Какое, в сущности, нелепое занятие писать стихи: ......................и "глаз луны", и "солнца диск" как мир стары. ............................Души широкие объятия толпе навстречу распахнуть... - ................................................подобный риск к чему тебе? - ........................Глухой стеной - непонимание; раздавлен тяжестью

Sem Pistas

Sem Pistas Blake Pierce Um Mist?rio de Riley Paige #1 Mulheres aparecem mortas nos arredores rurais de Virg?nia, foram assassinadas de forma grotesca e, quando o FBI ? chamado, eles ficam perplexos. Um assassino em s?rie est? ? solta, seus atos s?o cada vez mais frequentes, e eles sabem que h? apenas uma agente boa o suficiente para resolver esse caso: a agente especial Riley Paige. Riley encontra-se afastada do trabalho, recuperando-se do encontro com seu ?ltimo assassino em s?rie. Fr?gil do jeito que est?, o FBI se v? relutante em pedir ajuda ? sua mente brilhante. No entanto, Riley, precisando lutar contra seus pr?prios dem?nios, entra no caso e sua investiga??o a leva ? perturbadora subcultura de colecionadores de bonecas, a casas de fam?lias desfeitas e aos lugares mais sombrios da mente do assassino. ? medida que Riley decifra os mist?rios, ela percebe que est? prestes a encontrar o assassino mais perverso que poderia ter imaginado. Em uma corrida fren?tica contra o tempo, Riley encontra-se pressionada ao limite; seu trabalho est? em jogo; sua pr?pria fam?lia, em perigo e sua fr?gil psique ? beira de um colapso nervoso. Mesmo assim, uma vez que Riley Paige assume um caso, ela n?o desiste. Ela fica obcecada pela investiga??o, levando-a para os cantos mais escuros de sua pr?pria mente, onde a divisa entre ca?a e ca?ador se confundem. Ap?s uma s?rie de reviravoltas inesperadas, seus instintos a conduzem a um cl?max chocante que nem mesmo ela poderia ter imaginado. Um thriller psicol?gico sombrio e com suspense de tirar o f?lego, SEM PISTAS marca a estreia de uma fascinante nova s?rie – e uma nova personagem amada – que o deixar? virando as p?ginas at? tarde da noite. O Livro 2 da s?rie de Riley Paige logo estar? dispon?vel. Blake Pierce Sem Pistas (UM MIST?RIO DE RILEY PAIGE—LIVRO 1) Blake Pierce Blake Pierce ? um ?vido leitor e f? de longa data dos g?neros mist?rio e suspense. SEM PISTAS ? o romance de estreia de Blake. Ele adoraria ouvir a sua opini?o, ent?o, sinta-se ? vontade para visitar o website www.blakepierceauthor.com e inscrever-se na lista de e-mail, receber um livro gr?tis, presentes gr?tis, conectar-se no Facebook e Twitter e mantenha contato! Direitos Reservados © 2015 por Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido pela lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida por nenhuma forma ou meio, ou armazenada em banco de dados ou em sistemas de recupera??o, sem a permiss?o pr?via do autor. Este e-book est? dispon?vel somente para seu uso pessoal. Este e-book n?o deve ser revendido nem doado a outras pessoas.  Se voc? quiser compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, adquira uma c?pia adicional para cada um. Se voc? est? lendo este livro e n?o pagou por ele, ou se este n?o foi comprado apenas para seu uso pessoal, por favor, devolva-o e adquira seu pr?prio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho deste autor. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, locais e incidentes s?o frutos da imagina??o do autor ou s?o utilizados ficticiamente. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou mortas, ? mera coincid?ncia. A ilustra??o da capa ? um direito autoral de GoingTo, usada sob licen?a da Shutterstock.com. LIVROS DE BLAKE PIERCE S?RIE UM THRILLER PSICOL?GICO DE JESSIE HUNT A ESPOSA PERFEITA (Livro #1) O PR?DIO PERFEITO (Livro #2) S?RIE UM THRILLER PSICOL?GICO DE CHLOE FINE A PR?XIMA PORTA (Livro #1) A MENTIRA MORA AO LADO (Livro #2) S?RIE UM MIST?RIO DE KATE WISE SE ELA SOUBESSE (Livro #1) SE ELA VISSE (Livro #2) SE ELA CORRESSE (Livro #3) S?RIE OS PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE ALVOS A ABATER (Livro #1) ? ESPERA (Livro #2) A CORDA DO DIABO (Livro #3) AMEA?A NA ESTRADA (Livro #4) S?RIE UM MIST?RIO DE RILEY PAIGE SEM PISTAS (Livro #1) ACORRENTADAS (Livro #2) ARREBATADAS (Livro #3) ATRA?DAS (Livro #4) PERSEGUIDA (Livro #5) A CAR?CIA DA MORTE (Livro #6) COBI?ADAS (Livro #7) ESQUECIDAS (Livro #8) ABATIDOS (Livro #9) PERDIDAS (Livro #10) ENTERRADOS (Livro #11) DESPEDA?ADAS (Livro #12) SEM SA?DA (Livro #13) ADORMECIDO (Livro #14) S?RIE UM ENIGMA DE MACKENZIE WHITE ANTES QUE ELE MATE (Livro #1) ANTES QUE ELE VEJA (Livro #2) ANTES QUE ELE COBICE (Livro #3) ANTES QUE ELE LEVE (Livro #4) ANTES QUE ELE PRECISE (Livro #5) ANTES QUE ELE SINTA (Livro #6) ANTES QUE ELE PEQUE (Livro #7) ANTES QUE ELE CACE (Livro #8) S?RIE UM MIST?RIO DE AVERY BLACK RAZ?O PARA MATAR (Livro #1) RAZ?O PARA CORRER (Livro #2) RAZ?O PARA SE ESCONDER (Livro #3) RAZ?O PARA TEMER (Livro #4) RAZ?O PARA SALVAR (Livro #5) RAZ?O PARA SE APAVORAR (Livro #6) S?RIE UM MIST?RIO DE KERI LOCKE RASTRO DE MORTE (Livro #1) RASTRO DE UM ASSASSINO (Livro #2) UM RASTRO DE IMORALIDADE (Livro #3) UM RASTRO DE CRIMINALIDADE (Livro #4) UM RASTRO DE ESPERAN?A (Livro #5) PR?LOGO Um novo espasmo de dor fez Reba erguer sua cabe?a com um solavanco. Ela pressionou as cordas que prendiam seu corpo, amarradas em torno de seu est?mago a um cano vertical que havia sido instalado do piso ao teto no meio da pequena sala. Seus pulsos foram amarrados na frente e seus tornozelos estavam atados. Ela percebeu que havia adormecido e foi imediatamente inundada pelo medo. Ela sabia, naquele momento, que o homem iria mat?-la. Devagar, ferimento por ferimento. Ele n?o queria sua morte, tampouco queria sexo. Ele s? queria a sua dor. Eu preciso ficar acordada, ela pensou. Preciso sair daqui. Se eu cair no sono de novo, vou morrer. Apesar do calor da sala, seu corpo nu sentia frio com o suor. Ela olhou para baixo, contorcendo-se, e viu que seus p?s estavam nus sobre o piso de madeira. O ch?o ao redor deles estava coberto com manchas de sangue seco, sinais indiscut?veis de que ela n?o era a primeira pessoa a ter sido amarrada ali. Seu p?nico agravou. Ele tinha ido a algum lugar. A ?nica porta do quarto estava bem fechada, mas ele voltaria. Ele sempre voltava. E ent?o ele faria qualquer coisa em que pudesse pensar para faz?-la gritar. As janelas estavam fechadas com t?buas e ela n?o tinha ideia se era dia ou noite, a ?nica luz vinha do brilho de uma l?mpada pendurada no teto. Onde quer que fosse aquele lugar, parecia que ningu?m poderia ouvir seus gritos. Perguntou-se se aquele c?modo tinha sido o quarto de uma menina; era grotescamente rosa, com temas espiralados e motivos de conto de fadas por toda parte. Algu?m – ela sup?s ser seu raptor – havia destru?do h? muito tempo aquele lugar, quebrando e derrubando bancos, cadeiras e mesas. No ch?o, havia peda?os desmembrados e torsos de bonecas de crian?a espalhados. Pequenas perucas – perucas de boneca – foram pregadas como escalpos nas paredes, a maioria delas tinha tran?as elaboradas, todas tinham cores artificiais de brinquedos. A penteadeira rosa ficava bem ao lado de uma parede, seu espelho em forma de cora??o estava quebrado em pequenos peda?os. A ?nica outra pe?a de mob?lia intacta era uma estreita cama de solteiro com um dossel rosa rasgado. Seu sequestrador descansava ali ?s vezes. O homem a olhava com olhos pequenos e escuros, atrav?s de sua m?scara de esqui. No in?cio, ela tinha pensado muito sobre o fato de ele estar sempre usando aquela m?scara. Se ele n?o queria que ela visse seu rosto, significava que ele n?o planejava mat?-la, que ele poderia deix?-la ir? Mas ela logo percebeu que a m?scara servia a um prop?sito diferente. Ela poderia dizer que o rosto por tr?s dela tinha um queixo recuado e uma testa inclinada, e ela tinha certeza de que as fei??es do homem eram fracas e simples. Embora ele fosse forte, ele era mais baixo do que ela e provavelmente se sentia inseguro sobre isso. Ele usava a m?scara, ela imaginou, para parecer mais aterrorizante. Ela desistiu de tentar convenc?-lo a n?o machuc?-la. No in?cio, ela pensou que conseguiria. Ela sabia que, apesar de tudo, ela era bonita. Ou, pelo menos, costumava ser, ela pensou tristemente. Suor e l?grimas se misturaram em seu rosto machucado, e ela podia sentir o sangue emaranhado em seus longos cabelos loiros. Seus olhos ardiam: ele a fez colocar lentes de contato, tornando mais dif?cil enxergar. S? Deus sabe como est? minha apar?ncia agora. Ela deixou sua cabe?a cair. Morra agora, ela implorou a si mesma. Deveria ser f?cil o bastante faz?-lo. Ela estava certa de que outras pessoas haviam morrido ali antes. Mas ela n?o podia. S? de pensar sobre isso fez seu cora??o bater mais forte, sua respira??o ficou mais pesada, esticando a corda ao redor de seu abd?men. Lentamente, ao se dar conta de que estava enfrentando uma morte iminente, um novo sentimento come?ou a surgir em seu ?mago. N?o era p?nico, nem medo agora. N?o era desespero. Era outra coisa. O que eu estou sentindo? E ent?o ela percebeu. Aquilo era raiva. N?o em rela??o ao seu sequestrador. Ela j? tinha esgotado sua raiva em rela??o a ele h? muito tempo. Sou eu, ela pensou. Estou fazendo o que ele quer. Quando eu grito, choro e imploro, estou fazendo o que ele quer. Toda vez que ela bebia aquele caldo frio e ralo que ele lhe oferecia atrav?s de um canudo, ela estava fazendo o que ele queria. Sempre que ela solu?ava pateticamente que ela era m?e de duas crian?as que precisavam dela, ela o deleitava infinitamente. Sua mente aclarou com esta nova resolu??o e ela finalmente parou de se contorcer. Talvez ela precisasse tentar uma t?tica diferente. Ela esteve lutando arduamente contra aquelas cordas todos aqueles dias. Talvez essa tenha sido a abordagem errada. Elas eram como aqueles pequenos brinquedos de bambu – as armadilhas de dedo chinesas, onde voc? coloca os dedos em cada extremidade do tubo e, quanto mais voc? puxa, mais presos seus dedos ficam. Talvez o truque fosse relaxar deliberada e completamente. Talvez este fosse o jeito de se libertar. M?sculo por m?sculo, ela deixou seu corpo relaxar, sentindo cada ferida, cada machucado onde sua carne tocava as cordas. E, lentamente, ela percebeu onde a tens?o da corda estava. Finalmente, ela encontrou o que precisava. Havia apenas uma pequena folga em torno do seu tornozelo direito. Mas n?o adiantaria puxar, pelo menos n?o ainda. N?o, ela tinha que manter seus m?sculos flex?veis. Ela mexeu seu tornozelo com muito cuidado e, em seguida, com mais for?a ? medida que a corda se soltava. Por fim, para sua alegria e surpresa, seu calcanhar estava solto, e ela conseguiu retirar todo o p? direito. Ela imediatamente analisou o ch?o. Apenas a um p? de dist?ncia, em meio ?s pe?as de bonecas espalhadas, estava a sua faca de ca?a. Ele sempre ria quando a colocava ali, tentadoramente perto. A l?mina, incrustada com sangue, brilhava desdenhosamente sob a luz. Ela balan?ou o p? livre em dire??o ? faca. Ela balan?ou alto demais, errando. Ela deixou seu corpo relaxar novamente. E deslizou apenas algumas polegadas para baixo, ao longo do cano, ent?o esticou seu p? at? que a faca estivesse ao seu alcance. Ela agarrou a l?mina suja entre os dedos dos p?s, arrastou-a pelo ch?o e levantou-a cuidadosamente com o p? at? que o cabo alcan?asse a palma de sua m?o. Ela agarrou firmemente o cabo com os dedos dormentes e a girou, serrando lentamente a corda que prendia seus pulsos. O tempo parecia ter parado enquanto ela prendia sua respira??o, torcendo, rezando, para que ela n?o deixasse a faca cair. Para que ele n?o entrasse. Ent?o ela ouviu um estalo e, para sua surpresa, suas m?os estavam livres. Imediatamente, com o cora??o batendo r?pido, ela cortou a corda em volta da sua cintura. Livre. Ela mal podia acreditar. Por um momento, tudo o que conseguiu fazer foi agachar-se l?, suas m?os e p?s formigavam com o retorno da circula??o total. Ela cutucou as lentes de contato sobre seus olhos, resistindo ? vontade de arranc?-las. Ela cuidadosamente as deslizou para um lado, deu um pequeno belisc?o nelas e as retirou. Seus olhos doeram terrivelmente, foi um al?vio n?o utiliz?