×òî æå åñòü ó ìåíÿ? Äûðû â äðàíûõ êàðìàíàõ, Òðè ìîðùèíû íà ëáó, Äà èñò¸ðòûé ïÿòàê... Íî íå æàëêî íè äíÿ- Ìíå ñóäüáîþ ïðèäàííûõ, Õîòü ïîðîé ÿ æèâó Ïîïîäàÿ â ïðîñàê. Âñ¸ ÷òî åñòü ó ìåíÿ: Ñîâåñòü, ÷åñòü è óìåíüå. ß îòäàì íå ñêóïÿñü- Ïðîñòî òàê çà ïóñòÿê. Çà ïîñòåëü ó îãíÿ, Äîáðîòó áåç ñòåñíåíüÿ. È çà òî, ÷òî ïðîñòÿñü, Íå çàáûòü ìíå íè êàê... Âñ¸ ÷

Acorrentadas

Acorrentadas Blake Pierce Um Mist?rio de Riley Paige #2 Uma obra-prima de thriller e mist?rio! O autor fez um trabalho magn?fico no desenvolvimento das personagens com um lado psicol?gico t?o bem trabalhado que temos a sensa??o de estar dentro das suas mentes, sentindo os seus medos e aplaudindo os seus sucessos. A hist?ria ? muito inteligente e mant?m-nos interessados durante todo o livro. Pleno de reviravoltas, este livro obriga-nos a ficar acordados at? ? ?ltima p?gina. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (re Sem Pistas) Mulheres est?o a ser assassinadas no estado de Nova Iorque. Os seus corpos s?o misteriosamente encontrados envoltos em correntes. Quando o FBI ? chamado a intervir devido ? natureza bizarra dos crimes – e ? aus?ncia de pistas – s? pode recorrer a uma agente: a Agente Especial Riley Paige. Riley, a recuperar do seu ?ltimo caso, mostra-se relutante em aceitar um novo por estar convencida que um assassino em s?rie que conhece demasiado bem ainda est? ? solta e a persegui-la. Contudo, ela sabe que a sua capacidade de penetrar na mente de um assassino em s?rie e a sua natureza obsessiva ? aquilo de que o FBI precisa para resolver o caso e n?o o consegue recusar – mesmo que a leve ao limite. A investiga??o de Riley f?-la penetrar profundamente na mente psic?tica do assassino conduzindo-a a orfanatos, hospitais psiqui?tricos, pris?es, tudo para compreender a profundidade da psicose em causa. Tendo a no??o de que enfrenta um verdadeiro psicopata, Riley sabe que n?o demorar? muito at? que o mesmo volte a atacar. Mas com o seu emprego em jogo, a pr?pria fam?lia como alvo e a sua mente fr?gil a colapsar, pode ser demasiada press?o para ela – e demasiado tarde. Um thriller psicol?gico negro com suspense inimagin?vel, ACORRENTADAS ? o livro #2 da incr?vel nova s?rie – com uma inesquec?vel nova personagem – que o obrigar? a n?o largar o livro at? o terminar. O livro #3 da s?rie de Riley Paige j? se encontra dispon?vel! ACORRENTADAS (UM MIST?RIO DE RILEY PAIGE—LIVRO 2) B L A K E P I E R C E Blake Pierce Blake Pierce ? autor da s?rie de mist?rio de sucesso RILEY PAIGE que inclui os thrillers de suspense e mist?rio SEM PISTAS (livro #1), ACORRENTADAS (livro #2) e ONCE CRAVED (livro #3). Blake Pierce tamb?m ? autor da s?rie de mist?rio MACKENZIE WHITE. isso, n?o deixe de visitar a p?gina do autor em www.blakepierceauthor.com (http://www.blakepierceauthor.com) para saber mais e manter o contato. Copyright© 2016 Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido sob o Copyright Act dos Estados Unidos de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida por qualquer forma ou meios, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recupera??o sem a autoriza??o pr?via do autor. Este ebook est? licenciado apenas para seu usufruto pessoal. Este ebook n?o pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se gostava de partilhar este ebook com outra pessoa, por favor compre uma c?pia para cada recipiente. Se est? a ler este livro e n?o o comprou ou n?o foi comprado apenas para seu uso, por favor devolva-o e compre a sua c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo deste autor. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, locais, eventos e incidentes ou s?o o produto da imagina??o do autor ou usados ficcionalmente. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? uma coincid?ncia. Jacket image Copyright GongTo, usado sob licen?a de Shutterstock.com. LIVROS DE BLAKE PIERCE S?RIE DE MIST?RIOS RILEY PAGE SEM PISTAS (Livro 1) ACORRENTADAS (Livro 2) S?RIE DE MIST?RIOS MACKENZIE WHITE ANTES QUE ELE MATE (Livro 1) S?RIE DE MIST?RIOS AVERY BLACK RAZ?O PARA MATAR (Livro 1) ?NDICE PR?LOGO (#uaa34dfd9-edcc-527a-97a3-225e738ee5e9) CAP?TULO 1 (#ucbf88095-262d-5988-b6a7-dc44271fd599) CAP?TULO 2 (#u02574f59-26b7-5471-a5c1-17f71a006300) CAP?TULO 3 (#u9fc4465d-0031-5692-a985-66f19fea9530) CAP?TULO 5 (#uc322b672-d6d6-57eb-8a78-8cff649f180b) CAP?TULO 8 (#ube321828-7a45-5f7b-b7cc-9c50ea8822d0) CAP?TULO 9 (#uaf93259d-0fa1-5516-825f-eaa815d0447e) CAP?TULO 10 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 12 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 14 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 15 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 16 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 17 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 18 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 19 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 20 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 21 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 22 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 23 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 24 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 25 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 26 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 30 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 31 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 33 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 34 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 36 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 38 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 39 (#litres_trial_promo) CAP?TULO 40 (#litres_trial_promo) PR?LOGO O capit?o Jimmy Cole tinha acabado de contar aos seus passageiros uma antiga hist?ria de fantasmas do rio Hudson. Era uma hist?ria das boas sobre um assassino com um machado e um casaco comprido e negro, perfeita para uma noite de nevoeiro como aquela. Reclinou-se na cadeira, repousando por um momento os fr?geis joelhos e pensou na reforma pela milion?sima vez. Conhecia o Hudson como a palma das suas m?os mas, mais dia, menos dia, at? um pequeno barco de pesca como o Suzy se tornaria numa responsabilidade demasiado grande para ele. Terminada a faina naquela noite, manobrou a embarca??o rumo a terra e, ao encaminhar-se firmemente para o cais de Reedsport, um dos passageiros chamou-o, arrancando-o aos seus devaneios. “Ei, Capit?o – aquilo ali n?o ? o seu fantasma?” Jimmy nem se deu ao trabalho de olhar. Os seus quatro passageiros – dois jovens casais de f?rias – estavam a cair de b?bedos. N?o havia a m?nima d?vida de que um dos homens estava apenas a tentar assustar as mulheres. Mas ent?o uma das mulheres acrescentou: “Tamb?m estou a ver. N?o ? estranho?” Jimmy voltou-se para os seus passageiros. Raios partam os b?bedos. Era a ?ltima vez que trabalhava ?quela hora da noite. E ent?o, o outro homem apontou. “Est? ali,” Disse. A mulher tapou os olhos. “Oh, nem consigo olhar!” Exclamou com um riso nervoso e constrangido. Jimmy, exasperado e percebendo que n?o lhe iam dar descanso, virou-se finalmente e olhou para onde o homem estava a apontar. Algo lhe chamou realmente a aten??o num espa?o entre as ?rvores que se avistavam na orla do rio. Reluzia e tinha uma forma vagamente humana. Fosse o que fosse, parecia flutuar acima do ch?o. Mas estava muito longe para se ver com nitidez. Antes de Jimmy ter tempo de agarrar nos bin?culos, o objeto desapareceu atr?s das ?rvores na margem. A verdade era que Jimmy tamb?m tinha bebido algumas cervejas, embora tal n?o constitu?sse um problema para ele. Conhecia bem o rio. E gostava do que fazia. Gostava especialmente de estar no Hudson ?quela hora da noite quando as ?guas estavam calmas e pac?ficas. Poucas coisas naquele local podiam abalar a sua tranquilidade. Abrandou e manobrou o Suzy cuidadosamente de encontro aos protetores do cais. Orgulhoso da acostagem suave, desligou o motor e amarrou o barco ao cais. Os passageiros sa?ram do barco aos trambolh?es e a rir destemperadamente. Cambalearam do cais para terra firme e dirigiram-se para o Bed & Breakfast em que estavam hospedados. Jimmy estava contente por terem pago adiantado. Mas n?o conseguia parar de pensar no objeto estranho que detetara. Estava bem para l? da linha da costa e n?o era poss?vel v?-lo de onde se encontrava. Quem ou o que seria? Incomodado, sabia que n?o ia sossegar enquanto n?o desvendasse aquele mist?rio. Ele era assim mesmo. Jimmy suspirou audivelmente, aborrecido, e come?ou a caminhar pela margem do rio, seguindo a linha de comboio que bordejava as ?guas do rio. Aquela linha estivera ativa h? cem anos atr?s, na altura em que Reedsport era essencialmente constitu?da por bord?is e casas de jogo. Agora, era apenas mais uma rel?quia de uma era passada. Jimmy conseguiu finalmente contornar uma curva, aproximando-se de um velho armaz?m pr?ximo da linha. Emanava uma luz difusa do edif?cio, mas ainda assim suficiente para conseguir ver uma luminosa forma humana que parecia flutuar ao vento. A forma estava suspensa de uma das traves de um poste de energia. Quando se aproximou, viu com nitidez algo que lhe provocou um calafrio. A forma era de facto humana, apesar de n?o dar mostras de qualquer sinal de vida. O corpo estava de costas para ele, envolto num qualquer tipo de tecido e completamente embrulhado em pesadas correntes que cintilavam ? luz. Oh, meu Deus, outra vez n?o. Jimmy n?o conseguiu evitar lembrar-se de um crime macabro que abalara a regi?o h? alguns anos atr?s. Jimmy dirigiu-se ao outro lado do corpo sentindo os fr?geis joelhos a vacilar. Aproximou-se o suficiente para conseguir ver o rosto de quem ali estava pendurado e quando o contemplou, quase caiu na linha em estado de choque. Reconheceu-a. Era uma mulher que vivia na cidade, uma enfermeira, uma amiga de longa data. A garganta estava cortada e a boca aberta sem vida estava amorda?ada por uma corrente que envolvia a cabe?a. Jimmy arquejou de dor perante aquele horror. O assassino estava de volta. CAP?TULO 1 A Agente Especial Riley Page estacou, observando a cena em estado de choque. A m?o cheia de pedras na sua cama n?o deveria ali estar. Algu?m tinha arrombado a sua casa e tinha-os colocado ali. Algu?m que lhe queria fazer mal. Compreendeu de imediato que as pedras eram uma mensagem e que o portador da mensagem era um velho inimigo. Dizia-lhe que, afinal, ela n?o o tinha morto. O Peterson est? vivo. O mero pensamento provocou-lhe um tremor que percorreu todo o seu corpo. H? muito que suspeitava dessa possibilidade e agora tinha a certeza absoluta. Pior, ele tinha estado dentro da sua casa. A simples ideia nauseava-a a ponto de lhe apetecer vomitar. Ainda estaria ali? Agora respirava com dificuldade, dominada pelo medo. Riley sabia que os seus recursos f?sicos eram limitados. Precisamente naquele dia, tinha sobrevivido a um perigoso confronto com um assassino s?dico, e ainda tinha a cabe?a ligada e o corpo repleto de hematomas. Estaria preparada para o enfrentar se ele estivesse dentro da sua casa? Riley retirou imediatamente a arma do coldre. Com as m?os a tremer, dirigiu-se ao roupeiro e abriu-o. Ningu?m estava