*** Твоей Луны зеленые цветы… Моей Луны беспечные рулады, Как светлячки горят из темноты, В листах вишневых сумрачного сада. Твоей Луны печальный караван, Бредущий в даль, тропою невезенья. Моей Луны бездонный океан, И Бригантина – вера и спасенье. Твоей Луны – печальное «Прости» Моей Луны - доверчивое «Здравствуй!» И наши параллельные пути… И З

O Dom da Batalha

O Dom da Batalha Morgan Rice Anel Do Feiticeiro #17 O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: intrigas, conspira??es, mist?rio, cavaleiros e relacionamentos repletos de cora??es partidos, trai??es e desilus?es. Ele vai deixar voc? entretido por horas e vai satisfazer p?blicos de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do g?nero de fantasia.   – Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (em rela??o a Em Busca de Her?is) O PRESENTE DA BATALHA (Livro n?17) ? o ?ltimo livro da s?rie bestseller O ANEL DO FEITICEIRO, que come?a com EM BUSCA DE HER?IS (livro n?1) ! Em O PRESENTE DA BATALHA, Thor enfrentar? seu maior e mais importante desafio ao avan?ar cada vez mais pela Terra de Sangue em sua tentativa de resgatar Guwayne. Enfrentando inimigos mais poderosos do que ele jamais havia imaginado, Thor logo percebe que est? diante de um ex?rcito de escurid?o cujo poder supera as suas pr?prias habilidades. Ao descobrir um objeto sagrado que pode lhe fornecer os poderes de que precisa, um objeto mantido em segredo h? muito tempo, ele ? levado a embarcar em uma miss?o para recuper?-lo antes que seja tarde demais, com o destino do Anel em suas m?os. Gwendolyn mant?m sua promessa ao Rei do Cume, entrando na torre e enfrentando o l?der do culto para descobrir o segredo que ele esconde. A revela??o a leva at? Argon e, por fim, at? o mestre de Argon, onde ela aprende o maior segredo de todos, um segredo que pode alterar o destino de todo o seu povo. Quando o Cume ? descoberto pelo Imp?rio, a invas?o come?a e, com a amea?a do mais poderoso ex?rcito conhecido pelo homem, cabe a Gwendolyn defender e liderar o seu povo em um grande ?xodo final. A Legi?o de Thor, sozinha, enfrenta perigos inimagin?veis enquanto Angel est? morrendo por causa da lepra. Darius luta por sua vida ao lado de seu pai na capital do Imp?rio at? que uma reviravolta inesperada o for?a a finalmente explorar os seus pr?prios poderes. Erec e Alistair chegam a Vol?sia, abrindo caminho pelo rio em meio aos seus pr?prios confrontos inesperados, enquanto continuam sua busca por Gwendolyn e pelos exilados. Godfrey finalmente percebe que deve tomar uma decis?o importante para ser o homem que pretende ser. Vol?sia, cercada pelo poder dos Cavaleiros dos Sete, ? for?ada a testar os seus poderes divinos para descobrir se possui o poder necess?rio para destruir a humanidade e controlar o Imp?rio. Argon, pr?ximo de sua morte, percebe que ? chegado o momento de sacrificar-se. Enquanto o bem e o mal se enfrentam, uma batalha ?pica, a maior batalha de todos os tempos, ir? determinar o destino do Anel para sempre. Com uma ambienta??o e constru??o de personagens sofisticada, O PRESENTE DA BATALHA ? um conto ?pico de amizades e amantes, rivais e pretendentes, cavaleiros e drag?es, intrigas e maquina??es pol?ticas, do processo de tornar-se adulto, de cora??es partidos, de enganos, ambi??o e trai??es. ? um conto de honra e coragem, de destino e magia. ? uma fantasia que nos leva at? um mundo que jamais esqueceremos, e que atrai leitores de todas as idades e g?neros. O PRESENTE DA BATALHA ? o mais longo livro da s?rie, com 93. 000 palavras! Recheado de a??o.. A escrita de Rice ? solida e a premissa ? intrigante. – Publishers Weekly (em rela??o a Em Busca de Her?is) < O D O M D A B A T A L H A (LIVRO N 17 EM O ANEL DO FEITICEIRO) MORGAN RICE Acerca de Morgan Rice Morgan Rice ? a best-seller n?1 e a autora best-selling do USA TODAY com a s?rie de fantasia ?pica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezassete livros; do best-seller n?1 da s?rie OS DI?RIOS DO VAMPIRO, composta por onze livros (a continuar); do best-seller n?1 da s?rie TRILOGIA DA SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico composto por dois livros (a continuar); e da nova s?rie de fantasia ?pica REIS E FEITICEIROS. Os livros de Morgan est?o dispon?veis em edi??es ?udio e impressas e as tradu??es est?o dispon?veis em mais de 25 idiomas. Morgan adora ouvir a sua opini?o, pelo que, por favor, sinta-se ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com) e juntar-se ? lista de endere?os eletr?nicos, receber um livro gr?tis, receber ofertas, fazer o download da aplica??o gr?tis, obter as ?ltimas not?cias exclusivas, ligar-se ao Facebook e ao Twitter e manter-se em contacto! Sele??o de aclama??es para Morgan Rice "Uma fantasia espirituosa que entrela?a elementos de mist?rio e intriga no seu enredo. A Busca de Her?is tem tudo a ver com a cria??o da coragem e com a compreens?o do prop?sito da vida e como estas levam ao crescimento, maturidade e excel?ncia… Para os que procuram aventuras de fantasia com subst?ncia, os protagonistas, estratagemas e a??es proporcionam um conjunto vigoroso de encontros que se relacionam com a evolu??o de Thor desde crian?a sonhadora a jovem adulto que enfrenta hip?teses imposs?veis de sobreviv?ncia… Apenas o princ?pio do que promete ser uma s?rie de literatura juvenil ?pica." --Midwest Book Review (D. Donovan, eBook Reviewer) "O ANEL DO FEITICEIRO re?ne todos os ingredientes para um sucesso instant?neo: enredos, intrigas, mist?rio, cavaleiros valentes e relacionamentos que florescem repletos de cora??es partidos, decep??es e trai??es. O livro manter? o leitor entretido por horas e agradar? a pessoas de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores de fantasia." --Books and Movie Reviews, Roberto Mattos. "A fantasia ?pica de entretenimento de Rice [O ANEL DO FEITICEIRO] inclui tra?os cl?ssicos do g?nero – um cen?rio forte, altamente inspirado pela Esc?cia antiga e pela sua hist?ria, e um boa no??o da intriga da corte." —Kirkus Reviews "Adorei como a Morgan Rice construiu a personagem de Thor e o mundo no qual ele vivia. A paisagem e as criaturas que por l? vagueavam estavam muito bem descritas... Eu adorei [a trama]. Foi curta e doce… Havia apenas o n?mero certo de personagens secund?rias e assim n?o fiquei confundido. Havia aventuras e momentos angustiantes, mas a a??o retratada n?o era demasiado grotesca. O livro seria perfeito para um jovem leitor... O in?cio de algo not?vel est? l?..." --San Francisco Book Review "Neste primeiro livro cheio de a??o da s?rie de fantasia ?pica Anel do Feiticeiro (que conta atualmente com 14 livros), Rice introduz os leitores ao Thorgrin "Thor" McLeod de 14 anos, cujo sonho ? juntar-se ? Legi?o de Prata, aos cavaleiros de elite que servem o rei... A escrita de Rice ? s?lida e a premissa intrigante." --Publishers Weekly "[EM BUSCA DE HER?IS] ? uma leitura r?pida e f?cil. O fim dos cap?tulos ? de tal forma que voc? tem de ler o que acontece a seguir e n?o vai querer p?r o livro de lado. Existem alguns erros no livro e alguns nomes est?o mal, mas isso n?o nos desvia da hist?ria global. O final do livro fez-me querer come?ar o livro seguinte imediatamente e foi isso que eu fiz. Todos os nove livros da s?rie o Anel do Feiticeiro podem ser atualmente comprados na loja do Kindle e o Em Busca de Her?is ? atualmente gr?tis para voc? se iniciar! Se voc? est? ? procura de um algo r?pido e divertido de ler durante as f?rias este livro servir? muito bem." --FantasyOnline.net Livros de Morgan Rice DAS COROAS E GL?RIA ESCRAVA, GUERREIRA E RAINHA (Livro n?1) REIS E FEITICEIROS A ASCENS?O DOS DRAG?ES (Livro n?1) A ASCENS?O DOS BRAVOS (Livro n?2) O PESO DA HONRA (Livro n?3) UMA FORJA DE VALENTIA (Livro n?4) UM REINO DE SOMBRAS (Livro n?5) A NOITE DOS CORAJOSOS (Livro n?6) O ANEL DO FEITICEIRO EM BUSCA DE HER?IS (Livro n?1) UMA MARCHA DE REIS (Livro n?2) UM DESTINO DE DRAG?ES (Livro n?3) UM GRITO DE HONRA (Livro n?4) UM VOTO DE GL?RIA (Livro n?5) UMA CARGA DE VALOR (Livro n?6) UM RITO DE ESPADAS (Livro n?7) UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n?8) UM C?U DE FEITI?OS (Livro n?9) UM MAR DE ESCUDOS (Livro n?10) UM REINADO DE A?O (Livro n?11) UMA TERRA DE FOGO (Livro n?12) UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro n? 13) UM JURAMENTO DE IRM?OS (Livro n? 14) UM SONHO DE MORTAIS (Livro n? 15) UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n? 16) O PRESENTE DA BATALHA (Livro n? 17) TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n? 1) ARENA DOIS (Livro n? 2) MEM?RIAS DE UM VAMPIRO TRANSFORMADA (Livro n? 1) AMADA (Livro n? 2) TRA?DA (Livro n? 3) PREDESTINADA (Livro n? 4) DESEJADA (Livro n? 5) COMPROMETIDA (Livro n? 6) PROMETIDA (Livro n? 7) ENCONTRADA (Livro n? 8) RESSUSCITADA (Livro n? 9) ALMEJADA (Livro n? 10) DESTINADA (Livro n? 11) OBCECADA (Livro n? 12) Oi?a a s?rie O ANEL DO FEITICEIRO em formato Audiobook! Copyright © 2014 por Morgan Rice. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos de Autor dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recupera??o, sem a autoriza??o pr?via da autora. Este e-book ? licenciado para o seu uso pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido ou cedido a outras pessoas. Se quiser compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma c?pia adicional para cada destinat?rio. Se est? a ler este livro e n?o o comprou, ou se ele n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira a sua pr?pria c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo desta autora. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e incidentes s?o produto da imagina??o da autora ou foram usados de maneira fict?cia. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? mera coincid?ncia. Imagem da capa Copyright Photosani, usada com autoriza??o da Shutterstock.com. CONTE?DO CAP?TULO UM (#u158dfb4c-2f18-507d-be7c-fa2edc8c5157) CAP?TULO DOIS (#u4010b888-18b5-5b8b-a26f-f9cd051bc343) CAP?TULO TR?S (#u79ad2864-e486-5795-87c6-ecbf410768a7) CAP?TULO QUATRO (#ub37c41e1-b91b-5686-abd4-4de363e92968) CAP?TULO CINCO (#ufcdb97a8-f1b6-5af9-8812-ccbfd2c8f966) CAP?TULO SEIS (#u93f17b31-3f7d-55cd-8983-d1513de95ff1) CAP?TULO SETE (#u23f1bd15-4fc9-53c3-9b48-02c8cebee087) CAP?TULO OITO (#u32df2ec6-8575-5709-b6c9-95d622fe4e41) CAP?TULO NOVE (#u6880cb91-6da3-512e-bfef-1c88dfbba7be) CAP?TULO DEZ (#ub6ce4bdf-18e4-5a47-b008-3b45efdecc52) CAP?TULO ONZE (#u892f4588-910a-5987-a5ee-bfd1f7a2a4f4) CAP?TULO DOZE (#ubcbacb61-89d8-5277-99d7-62acf0719fa5) CAP?TULO TREZE (#u66ba0e6a-7ed5-5fa6-a511-92c73447d84c) CAP?TULO CATORZE (#u4b9bf904-f310-517c-8f1e-ef5ad6042ef8) CAP?TULO QUINZE (#ua3235fad-1955-51d6-acaa-fbfc96e0d917) CAP?TULO DEZASSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZANOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E DOIS (#litres_trial_promo) CHAPTER FORTY THREE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E SEIS (#litres_trial_promo) Para Jake Maynard. Um verdadeiro guerreiro. “Tu vens contra mim com uma espada, uma lan?a e um dardo — mas eu vou contra ti com o Nome do Senhor, Mestre das Legi?es, Deus dos Batalh?es.” --David para Goliath I Samuel, 17:45 CAP?TULO UM Thorgrin estava de p? sobre o navio que balan?ava violentamente, olhando para a frente e, lentamente, horrorizado, come?ou a perceber o que tinha acabado de fazer. Ele olhou em choque para baixo, para a sua pr?pria m?o, que ainda segurava a Espada dos Mortos. Em seguida, olhou para cima e viu, apenas a algumas polegadas de dist?ncia, o rosto do seu melhor amigo, Reece, a olhar fixamente para ele, com os olhos bem abertos de dor e trai??o. As m?os de Thor tremiam violentamente e ele percebeu que tinha acabado de esfaquear o seu melhor amigo no peito e estava a v?-lo a morrer diante de si. Thor n?o conseguia entender o que tinha acontecido. Enquanto o navio abanava e virava, as correntes continuavam a pux?-los atrav?s do Estreito da Loucura, at? que, finalmente, eles emergiram do outro lado. As correntes acalmaram, o navio estabilizou, as nuvens espessas come?aram a subir, e, com uma rajada final, eles sa?ram na dire??o de ?guas calmas, paradas. Ao fazerem-no, o nevoeiro que envolvera a mente de Thor levantou e ele come?ou a sentir o seu velho eu, a ver o mundo com clareza mais uma vez. Ele olhou para Reece e ficou destro?ado quando percebeu que n?o era o rosto de um inimigo, mas do seu melhor amigo. Lentamente, ele percebeu o que tinha feito, percebeu que tinha estado nas garras de algo maior do que ele mesmo, um esp?rito de loucura que ele n?o conseguia controlar e que o tinha obrigado a realizar aquele ato horr?vel. "N?O!", gritou Thorgrin, com uma voz angustiada. Thor extraiu a Espada dos Mortos do peito do seu melhor amigo e, ao faz?-lo, Reece engasgou-se e come?ou a entrar em colapso. N?o querendo colocar a vista em cima da espada, Thor atirou-a para longe, caindo com um baque oco no conv?s. Thor atirou-se de joelhos e apanhou Reece, segurando-o nos seus bra?os, determinado a salv?-lo. "Reece!", gritou ele, esmagado pela culpa. Thor pressionou a palma da sua m?o contra a ferida, tentando parar o sangue. Mesmo assim, ele conseguia sentir o sangue quente a escorrer-lhe por entre os dedos, conseguia sentir a for?a vital de Reece a esvaziar-se enquanto o segurava nos seus bra?os. Elden, Matus, Indra e Angel aproximaram-se rapidamente, tamb?m eles finalmente livres das garras da sua loucura, aglomerando-se ao redor deles. Thor fechou os olhos e rezou com tudo o que tinha para que o seu amigo voltasse a si, para que lhe fosse dada a ele, Thor, uma hip?tese de corrigir o seu erro. Thor ouviu passos e, ao olhar para cima, viu Selese a aproximar-se rapidamente, com a pele mais p?lida que ele alguma vez a tinha visto, com os olhos a brilhar com uma luz que era de outro mundo. Ela caiu de joelhos perante Reece, tomou-o nos bra?os e, ao faz?-lo, Thor largou-o, vendo o brilho em torno dela e lembrando-se dos seus poderes enquanto curandeira. Selese olhou para Thor, com um olhar que ardia de intensidade. "S? tu o podes salvar", disse ela com urg?ncia. "Coloca a m?o na sua ferida agora!", ordenou ela. Thor colocou a palma da m?o sobre o peito de Reece e, ao faz?-lo, Selese colocou a m?o sobre a dele. Ele conseguia sentir o calor e o poder a percorrer a palma da m?o dela sobre a sua m?o e na dire??o da ferida de Reece. Ela fechou os olhos e come?ou a cantarolar. Thor sentiu uma onda de calor a surgir no corpo do seu amigo. Thor rezou com tudo o que tinha para que o seu amigo voltasse a si, para que fosse perdoado de qualquer que fosse a loucura que o tinha levado a fazer aquilo. Para grande al?vio de Thor, Reece abriu os olhos devagar. Ele pestanejou e olhou para o c?u, e, depois, lentamente, sentou-se. Thor observava, espantado, enquanto Reece pestanejava v?rias vezes e olhava para a sua ferida: estava totalmente sarada. Thor estava sem palavras, rendido, maravilhado pelos poderes de Selese. "Meu irm?o!", gritou Thorgrin. Ele aproximou-se e abra?ou-o. Reece, desorientado, abra?ou-o lentamente de volta e Thor ajudou-o a levantar-se. "Est?s vivo!", exclamou Thor, mal ousando acreditar, agarrando-o pelos ombros. Thor pensou em todas as batalhas em que tinham estado juntos, todas as aventuras. Ele n?o iria conseguir tolerar a ideia de o perder. "E porque ? que eu n?o haveria de estar?", pestanejava Reece, confuso. Ele olhou em toda a volta para os rostos inquisitivos da Legi?o, parecendo baralhado. Os outros aproximaram-se e abra?aram-no, um a um. Enquanto os outros se aproximavam, Thor olhava ? sua volta fazendo um balan?o. De repente, ele percebeu, com horror, que faltava algu?m: O'Connor. Thor correram para a amurada lateral e freneticamente procuraram nas ?guas, lembrando-se de que O'Connor, no auge da sua loucura, tinha saltado fora do navio para as correntes furiosas. "O'Connor!", gritou ele. Os outros correram-se at? ao seu lado e procuraram nas ?guas tamb?m. Thor olhou para baixo e esticou o pesco?o para olhar para tr?s para o Estreito, para as furiosas ?guas vermelhas, cheias de sangue - e, ao faz?-lo, viu O'Connor a debater-se e a ser sugado precisamente junto do limite do Estreito. Thor n?o perdeu tempo; reagiu instintivamente e saltou por cima da amurada, mergulhando de cabe?a sobre a borda, para o mar. Submerso, assustado com a temperatura quente da ?gua, Thor sentiu o qu?o espessa aquela ?gua era, como se estivesse a nadar atrav?s do sangue. A ?gua estava t?o quente que era como nadar em lama. Thor precisou de toda a sua for?a para nadar atrav?s das ?guas viscosas de volta ? superf?cie. Ele olhou para O'Connor, que come?ava a afundar-se, conseguindo ver o p?nico nos seus olhos. Ele tamb?m via, ? medida que O'Connor cruzava a fronteira para o mar aberto, que a loucura o come?ava a abandonar. Ainda assim, ele debatia-se e come?ava a afundar-se. Thor sabia que, se n?o o alcan?asse logo, em pouco tempo ele se afundaria at? ao fundo do Estreito e nunca mais seria encontrado. Thor redobrou os seus esfor?os, nadando com todas as suas for?as, nadando atrav?s da intensa dor e exaust?o que sentia nos ombros. E, no entanto, assim que se aproximou, O'Connor come?ou a afundar-se na ?gua. Thor sentiu uma inje??o de adrenalina, ao ver o seu amigo a afundar-se, sabendo que era naquele momento ou nunca. Ele atirou-se para a frente, mergulhou, dando um grande impulso com os p?s. Ele nadou debaixo de ?gua, esfor?ando-se por abrir os olhos e ver atrav?s do l?quido espesso; ele n?o conseguia. Os olhos ardiam muito. Thor fechou os olhos e baseou-se nos seus instintos. Convocou uma parte profunda de si mesmo, uma que conseguia ver sem ver. Com um outro impulso desesperado, Thor avan?ou, apalpando as ?guas diante de si, sentindo algo: uma manga. Exultante, ele agarrou O'Connor com firmeza, espantado com o peso dele enquanto ele se afundava. Thor puxou, virando-se com toda a sua for?a na dire??o da superf?cie. Ele estava aflito, com cada m?sculo do seu corpo a protestar, enquanto dava aos p?s e nadava para a liberdade. As ?guas eram t?o grossas, faziam tanta press?o, que ele sentia que os seus pulm?es podiam explodir. A cada movimento das suas m?os, ele sentia como se estivesse a puxar o mundo. Precisamente quando ele pensava que nunca iria conseguir faz?