-las mais. Quando ela olhou para os dois discos de pl?stico que se encontravam na palma da sua m?o, sua cor a deixou enojada. As lentes eram de azul brilhante, artificial. Ela as descartou. Com o cora??o acelerado, Reba se levantou rapidamente e foi mancando at? a porta. Ela pegou a ma?aneta, mas n?o girou. E se ele estivesse l? fora? Ela n?o tinha escolha. Reba girou a ma?aneta e puxou a porta, que se abriu sem fazer ru?do. Ela olhou para um longo corredor vazio, iluminado apenas por uma abertura em arco ? direita. Ela se arrastou, nua, descal?a e em sil?ncio, e viu que o arco se abria para uma sala mal iluminada. Ela parou e examinou. Era uma sala de jantar simples, com uma mesa e cadeiras, tudo completamente normal, como se uma fam?lia pudesse, em breve, voltar para casa e jantar. Cortinas de renda antigas estavam penduradas nas janelas. Um novo horror subiu por sua garganta. A pr?pria simplicidade do lugar a perturbava de uma forma que nem uma masmorra seria capaz. Atrav?s das cortinas, ela podia ver que estava escuro l? fora. Seus sentidos se intensificaram com o pensamento de que a escurid?o tornaria sua fuga mais f?cil. Ela voltou para o corredor. Ele terminava em uma porta – uma porta que simplesmente tinha que se abrir para o exterior. Ela mancou e apertou a trava de bronze frio. A porta se mexeu pesadamente em dire??o a ela para revelar a noite l? fora. Ela viu uma pequena varanda com um quintal atr?s. O c?u noturno estava sem lua e estrelado. N?o havia nenhuma outra luz em lugar algum – nenhum sinal de casas pr?ximas. Ela andou lentamente para a varanda e para o quintal, que estava seco e sem grama. Ar fresco inundou seus pulm?es doloridos. Misturado com seu p?nico, ela se sentiu euf?rica. A alegria da liberdade. Reba deu seu primeiro passo, preparando-se para correr – quando, de repente, sentiu o aperto duro de uma m?o em seu pulso. Depois veio a risada familiar e feia. A ?ltima coisa que ela sentiu foi um objeto duro – talvez metal – batendo em sua cabe?a e, no momento seguinte, ela estava girando nas profundezas da escurid?o. CAP?TULO 1 Pelo menos o cheiro n?o se alastrou, o agente especial Bill Jeffreys pensou. Ainda inclinado sobre o corpo, ele n?o podia deixar de detectar os primeiros vest?gios do odor. Ele se misturava com o aroma fresco de pinho e a limpa n?voa nascente do riacho – um cheiro de cad?ver que ele deveria ter se acostumado h? muito tempo. Mas ele n?o se acostumara. O corpo nu da mulher tinha sido cuidadosamente disposto em um grande pedregulho na beira do riacho. Ela estava sentada, inclinada sobre outra pedra, com as pernas retas e abertas, as m?os dos lados. Um estranho ?ngulo do bra?o direito, ele podia ver, sugeria um osso quebrado. O cabelo ondulado era obviamente uma peruca, sarnenta, com mechas de tons loiros. Um sorriso rosa foi desenhado com batom na sua boca. A arma do crime ainda estava apertada em volta do pesco?o; ela tinha sido estrangulada com uma fita rosa. Havia uma rosa artificial vermelha sobre a rocha na frente dela, a seus p?s. Bill tentou cuidadosamente levantar a m?o esquerda. N?o se mexeu. "Ela ainda est? em rigor mortis," Bill disse ao agente Spelbren, agachando-se do outro lado do corpo. "Morreu n?o tem nem vinte e quatro horas." "O que h? com os olhos?" Perguntou Spelbren. "Costurados abertos com linha preta," ele respondeu, sem se preocupar em olhar de perto. Spelbren o encarou, incr?dulo. "Verifique por si mesmo," disse Bill. Spelbren fitou aqueles olhos. "Jesus," ele murmurou baixinho. Bill percebeu que ele n?o recuou com nojo. E agradeceu por isso. Havia trabalhado com outros agentes de campo – alguns deles eram veteranos como Spelbren – que estariam vomitando suas entranhas a esta altura. Bill nunca tinha trabalhado com ele antes. Spelbren tinha sido chamado para esse caso de um escrit?rio de campo de Virginia. Tinha sido ideia de Spelbren trazer algu?m da Unidade de An?lise Comportamental em Quantico. Era por isso que Bill estava ali. Jogada inteligente, Bill pensou. Bill podia ver que Spelbren era alguns anos mais jovem do que ele, mas, mesmo assim, ele tinha um olhar experiente e desgastado que ele gostava. "Ela est? usando lentes de contatos," Spelbren observou. Bill observou com mais aten??o. Ele estava certo. Um azul artificial e misterioso o fez desviar o olhar. Estava frio ali no riacho, no final daquela manh?, mas, mesmo assim, os olhos estavam achatados em suas ?rbitas. Seria dif?cil adivinhar a hora exata da morte. Tudo o que Bill sabia era que o corpo tinha sido trazido para l? em algum momento durante a noite e fora cuidadosamente colocado. Ele ouviu uma voz nas proximidades. "Federais de merda." Bill olhou para os tr?s policiais locais, de p? a poucos metros de dist?ncia. Eles estavam sussurrando inaudivelmente agora, ent?o Bill sabia que ele ouvira aquelas palavras bem escolhidas de prop?sito. Eles eram de Yarnell, na vizinhan?a, e claramente n?o estavam felizes de o FBI ter aparecido. Eles pensaram que poderiam lidar com aquilo por conta pr?pria. O chefe da vigil?ncia do Parque Estadual Mosby tinha pensado de forma diferente. Ele n?o estava acostumado a coisas piores do que vandalismo, lixo, pesca ilegal e ca?a, e ele sabia que os moradores de Yarnell n?o seriam capazes de lidar com aquilo. Bill deslocou a dist?ncia de mais de 100 milhas de helic?ptero para que ele pudesse chegar antes do corpo ser movido. O piloto tinha seguido as coordenadas para o terreno de um prado em uma colina pr?xima, onde o chefe da vigil?ncia e Spelbren o encontraram. O chefe os conduziu de carro por algumas milhas em uma estrada de terra e, quando eles estacionaram, Bill p?de vislumbrar a cena do crime desde a estrada. Era apenas uma curta descida at? o riacho. Os policiais, que esperavam impacientemente nas proximidades, j? tinham visto a cena. Bill sabia exatamente o que eles estavam pensando. Eles queriam resolver aquele caso sozinhos; uma dupla de agentes do FBI era a ?ltima coisa que gostariam de ver. Desculpe-me, caipiras, Bill pensou, mas voc?s est?o fora do seu terreno aqui. "O xerife acha que ? tr?fico humano," disse Spelbren. "Ele est? errado." "Por que voc? acha isso?" Bill perguntou. Ele mesmo sabia a resposta, mas queria ter uma ideia de como a mente de Spelbren trabalhava. "Ela est? na casa dos trinta, n?o ? t?o jovem," respondeu Spelbren. "Tem estrias ent?o teve pelo menos um filho. N?o ? o tipo que geralmente pegam." "Voc? est? certo," disse Bill. "Mas e a peruca?" Bill balan?ou a cabe?a. "Sua cabe?a foi raspada," respondeu ele, "ent?o seja l? qual fosse a utilidade da peruca, n?o era para mudar a cor do cabelo." "E a rosa?" Perguntou Spelbren. "Uma mensagem?" Bill examinou. "Flor de tecido barata," ele respondeu. "O tipo que voc? encontraria em qualquer loja de pre?os baixos. Vamos investig?-la, mas n?o descobriremos coisa alguma." Spelbren olhou para ele, claramente impressionado. Bill duvidava que qualquer coisa que encontrassem serviria muito al?m. O assassino estava muito decidido, muito met?dico. Toda aquela cena tinha sido preparada com um certo estilo doentio que o deixava apreensivo. Ele viu os policiais locais ansiosos para chegar mais perto e acabar logo com aquela situa??o. Fotos foram tiradas e o corpo seria removido a qualquer momento. Bill levantou-se e suspirou, sentindo a rigidez nas pernas. Seus quarenta anos estavam come?ando a pesar, pelo menos um pouco. "Ela foi torturada," observou ele, exalando com tristeza. "Olhe para todos estes cortes. Alguns est?o come?ando a cicatrizar. " Ele balan?ou a cabe?a tristemente. "Algu?m ficou com ela por dias antes de colocar essa fita nela." Spelbren suspirou. "O criminoso estava chateado com alguma coisa," disse Spelbren. "Ei, quando ? que vamos encerrar isto aqui?" um dos policiais gritou. Bill olhou em sua dire??o e os viu arrastando os p?s. Dois deles estavam resmungando baixinho. Bill sabia que o trabalho ali j? tinha terminado, mas ele n?o falou nada. Ele preferiu manter aqueles palha?os esperando e sem saber. Ele virou-se lentamente e analisou a cena. Era uma ?rea densamente arborizada, com pinheiros e cedros e muita vegeta??o rasteira, o riacho borbulhava em toda sua serena e buc?lica extens?o em dire??o ao rio mais pr?ximo. Mesmo agora, em pleno ver?o, n?o ficaria muito quente ali, naquele dia, ent?o o corpo n?o apodreceria t?o imediatamente. Mesmo assim, seria melhor tir?-lo dali e envi?-lo logo para Quantico. Os examinadores iriam querer cort?-lo enquanto ainda estivesse razoavelmente fresco. O ve?culo do legista estava estacionado na estrada de terra, atr?s do carro da pol?cia, esperando. A estrada n?o era nada mais do que marcas de pneus paralelos que atravessavam a floresta. O assassino quase certamente havia dirigido por ali. Ele tinha carregado o corpo por uma curta dist?ncia, atrav?s de um caminho estreito, at? aquele local, o arrumou ali e foi embora. Ele n?o teria ficado muito tempo. Mesmo que a ?rea parecesse fora de rota, os vigias patrulhavam regularmente por ali e carros particulares n?o deveriam passar por aquela estrada. Ele queria que o corpo fosse encontrado. Estava orgulhoso de seu trabalho. E fora encontrado por umas duas pessoas que andavam a cavalo no in?cio da manh?. Turistas em cavalos alugados, o vigia havia dito para Bill. Eles eram turistas de Arlington, estavam hospedados em um rancho que imitava o velho oeste, na divisa com Yarnell. O vigia tinha dito que eles estavam um pouco hist?ricos. Eles haviam sido orientados a n?o sair da cidade e Bill planejava falar com eles mais tarde. N?o parecia haver absolutamente nada fora do lugar na ?rea em torno do corpo. O cara tinha sido muito cuidadoso. Ele havia arrastado algo por tr?s enquanto voltava do riacho – uma p?, talvez – para obscurecer suas pr?prias pegadas. Nada deixado intencionalmente ou acidentalmente. Quaisquer marcas de pneus na estrada haviam provavelmente sido obliteradas pelo carro da pol?cia e do legista. Bill suspirou para si mesmo. Droga, ele pensou. Onde est? Riley quando eu preciso dela? Sua parceira de longa data e melhor amiga estava de licen?a involunt?ria, se recuperando do trauma de seu ?ltimo caso. Sim, foi um bem desagrad?vel. Ela precisava de um tempo de folga e, verdade seja dita, ela poderia nunca mais voltar. Mas ele realmente precisava dela agora. Ela era muito mais esperta do que Bill, e ele n?o se importava em admitir isso. Ele adorava ver a mente dela trabalhando. Imaginou-a esmiu?ando aquela cena, detalhe por detalhe min?sculo. Naquele momento ela estaria provocando-o com todas as pistas dolorosamente evidentes que estavam bem diante dele. O que Riley veria ali que Bill n?o conseguia? Ele se sentiu perplexo e n?o gostou da sensa??o. Mas n?o havia mais nada que ele pudesse fazer sobre aquilo agora. "Ok, pessoal," Bill chamou a pol?cia. "Levem o corpo embora." Os policiais riram e se cumprimentaram batendo as m?os. "Voc? acha que ele vai fazer isso de novo?" Perguntou Spelbren. "Eu tenho certeza que sim," disse Bill. "Como voc? sabe?" Bill deu um suspiro longo e profundo. "Porque eu j? vi um de seu trabalho antes." CAP?TULO 2 "E ficou pior para ela a cada dia," disse Sam Flores, trazendo ? tona uma outra imagem horr?vel no enorme display de multim?dia, por cima da mesa de confer?ncia. "At? que ele acabou com ela." Bill tinha adivinhado isso mesmo, mas ele odiava estar certo. O Escrit?rio tinha transportado o corpo para a UAC (Unidade de An?lise de Conduta) em Quantico, os t?cnicos forenses tiraram fotos e o laborat?rio iniciara os testes. Flores, um t?cnico de laborat?rio com ?culos de aro preto, corria o slide show macabro e as telas gigantescas viraram uma amea?adora presen?a na sala de confer?ncias do UAC. "H? quanto tempo ela estava morta antes de o corpo ser encontrado?" Bill perguntou. "Pouco tempo," ele respondeu. "Talvez no in?cio da noite anterior." Ao lado de Bill, sentou Spelbren, que tinha voado para Quantico com ele depois de deixarem Yarnell. Na cabeceira da mesa, sentou o agente especial Brent Meredith, chefe da equipe. Meredith tinha uma presen?a assustadora, com sua ampla estrutura, fei??es angulosas e escuras e seu rosto intolerante. N?o que Bill fosse intimidado por ele, longe disso. Ele gostava de pensar que os dois tinham muito em comum. Ambos eram veteranos e haviam visto de tudo. Flores exibiu uma s?rie de imagens que mostravam as feridas da v?tima de perto. "Os ferimentos do lado esquerdo foram infligidos mais cedo," disse ele. "Aqueles ? direita s?o mais recentes, alguns foram infligidos horas ou at? mesmo minutos antes que ele a estrangulasse com a fita. Ele parece ter ficado progressivamente mais violentos durante a semana ou mais em que ele a manteve em cativeiro. Quebrar o bra?o dela pode ter sido a ?ltima coisa que ele fez enquanto ela ainda estava viva." "As feridas parecem com o trabalho de um criminoso para mim," Meredith observou. "A julgar pelo n?vel crescente de agress?o, provavelmente do sexo masculino. O que mais voc? tem?" "Pelo comprimento curto dos fios em seu couro cabeludo, achamos que sua cabe?a fora raspada dois dias antes de ser morta," continuou Flores. "A peruca foi costurada com peda?os de outras perucas, todas baratas. As lentes de contato foram provavelmente compradas por correio. E mais uma coisa," disse ele, olhando para os rostos ? sua volta, hesitante. "Ele a cobriu com vaselina." Bill podia sentir a tens?o da sala adensar. "Vaselina?" Ele perguntou. Flores assentiu. "Por qu??" Perguntou Spelbren. Flores deu de ombros. "Esse ? o seu trabalho," ele respondeu. Bill pensou sobre os dois turistas que ele tinha entrevistado ontem. Eles n?o ajudaram em nada, estavam divididos entre a curiosidade m?rbida e o p?nico do que tinham visto. Eles estavam ansiosos para voltar para Arlington e n?o havia nenhum motivo para det?