ali. Confirmou debaixo da cama. Ali tamb?m n?o estava ningu?m. Riley parou e for?ou-se a pensar com clareza. Tinha estado no quarto desde que tinha chegado a casa? Sim, porque tinha colocado o coldre por cima do arm?rio ao lado da porta. Mas n?o tinha ligado a luz e n?o tinha olhado para o interior. Tinha-se circunscrito ao umbral da porta e a colocar a arma em cima do arm?rio antes de sair. Tinha vestido o pijama na casa de banho. Teria o seu inimigo estado na casa todo aquele tempo? Depois de chegarem a casa, ela e April tinham conversado e visto televis?o at? tarde. Depois April fora para a cama. S? algu?m muito furtivo e ardiloso conseguiria ficar escondido numa casa min?scula como a dela. Mas era uma possibilidade que ela n?o podia descartar. E ent?o um novo medo se apoderou dela. April! Riley agarrou na lanterna que guardava na mesa-de-cabeceira. Com a arma em riste na m?o direita e a lanterna na m?o esquerda, saiu do quarto e ligou a luz do corredor. A casa parecia adormecida. Dirigiu-se rapidamente ao quarto de April e escancarou a porta. O quarto estava mergulhado em escurid?o. Riley ligou a luz do teto. A filha estava na cama. “O que foi, M?e?” Perguntou April, semicerrando os olhos surpreendida. Riley entrou no quarto. “N?o saias da cama,” Disse. “Fica sossegada onde est?s.” “Est?s-me a assustar,” Disse April com a voz a tremer. N?o havia problema. Tamb?m ela estava com muito medo e a filha tinha todas as raz?es para sentir medo como ela. Dirigiu-se ao roupeiro de April, apontou a lanterna para o seu interior e viu que ningu?m se encontrava l? dentro. Tamb?m n?o havia ningu?m debaixo da cama da April. O que fazer de seguida? Tinha que percorrer cada canto e recanto da casa. Riley sabia o que o seu parceiro Bill Jeffreys teria dito. Raios Riley, pede ajuda. A sua tend?ncia de longa data de fazer tudo sozinha, sempre tinha enfurecido o Bill. S? que desta vez ia seguir o seu conselho. Com a April em casa, Riley n?o ia correr riscos. “Veste um robe e cal?a-te,” Disse ? filha. “Mas ainda n?o saias do quarto.” Riley voltou ao seu quarto e pegou no telefone, pousado em cima da mesa-de-cabeceira. Pressionou a liga??o autom?tica para falar com a Unidade de An?lise Comportamental. Mal ouviu uma voz do outro lado, sussurrou, “Daqui fala Agente Especial Riley Page. Algu?m entrou na minha casa e ainda pode estar c?. Preciso que algu?m c? venha rapidamente.” Pensou durante um segundo e depois acrescentou, “E enviem uma equipa de an?lise de provas.” “Vamos j? para a?,” Responderam do outro lado da linha. Riley desligou a chamada e regressou ao corredor. Com exce??o dos dois quartos e do corredor, a casa continuava mergulhada na escurid?o. Ele podia estar em qualquer lugar, ? espreita, ? espera de desferir um ataque. Este homem j? a tinha apanhado desprevenida uma vez e quase tinha morrido ?s suas m?os. Riley moveu-se sorrateiramente pela casa, ligando as luzes ? medida que avan?ava com a arma pronta para qualquer eventualidade. Apontou a lanterna para o interior de todos os roupeiros e para todos os cantos penumbrosos. Finalmente, olhou para o teto do corredor. A portinhola acima dela conduzia ao s?t?o, escondendo uma escada de puxar nas suas entranhas. Atrever-se-ia a subir l? acima e espreitar? Naquele preciso momento, Riley ouviu as sirenes da pol?cia. Soltou um profundo suspiro de al?vio ao ouvir aquele som. Apercebeu-se que a ag?ncia tinha chamado a pol?cia local, considerando a dist?ncia de mais de meia hora da sede da UAC. Dirigiu-se ao seu quarto, cal?ou uns sapatos e vestiu um roup?o de banho, regressando depois ao quarto de April. “Vem comigo,” Disse. “Fica perto de mim.” Ainda segurando na arma, Riley envolveu com o seu bra?o esquerdo os ombros de April. A pobre crian?a tremia de medo. Riley levou April para a porta de entrada, abrindo-a ao mesmo tempo que v?rios pol?cias de uniforme se apressavam em dire??o ? casa. O pol?cia respons?vel aproximou-se da casa com a arma em riste. “Qual ? o problema?” Perguntou. “Algu?m esteve na minha casa,” Respondeu Riley. “Ainda pode l? estar.” O pol?cia contemplou, inquieto, a arma que Riley empunhava. “Sou do FBI,” Tranquilizou-o Riley. “Os agentes da UAC devem estar a chegar. J? revistei a casa, exceto o s?t?o.” Disse, apontando na sua dire??o. “H? uma porta no teto por cima do corredor.” O pol?cia chamou, “Bowers, Wright, venham c? e revistem o s?t?o. Os outros revistam l? fora, atr?s e ? frente da casa.” Bowers e Wright foram diretamente para o corredor e puxaram a escada para subirem at? ao s?t?o. Ambos empunhavam as suas armas. Um esperou no fundo da escada, enquanto o outro subia e apontava uma lanterna em todas as dire??es. Dali a momentos, o homem desapareceu no interior do s?t?o. E logo depois uma voz ressoou, anuncinado, “N?o est? aqui ningu?m.” Riley queria sentir-se aliviada. Mas a verdade era que desejava que Peterson estivesse ali em cima. Seria preso ali naquele momento, ou ainda melhor, alvejado, morto. E tinha a certeza de que n?o estaria nem atr?s, nem ? frente da casa. “Tem uma cave?” Perguntou o pol?cia respons?vel. “N?o, s? uma pequena arrecada??o,” Respondeu Riley. O pol?cia vociferou l? para fora, “Benson, Pratt, vejam debaixo da casa.” April ainda estava desesperadamente agarrada ? m?e. “O que ? que se passa, M?e?” Perguntou. Riley hesitou. Durante anos, evitara contar a April a verdade crua do seu trabalho. Contudo, recentemente compreendera que tinha sido excessivamente protetora. Ent?o, contara a April o traum?tico cativeiro sofrido ?s m?os de Peterson, ou pelo menos, o que considerou suport?vel para ela. Tamb?m partilhara com ela as d?vidas quanto ? morte do homem. Mas o que diria agora a April? N?o sabia ao certo. Antes de Riley se decidir, April disse, “? o Peterson, n?o ??” Riley abra?ou a filha com for?a. Anuiu, tentando esconder o arrepio que lhe trespassou o corpo. “Ele ainda est? vivo.” CAP?TULO 2 Uma hora mais tarde, a casa de Riley estava repleta de pessoas de uniforme e agentes do FBI. Agentes federais armados at? aos dentes e uma equipa de an?lise de provas estavam a trabalhar com a pol?cia. “Embala essas pedras na cama,” Ordenou Craig Huang. “T?m que ser examinados para se detetarem impress?es digitais ou ADN.” Inicialmente, Riley n?o ficara muito satisfeita por ver que Huang era o agente encarregue de analisar o sucedido em sua casa. Ele era muito jovem e a anterior experi?ncia de trabalho com ele n?o tinha corrido da melhor forma. Mas agora via que dava ordens s?lidas e organizava a cena de forma eficiente. Huang estava a amadurecer. A equipa de an?lise de provas j? estava a trabalhar, percorrendo cada recanto da casa ? procura de impress?es digitais. Outros agentes tinham desaparecido na escurid?o atr?s da casa, tentando detetar marcas de ve?culos ou algum rasto na floresta. Agora que tudo parecia orientado, Huang levou Riley at? ? cozinha. Sentaram-se ? mesa e April juntou-se a eles, ainda combalida. “O que achas?” Perguntou Huang a Riley. “H? alguma hip?tese de ainda o encontrarmos?” Riley suspirou, desanimada. “N?o, temo que j? n?o seja poss?vel. Deve ter estado aqui no in?cio da noite, antes de eu e a minha filha chegarmos a casa.” Naquele preciso momento, uma agente envergando um fato Kevlar, surgiu vinda das traseiras da casa. Tinha cabelo escuro, olhos negros, tez morena e aparentava ser ainda mais nova do que Huang. “Agente Huang, descobri uma coisa,” Anunciou. “Arranh?es na fechadura da porta das traseiras. Parece que algu?m a abriu.” “Bom trabalho, Vargas,” Disse Huang. “Agora sabemos como entrou. Pode ficar com a Riley e a filha por um momento?” O rosto da jovem mulher acendeu-se de satisfa??o. “Claro que sim,” Respondeu. Sentou-se ? mesa e Huang saiu da cozinha para se juntar aos outros. “Agente Paige, sou a Agente Mar?a de la Luz Vargas Ram?rez.” Depois, disse sorrindo. “Eu sei, ? um bocado complicado. ? uma caracter?stica Mexicana. Tratam-me por Lucy Vargas.” “Estou contente por estar aqui, Agente Vargas,” Transmitiu-lhe Riley. “Trate-me s? por Lucy.” A jovem mulher permaneceu silenciosa durante algum tempo, limitando-se a olhar para Riley. Por fim, disse, “Agente Paige, espero n?o estar a pisar o risco ao dizer isto, mas… ? um verdadeiro prazer conhec?-la. Sigo o seu trabalho desde que comecei o curso. Tudo o que fez ? simplesmente incr?vel.” “Obrigada,” Agradeceu Riley. Lucy sorriu com admira??o. “Quero dizer, a forma como resolveu o caso Peterson – toda a hist?ria ? surpreendente.” Riley abanou a cabe?a. “Quem me dera que as coisas fossem assim t?o simples,” Declarou. “Ele n?o est? morto. Foi ele quem entrou hoje na minha casa.” Lucy fitou-a, atordoada. “Mas toda a gente diz…” Come?ou Lucy. Riley interrompeu-a. “Mais algu?m pensava que ele estava vivo. Marie, a mulher que salvei. Ela tinha a certeza que ele ainda andava por a? a provoc?-la. Ela…” De s?bito, Riley parou, recordando dolorosamente o corpo de Marie pendurado no seu pr?prio quarto. “Ela suicidou-se,” Rematou Riley. Lucy parecia horrorizada e surpreendida em simult?neo. “Lamento,” Disse. Naquele momento, Riley ouviu uma voz familiar dirigir-se a ela. “Riley? Est?s bem?” Virou-se e viu Bill Jeffreys de p? na soleira da porta da cozinha, com um ar ansioso. A UAC devia t?-lo alertado sobre o sucedido e fora at? l? por sua conta e risco. “Estou bem, Bill,” Respondeu. “E a April tamb?m. Senta-te.” Bill sentou-a ? mesa com Riley, April e Lucy. Lucy fitava-o, aparentemente deslumbrada por conhecer o antigo parceiro de Riley, outra lenda do FBI. Huang voltou ? cozinha. “N?o est? ningu?m na casa ou fora dela,” Informou Riley. “O meu pessoal reuniu todas as provas que encontraram. Dizem que n?o ? muito para se chegar a alguma conclus?o. Ter?o que ser os t?cnicos do laborat?rio a determinar se ? material sustent?vel ou n?o.” “J? temia isso,” Sentenciou Riley. “Parece-me que j? termin?mos por esta noite,” Disse Huang. E saiu da cozinha para dar as ?ltimas ordens aos agentes. Riley virou-se para a filha. “April, esta noite vais ficar na casa do teu pai.” Os olhos de April abriram-se muito. “N?o te vou deixar aqui,” Disse April. “E n?o quero ficar com o pai.” “Tens que ficar,” For?ou Riley. “Aqui podes n?o estar segura.” “Mas M?e…” Riley interrompeu-a. “April, h? coisas que ainda n?o te contei sobre este homem. Coisas terr?veis. Est?s segura com o teu pai. Vou-te buscar amanh? depois das aulas.” Antes de April protestar mais uma vez, Lucy falou. “A tua m?e tem raz?o, April. Confia no que te digo. Ali?s, encara-o como uma ordem minha. Vou escolher dois agentes para te levarem a casa do teu pai. Agente Paige, com sua autoriza??o, posso ligar ao seu ex-marido e contar-lhe o que se passa.” Riley ficou surpreendida com a oferta de Lucy. Mas tamb?m ficou satisfeita. De forma quase estranha, Lucy parecia compreender que aquela seria uma chamada estranha para ela realizar. O Ryan levaria aquelas not?cias indubitavelmente mais a s?rio se transmitidas por qualquer outra pessoa que n?o Riley. Lucy tamb?m tinha lidado com April da melhor forma. Lucy n?o s? tinha detetado a fechadura for?ada, como tamb?m tinha demonstrado empatia, uma excelente qualidade num agente da UAC muitas vezes ocultada pelo stress do trabalho. Esta mulher ? boa, Pensou Riley. “Vamos l?,” Disse Lucy a April. “Vamos ligar ao teu pai.” April olhou fixa e friamente para Riley. Ainda assim, levantou-se e seguiu Lucy at? ? sala de estar onde fizeram a chamada, Riley e Bill ficaram sozinhos na mesa da cozinha. Apesar de parecer que nada mais havia a fazer, parecia correcto a Riley, Bill estar ali. Tinham trabalhado juntos durante v?rios anos e ela sempre os encarara como um par compat?vel – ambos estavam na casa dos quarenta com brancas a despontar do cabelo preto. Ambos eram dedicados aos seus trabalhos e ambos haviam tido casamentos problem?ticos. O Bill era de constitui??o e temperamento s?lidos. “Era o Peterson,” Atirou Riley. “Ele esteve aqui.” Bill n?o disse nada. Parecia n?o estar muito convencido. “N?o acreditas em mim?” Perguntou Riley. “Tinha pedras na minha cama. Ele deve t?