-lo, que se iria afundar de volta nas profundezas com O'Connor e morrer ali naquele lugar horr?vel, Thor subitamente rompeu a superf?cie da ?gua. Ofegando por ar, ele virou-se, olhou ao redor e viu, com al?vio, que tinham emergido no outro lado do Estreito da Loucura, em ?guas abertas. Ele viu que a cabe?a de O'Connor apareceu ao seu lado, vendo que ele, tamb?m, estava ofegante. A sua sensa??o de al?vio estava completa. Thor observou a loucura a abandonar o seu amigo e a lucidez lentamente a voltar aos seus olhos. O'Connor pestanejou v?rias vezes, tossindo e ofegando fora de ?gua. A seguir, olhou para Thor, interrogativamente. "O que ? que estamos a fazer aqui?", perguntou ele, confuso. "Onde estamos?" "Thorgrin!", ouviu-se uma voz. Thor ouviu um respingar na ?gua e virou-se vendo que era uma corda grossa a aterrar na ?gua ao seu lado. Ele olhou para cima e viu Angel de p?, l? em cima, junto com os outros na amurada do navio que tinha navegado de volta ao encontro deles. Thor agarrou-o, agarrando O'Connor com a outra m?o, e, ao faz?-lo, a corda moveu-se. Era Elden que se debru?ou com toda a sua grande for?a e os puxou a ambos pelo casco acima. A outra legi?o juntou-se e puxou tamb?m, um pux?o de cada vez, at? que Thor se sentiu a subir pelo ar e, finalmente, sobre a amurada. Ambos pousaram no conv?s do navio com um baque. Thor, exausto, sem f?lego, ainda tossindo ?gua do mar, estava esparramado no conv?s ao lado O'Connor; O'Connor virou-se e olhou para ele, igualmente exausto. Thor conseguia via a gratid?o nos seus olhos. Conseguia via O'Connor a agradecer-lhe. Nenhuma palavra precisa ser dita - Thor compreendia. Eles tinham um c?digo de sil?ncio. Eles eram irm?os de Legi?o. Sacrificarem-se um pelo outro era o que eles faziam. Era para isso que eles viviam. De repente, O'Connor come?ou a rir-se. Ao princ?pio Thor estava preocupado, perguntando-se se ele ainda estaria louco, mas ent?o ele percebeu que O'Connor estava bem. Ele estava apenas de volta ao seu antigo eu. Ele estava a rir-se de al?vio, de alegria por estar vivo. Thor come?ou a rir-se, tamb?m, com a tens?o a ficar para tr?s. Todos os outros se juntaram. Eles estavam vivos; contra todas as probabilidades, eles estavam vivos. A outra Legi?o aproximou-se e agarrou em O'Connor e Thor, levantando-os. Todos eles apertaram as m?os, abra?ando-se com alegria. O navio, finalmente, entrou nas ?guas esperando-o uma navega??o tranquila. Thor olhou ao longe e viu, com al?vio, que eles estavam cada vez mais afastados do Estreito. A lucidez estava a descer sobre todos eles. Eles haviam conseguido; eles tinham haviam passado atrav?s do Estreito, embora a um alto pre?o. Thor achava que eles n?o conseguiriam sobreviver a uma viagem pelo estreito novamente. "Ali!", gritou Matus. Thor virou-se, juntamente com os outros, seguindo a dire??o do seu dedo que apontava - e ficou atordoado com o que viu diante deles. Toda uma nova vista se espalhava no horizonte diante deles, uma nova paisagem naquela Terra do Sangue. Era uma paisagem densa de nuvens melanc?licas e escuras que persistiam baixas no horizonte, com a ?gua ainda espessa com sangue – e, no entanto, naquele momento, o contorno da costa estava mais perto, mais vis?vel. Era preto, desprovido de ?rvores ou de vida, parecendo cinzas e lama. Os batimentos card?acos de Thor aceleraram quando vislumbrou, ao longe, um castelo preto, feito do que parecia ser terra, cinzas e lama, erguendo-se do ch?o como se fizesse parte dele. Thor conseguia sentir o mal a emanar dele. Conduzindo ao castelo havia um canal estreito, com os seus cursos de ?gua ladeados com tochas, bloqueado por uma ponte levadi?a. Thor viu tochas acesas nas janelas do castelo e sentiu uma s?bita sensa??o de certeza: convicto, ele sabia que Guwayne estava dentro daquele castelo, esperando por si. "Encher as velas!", gritou Thor, sentindo-se novamente a controlar, sentindo um renovado sentido de prop?sito. Os seus irm?os entraram em a??o, i?ando as velas e apanhando por tr?s a forte brisa que os empurrava para a frente. Pela primeira vez desde que entrara naquela Terra do Sangue, Thor sentiu-se otimista, uma sensa??o de que poderia realmente encontrar o seu filho e resgat?-lo dali. "Estou feliz por estares vivo", disse uma voz. Thor virou-se e olhou para baixo, vendo Angel a sorrir para si, puxando-o pela camisa. Ele sorriu, ajoelhou-se ao lado dela, e abra?ou-a. "Assim como eu estou feliz por estares viva", ele respondeu. "Eu n?o entendo o que aconteceu", disse ela. "Num minuto eu era eu mesma, e, no seguinte... era como se eu n?o me conhecesse a mim pr?pria." Thor abanou a cabe?a lentamente, tentando esquecer. "A loucura ? o pior inimigo de todos", respondeu ele. "N?s, n?s mesmos, somos o ?nico inimigo que n?o conseguimos vencer." Ela franziu a testa, preocupada. "Ser? que vai acontecer de novo?", perguntou ela. "H? mais alguma coisa neste lugar como aquela?", perguntou ela, com uma voz amedrontrada enquanto observava o horizonte. Thor observava-o tamb?m, perguntando-se exatamente a mesma coisa – quando, demasiado depressa, para seu p?nico, a resposta veio rapidamente na dire??o deles. Ouviu-se um tremendo respingar, como o som de uma baleia ? superf?cie. Thor ficou surpreendido ao ver emergir ? sua frente a criatura mais hedionda que alguma vez havia visto. Parecia uma lula monstruosa, com cinquenta p?s de altura, vermelha brilhante, a cor do sangue, surgindo sobre o navio ao sair disparada das ?guas, com os seus infinitos tent?culos com trinta p?s de comprimento, dezenas deles espalhados por todas as dire??es. Os seus redondos olhos amarelos olhavam para baixo na dire??o deles, cheios de f?ria. A sua enorme boca, revestida com presas amarelas e afiadas, abriu-se com um som nauseante. A criatura extinguiu qualquer luz que os c?us sombrios tinham permitido e emitindo um gritou sobrenatural quando come?ou a descer na dire??o deles, com os seus tent?culos a espalharem-se, pronta para consumir todo o navio. Thor olhava apavorado para a criatura, apanhado pela sua sombra com todos os outros. Ele sabia que tinha ido de uma morte certa para a pr?xima. CAP?TULO DOIS O comandante do Imp?rio chicoteava a sua zerta sem parar enquanto galopava atrav?s do Grande Desperd?cio, seguindo o trilho, como fazia h? dias, pelo ch?o do deserto. Atr?s de si os seus homens cavalgavam, ofegantes, ? beira do colapso, j? que ele n?o lhes havia dado um momento para descansar desde que tinham come?ado a cavalgar - nem mesmo durante a noite. Ele sabia como dirigir zertas pelo ch?o - e sabia como dirigir homens tamb?m. Ele n?o tinha piedade de si mesmo e, certamente, n?o tinha nenhum dos seus homens. Ele queria que eles fossem imperme?veis ? exaust?o, ao calor e ao frio - especialmente quando estavam numa miss?o t?o sagrada como aquela. Afinal, se aquele trilho realmente os levasse at? onde ele esperava que os levasse – at? ao lend?rio Cume - tal poderia mudar todo o destino do Imp?rio. O comandante enterrou os seus calcanhares nas costas da zerta at? ela guinchar, for?ando-a a ir cada vez mais r?pido, at? praticamente trope?ar em si pr?pria. Ele piscou os olhos na dire??o do sol, examinando o trilho ? medida que iam avan?ando. Ele havia seguido muitos trilhos ao longo da sua vida e havia matado muitas pessoas no final deles – no entanto, ele nunca havia seguido um trilho t?o fascinante quanto aquele. Ele conseguia sentir o qu?o pr?ximo estava da maior descoberta na hist?ria do Imp?rio. O seu nome seria imortalizado, entoado por gera??es. Subiram um cume no deserto e ele come?ou a ouvir um fraco ru?do a aumentar, como uma tempestade no deserto; ele olhou ao longe enquanto o subiam, esperando ver uma tempestade de areia vindo na sua dire??o. Ele ficou chocado, por detetar, em vez disso, uma parede im?vel de areia a cem jardas de dist?ncia, que se erguia a partir do solo na dire??o do c?u, girando e agitando-se, como um tornado em atividade. Ele parou, com os seus homens ao seu lado, e observava, curioso, uma vez que a parede parecia n?o se mover. Ele n?o conseguia entender. Era uma parede de areia em f?ria, mas n?o se aproximava. Ele perguntava-se o que estava do outro lado. De alguma forma, ele persentia que era o Cume. "O teu trilho termina", disse um dos seus soldados, ironicamente. "N?o podemos passar por aquela parede", disse outro. "N?o nos trouxeste a lado nenhum a n?o ser a mais areia", disse outro. O comandante abanou a cabe?a lentamente, franzindo a cara para eles com convic??o. "E se ali existir uma terra do outro lado da areia?", ele retorquiu. "Do outro lado?", perguntou um soldado. "Est?s louco. N?o passa de uma nuvem de areia, um desperd?cio sem fim, como o resto deste deserto.” "Admite o teu fracasso", disse outro soldado. "Volta para tr?s agora - ou caso contr?rio, n?s vamos voltar sem ti." O comandante virou-se e encarou os seus soldados, chocado com a sua insol?ncia - e viu desprezo e rebeli?o nos seus olhos. Ele sabia que tinha de agir rapidamente se quisesse acabar com aquilo. Num acesso s?bito de raiva, o comandante baixou-se, tirou uma adaga do seu cinto e girou-a para tr?s num movimento r?pido, alojando-a na garganta do soldado. O soldado arfou por ar e depois caiu para tr?s, da sua zerta abaixo, batendo no ch?o e acumulando uma nova piscina de sangue no ch?o do deserto. Em poucos instantes, apareceu do nada um enxame de insetos, cobrindo o seu corpo e comendo-o. Os outros soldados olhavam agora com medo para o seu comandante. "Existe mais algu?m que queira desafiar o meu comando?", perguntou. Os homens olhavam para ele nervosamente, mas desta vez n?o disseram nada. "Ou o deserto mata-vos", disse ele, "ou mato-vos eu. A escolha ? vossa." O comandante avan?ou para a frente, baixou a cabe?a e deu grande grito de guerra ao galopar direitamente para a parede da areia, sabendo que tal poderia significar a sua morte. Ele sabia que os seus homens o seguiriam. Um momento depois, ele ouviu o som das suas zertas e sorriu de satisfa??o. ?s vezes, eles s? tinham de ser mantidos na ordem. Ele gritou ao entrar no tornado de areia. Parecia que era uma tonelada de areia em cima dele, vinda de todas as dire??es, escoriando-lhe a pele enquanto ele avan?ava cada vez mais l? para dentro. O barulho era t?o grande, como se estivesse um milhar de vespas nos seus ouvidos, e, ainda assim, ele avan?ava, esporeando a sua zerta, for?ando-a, mesmo enquanto ela protestava, entrando cada vez mais l? para dentro. Ele sentia a areia a raspar-lhe a cabe?a, os olhos e o rosto, e ele sentia como se pudesse ser rasgado em peda?os. Ainda assim, ele continuou a cavalgar. Precisamente quando ele se perguntava se os seus homens estariam bem, se aquela parede levava a nada, se todos iriam morrer ali naquele lugar, de repente, para grande al?vio do comandante, ele saiu de rompante para fora da areia e de volta para a luz do dia, sem mais areia a arranh?-lo, sem mais ru?do nos seus ouvidos, nada para al?m de c?u aberto e ar - que ele nunca tinha ficado t?o feliz de ver. Ao redor dele, os seus homens sa?ram tamb?m de rompante, escoriados e a sangrar como ele, juntamente com as zertas, todas parecendo mais mortas do que vivas, mas todas vivas. E, quando o comandante olhou diante de si, o seu cora??o acelerou e ele ficou im?vel com a surpreendente vis?o que teve. Ele n?o conseguia respirar com o que via, e, lenta mas seguramente, ele sentiu-se orgulhoso com uma s?bita sensa??o de vit?ria, de triunfo. Picos majestosos erguiam-se diretamente para o c?u, formando um c?rculo. Um lugar que s? poderia ser uma coisa: O Cume. Ali estava, no horizonte, apontado para o ar, magn?fico, vasto, estendendo-se para fora de vista em ambos os lados. E ali, no topo, a brilhar ? luz do sol, ele ficou surpreendido ao ver milhares de soldados de armadura brilhante, a patrulhar. Ele tinha-o encontrado. Ele, e somente ele, tinha-o encontrado. Os seus homens pararam de repente ao seu lado dele. Ele viu-os, tamb?m, a olhar para o Cume em contempla??o e em admira??o, com as suas bocas abertas, todos a pensar a mesma coisa que ele: aquele momento era hist?ria. Eles seriam todos her?is, conhecidos por gera??es na hist?ria do Imp?rio. Com um largo sorriso, o comandante virou-se e encarou os seus homens, que agora olhavam para ele com defer?ncia; ele, ent?o, puxou a sua zerta e voltou-a ao contr?rio, preparando-se para cavalgar de volta atrav?s da parede de areia - todo o caminho, sem parar, at? chegar ? base do Imp?rio e relatar aos Cavaleiros dos Sete o que ele, pessoalmente, tinha descoberto. Ele sabia que em poucos dias, toda a for?a do Imp?rio iria descer at? ?quele lugar, o peso de um milh?o de homens empenhados na destrui??o. Eles iriam passar por aquele muro de areia, escalar o Cume, e acabar com aqueles cavaleiros, conquistando os restos finais do livre territ?rio do Imp?rio. "Homens", disse ele, "a nossa hora chegou. Preparem-se para terem os vossos nomes gravados na eternidade." CAP?TULO TR?S Kendrick, Brandt, Atme, Koldo e Ludvig caminhavam pelo Grande Desperd?cio, na dire??o dos s?is nascentes da aurora do deserto, a p?, durante toda a noite, determinados a resgatar o jovem Kaden. Eles caminhavam sombriamente, caindo num ritmo silencioso, todos com as m?os sobre as armas, todos alerta, seguindo o trilho dos Caminhantes da Areia. As centenas de pegadas levavam-nos cada vez mais para as profundezas daquela paisagem de desola??o. Kendrick come?ou a questionar-se se alguma vez aquilo chegaria ao fim. Ele estava admirado por se encontrar de volta ?quele lugar, de volta ?quele Desperd?cio, lugar onde ele havia jurado nunca mais voltar - especialmente a p?, sem cavalos, sem provis?es e sem maneira de voltar para atr?s. Eles tinham depositado a sua f? nos outros cavaleiros do Cume, que voltariam para eles com os cavalos – para o caso de eles n?o o fazerem, eles tinham comprado para si pr?prios um bilhete s? de ida para uma miss?o sem retorno. Mas era isso o que significava a valentia, Kendrick sabia. Kaden, um bom jovem guerreiro com um grande cora??o, que tinha nobremente ficado a vigiar, aventurando-se corajosamente no deserto para dar provas do seu valor enquanto montava guarda, tinha sido sequestrado por aquelas bestas selvagens. Koldo e Ludvig n?o podiam virar costas ao seu irm?o mais novo, por muito sombrias que fossem as hip?teses - e Kendrick, Brandt e Atme n?o podiam virar costas a todos eles; o seu sentido de dever e honra compelia-os a isso. Estes bons cavaleiros do Cume haviam-nos acolhido com hospitalidade e gratid?o quando eles mais haviam precisado - e, agora, estava na hora de retribuir o favor - custasse o que custasse. A morte pouco significava para ele - mas a honra significava tudo. "Conta-me sobre Kaden", disse Kendrick, voltando-se para Koldo, querendo quebrar a monotonia do sil?ncio. Koldo olhou, sobressaltado devido ao sil?ncio profundo, e suspirou. "Ele ? um dos melhores jovens guerreiros que jamais ir?s encontrar", disse ele. "O seu cora??o ? sempre maior do que a sua idade. Ele queria ser um homem antes mesmo de ser um rapaz, ele queria manejar uma espada antes mesmo de conseguir segurar uma.” Ele abanou a cabe?a. "N?o me surpreende que por se aventurar tanto, tenha sido o primeiro numa patrulha a ser levado. Ele n?o recuava de nada - especialmente se isso significasse vigiar os outros." Ludvig entrou na conversa. "Se algum de n?s tivesse sido levado", disse ele, "o nosso pequeno irm?o seria o primeiro a voluntariar-se. Ele ? o mais novo de n?s e representa o que h? de melhor em n?s." Kendrick tinha assumido esse tanto do que havia observado ao falar com Kaden. Ele tinha reconhecido o seu esp?rito guerreiro, mesmo sendo t?o jovem. Kendrick sempre tinha sabido, que a idade n?o tinha nada a ver com ser um guerreiro: ou se tinha um esp?rito guerreiro ou n?o se tinha. O esp?rito n?o conseguia mentir. Eles continuaram a marchar durante muito tempo, caindo novamente num sil?ncio firme ? medida que os s?is subiam mais alto, at? que, por fim, Brandt aclarou a sua a garganta. "E os Caminhantes da Areia?", Brandt perguntou a Koldo. Koldo virou-se para ele enquanto andavam. "Um grupo vicioso de n?madas", ele respondeu. "Mais bestas do que homens. Eles s?o conhecidos por patrulhar a periferia da Parede de Areia." "Necr?fagos", entrou Ludvig na conversa. "Eles s?o conhecidos por arrastarem as suas v?timas para as profundezas do deserto." "Para onde?", perguntou Atme. Koldo e Ludvig trocaram um olhar alarmante. "Para onde quer que eles estejam reunidos - onde eles realizem um ritual e os fa?am em peda?os." Kendrick encolheu-se ao pensar em Kaden e no destino que o esperava. "Ent?o, h? pouco tempo a perder", disse Kendrick. "Temos de correr, ok?" Olharam todos uns para os outros, sabendo a imensid?o daquele lugar e o longo caminho que teriam de percorrer a correr - especialmente ao calor, que se acentuava, e com as armaduras. Todos sabiam o qu?o arriscado seria n?o irem a andar naquela paisagem implac?vel. No entanto, eles n?o hesitaram e desataram, juntos, a correr. Corriam para o vazio. Em poucos instantes, o suor iria escorrer-lhes pelos rostos. Eles sabiam que se n?o encontrassem Kaden em breve, aquele deserto iria mat?