-los. Foram entrevistados por cada oficial dispon?vel. E tinham sido devidamente advertidos para n?o dizerem nada sobre o que haviam visto. Meredith exalou e colocou as duas m?os sobre a mesa. "Bom trabalho, Flores," disse Meredith. Flores parecia grato pelo elogio e talvez um pouco surpreso. Brent Meredith n?o era do tipo que fazia elogios. "Agora, agente Jeffreys," Meredith se virou para ele, "informe-nos sobre a forma como isso se relaciona com o seu antigo caso." Bill respirou fundo e recostou-se na cadeira. "Um pouco mais de seis meses atr?s," ele come?ou, "em 16 de dezembro, na verdade, o corpo de Eileen Rogers foi encontrado em uma fazenda perto de Daggett. Eu fui chamado para investigar, juntamente com minha parceira, Riley Paige. O tempo estava extremamente frio e o corpo estava congelado. Era dif?cil dizer h? quanto tempo ele havia sido deixado l? e o momento da morte nunca foi exatamente determinado. Flores, mostre a eles." Flores voltou-se para a apresenta??o de slides. A tela se dividiu e, ao lado das imagens na tela, uma nova s?rie de figuras apareceram. As duas v?timas foram exibidas lado a lado. Bill engasgou. Era inacredit?vel. Al?m da carne congelada daquele corpo, os cad?veres estavam quase com as mesmas condi??es, os ferimentos eram quase id?nticos. Ambas as mulheres tinham os olhos costurados e abertos da mesma forma assustadora. Bill suspirou, as imagens traziam tudo ? tona. N?o importava quantos anos ele estivesse naquele trabalho, ver cada v?tima lhe do?a. "O corpo de Rogers foi encontrado sentado na posi??o vertical contra uma ?rvore," Bill continuou, com a voz mais sombria. "N?o foi t?o cuidadosamente colocado como a que est? no Parque em Mosby. Sem lentes de contato ou vaselina, mas a maioria dos outros detalhes ? igual. O cabelo de Rogers foi cortado curto, n?o raspado, mas havia uma peruca remendada semelhante junto. Ela tamb?m foi estrangulada com uma fita cor de rosa e uma rosa falsa foi encontrada na frente dela." Bill fez uma pausa por um momento. Ele odiava o que iria dizer em seguida. "Paige e eu n?o conseguimos desvendar o caso." Spelbren se virou para ele. "Qual foi o problema?" Ele perguntou. "O que n?o foi um problema?" Bill respondeu, desnecessariamente defensivo. "N?o conseguimos obter uma ?nica pista. N?s n?o t?nhamos testemunhas; a fam?lia da v?tima n?o p?de nos dar nenhuma informa??o ?til; Rogers n?o tinha inimigos, nenhum ex-marido, nenhum namorado irritado. N?o havia nenhuma boa raz?o para ela ser alvejada e morta. O caso esfriou imediatamente." Bill ficou em sil?ncio. Pensamentos obscuros inundaram seu c?rebro. "N?o," disse Meredith em um tom estranhamente suave. "N?o ? sua culpa. Voc? n?o poderia ter impedido uma nova matan?a." Bill agradeceu pela bondade, mas ele se sentia muito culpado. Por que n?o conseguiu resolver aquilo antes? Por que Riley n?o conseguira? Pouqu?ssimas vezes em sua carreira ele tinha se sentido t?o perplexo. Naquele momento, o telefone de Meredith fez barulho e o chefe atendeu a chamada. Quase a primeira coisa que ele disse foi: "Merda". Ele repetiu v?rias vezes. E ent?o falou: "Voc? tem certeza que ? ela?" Ele fez uma pausa. "Houve algum contato para resgate?" Ele se levantou de sua cadeira e deu um passo para fora da sala de confer?ncia, deixando os outros tr?s homens sentados em um sil?ncio atordoado. Depois de alguns minutos, ele voltou. Parecia mais velho. "Senhores, estamos agora em uma crise," ele anunciou. "Acabamos de receber a identifica??o certa da v?tima de ontem. O nome dela era Reba Frye." Bill engasgou como se tivesse levado um soco no est?mago; ele podia ver o choque de Spelbren tamb?m. Mas Flores parecia confuso. "Eu deveria saber quem ??" Perguntou Flores. "Seu nome de solteira era Newbrough," explicou Meredith. "A filha do senador estadual Mitch Newbrough – provavelmente o pr?ximo governador de Virg?nia." Flores exalou. "Eu nem tinha ouvido falar que ela havia desaparecido," disse Spelbren. "N?o foi oficialmente relatado," respondeu Meredith. "Seu pai j? foi contatado. E ? claro que ele pensa que foi por motivos pol?ticos ou pessoais, ou ambos. N?o importa que a mesma coisa aconteceu com outra v?tima h? seis meses." Meredith balan?ou a cabe?a. "O senador est? lidando mal com isso," acrescentou. "Uma avalanche da imprensa est? prestes a come?ar. Ele vai se certificar de que iremos manter nossos p?s no fogo." O cora??o de Bill afundou. Ele odiava sentir que as coisas estavam al?m de sua compreens?o. Mas era exatamente assim que ele estava se sentindo no momento. Um sil?ncio sombrio caiu sobre a sala. Finalmente, Bill limpou sua garganta. "N?s vamos precisar de ajuda," ele disse. Meredith se virou para ele e Bill encontrou seu olhar endurecido. De repente, o rosto de Meredith se fechou com preocupa??o e desaprova??o. Ele claramente sabia o que Bill estava pensando. "Ela n?o est? pronta," respondeu Meredith, sabendo claramente que Bill queria que a inclu?ssem. Bill suspirou. "Senhor," respondeu ele, "ela conhece o caso melhor que ningu?m. E n?o h? ningu?m mais esperto." Depois de outra pausa, Bill revelou o que ele estava realmente pensando. "Eu n?o acho que podemos fazer isso sem ela." Meredith bateu um l?pis contra um bloco de papel algumas vezes, desejando claramente que ele estivesse em qualquer outro lugar, menos ali. "? um erro," disse ele. "Mas, se ela perder o controle, ? seu erro." Ele exalou novamente. "Chame-a." CAP?TULO 3 Parecia que a adolescente que abriu a porta iria bat?-la na cara de Bill. Ao inv?s disso, ela se virou e foi embora sem dizer uma palavra, deixando a porta aberta. Bill entrou. "Oi, April," disse ele automaticamente. A filha de Riley, uma garota mal-humorada e desengon?ada de quatorze anos de idade, que tinha cabelos castanhos escuros e os olhos de sua m?e, n?o respondeu. Vestida apenas com uma camiseta de grandes dimens?es e com seu cabelo bagun?ado, April virou em um canto e estatelou-se no sof?, alienada a tudo, exceto a seus fones de ouvido e telefone celular. Bill ficou ali, sem jeito, sem saber o que fazer. Quando ele ligara para Riley, ela havia concordado com sua visita, embora com relut?ncia. Ser? que ela tinha mudado de ideia? Bill olhava ao seu redor enquanto andava pela casa mal iluminada. Ele atravessou a sala e viu tudo limpo e em seu lugar, o que era caracter?stico de Riley. No entanto, ele tamb?m notou as cortinas fechadas e uma camada fina de poeira sobre os m?veis – e isto n?o tinha nada a ver com ela. Em uma estante, ele avistou uma fileira de livros thrillers novos em folha, que ele tinha comprado para ela durante a sua licen?a, na esperan?a de que assim ela tiraria os problemas de sua mente. Nenhum dos livros parecia ter sido aberto. A sensa??o de apreens?o de Bill se aprofundou. Aquela n?o era a Riley que ele conhecia. Meredith estava certo? Ser? que ela precisava de mais tempo de licen?a? Ele estava fazendo a coisa errada ao entrar em contato com ela antes de ela estar pronta? Bill preparou-se e foi adentrando a casa escura e, quando ele virou em um canto, encontrou Riley, sozinha na cozinha, sentada ? mesa de f?rmica, com seu roup?o e chinelos e uma x?cara de caf? a sua frente. Ela olhou para cima e viu um lampejo de constrangimento, como se ela tivesse esquecido que ele viria. Mas ela rapidamente disfar?ou com um sorriso fraco e se levantou. Ele se adiantou e a abra?ou e ela retribuiu fracamente o abra?o. Usando chinelos, ela estava um pouco mais baixa do que ele. Ela tinha se tornado muito, muito magra, e isso o deixou mais preocupado. Sentou-se ? mesa com ela e a examinou. Seu cabelo estava limpo, mas n?o estava penteado, e parecia que ela estava usando aqueles chinelos h? dias. Seu rosto parecia magro, muito p?lido e muito, muito mais velho desde que ele a vira pela ?ltima vez, h? cinco semanas. Parecia que ela tinha passado pelo inferno. E ela tinha. Ele tentou n?o pensar sobre o que o ?ltimo assassino tinha feito com ela. Ela desviou o olhar, e ambos ficaram ali sentados, com aquele denso sil?ncio. Bill tinha tanta certeza que ele saberia exatamente o que dizer para anim?-la, despert?-la; por?m, quando ele se sentou l?, sentiu-se consumido pela tristeza dela e ficou sem palavras. Ele queria v?-la com um olhar mais forte, como ela era antes. Ele rapidamente escondeu o envelope com os arquivos sobre o novo caso de assassinato no ch?o, do lado da cadeira. Ele n?o tinha certeza agora se deveria mesmo mostrar a ela. Estava come?ando a ter certeza de que tinha cometido um erro ao ir ali. Claramente, ela precisava de mais tempo. Na verdade, vendo-a naquele estado, ele, pela primeira vez, ficou incerto sobre se sua parceira de longa data um dia voltaria. "Caf??" Ela perguntou. Ele podia sentir sua inquieta??o. Ele balan?ou a cabe?a. Ela estava claramente fr?gil. Quando ele a visitou no hospital e at? mesmo depois que ela voltara para casa, ele ficou preocupado com ela. Bill se perguntou se ela conseguiria deixar para tr?s a dor e o terror que sofrera, se sairia das profundezas de sua escurid?o de longa data. Ela estava t?o diferente; parecia invenc?vel em todos os outros casos. Algo sobre este ?ltimo caso, este ?ltimo assassino, era diferente. Bill conseguia entender: o homem tinha sido o psicopata mais perverso que ele j? havia conhecido – e isso significava muito. Enquanto ele a analisava, algo lhe passou pela cabe?a. Ela realmente aparentava a idade que tinha. Ela tinha quarenta anos de idade, a mesma idade que ele, mas, quando trabalhava, quando era animada e estava noiva, sempre pareceu v?rios anos mais jovem. A cor cinza estava come?ando a despontar em seu cabelo escuro. Bem, seu pr?prio cabelo tamb?m estava ficando. Riley gritou para a filha, "April!" Sem resposta. Riley chamou o nome dela v?rias vezes, cada vez mais alto, at? que ela finalmente respondeu. "O qu??" April respondeu da sala de estar, parecendo completamente irritada. "Que horas ? a sua aula hoje?" "Voc? sabe." "Apenas me diga, ok?" "Oito e meia." Riley franziu a testa e parecia chateada. Ela olhou para Bill. "Foi reprovada em Ingl?s. Cabulou aulas demais. Eu estou tentando ajud?-la a sair dessa." Bill balan?ou a cabe?a, entendendo muito bem. A vida na ag?ncia exigia muito de todos eles, e suas fam?lias eram as mais afetadas. "Sinto muito," ele disse. Riley deu de ombros. "Ela tem quatorze anos. E me odeia." "Isso n?o ? bom." "Eu odiava todo mundo quando eu tinha quatorze anos," ela respondeu. "Voc? n?o?" Bill n?o respondeu. Era dif?cil imaginar que Riley um dia odiou todo mundo. "Espere at? seus meninos alcan?arem essa idade," disse Riley. "Quantos anos eles t?m agora? Eu esqueci." "Oito e dez," respondeu Bill, depois sorriu. "Do jeito que as coisas est?o indo com Maggie, nem sei se estarei na vida deles quando tiverem a idade de April." Riley levantou a cabe?a e olhou para ele, preocupada. Ele sentia falta daquele olhar carinhoso. "Est? t?o ruim assim, hein?" – disse ela. Ele desviou o olhar, n?o querendo pensar nisso. Os dois ficaram em sil?ncio por um momento. "O que ? que voc? est? escondendo no ch?o?" Ela perguntou. Bill olhou para baixo, depois voltou a olhar para cima e sorriu; mesmo daquele jeito, ela nunca deixava nada passar despercebido. "Eu n?o estou escondendo nada," disse Bill, pegando o envelope e colocando-o sobre a mesa. "? s? algo que eu gostaria de conversar com voc?." Riley sorriu abertamente. Era ?bvio que ela sabia muito bem o que ele estava realmente fazendo ali. "Mostre-me," disse ela e depois acrescentou, olhando nervosamente para April, "Vamos l? pra tr?s. Eu n?o quero que ela veja." Riley tirou os chinelos e entrou no quintal com os p?s descal?os ? frente de Bill. Eles se sentaram em uma mesa de piquenique de madeira que j? estava l? bem antes de Riley ter se mudado, Bill olhou ao redor do pequeno quintal para a ?nica ?rvore. Havia florestas por todos os lados. Isso o fazia esquecer que ele estava perto de uma cidade. Isolado demais, ele pensou. Ele nunca sentiu que aquele lugar era bom para Riley. A casa pequena no estilo de fazenda ficava quinze milhas fora da cidade, estava degradada e sem gra?a. Ficava perto de uma estrada secund?ria, com nada al?m de florestas e pastagens ? vista. N?o que ele achasse que a vida suburbana servisse para ela. Ele tinha dificuldade em imagin?-la fazendo um circuito de coquet?is e festas. Ela ainda podia, pelo menos, dirigir em Fredericksburg e pegar a Amtrak para Quantico quando ela voltava do trabalho. Quando ela ainda conseguia trabalhar. "Mostre-me o que voc? tem," disse ela. Ele abriu os relat?rios e fotografias sobre a mesa. "Lembra-se do caso Daggett?" Ele perguntou. "Voc? estava certa. O assassino n?o tinha acabado." Ele viu seus olhos se arregalarem quando ela se debru?ou sobre as imagens. Um longo sil?ncio caiu enquanto ela estudava os arquivos intensamente, ele se perguntou se era isso que ela precisava para voltar – ou se isso iria mant?-la afastada. "Ent?o, o que voc? acha?" Ele finalmente perguntou. Outro sil?ncio. Ela ainda n?o tirara os olhos do arquivo. Finalmente, ela olhou para cima e, logo em seguida, ele ficou chocado ao ver l?grimas nos seus olhos. Ele nunca a tinha visto chorar antes, nem mesmo nos piores casos, diante de um cad?ver. Aquela n?o era a Riley que ele conhecia. Aquele assassino havia feito alguma coisa a ela, mais do que ele sabia. Ela sufocou um solu?o. "Estou com medo, Bill," disse ela. "Tenho tanto medo. O tempo todo. De tudo." Bill sentiu seu cora??o apertar ao v?-la assim. Ele se perguntou para onde a antiga Riley tinha ido, a ?nica pessoa que ele sempre podia contar, que era mais durona do que ele, a fortaleza que ele poderia sempre recorrer em tempos de ang?stia. Ele sentia falta dela mais do que ele era capaz de dizer. "Ele est? morto, Riley," ele falou, no tom mais confiante que conseguiu fazer. "Ele n?o pode te machucar mais." Ela balan?ou a cabe?a. "Voc? n?o sabe disso." "Claro que sei," respondeu ele. "Eles encontraram o seu corpo ap?s a explos?o." "N?o conseguiram identific?