-los colocado l?. N?o podiam l? ter ido parar de outra forma.” Bill abanou a cabe?a. “Riley, tenho a certeza que algu?m entrou em tua casa,” Disse. “N?o imaginaste isso. Mas o Peterson? Duvido muito.” Riley come?ou a sentir invadir-se por uma onda de f?ria crescente. “Bill, ouve-me. Uma noite, ouvi ru?dos ? porta, olhei l? para fora e vi pedras. A Marie ouviu algu?m a atirar pedras ? janela do quarto. Quem mais podia ser?” Bill suspirou e abanou a cabe?a. “Riley, est?s cansada,” Afirmou. “ E quando est?s cansada e tens uma ideia fixa na cabe?a, ? f?cil acreditares em quase tudo. Pode acontecer a qualquer um.” Riley tentou conter as l?grimas. Outrora, Bill teria confiado nos seus instintos sem sequer duvidar. Mas esse tempo j? l? ia. E ela sabia porqu?. H? algumas noites, ela tinha-lhe telefonado b?beda e sugerira que tomassem medidas em rela??o ? sua m?tua atra??o, iniciando um caso. Tinha sido horr?vel e ela sabia-o, N?o voltara a beber desde ent?o. Mesmo assim, as coisas n?o se tinham endireitado entre ela e Bill desde ent?o. “Eu sei o que ? que se passa, Bill,” Disse ela. “? por causa daquele est?pido telefonema. J? n?o confias em mim." Agora a voz de Bill estalou de f?ria. “Raios, Riley, s? estou a tentar ser realista.” Riley n?o aguentou mais. “Vai-te embora, Bill.” “Mas Riley…” “Acredita em mim ou n?o acredites em mim. Escolhe. Mas neste momento, s? quero que te v?s embora.” Resignado, Bill levantou-se e foi-se embora. Pela soleira da porta da cozinha, Riley conseguia ver que quase todos tinham abandonado a casa, incluindo April. Lucy regressou ? cozinha. “O agente Huang vai deixar alguns agentes aqui,” Disse. “V?o vigiar a casa a partir de um carro durante a noite. N?o me parece ser boa ideia que fique sozinha aqui dentro. N?o me importo de ficar.” Riley sentou-se e pensou por um momento. O que ela queria – o que ela precisava naquele exato instante – era que algu?m acreditasse que o Peterson n?o estava morto. Duvidava at? de conseguir convencer Lucy disso. Parecia um caso perdido. “Eu fico bem, Lucy,” Disse Riley. Lucy assentiu e saiu da cozinha. Riley ainda ouviu o som dos ?ltimos agentes a sair da casa e a fechar a porta atr?s deles. Riley levantou-se e confirmou se as portas de tr?s e da frente estavam trancadas. Colocou duas cadeiras encostadas ? porta de tr?s. Se algu?m tentasse arromb?-la, as cadeiras dariam sinal. Depois dirigiu-se ? sala de estar e olhou em seu redor. A casa parecia estranhamente luminosa com todas as luzes brilhando incandescentes. Devia desligar algumas, Pensou. Mas ao tentar alcan?ar o interruptor da sala de estar, os dedos congelaram. N?o as conseguia desligar. Estava paralisada de terror. Riley sabia que Peterson estava novamente no seu encalce. CAP?TULO 3 Riley hesitou por um momento ao entrar no edif?cio da UAC, n?o estava certa de estar preparada para encarar quem quer que fosse naquele dia. N?o pregara olho a noite toda e estava exausta. A sensa??o de terror que a mantivera acordada a noite toda esgotara toda a sua adrenalina. Agora, apenas se sentia esvaziada. Riley respirou fundo. A ?nica sa?da ? enfrentar os medos. Reuniu toda a sua determina??o e caminhou na dire??o do labirinto buli?oso de agentes do FBI, especialistas e pessoal de apoio. H? medida que desbravava caminho, rostos familiares desviaram os olhares dos computadores na sua dire??o. A maioria sorriu por v?-la e v?rios dirigiram-lhe gestos de incentivo. Aos poucos, Riley sentiu-se feliz por se ter decidido entrar. Precisava de alguma coisa que a fizesse sentir-se melhor. “Isso ? que foi com o Dolly Killer,” Atirou um jovem agente. Riley demorou alguns segundos a compreender a que ? que ele se referia. Depois percebeu que “Dolly Killer” devia ser a alcunha de Dirk Monroe, o psicopata que tinha abatido. O nome fazia todo o sentido. Riley tamb?m reparou que alguns dos rostos a encaravam de forma mais prudente. N?o havia d?vidas de que tinham sabido do incidente ocorrido em sua casa a noite passada j? que toda uma equipa tinha acorrido ? sua chamada desesperada a solicitar apoio. Provavelmente pensam que n?o estou no meu ju?zo perfeito, Pensou. Tanto quanto sabia, mais ningu?m no Bureau acreditava que o Peterson ainda pudesse estar vivo. Riley parou junto ? secret?ria de Sam Flores, um t?cnico de laborat?rio com ?culos de aros pretos que trabalhava arduamente em frente ao computador. “Que not?cias tens para mim, Sam?” Perguntou Riley. Sam desviou o olhar do monitor e ergueu-o para ela. “Referes-te ao assalto a tua casa, certo? Estou agora mesmo a ver alguns relat?rios preliminares. N?o h? muito por onde pegar. Os tipos do laborat?rio n?o conseguiram sacar nada das pedras. Nem ADN, nem fibras, nem impress?es digitais.” Riley suspirou, desalentada. “Avisa-me se derem com alguma coisa,” Disse, dando uma palmadinha nas costas de Flores. “N?o contaria muito com isso,” Rematou Flores. Riley permaneceu na ?rea partilhada por agentes seniores. Quando passou junto aos gabinetes envidra?ados, viu que Bill n?o estava l?. Na verdade, era um al?vio, mas Riley tamb?m sabia que mais tarde ou mais cedo teria que esclarecer as recentes situa??es mal resolvidas entre eles. Mal entrou no seu gabinete simples e bem organizado, Riley de imediato reparou que tinha uma mensagem no telefone. Era de Mike Devins, o psiquiatra forense de D.C. que por vezes consultava em casos da UAC. H? v?rios anos que ele lhe transmitia importantes perce??es, n?o s? relacionadas com os casos que Riley tinha em m?os. Mike tamb?m a ajudara a enfrentar as crises de Stress P?s-Traum?tico depois de Peterson a ter capturado e torturado. Riley sabia que ele estava a ligar para ver como ela estava, algo que fazia habitualmente. Estava prestes a devolver-lhe a chamada quando a figura maci?a do Agente Especial Brent Meredith surgiu na soleira da porta do seu gabinete. As fei??es negras e angulares do comandante da unidade sugeriam uma personalidade dura e inquebrant?vel. Riley ficou aliviada por v?-lo, tranquilizada, como sempre, pela sua presen?a. “Bem-vinda, Agente Paige,” Disse. Riley levantou-se para lhe apertar a m?o. “Obrigado, Agente Meredith.” “Ouvi dizer que teve outra pequena aventura a noite passada. Espero que esteja bem.” “Estou bem, obrigado.” Meredith fitou-a com sincera preocupa??o e Riley sabia que ele estava a avaliar a sua capacidade para retomar o trabalho. “Vamos tomar um caf??” Perguntou. “Obrigado, mas tenho aqui uns ficheiros em que tenho que trabalhar. Fica para outra vez.” Meredith assentiu e n?o disse mais nada. Riley sabia que ele estava ? espera que ela falasse. N?o havia d?vidas de que ele j? sabia da sua cren?a de que Peterson tinha sido o intruso. Estava a dar-lhe uma oportunidade de dar a sua opini?o. Mas ela tinha a certeza de que Meredith n?o estaria mais propenso do que os outros a acreditar na sua teoria sobre Peterson. “Bem, ? melhor eu ir andando,” Disse. “Quando quiser tomar um caf? ou almo?ar, avise.” “Assim farei.” Meredith estacou e virou-se para Riley. Lenta e cuidadosamente, disse, “Tenha cuidado, Agente Paige.” Pareceu a Riley detetar um significado profundo naquelas palavras. N?o h? muito tempo, outro superior da ag?ncia tinha-a suspenso por subordina??o. Tinha acabado por ser reintegrada, mas a sua posi??o ali dentro ainda parecia ser fr?gil. Reley pressentiu que Meredith lhe dava um aviso amig?vel. N?o queria que ela cometesse um ato que a colocasse em xeque. E levantar poeira sobre Peterson, podia trazer problemas com aqueles que haviam dado o caso por encerrado. Mal se encontrou sozinha, Riley procurou e retirou o grosso ficheiro do caso Peterson. Abriu-o em cima da secret?ria e percorreu-o, avivando a mem?ria sobre as caracter?sticas do seu inimigo. N?o encontrou nada que fosse muito ?til. A verdade era que o homem permanecia um enigma. Nem sequer havia qualquer registo da sua exist?ncia at? Bill e Riley o terem apanhado. Peterson at? podia nem ser o seu nome verdadeiro e tinham encontrado v?rios nomes pr?prios supostamente ligados a ele. Ao folhear o ficheiro, Riley encontrou fotos das suas v?timas, mulheres que haviam sido encontradas em campas rasas. Todas apresentavam cicatrizes de queimaduras e a causa das mortes fora o estrangulamento. Riley estremeceu ao lembrar-se das m?os grandes e poderosas que a haviam apanhado e aprisionado como um animal. Ningu?m sabia ao certo quantas mulheres ele tinha assassinado. Ainda podia haver muitos corpos perdidos algures. E at? Marie e Riley serem capturadas e terem sobrevivido para contar, ningu?m sabia o quanto ele gostava de atormentar as mulheres no escuro com um ma?arico de g?s propano. E mais ningu?m estava disposto a acreditar que Peterson ainda estava vivo. Tudo isto estava a deit?