-los a todos. * Kendrick arfava por ar enquanto corria, o segundo sol agora l? no alto, com a sua luz ofuscante e o seu calor sufocante, e, ainda assim, ele e os outros continuavam a correr, todos ofegantes, com as suas armaduras a chocalhar enquanto corriam. O suor escorria pelo rosto de Kendrick e picava-lhe tanto os olhos que ele mal conseguia ver. Com os seus pulm?es quase a explodir, ele nunca tinha ansiado tanto por oxig?nio. Kendrick nunca tinha sentido nada parecido com o calor daqueles s?is, t?o intensos, sentindo como se lhe fossem arrancar a pele queimada diretamente do seu corpo. Eles n?o conseguiriam ir muito mais longe com aquele calor, naquele ritmo, Kendrick sabia; em breve, iriam todos morrer ali, colapsar, tornando-se nada mais do que comida para insetos. De fato, enquanto corriam, Kendrick ouviu um guincho ao longe. Olhou para cima e viu os abutres a circular, o que j? faziam h? horas, baixando de altitude. Eles eram sempre os mais espertos: eles sabiam quando uma nova morte estava iminente. Kendrick perscrutava as pegadas dos Caminhantes da Areia, que se desvaneciam pelo horizonte fora. Ele n?o conseguia perceber como ? que eles haviam corrido uma dist?ncia t?o longa t?o rapidamente. Ele s? rezava para que Kaden ainda estivesse vivo, para que tudo aquilo n?o fosse em v?o. No entanto, mesmo n?o querendo, ele n?o conseguia evitar duvidar se alguma vez iriam chegar at? ele. Era como se estivessem a seguir pegadas na dire??o de um oceano vazante. Kendrick olhou ? volta e viu os outros a ca?rem tamb?m, a cambalearem mais do que a correrem, mal se aguentando de p? – contudo, determinados como ele, a n?o parar. Kendrick sabia - todos eles sabiam - que assim que parassem de se mover, morreriam. Kendrick queria quebrar a monotonia do sil?ncio, mas, naquele momento, ele estava muito cansado para falar com os outros. Ele for?ava as suas as pernas a continuarem, sentindo-se como se elas pesassem um milh?o de libras. Ele nem sequer ousava usar a energia para olhar para o horizonte, sabendo que n?o iria ver nada, sabendo que estava condenado a morrer ali depois de tudo. Em vez disso, ele olhava para o ch?o, observando o rastro, preservando qualquer energia preciosa que lhe restasse. Kendrick ouviu um barulho e, ao princ?pio, ele tinha a certeza que era a sua imagina??o; no entanto, ouviu-o novamente, um som distante, como o zumbido de abelhas. Desta vez, ele obrigou-se a olhar para cima, sabendo que era est?pido, que nada poderia estar ali, e com medo de estar esperan?oso. No entanto, desta vez, a vis?o diante de si fez o seu cora??o bater com entusiasmo. L?, diante deles, talvez a cem jardas de dist?ncia, estava um ajuntamento dos Caminhantes da Areia. Kendrick chamou a aten??o dos outros, tocando-lhes com for?a, que, saindo do seu devaneio, viram tamb?m. A batalha tinha chegado. Kendrick baixou a m?o e agarrou a sua arma. Os outros fizeram-no, tamb?m, sentindo a familiar descarga de adrenalina. Os Caminhantes da Areia, dezenas deles, viraram-se e viram-nos, e, eles, tamb?m, prepararam-se, de frente para eles. Eles gritaram ferozmente e desataram a correr. Kendrick ergueu a sua espada e soltou um grande grito de batalha, pronto, finalmente, para matar os seus inimigos - ou morrer a tentar. CAP?TULO QUATRO Gwendolyn caminhava solenemente pela capital do Cume, com Krohn ao seu lado, Steffen atr?s dela, com a sua mente ?s voltas enquanto ponderava as palavras de Argon. Por um lado, ela estava exultante por ele ter recuperado, por estar de volta a si mesmo – por?m, a sua profecia fat?dica ecoava dentro da sua cabe?a como uma maldi??o, como um sino anunciando a sua morte. Das declara??es terr?veis e enigm?ticas que ele havia proferido, parecia que ela n?o estava destinada a ficar com Thor para sempre. Gwen lutava contra as l?grimas, caminhando rapidamente e determinada, em dire??o ? torre. Ela tentava bloquear as palavras dele, recusando-se a permitir que a sua vida fosse dirigida por profecias. Ela tinha sido sempre assim e era disso que ela precisava para permanecer forte. O futuro podia estar escrito, mas, ainda assim, ela sentia tamb?m que o mesmo podia ser alterado. O destino, ela sentia, era male?vel. Apenas era preciso desej?-lo com muita convic??o, estando disposto a desistir do que fosse necess?rio - qualquer que fosse o custo. Aquele era um desses momentos. Gwen recusava-se absolutamente a permitir que Thorgrin e Guwayne se escapassem dela e ela sentia uma determina??o crescente. Ela iria desafiar o seu destino, independentemente do que fosse preciso, sacrificando o que quer que fosse que o universo exigisse dela. Em circunst?ncia alguma ela iria viver sem ver Thor ou Guwayne novamente. Como se a ouvir os seus pensamentos, Krohn gemeu encostando-se ? sua perna, esfregando-se, enquanto ela caminhava pelas ruas. Acordada dos seus pensamentos, Gwen olhou e viu a torre surgir diante de si, vermelha, circular, erguendo-se mesmo no centro da capital, e ela lembrou-se: o culto. Ela tinha prometido ao Rei que iria entrar na torre e tentar resgatar o filho e filha dele das garras daquele culto, confrontar o seu l?der sobre os livros antigos, o segredo que eles estavam a esconder que podia salvar o Cume da destrui??o. O cora??o de Gwen batia com for?a ? medida que ela se aproximava da torre, antecipando o confronto diante dela. Ela queria ajudar o Rei, e o Cume, mas acima de tudo, ela queria andar l? fora no terreno ? procura de Thor, de Guwayne, antes que fosse tarde demais para eles. Se ao menos, ela desejava, tivesse um drag?o ao seu lado, como costumava ter; se ao menos Ralibar pudesse voltar para ela e a levasse a atravessar o mundo, para longe dali, para longe dos problemas do Imp?rio e de volta para o outro lado do mundo, para Thorgrin e Guwayne mais uma vez. Se ao menos eles pudessem todos voltar para o Anel e viver a vida como antes. No entanto, ela sabia que aqueles eram sonhos infantis. O Anel estava destru?do e o Cume era tudo o que lhe restava. Ela tinha de enfrentar a sua realidade atual e fazer o poss?vel para ajudar a salvar aquele lugar. "Minha senhora, posso acompanh?-la ao interior da torre?" Gwen virou-se ao ouvir a voz, acordando do seu devaneio, e ficou aliviada ao ver o seu velho amigo Steffen ao seu lado, com uma m?o sobre a sua espada, andando de forma protetora ao seu lado, ansioso, como sempre, por a proteger. Ele era o conselheiro mais leal que ela tinha, ela sabia. Ela refletia sobre h? tempo ele estava com ela, sentindo uma onda de gratid?o. Gwen parou diante da ponte levadi?a, que levava ? torre, e ele espreitou-a desconfiado. "Eu n?o confio neste lugar", disse ele. Ela colocou uma m?o reconfortante no pulso dele. "Tu ?s um verdadeiro e leal amigo, Steffen", ela respondeu. "Eu valorizo a tua amizade e a tua lealdade, mas este ? um passo que devo tomar sozinha. Eu tenho de descobrir o que conseguir e ter-te ali vai coloc?-los em alerta. Al?m disso", acrescentou, enquanto Krohn choramingava, "eu terei Krohn." Gwen olhou para baixo e viu Krohn a olhar para ela expectante, e ela acenou para ele. Steffen assentiu. "Eu vou esperar por ti aqui", disse ele, "e se houver algum problema l? dentro, eu vou ter contigo." "Se eu n?o encontrar o que preciso dentro daquela torre", ela respondeu: "receio que vamos ter muitos mais problemas." * Gwen caminhou lentamente sobre a ponte levadi?a, com Krohn ao lado dela. Os seus passos ecoavam na madeira ? medida que ela atravessava as ?guas que suavemente ondulavam por baixo de si. Ao longo de toda a ponte dezenas de monges estavam alinhados, completamente atentos, em sil?ncio, usando mantos escarlate, com as m?os escondidas l? dentro, e de olhos fechados. Eles eram um estranho lote de guardas, desarmados, incrivelmente obedientes. Gwen n?o sabia h? quanto tempo eles montavam ali guarda. Ela estava maravilhada com a sua intensa lealdade e devo??o ao seu l?der, e ela percebeu que era como dizia o Rei: todos o veneravam como um deus. Ela questionou-se onde ? que se estava a meter. Ao aproximar-se, Gwen olhou para as enormes portas em arco que surgiram diante de si, feitas de carvalho antigo, inscritas com s?mbolos que ela n?o entendia. Ela observou maravilhada v?rios monges a aproximarem-se e a abrirem-nas. Elas rangeram, revelando um interior sombrio iluminado apenas por tochas. Uma corrente de ar frio foi ao seu encontro, cheirando levemente a incenso. Krohn ficou entorpecido ao seu lado, a rosnar, e Gwen entrou e ouviu a porta bater atr?s de si. O som ecoou no interior. Gwen demorou um pouco a orientar-se. Estava escuro ali dentro, as paredes estavam iluminadas apenas por tochas e pela luz solar filtrada que entrava atrav?s de vitrais l? no alto. O ar ali sentia-se sagrado, silencioso, e ela sentia como se tivesse entrado numa igreja. Gwen olhou para cima e viu que a torre tinha uma espiral muito alta, com rampas graduais e circulares que levavam at? aos pisos. N?o havia janelas e as paredes ecoavam com o som fraco de c?nticos. O incenso pairava pesado no ar e os monges apareciam e desapareciam a todo o tempo, caminhando como em transe para dentro e para fora dos aposentos. Alguns libertavam incenso e alguns ecoavam c?nticos, enquanto outros ficavam em sil?ncio, perdidos a refletir. Gwen indagava-se ainda mais sobre a natureza deste culto. "O meu pai mandou-te?", ecoou uma voz. Gwen, assustada, virou-se e viu um homem ali a pouca dist?ncia, vestindo um longo manto escarlate, sorrindo para ela afavelmente. Ela mal podia acreditar o quanto ele se parecia com o seu pai, o Rei. "Eu sabia que ele iria enviar algu?m, mais cedo ou mais tarde", disse Kristof. "Os seus esfor?os para me trazer de volta ao seu redil s?o infinitas. Por favor, vem", acenou ele, voltando-se para o lado e gesticulando com a m?o. Gwen colocou-se ao lado dele enquanto caminhavam por um arqueado corredor de pedra, subindo gradualmente a rampa em c?rculos at? aos n?veis mais altos da torre. Gwen viu-se apanhada desprevenida; ela esperava um monge louco, um fan?tico religioso, e ficou surpreendida ao encontrar algu?m af?vel e bem-humorado, e, claramente, no seu perfeito ju?zo. Kristof n?o parecia ser a pessoa perdida e louca que o seu pai tinha feito crer. "O teu pai chama por ti", disse ela finalmente, quebrando o sil?ncio depois de eles passarem por um monge que caminhava pela rampa na dire??o oposta sem nunca ter levantado o olhar do ch?o. "Ele quer que eu te leve para casa." Kristof abanou a cabe?a. "Esse ? o problema do meu pai", disse ele. "Ele acha que encontrou a ?nica verdadeira casa no mundo. Mas eu aprendi algo", acrescentou ele, de frente para ela. "H? muitas verdadeiras casas neste mundo." Ele suspirou e eles continuaram a andar. Gwen queria dar-lhe o seu espa?o, n?o querendo pressionar demasiado. "O meu pai nunca iria aceitar quem eu sou", acrescentou ele finalmente. "Ele nunca vai aprender. Ele permanece preso nas suas velhas e limitadas cren?as - e ele quer imp?-las em mim. Mas eu n?o sou ele - e ele nunca vai aceitar isso." "N?o sentes falta da tua fam?lia?", perguntou Gwen, surpreendida por ele entregar a sua vida ?quela torre. "Sinto", respondeu ele com sinceridade, surpreendendo-a. "Muito. A minha fam?lia ? tudo para mim - mas a minha voca??o espiritual ainda ? mais. A minha casa ? aqui agora", disse ele, virando num corredor enquanto Gwen o seguia. "Eu agora sirvo Eldof. Ele ? o meu sol. Se o conhecesses", disse ele, voltando-se e olhando para Gwen com uma intensidade que a assustou, "ele tamb?m seria o teu." Gwen desviou o olhar, n?o gostando da apar?ncia do fanatismo nos seus olhos. "Eu n?o sirvo mais ningu?m al?m de mim mesma", respondeu ela. Ele sorriu para ela. "Talvez seja essa a fonte de todas as tuas preocupa??es terrenas", respondeu ele. "Ningu?m pode viver num mundo onde n?o sirva outra pessoa. Neste momento, est?s a servir outra pessoa." Gwen olhou para ele desconfiada. "Como assim?", ela perguntou. "Mesmo se pensas que te serves a ti mesma", respondeu ele, "est?s enganada. A pessoa que est?s a servir n?o ?s tu, mas sim a pessoa que os seus pais moldaram. ? os teus pais que tu serves - e todas as suas velhas cren?as, transmitida pelos pais deles. Quando ? que vais ter coragem suficiente para te livrares das suas cren?as e servir-te?" Gwen franziu a testa, n?o comprando a sua filosofia. "E assumir ent?o as cren?as de quem?", perguntou ela. "De Eldof?" Ele abanou a cabe?a. "Eldof ? meramente um canal", ele respondeu. "Ele ajuda a descartares quem tu eras. Ele ajuda-te a encontrar o teu verdadeiro eu, tudo o que estavas destinada a ser. ? a quem deves servir. ? quem nunca vais descobrir at? que o teu falso eu seja libertado. ? isso que Eldof faz: ele liberta-nos a todos.” Gwendolyn olhava para os seus olhos brilhantes e conseguia ver qu?o devotado ele era - e aquela devo??o assustava-a. Ela poderia dizer imediatamente que ele estava para al?m da raz?o, que ele nunca iria deixar aquele lugar. Era assustador, a teia que aquele Eldof tinha tecido para atrair todas aquelas pessoas e prend?-las ali – uma qualquer filosofia barata, com uma l?gica s? para si. Gwen n?o queria ouvir mais nada; era uma teia que ela estava determinada a evitar. Gwen virou-se e continuou a caminhar, sacudindo aquilo com um arrepio, continuando pela rampa acima, circundando a torre, subindo gradualmente cada vez mais, onde quer que a rampa os estivesse a levar. Kristof estava ao lado dela. "Eu n?o vim para discutir os m?ritos do teu culto", disse Gwen. "Eu n?o te posso convencer a voltar para o teu pai. Prometi perguntar, e fi-lo. Se tu n?o valorizas a tua fam?lia, n?o posso ensinar-te a valoriz?-la." Kristof olhou para ela com gravidade. "E achas que o meu pai valoriza a fam?lia?", perguntou. "Muito", respondeu ela. "Pelo menos do que eu consigo ver." Kristof abanou a cabe?a. "Deixa-me mostrar-te uma coisa." Kristof agarrou-a pelo cotovelo e levou-a por outro corredor para a esquerda, depois subiram um longo lan?o de escadas, parando diante de uma grossa porta de carvalho. Ele olhou para ela seriamente e, em seguida, abriu-a, revelando um conjunto de barras de ferro. Gwen ficou ali, curiosa, nervosa para ver o que quer que fosse que ele lhe queria mostrar - ent?o ela aproximou-se e olhou atrav?s das grades. Ela ficou horrorizada ao ver uma menina jovem, bonita, sentada sozinha numa cela, a olhar pela janela, com o seu longo cabelo ? frente do rosto. Embora os seus olhos estivessem abertos, ela parecia n?o tomar conhecimento da presen?a deles. "? assim que o meu pai se importa com a fam?lia", disse Kristof. Gwen olhou para ele, curiosa. "A fam?lia dele?", perguntou Gwen, atordoada. Kristof assentiu. "Kathryn. A sua outra filha. A que ele esconde do mundo. Ela tem sido relegada para aqui, para esta cela. Porqu?? Porque ela ? demente. Porque ela n?o ? perfeita, como ele. Porque ele tem vergonha dela." Gwen ficou em sil?ncio, sentindo um buraco no est?mago enquanto olhava com tristeza para a menina, querendo ajud?