-lo," disse ela. "Voc? sabe que era ele." O rosto dela caiu para a frente e ela cobriu-o com uma m?o enquanto chorava. Ele segurou sua outra m?o sobre a mesa. "Este ? um novo caso," ele falou. "N?o tem nada a ver com o que aconteceu com voc?." Ela balan?ou a cabe?a. "N?o importa." Lentamente, enquanto chorava, ela estendeu a m?o e entregou-lhe o arquivo, desviando o olhar. "Sinto muito," disse ela, olhando para baixo, segurando com a m?o tr?mula. "Acho que voc? deve ir," acrescentou. Bill, chocado, entristecido, estendeu a m?o e pegou a pasta de volta. Nunca, em um milh?o de anos, ele teria esperado este resultado. Bill ficou ali sentado por um momento, lutando contra suas pr?prias l?grimas. Finalmente, ele gentilmente afagou-lhe a m?o, levantou-se da mesa e fez o seu caminho de volta pela casa. April ainda estava sentada na sala de estar, de olhos fechados, balan?ando a cabe?a com sua m?sica. * Riley permaneceu sentada, chorando sozinha na mesa de piquenique ap?s Bill ir embora. Eu achei que estava bem, ela pensou. Ela realmente queria ficar bem, por Bill. E ela pensou que poderia realmente aguentar. Ficar sentada na cozinha, falando sobre trivialidades tinha sido f?cil. Em seguida, eles tinham ido para fora e, quando ela tinha visto o arquivo, ela pensou que continuaria bem, tamb?m. Melhor do que bem at?. Ela estava acreditando nisso. Seu antigo desejo pelo trabalho foi reacendido, ela queria voltar a campo. Ela estava compartimentalizando, ? claro, pensando naqueles assassinatos quase id?nticos como se fossem um quebra-cabe?a para resolver, quase em abstrato, um jogo intelectual. O que tamb?m foi bom. Sua terapeuta tinha lhe dito que ela teria que fazer isso se ela tivesse expectativas de voltar a trabalhar. Mas, ent?o, por algum motivo, o quebra-cabe?a intelectual se tornou o que ele realmente e verdadeiramente era – uma trag?dia humana monstruosa em que duas mulheres inocentes morreram perante dor e terror imensur?veis. E ela se perguntou de repente: Foi t?o ruim para elas como fora para mim? Seu corpo foi ent?o inundado por p?nico e medo. E constrangimento, vergonha. Bill era seu parceiro e seu melhor amigo. Devia-lhe muito. Ele ficara com ela durante as ?ltimas semanas, quando ningu?m mais o fizera. Ela n?o teria aguentado seus dias no hospital sem ele. A ?ltima coisa que ela queria era que ele a visse reduzida a um estado de desamparo. Ela ouviu April gritar atr?s da porta de tela. "M?e, n?s temos que comer agora ou vou me atrasar." Ela sentiu vontade de gritar de volta, "Prepare o seu pr?prio caf? da manh?!" Mas ela n?o o fez. Ela estava h? muito tempo exausta de suas batalhas com April. Ela desistiu de lutar. Ent?o levantou-se da mesa e caminhou de volta para a cozinha. Puxou uma toalha de papel fora do rolo e o utilizou para limpar as l?grimas e assoar o nariz, em seguida, preparou-se para cozinhar. Tentou recordar as palavras de seu terapeuta: Mesmo tarefas de rotina v?o requerer muito esfor?o consciente, pelo menos por um tempo. Ela tinha que se contentar em fazer as coisas com um passo de beb? de cada vez. Primeiro, ela tirou as coisas fora da geladeira – a caixa de ovos, o pacote de bacon, o prato com manteiga, o pote de geleia, porque April gostava de geleia mesmo que ela n?o gostasse. E ent?o ela colocou seis tiras de bacon em uma panela sobre o fog?o e ligou o fogo a g?s debaixo da panela. Ela cambaleou para tr?s com a vis?o da chama amarelo-azul. Fechou os olhos e tudo lhe veio ? tona. Riley estava em forro apertado, debaixo de uma casa, em uma pequena jaula improvisada. A tocha de propano era a ?nica luz que ela podia enxergar. O resto do tempo estivera em uma completa escurid?o. O piso do forro era de terra. O assoalho acima dela era t?o baixo que ela mal conseguia agachar. A escurid?o era total, mesmo quando ele abriu uma pequena porta e entrava no foro, junto com ela. Ela n?o podia v?-lo, mas podia ouvir sua respira??o e seus grunhidos. Ele destrancava a jaula e a abria e ent?o entrava. E s? ent?o ele acendia a tocha. Ela podia ver seu rosto cruel e feio sob a luz. Ele a insultava com um prato de comida miser?vel. Se tentasse peg?-lo, ele empurrava a chama para ela. Ela n?o podia comer sem se queimar… Ela abriu os olhos. As imagens eram menos vivas com os olhos abertos, mas ela n?o conseguia afastar a corrente de mem?rias. Continuou preparando o caf? da manh?, todo o seu corpo se agitando com a adrenalina. Ela estava arrumando a mesa quando a voz de sua filha gritou novamente. "M?e, quanto tempo vai demorar?" Ela deu um salto, o prato escorregou de sua m?o, caiu no ch?o e quebrou. "O que aconteceu?" April gritou, aparecendo ao lado dela. "Nada," disse Riley. Ela limpou a sujeira e, enquanto ela e April sentavam para comer juntas, a hostilidade silenciosa era quase palp?vel, como de costume. Riley queria acabar com esse clima, se aproximar de April e dizer, April, sou eu, sua m?e, eu te amo. Mas ela j? tinha tentado tantas vezes e isso s? piorava. Sua filha a odiava, e ela n?o conseguia entender o motivo, nem como acabar com isso. "O que voc? vai fazer hoje?" ela perguntou a April. "O que voc? acha?" April retrucou. "Vou para a aula." "Quero dizer depois disso," disse Riley, mantendo a voz calma, compassiva. "Eu sou sua m?e. Gostaria de saber. ? normal." "Nada na nossa vida ? normal." Elas comeram em sil?ncio por alguns momentos. "Voc? nunca me conta nada," disse Riley. "Nem voc?." Isso acabou com qualquer esperan?a de ter uma conversa de uma vez por todas. Isso ? justo, Riley pensou amargamente. Era mais verdadeiro do que April imaginava. Riley nunca lhe contava coisas sobre seu trabalho, seus casos; ela nunca tinha contado sobre seu cativeiro, nem sobre seu tempo no hospital, ou por que ela estava "de f?rias" agora. Tudo o que April sabia era que ela teve que viver com seu pai durante grande parte desse tempo e ela o odiava ainda mais do que odiava Riley. Mas, por mais que ela quisesse conversar, Riley achava melhor que April n?o tivesse nem ideia sobre o que sua m?e havia passado. Riley se arrumou e levou April para a escola, elas n?o trocaram nenhuma palavra durante o caminho. Quando April saiu do carro, ela gritou para ela: "Vejo voc? ?s dez." April lhe deu um tchau descuidado, enquanto se afastava. Riley dirigiu at? um caf? nas proximidades. Tinha se tornado uma rotina para ela. Era dif?cil para ela passar algum tempo em um lugar p?blico, e ela sabia que era exatamente por isso que ela precisava faz?-lo. O caf? era pequeno e nunca estava cheio, mesmo no per?odo da manh? como aquele e, por isso ela o achou relativamente inofensivo. Enquanto estava sentada ali, bebendo um cappuccino, lembrou-se novamente do pedido de Bill. Fazia seis semanas, caramba. Aquilo precisava mudar. Ela precisava mudar. Ela n?o sabia como iria fazer isso. Mas uma ideia estava se formando. Riley sabia exatamente o que precisava fazer primeiro. CAP?TULO 4 A chama branca da tocha de propano tremulou ? frente de Riley. Ela teve de se esquivar para tr?s para escapar de uma queimadura. O brilho a deixou cega e ela n?o conseguia sequer ver o rosto de seu sequestrador. ? medida que a tocha era movimentada, ela parecia deixar vest?gios remanescentes suspensos no ar. "Pare!" ela gritou. "Pare!" Sua voz estava crua e rouca de tanto gritar. Ela se perguntou por que estava perdendo o f?lego. Ela sabia que ele n?o iria parar de atorment?-la at? que estivesse morta. Foi ent?o que ele levantou uma buzina de ar e a apertou em seu ouvido. Uma buzina de carro soou. Riley voltou ao presente e olhou para fora, a luz do cruzamento tinha acabado de ficar verde. Uma linha de motoristas esperava atr?s de seu ve?culo, ent?o ela pisou no acelerador. Riley, com as palmas das m?os suando, for?ou-se a se livrar daquela mem?ria e lembrou-se de onde estava. Ela estava indo visitar Marie Sayles, a ?nica outra sobrevivente do sadismo indiz?vel de seu quase-assassino. Ela repreendeu-se por deixar o flashback domin?-la. Ela tinha conseguido manter sua mente na dire??o por uma hora e meia e pensou que estava indo bem. Riley dirigiu em Georgetown, passou por casas de luxo vitorianas e estacionou no endere?o que Marie lhe fornecera por telefone – uma casa de tijolos vermelhos com belas janelas. Ela se sentou no carro por um momento, em d?vida se deveria entrar, tentando criar coragem. Por fim, ela saiu. Enquanto subia os degraus, ficou satisfeita ao ver que encontrara Marie na porta. Sombriamente, mas elegantemente vestida, Marie sorriu, um pouco abatida. Seu rosto parecia cansado e marcado. Pelos c?rculos sob seus olhos, Riley tinha certeza que ela andava chorando. Isso n?o era nenhuma surpresa. Ela e Marie tinham se visto muito durante as semanas de conversas por v?deo, havia pouco que pudessem esconder uma da outra. Quando se abra?aram, Riley imediatamente reparou que Marie n?o era t?o alta e robusta como ela esperava que fosse. Mesmo de salto, Marie era mais baixa que Riley, sua estrutura era pequena e delicada. Isso deixou Riley surpresa. Ela e Marie tinha conversado, mas esta era a primeira vez que se encontraram pessoalmente. A fragilidade de Marie a fazia parecer ainda mais corajosa por ter sobrevivido ?quela situa??o. Riley analisou seus arredores enquanto ela e Marie caminharam para a sala de jantar. O lugar estava impecavelmente limpo e decorado com bom gosto. Em outra ocasi?o, seria uma casa alegre para uma mulher bem-sucedida e solteira. Mas Marie mantinha todas as cortinas fechadas e as luzes baixas. A atmosfera era estranhamente opressiva. Riley n?o queria admitir, mas o lugar a fez pensar em sua pr?pria casa. Marie serviu um almo?o leve sobre a mesa da sala de jantar e ela e Riley sentaram-se para comer. Ficaram ali em um sil?ncio constrangedor, Riley estava suando, mas n?o tinha certeza do motivo. Ver Marie trazia tudo de volta. "Assim… Como ? que foi?" Marie perguntou timidamente. "Sair para o mundo?" Riley sorriu. Marie sabia melhor do que ningu?m como dirigir naquele dia foi custoso. "Muito bem," disse Riley. "Na realidade, at? que bem. Eu s? tive um momento ruim, na realidade." Marie assentiu, entendendo perfeitamente. "Bem, voc? conseguiu," disse Marie. "E isso exigiu coragem." Coragem, Riley pensou. N?o era assim que ela teria se descrito. Uma vez, talvez, quando ela era uma agente ativa. Ser? que ela nunca mais se descreveria dessa forma? "E quanto a voc??" Riley perguntou. "Quantas vezes voc? sai?" Marie ficou em sil?ncio. "Voc? nem sai de casa, n?o ??" Riley perguntou. Marie balan?ou a cabe?a. Riley estendeu a m?o e segurou-lhe o pulso em um aperto de compaix?o. "Marie, voc? tem que tentar," ela insistiu. "Se voc? se deixa ficar presa aqui dentro assim, ? como se ele ainda estivesse mantendo-a como prisioneira." Um solu?o sufocado for?ou seu caminho para fora da garganta de Marie. "Sinto muito," disse Riley. "Est? tudo bem. Voc? tem raz?o." Riley observou Marie enquanto as duas comiam e um longo sil?ncio seguiu. Ela queria pensar que Marie estava indo bem, mas ela tinha que admitir que ela lhe parecia assustadoramente fr?gil. Isso a fez ter medo de si mesma, tamb?m. Ser? que ela tamb?m parecia t?o mal assim? Riley perguntou silenciosamente se era bom Marie viver sozinha. Ela estaria melhor com um marido ou namorado? perguntou-se. Em seguida, ela perguntou a mesma coisa sobre si mesma. No entanto, sabia que a resposta para as duas quest?es provavelmente seria n?o. Nenhuma delas tinha um bom quadro emocional e mental para um relacionamento saud?vel. Seria apenas um apoio. "Eu j? te agradeci?" Marie perguntou depois de um tempo, quebrando o sil?ncio. Riley sorriu. Ela sabia perfeitamente que Marie estava falando sobre ela t?-la salvado. "Muitas vezes," disse Riley. "E voc? n?o precisa. S?rio." Marie cutucou sua comida com um garfo. "Eu j? pedi desculpas?" Riley ficou surpresa. "Desculpas? Por o qu??" Marie falou com dificuldade. "Se voc? n?o tivesse me tirado de l?, voc? n?o teria ficado presa." Riley apertou a m?o de Marie gentilmente. "Marie, eu estava apenas fazendo meu trabalho. Voc? n?o pode se sentir respons?vel por algo que n?o foi culpa sua. Voc? j? tem muitas coisas para lidar." Marie assentiu com a cabe?a, reconhecendo. "Apenas sair da cama todos os dias ? um desafio," ela admitiu. "Acho que voc? percebeu o qu?o escuro eu mantenho tudo. Qualquer luz brilhante me lembra aquela tocha dele. Eu n?o posso nem ver televis?o ou ouvir m?sica. Estou com medo de que algu?m possa entrar em casa e eu n?o vou ouvi-lo. Qualquer barulho me deixa em p?nico." Marie come?ou a chorar baixinho. Eu nunca mais vou olhar para o mundo da mesma forma. Nunca. Existe mal l? fora, ? nossa volta. N?o fazia ideia. As pessoas s?o capazes de tantas coisas horr?veis. N?o sei como eu vou confiar nas pessoas novamente." Enquanto Marie chorava, Riley queria tranquiliz?-la, dizer-lhe que ela estava errada. Mas uma parte de Riley n?o tinha tanta certeza disso. Finalmente, Marie olhou para ela. "Por que voc? veio aqui hoje?" ela perguntou, ? queima-roupa. Riley foi pega de surpresa pela franqueza de Marie e pelo fato de que ela tamb?m n?o sabia. "Eu n?o sei," disse ela. "S? queria visit?