-la abaixo. Riley era conhecida pela sua capacidade de entrar nas mentes dos assassinos – uma aptid?o que por vezes a assustava. Ainda assim, nunca conseguira entrar na mente de Peterson. E mesmo agora, sentia que o compreendia menos do que nunca. Riley nunca o encarou como um psicopata organizado. O facto de abandonar as v?timas em campas rasas, sugeria o contr?rio. N?o era um perfeccionista. Ainda assim, era suficientemente meticuloso para n?o deixar pistas. O homem era um verdadeiro paradoxo. Lembrou-se de algo que Marie lhe tinha dito pouco antes de se suicidar… “Talvez ele seja como um fantasma, Riley. Talvez seja o que aconteceu quando rebentaste com ele. Mataste-lhe o corpo, mas n?o lhe mataste o mal.” Ele n?o era um fantasma, Riley sabia que n?o. Ela tinha a certeza – mais do que nunca – de que ele andava ? solta e que ela era o seu pr?ximo alvo. ? claro que, no que a ela dizia respeito, ele bem podia ser um fantasma. Para al?m dela, mais ningu?m acreditava que ele existia. “Onde est?s tu, sacana?” Sussurrou. N?o sabia e n?o tinha forma de o saber. Estava completamente bloqueada. N?o tinha escolha sen?o deixar as coisas como estavam por agora. Encerrou o ficheiro e colocou-o novamente no lugar. Nessa altura, o telefone do gabinete tocou. Viu que a chamada provinha de uma linha partilhada por todos os agentes especiais. Era uma linha que a central telef?nica da UAC utilizava para encaminhar chamadas destinadas aos agentes. A norma ditava que o agente que atendesse tal chamada em primeiro lugar, ficaria com o caso. Riley olhou em redor para os outros gabinetes. Ningu?m parecia estar dispon?vel naquele momento. Os outros agentes estavam todos na pausa ou a trabalhar em casos no terreno. Riley atendeu o telefone. “Agente Especial Riley Paige. Em que posso ajudar?” A voz do outro lado da linha parecia preocupada. “Agente Paige, fala Raymond Alford, Chefe da Pol?cia de Reedsport, Nova Iorque. Temos problemas por c?. Era poss?vel falarmos por v?deo chamada? Talvez conseguisse explicar melhor. E tenho algumas fotos que deveria ver.” Riley sentiu a sua curiosidade ser espica?ada. “Claro,” Disse e deu o seu contacto a Alford. Alguns momentos depois, j? falava com ele olhos nos olhos. Era um homem esguio e careca aparentando j? alguma idade. Naquele momento, apresentava uma express?o ansiosa e cansada. “Tivemos um homic?dio aqui a noite passada,” Relatou Alford. “Uma coisa bastante feia. Deixe-me mostrar-lhe.” Surgiu uma fotografia no ecr? de Riley. Mostrava o que aparentava ser o corpo de uma mulher pendurado de uma corrente sobre uma linha de comboio. O corpo estava envolto num amontoado de correntes e parecia estar vestido de forma estranha. “O que ? que a v?tima tem vestido?” Perguntou Riley. “Um colete-de-for?as,” Respondeu Alford. Riley ficou sobressaltada. Olhando para a foto com mais aten??o, conseguia ver que assim era. Depois a imagem desapareceu e Riley deu por si a olhar novamente para Alford. “Chefe Alford, compreendo a sua preocupa??o. Mas o que ? que o leva a pensar que este caso ? apropriado para a Unidade de An?lise Comportamental?” “Porque a mesma coisa aconteceu muito perto daqui h? cinco anos atr?s,” Respondeu Alford. Uma imagem com outro corpo de mulher apareceu no ecr?. Tamb?m ela estava toda acorrentada e presa por um colete-de-for?as. “Naquela altura foi uma funcion?ria prisional em part-time, Marla Blainey. O MO foi id?ntico, mas em vez de ser pendurada, foi atirada para a margem do rio.” O rosto de Alford voltou a aparecer. “Desta vez a v?tima foi Rosemary Pickens, uma enfermeira da cidade,” Informou. “N?o ocorre um motivo a ningu?m, para nenhuma das mulheres. Ambas eram pessoas queridas.” Alford afundou-se na cadeira e abanou a cabe?a. “Agente Paige, eu e o meu pessoal estamos a apalpar terreno para n?s desconhecido. Esta nova morte tem que se enquadrar numa s?rie ou numa c?pia. O problema ? que nenhuma dessas hip?teses faz sentido. N?o costumamos ter esse tipo de problema em Reedsport. Esta ? apenas uma pequena cidade tur?stica junto ao rio Hudson com uma popula??o de cerca de sete mil habitantes. Por vezes temos que intervir numa escaramu?a ou pescar um turista do rio. E isso ? tudo o que de mais negativo se passa por aqui.” Riley pensou naquilo. Parecia mesmo um caso para a UAC. Ela devia encaminhar Alford diretamente para Meredith. Mas Riley relanceou o gabinete de Meredith e viu que ainda n?o tinha regressado. Podia falar com ele sobre o assunto mais tarde. Entretanto, talvez pudesse ajudar um pouco. “Quais as causas das mortes?” Perguntou. “Gargantas cortadas, ambas.” Riley tentou n?o mostrar a sua surpresa. O estrangulamento e golpe grosseiro eram mais comuns do que o corte. Parecia ser um assassino muito invulgar. Ainda assim, era o tipo de psicopata que Riley conhecia bem. Especializara-se exatamente em casos como aquele. Seria uma pena n?o poder aplicar os seus conhecimentos ?quele caso. ? luz do seu trauma recente, n?o lhe atribuiriam o caso. “J? desceram o corpo?” Perguntou Riley. “Ainda n?o,” Respondeu Alford. “Ainda est? aqui pendurada.” “Ent?o n?o des?am. Deixem-no a? por agora. Esperem at? os nossos agentes chegarem.” Alford n?o pareceu agradado. “Agente Paige, isso vai ser dif?cil. Est? mesmo ao lado das linhas de comboio e pode ser visto do rio. E a cidade n?o precisa deste tipo de publicidade. A press?o para o descer ? imensa.” “Deixe-o,” Disse Riley. “Sei que n?o ? f?cil, mas ? importante. N?o vai demorar muito tempo. Teremos agentes a? ainda esta tarde.” Alford assentiu, concordado em sil?ncio. “Tem mais fotos da ?ltima v?tima?” Perguntou Riley. “Imagens mais detalhadas?” “Claro, vou mostrar-lhas.” Riley observou uma s?rie de fotos pormenorizadas do corpo. Os pol?cias locais tinham feito um bom trabalho. As fotos mostravam qu?o apertadas e elaboradamente envoltas no corpo estavam as correntes. Finalmente, surgiu uma imagem aproximada do rosto da v?tima. Riley sentiu um sobressalto no cora??o. Os olhos da v?tima estavam inchados e a boca estava amorda?ada com uma corrente. Mas n?o foi isso que chocou Riley. A mulher era muito parecida com Marie. Era mais velha e mais pesada, mas ainda assim, Marie ficaria muito parecida com aquela mulher se tivesse vivido mais uma d?cada. Aquela imagem fora um soco no est?mago de Riley. Era como se Marie lhe estivesse a pedir ajuda, a exigir que ela apanhasse aquele assassino. Sabia que tinha que ficar com aquele caso. CAP?TULO 4 Peterson circulava, nem muito devagar, nem muito depressa, sentindo-se bem por ter a rapariga novamente debaixo de olho. Tinha-a finalmente encontrado. Ali estava ela, a filha de Riley, sozinha, a ir para a escola, sem lhe passar pela cabe?a que ele a perseguia, sem lhe passar pela cabe?a que ele estava prestes a mat?-la. Enquanto a observava, ela parou repentinamente e virou-se, como se pressentisse que estava a ser vigiada. Estacou e ali ficou, indecisa. Alguns estudantes passaram por ela e entraram no edif?cio. Peterson encostou o carro na berma, esperando pelo seu pr?ximo passo. N?o que a rapariga lhe interessasse particularmente. A m?e ? que era o verdadeiro alvo da sua vingan?a. A m?e que o havia contrariado de forma inomin?vel e que tinha que pagar por isso. De certa forma, j? tinha pago, afinal, ele levara Marie Sayles a suicidar-se. Mas agora chegara a altura de lhe arrancar dos bra?os a pessoa mais importante da sua vida. Para seu contentamento, a rapariga come?ou a voltar para tr?s e a afastar-se da escola. Aparentemente, decidira hoje n?o ir ?s aulas. O seu cora??o bateu com mais intensidade – ele queria atacar. Mas n?o podia. Ainda n?o. Tinha que ser paciente. Havia outras pessoas na rua. Peterson arrancou e circulou no espa?o de um quarteir?o, for?ando-se a ser paciente. Reprimiu um sorriso, antevendo a alegria iminente. Com aquilo que reservara para a sua filha, Riley ia sofrer de uma forma inimagin?vel. Apesar de ainda ser desengon?ada e estranha, a mi?da era muito parecida com a m?e. E isso s? tornava tudo ainda mais agrad?vel. Enquanto conduzia, reparou que a mi?da caminhava vigorosamente. Parou na curva e observou-a durante alguns momentos at? se aperceber que se encaminhava para fora da cidade. Se ia para casa sozinha, ent?o este poderia ser o momento ideal para levar o seu plano avante. Com o cora??o a bater descompassadamente, querendo saborear a antecipa??o, Peterson conduziu mais um quarteir?o. Ele sabia que era necess?rio saber adiar certos prazeres, esperar at? chegar o momento certo. A recompensa adiada tornava tudo mais agrad?vel. Sabia-o gra?as a muitos anos de deliciosa e vagarosa crueldade posta em pr?tica. H? tanto por que esperar, Pensou, satisfeito. Quando deu a volta e a viu novamente, Peterson riu-se. Estava a pedir boleia! Deus estava do seu lado naquele dia. Era ?bvio que estava destinado a mat?-la. Parou o carro ao lado dela e dirigiu-lhe o seu mais agrad?vel sorriso. “Queres uma boleia?” A mi?da lan?ou-lhe um sorriso aberto. “Obrigado. Isso seria ?timo.” “Para onde vais?” Perguntou. “Vivo logo a seguir ? cidade.” A mi?da disse-lhe a morada. Peterson disse, “Fica a caminho. Entra.” A mi?da sentou-se no banco da frente. Observou, ainda mais satisfeito, que ela at? tinha os olhos cor de avel? da m?e. Peterson carregou no trinco para trancar as portas e as janelas. No meio do ru?do difuso do ar condicionado, a rapariga nem se apercebeu de nada. * April sentiu um agrad?vel fluxo de adrenalina ao colocar o cinto de seguran?a. Nunca tinha pedido boleia na vida. A m?e teria um ataque se descobrisse. ? claro que era algo que convinha ? m?e. Fora desprez?vel deix?-la dormir em casa do pai a noite passada – tudo por causa da ideia maluca de que o Peterson tinha estado em sua casa. N?o era verdade e April sabia-o. Os dois agentes que a tinham levado a casa do pai tinham-no dito. Por aquilo que comentaram entre eles, quase parecia que toda a ag?ncia achava que a m?e estava um bocado passada da cabe?a. O homem perguntou, “Ent?o o que te traz a Fredericksburg?” April virou-se e olhou para ele. Era um tipo de aspeto agrad?vel com um maxilar saliente, cabelo desgrenhado e pera. Sorria. “Escola,” Disse April. “Um curso de ver?o?” Perguntou o homem. “Sim,” Respondeu April. De certeza que n?o lhe ia dizer que decidira faltar ?s aulas. N?o que parecesse algu?m que n?o compreenderia. Parecia muito fixe. Talvez at? lhe agradasse ajud?-la a desafiar a autoridade parental. Ainda assim, era melhor n?o arriscar. O sorriso do homem tornou-se desconfiado. “E o que pensa a tua m?e sobre pedir boleia?” Perguntou. April corou de vergonha. “Oh, ela n?o se importa,” Respondeu. O homem soltou uma risadinha. N?o era um som muito agrad?vel. E April lembrou-se de algo. Ele perguntara o que a m?e pensava, n?o o que os pais pensavam. O que o levara a formular a pergunta daquela forma? O tr?nsito era intenso perto da escola ?quela hora da manh?. Ia demorar algum tempo a chegar a casa. April esperava que o homem n?o fosse demasiado conversador. Aquilo podia tornar-se estranho. Ap?s algum tempo de sil?ncio, April come?ou a sentir-se desconfort?vel. O homem j? n?o sorria e a sua express?o pareceu-lhe sombria. Reparou que todas as portas estavam trancadas. Sub-repticiamente, tocou no bot?o da janela do lado do passageiro. N?o se mexia. O carro parou atr?s de uma fila de carros que aguardavam pelo sem?foro verde. O homem fciou na fila para virar ? esquerda e, de repente, April sentiu uma s?bita explos?o de ansiedade apoderar-se dela. “Hum… temos que ir por aqui,” Disse. O homem nada disse. Ser? que n?o a tinha ouvido? Incompreensivelmente, n?o tivera a coragem de repetir o que dissera. Para al?m disso, talvez ele quisesse seguir por um caminho diferente. Mas n?o, ela n?o percebia como ? que a levaria a casa seguindo naquela dire??o. April come?ou a pensar no que devia fazer. Deveria gritar por socorro? Algu?m a ouviria? E se o homem n?o tivesse ouvido o que ela tinha dito? E n?o lhe quisesse fazer mal? Seria tremendamente embara?oso. E foi ent?o que April viu algu?m conhecido a caminhar descontraidamente no passeio com a mochila pendurada no ombro. Era Brian, o seu “namorado”. Bateu audivelmente no vidro. Suspirou de al?vio quando Brian olhou e a viu. “Queres uma boleia?” Perguntou a Brian atrav?s do vidro. Brian sorriu e assentiu. “Oh, ? o meu namorado,” Disse April. “Podemos parar e dar-lhe boleia, por favor? De qualquer das formas, ia para a minha casa.” Era mentira. April n?o fazia a m?nima ideia para onde ia Brian. O homem franziu as sobrancelhas e resmoneou qualquer coisa. N?o estava contente com aquela situa??o. Iria parar? O cora??o de April batia a um ritmo diab?lico. Brian falava ao telem?vel no passeio. Mas estava a olhar diretamente para o carro e April estava certa de que conseguia ver o condutor nitidamente. Estava contente