-la. Ela come?ou a questionar-se sobre o Rei e come?ou a questionar-se se as palavras de Kristof eram verdadeiras. "Eldof valoriza a fam?lia", continuou Kristof. "Ele nunca abandonaria um dos seus. Ele valoriza o nosso verdadeiro eu. Ningu?m aqui ? recusado por vergonha. Essa ? a praga do orgulho. E aqueles que s?o dementes est?o mais pr?ximos do seu verdadeiro eu." Kristof suspirou. "Quando conheceres Eldof", disse ele, "vais entender. N?o h? ningu?m como ele, nem nunca haver?." Gwen podia ver o fanatismo nos seus olhos, podia ver o qu?o perdido ele estava naquele lugar, naquele culto, e ela sabia que ele estava demasiado perdido para sequer voltar para o Rei. Ela olhou rapidamente e viu a filha do Rei ali sentada, sentindo-se cheia de pena dela, de todo aquele lugar, da sua fam?lia despeda?ada. A sua vis?o da imagem perfeita do Cume, da fam?lia real perfeita, tinha-se desmoronando. Aquele lugar, como qualquer outro, tinha o seu pr?prio lado sombrio. Havia uma batalha silenciosa ali e era uma batalha de cren?as. Era uma batalha que Gwen sabia que n?o conseguia ganhar. Nem ela tinha tempo para isso. Gwen pensou na sua pr?pria fam?lia abandonada, e sentiu a urg?ncia premente de salvar o seu marido e o seu filho. A sua cabe?a estava ?s voltas naquele lugar, com o incenso espesso no ar e a falta de janelas a desorientarem-na, e ela queria obter o que precisava e sair. Ela tentou lembrar-se porque ? que tinha ido ali sequer e, ent?o, ela lembrou-se: para salvar o Cume, tal como tinha prometido ao Rei. "O teu pai acredita que esta torre det?m um segredo", disse Gwen, chegando ao ponto, "um segredo que poderia salvar o Cume, poderia salvar o vosso povo." Kristof sorriu e fez figas. "O meu pai e as suas cren?as", respondeu ele. Gwen franziu as sobrancelhas. "Est?s a dizer que n?o ? verdade?", perguntou ela. "Que n?o existe nenhum livro antigo?" Ele fez uma pausa, desviou o olhar e, depois suspirou profundamente, ficando em sil?ncio por um longo per?odo. Por fim, continuou. "O que te deve ser revelado e quando", disse ele, "ultrapassa-me. Apenas Eldof pode responder ?s tuas perguntas." Um sentimento de urg?ncia come?ou a crescer dentro de Gwen. "Podes levar-me at? ele?" Kristof sorriu, virou-se e come?ou a caminhar pelo corredor. "Certamente", disse ele, andando rapidamente, j? distante, "como uma tra?a em dire??o ? luz." CAP?TULO CINCO Stara estava na plataforma prec?ria, tentando n?o olhar para baixo ? medida que ia sendo puxada cada vez mais para cima na dire??o do c?u, vendo a vista a expandir-se a cada pux?o da corda. A plataforma subia cada vez mais ao longo da borda do Cume. Stara permanecia ali, com o cora??o a bater com for?a, disfar?ada, com o capuz puxado para baixo sobre o rosto e o suor a escorrer-lhe pelas costas abaixo enquanto sentia o calor do deserto a aumentar. Estava sufocante t?o l? no alto e o dia mal havia nascido. ? sua volta estavam os sempre presentes sons das cordas, roldanas e rodas a ranger, enquanto os soldados puxavam sem parar, sem nenhum deles perceber quem ela era. Em poucos instantes, a plataforma parou e tudo ficou quieto enquanto ela permanecia no pique do Cume - o ?nico som era o uivo do vento. A vista era impressionante, fazendo-a sentir-se como se estivesse no topo do mundo. Tal trazia-lhe de volta mem?rias. Stara lembrou-se de quando chegou pela primeira vez ao Cume, novata, vinda do Grande Desperd?cio, com Gwendolyn e Kendrick e todos os outros esfalfados, a maioria deles mais morto do que vivo. Ela sabia que tinha tido sorte em ter sobrevivido e, de in?cio, a vista do cume tinha sido um grande dom, tinha sido uma vis?o de salva??o. E, no entanto, agora ali estava ela, preparada para se ir embora, para descer o Cume mais uma vez pelo seu lado mais long?nquo, de volta para o Grande Desperd?cio, de volta para o que poderia ser uma morte certa. Ao lado dela, o seu cavalo empinava-se, com os seus cascos a tatearem a oca plataforma. Ela estendeu a m?o e acariciou a sua crina, tranquilizando-o. Aquele cavalo seria a sua salva??o, a sua passagem para sair dali; ele faria com que a sua passagem pelo Grande Desperd?cio fosse muito diferente do que tinha sido. "N?o me lembro de ordens do nosso comandante sobre esta visita", ouviu-se a voz de comando de um soldado. Stara ficou muito quieta, sabendo que estavam a falar sobre ela. "Ent?o eu terei de colocar essa quest?o diretamente ao seu comandante – ao meu primo, o Rei", respondeu Fithe convictamente, de p? ao lado dela, soando t?o convincente como nunca. Stara sabia que ele estava a mentir. Ela sabia que ele estava a arriscar por ela – e ela ficava-lhe, para sempre, grata por isso. Fithe tinha-a surpreendido por cumprir com a sua palavra, por, como tinha prometido, fazer tudo o que estava ao seu alcance para ajud?-la a sair do Cume, para ajud?-la a ter uma hip?tese de ir por ali fora e encontrar Reece, o homem que amava. Reece. Stara ficava em sofrimento ao pensar nele. Ela iria deixar aquele lugar, por muito seguro que fosse, iria atravessar a Grande Desperd?cio, cruzar oceanos, atravessar o mundo, apenas por uma oportunidade de lhe dizer o quanto o amava. Por muito que Stara odiasse colocar Fithe em perigo, ela precisava daquilo. Ela precisava arriscar tudo para encontrar aquele que amava. Ela n?o conseguia ficar no Cume em seguran?a, por muito glorioso, rico e seguro que fosse, at? ficar com Reece. Os port?es de ferro para a plataforma abriram-se a ranger. Fithe pegou-a pelo bra?o, acompanhando-a. Ela usava o capuz para baixo, com o seu disfarce a dar resultado. Eles sa?ram da plataforma de madeira para o planalto de pedra dura no topo do Cume. Um vento a uivar passou, forte o suficiente para quase os derrubar e desequilibrar e ela agarrou a crina do cavalo, O seu cora??o bateu com for?a ao ver a vasta extens?o, a loucura do que estava prestes a fazer. "Mantem a tua cabe?a baixa e o teu capuz para baixo", Fithe sussurrou urgentemente. "Se eles te veem, veem que ?s uma mi?da, eles v?o perceber que n?o ? suposto estares aqui em cima. E mandam-te para tr?s. Espera at? n?s chegarmos ao extremo mais distante do cume. H? uma outra plataforma ? tua espera para te levar para baixo pelo outro lado. Ela vai levar-te – e somente a ti sozinha." A respira??o de Stara acelerou quando os dois atravessaram o grande planalto de pedra, passando por cavaleiros, andando rapidamente, Stara mantendo a cabe?a para baixo, longe dos olhos curiosos dos soldados. Por fim, eles pararam, e ele sussurrou: "Ok. V?." Stara puxou o capuz para tr?s, com o seu cabelo coberto de suor e, ao faz?-lo, ela ficou atordoada com o que viu: dois s?is enormes e lindos, ainda vermelhos, nascendo na manh? gloriosa do deserto, com o c?u coberto de um milh?o de tons de rosa e roxo. Parecia como se fosse o romper da aurora do mundo. Ao olhar ao longe, ela viu todo o Grande Desperd?cio espalhar-se diante de si, parecendo esticar-se at? ao fim do mundo. Ao longe estava a Parede de Areia em f?ria e, contra si mesma, ela olhou diretamente para baixo. Ela ficou estonteada devido ao seu medo das alturas e, logo a seguir, desejou n?o o ter feito. Ela viu a inclina??o acentuada, desde l? de cima at? ? base do Cume. E diante de si, ela viu uma plataforma solit?ria, vazia, ? sua espera. Stara virou-se e olhou para Fithe, que olhou para ela seriamente. "Tens a certeza?", perguntou ele suavemente. Ela conseguia ver nos olhos dele o medo que ele tinha por ela. Stara sentiu uma onda de apreens?o a percorr?-la. Mas, depois, pensou em Reece e abanou cabe?a sem hesita??o. Ele acenou de volta para ela gentilmente. "Obrigado", disse ela. "Eu n?o sei como ? que alguma vez te vou retribuir." Ele sorriu-lhe de volta. "Encontra o homem que amas", respondeu ele. "Se n?o posso ser eu, pelo menos, pode ser outra pessoa." Ele pegou na m?o dela, beijou-a, fez-lhe uma v?nia, virou-se e afastou-se. Stara observou-o ir, cheia de apre?o por ele. Se ela n?o tivesse amado Reece da forma que tinha, talvez ele fosse um homem que ela amaria. Stara virou-se, mentalizando-se, segurou a crina do cavalo, e deu o primeiro passo decisivo para a plataforma. Ela tentou n?o olhar para o Grande Desperd?cio, para a jornada diante de si que quase certamente significaria a sua morte. Mas f?-lo. As cordas rangiam e a plataforma balan?ava. ? medida que os soldados baixavam as cordas, um p? de cada vez, ela come?ava a sua descida, sozinha, na dire??o do nada. Reece, pensou, eu posso morrer. Mas vou atravessar o mundo por ti. CAP?TULO SEIS Erec estava na proa do navio, com Alistair e Strom a seu lado. Olhou para baixo, para as ?guas transbordantes do rio do Imp?rio. A corrente furiosa bifurcou o navio para a esquerda, para longe do canal que os teria levado para Volusia, para Gwendolyn e os outros - e ele sentiu-se destro?ado. Ele queria salvar Gwendolyn, ? claro; e, no entanto tamb?m tinha de cumprir o voto sagrado que tinha feito aos alde?es libertados, de libertar a aldeia vizinha deles e acabar com a guarni??o do Imp?rio nas proximidades. De qualquer das formas, se ele n?o o fizesse, de seguida, os soldados do Imp?rio em breve matariam os homens libertados, e todos os esfor?os de Erec para libert?-los teriam sido em v?o, deixando a aldeia deles nas m?os do Imp?rio mais uma vez. Erec olhou e estudou o horizonte, muito consciente do facto de que cada momento que passava, cada rajada de vento, cada golpe do remo, estava a lev?-los para mais longe de Gwendolyn, da sua miss?o original; e, no entanto, ele sabia que ?s vezes era preciso desviar-se da miss?o, a fim de fazer o que era o mais nobre e mais correto. Ele tinha no??o que, ?s vezes, a miss?o, nem sempre era o que se tinha pensado que seria. ?s vezes era uma mudan?a constante; ?s vezes era uma viagem paralela ao longo do caminho que acabava por se tornar a verdadeira miss?o. Ainda assim, Erec resolveu internamente derrotar a guarni??o do Imp?rio t?o rapidamente quanto poss?vel e bifurcar de volta pelo rio acima em dire??o a Volusia, para salvar Gwendolyn antes que fosse tarde demais. "Senhor!", gritou uma voz. Erec olhou e viu um dos seus soldados, no alto do mastro, apontando para o horizonte. Ele virou-se para ver, e, quando o seu navio passou uma curva do rio e foi apanhado pelas correntes pegou, o sangue de Erec acelerou ao ver um forte do Imp?rio, repleto de soldados, empoleirado ? beira do rio. Era um edif?cio mon?tono, quadrado, constru?do de pedra, baixo, com os vigias do Imp?rio alinhados ao seu redor – no entanto, nenhum observava o rio. Em vez disso, eles estavam todos a observar a aldeia de escravos abaixo, a abarrotar de alde?es, todos sob o chicote e a vara dos vigias do Imp?rio. Os soldados chicoteavam impiedosamente os alde?es, torturando-os nas ruas com trabalhos for?ados, enquanto os soldados acima olhavam para baixo e riam-se da cena. Erec ruborizou-se com indigna??o, fervendo com a injusti?a daquilo tudo. Ele sentiu que se tinha justificado a bifurca??o dos seus homens por aquele caminho rio acima, e sentiu-se determinado a acertar contas e a faz?-los pagar. Poderia ser apenas uma gota no balde da farsa do Imp?rio, e, ainda assim, Erec sabia que nunca se podia subestimar o que a liberdade significava at? mesmo para poucas pessoas. Erec viu as margens alinhadas com navios do Imp?rio, guardados casualmente, nenhum deles suspeitando um ataque. Claro, eles n?o seriam atacados: n?o havia for?as hostis no Imp?rio, nenhuma que o vasto ex?rcito do Imp?rio pudesse temer. Nenhuma, quer dizer, a n?o ser a de Erec. Erec sabia que ainda que ele e os seus homens estivessem em desvantagem num?rica, ainda assim, eles tinham a vantagem da surpresa. Se eles conseguissem atacar suficientemente depressa, talvez eles os conseguissem matar a todos. Erec virou-se para os seus homens e viu Strom ali de p?, ao seu lado, aguardando ansiosamente o seu comando. "Assume o comando do navio ao meu lado", ordenou Erec ao seu irm?o mais novo - e assim que ele proferiu aquelas palavras o seu irm?o explodiu em a??o. Ele correu pelo conv?s, saltou para fora da amurada, para o navio que navegava ao lado deles, onde, rapidamente, ele se dirigiu para a proa e assumiu o comando. Erec virou-se para os seus soldados que se aglomeravam em torno dele, no seu navio, ? espera das suas orienta??es. "Eu n?o quero que eles sejam alertados para a nossa presen?a", disse ele. "Temos de chegar t?o perto quanto poss?vel. Arqueiros – estejam prontos! ", gritou. "E todos voc?s, peguem nas vossas lan?as e ajoelhem-se!" Todos os soldados tomaram as suas posi??es, de c?coras ao longo do amurada, com filas e mais filas de soldados de Erec alinhados, todos a segurar lan?as e arcos, todos bem disciplinados, pacientemente aguardando o seu comando. As correntes apanharam-nos. Erec viu as for?as do Imp?rio a ficarem mais perto e sentiu a adrenalina nas suas veias: a batalha estava no ar. Eles estavam cada vez mais perto, agora apenas a cem jardas de dist?ncia. O cora??o de Erec batia com for?a, esperando n?o serem detetados, sentindo a impaci?ncia de todos os seus homens ao seu redor, esperando para atacar. Eles s? tinham de ficar dentro de alcance e, em cada volta da ?gua, cada p? que eles ganhavam, ele sabia, era inestim?vel. Eles apenas tinham uma oportunidade com as suas lan?as e flechas, e n?o podiam falhar. V? l?, pensou Erec. Apenas um pouco mais perto. Erec ficou preocupado quando, de repente, um soldado do Imp?rio se virou casualmente e examinou as ?guas - e, depois, semicerrou os olhos confundido. Ele estava prestes a v?-los – e era demasiado cedo. Eles ainda n?o estavam dentro de alcance. Alistair, ao lado dele, tamb?m viu isso. Antes de Erec conseguir dar o comando para iniciar a batalha cedo, de repente, ela levantou-se e, com uma express?o confiante e serena, levantou a palma da sua m?o direita. Uma bola amarela apareceu na sua m?o. Ela puxou o bra?o para tr?s e, em seguida, atirou-a para a frente. Erec assistiu espantado ? esfera de luz a flutuar no ar acima deles e a descer sobre eles, como um arco-?ris. Em poucos instantes, uma n?voa apareceu, obscurecendo a sua vis?o, protegendo-os dos olhos do Imp?rio. O soldado do Imp?rio olhava agora para a n?voa, confuso, n?o vendo nada. Erec virou-se e sorriu para Alistair sabendo que, mais uma vez, ele estaria perdido sem ela. A frota de Erec continuou a navegar, agora tudo perfeitamente escondido. Erec olhou para Alistair com gratid?o. "A tua palma ? mais forte do que a minha espada, minha senhora", disse ele com uma v?nia. Ela sorriu. "Ainda ? a tua batalha venceres", ela respondeu. Os ventos levavam-nos mais para perto e a n?voa mantinha-se com eles. Erec conseguia ver todos os seus homens em pulgas para dispararem as suas flechas, para lan?arem as suas lan?as. Ele entendia; a sua lan?a tamb?m lhe fazia c?cegas na palma da sua m?o. "Ainda n?o", ele sussurrou para os seus homens. Ao se separarem da n?voa, Erec come?ou a vislumbrar os soldados do Imp?rio. Eles estavam sobre as muralhas, com as costas musculadas a brilhar, erguendo os chicotes e chicoteando os alde?es, com o estalo dos seus chicotes a ser aud?vel mesmo a partir dali. Outros soldados olhavam para o rio, claramente convocados pelo homem de vigia, e todos espreitavam desconfiados para a n?voa, como se a suspeitar de algo. Erec estava t?o perto agora, com os seus navios quase a trinta jardas de dist?ncia. Ele sentia o seu cora??o a latejar nos seus ouvidos. A n?voa de Alistair come?ou a dissipar-se e ele sabia que tinha chegado o momento. "Arqueiros!", comandou Erec. "Fogo!" Dezenas dos seus arqueiros, todos em cima e em baixo na sua frota, puseram-se em posi??o, fizeram mira e dispararam. O c?u encheu-se com o som das flechas a sa?rem das cordas e a navegarem pelo ar - e o c?u escureceu com a nuvem das mortais pontas de flecha, voando alto em arco e, em seguida, girando para baixo para a margem do Imp?rio. Um momento depois soaram gritos pelo ar, quando a nuvem de flechas mortais desceu sobre os soldados do Imp?rio que abundavam no forte. A batalha havia come?ado. Por todo o lado soavam trombetas, ? medida que a guarni??o do Imp?rio era alertada e se reunia para se defender. "LAN?AS!", gritou Erec. Strom foi o primeiro a ficar de p? e a atirar a sua lan?a, uma bela lan?a prateada, que assobiava pelos ares enquanto voava a uma velocidade tremenda, encontrando, de seguida, um lugar no cora??o atordoado do comandante do Imp?rio. Erec arremessou a sua, apoiado nos seus calcanhares, juntando-se ao atirar a sua lan?a dourada e matando um comandante do Imp?rio do outro lado do forte. Todos os homens nas fileiras em cima e em baixo na sua frota juntaram-se, arremessando as suas lan?as e matando soldados do Imp?rio atordoados, que mal tiveram tempo para reunir. Dezenas deles ca?ram. Erec sabia que a sua primeira rajada tinha sido um sucesso; contudo, ainda restavam centenas de soldados. Quando o navio de Erec parou, mal tocando na costa, ele soube que tinha chegado o momento do combate corpo-a-corpo. "ATACAR!", gritou ele. Erec sacou da sua espada, saltou para cima da amurada e, depois, pelo ar, caindo de uma altura de uns bons quinze p?s e pousando nas margens de areia do Imp?rio. Todos os seus homens ? sua volta o seguiram, centenas seguramente, todos a avan?arem pela praia, esquivando-se das flechas e lan?as do Imp?rio, enquanto estouravam para fora da n?voa e pela areia aberta na dire??o do forte do Imp?rio. Os soldados do Imp?rio agruparam-se, tamb?m, apressando-se ao seu encontro. Erec preparou-se quando um desmedido soldado do imp?rio avan?ou diretamente na sua dire??o, gritando, levantando o seu machado e balan?ando-o de lado na dire??o da sua cabe?a. Erec baixou-se, esfaqueou-o no est?mago, e apressou-se. Erec, com os seus reflexos de batalha a entrarem em a??o, esfaqueou um outro soldado no cora??o, evitou um golpe de machado de outro e, de seguida, virou-se e golpeou-o no peito. Outro avan?ou para ele, por tr?s, e, ele, sem se virar, deu-lhe uma cotovelada no rim, fazendo-o cair de joelhos. Erec corria pelas fileiras de soldados, mais depressa e com mais for?a do que qualquer um no campo e, liderando os seus homens como um de cada vez, eles abatiam os soldados do Imp?rio, fazendo o seu caminho em dire??o ao forte. O combate intensificou-se, corpo-a-corpo, e aqueles soldados do Imp?rio, quase duas vezes o seu tamanho, eram advers?rios ferozes. Erec estava destro?ado por ver muitos dos seus homens ca?rem em torno dele. Mas Erec, determinado, movia-se como um rel?mpago, com Strom ao seu lado, manobrando-se entre eles pela esquerda e pela direita. Ele atravessou a praia como um dem?nio libertado do inferno. Em poucos instantes tinha conseguido. Na areia tudo estava calmo, j? que a praia, estava agora vermelha, cheia de cad?veres, a maioria deles os corpos dos soldados do Imp?rio. Muitos deles, por?m, eram os corpos dos seus pr?prios homens. Erec, cheio de f?ria, avan?ou para o forte, ainda repleto de soldados. Ele subiu os degraus de pedra ao longo da sua borda, com todos os seus homens a seguirem-no, e foi de encontro a um soldado que vinha a correu por ali abaixo direto a ele. Ele apunhalou-o no cora??o, bem antes de ele conseguir baixar na sua cabe?a um martelo de duas m?os. Erec afastou-se e o soldado, morto, caiu pelos degraus abaixo, ao seu lado. Outro soldado apareceu, golpeando na dire??o de Erec antes de ele conseguir reagir. Strom chegou-se ? frente e com um grande estrondo e uma chuva de fa?scas, bloqueou o golpe antes de este conseguir alcan?ar o seu irm?o e deu uma cotovelada no soldado com o punho da espada, derrubando-o pela borda fora e fazendo-o gritar at? ? sua morte. Erec continuou a avan?ar, subindo quatro degraus de cada vez at? chegar ao n?vel superior do forte de pedra. As dezenas de soldados do Imp?rio que permaneciam no n?vel superior estavam agora aterrorizados, vendo todos os seus irm?os mortos - e ao verem Erec e os seus homens a alcan?am pisos superiores, eles viraram-se e come?aram a fugir. Eles correram para o lado oposto do forte, para as ruas da aldeia - e, ao fazerem-no, tiveram uma surpresa: os alde?es estavam agora encorajados. As suas express?es de medo tinham-se transformado em express?es de raiva e, como um, eles revoltaram-se. Eles viraram-se contra os seus captores do Imp?rio, arrebataram-lhes os chicotes das m?os e come?aram a chicote?