-la. Ver como voc? est?." "H? algo mais," disse Marie, estreitando os olhos com uma estranha percep??o. Talvez ela estivesse certa, Riley pensou. Riley pensou sobre a visita de Bill e percebeu que ela tinha, de fato, ido ali por causa do novo caso. O que ? que ela queria de Marie? Conselho? Permiss?o? Encorajamento? Reafirma??o? Uma parte dela queria que Marie lhe dissesse que ela estava louca, para que ela pudesse dormir tranquila e esquecer de Bill. Mas talvez outra parte queria que Marie lhe pedisse para falar do assunto. Por fim, Riley suspirou. "H? um novo caso," disse ela. "Bem, n?o um novo caso. Mas um caso antigo que nunca foi solucionado." A express?o de Marie se tornou tensa e r?gida. Riley engoliu em seco. "E voc? veio me perguntar se voc? deve investig?-lo?" Perguntou Marie. Riley deu de ombros. Mas ela tamb?m olhou para cima e procurou os olhos de Marie buscando confian?a, encorajamento. E, nesse momento, ela percebeu porque exatamente ela tinha ido ali, o que ela tinha esperan?a em encontrar. Mas, para sua decep??o, Marie baixou os olhos e balan?ou a cabe?a lentamente. Riley continuou esperando por uma resposta, mas, em vez disso, seguiu-se um sil?ncio intermin?vel. Riley sentiu que algum medo especial estava se desenvolvendo dentro de Marie. Em sil?ncio, Riley olhou ao redor do apartamento, seus olhos ca?ram sobre o telefone fixo dela. Ela ficou surpresa ao ver que estava desconectado da parede. "Qual ? o problema com o seu telefone?" Riley perguntou. Marie parecia positivamente chocada e Riley percebeu que tinha cutucado um verdadeiro problema. "Ele fica me ligando," disse Marie, em um sussurro quase inaud?vel. "Quem?" "Peterson". O cora??o de Riley pulou em sua garganta. "Peterson est? morto," Riley respondeu, com a voz tr?mula. "Eu incendiei o local. Encontraram o corpo dele." Marie balan?ou a cabe?a. "Pode ter sido o corpo de qualquer um que encontraram. N?o era ele." Riley sentiu uma onda de p?nico. Seus piores temores estavam vindo ? tona. "Todo mundo disse que era," falou Riley. "E voc? realmente acredita nisso?" Riley n?o sabia o que dizer. Agora n?o era o momento de contar sobre seus pr?prios medos. Afinal, Marie provavelmente estava delirando. Mas como Riley poderia convenc?-la de algo que ela mesma n?o acreditava totalmente? "Ele continua me ligando," disse Marie novamente. "Ele liga, respira e desliga. Sei que ? ele. Ele est? vivo. Ele ainda est? me perseguindo." Riley sentiu um pavor frio e aterrorizante. "Provavelmente ? s? um algu?m ligando ? toa," disse ela, fingindo estar calma. "Mas eu posso ir at? o Escrit?rio para verificar isso de qualquer maneira. Eu posso pedir que enviem um carro de vigil?ncia, se voc? est? com medo. Eles v?o rastrear as chamadas." "N?o!" Marie disse rispidamente. "N?o!" Riley a olhou de volta, intrigada. "Por que n?o?" Ela perguntou. "Eu n?o quero deix?-lo com raiva," Marie respondeu com um gemido pat?tico. Riley, oprimida, sentindo um ataque de p?nico chegando, de repente, percebeu que tinha sido uma p?ssima ideia aquela visita. S? serviu para sentir-se pior. Ela sabia que n?o poderia ficar naquela sala de jantar sufocante nem mais um momento. "Eu tenho que ir," disse Riley, desconversando. "Sinto muito. Minha filha est? esperando." Marie, de repente, agarrou o pulso de Riley com uma for?a surpreendente, cravando as unhas em sua pele. Ela olhou para tr?s, seus olhos azuis gelados transmitiam tamanha intensidade que assustaram Riley. Aquele olhar assombrador atingiu a sua alma. "Pegue o caso," Marie insistiu. Riley podia ver nos olhos de Marie que ela estava confundindo o novo caso com o de Peterson, misturando-os em um s?. "Encontre esse filho da puta," ela acrescentou. "E mate-o por mim." CAP?TULO 5 O homem manteve uma dist?ncia curta, por?m discreta da mulher, olhando para ela apenas fugazmente. Ele colocou alguns itens em sua cesta para que ele parecesse apenas mais um cliente. Ele se parabenizou por conseguir fazer-se t?o discreto. Ningu?m poderia adivinhar seu verdadeiro poder. Mas, novamente, ele nunca foi o tipo de homem que atra?a muita aten??o. Quando crian?a, era praticamente invis?vel. Agora, muito tempo depois, foi capaz de transformar sua pr?pria inocuidade em sua vantagem. Apenas alguns momentos atr?s, ele tinha ficado ao lado dela, pouco mais de dois p?s de dist?ncia. Absorto na escolha de seu xampu, ela n?o tinha sequer notado. Ele sabia muito sobre ela, no entanto. Sabia que o nome dela era Cindy; que seu marido era dono de uma galeria de arte; que ela trabalhava em uma cl?nica m?dica p?blica. Hoje era um de seus dias de folga. Agora ela estava ao telefone celular falando com algu?m – sua irm?, parecia. Ela estava rindo de algo que a pessoa estava lhe contando. Ele se exaltou de raiva, perguntando-se se estavam rindo dele, assim como todas as meninas costumavam fazer. Sua f?ria aumentou. Cindy usava shorts, uma camiseta regata e t?nis de corrida que pareciam caros. Ele observou-a correndo enquanto estava em seu carro e esperou at? que ela terminasse seus exerc?cios e entrasse na mercearia. Ele conhecia sua rotina em um dia de folga como aquele. Ela levaria as compras para casa e as guardaria, tomaria um banho e, em seguida, pegaria o carro para encontrar seu marido para o almo?o. Tinha boa apar?ncia devido aos exerc?cios f?sicos. Ela n?o tinha mais de trinta anos de idade, mas a pele de suas coxas n?o era t?o firme assim. Ela provavelmente tinha perdido muito peso em um momento ou outro, talvez recentemente. Sem d?vida, sentia orgulho disso. De repente, a mulher se dirigiu para a caixa registadora mais pr?xima. O homem foi pego de surpresa. Ela tinha acabado de fazer as compras mais cedo do que o habitual. Ele correu para entrar na fila atr?s dela, quase empurrando outro cliente de lado para conseguir. Ele silenciosamente se repreendeu por isso. Enquanto o caixa passava os itens da mulher, ele se aproximou e ficou bem perto dela – perto o suficiente para sentir seu corpo, agora suado e pungente depois de sua corrida vigorosa. Era um cheiro que ele esperava que fosse se tornar muito, muito mais familiar em breve. Mas o cheiro seria, ent?o, misturado com outro odor – um que o fascinava por causa de sua estranheza e mist?rio. O cheiro da dor e do terror. Por um momento, o observador sentiu-se euf?rico, at? que agradavelmente tonto, com tamanha expectativa. Depois de pagar pelas compras, ela empurrou o carrinho para fora das portas de vidro autom?ticas e saiu para o estacionamento. Ele n?o sentia nenhuma pressa em pagar pelas suas mercadorias. Ele n?o precisa segui-la at? sua casa. Ele j? estivera l? – estivera at? dentro de sua casa. Tinha at? tocado em suas roupas. Ele iria retomar sua vig?lia novamente quando ela sa?sse do trabalho. N?o vai demorar muito agora, ele pensou. Nem um pouco. * Depois que Cindy MacKinnon entrou no carro, ela ficou ali sentada por um momento, sentindo-se abalada e sem saber o porqu?. Lembrou-se da estranha sensa??o que ela tinha acabado de ter no supermercado. Era uma estranha e irracional sensa??o de estar sendo observada. Mas era mais do que isso. Levou alguns momentos para ela entender. Por fim, ela percebeu que era a sensa??o de que algu?m tinha a inten??o de machuc?-la. Ela estremeceu profundamente. Durante os ?ltimos dias, esse sentimento ia e voltava. Ela se repreendeu, certa de que era algo completamente infundado. Ela balan?ou a cabe?a, livrando-se de quaisquer vest?gios dessa sensa??o. Depois de dar a partida no carro, ela se for?ou a pensar em outra coisa e sorriu com a conversa por celular que ela teve com sua irm?, Becky. Mais tarde, Cindy iria ajud?-la a fazer uma grande festa de anivers?rio de tr?s anos para sua filha, seria completa, com bolo e bal?es. Seria um belo dia, ela pensou. CAP?TULO 6 Riley estava sentada no SUV, ao lado de Bill, enquanto ele mudava de marcha, empurrando o ve?culo de quatro rodas mais adentro nas colinas, ela enxugou as palmas das m?os em suas cal?as. N?o sabia o que fazer com o suor, n?o sabia o que devia fazer ali. Depois de seis semanas fora do trabalho, ela n?o estava familiarizada com o que seu corpo estava lhe dizendo. Estar de volta parecia surreal. Riley estava perturbada pela estranha tens?o. Ela e Bill mal tinham falado durante aquele trajeto de mais de uma hora de carro. A antiga camaradagem, a jovialidade, a estranha afinidade entre eles – nada disso estava presente. Riley tinha certeza que ela sabia por que Bill estava t?o distante. Ele n?o estava sendo rude – estava preocupado. Ele tamb?m parecia ter d?vidas sobre se ela devia estar de volta ao trabalho. Eles dirigiram em dire??o ao Parque Estadual Mosby, o lugar onde Bill lhe contara que a v?tima mais recente de assassinato fora vista. No caminho, Riley absorveu a geografia ao seu redor e, lentamente, seu antigo senso de profissionalismo entrou em a??o. Ela sabia que tinha que se libertar. Encontre esse filho da puta e mate-o por mim. As palavras de Marie a assombraram, a impulsionaram, fizeram sua escolha ser simples. Mas nada parecia t?o simples agora. Por um lado, ela n?o podia deixar de se preocupar com April. Mand?-la para a casa do pai dela n?o era o ideal para nenhuma das pessoas envolvidas. Mas, hoje era s?bado e Riley n?o queria esperar at? segunda-feira para ver a cena do crime. O sil?ncio profundo come?ou a pesar em sua ansiedade e ela sentiu desesperadamente a necessidade de falar. For?ou seu c?rebro para achar alguma coisa para falar e, por fim, disse: "Ent?o, voc? vai me contar o que est? acontecendo entre voc? e Maggie?" Bill se virou para ela, com um olhar de surpresa no rosto, ela n?o sabia se era por ela ter quebrado o sil?ncio ou pela pergunta ter sido t?o direta. Qualquer que fosse o motivo, ela imediatamente se arrependeu. Sua franqueza, muitas pessoas lhe diziam, podia ser desmotivadora. Ela n?o queria ser grossa, ela s? n?o tinha tempo a perder. Bill exalou. "Ela acha que eu estou tendo um caso." Riley sentiu um choque de surpresa. "O qu??" "Com o meu trabalho," Bill disse, rindo um pouco amargamente. "Ela acha que eu estou tendo um caso com o meu trabalho. Ela acha que eu amo tudo isso mais do que eu a amo. Sempre falo que ela est? sendo boba. De qualquer forma, eu n?o posso exatamente terminar com isso – n?o com o meu trabalho, pelo menos." Riley balan?ou a cabe?a. "Parece com o Ryan. Ele costumava ficar com muito ci?mes quando ainda est?vamos juntos." Ela parou antes de acabar contando toda verdade para Bill. Seu ex-marido n?o tinha ci?mes do trabalho do Riley. Ele tinha ci?mes de Bill. Ela muitas vezes se perguntava se Ryan tinha um pouco de raz?o. Apesar do constrangimento de hoje, ela sentia-se incrivelmente bem s? de estar perto de Bill. Ser? que esse sentimento era exclusivamente profissional? "Espero que essa viagem n?o seja uma perda de tempo," disse Bill. "A cena do crime j? foi limpa, voc? sabe." "Eu sei. S? quero ver o lugar com meus pr?prios olhos. Fotos e relat?rios n?o s?o o suficiente para mim." Riley estava come?ando a se sentir um pouco tonta agora. Ela tinha certeza que era por causa da altitude, estavam indo mais e mais para cima. A ansiedade tamb?m tinha algo a ver com isso. As palmas de suas m?os ainda estavam transpirando. "Est? muito longe?" Ela perguntou, observando a floresta ficar mais densa e o terreno mais remoto. "N?o est? longe." Alguns minutos depois, Bill saiu da estrada pavimentada e passou por cima de uma trilha de marcas de pneus. O ve?culo foi chacoalhando pelo caminho e ent?o parou depois de adentrarem um quarto de milha na densa floresta. Ele desligou o motor e em seguida virou-se para Riley e olhou para ela com preocupa??o. "Tem certeza de que voc? quer fazer isso?" ele perguntou. Ela sabia exatamente o que o preocupava. Ele estava com medo que ela relembrasse seu cativeiro traum?tico. N?o importava que aquele fosse um caso completamente diferente, um assassino diferente. Ela assentiu com a cabe?a. "Tenho certeza," disse ela, n?o totalmente convencida de que ela estava falando a verdade. Ela saiu do carro e seguiu Bill para fora da estrada, por um caminho estreito e cheio de arbustos pela floresta. Ela ouviu o murm?rio de um riacho pr?ximo. ? medida que a vegeta??o ficava mais espessa, ela teve que for?ar seu caminho empurrando os galhos baixos das ?rvores e pequenos carrapichos come?aram a grudar em suas cal?as. Ela estava irritada com o pensamento de ter que retir?