por ter uma potencial testemunha no caso do homem ter em mente algo il?cito. O homem estudou Brian, viu-o falar ao telem?vel e viu-o a olhar para ele. Sem dizer uma palavra, o homem destrancou as portas. April fez sinal a Brian para entrar no banco detr?s, ele abriu a porta e entrou. Fechou a porta no preciso momento em que a luz verde se acendeu e a fila de carros come?ou novamente a circular. “Obrigado pela boleia,” Agradeceu Brian. O homem n?o proferiu uma palavra, permanecendo de cenho franzido. “Este senhor est? a levar-nos para minha casa, Brian,” Informou April. “Fant?stico,” Respondeu Brian. Agora April sentia-se segura. Se o homem realmente tivesse m?s inten??es, de certeza que n?o os levaria a ambos. De certeza que os levaria diretamente para casa da m?e. Refletindo antecipadamente, April pensou se deveria contar ? m?e sobre o homem e as suas suspeitas. Mas n?o, isso significaria revelar que faltara ?s aulas e pedira boleia. A m?e castigava-a de vez. Al?m disso, pensou, o condutor n?o podia ser Peterson. Peterson era um assassino psicopata, n?o um homem normal a conduzir um carro. E afinal de contas, Peterson estava morto. CAP?TULO 5 A express?o r?gida e sombria de Brent Meredith indicava a Riley que ele n?o gostara nada do seu pedido. “? um caso para mim,” Disse Riley. “Tenho mais experi?ncia que qualquer outro com este tipo de assassino em s?rie pervertido.” Acabara de descrever a chamada recebida de Reedsport. Ap?s um longo sil?ncio, Meredith finalmente suspirou. “Autorizada,” Anunciou, relutantemente. Riley libertou um suspiro de al?vio. “Obrigado,” Agradeceu. “N?o me agrade?a,” Rosnou Meredith. “Fa?o isto indo contra o senso comum. S? o permito porque tem as capacidades necess?rias para lidar com este caso. A sua experi?ncia com este tipo de assassino ? ?nica. Vou atribuir-lhe um parceiro.” Riley sentiu um aban?o de des?nimo. Sabia que trabalhar com Bill n?o era uma boa op??o neste momento, mas imaginou se Meredith sabia o porqu? da tens?o existente entre os parceiros de longa data. Pensou que o mais prov?vel era Bill ter dito a Meredith que queria ficar mais perto de casa. “Mas…” Principiou Riley. “N?o h? mas,” Sentenciou Meredith. “E nada de artif?cios de loba solit?ria. N?o ? inteligente e vai contra todas as regras. Quase morria mais do que uma vez. Regras s?o regras. E eu j? estou a quebrar algumas neste momento ao n?o deix?-la de baixa depois dos recentes incidentes.” “Sim, senhor,” Concordou Riley ordeiramente. Meredith esfregou o queixo, obviamente considerando todas as op??es que se lhe apresentavam. Acabou por dizer, “A agente Vargas vai consigo.” “Lucy Vargas?” Perguntou Riley. Meredith limitou-se a assentir. Riley n?o gostou muito da ideia. “Ela fazia parte da equipa que esteve na minha casa ontem ? noite,” Disse Riley. “Parece ser muito profissional e eu gostei dela, mas ? uma novata. Estou habituada a trabalhar com algu?m mais experiente.” Meredith sorriu abertamente. “As notas dela na academia eram as mais altas. ? certo que ? jovem, mas ? raro algu?m sair diretamente da academia para a UAC. Ela ? boa a esse ponto. Est? pronta para ter uma experi?ncia no terreno.” Riley sabia que n?o tinha escolha. Meredith prosseguiu, “Quando pode ir?” Riley fez um c?lculo mental. Em primeiro lugar, tinha que falar com a filha. E que mais? N?o tinha o kit de viagem no gabinete. Tinha que ir at? Fredericksburg, parar em casa, assegurar-se que April ficava em casa do pai e depois regressar a Quantico. “D?-me tr?s horas,” Concluiu. “Vou pedir um avi?o,” Disse Meredith. “Vou avisar o chefe da pol?cia de Reedsport que temos uma equipa a caminho. Esteja na pista daqui a exatamente tr?s horas. Se se atrasar, vai ser o inferno na terra.” Riley levantou-se nervosamente da cadeira. “Compreendo,” Disse. Quase lhe agradeceu novamente, mas rapidamente se lembrou de que n?o o devia fazer. Saiu do gabinete sem proferir mais uma palavra. * Riley chegou a casa em meia hora, estacionou o carro e voou na dire??o da porta de entrada. Tinha que pegar no kit de viagem, numa pequena mala que tinha sempre pronta com produtos de higiene pessoal, num roup?o e numa muda de roupa. Tinha que ser r?pida e ir para a cidade onde explicaria tudo ? April e a Ryan. N?o ansiava por aquele momento, mas tinha que ter a certeza que April ficava segura. Quando introduziu a chave na fechadura, reparou que j? estava destrancada. Sabia que a tinha trancado quando sa?ra. Trancava-a sempre. Subitamente, todos os sentidos de Riley ficaram alerta. Sacou a arma e entrou em casa. Ao movimentar-se furtivamente no seu interior, espreitando casa canto e recanto, apercebeu-se de um ru?do longo e cont?nuo. Parecia vir do exterior da casa. Era m?sica – m?sica muito ruidosa. Mas que raio? Ainda na expectativa de encontrar um intruso, passou pela cozinha. A porta das traseiras estava parcialmente aberta e uma m?sica pop soava vinda l? de fora. Sentiu um aroma familiar. “Oh, meu Deus, n?o outra vez,” Disse para si pr?pria. Rep?s a arma no coldre e dirigiu-se ao exterior da casa. E ? claro que ali estava April, sentada na mesa de piquenique com um rapaz magricela da sua idade. A m?sica vinha de dois pequenos altifalantes colocados em cima da mesa. Ao ver a m?e, os olhos de April acenderam-se de p?nico. Escondeu o charro debaixo da mesa para o apagar na m?o, na esperan?a de o fazer desaparecer. “N?o te d?s ao trabalho de o esconder,” Disse Riley, dirigindo-se ? mesa. “Sei o que est?s a fazer.” Mal se conseguia fazer ouvir por causa da m?sica. Desligou o leitor. “M?e, isto n?o ? o que parece,” Disse April. “Isto ? exatamente aquilo que parece,” Disparou Riley. “D?-me o resto.” Revirando os olhos, April deu-lhe um saco de pl?stico com uma pequena por??o de erva l? dentro. “Pensei que estivesses a trabalhar,” Disse April, como se aquela afirma??o explicasse alguma coisa. Riley n?o sabia se devia sentir-se mais zangada ou desiludida. Esta era a segunda vez que apanhava April a fumar erva. Mas as coisas tinham melhorado entre elas e pensou que isso fosse coisa do passado. Riley fitou o rapaz. “Este ? o Brian,” Apresentou April. “? um amigo da escola.” Com um sorriso vago e olhos v?treos, o rapaz estendeu a m?o a Riley. “Prazer em conhec?-la, Ms. Paige,” Disse. Riley manteve as m?os im?veis. “O que ? que est?s aqui a fazer?” Perguntou Riley a April. “Eu vivo aqui,” Respondeu April com um encolher de ombros. “Sabes bem o que quero dizer. Devias estar na casa do teu pai.” April n?o respondeu. Riley olhou para o rel?gio. J? n?o tinha muito tempo. Tinha que resolver aquela situa??o rapidamente. April parecia estar envergonhada. N?o estava preparada para aquele tipo de confronto. “Esta manh?, fui da casa do pai para a escola,” Disse. “Encontrei o Brian ? entrada da escola. Decidimos baldar-nos hoje. N?o faz mal se me baldar de vez em quando. J? domino aquilo. O teste final ? s? na sexta-feira.” Brian soltou um riso nervoso, il?gico. “Pois ?, a April est? mesmo bem naquela disciplina, Ms. Paige,” Disse. “Ela ? fant?stica.” “Como chegaste aqui?” Perguntou Riley. April desviou o olhar. Riley adivinhou sem dificuldades porque ? que ela estava relutante em dizer-lhe a verdade. “Oh, meu Deus, voc?s pediram boleia at? aqui, n?o foi?” Perguntou Riley. “O condutor era um tipo fixe, muito calado,” Disse April. “O Brian esteve sempre comigo. Estivemos seguros.” Riley debateu-se com todas as suas for?as para se manter calma. “Como sabes que estavam seguros? April, nunca deves aceitar boleia de estranhos. E porque quiseste vir para aqui depois do susto de ontem ? noite? Isso foi uma tolice pegada. E se o Peterson ainda andasse por aqui?” April sorriu como se fosse a dona da verdade. “Ent?o, m?e. Preocupas-te demasiado. Os outros agentes dizem isso. Ouvi dois deles a falar – os que me levaram a casa do pai ontem ? noite. Disseram que o Peterson estava mesmo morto e que tu n?o eras capaz de aceitar a realidade. Disseram que aquelas pedras tinham sido uma partida.” Riley estava prestes a explodir. S? queria deitar as m?os ?queles agentes. Tinham uma grande lata em contrariar Riley em frente da filha. Pensou em pedir os seus nomes a April, mas decidiu n?o o fazer. “Ouve-me, April,” Disse Riley. “Tenho que sair da cidade por uns dias em trabalho. Tenho que me ir embora agora. Vou levar-te para casa do teu pai. Preciso que fiques l?." “Porque ? que n?o posso ir contigo?” Perguntou April. Riley pensou como ? que os adolescentes podiam ser t?o est?pidos em rela??o a algumas coisas. “Porque tens que terminar este curso,” Disse. “tens que o fazer ou vais ficar atrasada na escola. O Ingl?s ? um requisito e tu estragaste tudo sem raz?o aparente. Para al?m disso, estou a trabalhar. Nem sempre ? seguro estar ao p? de mim quando estou a trabalhar. J? devias saber isso.” April ficou calada. “Vem para dentro,” Disse Riley. “S? temos alguns minutos. Tenho que reunir algumas coisas e tu tamb?m. Depois levo-te para casa do teu pai.” Virando-se para Brian, Riley acrescentou, “E a ti, vou-te levar a casa.” “Posso pedir boleia,” Disse Brian. Riley limitou-se a fit?-lo com ferocidade. “Ok,” Disse Brian, parecendo algo intimidado. Ele e April levantaram-se e seguiram Riley em dire??o ? casa. “V?o e entrem no carro,” Disse. Os mi?dos sa?ram obedientemente de casa. Trancou a porta das traseiras e percorreu todas as divis?es, certificando-se de que todas as janelas estavam bem fechadas. No seu quarto, pegou na mala de viagem e confirmou de que tinha l? dentro tudo aquilo de que precisava. Ao sair, olhou nervosamente para a cama como se as pedras ainda l? estivessem. Por um momento, pensou porque ? que se ia por a caminho de outro estado em vez de ficar ali para tentar encontrar o assassino que a atormentava. Acima de tudo, aquela proeza da April tinha-a assustado. Ficaria a filha segura em Fredericksburg? Outrora pensara que sim, mas agora tinha as suas d?vidas. Ainda assim, n?o podia fazer nada para alterar o rumo dos acontecimentos. Tinha-lhe sido atribu?do um novo caso e tinha que partir. Ao caminhar na dire??o do carro, olhou para a floresta densa e sombria, como se procurasse sinais do Peterson. Mas n?o havia. CAP?TULO 6 Riley relanceou o rel?gio do carro enquanto levava os mi?dos para uma zona sofisticada de Fredericksburg e estremeceu ao perceber que tinha t?o pouco tempo. As palavras de Meredith martelavam-lhe na cabe?a. Se se atrasar, vai ser o inferno na terra. Talvez chegasse ? pista a tempo. Planeara parar em casa e pegar na mala, mas as coisas tinham-se complicado. Pensou se deveria telefonar a Meredith e inform?