "Diga logo de uma vez, ent?o," ele ordena. Falus pigarreia. "Nossa irm?, ao que parece, se apaixonou novamente pelo nosso primo, Reece. Nossos espi?es nos dizem que os dois planejam se casar. Reece pretende cancelar seu casamento no continente, e se casar com Stara em vez disso." "Temos de encontrar uma maneira de impedir isso," diz Karus, indignado. Tirus olha para eles, sem express?o, mas eles podem ver seus olhos se mexendo, absorvendo tudo. "Devemos?" pergunta Tirus lentamente. "E por qu??" Eles olham para o pai, confusos. "Por qu??" Pergunta Karus. "N?o podemos ter a nossa fam?lia se unir ? de Reece. Isso favoreceria os planos da rainha. Se nossas fam?lias se unirem, ela ter? controle completo." "E resultaria no fim de qualquer pingo de independ?ncia que nosso povo ainda tem,” Falus entrana conversa. "Os planos j? est?o em andamento," acrescenta Karus. "E n?s temos que encontrar uma maneira de impedi-los." Eles esperam por uma resposta, mas Tirus balan?a a cabe?a lentamente. "Garotos est?pidos," ele diz lentamente, sua voz escura, balan?ando a cabe?a v?rias vezes. "Por que eu criei garotos t?o est?pidos? Eu n?o lhes ensinei nada durante todos esses anos? Voc?s ainda olham apenas para o que est? diante de voc?s, e n?o o que est? al?m." "N?s n?o entendemos, Pai." Tirus faz uma careta. "E ? por isso que eu estou nesta situa??o. ? por isso que voc? n?o est? no poder agora. Impedir essa uni?o seria a coisa mais est?pida que voc? j? fez, e a pior coisa que poderia acontecer para a nossa ilha. Se a nossa Stara se casar com Reece, seria a melhor coisa que poderia acontecer para todos n?s." Eles olham para Tirus, confusos, sem compreender. "A melhor coisa? Como assim?" Tirus suspira, impaciente. "Se as nossas duas fam?lias se unirem, Gwendolyn n?o poder? me manter preso aqui. Ela n?o teria outra escolha, a n?o ser me libertar. Isso mudaria tudo, e n?o resultaria e menos poder para n?s – pelo contr?rio. N?s nos tornar?amos MacGil leg?timos, em p? de igualdade com os habitantes do continente. Gwendolyn ficaria em d?vida conosco, voc? n?o v??" Ele pergunta. "Um filho de Reece e Stara seria parte da nossa fam?lia tanto quanto da deles." "Mas pai, isso n?o ? normal – eles s?o primos. " Tirus balan?a a cabe?a. "A pol?tica n?o ? normal, meu filho. Mas essa uni?o vai acontecer," ele insiste com determina??o em sua voz. "E voc?s dois v?o fazer tudo ao seu alcance para que isso aconte?a." Karus pigarreia, nervoso, sem saber como reagir. "Mas Reece j? partiu para o continente," ele diz. "? tarde demais. Pelo que sabemos, Reece j? se decidiu." Tirus estende a m?o e bate nas barras de ferro, como se quisesse acertar o rosto de Karus, que recua assustado. "Voc? ? ainda mais est?pido do que eu pensava," grita Tirus. "Voc? vai se certificar de que isso aconte?a. Homens mudam de opini?o sobre coisas menos importantes do que essa. E voc?s v?o garantir que Reece cancele seu casamento." "Como?" Pergunta Falus. Tirus fica pensando, cofiando a barba por um longo tempo. Pela primeira vez em muitas luas, seus olhos est?o ativos, pensando, formulando um plano. Pela primeira vez, h? esperan?a e otimismo em seus olhos. "Esta menina, Selese, com quem ele est? prestes a se casar," Tirus finalmente fala. "Ela precisa ser encontrada. Voc?s devem ir at? ela, e levar… evid?ncias do amor de Reece e Stara. Voc?s v?o lhe contar em primeira m?o, antes que ele chegue at? ela. Voc?s devem garantir que ela saiba que Reece est? apaixonado por outra pessoa. Dessa forma, caso Reece mude de ideia antes que ele chegue a ela, ser? tarde demais. Vamos garantir essa separa??o." "Mas que prova temos do seu amor?" questiona Karus. Tirus esfrega a barba, pensando. Finalmente, ele se anima. "Voc? se lembra daqueles pergaminhos? As cartas que interceptamos quando Stara era jovem? As cartas de amor que ela escrevia para Reece? As cartas que ele escrevia de volta para ela?" Karus e Falus assentem. "Sim," responde Falus. "N?s intercept?vamos os falc?es." Tirus assente. "Elas est?o guardadas no meu castelo. Leve as cartas para ela. Diga a ela que s?o recentes, e conte uma hist?ria convincente. Ela