×òî æå åñòü ó ìåíÿ? Äûðû â äðàíûõ êàðìàíàõ, Òðè ìîðùèíû íà ëáó, Äà èñò¸ðòûé ïÿòàê... Íî íå æàëêî íè äíÿ- Ìíå ñóäüáîþ ïðèäàííûõ, Õîòü ïîðîé ÿ æèâó Ïîïîäàÿ â ïðîñàê. Âñ¸ ÷òî åñòü ó ìåíÿ: Ñîâåñòü, ÷åñòü è óìåíüå. ß îòäàì íå ñêóïÿñü- Ïðîñòî òàê çà ïóñòÿê. Çà ïîñòåëü ó îãíÿ, Äîáðîòó áåç ñòåñíåíüÿ. È çà òî, ÷òî ïðîñòÿñü, Íå çàáûòü ìíå íè êàê... Âñ¸ ÷

Perseguida

Perseguida Blake Pierce Um Mist?rio de Riley Paige #5 Uma obra-prima de thriller e mist?rio! O autor fez um trabalho magn?fico no desenvolvimento das personagens com um lado psicol?gico t?o bem trabalhado que temos a sensa??o de estar dentro das suas mentes, sentindo os seus medos e aplaudindo os seus sucessos. A hist?ria ? muito inteligente e mant?m-nos interessados durante todo o livro. Pleno de reviravoltas, este livro obriga-nos a ficar acordados at? ? ?ltima p?gina. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (re Sem Pistas) PERSEGUIDA ? o livro #5 na s?rie de mist?rio de Riley Paige que come?ou com o bestseller SEM PISTAS (Livro #1) – um livro de download gratuito com mais de 100 opini?es com cinco estrelas! Uma fuga de uma pris?o de seguran?a m?xima. Chamadas desesperadas do FBI. O pior pesadelo da Agente Especial Riley Paige tornou-se realidade: um assassino em s?rie que prendeu h? anos fugiu da pris?o. E o alvo principal ? ela. Riley est? habituada a ser ela a ca?ar, mas pela primeira vez, encontra-se numa situa??o – e a fam?lia – em que algu?m a persegue. Enquanto a assedia, o assassino inicia um ciclo de homic?dios e Riley tem que o parar antes que seja tarde demais – para as outras v?timas e para si pr?pria. Mas este n?o ? um assassino qualquer. Ele ? demasiado inteligente e o seu jogo do rato e do gato demasiado doentio, conseguindo estar sempre um passo ? frente de Riley. Desesperada para o parar, Riley compreende que apenas h? uma forma de o conseguir: mergulhar no passado e analisar a mente doentia do assassino, as v?timas do passado e abarcar o que o motiva. Riley percebe que a ?nica forma de o parar ? enfrentando a escurid?o que julgava j? ter esquecido. Um thriller psicol?gico negro com suspense de cortar a respira??o, ONCE HUNTED ? o livro #5 de uma nova s?rie alucinante – com uma inesquec?vel nova personagem – que o obrigar? a n?o largar o livro at? o terminar. O Livro #6 da s?rie de Riley Paige estar? em breve dispon?vel. PERSEGUIDA (UM MIST?RIO DE RILEY PAIGE – LIVRO 5) BLAKE PIERCE Blake Pierce Blake Pierce ? autor da s?rie bestseller de mist?rios RILEY PAGE, que inclui sete livros (e ainda h? mais por vir). Ele tamb?m ? o autor da s?rie de mist?rio MACKENZIE WHITE, que inclui cinco livros (mais est?o previstos); da s?rie de mist?rio AVERY BLACK, composta por quatro livros (mais por vir); e da nova s?rie de mist?rio KERI LOCKE. Um leitor ?vido e f? de longa data dos g?neros de mist?rio e suspense, Blake adora ouvir as opini?es de seus leitores. Ent?o, por favor, sinta-se ? vontade para visitar o site www.blakepierceauthor.com e manter contato. Copyright© 2016 Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido sob o Copyright Act dos Estados Unidos de 1976, nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida por qualquer forma ou meios, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recupera??o sem a autoriza??o pr?via do autor. Este ebook est? licenciado apenas para seu usufruto pessoal. Este ebook n?o pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se gostava de partilhar este ebook com outra pessoa, por favor compre uma c?pia para cada recipiente. Se est? a ler este livro e n?o o comprou ou n?o foi comprado apenas para seu uso, por favor devolva-o e compre a sua c?pia. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo deste autor. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, locais, eventos e incidentes ou s?o o produto da imagina??o do autor ou usados ficcionalmente. Qualquer semelhan?a com pessoas reais, vivas ou falecidas, ? uma coincid?ncia. Jacket image Copyright GongTo, usado sob licen?a de Shutterstock.com. LIVROS ESCRITOS POR BLAKE PIERCE S?RIE DE MIST?RIO DE RILEY PAIGE SEM PISTAS (Livro #1) ACORRENTADAS (Livro #2) ARREBATADAS (Livro #3) ATRA?DAS (Livro #4) PERSEGUIDA (Livro #5) S?RIE DE ENIGMAS MACKENZIE WHITE ANTES QUE ELE MATE (Livro n?1) ANTES QUE ELE VEJA (Livro n?2) S?RIE DE ENIGMAS AVERY BLACK MOTIVO PARA MATAR (Livro n?1) MOTIVO PARA CORRER (Livro n?2) S?RIE DE MIST?RIO KERI LOCKE RASTRO DE MORTE (Livro 1) ?NDICE PR?LOGO (#u6b742fb0-9d16-570c-bcf7-1e0e689b972e) CAP?TULO UM (#ubb27b381-73b0-5837-8afc-bf124f1f07f1) CAP?TULO DOIS (#ufd39e719-ed53-59aa-8e4a-1ca44b1a4bf5) CAP?TULO TR?S (#u20fa9d27-1893-500e-9177-bf653c208d33) CAP?TULO QUATRO (#ubd9b5791-922f-537e-b453-ee2dedc44130) CAP?TULO CINCO (#u856f9aa3-874d-5f2f-86a9-15279b323c31) CAP?TULO SEIS (#ucaf8731e-1157-5541-bbf9-85793b58e538) CAP?TULO OITO (#u7e2ccb32-75ef-5c32-97f7-d6e6e22c70cb) CAP?TULO NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO CATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZASSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZANOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E CINCO (#litres_trial_promo) CAPITULO TRINTA E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUARENTA E DOIS (#litres_trial_promo) PR?LOGO O carro em alta velocidade da Agente Especial Riley Paige estilha?ou o sil?ncio das escuras ruas de Fredericksburg. A sua filha de quinze anos estava desaparecida, mas Riley estava mais furiosa do que assustada. Tinha quase a certeza do local onde se encontrava April – com o seu novo namorado, um rapaz de dezassete anos que tinha desistido da escola chamado Joel Lambert. Riley tinha tentado tudo para interromper aquela rela??o, mas n?o tinha conseguido. Esta noite isso vai mudar, Pensou com determina??o. Estacionou o carro em frente ? casa de Joel, uma pequena casa decr?pita situada num bairro desagrad?vel. J? l? tinha estado anteriormente, altura em que tinha feito um ultimato a Joel para se afastar da filha. Era ?bvio que ele o tinha ignorado. N?o havia uma ?nica luz acesa na casa. Talvez n?o estivesse ningu?m. Ou talvez Riley ali encontrasse algo dif?cil de suportar. N?o importava. Bateu ? porta. “Joel Lambert! Abra a porta!” Gritou Riley. Seguiram-se alguns momentos de sil?ncio. Riley bateu novamente ? porta. E por fim ouviu algu?m a praguejar no interior da casa. A luz do alpendre acendeu-se. Ainda com a corrente, a porta abriu-se ligeiramente. ? luz do alpendre, Riley deparou-se com um rosto desconhecido. Era um homem de barba e aspeto deprimido com cerca de dezanove anos. “O que ? que quer?” Perguntou o homem ainda ensonado. “Estou ? procura da minha filha,” Disse Riley. O homem parecia intrigado. “Est? no lugar errado, minha senhora,” Disse. Ele tentou fechar a porta, mas Riley deu-lhe um pontap? com tanta for?a que a corrente se partiu e a porta escancarou-se. “Ei!” Gritou o homem. Riley entrou pela casa adentro. A casa estava