-las. Por fim, ela e Bill alcan?aram a margem do riacho. Riley foi imediatamente pega de surpresa pelo local ser t?o encantador. A luz do sol da tarde derramou-se atrav?s das folhas, manchando as ondas de ?gua com luzes caleidosc?picas. O murm?rio constante do riacho era tranquilizante. Era estranho pensar naquele lugar como uma terr?vel cena de crime. "Ela foi encontrada aqui," disse Bill, levando-a para uma rocha longa e larga. Assim que chegaram l?, Riley levantou-se, olhou ? sua volta e respirou fundo. Sim, ela tinha raz?o em ir at? ali. Ela estava come?ando a sentir isso. "As fotos?" Riley perguntou. Ela se agachou ao lado de Bill, sobre a pedra, e eles come?aram a folhear uma pasta cheia de fotografias tiradas logo ap?s o corpo de Reba Frye ter sido encontrado. Outra pasta estava recheada com relat?rios e fotos do assassinato que ela e Bill tinham investigado h? seis meses – o que eles n?o conseguiram resolver. Essas fotos trouxeram de volta mem?rias v?vidas do primeiro assassinato. Transportaram-na de volta ?quela fazenda perto de Daggett. Ela se lembrava de como Rogers tinha sido exposta de uma forma semelhante contra uma ?rvore. "Parece muito com nosso caso anterior," Riley observou. "Ambas as mulheres na casa dos trinta, ambas com crian?as pequenas. Essa parece ser parte de seu Modus Operandi. Ele tem rancor de m?es. Precisamos verificar a parentalidade, descobrir se havia alguma liga??o entre as duas mulheres, ou entre os seus filhos." "Vou arranjar algu?m para fazer isso," disse Bill. Ele estava tomando notas agora. Riley continuou analisando por meio dos relat?rios e fotos, comparando-os com o cen?rio atual. "O mesmo m?todo de estrangulamento, com uma fita cor de rosa," observou ela. "Outra peruca, e o mesmo tipo de rosa artificial em frente ao corpo." Riley segurou duas fotografias lado a lado. "Olhos costurados abertos, tamb?m," disse ela. "Se bem me lembro, os t?cnicos descobriram que os olhos de Rogers tinham sido costurados ap?s a morte. Foi o mesmo com Frye?" "Sim. Acho que ele queria que o enxergassem, mesmo depois de mortas." Riley sentiu um formigamento repentino subindo pela sua espinha. Ela tinha quase se esquecido deste sentimento. Ela o sentia sempre que algo sobre um caso estava prestes a fazer sentido. N?o sabia se devia se sentir encorajada ou aterrorizada. "N?o," ela falou. "N?o ? isso. Ele n?o se importava se as mulheres o vissem." "Ent?o por que ele fez isso?" Riley n?o respondeu. Ideias estavam come?ando a surgir em seu c?rebro. Ela estava exultante. Mas ainda n?o estava pronta para colocar aquilo em palavras – nem mesmo para si mesma. Ela colocou algumas fotografias sobre a pedra, apontando detalhes para Bill. "Elas n?o s?o exatamente iguais," disse ela. "O corpo n?o foi deixado t?o cuidadosamente l? em Daggett. Ele tentou mover aquele cad?ver quando ele j? estava r?gido. Meu palpite ? que, desta vez, ele trouxe este aqui antes do rigor mortis. Caso contr?rio, ele n?o poderia deix?-la numa pose t?o …" Ela suprimiu o desejo de terminar a frase com "bonita". Ent?o ela percebeu que era exatamente o tipo de palavra que ela teria usado quando ela estava no trabalho antes de sua captura e tortura. Sim, ela estava retomando o esp?rito das coisas, ela sentiu a mesma velha obsess?o sombria crescendo dentro dela. Logo n?o haveria mais como voltar atr?s. Mas isso era uma coisa boa ou ruim? "O que h? com os olhos de Frye?" Ela perguntou, apontando para uma foto. "Esse azul n?o parece natural." "Lentes de contato," Bill respondeu. O formigamento na espinha de Riley ficou mais forte. O corpo de Eileen Rogers n?o tinha lentes de contato. Era uma diferen?a importante. "E o brilho em sua pele?" Ela perguntou. "Vaselina," respondeu Bill. Outra diferen?a importante. Ela sentiu suas ideias encaixando com uma velocidade de tirar o f?lego. "O que a equipe forense descobriu sobre a peruca?" Ela perguntou a Bill. "Nada ainda, exceto que ela foi feita com outros peda?os de perucas baratas." A excita??o de Riley aumentou. Na ?ltima morte, o assassino tinha usado uma peruca simples, inteira, n?o algo remendado. Como a rosa, era t?o barata que a equipe forense n?o conseguiu rastre?-la. Riley sentiu as pe?as do quebra-cabe?a se unindo – n?o o quebra-cabe?a inteiro, mas uma grande parte dele. "O que a equipe forense pretende fazer com esta peruca?" Ela perguntou. "O mesmo que da ?ltima vez – executar uma pesquisa de suas fibras e tentar rastrear em lojas de peruca." Assustada com a certeza feroz em sua pr?pria voz, Riley disse: "Eles est?o gastando tempo ? toa." Bill olhou para ela, claramente pego de surpresa. "Por qu??" Ela sentiu uma familiar impaci?ncia com Bill, a que ela sentia sempre que se via pensando um ou dois passos ? frente dele. "Olhe para a foto que ele est? tentando nos mostrar. Lentes de contatos azuis para fazer os olhos parecerem que n?o s?o reais. P?lpebras costuradas para que os olhos permane?am abertos. O corpo apoiado, as pernas abertas assustadoramente para fora. Vaselina para fazer a pele parecer com pl?stico. Uma peruca formada por pe?as de pequenas perucas – n?o perucas humanas, perucas de bonecas. Ele queria que as duas v?timas a se parecessem bonecas– como bonecas nuas em exibi??o." "Jesus," disse Bill, anotando. "Por que n?o vimos da ?ltima vez, l? em Daggett?" A resposta parecia t?o ?bvia para Riley que ela sufocou um gemido impaciente. "Ele ainda n?o era bom o suficiente nisso," disse ela. "Ele ainda estava tentando descobrir como enviar a mensagem. Ele est? aprendendo aos poucos." Bill levantou os olhos do bloco de notas e sacudiu a cabe?a com admira??o. "Caramba, eu senti sua falta." Por mais que o elogio agradasse, Riley sabia que uma percep??o ainda maior estava a caminho. E ela sabia que, ap?s anos de experi?ncia, n?o havia como se for?ar. Ela simplesmente tinha que relaxar e deixar os pensamentos virem espontaneamente. Ela agachou-se sobre a pedra, silenciosamente, esperando. Enquanto esperava, ela pegou pregui?osamente os carrapichos de suas cal?as. Mas que inc?modo danado, ela pensou. De repente, seus olhos ca?ram sobre a superf?cie da pedra sob seus p?s. Outros pequenos carrapichos, alguns deles inteiros, outros quebrados em fragmentos, estavam em meio aos que ela estava arrancando agora. "Bill," ela disse, com a voz tr?mula de emo??o, "estas sementinhas estavam aqui quando voc? encontrou o corpo?" Bill deu de ombros. "Eu n?o sei." Suas m?os tremiam e suavam mais do que nunca, ela pegou um monte de fotos e as vasculhou at? que encontrou uma com a vista frontal do cad?ver. L?, entre suas pernas abertas, bem em torno da rosa, havia um grupo de pequenas manchas. Eram os carrapichos – os mesmo que ela tinha acabado de encontrar. Mas ningu?m tinha pensado que eles seriam importantes. Ningu?m se preocupou em conseguir uma imagem mais n?tida, mais pr?xima deles. E ningu?m tinha sequer se preocupado em varr?-los quando a cena do crime foi limpa. Riley fechou os olhos, fazendo sua imagina??o funcionar plenamente. Ela se sentiu tonta, at? atordoada. Era uma sensa??o que ela conhecia muito bem, a sensa??o de cair em um abismo, em um terr?vel vazio negro, na mente cruel do assassino. Ela estava em seu lugar, em sua vida. Era um lugar perigoso e aterrorizante. Mas era onde ela pertencia, pelo menos naquele momento. Ela se submeteu ? sensa??o. Ela sentiu a confian?a do assassino quando ele arrastou o corpo pelo caminho at? o riacho, absolutamente certo de que n?o seria pego, sem pressa alguma. Ele poderia muito bem estar cantarolando ou assobiando. Ela sentiu sua paci?ncia, sua arte e habilidade quando ele posicionou o cad?ver na rocha. E ela podia ver aquela cena horr?vel atrav?s de seus olhos. Ela sentiu satisfa??o com um trabalho bem feito – o mesmo sentimento confort?vel de realiza??o que ela sentia ao resolver um caso. Ele se abaixou sobre a pedra, pausando por um momento – ou o tempo que quisesse – para admirar sua obra. Ao faz?-lo, ele tirou os carrapichos de suas cal?as. Ele levou algum tempo com isso. N?o se incomodava em esperar at? que pudesse sair livre e limpo. E ela quase podia ouvi-lo falar em voz alta suas palavras exatas. "Mas que inc?modo maldito." Sim, ele at? demorou para tirar todas aquelas coisinhas. Riley suspirou, e seus olhos se abriram. Dedilhando o carrapicho em sua pr?pria m?o, ela observou como ele se agarrava e que os seus espinhos eram finos o suficiente para tirar sangue. "Junte estes carrapichos," ela ordenou. "N?s podemos encontrar um pouco de DNA." Os olhos de Bill se arregalaram e ele tirou imediatamente um saco fechado e pin?as. Enquanto ele trabalhava, sua mente estava trabalhando alucinadamente, ela ainda n?o tinha acabado. "Estivemos errados o tempo todo," disse ela. "Este n?o ? o seu segundo assassinato. ? o terceiro." Bill parou e olhou para cima, claramente atordoado. "Como voc? sabe?" Bill perguntou. O corpo todo de Riley se apertou enquanto ela tentava manter sua tremedeira sob controle. "Ele ficou bom demais. Sua ?poca de aprendizado acabou. Ele ? um profissional agora. E ele est? apenas acertando seu passo. E ama seu trabalho. N?o, esta ? a sua terceira vez, no m?nimo." A garganta de Riley apertou e ela engoliu em seco. "E n?o temos muito tempo agora at? a pr?xima." CAP?TULO 7 Bill encontrou-se em um mar de olhos azuis, nenhum deles era natural. Ele n?o costumava ter pesadelos sobre seus casos e n?o estava tendo um agora – mas, com certeza, parecia um. Aqui, no meio da loja de bonecas, pequenos olhos azuis estavam simplesmente em todos os lugares, todos eles bem abertos e brilhantes e alertas. Os diminutos l?bios rubis-vermelhos das bonecas, a maioria deles sorrindo, eram um inc?modo tamb?m. Assim como os cabelos artificiais meticulosamente penteados, t?o r?gidos e im?veis. Absorvendo todos esses detalhes, Bill perguntou-se como ele n?o conseguira perceber a inten??o do assassino – de fazer suas v?timas parecerem com bonecas o m?ximo poss?vel. Ele precisou de Riley para fazer essa conex?o. Gra?as a Deus ela est? de volta, ele pensou. Ainda assim, Bill n?o podia deixar de se preocupar com ela. Ele tinha ficado deslumbrado com seu brilhante trabalho l? no Parque Mosby. Mas, depois, quando ele a levou para casa, ela parecia exausta e desmoralizada. Ela mal lhe dissera uma palavra durante toda a viagem de carro. Talvez tivesse sido demais para ela. Mesmo assim, Bill desejou que Riley estivesse ali agora. Ela tinha decidido que seria melhor eles se separarem para cobrir mais terreno mais rapidamente. Ele n?o podia discordar disso. Ela pediu-lhe para analisar as lojas de bonecas na ?rea enquanto ela iria revisitar a cena do crime que eles tinham examinado h? seis meses. Bill olhou em volta e, sentindo sua cabe?a sobrecarregada, imaginou o que Riley encontraria naquela loja de bonecas. Era a mais elegante das que ele tinha visitado hoje. Ficava em um canto da Capital Beltway, a loja provavelmente recebia um monte de clientes ricos de condados do norte de Virg?nia. Ele caminhou ao redor, investigando. Uma boneca pequena de menina chamou sua aten??o. Com seu sorriso empinado e pele p?lida, especialmente lhe lembrou da ?ltima v?tima. Apesar de estar totalmente vestida com um vestido rosa com v?rios la?os na gola, punhos e bainha, ela tamb?m estava sentada em uma posi??o perturbadoramente similar. De repente, Bill ouviu uma voz ? sua direita. "Acho que voc? est? procurando na se??o errada." Bill virou-se e viu-se diante de uma pequena mulher robusta, com um sorriso caloroso. Algo sobre ela lhe dizia que ela era a encarregada dali. "Por que voc? acha isso?" Bill perguntou. A mulher riu. "Porque voc? n?o tem filhas. Posso ver que um homem n?o tem filhas a uma milha de dist?ncia. N?o me pergunte como, ? apenas algum tipo de intui??o, eu acho." Bill estava atordoado pela percep??o dela e muito impressionado. Ela ofereceu sua m?o a Bill. "Ruth Behnke," disse ela. Bill apertou a m?o dela. "Bill Jeffreys. Acho que voc? ? a dona dessa loja." Ela riu novamente. "Vejo que voc? tem algum tipo de instinto, tamb?m," ela falou. "Prazer em conhec?-lo. Mas voc? tem filhos, n?o ?? Tr?s, eu acho." Bill sorriu. Seus instintos eram bastante afiados, tudo bem. Bill percebeu que ela e Riley iriam desfrutar a companhia uma da outra. "Dois," ele respondeu. "Mas bem perto." Ela riu. "Quantos anos?" Ela perguntou. "Oito e dez." Ela olhou ao redor do lugar. "Eu n?o sei se tenho muita coisa para eles aqui. Ah, na verdade, tenho alguns soldados pitorescos de brinquedo no pr?ximo corredor. Mas os meninos n?o gostam mais desse tipo de coisa, n?o ?? S? querem saber de jogos de v?deo game hoje em dia. E aqueles violentos." "Temo que sim." Ela olhou para ele de forma avaliadora. "Voc? n?o est? aqui para comprar uma boneca, n??" Ela perguntou. Bill sorriu e balan?ou a cabe?a. "Voc? ? boa," ele respondeu. "Voc? ? um policial, talvez?" Ela perguntou. Bill riu baixinho e pegou seu distintivo." N?o exatamente, mas um bom palpite." "Ah, meu Deus." ela disse, preocupada. "O que o FBI quer com a minha lojinha? Eu estou em algum tipo de lista? " "De certa forma," disse Bill. "Mas n?o ? nada para se preocupar. Sua loja surgiu em nossa busca de lojas nesta ?rea que vende bonecas antigas e colecion?veis." Na verdade, Bill n?o sabia exatamente qual ele estava procurando. Riley tinha sugerido que ele fosse para alguns desses lugares, supondo que o assassino poderia ter frequentado, ou pelo menos visitado em alguma ocasi?o. O que ela estava esperando, ele n?o sabia. Ela estava esperando que o assassino estivesse l?? Ou que um dos funcion?rios conhecesse o assassino? Duvidoso que sim. Mesmo que tivessem, era improv?vel que o pensariam como um assassino. Provavelmente todos os homens que iam ali, se houvesse algum, eram esquisitos. Era mais prov?vel que Riley estivesse tentando conseguir mais vis?es de dentro da mente do assassino, sua maneira de olhar o mundo. Se for isso mesmo, Bill achou que ela ia acabar decepcionada. Ele simplesmente n?o tinha a mente dela, nem o talento para entrar facilmente nas cabe?as dos assassinos. Parecia-lhe que ela estava tentando obter mais informa??es. Havia dezenas de lojas de bonecas dentro do raio que eles estavam procurando. Seria melhor, pensou ele, deixar a equipe forense continuar rastreando os fabricantes da boneca. Apesar de, at? agora, nada ter sido encontrado. "Eu ia perguntar que tipo de caso ?," disse Ruth, "mas eu provavelmente n?o deveria." "N?o," Bill disse, "voc? provavelmente n?o deveria." N?o que o caso fosse um segredo – n?o depois que o pessoal do senador Newbrough tinham colocado um comunicado de imprensa sobre o assunto. A m?dia agora estava saturada com a not?cia. Como de costume, o Escrit?rio estava tremendo sob um ataque de dicas de telefone err?neas e a internet estava repleta de teorias bizarras. A coisa toda tinha se tornado uma dor. Mas por que contar ? mulher sobre isso? Ela parecia t?o boa, sua loja t?o ?ntegra e inocente, que Bill n?o queria aborrec?