nunca vai adivinhar a verdade e tudo estar? terminado." Karus e Falus finalmente balan?am a cabe?a, sorrindo, percebendo a profundidade da sabedoria e ast?cia de seu pai. Tirus sorriu de volta, pela primeira vez desde que eles conseguem se lembrar. "Nossa Ilha ter? o poder novamente." CAP?TULO ONZE Thor, montando em seu cavalo, movimenta-se para cima e para baixo das filas de recrutas da Legi?o, analisando todos os garotos que ansiosos que se alinham em posi??o de sentido diante dele na nova arena da Legi?o. Thor olha para as dezenas e dezenas de caras novas, examinando cuidadosamente cada uma delas, e sente o peso da responsabilidade. Novos recrutas haviam chegado, vindos de todo o Anel, todos ansiosos para se juntar ? Legi?o recentemente reconstru?da. Tinha sido uma tarefa dif?cil escolher a pr?xima safra de guerreiros, os homens com quem o Anel contaria nos pr?ximos anos. Uma parte de Thorgrin sente que ele n?o merece estar ali; afinal de contas, h? apenas algumas luas, ele mesmo estava esperando para ser escolhido pela Legi?o. Enquanto pensa sobre isso, ele tem a sensa??o de que tudo aconteceu h? muito tempo, antes de ter conhecido Gwen, antes que eles tivessem um filho, antes que ele se tornasse um guerreiro. Agora ali est? ele, com a tarefa de reconstru?-lo, tendo que encontrar substitutos para todas as almas corajosas que tinham sido mortas defendendo o Anel. Quando Thor olha al?m das fileiras de garotos, ele v? o cemit?rio que tinha sido erguido, todos os marcadores enfiados na terra brilhando sob a luz dos s?is no final da tarde, uma lembran?a constante para a Legi?o do que havia acontecido. Thor tinha tido ideia de enterr?-los ali, na periferia da nova arena, para que os antigos membros da Legi?o pudessem estar sempre com eles, sempre lembrados, e para a prote??o dos novos recrutas. Thor consegue sentir a presen?a de seus esp?ritos pairando sobre ele, ajudando-o, motivando-o a seguir em frente. Sabendo que seus companheiros da Legi?o, Reece e Conven e Elden e O'Connor, est?o todos espalhados pelo Anel em suas pr?prias miss?es, Thor se sente aliviado, ao menos, por ter sido escolhido para permanecer ali, perto de casa, para concentrar-se naquela tarefa. Ele costumava ser o Capit?o da Legi?o, ent?o, naturalmente, a tarefa de reconstru?-lo cabe a ele. Thor olha para as dezenas de meninos diante dele, e tem grandes esperan?as para alguns, mas n?o para outros. Eles fazem o m?ximo para estar a postos quando ele se aproxima, e ele percebe imediatamente que muitos deles simplesmente n?o s?o guerreiros; enquanto outros poderiam um dia se tornar guerreiros, ainda que muito treinamento fosse necess?rio. Seus olhares transmitem inoc?ncia – um olhar de ansiedade, de medo pelo que est? por vir. "Homens!" Thor grita. "Porque voc?s s?o todos homens agora, independentemente da idade. O dia que voc?s pegarem armas para defender a sua terra natal, e arriscarem suas vidas junto com seus irm?os, voc?s se tornam homens. Se voc? se juntar a Legi?o, lutar? com honra e coragem. Isso ? o que faz um homem, e n?o a sua idade. Entendido?" "SIM SENHOR!" Todos gritam de volta. "Eu lutei ao lado de homens com o dobro da minha idade e que morreram diante de meus olhos," continua Thor. "Ser mais velho n?o os tornou mais homens do que eu – e tamb?m n?o fez deles melhores guerreiros. Voc? se torna um homem, assumindo fun??es viris; e voc? se torna um guerreiro melhor ao melhorar a si mesmo." "SIM SENHOR!" Thor guia seu cavalo lentamente para cima e para baixo das fileiras, observando, analisando cada recruta, olhando-os nos olhos. "Um lugar na Legi?o ? uma coisa sagrada. N?o h? maior honra que o Anel pode conceder. Ele n?o ser? dado a ningu?m, – ? mais do que uma posi??o: ? um c?digo. Um c?digo de fraternidade. Uma vez que voc? fizer parte dele, voc? vive mais para se defender. Voc? vive para defender seus irm?os." "SIM SENHOR!" Thor desmonta. Ele caminha lentamente, se vira e olha para o campo atr?s dele, para a arena rec?m-reconstru?da. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43696447&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.