-lo de que assuntos familiares a estavam a atrasar. Decidiu que n?o. O chefe j? se mostrara suficientemente relutante. N?o podia esperar qualquer condescend?ncia da sua parte. Felizmente, a casa do Brian ficava a caminho da casa de Ryan. Quando Riley parou em frente a um imenso relvado, disse, “Devia entrar e contar aos teus pais o que se passou.” “N?o est?o em casa,” Disse Brian encolhendo os ombros. “O pai foi-se de vez e a minha m?e n?o para muito em casa.” Saiu do carro, depois virou-se e disse, “Obrigado pela boleia.” Enquanto se encaminhava para casa, Riley pensou que tipo de pais deixavam um mi?do assim por sua conta. N?o sabiam o tipo de problemas em que os adolescentes se podiam meter? Mas talvez a m?e n?o tenha muita escolha, pensou Riley, miseravelmente. Quem sou eu para julgar quem quer que seja? Mal Brian entrou em casa, Riley arrancou. April n?o dissera nada durante toda a viagem e tamb?m parecia n?o estar com disposi??o para falar naquele momento. Riley n?o sabia se aquele sil?ncio era de amuo ou embara?o. Apercebeu-se que havia muita coisa que n?o sabia acerca da sua pr?pria filha. Riley estava aborrecida tanto com ela pr?pria como com April. Ainda ontem pareciam estar a entender-se melhor. Pensou que April come?ava a compreender as press?es a que um agente do FBI estava sujeito. Mas depois Riley insistira que April fosse para casa do pai na noite anterior e hoje April rebelara-se contra isso. Riley lembrou a si mesma que devia ser muito mais compreensiva. Tamb?m ela tinha sempre sido um pouco rebelde. E Riley sabia o que era perder uma m?e e ter um pai distante. April tinha medo que o mesmo lhe acontecesse. Ela teme por mim, Percebeu Riley. Nos ?ltimos meses, April tinha visto a m?e a suportar feridas f?sicas e psicol?gicas. Depois do susto da noite anterior, era evidente que April estava muito preocupada. Riley lembrou a si mesma que tinha que estar mais atenta aos sentimentos da filha. Qualquer pessoa de qualquer idade teria dificuldade em lidar com as complica??es da vida de Riley. Riley parou em frente da casa que outrora partilhara com Ryan. Era uma casa ampla e bonita com um p?rtico na porta lateral ou porte-coch?re como Ryan lhe chamava. Agora Riley preferia estacionar na rua e n?o na entrada. Nunca se sentira em casa ali. De alguma forma, viver num bairro suburbano respeit?vel nunca lhe agradara. O casamento, a casa, o bairro, tudo representara tantas expectativas que ela nunca se julgara capaz de preencher. Com o passar dos anos, Riley percebera que era melhor no seu trabalho do que alguma vez seria a viver uma vida normal. Por fim, deixara o casamento, a casa e o bairro, e isso tornou-a mais determinada em ir ao encontro das expectativas de ser a m?e de uma filha adolescente. Quando April estava prestes a abrir a porta do carro, Riley disse, “Espera.” April voltou-se e olhou para ela de forma expectante. E Riley disse, compassivamente, “Eu percebo. Eu compreendo.” April fitou-a com uma express?o de espanto. Por um segundo, parecia estar ? beira das l?grimas. Riley ficou quase t?o surpreendida como a filha. N?o sabia o que lhe tinha dado. S? sabia que n?o era o momento de serm?es parentais, mesmo que tivesse tempo para proferir um, coisa que na verdade n?o tinha. No seu ?ntimo tamb?m tinha a certeza que tinha dito as palavras certas. Riley e April sa?ram do carro e caminharam lado a lado em dire??o ? casa. N?o sabia se Ryan estaria ou n?o em casa. N?o queria discutir com ele e j? tinha decidido n?o lhe contar nada acerca do incidente com a marijuana. Sabia que devia, mas n?o havia tempo para lidar com as rea??es que provocaria naquele momento. De qualquer das formas, teria que lhe explicar que estaria fora durante alguns dias. Gabriela, a mulher guatemalteca robusta e de meia-idade que cuidava da casa da fam?lia h? anos, cumprimentou Riley e April ? porta. Os olhos de Gabriela, muito abertos, demonstravam preocupa??o. “Hija, onde estiveste?” Perguntou com o seu sotaque carregado. “Desculpa Gabriela,” Disse April docilmente. Gabriela olhou com aten??o para o rosto de April. Riley viu pela sua express?o que percebera que April tinha fumado erva. “Tonta!” Atirou Gabriela asperamente. “Lo siento mucho,” Disse April, parecendo genuinamente arrependida. “Vente Conmigo,” Disse Gabriela. Ao afastar April, voltou-se e lan?ou a Riley um olhar de amarga desaprova??o. Riley encolheu sob aquele olhar. Gabriela era uma das poucas pessoas no mundo que realmente a assustava. A mulher tamb?m tinha uma forma magn?fica de lidar com April e naquele momento, parecia estar a cuidar melhor de April do que ela pr?pria. Riley perguntou a Gabriela, “O Ryan est? em casa?” Virando-se, replicou, “S?.” Depois dirigiu a voz para o interior da casa, “Se?or Paige, a sua filha voltou.” Ryan surgiu no corredor, vestido e penteado para sair. Parecia surpreendido por ver Riley. “O que ? que est?s a fazer aqui?” Perguntou. “Onde estava a April?” “Estava em minha casa.” “O qu?? Depois de tudo o que aconteceu a noite passada, levaste-a para casa?” Riley exasperou-se. “N?o a levei a lado nenhum,” Disse. “Pergunta-lhe se quiseres saber como l? foi parar. N?o posso evitar o facto de ela n?o querer viver contigo. S? tu podes resolver isso.” “Isto ? culpa tua, Riley. Deixaste que ela ficasse completamente fora de controlo.” Por um mil?simo de segundo, Riley ficou furiosa. Mas a f?ria acabou por dar lugar a um sentimento de impot?ncia, ? sensa??o de que ele podia ter raz?o. N?o era justo, mas ele sabia despoletar aqueles sentimentos nela. Riley respirou profunda e longamente, e disse, “Vou estar fora da cidade durante uns dias. Tenho um caso em Nova Iorque. A April tem que ficar c? e vai ter que se portar bem. Explica, por favor, a situa??o ? Gabriela.” “Explica tu a situa??o ? Gabriela,” Disparou Ryan. “Neste momento, tenho uma reuni?o com um cliente.” “E eu neste momento tenho que apanhar um avi?o.” Ficaram a olhar um para o outro durante alguns segundos. A discuss?o tinha chegado a um impasse. Ao olh?-lo nos olhos, Riley lembrou-se que j? o amara. E ele tamb?m. Mas isso fora na altura em que eram jovens e pobres, antes de ele se tornar num advogado de sucesso e ela numa agente do FBI. N?o se conseguiu impedir de reparar que ele ainda era um homem muito atraente. Tinha muito trabalho para manter aquela apar?ncia e passava muitas horas no gin?sio. Riley tamb?m sabia bem que ele tinha muitas mulheres na sua vida. Isso era parte do problema – gozava demasiado a sua liberdade de homem solteiro para se preocupar em ser pai. N?o que eu me esteja a sair melhor, Pensou Riley. Ent?o Ryan disse, “? sempre o trabalho.” Riley sufocou a raiva. J? tinham falado imensas vezes sobre aquele assunto. O trabalho dela era demasiado perigoso e demasiado trivial. O trabalho dele era o mais importante, porque ele ganhava muito mais dinheiro e porque alegava que fazia a diferen?a no palco do mundo. Como se tratar de processos de clientes ricos fosse mais importante do que a intermin?vel miss?o de Riley contra o mal. Mas ela n?o se podia deixar arrastar para esta velha discuss?o de sempre naquele momento. Nenhum deles ganhara o que quer que fosse com isso. “Falamos quando eu voltar,” Disse Riley. Virou-se e saiu da casa. Ouviu Ryan fechar a porta atr?s de si. Riley entrou no carro e arrancou. Tinha menos de uma hora para estar em Quantico. Tinha a cabe?a a andar ? roda. Tantas coisas estavam a acontecer t?o rapidamente. Ainda h? pouco tinha decidido agarrar-se a um novo caso. Agora interrogava-se se era a atitude certa. N?o s? April estava a ter dificuldades em lidar com tudo, como tinha a certeza de que Peterson estava de volta. Mas de certa forma, fazia todo o sentido. Desde que April ficasse com o pai, estaria a salvo das garras do Peterson. E Peterson n?o ia matar mais ningu?m na aus?ncia de Riley. Por muito intrigada que ele a deixasse, Riley tinha uma certeza. Ela era o seu ?nico alvo. Ela e mais ningu?m era a sua pr?xima v?tima cobi?ada. E ia saber bem estar longe dele durante algum tempo. Tamb?m fez quest?o de se lembrar de uma dura li??o que aprendera no decorrer do seu ?ltimo caso. N?o querer carregar ?s costas todo o mal do mundo ao mesmo tempo. Tudo se resumia a um simples lema: um monstro de cada vez. E naquele momento, ela estava no encal?o de um assassino particularmente cruel. Um homem que acabara de conhecer, iria atacar novamente muito em breve. CAP?TULO 7 O homem come?ou a espalhar grandes correntes numa comprida mesa de trabalho na cave. Estava escuro l? fora, mas todos aqueles elos de a?o inoxid?vel eram luminosos e brilhantes sob o fulgor do difuso candeeiro. Puxou uma das correntes ficando vis?vel todo o seu comprimento. O intenso ru?do despoletava-lhe as terr?veis mem?rias de ser algemado, preso e torturado com correntes semelhantes ?quelas. Mas era como continuava a dizer a si pr?prio. Tenho que enfrentar os meus medos. E para o fazer, tinha que provar que dominava as correntes. No passado, demasiadas vezes as correntes o tinham dominado a ele. Era uma pena que algu?m tivesse que sofrer ? custa daquilo. Durante cinco anos, julgara que era uma coisa do passado. Tinha sido uma grande ajuda a igreja contrat?-lo como guarda-noturno. Gostava do trabalho, sentia-se orgulhoso da autoridade que podia exercer. Gostava de se sentir forte e ?til. Mas no m?s anterior, tinham-no dispensado daquele trabalho. Precisavam de algu?m com conhecimentos de seguran?a, disseram, e melhores credenciais – algu?m maior e mais forte. Tinham prometido mant?-lo a trabalhar no jardim. Ainda teria dinheiro suficiente para pagar a renda daquela casa min?scula. Contudo, a perda daquele emprego, a perda da autoridade que lhe conferia, abalara-o, f?-lo sentir-se indefeso. E aquela necessidade libertou-se novamente – aquele desespero de n?o estar indefeso, aquela fren?tica necessidade de dominar as correntes para que n?o o dominassem a ele outra vez. J? tentara ultrapassar o impulso, como se fosse poss?vel deixar a sua escurid?o interior ali abandonada naquela cave. Da ?ltima vez, fora at? ao centro de Reedsport na esperan?a de lhe fugir, mas n?o conseguiu. E n?o sabia porqu?. Ele era um homem bom com um bom cora??o e gostava de ajudar as pessoas. Mas mais tarde ou mais cedo, a sua bondade virava-se contra ele. Quando tinha ajudado aquela mulher, aquela enfermeira a carregar sacos de compras para o carro em Reedsport, ela tinha-lhe sorrido e dito, “Mas que menino bonito!” Estremeceu ao recordar o sorriso e aquelas palavras. “Mas que menino bonito!” A m?e sorria-lhe e dizia-lhe coisas como aquela, mesmo quando mantinha a corrente curta para n?o chegar ? comida ou ver o mundo l? fora. E tamb?m as freiras tinham sorrido e dito coisas como aquela quando o espreitavam pela pequena abertura quadrada da porta da sua pequena pris?o. “Mas que menino bonito!” Ele sabia que nem toda a gente era cruel. A maior parte das pessoas queria o seu bem, sobretudo as pessoas desta pequena cidade onde vivia h? tanto tempo. At? gostavam dele. Mas porque ? que toda a gente o encarava como uma crian?a – e uma crian?a deficiente, j? agora? Ele tinha vinte e sete anos, e sabia que era extraordinariamente inteligente. A sua cabe?a estava repleta de pensamentos brilhantes e raramente se deparava com um problema que n?o conseguisse resolver. Mas ? claro que sabia porque ? que as pessoas o olhavam daquela forma. Era porque mal conseguia falar. Tinha gaguejado toda a vida e nem tentava falar, apesar de compreender tudo o que as outras pessoas diziam. E era pequeno e fraco, e atarracado e infantil, como aqueles que tinham nascido com alguma esp?cie de defeito cong?nito. Aprisionada naquele cr?nio parcamente moldado, estava uma mente admir?vel, frustrada no seu desejo de fazer coisas fant?sticas no mundo. Mas ningu?m sabia disso. Ningu?m mesmo. Nem mesmo os m?dicos do hospital psiqui?trico. Era ir?nico. As pessoas julgavam que ele n?o conhecia palavras como ir?nico. Mas sabia. Agora encontrava-se a manipular nervosamente um bot?o na m?o. Tinha-o retirado da blusa da enfermeira quando a pendurara. Lembrando-se dela, olhou para o ber?o onde a mantivera acorrentada durante mais de uma semana. Queria poder falar com ela, explicar-lhe que n?o queria ser cruel e que o problema tinha sido ela ser muito parecida com a m?e e com as freiras, sobretudo com aquele uniforme de enfermeira vestido. V?