tal como da ?ltima vez que Riley l? estivera – uma confus?o horr?vel repleta de odores suspeitos. O homem era alto e s?lido. Riley apercebeu-se da semelhan?a entre ele e Joel, mas aquele homem n?o tinha idade para ser pai de Joel. “Quem ? voc??” Perguntou Riley. “Chamo-me Guy Lambert,” Respondeu o homem. “? irm?o de Joel?” Questionou Riley. “Sim. E quem ? voc??” Riley mostrou-lhe o distintivo. “Agente Especial Riley Paige, FBI,” Disse. Os olhos do homem abriram-se muito, alarmados. “FBI? Deve haver algum engano.” Riley n?o ficou surpreendida. Da ?ltima vez que ali estivera, suspeitara que os pais de Joel n?o existiam. N?o fazia a m?nima ideia do que que lhes poderia ter sucedido. “Onde est? a minha filha?” Perguntou Riley. “Ou?a, eu nem sequer conhe?o a sua filha.” Riley avan?ou na dire??o da porta mais pr?xima. Guy Lambert tentou bloquear-lhe o caminho. “N?o ? suposto ter um mandado de busca?” Perguntou o homem. Riley empurrou-o. “Agora quem dita as regras sou eu,” Rugiu Riley. Riley entrou num quarto desarrumado. Ningu?m estava ali. Abriu outra porta que lhe revelou uma casa de banho nojenta e outra ainda que fazia liga??o a um segundo quarto. Ningu?m. E foi ent?o que ouviu uma voz vinda da sala de estar. “N?o se mexa!” Riley dirigiu-se ? sala de estar onde encontrou o seu parceiro, Bill Jeffreys, na porta de entrada. Riley tinha-lhe ligado antes de sair de casa para a ajudar. Guy Lambert estava ca?do no sof?, desamparado. “Este tipo parecia estar de sa?da,” Disse Bill. “Disse-lhe que devia esperar aqui por ti.” “Onde ? que eles est?o?” Perguntou Riley. “Onde est? o seu irm?o e a minha filha?” “N?o fa?o ideia.” Riley agarrou-o firmemente pela T-shirt. “Onde est? o seu irm?o e a minha filha?” Repetiu. Quando ele respondeu, “N?o sei,”, Riley empurrou-o contra a parede. Bill libertou um som de insatisfa??o. N?o havia d?vida que receava que Riley perdesse o controlo. Mas ela n?o queria saber. J? em p?nico, Guy Lambert atirou uma resposta. “Est?o mesmo no pr?ximo quarteir?o desta rua. 1334.” Riley largou-o. Sem dizer mais uma palavra, saiu da casa com Bill no seu encal?o. Riley pegou na lanterna e com ela verificava os n?meros das casas. “? por aqui,” Disse ela. “Temos que pedir ajuda,” Disse Bill. “N?o precisamos de refor?os.” Disse Riley enquanto corria pelo passeio. “N?o ? isso que me preocupa.” Bill seguia-a. Dali a instantes, Riley j? se encontrava no quintal de uma casa de dois andares. Estava decr?pita e obviamente condenada ao abandono, com terrenos vazios em ambos os lados – uma t?pica barraca para consumidores de hero?na. Lembrou-lhe a casa onde um psicopata s?dico chamado Peterson a tinha mantido cativa. Peterson tinha-a aprisionado numa jaula e tinha-a torturado com um ma?arico de g?s propano at? ela conseguir fugir e ter rebentado a casa com o propano que ele l? armazenava. Hesitou por um momento, abalada pela mem?ria. Mas depois recordou-se: A April est? aqui. “Prepara-te,” Disse a Bill. Bill pegou na sua lanterna e na arma, e caminharam juntos na dire??o da casa. Quando Riley chegou ao alpendre, viu que as janelas estavam vedadas com t?buas. Desta vez, n?o planeava bater ? porta. N?o queria dar a conhecer a sua presen?a a Joel ou a qualquer outra pessoa que estivesse dentro da casa. Tentou a ma?aneta. Rodou mas a porta estava fechada com uma lingueta. Riley sacou a arma e disparou, rebentando dessa forma com o que a impedia de entrar. Rodou novamente a ma?aneta e a porta