-los enquanto eles fugiam para o outro lado. Os soldados do Imp?rio n?o estavam ? espera daquilo e, um por um, ca?ram sob os chicotes dos escravos. Os escravos continuaram a chicote?-los enquanto eles estavam estendidos no ch?o, uma e outra vez sem parar, at? que, finalmente, eles pararam de se mover. A justi?a tinha sido servida. Erec ficou ali, no topo do forte, respirando com dificuldade, com os seus homens a seu lado, fazendo um balan?o no sil?ncio. A batalha tinha acabado. L? em baixo, foi preciso um minuto para os alde?es atordoados processarem o que tinha acontecido, mas em poucos instantes eles fizeram-no. Um de cada vez, eles come?aram a dar vivas e uma grande ova??o ergueu-se no c?u, cada vez mais alto. Os seus rostos estavam cheios de pura alegria. Era uma ova??o de liberdade. Erec sabia que aquilo fazia com que tudo valesse a pena. Ele sabia que aquilo era o que significava a valentia. CAP?TULO SETE Godfrey estava sentado no ch?o de pedra no aposento subterr?neo do pal?cio de Silis, com Akorth, Fulton, Ario e Merek a seu lado, Dray a seus p?s, e Silis e os homens dela ? frente deles. Estavam todos tristes, de cabe?a baixa, com as m?os sobre os joelhos, todos sabendo que estavam num vel?rio. O aposento tremia com os baques da guerra l? em cima, da invas?o de Volusia, com o som da cidade deles a ser saqueado e a reverberar nos seus ouvidos. Estavam todos ali, ? espera, enquanto os Cavaleiros dos Sete despeda?avam Volusia em peda?os, por cima das suas cabe?as. Godfrey tomou outro longo gole do seu saco de vinho, o ?ltimo saco deixado na cidade, tentando atenuar a dor, a certeza da sua morte iminente nas m?os do Imp?rio. Ele olhou fixamente para os seus p?s, questionando-se como ? tudo tinha chegado ?quilo. H? luas atr?s, ele estava seguro e protegido dentro do Anel, desperdi?ando a sua vida a beber, sem outras preocupa??es para al?m de qual a taberna e o bordel a visitar a cada noite. Agora, ali estava ele, do outro lado do mar, no Imp?rio, preso no subsolo, numa cidade sob ru?na, tendo-se emparedado a ele mesmo no seu pr?prio caix?o. A sua cabe?a zumbia e ele tentava limpar a sua mente, tentava concentrar-se. Ele persentia o que os seus amigos estavam a pensar, podia senti-lo no desprezo dos seus olhares: eles nunca lhe deviam ter dado ouvidos; eles deviam todos ter escapado quando tiveram a oportunidade. Se eles n?o tivessem voltado para tr?s por Silis, eles poderiam ter chegado ao porto, embarcado num navio, e estarem agora longe de Volusia. Godfrey tentou consolar-se com o facto de que ele havia, pelo menos, retribu?do um favor e havia salvado a vida daquela mulher. Se ele n?o a tivesse alcan?ado a tempo de avis?-la para descer, ela ainda estaria certamente l? em cima e j? morta. Isso tinha de valer alguma coisa, mesmo que n?o fosse t?pico dele. "E agora?", perguntou Akorth. Godfrey virou-se e viu-o a olhar para si com um olhar acusador, proferindo a pergunta que assolava claramente as mentes de todos eles. Godfrey olhou ? volta e examinou o pequeno e escuro aposento, com tochas a cintilar e quase a apagarem-se. As suas parcas provis?es e um saco de cerveja eram tudo o que tinham, l? a um canto. Era um vel?rio. Ele ainda conseguia ouvir o som da guerra l? em acima, mesmo atrav?s daquelas paredes espessas, questionando-se quanto tempo ? que eles conseguiriam sobreviver ?quela invas?o. Horas? Dias? Quanto tempo levaria at? que os Cavaleiros dos Sete conquistassem Volusia? Ser? que eles se iriam embora? "N?o ? a n?s que eles querem", observou Godfrey. "? o Imp?rio a lutar contra o Imp?rio. Eles t?m uma vingan?a pendente contra Volusia. Eles n?o t?m nenhum problema connosco." Silis abanou a cabe?a. "Eles v?o ocupar este lugar", disse ela com sobriedade, com a sua voz forte a cortar o sil?ncio. "Os Cavaleiros dos Sete nunca recuam." Ficaram todos em sil?ncio. "Ent?o, quanto tempo ? que conseguimos viver aqui?", perguntou Merk. Silis abanou a cabe?a e olhou para as provis?es deles. "Uma semana, talvez", ela respondeu. De repente, ouviu-se um tremendo estrondo l? em cima, e Godfrey estremeceu ao sentir o ch?o a tremer debaixo dele. Silis levantou-se num ?pice, agitada, a andar de um lado para o outro, a observar o teto ? medida que o p? come?ava a cair em cima deles. Soava como uma avalanche de pedras por cima deles. Ela examinava-o como uma propriet?ria preocupada. "Eles fizeram fissuras no meu castelo", disse ela, mais para si do que para eles. Godfrey viu uma express?o de dor no seu rosto, e reconheceu-o como o olhar de algu?m que perdeu tudo o que tinha. Ela virou-se e olhou para Godfrey, agradecida. "Estaria l? em cima agora, se n?o tivesses sido tu. Salvaste as nossas vidas." Godfrey suspirou. "E para qu??", perguntou ele, aborrecido. "Para que ? que serviu? Para que possamos todos morrer aqui?" Silis parecia sorumb?tica. "Se permanecermos aqui", Merk perguntou: "vamos todos morrer?" Silis virou-se para ele e assentiu com tristeza. "Sim", respondeu ela secamente. "N?o hoje ou amanh?, mas dentro de alguns dias, sim. Eles n?o conseguem chegar aqui - mas n?s n?o conseguimos ir l? a cima. Em breve, as nossas provis?es v?o acabar." "Ent?o, e agora?", perguntou Ario, encarando-a. "Pretendes morrer aqui em baixo? Porque eu, por mim, n?o." Silis andava de um lado para o outro, com a sobrancelha franzida, e Godfrey conseguia v?-la a pensar muito e intensamente. Ent?o, finalmente, ela parou. "H? uma hip?tese", disse ela. "? arriscado. Mas pode ser que resulte." Ela virou-se e olhou para eles. Godfrey prendeu a respira??o com esperan?a e expectativa. "No tempo de meu pai, havia uma passagem subterr?nea sob o castelo", disse ela. "Que vai pelas paredes do castelo. N?s poder?amos encontr?-la, se ainda existir, e sair ? noite, sob a cobertura da escurid?o. Podemos tentar ir pela cidade, para o porto. Podemos levar um dos meus navios, se ainda restar algum, e sair deste lugar a navegar." Um sil?ncio, longo e incerto, caiu sobre a sala. "Arriscado", disse Merk finalmente, com uma sua voz grave. "A cidade estar? cheia com o Imp?rio. Como ? que vamos atravess?-la sem sermos mortos?" Silis encolheu os ombros. "Verdade", respondeu ela. "Se eles nos apanharem, seremos mortos. Mas se sairmos quando estiver escuro o suficiente, e matarmos qualquer um que se ponha no nosso caminho, talvez cheguemos ao porto." "E se encontramos esta passagem e chegarmos ao porto, mas os teus navios n?o estiverem l??", perguntou Ario. Ela encarou-o. "Nenhum plano ? certo", disse ela. "Podemos muito bem morrer l? fora - e podemos muito bem morrer aqui em baixo." "A morte vem para todos n?s", Godfrey entrou na conversa, sentindo um novo prop?sito ao levantar-se e encarar os outros, sentindo uma sensa??o de determina??o ao superar os seus medos. "? uma quest?o de como desejamos morrer: aqui em baixo, encolhidos como ratos? Ou l? em cima, almejando a nossa liberdade?" Lentamente, um de cada vez, todos se levantaram. Eles encararam-no e todos assentiram solenemente de volta. Ele sabia, naquele momento, que um plano havia sido formado. Eles iriam fugir naquela noite. CAP?TULO OITO Loti e Loc caminhavam lado a lado sob o sol ardente do deserto, algemados um ao outro, enquanto eram chicoteados pelos vigias do Imp?rio que seguiam atr?s deles. Caminhavam atrav?s do deserto e Loti indagava-se, mais uma vez, porque ? que o seu irm?o os tinha oferecido para aquele trabalho perigoso e ?rduo. Teria enlouquecido? "Em que ? que est?s a pensar?", ela sussurrou-lhe. Eles eram empurrados por tr?s e quando Loc perdeu o equil?brio e tombou para a frente, Loti agarrou-o pelo bra?o bom antes de ele cair. "Porque ? que nos havias de oferecer como volunt?rios?", acrescentou. "Olha em frente", disse ele, recuperando o equil?brio. "O que ? que v?s?" Loti olhou em frente e n?o viu nada al?m de um deserto mon?tono diante deles, cheio de escravos e ch?o duro com pedras; mais ? frente, viu uma inclina??o para um cume, no topo do qual, trabalhavam mais uns quantos escravos. Estavam vigias por todo o lado e os chicotes soavam no ar. "N?o vejo nada", respondeu impaciente, "apenas o mesmo de sempre: escravos a serem levados at? ? morte pelos vigias.” De repente Loti sentiu uma dor lancinante nas costas, como se a sua pele estivesse a ser arrancada. Ela gritou ao ser chicoteada nas costas, com o chicote a cortar-lhe a pele. Ela virou-se e viu o rosto carrancudo de um vigia atr?s dela. "Cala-te!", ordenou ele. Loti teve vontade de chorar por causa da dor intensa, mas conseguiu suster-se, continuando a caminhar ao lado de Loc, com as suas algemas a chocalhar sob o sol. Jurou a si mesma que, logo que pudesse, mataria todo o Imp?rio. Continuaram a marchar em sil?ncio. S? se ouvia o som do esmagar das suas botas contra as pedras. Por fim, Loc aproximou-se dela. "N?o ? o que v?s", sussurrou ele, "mas sim o que n?o v?s. Olha bem de perto. L? em cima, no cume." Ela observou a paisagem, mas n?o viu nada. "S? est? um vigia l? em cima. Um. Para duas d?zias de escravos. Olha para tr?s, sobre o vale, e v? quantos l? est?o." Loti olhou furtivamente por cima do ombro, e viu, no vale imediatamente atr?s, dezenas de vigias a supervisionarem escravos que partiam as pedras e cultivavam a terra. Ela virou-se e olhou novamente para o cume, compreendendo pela primeira vez o que o seu irm?o tinha em mente. N?o s? havia apenas um vigia, mas melhor ainda, havia uma zerta ao lado dele. Um meio de fuga. Ela ficou impressionada. Loc assentiu em concord?ncia. "O posto de trabalho mais perigoso ? em cima do cume", sussurrou ele. "O mais quente, o menos desejado, tanto pelos escravos como pelos vigias. Mas isso, minha irm?, ? uma oportunidade." Loti foi subitamente pontapeada nas costas. Desequilibrou-se para a frente juntamente com Loc. Os dois endireitaram-se e continuaram a subir at? ao cume, Loti com falta de ar, tentando recuperar o f?lego debaixo do calor que aumentava ? medida que eles subiam. Mas desta vez, quando ela olhou para cima, sentiu-se otimista e entusiasmada: finalmente, eles tinham um plano. Loti nunca tinha achado que o seu irm?o fosse ousado, t?o disposto a assumir tal risco, a enfrentar o Imp?rio. Mas agora, ao olhar para ele, ela conseguia ver o desespero nos seus olhos, podia ver que, finalmente, ele estava a pensar como ela. Ela via-o sob uma nova luz, e admirava-o muito por isso. Era exatamente o tipo de plano que ela pr?pria teria engendrado. "E as algemas?", sussurrou-lhe ela, ao certificar-se que os vigias n?o estavam a olhar. Loc fez um gesto com a cabe?a. "A sela dele", respondeu Loc. "Olha com aten??o." Loti olhou e viu a longa espada pendurada na sela; ela apercebeu-se que eles podiam us?-la para cortar as algemas. Eles podiam fugir a partir dali. Sentindo-se otimista pela primeira vez desde que havia sido capturado, Loti observava com muita aten??o os outros escravos no topo do pico. Eram todos homens e mulheres destro?ados, corcundas sem pensar nas suas tarefas, sem qualquer pingo de resist?ncia; ela percebeu imediatamente que nenhum deles poderia ser de alguma ajuda para a sua causa. Por ele n?o havia qualquer problema - eles n?o precisam da ajuda deles. Eles apenas precisavam de uma oportunidade e que todos aqueles escravos servissem como uma distra??o. Quando chegaram ao pico do cume, Loti sentiu um pontap? na parte de baixo das costas e trope?ou para a frente, caindo de cara no ch?o. Ela sentiu umas m?os ?speras a levantarem-na por arrasto. O vigia empurrou-a com for?a, antes de se virar e come?ar a descer o cume, deixando-os ali. "Coloquem-se em fila!", gritou um novo vigia, o ?nico no topo do cume. Loti sentiu as suas m?os calejadas a agarrarem a parte de tr?s do seu e a empurrarem-na; as suas correntes chocalhavam enquanto ela corria para a frente, trope?ando no campo de trabalho dos escravos. Foi-lhe dada uma longa enxada com uma ponta de ferro e, depois, foi-lhe dado um ?ltimo empurr?o uma vez que o vigia do Imp?rio esperava que ela come?asse a lavrar com todos os outros. Loti virou-se. Viu Loc fazer-lhe um aceno significativo e ela sentiu o fogo a queimar-lhe as veias; ela sabia que era agora ou nunca. Loti soltou um grito, levantou a enxada, balan?ou-a ? volta, e com toda a sua for?a trouxe-a para baixo. Ela ficou chocada ao sentir o baque, vendo-a alojada na parte de tr?s da cabe?a do vigia. Loti tinha-se virado t?o rapidamente, t?o decisivamente, que ele, claramente, n?o estava ? espera. Ele n?o tinha tido sequer tempo para reagir. Claramente que nenhum daqueles escravos ali, cercado por todos aqueles vigias e sem ter para onde correr, ousaria tal movimento. Loti sentia o zumbido da enxada ao longo dos seus bra?os e m?os. Ela viu primeiro em choque, depois com satisfa??o, que o guarda tinha trope?ado e ca?do. Com as costas ainda a doerem-lhe dos golpes, aquilo sabia a reivindica??o. O seu irm?o aproximou-se, ergueu a sua pr?pria enxada, e, quando o vigia come?ou a contorcer-se, ele trouxe-a diretamente para baixo na parte de tr?s da cabe?a dele. Finalmente, o vigia ficou im?vel. A respirar com dificuldade, coberta de suor, com o seu cora??o ainda a bater com for?a, Loti deixou cair a enxada incr?dula, salpicada com o sangue do homem, e trocou um olhar com o seu irm?o. Eles tinham conseguido. Loti sentia os olhares curiosos de todos os outros escravos ? sua volta. Ela virou-se e viu que estavam todos a assistir, boquiabertos. Apoiaram-se todos nas suas enxadas, pararam de trabalhar e lan?aram-lhes um olhar horrorizado e incr?dulo. Loti sabia que n?o tinha tempo a perder. Ela corria, com Loc ao seu lado, algemados um ao outro, ? zerta. Levantou a longa espada da sela da zerta com ambas as m?os, erguendo-a, e virou-se. "Cuidado!", gritou ela para Loc. Ele preparou-se e ela baixou a espada com toda a sua for?a, cortando as correntes. Tal provocou fa?scas. Ela sentiu a satisfa??o da liberdade pelo facto das suas correntes terem sido cortadas. Ao virar-se para se ir embora ela ouviu um grito. "E n?s!?", gritou uma voz. Loti virou-se e viu os outros escravos a correrem, estendendo as suas algemas. Ela virou-se e viu as zerta ? espera. Ela sabia que o tempo era precioso. Ela queria ir para leste o mais depressa poss?vel, para Volusia, o ?ltimo lugar para onde ela sabia que Darius estava a ir. Talvez ela o encontrasse l?. Mas, ao mesmo tempo, ela n?o aguentava ver as suas irm?s e irm?os algemados. Loti correu para a frente, pelo meio da multid?o de escravos, cortando correntes ? esquerda e ? direita, at? ficarem todos livres. Ela n?o sabia onde ? que eles iriam agora que eram livres - mas, pelo menos, eram livre para fazer o que quisessem. Loti virou-se, montou a zerta, e estendeu a m?o para Loc. Ele deu-lhe a sua m?o boa e ela puxou-o para cima – de seguida, ela deu um pontap? com for?a nas costelas da zerta. Quando partiram, Loti estava euf?rica com a sua liberdade. Ela j? conseguia ouvir ao longe os gritos dos vigias do Imp?rio, detetando-a. Mas ela n?o esperou. Virou e levou a zerta pelo cume abaixo, descendo a encosta oposta, com ela e o seu irm?o a entrarem de rompante pelo deserto, para longe dos vigias – e para o outro lado da liberdade. CAP?TULO NOVE Darius olhou para cima em choque, olhando fixamente para os olhos do misterioso homem que estava ajoelhado sobre ele. O pai dele. Quando Darius olhou nos olhos do homem, toda a no??o de tempo e espa?o desapareceu, toda a sua vida congelou naquele momento. De repente, tudo fez sentido: aquela sensa??o que Darius tinha tido desde o momento em que o tinha visto. Aquele olhar familiar, aquele algo que lhe repuxava a consci?ncia, que o incomodava desde que eles se tinham encontrado. O pai dele. A palavra nem parecia real. L? estava ele, ajoelhando-se sobre si, tendo acabado de salvar a vida de Darius, tendo bloqueado um golpe mortal de um soldado do Imp?rio, um que certamente teria matado Darius. Ele tinha arriscado a sua vida para se aventurar por ali, sozinho, na arena, no momento em que Darius estava prestes a morrer. Ele tinha arriscado tudo por ele. O seu filho. Mas porqu?? "Pai", disse Darius de volta, a sussurrar, em rever?ncia. Darius sentiu uma onda de orgulho ao perceber que era da fam?lia daquele homem, daquele bom guerreiro, o melhor guerreiro que ele j? conhecera. Isso f?