-la com aquele uniforme tinha-o deixado confuso. Tinha acontecido o mesmo com a outra mulher h? cinco anos atr?s, a guarda prisional. De alguma forma, ambas as mulheres tinham-se fundido na sua mente com a figura da m?e e das freiras e os funcion?rios hospitalares. Tinha travado uma batalha ingl?ria simplesmente para as distinguir. Era um al?vio ter acabado com ela. Era uma tremenda responsabilidade mant?-la ali atada, dar-lhe ?gua, ouvir os lamentos que a corrente usada para a amorda?ar n?o filtrava. S? retirava a morda?a para lhe colocar uma palhinha na boca para beber ?gua de vez em quando. Depois ela tentava gritar. Se ao menos lhe tivesse conseguido explicar que n?o devia gritar, que havia vizinhos do outro lado da rua que n?o a podiam ouvir. Se ao menos lhe pudesse ter dito, talvez ela tivesse compreendido. Mas ele n?o conseguia explicar, n?o com o seu desesperado gaguejo. Em vez disso, amea?ava-a silenciosamente com uma navalha afiada. Passado algum tempo, mesmo a amea?a j? n?o resultava e teve que lhe cortar a garganta. Depois levara-a novamente para Reedsport e pendurara-a daquela forma, para que todos a vissem. N?o sabia bem porqu?. Talvez fosse um aviso. Se ao menos as pessoas pudessem compreender. Se compreendessem, ele n?o teria que ser t?o cruel. Talvez tamb?m fosse uma forma de dizer ao mundo o quanto lamentava tudo aquilo. Porque ele lamentava. Iria amanh? ? florista e compraria flores – um pequeno bouquet barato – para a fam?lia. N?o podia falar com a florista, mas podia escrever algumas indica??es simples. O presente seria an?nimo. E se conseguisse encontrar um bom lugar onde se esconder, ficaria perto da sepultura quando a enterrassem, curvando a cabe?a como qualquer outra pessoa que a chorasse nquela ocasi?o. Puxou outra corrente esticada na sua mesa de trabalho, cerrando as pontas o m?ximo que conseguia, aplicando toda a sua for?a nessa tarefa, silenciando o seu chocalhar. Mas bem no fundo, ele sabia que aquilo n?o era suficiente para dominar as correntes. Para as dominar, tinha que as usar novamente. E usaria um dos coletes de for?a que ainda tinha consigo. Algu?m tinha que sofrer, como ele sofrera. Mais algu?m teria que agonizar e morrer. CAP?TULO 8 Assim que Riley e Lucy sa?ram do avi?o do FBI, um jovem pol?cia de uniforme acorreu na sua dire??o. “Estou mesmo feliz por vos ver,” Disse ele. “O Chefe Alford est? ? beira de um ataque de nervos. Se ningu?m tirar o corpo da Rosemary daquele lugar o mais rapidamente poss?vel, o mais certo ? ter um ataque card?aco. Os jornalistas j? est?o em cima do acontecimento. Chamo-me Tim Boyden.” O cora??o de Riley sobressaltou-se quando soube que a comunica??o social j? se encontrava na cena do crime. Aquilo n?o augurava nada de bom. “Posso ajudar-vos a levar alguma coisa?” Perguntou Boyden. “N?o ? preciso,” Respondeu Riley. Ela e Lucy apenas transportavam um par de pequenas malas. Boyden apontou para o outro lado da pista. “O carro est? j? ali,” Disse. Os tr?s dirigiram-se apressadamente para o carro. Riley sentou-se no banco da frente do passageiro e Lucy no banco de tr?s. “Estamos a apenas alguns minutos da cidade,” Disse Boyden quando arrancou. “Nem acredito que isto est? a acontecer. Coitada da Rosemary. Todos gostavam muito dela. Estava sempre a ajudar as pessoas. Quando desapareceu h? algumas semanas atr?s, todos tememos o pior. Mas nunca imagin?mos…” A voz de Boyden silenciou-se e ele abanou a cabe?a em sinal de horrorizada descren?a. Lucy inclinou-se para a frente. “Sabemos que j? tiveram um crime como este anteriormente,” Disse. “Sim, quando ainda frequentava o liceu,” Confirmou Boyden. “Mas n?o foi aqui em Reedsport. Foi perto de Eubanks, mais a sul do rio. Um corpo acorrentado tal como o de Rosemary. Tamb?m vestido com um colete-de-for?as. O chefe tem raz?o? Estamos a lidar com um assassino em s?rie?” “Ainda n?o sabemos,” Afirmou Riley. A verdade era que ela pensava que o chefe devia ter raz?o. Mas o jovem pol?cia j? parecia estar suficientemente incomodado. N?o valia a pena alarm?-lo ainda mais. “N?o acredito,” Disse Boyden, abanando novamente a cabe?a. “Uma pequena e simp?tica cidadezinha como a nossa. Uma senhora simp?tica como a Rosemary. N?o acredito.” Quando entraram na cidade, Riley viu algumas carrinhas com equipas de not?cias de TV na rua principal. Um helic?ptero com o log?tipo de um canal de televis?o sobrevoava a cidade. Boyden conduziu at? uma barricada onde um pequeno amontoado de jornalistas se tinha reunido. Um pol?cia acenou para o carro passar. Alguns segundos mais tarde, Boyden parou o carro ao lado da linha de comboio. Ali estava o corpo, pendurado num poste de energia. V?rios pol?cias de uniforme estavam a apenas alguns metros de dist?ncia. Ao sair do carro, Riley reconheceu o Chefe Raymond Alford que se encaminhava na sua dire??o. N?o parecia nada contente. “Espero que tenha uma excelente raz?o para termos mantido o corpo aqui pendurado,” Disparou. “Isto est? a ser um pesadelo. O Presidente da C?mara amea?ou demitir-me.” Riley e Lucy seguiram-no em dire??o ao corpo. No lusco-fusco do fim de tarde, parecia ainda mais estranho a Riley do que lhe parecera nas fotos vistas no computador. As correntes de a?o inoxid?vel faiscavam ? luz. “Presumo que criou um cord?o de seguran?a na cena,” Disse Riley a Alford. “Fizemos o melhor que pod?amos,” Declarou Alford. “Barric?mos a ?rea o suficiente para que ningu?m conseguisse ver o corpo a n?o ser do rio. Desvi?mos as rotas dos comboios, o que est? a gerar atrasos e agita??o. Deve ter sido por causa disso que o canal de not?cias de Albany descobriu que algo de errado se passava. Tenho a certeza que n?o souberam de nada pelo meu pessoal.” Enquanto Alford falava, a sua voz foi abafada pelo helic?ptero de TV que circulava diretamente por cima deles. Desistiu de falar. Riley conseguia ler-lhe nos l?bios as obscenidades que proferia ao mesmo tempo que olhava para o helic?ptero que se afastou num movimento circular, sem ganhar altitude. Era ?bvio que o piloto pretendia regressar. Alford pegou no telem?vel. Quando algu?m o atendeu do outro lado da linha, gritou, “Eu disse para manterem o raio do helic?ptero afastado deste local. Agora digam ao piloto que aquilo tem que estar a quinhentos p?s de altitude. ? a lei.” Pela express?o de Alford, Riley depreendeu que a pessoa do outro lado da linha lhe estava a oferecer alguma resist?ncia. Por fim, Alford disse, “Se n?o tiram aquele p?ssaro daqui agora, os vossos jornalistas n?o v?o estar presentes na confer?ncia de imprensa que vou dar esta tarde.” O seu rosto descontraiu um pouco. Olhou para cima e esperou. Passados alguns momentos, o helic?ptero ganhou uma altitude mais razo?vel. O ru?do do motor ainda preenchia o ar com um zumbido agudo e constante. “Meu Deus, espero que isto n?o volte a acontecer,” Resmungou Alford. “Talvez quando retirarmos o corpo, j? n?o haja aqui nada que lhes interesse. Ainda assim, a curto prazo, penso que h? uma vantagem no meio disto tudo. Os hot?is e B&Bs est?o a ter mais clientela. Os restaurantes tamb?m – os jornalistas t?m que comer. Mas a longo prazo? ? mau se afugentar os turistas de Reedsport.” “Fizeram um bom trabalho mantendo-os afastados da cena do crime,” Disse Riley. “Isso j? ? alguma coisa,” Declarou Alford. “Venha da?, vamos acabar com isto.” Alford conduziu Riley e Lucy para mais perto do corpo suspenso. O corpo estava preso a um arn?s de correntes improvisado e enrolado a toda a volta. O arn?s estava amarrado a uma corda que se ligava atrav?s de uma roldana de a?o a uma trave alta. O resto da corda descia para o ch?o num ?ngulo acentuado. Agora Riley conseguia ver o rosto da mulher. Mais uma vez foi atingida pela enorme semelhan?a com Marie – a mesma dor silenciosa e ang?stia que o seu rosto apresentava ap?s se ter enforcado. Os olhos inchados e a corrente que lhe amorda?ava a boca tornou tudo ainda mais perturbador. Riley olhou para a sua nova parceira para ver como estava a reagir. Para sua surpresa, Lucy j? estava a tirar notas. “? a primeira vez que est?s numa cena de crime?” Perguntou-lhe Riley. Lucy limitou-se a assentir com a cabe?a enquanto escrevia e observava. Na perspetiva de Riley, parecia estar a encarar muito bem a brutalidade da situa??o. Por aquela altura, muitos novatos j? estariam a vomitar atr?s dos arbustos. Em contraste, Alford parecia estar decididamente de est?mago embrulhado. Mesmo depois de todas aquelas horas, ainda n?o se habituara. Riley esperava, para seu bem, que nunca tivesse que se habituar. “Ainda n?o cheira muito,” Disse Alford. “Ainda n?o,” Concordou Riley. “Ainda est? em estado de aut?lise, sobretudo colapso interno das c?lulas. N?o ? suficiente para acelerar o processo de putrefa??o. O corpo ainda n?o come?ou a derreter por dentro. ? nessa altura que o cheiro se come?a a notar.” Alford parecia cada vez mais p?lido. “E o rigor mortis?” Perguntou Lucy. “Tenho a certeza que a rigidez ? completa,” Disse Riley. “Provavelmente ficar? assim durante mais doze horas.” Lucy continuava a n?o parecer nada impressionada, prosseguindo com o apontamento de notas. “T?m alguma teoria sobre como o assassino a colocou l? em cima?” Perguntou Lucy a Alford. “Temos,” Respondeu Alford. “Ele subiu e atou a roldana no local. Depois puxou o corpo. Pode ver como est? fixo.” Alford apontou para uma s?rie de pesos de ferro deitados junto ? linha. A corda estava atada atrav?s de buracos nos pesos, atados cuidadosamente para n?o se soltarem. Aquele tipo de peso era o que se encontrava em m?quinas de pesos num gin?sio. Lucy agachou-se e observou os pesos com mais aten??o. “H? aqui pesos suficientes para contrabalan?ar completamente o corpo,” Disse Lucy. “? estranho que tenha trazido todas estas estas coisas pesadas. Era de pensar que se limitasse a atar a corda diretamente ao poste.” “O que ? que isso te diz?” Perguntou Riley. Lucy pensou por um momento. “? pequeno e n?o muito forte,” Disse Lucy. “A roldana n?o lhe dava suficiente alavancagem. Precisava dos pesos para o ajudar.” “Muito bem,” Disse Riley. Depois apontou para o lado oposto da linha do comboio. Numa pequena faixa, a marca parcial de um pneu guinava do pavimento para a terra. “E podes ver que trouxe o carro para muito perto. Tinha que o fazer. N?o conseguia arrastar o corpo por uma longa dist?ncia sozinho.” Riley examinou o solo junto ao poste de energia e descobriu reentr?ncias fundas na terra. “Parece que utilizou uma escada,” Disse. “Sim e n?s encontr?mos a escada,” Disse Alford. “Venha, vou mostrar-lhe.” Alford conduziu Riley e Lucy at? um armaz?m curtido feito de chapa ondulada. Havia uma fechadura partida pendurada do ferrolho da porta. “Podem