-la com algo t?o triste e chocante como um assassino em s?rie obcecado por bonecas. Ainda assim, havia uma coisa que ele queria saber. "Diga-me uma coisa," pediu Bill. "Quantas vendas voc? faz para adultos – quero dizer adultos sem filhos?" "Oh, essas s?o a maioria das minhas vendas, de longe. Para colecionadores." Bill ficou intrigado. Ele nunca teria imaginado isso. "Por que voc? acha que ? isso?" Ele perguntou. A mulher sorriu, um sorriso distante e estranho e falou num tom suave. "Porque as pessoas morrem, Bill Jeffreys." Agora Bill estava realmente assustado. "Perd?o?" Disse ele. "? medida que envelhecemos, n?s perdemos pessoas. Nossos amigos e entes queridos morrem. Ficamos de luto. As bonecas param o tempo para n?s. Elas fazem-nos esquecer da nossa dor. Elas nos confortam e nos consolam. Bem, olhe ? sua volta. Eu tenho bonecas que tem mais de um s?culo de idade e algumas que s?o quase novas. Entre elas, voc? provavelmente n?o consegue dizer a diferen?a. S?o eternas." Bill olhou ao seu redor, assustado com todos aqueles olhos centen?rios olhando para ele, perguntando-se quantas pessoas aquelas bonecas teriam sobrevivido. Ele se perguntou o que elas haviam testemunhado – o amor, a raiva, o ?dio, a tristeza, a viol?ncia. E, ainda assim, elas o encaravam com a express?o vazia. Elas n?o faziam sentido para ele. Pessoas tem que envelhecer, ele pensou. Elas devem ficar velhas e enrugadas e grisalhas, como ele o fizera, devido a todo o mal e horror que havia no mundo. Dado tudo o que ele tinha visto, seria um pecado, ele pensou, se ele ainda parecesse o mesmo. As cenas dos assassinatos tinham invadido seu interior como se fossem um animal vivo, o fizeram desejar n?o ser mais jovem. "Elas tamb?m – n?o est?o vivas," Bill disse finalmente. Seu sorriso virou agridoce, quase com pena. "Isso ? verdade, Bill? A maioria dos meus clientes n?o pensa assim. Eu tamb?m n?o tenho certeza quanto mim." Um estranho sil?ncio se seguiu. A mulher o rompeu com uma risada. Ela ofereceu a Bill um pequeno folheto colorido com v?rias fotos de bonecas estampadas. "Acontece que eu estou indo para a pr?xima conven??o em D.C. Talvez voc? tamb?m queira ir. Talvez lhe d? alguma ideia para sua investiga??o." Bill agradeceu e saiu da loja, grato pela dica sobre a conven??o. Ele esperava que Riley fosse com ele. Bill lembrou que ela deveria entrevistar o senador Newbrough e sua esposa ? tarde. ? um compromisso importante – n?o apenas porque o senador pode ter boas informa??es, mas por raz?es diplom?ticas. Newbrough realmente estava complicando a situa??o do Escrit?rio. Riley foi a ?nica agente a convenc?-lo de que eles estavam fazendo tudo o que podiam. Mas ela realmente iria aparecer? Bill se perguntou. Parecia-lhe muito bizarro ele n?o ter certeza sobre isso. At? seis meses atr?s, Riley era a ?nica coisa confi?vel em sua vida. Ele sempre confiou plenamente nela. Mas sua ?bvia ang?stia o preocupava. Mais do que isso, ele sentia falta dela. Intimidade como ele ?s vezes ficava com sua mente brilhante, ele precisava dela em um trabalho como aquele. Durante as ?ltimas seis semanas, ele tamb?m percebeu que precisava de sua amizade. Ou, no fundo, era mais do que isso? CAP?TULO 8 Riley dirigia pela estrada de duas pistas, saboreando sua bebida energ?tica. Era uma manh? ensolarada e quente, as janelas do carro estavam abaixadas e o cheiro quente de feno rec?m-embalado enchiam o ar. As pastagens de tamanho modesto das redondezas estavam pontilhadas com gado e as montanhas enquadravam ambos os lados do vale. Ela gostava dali. Mas ela lembrou a si mesma que n?o tinha ido ali para se sentir bem. Ela tinha um trabalho dif?cil a fazer. Riley entrou em uma estrada bem revestida de cascalho e, depois de um minuto ou dois, ela chegou a um cruzamento. Ela virou-se para o parque nacional, dirigiu uma curta dist?ncia e parou seu carro na curva inclinada da estrada. Ela saiu do carro e atravessou uma ?rea aberta at? um robusto e alto carvalho que ficava no canto nordeste. Aquele era o lugar. O lugar onde o corpo de Eileen Rogers tinha sido encontrado – deixado bastante desajeitado naquela ?rvore. Ela e Bill tinham estado ali juntos h? seis meses. Riley come?ou a recriar a cena em sua mente. A maior diferen?a era o clima. Naquela ?poca, era meados de dezembro e estava muito frio. Uma camada fina de neve cobria o ch?o. Volte, disse a si mesma. Volte e sinta. Ela respirou fundo, inspirou e expirou, at? pensar que estava sentindo uma frieza ardente passando por sua traqueia. Ela quase podia ver as espessas nuvens de geada formando a cada respira??o. O cad?ver nu tinha sido congelado. N?o era f?cil dizer qual das muitas les?es corporais eram ferimentos de faca e quais eram feridas e fissuras causadas pelo frio gelado. Riley remontou a cena de volta, at? o ?ltimo detalhe. A peruca. O sorriso pintado. Os olhos costurados abertos. A rosa artificial deitada na neve entre as pernas abertas do cad?ver. A imagem em sua mente estava agora suficientemente v?vida. Agora ela tinha que fazer o que ela tinha feito ontem – ter uma no??o do que o assassino viveu. Mais uma vez, ela fechou os olhos, relaxou e desceu pelo abismo. Ela acolheu aquela sensa??o de tontura, sentindo uma vertigem ao escorregar dentro da mente do assassino. Muito em breve, ela estaria com ele, dentro dele, vendo exatamente o que ele viu – sentindo o que ele sentiu. Ele estava dirigindo ali, ? noite, sentindo-se qualquer coisa, menos confiante. Ele olhava para a estrada ansioso, preocupado com o gelo sob suas rodas. E se ele perdesse o controle, derrapasse em uma vala? Ele tinha um cad?ver a bordo. Seria pego com certeza. Precisava dirigir com cuidado. Ele esperava que seu segundo assassinato fosse mais f?cil do que o primeiro, mas ele ainda estava uma pilha de nervos. Parou o ve?culo bem aqui. Arrastou o corpo da mulher – j? nu, Riley imaginou – adivinhou – para o local aberto. Mas ele j? estava endurecido devido ao rigor mortis. Ele n?o tinha contado com isso. Isso o frustrava, perturbava sua confian?a. Para piorar a situa??o, ele n?o podia ver direito o que estava fazendo, nem mesmo sob a luz dos far?is que ele deixou na dire??o da ?rvore. A noite estava muito escura. Ele fez uma nota mental para fazer isso ? luz do dia da pr?xima vez se pudesse. Arrastou o corpo para a ?rvore e tentou coloc?-lo na pose que ele tinha imaginado. As coisas n?o correram nada bem. A cabe?a da mulher estava inclinada para a esquerda, paralisada pelo rigor mortis. Ele puxou e torceu. Mesmo depois de quebrar seu pesco?o, ele ainda n?o conseguiu deix?-la olhando para a frente. E como ele deveria afastar as pernas dela corretamente? Uma das pernas estava irremediavelmente torta. Ele n?o tinha escolha a n?o ser pegar um p? de cabra do seu porta-malas e quebrar a coxa e o joelho dela. Em seguida, ele torceu a perna do jeito que conseguiu, mas n?o ficou como queria. Por fim, ele obedientemente deixou a fita em torno de seu pesco?o, a peruca em sua cabe?a e a rosa na neve. Ent?o ele entrou em seu carro e foi embora. Ele ficou desapontado e desanimado. E tamb?m estava com medo. Em toda a sua falta de jeito, ser? que ele tinha deixado alguma pista crucial para tr?s? Ele obsessivamente repetiu a a??o toda em sua mente, mas n?o conseguiu ter certeza. Ele sabia que precisaria fazer melhor da pr?xima vez. E prometeu a si mesmo em melhorar. Riley abriu os olhos. Ela deixou a presen?a do assassino desaparecer. Estava satisfeita consigo mesma agora. N?o se deixou ficar abalada e oprimida. E ela tinha conseguido alguma perspectiva valiosa. Ela conseguiu uma no??o de como o assassino estava aprendendo seu of?cio. S? desejou saber algo mais – qualquer coisa – sobre seu primeiro assassinato. Ela estava mais certa do que nunca de que ele havia matado antes. Este tinha sido o trabalho de um aprendiz, mas n?o de um novato. Assim que Riley estava prestes a virar e caminhar de volta para o seu carro, algo na ?rvore chamou sua aten??o. Era uma pequena pitada de amarelo saindo de onde o tronco se dividia ao meio, um pouco acima de sua cabe?a. Ela caminhou at? o outro lado da ?rvore e olhou para cima. "Ele voltou para c?!" Riley ofegou em voz alta. Calafrios percorreram seu corpo e ela olhou ? sua volta nervosamente. Ningu?m parecia estar por perto agora. Aninhada no galho de uma ?rvore, olhando para Riley, estava uma boneca nua, com cabelo louro, com a mesma pose com a que o assassino tinha a inten??o de colocar a v?tima. N?o poderia estar ali h? muito tempo – tr?s ou quatro dias, no m?ximo. Ela n?o havia sido deslocada pelo vento nem manchada pela chuva. O assassino tinha voltado para aquele lugar quando estava se preparando para o assassinato de Reba Frye. Da mesma maneira que Riley tinha feito, ele tinha voltado ali para refletir sobre seu trabalho, analisar criticamente os seus erros. Ela tirou fotos com seu telefone celular. Ia mand?-las imediatamente para o Escrit?rio. Riley sabia por que ele tinha deixado a boneca. ? uma desculpa pelo desleixo passado, ela percebeu. Era tamb?m uma promessa de que um melhor trabalho estava por vir. CAP?TULO 9 Riley dirigiu em dire??o ? mans?o do senador Mitch Newbrough e seu cora??o se encheu de medo quando ela apareceu. Situada no final de uma longa estrada arborizada, ela era enorme, formal e assustadora. Ela sempre achou que os ricos e poderosos eram mais dif?ceis de lidar do que as pessoas de n?veis mais abaixo na escada social. Ela parou e estacionou em um c?rculo bem cuidado na frente da mans?o de pedra. Sim, esta fam?lia era muito rica, de fato. Ela saiu do carro e caminhou at? as enormes portas da frente. Depois de tocar a campainha, foi recebida por um homem bem-apessoado de cerca de trinta anos. "Eu sou Robert," disse ele. "O filho do senador. E voc? deve ser a agente especial Riley. Entre. Minha m?e e meu pai est?o esperando por voc?." Robert Newbrough conduziu Riley para dentro da casa, o que a fez se lembrar imediatamente o quanto ela n?o gostava de casas ostensivas. A casa dos Newbrough era especialmente cavernosa, e a caminhada para onde quer que o senador e sua esposa estivessem esperando era desagradavelmente longa. Riley tinha certeza de que fazer os convidados caminharem uma dist?ncia inconveniente daquelas era uma esp?cie de t?tica de intimida??o, uma forma de comunicar que os moradores daquela casa eram muito poderosos para serem enfrentados. Riley tamb?m achou o mobili?rio e a decora??o colonial onipresente realmente bem feios. Mais do que qualquer outra coisa, ela temia o que estava por vir. Para ela, conversar com as fam?lias das v?timas era simplesmente horr?vel – muito pior do que lidar com cenas de assassinato ou mesmo cad?veres. Ela achava f?cil ser envolvida pela tristeza, raiva e confus?o das pessoas. Tais emo??es intensas destru?am sua concentra??o e a desviavam de seu trabalho. Enquanto caminhavam, Robert Newbrough disse: "Meu pai veio de Richmond para casa desde…" Ele engasgou um pouco no meio da frase. Riley podia sentir a intensidade de sua perda. "Desde que ouvi sobre Reba," continuou ele. "Foi terr?vel. Minha m?e est? especialmente abalada. Tente n?o a incomodar muito." "Eu sinto muito pela sua perda," disse Riley. Robert ignorou-a e levou Riley at? uma espa?osa sala de estar. O senador Mitch Newbrough e sua esposa estavam sentados juntos em um enorme sof? segurando as m?os um do outro. "Agente Paige," Robert disse, apresentando-a. "Agente Paige, deixe-me apresentar os meus pais, o senador e sua esposa, Annabeth." Robert ofereceu um assento a Riley e, em seguida, sentou-se tamb?m. "Em primeiro lugar," disse Riley calmamente, "minhas sinceras condol?ncias pela sua perda." Annabeth Newbrough respondeu com um aceno silencioso de reconhecimento. O senador apenas ficou olhando fixamente para a frente. No breve sil?ncio que se seguiu, Riley fez uma avalia??o r?pida de seus rostos. Ela tinha visto Newbrough na televis?o muitas vezes, sempre com o sorriso insinuante de um pol?tico. Ele n?o estava sorrindo agora. Riley nunca tinha visto tanto a Sra. Newbrough, que parecia possuir a docilidade t?pica da esposa de um pol?tico. Ambos estavam em seus sessenta e poucos anos. Riley reparou que eles se esfor?avam e gastavam muito para parecerem mais jovens – implantes de cabelo, tintura de cabelo, pl?sticas, maquiagem. Na opini?o de Riley, tais esfor?os haviam deixado a apar?ncia dos dois vagamente artificial. Como bonecas, Riley pensou. "Eu tenho que lhes fazer algumas perguntas sobre a sua filha," disse Riley, tirando seu notebook. "Voc?s estiveram em estreito contato com Reba recentemente?" "Oh, sim," disse a Sra. Newbrough. "Somos uma fam?lia muito unida." Riley observou uma ligeira rigidez na voz da mulher. Soou como algo que ela falasse um pouco demais, um pouco rotineiro demais. Riley sentiu certeza de que a vida familiar na casa dos Newbrough estava longe de ser ideal. "Ser? que Reba n?o disse nada recentemente sobre estar sendo amea?ada?" Riley perguntou. "N?o," respondeu a Sra. Newbrough. "Nenhuma palavra." Riley observou que o senador