-lo sentir que talvez ele pudesse ser um grande guerreiro, tamb?m. O seu pai agarrou-lhe a m?o com firmeza e for?a. Ele levantou Darius, e, ao faz?-lo, Darius sentiu-se renovado. Sentiu como se tivesse uma raz?o para lutar, uma raz?o para ir em frente. Darius imediatamente baixou-se, apanhou a sua espada do ch?o. Em seguida, virou-se, e, juntamente com o seu pai, enfrentaram a horda de soldados do Imp?rio que se aproxima. Com aquelas criaturas horrendas agora mortas, todas mortas pelo seu pai, as cornetas tinham soado e o Imp?rio tinha enviado uma nova vaga de soldados. A multid?o rugia. Darius olhou para os rostos hediondos dos soldados do Imp?rio que avan?avam contra eles, empunhando longas lan?as. Darius focou-se e sentiu o mundo a desacelerar ao preparar-se para lutar pela sua vida. Um soldado avan?ou e atirou uma lan?a para a sua cara. Darius desviou-se precisamente antes de ela o atingir no olho; Ele ent?o virou-se e, quando o soldado se aproximou para o enfrentar, Darius esmagou a sua t?mpora com o punho da espada, derrubando-o no ch?o. Darius agachou-se quando outro soldado balan?ou uma espada na dire??o da sua cabe?a, e, em seguida, saltou para a frente e esfaqueou-o no est?mago. Outro soldado atacou vindo de lado, com a sua lan?a direcionada ?s costelas de Darius, movendo-se com demasiada rapidez para Darius conseguir reagir; no entanto, ele ouviu o som de madeira a bater em metal, e ele virou-se agradecido ao ver o seu pai aparecer e usar o seu bast?o para bloquear a lan?a antes de aquela atingir Darius. Ele ent?o aproximou-se e espetou o bast?o entre os olhos do soldado, derrubando-o no ch?o. O seu pai girava com o seu bast?o, enfrentando o grupo de atacantes. O som do seu bast?o enchia o ar enquanto ele, aos golpes, afastava, uma lan?a ap?s a outra. O seu pai dan?ava entre os soldados, como uma gazela a ondular-se atrav?s dos homens. Ele empunhava o seu bast?o graciosamente, girando e golpeando habilmente os soldados, com golpes assertivos na garganta, entre os olhos, no diafragma, derrubando homens em todas as dire??es. Ele era como um rel?mpago. Darius, inspirado, lutava como um homem possu?do ao lado do seu pai, extraindo para fora de si energia; ele golpeava, agachava-se e espetava, com a sua espada a ressoar contra as espadas dos outros soldados, com fa?scas a voar enquanto ele avan?ava sem medo na dire??o do grupo de soldados. Eles eram maiores do que ele, mas Darius tinha mais esp?rito, e ele, ao contr?rio deles, estava a lutar pela sua vida - e pela do seu pai. Ele desviou mais do que um golpe destinado ao seu pai, salvando-o de uma morte imprevista. Darius fez cair soldados por todos os lados. O ?ltimo soldado do Imp?rio dirigiu-se apressadamente para Darius, erguendo uma espada por cima da cabe?a com ambas as m?os – e, ao faz?-lo, Darius avan?ou e apunhalou-o no cora??o. Os olhos do homem arregalaram-se e ele congelou lentamente, caiu no ch?o, morto. Darius mantinha-se perto do seu pai, os dois de costas um para o outro, respirando com dificuldade, examinando a sua fa?anha. Ao redor deles, os soldados do Imp?rio jaziam mortos. Eles tinham sido vitoriosos. Darius sentiu que ali, ao lado do seu pai, ele poderia enfrentar qualquer coisa que o mundo atira-se para cima dele; ele sentiu que, juntos, eles eram uma for?a impar?vel. E parecia surreal estar realmente a lutar ao lado do seu pai, que ele sempre tinha sonhado que era um grande guerreiro. Afinal, o seu pai n?o era apenas uma pessoa comum. Ouviu-se um coro de cornetas e a multid?o aclamou. De in?cio, Darius esperava que eles estivessem a aclamar a sua vit?ria, mas, a seguir, enormes portas de ferro abriram-se no outro lado da arena e ele sabia que o pior estava apenas a come?ar. Ouviu-se o som de uma trombeta, mais alto do que qualquer uma que Darius j? tivesse ouvido, e ele levou um momento para perceber que n?o era a trombeta de um homem - mas sim, a tromba de um elefante. Enquanto olhava para o port?o, com o seu cora??o a bater em antecipa??o, apareceram, de repente, para sua surpresa, dois elefantes, todos pretos, com longas e reluzentes presas brancas, com os focinhos contorcidos de raiva e inclinando-se para tr?s, levantando a tromba. O ru?do sacudiu o pr?prio ar. Eles levantaram as suas patas dianteiras e, em seguida, baixaram-nas com tanta for?a que tal fez abanar o ch?o, fazendo com que Darius e o seu pai se desequilibrassem. Acima deles cavalgavam soldados do Imp?rio, empunhando lan?as e espadas, vestindo armaduras da cabe?a aos p?s. Darius observou-os, olhando para aquelas bestas, maiores do tudo o que ele tinha visto na sua vida: ele sabia que n?o havia nenhuma maneira que ele e seu pai poderem ganhar. Ele virou-se e viu o seu pai ali parado, sem medo, n?o recuando enquanto estoicamente encarava a morte de frente. Tal deu forces a Darius. "N?s n?o conseguimos ganhar, Pai", disse Darius, afirmando o ?bvio, enquanto os elefantes come?avam a avan?ar. "N?s j? ganh?mos, meu filho", disse o pai. "Ficando aqui de p? e encarando-os, n?o virando as costas e fugindo, j? os derrot?mos. Os nossos corpos podem morrer aqui hoje, mas a nossa mem?ria continuar? viva - e ser? uma mem?ria de valentia!" Sem outra palavra, o pai dele soltou um grito e avan?ou para o ataque, e Darius, inspirado, gritou e avan?ou ao seu lado. Os dois correram ao encontro dos elefantes, o mais r?pido que conseguiam, sem sequer hesitar em encontrar a morte de frente. O momento do impacto n?o foi o que Darius esperava. Ele esquivou-se de uma lan?a quando o soldado, em cima do elefante, a atirou para baixo na sua dire??o. Ent?o ele levantou a sua espada e golpeou o p? do elefante quando este avan?ou diretamente para si. Darius n?o sabia como atacar um elefante, ou se o golpe teria sequer qualquer impacto. N?o teve. O golpe de Darius mal arranhou a sua pele. A enorme besta, enfurecida, baixou o seu tronco e abanou-o para os lados, atingindo Darius nas costelas. Darius foi projetado trinta p?s pelo ar, sentindo o vento a bater-lhe, e caiu de costas, rebolando na terra. Ele rebolava sem parar, tentando recuperar o f?lego e ouvindo os gritos abafados da multid?o. Ele virou-se e tentou vislumbrar o seu pai, preocupado com ele. De soslaio ele viu-o a arremessar a sua lan?a, apontando para um dos enormes olhos do elefante, e a rebolar para se afastar do elefante que tinha avan?ado na sua dire??o. Era um golpe perfeito. A lan?a alojou-se firmemente no seu olho e, com isso, o elefante gritou e ergueu a sua tromba, com os seus joelhos a dobrarem-se e a cair no ch?o, rebolando, levando consigo o outro elefante numa enorme nuvem de poeira. Darius levantou-se, inspirado e determinado, fixando o seu olhar num dos soldados do Imp?rio, que tinha ca?do e estava a rebolar pelo ch?o. O soldado colocou-se de joelhos e, em seguida, virou-se e, ainda a segurar a sua lan?a, apontou para as costas do pai de Darius. O seu pai estava ali, desprevenido, e Darius sabia que, em poucos instantes, ele morreria. Darius entrou em a??o. Ele avan?ou para o soldado, ergueu a sua espada e, golpeando, arrancou-lhe a lan?a da m?o - em seguida, deu balan?o e decapitou-o. A multid?o festejou. Mas Darius teve pouco tempo para se deleitar com o seu triunfo: ele ouviu um grande estrondo e, ao virar-se, viu que o outro elefante tinha conseguido levantar-se - e o soldado do Imp?rio que o montava - e estava a atirar-se a ele. Sem tempo para fugir do seu caminho, Darius, de costas, apanhou a lan?a e virou-a para cima quando a pata do elefante desceu. Ele esperou at? ao ?ltimo momento para, em seguida, se desviar a rebolar no momento em que a pata do elefante foi na sua dire??o para esmag?-lo para dentro da terra. Darius sentiu um vento forte no momento em que a pata do elefante passou rapidamente por ele, errando por pouco. De seguida, ouviu um grito e o som da lan?a a impactar em carne. Ele virou-se e viu o elefante a pisar a lan?a. A lan?a subiu pela sua carne adentro, saindo do outro lado. O elefante empinou-se e gritou, correndo em c?rculos e, ao faz?-lo, o soldado do Imp?rio que o montava perdeu o equil?brio e caiu, uns bons cinquenta p?s, gritando enquanto caia para a sua morte, esmagado pela queda. O elefante, ainda louco de raiva, virou-se para o outro lado e bateu em Darius com a sua tromba atirando-o para o ar mais uma vez, caindo na outra dire??o. Darius sentia como se todas as suas costelas se estivessem a partir. Darius arrastou-se de gatas, tentando recuperar o f?lego, olhou para cima e viu o seu pai a lutar valentemente com v?rios soldados do Imp?rio, que haviam sido libertados dos port?es para ajudar os outros. Ele girava, golpeava e espetava com o seu bast?o, derrubando v?rios deles em todas as dire??es. O primeiro elefante que tinha ca?do, com a lan?a ainda no seu olho, conseguiu levantar-se, era chicoteado novamente por outro soldado do Imp?rio que tinha saltado para as suas costas. Sob a sua dire??o, o elefante empinou-se e, em seguida, avan?ou diretamente para o pai de Darius que, desprevenido, continuava a lutar contra os soldados. Darius estava a ver o que estava a acontecer e ficou ali, impotente, com o seu pai demasiado longe de si e ele n?o n?o conseguindo chegar l? a tempo. A velocidade do tempo abrandou quando ele viu o elefante a virar-se diretamente para ele. "N?O!", gritou Darius. Darius viu com horror o elefante a correr para a frente, diretamente na dire??o do seu desprevenido pai. Darius correu pelo campo de batalha, apressando-se para salv?-lo a tempo. No entanto, ele sabia, mesmo enquanto corria, que era in?til. Era como ver o seu mundo a desmoronar-se em c?mara lenta. O elefante baixou as suas presas, avan?ou para a frente para atacar, e empalou o seu pai pelas costas. O seu pai gritou, com sangue a escorrer-lhe da boca, enquanto o elefante o erguia no ar. Darius sentiu seu pr?prio cora??o a fechar-se ao ver o seu pai, o guerreiro mais corajoso que ele j? tinha visto, no ar, empalado pelas presas, lutando para se libertar mesmo quando estava a morrer. "PAI!", gritou Darius. CAP?TULO DEZ Thorgrin estava na proa do navio, agarrando com for?a o punho da sua espada. Olhou, em choque e horror, para o enorme monstro marinho que emergia das profundezas da ?gua. Era da mesma cor do mar de sangue, e, ao erguer-se cada vez mais para o alto, lan?ou uma sombra sobre a pouca luz que havia naquela Terra do Sangue. Abriu as suas enormes mand?bulas, revelando dezenas de fileiras de dentes, e lan?ou os seus tent?culos em todas as dire??es, alguns deles mais compridos do que o navio, como se uma criatura das profundezas do inferno estivesse a aproximar-se para lhes dar um abra?o. Em seguida, ele mergulhou na dire??o do navio, pronto para engoli-los a todos. Ao lado de Thorgrin, Reece, Selese, O'Connor, Indra, Matus, Elden e Angel, todos seguravam as suas armas, mantendo-se firmes sem medo perante aquela besta. Thor ficou ainda mais determinado ao sentir a Espada dos Mortos a vibrar na sua m?o. Ele sabia que tinha de entrar em a??o. Ele tinha de proteger Angel e os outros e sabia que n?o podia esperar que a besta chegasse at? eles. Thorgrin saltou para a frente na dire??o da besta, para cima da amurada, ergueu a espada acima da cabe?a, e, quando um dos tent?culos se dirigiu a si a balan?ar de um lado para o outro, ele virou-se e cortou-o. O enorme tent?culo, separado, caiu para o navio com um som oco, balan?ando o barco, deslizando, em seguida, pelo conv?s at? colidir com a amurada. Os outros tamb?m n?o hesitaram. O'Connor soltou uma saraivada de flechas para os olhos do animal, enquanto Reece cortava outro tent?culo que descia na dire??o da cintura de Selese. Indra atirou a sua lan?a, perfurando o seu peito, Matus deu balan?o ao mangual, cortando outro tent?culo e Elden usou o seu machado, cortando dois de uma vez s?. Como uma, a Legi?o atirou-se sobre aquela besta, atacando-a como uma m?quina bem afinada. O animal gritava de raiva, tendo perdido v?rios dos seus tent?culos, perfurado por flechas e lan?as, claramente apanhado de surpresa pelo ataque coordenado. O seu primeiro ataque tinha sido detido. Ele gritava ainda mais alto em frustra??o, atirou-se para o ar, e, em seguida, como a mesma rapidez mergulhou sob a superf?cie, criando grandes ondas e deixando o navio a balan?ar no seu rastro. Thor estacou com o sil?ncio repentino, intrigado, e, por um segundo, pensou que talvez o animal tivesse recuado, que o haviam derrotado, especialmente quando viu a po?a de sangue do animal na superf?cie. Mas depois ele teve uma sensa??o estranha de que, muito rapidamente, tudo tinha ficado muito calmo. E ent?o, demasiado tarde, ele percebeu o que o animal estava prestes a fazer. "ESPEREM!", gritou Thor para os outros. Assim que Thor pronunciou as palavras, sentiu o seu navio a subir das ?guas de uma forma inst?vel, cada vez mais alto, at? ficar ar, nos tent?culos do animal. Thor olhou para baixo e viu a besta sob o navio, com os seus tent?culos envoltos a toda a volta, da proa ? popa. Ele preparou-se para o acidente que estava prestes a acontecer. A besta arremessou o navio pelos ares, como se fosse um brinquedo. Todos eles tentavam agarrar-se ? sua preciosa vida, at? que, por fim, o navio aterrou no oceano, balan?ando violentamente. Thor e os outros largaram o navio, deslizando atrav?s da plataforma em todas as dire??es, embatendo na madeira enquanto o navio abanava e se virava. Thor vislumbrou Angel a escorregar pelo conv?s na dire??o da amurada, prestes a passar por cima da borda, e esticou-se e agarrou a sua pequena m?o, segurando-a firme enquanto ela olhava para ele em p?nico. Por fim, o navio endireitou-se. Thor levantou-se com dificuldade, assim como os outros, preparando-se para o ataque seguinte. De imediato, ele viu o animal a nadar em dire??o a eles a toda a velocidade, agitando os seus tent?culos. O animal agarrou o navio por todos os lados, com os seus tent?culos a rastejar por cima da borda, sobre o conv?s, indo na dire??o deles. Thor ouviu um grito e viu Selese com um tent?culo envolto no seu tornozelo, a deslizar pela plataforma, sendo atirada ao mar. Reece girou e cortou o tent?culo, mas, com a mesma rapidez, outro tent?culo agarrou o bra?o de Reece. Cada vez mais tent?culos rastejavam sobre o navio e, quando Thor sentiu um na sua pr?pria coxa, olhou ? volta e viu todos os seus irm?os da Legi?o a balan?arem descontroladamente, cortando tent?culos. Para cada um que eles cortavam, apareciam mais dois. O navio estava todo coberto. Thor sabia que se n?o fizesse algo em breve, iriam todos ser sugados para baixo de uma vez por todas. Ele ouviu um grito, no alto do c?u, e, quando olhou para cima, viu uma das criaturas demon?acas libertadas do inferno, a voar bem l? no alto, olhando para baixo com um olhar ir?nico enquanto se afastava a voar. Thor fechou os olhos, sabendo que aquele era um de seus testes, um dos momentos monumentais na sua vida. Ele tentou apagar o mundo, focar-se interiormente. Na sua forma??o. Em Argon. Na sua m?e. Nos seus poderes. Ele era mais forte do que o universo, ele sabia disso. Havia poderes dentro dele, poderes acima do mundo f?sico. Aquela criatura era desta terra – no entanto, os poderes de Thor eram maiores. Ele conseguia convocar as for?as da natureza, os pr?prios poderes que tinham criado aquela besta, e envi?-la de volta para o inferno de onde ela tinha vindo. Thor sentiu o mundo a abrandar ? sua volta. Sentiu um calor a subir pelas palmas das suas m?os, espalhando-se pelos seus bra?os, pelos seus ombros e de volta novamente, a picar, at? as pontas dos dedos. Sentindo-se invenc?vel, Thor abriu os olhos. Ele sentiu um poder incr?vel a brilhar atrav?s deles, o poder do universo. Thor esticou o bra?o e colocou a m?o sobre o tent?culo da besta, e, ao faz?-lo, ele incinerou-o. A besta retirou-o imediatamente da sua coxa, como se estivesse a ser queimada. Thor permanecia ali de p?, um novo homem. Ele virou-se e viu a cabe?a da besta a ergue-se ao longo da borda do navio, abrindo a sua mand?bula, preparando-se para engoli-los a todos. Ele viu os seus irm?os e irm?s da Legi?o a deslizarem, prestes a serem arrastados por cima da borda. Thor soltou um grande grito de guerra e avan?ou para a besta. Ele atirou-se a ela antes de ela conseguir alcan?ar os outros, abrindo m?o da sua espada e, em vez disso, agarrando-a com as suas ardentes palmas das m?os. Ele agarrou o rosto do animal e colocou as m?os em cima, e, ao faz?