ver como entrou c? dentro,” Disse Alford. “Foi f?cil. Um torqu?s foi o suficiente. Este armaz?m n?o ? muito utilizado, s? armazena a longo prazo, por isso n?o ? muito seguro.” Alford abriu a porta e ligou as luzes florescentes do teto. O lugar estava praticamente vazio, com exce??o de umas caixas repletas de teias de aranha. Alford apontou na dire??o de uma grande escada encostada na parede ao lado da porta. “Ali est? a escada,” Disse. “Encontr?mos terra fresca na sua base. Talvez seja daqui e o assassino soubesse que a encontrava aqui. Entrou, levou-a l? para fora e subiu para atar a roldana no local. Quando colocou o corpo onde queria, arrastou a escada de volta para aqui. Depois foi-se embora.” “Talvez tenha obtido a roldana tamb?m do armaz?m,” Sugeriu Lucy. “A entrada do armaz?m est? iluminada ? noite,” Disse Alford. “Por isso podemos dizer que ? ousado e aposto que ? r?pido, apesar de n?o ser muito forte.” Naquele momento, ouviu-se um estampido ruidoso vindo do exterior. “Mas que raio?” Gritou Alford. Riley soube de imediato que era um tiro. CAP?TULO 9 Alford sacou a arma e saiu disparado do armaz?m. Riley e Lucy seguiram-no de armas nas m?os. L? fora, algo rondava o poste onde o corpo estava pendurado. Emitia um zumbido cont?nuo. O jovem pol?cia Boyden tinha a arma em riste. Tinha acabado de disparar para o pequeno drone que rodeava o corpo e preparava-se para disparar outro tiro. “Boyden, larga essa arma j?!” Gritou Alford, colocando a sua arma no coldre. Boyden voltou-se para Alford surpreendido. Quando guardou a arma, o drone ganhou altitude e voou para longe. O chefe estava a fervilhar. “Que raio pensavas que estavas a fazer a disparar a arma daquela maneira?” Rosnou a Boyden. “Estava a proteger a cena do crime,” Disse Boyden. “O mais certo ? ser algum blogger a tirar fotos.” “Provavelmente,” Disse Alford. “E gosto disso tanto quanto tu. Mas ? ilegal disparar contra essas coisas. Para al?m disso, isto ? uma ?rea habitacional. Devias sab?-lo melhor que ningu?m.” Boyden baixou a cabe?a, embara?ado. “Pe?o desculpa,” Disse. Alford virou-se para Riley. “Raio de drones!” Disse. “Odeio mesmo o s?culo XXI. Agente Paige, diga-me por favor que j? podemos retirar o corpo do local.” “Tem mais fotos para al?m daquelas que eu vi?” Perguntou Riley. “Montes delas, mostrando cada ?nfimo detalhe,” Informou Alford. “Pode v?-las no meu gabinete.” Riley assentiu. “J? vi o que tinha a ver aqui. E voc?s fizeram um bom trabalho mantendo a cena sob controlo. Pode mandar retirar o corpo.” Alford disse a Boyden, “Chama o m?dico-legista. Diz-lhe que j? pode parar de n?o fazer nada.” “Certo, Chefe,” Disse Boyden, pegando no telem?vel. “Vamos l?,” Disse Alford a Riley e Lucy, encaminhado-as para o seu carro. Quando j? estavam a caminho, um pol?cia fez sinal para que o carro passasse a barricada na dire??o da rua principal. Riley ficou atenta ao caminho. O assassino teria trazido o seu carro por este mesmo caminho que tanto Boyden como Alford usavam. N?o havia outro para o local entre o armaz?m e as linhas do comboio. Parecia prov?vel que algu?m pudesse ter visto o carro do assassino, apesar de n?o terem considerado o avistamento anormal. O Departamento de pol?cia de Reedsport ficava num pequeno edif?cio de tijolos na rua principal da cidade. Alford, Riley e Lucy entraram e sentaram-se no gabinete do chefe. Alford colocou um calhama?o de ficheiros em cima da secret?ria. “Aqui est? tudo o que tenho,” Declarou. “ O ficheiro completo do caso de h? cinco anos e tudo o que conseguimos reunir do homic?dio de ontem ? noite.” Riley e Lucy pegaram cada uma num ficheiro e come?aram a percorr?-los. A aten??o de Riley estava concentrada nas fotos do primeiro caso. A idade de ambas as mulheres era semelhante. A primeira trabalhava numa pris?o, o que a colocava num certo grau de risco para um poss?vel crime. Mas a segunda, era uma v?tima com um n?vel de risco baixo. E n?o havia nenhuma indica??o de qualquer uma delas frequentasse bares ou outros lugares que as tornassem particularmente vulner?veis. Em ambos os casos, as pessoas que as conheciam descreviam-nas como amig?veis, prestativas e convencionais. E ainda assim, havia algum fator que atra?ra o assassino a estas mulheres em particular. “Fizeram algum progresso no homic?dio de Marla Blainey?” Perguntou Riley a Alford. “Estava sob a jurisdi??o da pol?cia de Eubanks. Capit?o Lawson. Mas trabalh?mos juntos no caso e n?o descobrimos nada de relevante. As correntes eram normais. O assassino podia t?-las comprado em qualquer loja de ferragens.” Lucy debru?ou-se para Riley para observar as mesmas fotos. “Mas a verdade ? que ele comprou muitas,” Disse Lucy. “Era de esperar que algum funcion?rio se lembrasse de algu?m que tivesse comprado tantas correntes.” Alford concordou. “Pois, isso foi exatamente o que pens?mos na altura. Mas entr?mos em contacto com todas as lojas de ferragens da regi?o e nenhum dos funcion?rios se lembrava de uma venda t?o pouco normal. Deve ter comprado poucas de cada vez, aqui e ali, para n?o atrair muita aten??o. Quando cometeu o crime j? devia ter uma pilha delas ? m?o de semear. Se calhar ainda tem.” Riley observou atentamente o colete-de-for?as que a mulher envergava. Parecia igual ao que envolvia a v?tima da noite anterior. “E o colete-de-for?as?” Perguntou Riley. Alford encolheu os ombros. “Era de supor que uma coisa dessas fosse f?cil de localizar, mas n?o conseguimos nada. ? uma coisa normal nos hospitais psiqui?tricos. Percorremos todos os hospitais do estado, incluindo um bem pr?ximo e ningu?m deu pela falta de coletes-de-for?as.” Instalou-se o sil?ncio enquanto Riley e Lucy continuavam a vasculhar os relat?rios e as fotos. Os corpos tinham sido deixados a uma dist?ncia de 16 Km um do outro. Tal indicava que o assassino n?o devia viver muito longe de ambos os locais. Mas o corpo da primeira mulher tinha sido deixado na margem do rio. Nos cinco anos que separavam ambos os crimes, a atitude do assassino tinha mudado. “Ent?o, o que acham deste tipo?” Perguntou Alford. “Porqu? usar o colete-de-for?as e todas as correntes? N?o parece um excesso?” Riley pensou por um momento. “N?o na sua cabe?a,” Disse. “Est? tudo relacionado com poder. Ele quer restringir as v?timas n?o s? fisicamente, mas tamb?m simbolicamente. O assassino quer deixar isso bem claro.” “Mas porqu? mulheres?” Perguntou Lucy. “Se ele quer fragilizar as v?timas, n?o seria mais dram?tico se fossem homens?” “? uma quest?o interessante,” Respondeu Riley. Recordou-se da cena do crime, na forma como o corpo tinha sido contrabalan?ado de forma t?o cuidadosa. “Lembra-te que ele n?o ? muito forte,” Declarou Riley. “ Trata-se em parte de uma quest?o de escolher os alvos mais f?ceis. Mulheres de meia-idade como estas d?o menos luta. Mas talvez tamb?m representem algo na sua mente. Elas n?o foram escolhidas como indiv?duos, mas como mulheres – e o que quer que as mulheres representam para ele.” Alford soltou um grunhido c?nico. “Ent?o pensa que n?o foi nada pessoal,” Disse Alford. “Estas mulheres n?o fizeram nada para serem apanhadas e mortas. O assassino nem pensou que elas o merecessem especialmente.” “Geralmente ? assim que estas coisas se processam,” Afirmou Riley. “No meu ?ltimo caso, o assassino perseguia mulheres que compravam bonecas. N?o queria saber quem elas eram. Tudo o que importava era o facto de v?-las a comprar uma boneca.” Mais um momento de sil?ncio. Alford olhou para o rel?gio. “Tenho uma confer?ncia de imprensa daqui a meia hora,” Disse. “H? mais alguma coisa que devamos discutir at? l??” Riley disse, “Bem, quanto mais cedo eu e a Agente Vargas entrevistarmos a fam?lia da v?tima melhor. Se poss?vel, ainda esta noite.” Alford franziu o sobrolho, preocupado. “N?o me parece poss?vel,” Disse. “O marido morreu jovem, h? uns quinze anos atr?s. S? tem dois filhos adultos, um filho e uma filha, ambos com as suas pr?prias fam?lias. Vivem na cidade. O meu pessoal entrevistou-os durante todo o dia. Est?o exaustos e desolados. O melhor ? deixarmos mais entrevistas para amanh?.” Riley reparou que Lucy estava prestes a objetar, por isso impediu-a de o fazer com um gesto silencioso. Era inteligente da parte de Lucy querer falar com a fam?lia imediatamente. Mas Riley tamb?m tinha a consci?ncia que n?o convinha fazer ondas com a pol?cia local, sobretudo se pareciam t?o competentes como Alford e a sua equipa. “Compreendo,” Disse Riley. “Deixemos ent?o para amanh? de manh?. E a fam?lia da primeira v?tima?” “Penso que ainda haver? parentes em Eubanks,” Disse Alford. “Vou confirmar. Mas n?o apressemos nada porque o assassino tamb?m n?o est? com pressa. O ?ltimo crime foi h? cinco anos e n?o ? prov?vel que ataque novamente em breve. Vamos fazer as coisas com tempo para as fazermos bem feitas.” Alford levantou-se. “? melhor preparar-me para a confer?ncia de imprensa,” Disse. “Voc?s querem estar presentes? T?m algum tipo de declara??o a fazer?” Riley refletiu por uns segundos. “N?o, n?o me parece,” Disse. “? melhor o FBI manter-se na sombra para j?. N?o queremos que o assassino pense que est? a ter muita publicidade. ? mais prov?vel que se mostre se pensar que n?o lhe est?o a dar a devida aten??o. Neste momento, ? melhor ser o chefe a dar a cara.” “Nesse caso, podem instalar-se,” Disse Alford. “Reservei dois quartos num B&B local para voc?s. Tamb?m t?m um carro ? vossa disposi??o ? porta.” Entregou a Riley o formul?rio de reserva e as chaves do carro. Ela e Lucy sa?ram da esquadra. * Mais tarde nessa noite, Riley sentou-se ? janela contemplando a rua principal de Reedsport. A noite j? tinha ca?do e as luzes come?avam a acender-se. O ar da noite estava quente e agrad?vel, e reinava a tranquilidade, sem jornalistas ? vista. Alford tinha reservado para Riley e Lucy dois ador?veis quartos no segundo andar do B&B. As propriet?rias tinham servido um jantar delicioso. Depois, Riley e Lucy passaram cerca de uma hora na sala principal do piso t?rreo a delinear planos para o dia seguinte. Reedsport era realmente uma cidade pitoresca e encantadora. Noutras circunst?ncias, seria um lugar muito agrad?vel para passar umas f?rias. Mas agora Riley pusera de lado o crime da noite anterior e centrava a sua aten??o em preocupa??es mais familiares. S? agora pensara em Peterson. Ele andava l? fora e ela sabia-o, mas ningu?m acreditava nessa possibilidade. Fora sensato da parte dela deixar as coisas daquela forma? Devia ter sido mais persuasiva na tentativa de convencer algu?m? Arrepiava-a pensar que dois assassinos – Peterson e quem quer que tivesse morto aquelas duas mulheres – estavam naquele preciso momento a tratar das suas vidas ? vontade. Quantos mais estavam ? solta, algures no estado, algures no pa?s? Porque ? que a nossa sociedade estava maculada por estes hediondos seres humanos? O que poderiam estar a fazer? Estariam a conspirar isolados algures ou estariam confortavelmente na companhia dos amigos e da fam?lia – pessoas inocentes que n?o faziam ideia do mal que acolhiam no seu ?mago? Riley n?o tinha forma de o saber. Mas o seu trabalho era descobrir. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43693543&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.