n?o tinha dito nenhuma palavra at? agora. Ela se perguntou por que ele estava t?o tranquilo. Ela precisava que ele falasse, mas como? E ent?o Robert falou. "Ela tinha passado por um div?rcio conturbado recentemente. As coisas ficaram feias entre ela e Paul sobre a cust?dia de seus dois filhos." "Oh, eu nunca gostei dele," comentou a Sra. Newbrough. "Ele tinha um tipo de temperamento. Voc? acha que possivelmente -?" As palavras dela desapareceram. Riley balan?ou a cabe?a. "O ex-marido n?o ? um prov?vel suspeito," disse ela. "Por que diabos n?o?" Perguntou a Sra. Newbrough. Riley pesou em sua mente o que ela podia e o que n?o podia contar. "Voc? pode ter lido que o assassino j? apareceu antes," disse ela. "Houve uma v?tima semelhante perto de Daggett." A Sra. Newbrough estava ficando mais agitada. "O que ? que isso quer dizer para n?s?" "Estamos lidando com um assassino em s?rie," disse Riley. "N?o havia nada dom?stico sobre isso. Sua filha pode sequer ter conhecido o assassino. H? toda a probabilidade de que n?o era pessoal." A Sra. Newbrough estava chorando agora. Riley imediatamente lamentou sua escolha de palavras. "N?o era pessoal?" A Sra. Newbrough quase gritou. "Como poderia ser qualquer coisa menos pessoal?" O Senador Newbrough falou com seu filho. "Robert, por favor leve sua m?e para outro lugar e a acalme. Eu preciso falar com a agente Paige sozinho." Robert Newbrough levou obedientemente sua m?e dali. O Senador Newbrough n?o disse nada por um momento. Ele olhou Riley firmemente nos olhos. Ela tinha certeza de que ele estava acostumado a intimidar as pessoas com aquele seu olhar. Mas n?o funcionava especialmente bem com ela. Ela simplesmente retribuiu o olhar. Por fim, o senador enfiou a m?o no bolso do casaco e tirou um envelope do tamanho de uma carta. Ele caminhou at? a cadeira onde ela estava e lhe entregou. "Aqui," ele disse. Em seguida, ele voltou para o sof? e sentou-se novamente. "O que ? isso?" Riley perguntou. O senador voltou seu olhar sobre ela mais uma vez. "Tudo o que voc? precisa saber," ele respondeu. Riley estava agora completamente perplexa. "Posso abrir?" Ela perguntou. "Certamente." Riley abriu o envelope. Ele continha uma ?nica folha de papel com duas colunas de nomes. Ela reconheceu alguns deles. Tr?s ou quatro eram jornalistas bem conhecidos no notici?rio da TV local. V?rios outros foram proeminentes pol?ticos de Virg?nia. Riley ficou ainda mais perplexa do que antes. "Quem s?o essas pessoas?" Ela perguntou. "Os meus inimigos," respondeu o senador Newbrough em uma voz calma. "Provavelmente n?o ? uma lista abrangente. Mas esses s?o os que importam. Algu?m a? ? o culpado." Riley estava completamente aturdida agora. Ela ficou ali sentada e nada disse. "N?o estou dizendo que qualquer um nessa lista matou a minha filha diretamente, cara a cara," ele falou. "Mas eles com certeza pagariam algu?m para faz?-lo." Riley falou devagar e com cautela. "Senador, com todo o respeito, acredito que acabei de comentar que o assassinato de sua filha provavelmente n?o foi por motivos pessoais. J? houve um assassinato quase id?ntico a este." "Voc? est? dizendo que a minha filha foi alvo puramente por acaso?" Perguntou o senador. Sim, provavelmente, Riley pensou. Mas ela sabia que n?o devia dizer isso em voz alta. Antes que ela pudesse responder, ele acrescentou, "Agente Paige, eu aprendi com experi?ncias dif?ceis a n?o acreditar em coincid?ncias. N?o sei por que, ou como, mas a morte da minha filha tem a ver com pol?tica. E, na pol?tica, tudo ? pessoal. Ent?o, n?o tente me dizer que ? qualquer outra coisa, menos pessoal. ? o seu trabalho e do Escrit?rio encontrar quem ? o respons?vel e traz?-lo ? justi?a." Riley respirou longa e profundamente. Ela estudou o rosto do homem nos m?nimos detalhes. Ela podia enxergar agora. O Senador Newbrough era um completo narcisista. N?o que eu devesse estar surpresa, ela pensou. Riley percebeu mais uma coisa. O senador achava inconceb?vel que qualquer coisa em sua vida n?o fosse especificamente sobre ele e apenas ele. Mesmo o assassinato de sua filha tinha a ver com ele. Reba tinha simplesmente ficado presa entre ele e algu?m que o odiava. Ele provavelmente acreditava mesmo nisso. "Senhor," Riley come?ou, "com todo o respeito, eu n?o acho -" "Eu n?o quero que voc? pense," interrompeu Newbrough. "Voc? tem todas as informa??es que precisa bem na sua frente." Eles sustentaram o olhar do outro por v?rios segundos. "Agente Paige," o senador finalmente disse: "Tenho a sensa??o de que n?o estamos na mesma sintonia. Isso ? uma pena. Voc? pode n?o saber, mas eu tenho bons amigos nos escal?es superiores da ag?ncia. Alguns deles me devem favores. Vou entrar em contato com eles imediatamente. Preciso de algu?m nesse caso que v? fazer o trabalho." Riley ficou ali, estupefata, sem saber o que dizer. Aquele homem estava delirando tanto assim? O senador levantou-se. "Vou mandar algu?m para acompanh?-la at? a sa?da, agente Paige," disse ele. "Sinto muito que n?o tenhamos nos entendido." O Senador Newbrough saiu da sala, deixando Riley sentada ali sozinha. Sua boca estava aberta com o choque. O homem era um narcisista, tudo bem. Mas ela sabia que havia mais do que isso. Havia algo que o senador estava escondendo. E n?o importava o que fosse, ela iria descobrir o que era. CAP?TULO 10 A primeira coisa que chamou a aten??o de Riley era a boneca – a mesma boneca nua que ela tinha encontrado mais cedo naquela ?rvore perto de Daggett, exatamente na mesma pose. Por um momento, ela ficou surpresa ao v?-la deixada l? no laborat?rio forense do FBI, rodeada por uma variedade de equipamentos de alta tecnologia. Parecia estranhamente fora de lugar para Riley – como uma esp?cie de santu?rio doentio para uma era n?o-digital ultrapassada. Agora, a boneca era apenas mais um elemento de provas, protegida por um saco pl?stico. Ela sabia que a equipe tinha sido enviada para recuper?-la, logo que ela ligara da cena. Mesmo assim, era uma vis?o chocante. O agente especial Meredith adiantou-se para cumpriment?-la. "Faz um longo tempo, agente Paige," disse ele calorosamente. "Bem-vinda de volta." "? bom estar de volta, senhor," disse Riley. Ela caminhou at? a mesa para sentar-se com Bill e o t?cnico de laborat?rio, Flores. Quaisquer que fossem os escr?pulos e incertezas que ela estava sentindo, ela realmente se sentia bem em ver Meredith novamente. Ela gostava de seu estilo direto e rigoroso e ele sempre a tratou com respeito e considera??o. "Como ? que foram as coisas com o senador?" Perguntou Meredith. "Nada bem, senhor," respondeu ela. Riley notou um tremor de aborrecimento no rosto de seu chefe. "Voc? acha que ele vai nos dar algum problema?" "Tenho quase certeza disso. Sinto muito, senhor." Meredith assentiu com simpatia. "Tenho certeza de que n?o ? sua culpa," disse ele. Riley achava que ele tinha uma boa ideia do que tinha acontecido. O comportamento do senador Newbrough era, sem d?vida, t?pico dos pol?ticos narcisistas. Meredith, provavelmente, estava bastante acostumado com isso. Flores digitou e, em seguida, imagens de fotografias macabras, relat?rios oficiais e not?cias surgiram em monitores grandes ao redor da sala. "Fizemos algumas escava??es e n?o ? que voc? estava certa, agente Paige," disse Flores. "O mesmo assassino j? apareceu antes, muito antes do assassinato em Daggett." Riley ouviu um grunhido de satisfa??o de Bill e, por um segundo, Riley sentiu-se justificada, sentiu sua cren?a em si mesma voltar. Mas ent?o seu esp?rito afundou. Outra mulher tinha sofrido uma morte terr?vel. N?o havia nenhum motivo para celebra??o. Ela, na verdade, tinha desejado n?o ter raz?o. Por que eu n?o posso desfrutar a sensa??o de estar certa de vez em quando? perguntou-se. Um mapa gigantesco de Virg?nia se desdobrou ao longo do principal monitor de tela plana, e ent?o enfatizou a parte norte do estado. Flores marcou um ponto alto no mapa, perto da fronteira com Maryland. "A primeira v?tima foi Margaret Geraty, trinta e seis anos de idade," informou Flores. "Seu corpo foi encontrado abandonado em terras agr?colas, a cerca de 13 milhas no entorno de Belding. Ela foi morta no dia 25 de junho, h? quase dois anos. O FBI n?o foi chamado nesse caso. A pol?cia local deixou o caso esfriar." Riley olhou para as fotos da cena do crime que Flores exibiu em outro monitor. O assassino, obviamente, n?o tinha tentado colocar o corpo em uma pose. Ele tinha acabado de larg?-lo com pressa e fugiu. "Dois anos atr?s," disse ela, pensando, concentrando-se. Uma parte dela estava surpresa por ele estar envolvido com isso h? tanto tempo. No entanto, outra parte dela sabia que esses assassinos doentes poderiam operar durante anos. Eles podiam ter uma estranha paci?ncia. Ela examinou as fotos. "Vejo que ele n?o tinha desenvolvido seu estilo," observou. "Correto," concordou Flores. "H? uma peruca ali, e o cabelo foi cortado curto, mas ele n?o deixou uma rosa. No entanto, ela foi sufocada at? a morte com uma fita cor de rosa." "Ele teve pressa na prepara??o," disse Riley. "Seu nervosismo o atrapalhou. Foi a primeira vez dele, ele n?o tinha autoconfian?a. Ele fez um pouco melhor com Eileen Rogers, mas s? ao matar Reba Frye que ele realmente acertou seu passo." Ela lembrou-se de algo que queria perguntar. "Voc? encontrou alguma liga??o entre as v?timas? Ou entre as crian?as das duas m?es?" "Nada," respondeu Flores. "A verifica??o dos grupos de pais n?o teve nenhum resultado. Nenhuma delas parecia conhecer a outra." Isso desanimou Riley, mas n?o a surpreendeu de forma alguma. "E quanto ? primeira mulher?" Riley perguntou. "Ela era m?e, eu suponho." "N?o," disse Flores rapidamente, como se estivesse esperando por esse questionamento. "Ela era casada, mas sem filhos." Riley ficou pasma. Ela tinha certeza que o assassino estava objetivando m?es. Como ela poderia ter come?ado errado? Ela podia sentir sua crescente autoconfian?a, de repente, desinflar. Com a hesita??o de Riley, Bill perguntou: "Ent?o, qu?o pr?ximos estamos para identificar um suspeito? Voc? foi capaz de obter algum daqueles carrapichos do Parque Mosby?" "N?o tive essa sorte," disse Flores. "N?s encontramos vest?gios de couro, em vez de sangue. O assassino usou luvas. Ele parecia ser melindroso. Mesmo na primeira cena, ele n?o deixou qualquer vest?gio ou DNA." Riley suspirou. Ela tinha sido t?o esperan?osa de que havia encontrado algo que os outros tinham negligenciado. Mas agora ela sentiu que estava errada. Eles estavam de volta ? estaca zero. "Obsessivo com os detalhes," ela comentou. "Mesmo assim, eu acho que n?s estamos nos aproximando dele," acrescentou Flores. Ele usou um ponteiro eletr?nico para indicar localiza??es, linhas desenhadas entre elas. "Agora que sabemos sobre este assassinato pr?vio, temos a ordem e uma melhor ideia de seu territ?rio," disse Flores. "N?s temos a n?mero um, Margaret Geraty, em Belding, ao norte daqui, n?mero dois, Eileen Rogers, perto de Daggett, mais ao sul e, n?mero tr?s, Reba Frye, para o oeste, no Parque Mosby." Ao olhar, Riley viu que os tr?s locais formaram um tri?ngulo no mapa. "N?s estamos olhando para uma ?rea de cerca de mil milhas quadradas," disse Flores. "Mas isso n?o ? t?o ruim quanto parece. Estamos falando de ?reas rurais na sua maioria, com algumas pequenas cidades. No Norte, voc? entra em algumas grandes propriedades, como a do senador. Muitos campos abertos." Riley viu um olhar de satisfa??o profissional no rosto de Flores. Obviamente ele amava seu trabalho. "O que eu vou fazer ? reunir os dados de todos os criminosos sexuais registrados que vivem nesta ?rea," disse Flores. Ele digitou um comando e o tri?ngulo foi pontilhado com cerca de duas d?zias de marcas pequenas e avermelhadas. "Agora vamos eliminar os pederastas," disse ele. "Podemos ter certeza de que o nosso assassino n?o ? um deles." Flores digitou um outro comando e cerca de metade dos pontos desapareceu. "Agora vamos reduzir a apenas os casos graves – caras que estiveram na pris?o por estupro ou assassinato ou ambos." "N?o," Riley disse abruptamente. "Isso est? errado." Todos os tr?s homens a encararam com surpresa. "N?s n?o estamos procurando um criminoso violento," disse ela. Flores resmungou. "At? parece que n?o!" Ele protestou. Um sil?ncio se instalou. Riley sentiu uma vis?o se construindo, mas ainda n?o tinha tomado forma em sua mente. Ela ficou olhando para a boneca, que ainda estava sentada grotescamente sobre a mesa, parecendo mais deslocada que nunca. Se voc? pudesse falar, ela pensou. Ent?o ela come?ou lentamente a listar seus pensamentos. "Quero dizer, n?o obviamente violento. Margaret Geraty n?o foi estuprada. N?s j? sab?amos que Rogers e Frye tamb?m n?o foram." "Todos elas foram torturadas e mortas," Flores resmungou. A tens?o encheu a sala, enquanto Brent Meredith parecia preocupado, Bill estava olhando fixamente para um dos monitores. Riley apontou para as imagens de perto do cad?ver horrivelmente mutilado de Margaret Geraty. "Seu primeiro assassinato foi o mais violento," disse ela. "Essas feridas s?o profundas e feias – piores do que suas duas pr?ximas v?timas. Aposto que seus peritos j? determinaram que ele infligiu estas feridas bem rapidamente, uma ap?s a outra." Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43693567&lfrom=688855901) на ЛитРес. 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