-lo, sentiu-as a incinerar o rosto do animal. Thor agarrava a besta com for?a enquanto esta gritava e se contorcia, tentando libertar-se. Lentamente, um tent?culo de cada vez, o animal come?ou a largar o barco, e Thor sentiu o seu poder a crescer dentro de si. Ele agarrou o animal firmemente e levantou ambas as m?os, sentindo o peso do animal a erguer-se cada vez mais alto no ar. Em poucos instantes, aquele estava a pairar por cima das palmas das m?os de Thor. O poder dentro de si mantinha o animal a flutuar. Ent?o, quando o animal estava a uns bons trinta p?s acima, Thor virou-se e lan?ou as m?os para a frente. O animal saiu disparado a voar para a frente, por acima do navio, a guinchar, caindo aos trambolh?es. Navegou pelo ar uns bons cem p?s, at? que finalmente ficou inerte. Caiu no mar com um grande chap?o e, em seguida, afundou-se sob a superf?cie. Morto. Thor ficou ali, no sil?ncio, com todo o seu corpo ainda quente. Lentamente, um de cada vez, os outros reagruparam-se, levantando-se e chegando-se ao p? de si. Thor permanecia ali, respirando com dificuldade, atordoado, olhando para o mar de sangue. No horizonte, os seus fixaram-se sobre o castelo preto, que pairava sobre aquela terra, o lugar que, ele sabia, detinha o seu filho. Havia chegado a hora. N?o havia nada agora que o detivesse, e estava na hora, finalmente, de recuperar o seu filho. CAP?TULO ONZE Volusia estava diante dos seus muitos assessores nas ruas da capital do Imp?rio, a olhar em choque para o espelho na sua m?o. Ela examinou a sua nova cara de todos os ?ngulos – metade dela ainda era bonita e a outra metade estava desfigurada, derretida - e ela sentiu uma onda de repulsa. O fato de que metade da sua beleza ainda permanecia, at? certo ponto, tornava tudo pior. Teria sido mais f?cil, ela percebeu, se todo o seu rosto tivesse ficado desfigurado – assim ela n?o conseguia lembrar-se de nada do seu anterior aspeto. Volusia recordava-a da sua deslumbrante boa apar?ncia, a raiz do seu poder, que a tinha levado por todos os acontecimento na vida, que lhe tinha permitido manipular homens e mulheres da mesma maneira, colocar os homens de joelhos aos seus p?s com um ?nico olhar. Agora, tudo isso tinha desaparecido. Agora, ela era apenas mais uma mi?da de dezassete anos de idade - e pior, meio-monstro. Ela n?o conseguia suportar ver o seu pr?prio rosto. Numa explos?o de raiva e desespero, Volusia atirou o espelho para o ch?o e viu-o a partir-se em peda?os nas ruas imaculadas da capital. Todos os seus conselheiros estavam ali, em sil?ncio, olhando para longe, todos sabendo que isso era melhor do que falar com ela naquele momento. Tamb?m ficou claro para ela, enquanto observava os seus rostos, que nenhum deles queria olhar para ela, para ver o horror em que a sua cara agora estava. Volusia olhou ? volta ? procura dos Volks, ansiosa por os despeda?ar, mas eles j? se tinham ido embora, tendo desaparecido logo a seguir a terem lan?ado sobre ela o terr?vel feiti?o. Ela tinha sido avisada para n?o juntar for?as com eles e agora ela percebia que todos os avisos estavam certos. Ela tinha pago um elevado pre?o por isso. Um pre?o que era irrevers?vel. Volusia queria descarregar a sua raiva em algu?m e os seus olhos ca?ram sobre Brin, o seu novo comandante, um guerreiro escultural apenas alguns anos mais velho que ela, que andava a cortej?-la h? luas. Jovem, alto, musculado, com uma apar?ncia deslumbrante, andava a cobi??-la desde que ela o tinha conhecido. No entanto, agora, para f?ria dela, ele nem sequer iria encontrar o seu olhar. "Tu", sibilou Volusia para ele, quase incapaz de se conter. "Ser? que agora nem sequer vais olhar para mim?" Volusia ruborizou-se quando ele olhou para cima sem se cruzar com o olhar dela. Ela sabia que aquele agora era o seu destino, para o resto da sua vida, ser vista como uma aberra??o. "Causo-te repulsa agora?", ela perguntou, ficando desesperada. Ele baixou a cabe?a, mas n?o respondeu. "Muito bem", disse ela, finalmente, depois de um longo sil?ncio, determinada a vingar-se em algu?m,"ent?o eu ordeno-te: vais olhar para o rosto que mais odeias. Vais provar-me que eu sou bonita. Vais dormir comigo." O comandante olhou para os olhos dela, pela primeira vez, com medo e horror na sua express?o. "Deusa?", perguntou ele, com a voz embargada, apavorado, sabendo que iria ser confrontado com a morte se desafiasse o seu comando. Volusia sorriu largamente, feliz, pela primeira vez, percebendo que seria a vingan?a perfeita: dormir com o homem que a achava mais repugnante. "Tu primeiro", disse ela, dando um passo para o lado e apontando para o seu quarto. * Volusia estava diante da alta e aberta janela arqueada, no ?ltimo andar do pal?cio da capital do Imp?rio. Cedo, os s?is da manh? nasceram e as cortinas ondulavam na sua cara enquanto ela chorava baixinho. Ela sentia as l?grimas a escorrerem-lhe pelo lado bom do seu rosto, mas n?o pelo outro, o lado derretido. Esse estava dormente. Um ronco suave pontuava no ar. Volusia olhou para tr?s e viu Brin ali, ainda a dormir, com o seu rosto carregado com uma express?o de repulsa, mesmo durante o sono. Ele tinha odiado cada momento em que tinha estado na cama com ela, ela sabia, e isso tinha-lhe trazido alguma pequena vingan?a. No entanto, ela ainda n?o se sentia satisfeita. Ela n?o podia descarregar nos Volks, e, no entanto, ela ainda sentia a necessidade de vingan?a. Era uma fraca vingan?a, mal chegava ao que ela ansiava. Os Volks, afinal de contas, tinham desaparecido, enquanto ali estava ela, na manh? seguinte, ainda viva, ainda presa em si mesma, como teria de estar para o resto da sua vida. Presa com esses olhares, com esse rosto desfigurado, que nem mesmo ela conseguia suportar. Volusia enxugou as l?grimas e olhou para fora, para al?m da linha da cidade, para al?m dos muros da capital, para longe no horizonte. ? medida que os s?is iam nascendo, ela come?ava a ver o tra?o mais leve dos ex?rcitos dos Cavaleiros dos Sete, com as suas bandeiras pretas a revestirem o horizonte. Eles estavam ali acampados e os seus ex?rcitos estavam a cavalgar. Eles estavam a cerc?-la lentamente, reunindo milh?es de todos os cantos do Imp?rio, todos a prepararem-se para invadir. Para a derrotar. Ela dava as boas-vindas ao confronto. Ela sabia que n?o precisava dos Volks. Ela n?o precisava de nenhum dos seus homens. Ela conseguia mat?-los sozinha. Ela era, afinal, uma deusa. Ela havia deixado o reino dos mortais h? muito tempo e agora ela era uma lenda, uma lenda que ningu?m e nenhum ex?rcito no mundo conseguia deter. Ela iria saud?-los sozinha e mat?-los a todos, para todo o sempre. E ent?o, finalmente, n?o haveria ningu?m para confront?-la. E ent?o, os seus poderes seriam supremos. Volusia ouviu um barulho atr?s dela e pelo canto do olho, detetou movimento. Ela viu Brin a levantar-se da cama, atirando os len??is e come?ando a vestir-se. Ela viu-o a esgueirar-se por ali, com cuidado para n?o fazer barulho, e percebeu que ele pretendia escapar do quarto antes de ela o ver - para que ele nunca mais tivesse de olhar para a sua cara novamente. E isso acrescentava insulto ? inj?ria. "Oh, Comandante", disse ela casualmente. Ela viu-o congelar de medo; ele virou-se e olhou para ela com relut?ncia, e, ao faz?-lo, ela sorriu-lhe, torturando-o com o grotesco dos seus l?bios derretidos. "Vem c?, comandante", disse ela. "Antes de sa?res, h? algo que eu te quero mostrar." Ele virou-se lentamente e caminhou, atravessando o quarto at? chegar ao p? dela. Ele ficou ali, a olhar, a olhar para qualquer lado menos para a sua cara. "N?o tens um beijo de despedida doce para a tua Deusa?", perguntou ela. Ela viu-o a recuar muito ligeiramente e sentiu uma nova raiva a arder dentro de si. "Esquece", acrescentou ela, com a sua express?o a ficar sombria. "Mas h?, pelo menos, algo que eu te quero mostrar. D? uma olhadela. V?s l? fora, no horizonte? V? mais de perto. Diz-me o que v?s l? em baixo." Ele chegou-se ? frente e ela colocou uma m?o no seu ombro. Ele inclinou-se e examinou o horizonte, e, ao faz?-lo, ela viu que ele, confundido, franziu a testa. "N?o vejo nada, Deusa. Nada fora do comum." Volusia sorriu largamente, sentindo a velha vingan?a a crescer dentro de si, sentindo a velha necessidade de viol?ncia, de crueldade. "Olha mais de perto, Comandante", disse ela. Ele inclinou-se para a frente, apenas um pouco mais, e, num movimento r?pido, Volusia agarrou a sua camisa por tr?s e com toda a sua for?a, atirou-o pela janela com a cara voltada para baixo. Brin gritava enquanto se agitava e ca?a pelo ar, cem p?s, at?, finalmente, cair de cara na rua l? em baixo, morrendo instantaneamente. O baque reverberou nas ruas habitualmente tranquilas. Volusia sorriu amplamente, examinando o seu corpo, finalmente, com um sentimento de vingan?a. "Est? a ver-te a ti mesmo", ela respondeu. "Quem ? o menos grotesco de n?s agora?" CAP?TULO DOZE Gwendolyn caminhava pelos corredores sombrios da torre dos Ca?adores de Luz, com Krohn ao seu lado, caminhando lentamente pela circular rampa acima, ao longo das paredes do edif?cio. O caminho estava revestido com tochas e devotos do culto, de p? silenciosamente concentrados, com as m?os escondidas nas suas vestes. A curiosidade de Gwen aprofundava-se, enquanto ela continuava a subir um n?vel ap?s o outro. O filho do rei, Kristof, tinha-a levado at? metade do caminho, ap?s a reuni?o deles. Em seguida, tinha-se virado e descido, instruindo-a de que ela teria de completar a viagem sozinha para ver Eldof, que s? ela, sozinha conseguiria enfrent?-lo. A forma como todos eles falavam sobre ele, era como se ele fosse um deus. C?nticos suaves preenchiam o ar pesado com incenso, enquanto Gwen caminhava pela muito gradual rampa acima, questionando-se: Que segredo guardava Eldof? Ser? que ele lhe iria transmitir o conhecimento que ela precisava para salvar o Rei e salvar o Cume? Ser? que ela alguma vez seria capaz de resgatar a fam?lia do Rei deste lugar? Gwen virou numa esquina e, de repente, a torre abriu-se, e ela perdeu o f?lego com a vista. Ela entrou numa c?mara com um teto de cem p?s de altura e paredes forradas com janelas de vitral do ch?o ao teto. Havia uma luz t?nue, cheia de escarlates, roxos e rosas, emprestando ? c?mara uma qualidade et?rea. E o que ainda o tornava mais surreal era ver um homem sentado sozinho naquele vasto lugar, no centro da sala, com os raios de luz a descerem sobre si como se para o iluminarem a ele e a ele s?. Eldof. O cora??o de Gwen bateu com for?a ao v?-lo ali sentado na extremidade da c?mara, como um deus que tinha ca?do do c?u. Ele estava ali sentado, com as m?os dobradas no seu brilhante manto de ouro, com a sua cabe?a implacavelmente calva, num enorme e magn?fico trono esculpido em marfim, com tochas em ambos os lados da rampa que levava at? l?, iluminando obliquamente a sala. Aquela c?mara, o trono, a rampa - era mais inspirador do que aproximar-se de um Rei. Ela percebeu imediatamente porque ? que o Rei se sentia amea?ado pela sua presen?a, pelo seu culto, por aquela torre. Era tudo projetado para inspirar temor e subservi?ncia. Ele n?o lhe acenou, nem sequer reconheceu a sua presen?a. Gwen, n?o sabendo mais o que fazer, come?ou a percorrer o longo caminho dourado que ia at? ao trono dele. Enquanto ia, ela viu que, afinal, ele n?o estava ali sozinho, pois ofuscados nas sombras, estavam fileiras de devotos todos alinhados, de olhos fechados, com as m?os enfiadas nos seus mantos, revestindo a rampa. Ela questionava-se sobre quantos milhares de seguidores ele teria. Por fim, ela parou a alguns p?s diante do seu trono e olhou para cima. Ele olhou para ela com olhos que pareciam antigos, azul-gelo, brilhantes. Ao sorrir para ela, o eu olhar n?o era caloroso. Eles eram hipnotizantes. Lembrava-a de estar na presen?a de Argon. Ela n?o sabia o que dizer, enquanto ele olhava para baixo; era como se ele estivesse a olhar para a sua alma. Ela ficou ali, no sil?ncio, ? espera at? que ele estivesse pronto. Ao seu lado, ela sentia Krohn contra?do, igualmente apreensivo. "Gwendolyn do Reino Ocidental do Anel, filha do Rei MacGil, ?ltima esperan?a para a salva??o do seu povo - e do nosso", pronunciou ele lentamente, como se estivesse a ler um manuscrito antigo, com a voz mais profunda que alguma vez ela tinha ouvido, soando como se ressoasse da pr?pria pedra. Os olhos dele penetravam nos dela e a sua voz era hipn?tica. Ao olhar para eles, ela perdeu todo a no??o de espa?o, tempo e lugar. Gwen j? se sentia a ser sugada para dentro do seu culto de personalidade. Sentia-se em transe, como se n?o conseguisse olhar para mais lado nenhum, mesmo se tentasse. Imediatamente, ela sentiu como se ele fosse o centro do mundo dela, e compreendeu de uma vez por todas como todas aquelas pessoas o tinham passado a venerar e a segui-lo. Gwen olhava para ele, momentaneamente sem palavras, algo que raramente tinha acontecido com ela. Ela nunca se tinha sentido t?o fascinada - ela, que tinha estado perante muitos Reis e Rainhas; ela, que ela pr?pria era Rainha; ela, a filha de um Rei. Aquele homem tinha uma qualidade, algo que ela n?o conseguia descrever; por um momento, ela at? se esqueceu porque tinha ido ali. Finalmente, ela limpou a sua mente o tempo suficiente para ser capaz de falar. "Eu vim", come?ou, "porque…" Ele riu-se, interrompendo-a, com um som curto, profundo. "Eu sei porque vieste", disse ele. "Eu sabia mesmo antes de tu saberes. Eu sabia da tua chegada a este lugar - de facto, eu soube mesmo antes de teres cruzado o Grande Desperd?cio. Eu sabia da sua partida do Anel, da tua viagem para as Ilhas Superiores e das tuas viagens pelo mar. Eu sei do teu marido, Thorgrin, e do teu filho, Guwayne. Eu tenho observado-vos com grande interesse, Gwendolyn. H? s?culos, que eu vos observo." Gwen sentiu um arrepio ao ouvir as suas palavras, com a familiaridade desta pessoa que ela n?o conhecia. Ela sentiu um formigamento nos bra?os, pela sua coluna acima, indagando-se como ? que ele sabia de tudo aquilo. Ela sentia-se que, estando na sua ?rbita, ela n?o conseguiria escapar mesmo se tentasse. "Como ? que sabes isso tudo?", perguntou ela. Ele sorriu. "Eu sou Eldof. Eu sou tanto o in?cio como o fim do conhecimento." Ele levantou-se e ela ficou chocada ao ver que ele era duas vezes mais alto do que qualquer homem que ela conhecia. Ele aproximou-se, descendo a rampa, e com os seus olhos t?o hipnotizantes, Gwen sentiu como se n?o se conseguisse mover na sua presen?a. Era t?o dif?cil concentrar-se diante dele, ter um pensamento independente. Gwen for?ou-se a clarear o seu pensamento, a concentrar-se no que a tinha levado ali. "O teu Rei precisa de ti", disse ela. "O Cume precisa de ti." Ele riu-se. "O meu Rei?", repetiu ele com desd?m. Gwen for?ou-se a insistir. "Ele acredita que tu sabes como salvar o Cume. Ele acredita que tu lhe est?s a esconder um segredo, um que poderia salvar este lugar e todas essas pessoas." "E estou", respondeu ele categoricamente. Gwen foi apanhada de surpresa com a sua imediata e franca resposta, e mal sabia o que dizer. Ela estava ? espera que ele negasse. "Est?s?", perguntou ela, espantada. Ele sorriu, mas n?o disse nada. "Mas porqu??", perguntou ela. "Porque ? que n?o partilhas esse segredo?" "E porque ? que haveria de o fazer?", perguntou ele. "Porqu??", perguntou ela, perplexa. "Claro que para salvar este reino, para salvar o seu povo." "E porque eu iria querer fazer isso?", pressionou ele. Gwen cerrou os olhos, confusa; ela n?o tinha ideia de como responder. Finalmente, ele suspirou. "O teu problema", disse ele, "? que tu acreditas que todos devem ser salvos. Mas ? a? que est?s enganada. Tu olhas para o tempo na lente de meras d?cadas; eu vejo-o em termos de s?culos. Tu olhas para as pessoas como indispens?veis; eu vejo-as como meras engrenagens da grande roda do destino e do tempo." Ele aproximou-se ainda mais, com os seus olhos a arder. "Algumas pessoas, Gwendolyn, est?o destinadas a morrer. Algumas pessoas precisam de morrer." "Precisam de morrer?", perguntou ela, horrorizada. "Algumas devem morrer para libertar outras", disse ele. "Algumas devem cair para que outras possam ascender. O que torna uma pessoa mais importante do que outra? Um lugar mais importante do que outro?" Ela ponderou as suas palavras, cada vez mais confusa. "Sem destrui??o, sem desperd?cio, n?o era poss?vel o crescimento. Sem as areias vazias do deserto, n?o pode haver nenhuma base sobre a qual construir as grandes cidades. O que ? que ? mais importante: a destrui??o, ou o crescimento que se segue? N?o compreendes? O que ? que ? a destrui??o a n?o ser uma funda??o?" Gwen, confusa, tentava entender, mas as palavras dele s? aprofundavam a sua confus?o. "Ent?o vamos ficar parados e deixar o Cume e o seu povo morrer?", perguntou ela. "Porqu?? Como ? que isso te beneficiaria?" Ele riu-se. "Porque tudo tem sempre de ser por um benef?cio?", perguntou ele. "Eu n?o vou salv?-los porque n?o ? suposto eles serem salvos", disse ele enfaticamente. "Este lugar, este Cume, n?o ? suposto sobreviver. ? suposto ele ser destru?do. ? suposto este Rei ser destru?do. ? suposto todas essas pessoas serem destru?das. E n?o me compete a mim estar no caminho do destino. Foi-me concedido o dom de ver o futuro - mas isso ? um presente que eu n?o devo abusar. Eu n?o vou mudar o que vejo. Quem sou eu para me meter no caminho do destino?" Gwendolyn n?o conseguia deixar de pensar em Thorgrin, em Guwayne. Eldof sorriu largamente. "Ah, sim", disse ele, olhando diretamente para ela. "O teu marido. O teu filho." Gwen olhou para ele, chocada, questionando-se como ? que ele tinha lido a sua mente. "Tu queres tanto ajud?-los", acrescentou ele, abanando a cabe?a. "Mas ?s vezes n?o se pode mudar o destino." Ela corou e sacudiu as palavras dele, determinada. "Eu vou mudar o destino", disse ela enfaticamente. "Custe o que custar. Mesmo se eu tiver de desistir da minha pr?pria alma." Eldof olhava para ela prolongada e duramente, estudando-a. "Sim", disse ele. "Vais, n?o vais? Eu consigo ver essa for?a dentro de ti. O esp?rito de uma guerreira." Ele examinou-a, e pela primeira vez ela viu um pouco de certeza na express?o dele. "Eu n?o esperava encontrar isso dentro de ti", ele continuou, humildemente. "H? uns quantos selecionados, como tu, que t?m o poder de mudar o destino. Mas o pre?o que vais pagar ? muito grande." Ele suspirou, como se sacudindo uma vis?o. "Em qualquer caso", ele continuou, "tu n?o vais mudar o destino aqui - n?o no Cume. A morte est? a vir para aqui. O que eles precisam n?o ? de um salvamento - mas de um ?xodo. Eles precisam de um novo l?der, para lev?-los atrav?s do Grande Desperd?cio. Eu acho que j? sabes que tu ?s esse l?der." Gwen sentiu um arrepio ao ouvir as suas palavras. Ela n?o conseguia imaginar-se a ter for?a para passar por tudo aquilo novamente. "Como ? que eu os posso levar?", perguntou ela, exausta s? de pensar. "E para onde ? que nos resta ir? Estamos no meio do nada.” Ele virou-se, caindo em sil?ncio, e quando come?ou a afastar-se, Gwen sentiu um s?bito desejo ardente de saber mais. "Diz-me", disse ela, correndo e agarrando o bra?o dele. Ele virou-se e olhou para a m?o dela, como se uma cobra lhe tivesse a tocar, at? que, por fim, ela removeu-a. V?rios dos seus monges precipitaram-se para fora das sombras e ficaram por perto, olhando para ela iradamente, at? que, finalmente, Eldof acenou para eles, e eles retiraram-se. "Diz-me", disse-lhe ele: "Eu vou responder-te uma vez. S? uma vez. O que ? que desejas saber?" Gwen respirou fundo, desesperada. "Guwayne", disse ela, sem f?lego. "O meu filho. Como ? que eu o tenho de volta? Como ? que eu mudo o destino?" Ele olhou para ela longa e duramente. "A resposta tem estado diante de ti desde sempre, e ainda assim tu n?o v?s." Gwen atormentou o seu c?rebro, desesperada para saber, e, no entanto, ela n?o conseguia entender o que era. "Argon", acrescentou ele. "Ainda h? um segredo que ele tem tido medo de te contar. ? a? que a tua resposta est?." Gwen ficou chocada. "Argon?", perguntou ela. "Argon sabe?" Eldof abanou a cabe?a. "Ele n?o sabe. Mas o seu mestre sabe." A mente de Gwen rebobinou. "O seu mestre?", perguntou ela. Gwen nunca tinha considerado que Argon tinha um mestre. Eldof assentiu. "Exige que ele te leve at? ele", disse ele, com inevitabilidade na sua voz. "As respostas que vais receber v?o surpreender-te at? mesmo a ti." CAP?TULO TREZE Mardig pavoneava-se pelos corredores do castelo com determina??o, com o cora??o a bater com for?a ao contemplar com a sua mente o que estava prestes a fazer. Ele esticou o bra?o e com uma m?o suada agarrou a adaga escondida na sua cintura. Ele percorria o mesmo caminho que havia percorrido um milh?o de vezes antes - o caminho para ver o seu pai. A c?mara do Rei n?o estava muito longe agora. Mardig fazia as curvas e contracurvas dos familiares corredores, passando por todos os guardas, que, ao verem o filho do rei, faziam a v?nia em rever?ncia. Mardig sabia que tinha pouco a temer deles. Ningu?m tinha qualquer ideia do que ele estava prestes a fazer. E ningu?m saberia o que tinha acontecido at? muito tempo depois de o ato estar feito – e o reino era dele. Mardig sentia um turbilh?o de emo??es conflituantes enquanto se obrigava a colocar um p? na frente do outro, com os joelhos a tremer, for?ando-se a manter-se determinado ? medida que se preparava para fazer o ato que havia contemplado a sua vida inteira. O seu pai havia-o sempre oprimido, nunca havia concordado com ele, enquanto havia concordado os seus outros filhos guerreiros. At? havia concordado mais com a sua filha do que com ele. Tudo porque ele, Mardig, tinha escolhido n?o participar naquela cultura de cavalaria; tudo porque ele preferia beber vinho e perseguir mulheres - em vez de matar outros homens. Aos olhos do seu pai, isso fazia dele um falhan?o. O seu pai havia desaprovado tudo o que Mardig fazia. Os seus olhos de desaprova??o seguiam-no em cada esquina. Mardig havia sempre sonhado com o dia do ajuste de contas. E, ao mesmo tempo, Mardig poderia apoderar-se do poder para si mesmo. Todos esperavam que o reinado ca?sse nas m?os do seu irm?o mais velho, Koldo, ou se n?o nas m?os dele, ent?o nas m?os do irm?o g?meo de Mardig, Ludvig. Mas Mardig tinha outros planos. Mardig virou a esquina e os soldados que guardavam a porta fizeram uma v?nia em rever?ncia, voltando-se para a abrir para si sem sequer lhe perguntar porqu?. Mas, de repente, um deles parou, inesperadamente, virou-se e olhou para ele. "Meu senhor", disse ele, "o Rei n?o nos informou que ia haver visitas, esta manh?." O cora??o de Mardig come?ou a bater com for?a. Ele esfor?ou-se por parecer destemido e confiante; virou-se e olhou para o soldado, um olhar de legitimidade, at? que, por fim, viu que o soldado parecia inseguro de si mesmo. "E eu sou um mero visitante?", questionou Mardig friamente, fazendo o seu melhor para parecer destemido. O guarda afastou-se rapidamente e Mardig entrou. Os guardas fecharam a porta logo a seguir. Mardig pavoneou-se at? ao quarto, e, ao faz?-lo, ele viu os olhos de surpresa do seu pai, que estava de p? ? janela e olhas pensativamente para o seu reino. Ele voltou-se para, confuso. "Mardig", disse o pai, "a que devo o privil?gio? Eu n?o te chamei. Nem tu te incomodaste em visitar-me em nenhuma das luas passadas - a menos que houvesse algo que queiras." O cora??o Mardig batia no seu peito. "Eu n?o te vim pedir nada, Pai", respondeu ele. "Eu vim para levar." O seu pai parecia confuso. "Para levar?", perguntou. "Para levar o que ? meu", respondeu Mardig. Mardig atravessou a c?mara com alguns passos largos, preparando-se, enquanto o seu pai olhava para ele, perplexo. "O que ? que ? teu?", perguntou. Mardig sentia as palmas das suas m?os a suar, com a adaga na sua m?o, n?o sabendo se conseguia ir at? o fim. "O reino, claro", disse ele. Mardig libertou lentamente a adaga da palma da sua m?o, querendo que o seu pai a visse antes de o esfaquear, querendo que o seu pai visse em primeira m?o o quanto ele o odiava. Ele queria ver a sua express?o de medo, de choque e de raiva. Mas, quando o seu pai olhou para baixo, aquele n?o foi o momento que Mardig tinha esperado. Ele tinha esperado que o seu pai resistisse, lutasse tamb?m; mas em vez disso ele olhou para ele com tristeza e compaix?o. "Meu filho", disse ele. "Tu ainda ?s meu filho, apesar de tudo, e eu amo-te. Eu sei que no fundo do teu cora??o, tu n?o queres fazer isto." Mardig estreitou os olhos, confuso. "Eu estou doente, meu filho", continuou o Rei. "Em breve, vou estar morto. Quando eu morrer, o Reino passar? para os teus irm?os, n?o para ti. Mesmo se me matasses agora, n?o ganharias nada com isso. Continuarias a ser o terceiro na linha. Portanto, pousa a tua arma e abra?a-me. Eu ainda te amo, como qualquer pai amaria." Mardig, numa s?bita onda de raiva, com as m?os a tremer, saltou para a frente e enfiou a adaga no fundo do cora??o do seu pai. O seu pai ficou ali, com os olhos esbugalhados de incredulidade, enquanto Mardig o segurava apertado e o olhava nos olhos. "A tua doen?a fez de ti fraco, Pai", disse ele. "H? cinco anos eu nunca conseguiria ter feito isto. E um reino n?o merece um rei fraco. Eu sei que vais morrer em breve - mas isso n?o ? suficiente breve para mim." Por fim, o pai dele, caiu no ch?o, im?vel. Morto. Mardig olhou para baixo, respirando com dificuldade, ainda em choque com o que tinha acabado de fazer. Ele passou a m?o no seu manto, atirou a faca, e esta foi cair com um estrondo no ch?o. Mardig franziu a cara para o seu pai. "N?o te preocupes com os meus irm?os, Pai", acrescentou ele. "Eu tenho um plano para eles, tamb?m." Mardig passou por cima do cad?ver do seu pai, aproximou-se da janela e olhou para a capital l? em baixo. A sua cidade. Agora era toda sua. CAP?TULO CATORZE Kendrick ergueu a sua espada e bloqueou o golpe quando um Caminhante da Areia trouxe a sua garra afiada para baixo na dire??o do seu rosto. O golpe parou com um tinido e com fa?scas a libertarem-se. Kendrick esquivou-se quando a criatura desviou as suas garras da espada e se atirou violentamente ? sua cabe?a. Kendrick girava e golpeava, mas a criatura era surpreendentemente r?pida. A criatura recuou. A espada de Kendrick falhou por pouco. Em seguida, ela lan?ou-se para frente, saltando bem alto e caindo diretamente na dire??o de Kendrick - e, desta vez, ele estava preparado. Ele havia subestimado a velocidade da criatura, mas n?o iria faz?-lo uma segunda vez. Kendrick agachou-se e levantou a espada - deixando a besta empalar-se a si pr?pria, caindo diretamente na l?mina. Kendrick p?s-se de joelhos e virou a sua espada para baixo, cortando as pernas de dois Caminhantes da Areia quando eles vieram na sua dire??o. Ele ent?o virou-se e deu um impulso para tr?s ? sua espada, apunhalando um no intestino precisamente antes de aquele cair de costas. Os animais desciam sobre si vindos de todas as dire??es e Kendrick deu por si no meio de uma acesa batalha, com Brandt e Atme de um lado e Koldo e Ludvig de outro. Os cinco instintivamente apoiavam-se uns aos outros, formando um c?rculo apertado, de costas uns para os outros, golpeando, perfurando e pontapeando, mantendo as criaturas afastadas e protegendo-se uns aos outros. Eles lutavam sem parar sob os s?is abrasadores, sem nenhum lugar para se refugiarem no vasto espa?o aberto. Os ombros de Kendrick do?am-lhe. Ele estava apoiado nos cotovelos em sangue, exausto da sua longa caminhada, exausto da batalha intermin?vel. Eles n?o tinham reservas e nenhum lugar para onde ir, e todos lutavam pelas suas vidas. Os gritos enfurecidos daquelas bestas enchiam o ar quando elas desciam por todos os lados. Kendrick sabiam que tinham de ter cuidado; era uma longa caminhada de volta, e, se algum deles ficasse ferido, seria uma situa??o terr?vel. Enquanto lutava, Kendrick vislumbrou ao longe o rapaz, Kaden, ficando aliviado ao ver que ele ainda estava vivo. Ele lutava, com as m?os e bra?os amarrados atr?s das costas, retido por v?rias criaturas. V?-lo motivou Kendrick, fazendo-o lembrar-se da raz?o pela qual ele tinha ido ali. Ele lutava furiosamente, redobrando os seus esfor?os, tentando golpear todas aquelas bestas para conseguir chegar ao rapaz. Ele n?o gostava da forma como elas o estavam a tratar, e ele sabia que tinha de alcan??-lo antes que as criaturas fizessem algo precipitado. Kendrick gemeu de dor quando, de repente, sentiu um golpe no bra?o. Ele virou-se e viu uma criatura a dar balan?o novamente, descendo com as suas garras afiadas, diretamente na dire??o da sua cara. Ele n?o conseguiu reagir a tempo e preparou-se, ? espera que o golpe rasgasse a sua cara em duas – quando, de repente, Brandt lan?ou-se para a frente e perfurou a criatura no peito com a sua espada, salvando Kendrick no ?ltimo momento. Ao mesmo tempo, Atme adiantou-se e cortou uma criatura exatamente antes de ela conseguir afundar as suas presas na garganta de Brandt. Kendrick, em seguida, girou, golpeando duas criaturas antes de elas descerem sobre Atme. Ele continuava ?s voltas sem parar, rodopiando e golpeando, lutando com todas as criaturas at? ? ?ltima. As criaturas caiam a seus p?s, acumulando-se na areia. A areia estava vermelha de sangue. Kendrick vislumbrou pelo canto do olho, v?rias criaturas a agarrarem Kaden e a come?arem a fugir com ele. O cora??o de Kendrick bateu com for?a; ele sabia que era uma situa??o terr?vel. Se ele os perdesse de vista, eles iriam desaparecer no deserto e eles nunca mais encontrariam Kaden. Kendrick sabia que tinha de ir atr?s a correr. Ele soltou-se da luta, dando cotoveladas as v?rias criaturas para estas se afastarem, e perseguiu o rapaz, deixando os outros a lutar contra as criaturas. V?rias criaturas perseguiam-no. Kendrick voltava-se, pontapeando e golpeando para os deter enquanto continuava. Kendrick sentia-se arranhado por todos os lados, mas isso n?o o fazia parar. Ele teve que alcan?ar Kaden a tempo. Kendrick, vendo Kaden, sabia que tinha que par?-lo; ele sabia que s? tinha uma oportunidade para o fazer. Kendrick tirou uma faca da sua cintura e atirou-a. Esta foi aterrar no pesco?o de uma criatura, matando-a imediatamente antes de ela afundar as suas garras na garganta de Kaden. Kendrick irrompia bruscamente pela multid?o, diminuindo a dist?ncia, correndo na dire??o de Kaden e esfaqueando outra imediatamente antes de ela conseguir acabar com ele. Kendrick tomou uma posi??o defensiva sobre Kaden, que estava deitado no ch?o, amarrado, enquanto matava os seus captores. ? medida que mais criaturas se aproximavam de si vindas de todas as dire??es, Kendrick bloqueava-lhes as garras. Ele viu-se cercado, a golpear em todas as dire??es, mas determinado a salvar Kaden. Os outros, ele conseguia ver, estavam demasiado imersos na batalha para se apressarem a irem ter com Kaden. Kendrick ergueu a espada e golpeou as cordas do rapaz, libertando-o. "Toma a minha espada!", implorou Kendrick. Kaden tirou da bainha de Kendrick a curta espada extra, rodopiou e enfrentou o resto das criaturas, ao lado de Kendrick. Embora fosse jovem, Kendrick via que o rapaz era r?pido, corajoso e ousado. Kendrick estava satisfeito por t?-lo ao seu lado, lutando contra as criaturas. Eles lutavam bem em equipa, abatendo criaturas por todos os lados. Mas, por muito que lutassem, havia demasiadas criaturas, e, em pouco tempo, Kendrick e Kaden ficaram completamente cercados. Kendrick estava a perder for?a e a ficar cansado dos ombros, quando, de repente, ele viu as criaturas come?arem a cair e ouviu um grande grito de guerra por detr?s delas. Kendrick ficou feliz ao ver Koldo, Ludvig, Brandt e Atme a passarem pelas fileiras e a matarem criaturas em todas as dire??es. Incentivado, Kendrick lutou novamente, fazendo um ?ltimo esfor?o, com Kaden ao seu lado. Eles os seis, a lutarem juntos, estavam impar?veis, derrubando todas as criaturas. Kendrick estava ali, em sil?ncio, respirando com dificuldade na areia do deserto, fazendo um balan?o; ele mal podia acreditar no que tinham acabado de fazer. Em torno deles, estavam as carca?as das bestas empilhadas, espalhadas por todos os lados, a areia vermelha de sangue. Ele e os outros estavam cobertos de feridas, arranhados - mas estavam ali todos, vivos. E Kaden, sorrindo de orelha a orelha, estava livre. Kaden aproximou-se e abra?ou cada um deles, um por um, come?ando por Kendrick, olhando para ele profundamente. Ele guardou o abra?o final para Koldo, o seu irm?o mais velho, e Koldo abra?ou-o tamb?m, com a sua pele negra enrugando-se ao c?u. "Nem acredito que me vieste salvar", disse Kaden. "Tu ?s meu irm?o", disse Koldo. "Onde mais ? que eu poderia estar?" Kendrick ouviu um som, olhou e viu os seis cavalos que aquelas criaturas tinham sequestrado, todos amarrados juntos a uma corda - e ele e os outros trocaram olhares c?mplices. Como um, todos eles correram e montaram-se. Ainda mal sentados e j? cavavam os seus calcanhares, incitando os animais a avan?arem, de volta para o Desperd?cio, todos de volta para o Cume, de volta a casa, finalmente. CAP?TULO QUINZE Erec estava na popa do navio, ocupando a parte traseira da sua frota, e olhava para tr?s para verificar, mais uma vez, com ansiedade. Por um lado, ele estava aliviado por terem conseguido dizimar aquela aldeia do Imp?rio e por terem voltado pela bifurca??o do rio em dire??o a Volusia, em dire??o a Gwendolyn; por outro lado, ele tinha pago um pre?o elevado, n?o apenas em homens perdidos, mas em perda de tempo - ele tinha dizimado qualquer que fosse a vantagem que tinha sobre o que restava da frota do Imp?rio. Ao olhar para tr?s, ele via-os a segui-los, demasiado perto, serpenteando o seu caminho rio acima, apenas a algumas centenas de jardas de dist?ncia, navegando com as bandeiras pretas e douradas do Imp?rio. Ele havia perdido a vantagem do seu dia sobre eles, e eles, agora, seguiam-no furiosamente, como um vesp?o a perseguir a sua presa, com os seus navios superiores, melhor tripulada, ficando cada vez mais pr?ximos a cada rajada de vento. Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». 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