abriu-se. Apesar da escurid?o do exterior, os seus olhos tiveram que se ajustar ao entrar com Bill na sala de estar. A ?nica luz existente provinha de algumas velas que iluminavam um sinistro cen?rio de lixo e escombros onde estavam inclu?dos sacos vazios de hero?na, seringas e outra parafern?lia associada ? droga. Conseguia ver sete pessoas – duas ou tr?s tentavam p?r-se de p? vagarosamente depois do estr?pito que Riley causara, os restantes estavam deitados no ch?o ou aninhados em cadeiras num estupor induzido pela droga. Todos pareciam devastados e doentes, e as suas roupas estavam sujas e esfarrapadas. Riley guardou a arma. N?o ia precisar dela – ainda n?o. “Onde est? a April?” Gritou. “Onde est? Joel Lambert?” Um homem que tinha acabado de se levantar disse numa voz nebulosa, “L? em cima.” Com Bill no seu encal?o, Riley subiu a escadaria escura, apontando a lanterna ? sua frente. Conseguia sentir os degraus podres a cederem sob o seu peso. Ela e Bill entraram num corredor no topo das escadas. Viram tr?s entradas, uma das quais dava para uma casa de banho infecta, todas sem portas e visivelmente vazias. A quarta entrada ainda tinha porta e estava fechada. Riley dirigiu-se ? porta. Bill tentou alcan??-la para a impedir de entrar. “Deixa-me entrar primeiro,” Disse Bill. Riley passou por ele, ignorando-o, abriu a porta e entrou no quarto. As pernas de Riley quase colapsaram perante o cen?rio que viu. April estava deitada num colch?o, murmurando “N?o, n?o, n?o” sucessivamente. April contorcia-se febrilmente enquanto Joel Lambert lutava para lhe tirar a roupa. Um homem com excesso de peso estava pr?ximo, ? espera que Joel terminasse a sua tarefa. Uma seringa e uma colher repousavam na vela que tremeluzia na mesa-de-cabeceira. Riley compreendeu tudo. Joel tinha drogado April quase at? ? inconsci?ncia e estava a oferec?-la como favor sexual ?quele homem repulsivo – quer fosse a troco de dinheiro ou de outra coisa qualquer, Riley n?o sabia. Riley sacou da arma e apontou-a a Joel. Era tudo o que conseguia fazer para evitar abat?-lo naquele momento. “Afasta-te dela,” Disse Riley. Joel percebeu de imediato o estado em que Riley se encontrava. Levantou as m?os e afastou-se da cama. Indicando o outro homem, Riley disse a Bill, “Algema este filho da m?e. Leva-o para o carro. Agora j? podes pedir refor?os.” “Riley, ouve-me…” A voz de Bill sumiu-se. Riley sabia o que Bill deixara por dizer. Ele compreendia perfeitamente que tudo o que Riley queria era alguns minutos a s?s com Joel. Bill sentiu relut?ncia em permiti-lo. Ainda com a arma apontada a Joel, Riley olhou para Bill com uma express?o implorativa. Bill anuiu lentamente, dirigiu-se ao homem, leu-lhe os direitos, algemou-o e levou-o para o exterior da casa. Riley fechou a porta. Depois ficou silenciosamente a fitar Joel Lambert com a arma ainda erguida. Este era o rapaz por quem April se apaixonara. Mas n?o se tratava de um adolescente qualquer. Estava profundamente envolvido no neg?cio da droga. Ele tinha usado essas drogas na sua pr?pria filha e tinha tentado vender o corpo de April. Esta pessoa n?o era capaz de amar ningu?m. “O que ? que pensa que vai fazer, senhora chui?” Disse Joel. “Eu tenho direitos, sabe.” E presenteou-a com o mesmo sorriso de gozo que mostrara no seu ?ltimo encontro. A arma tremeu ligeiramente na m?o de Riley. Ansiava premir o gatilho e rebentar com aquele verme de uma vez. Mas n?o se podia permitir faz?-lo. Riley reparou que Joel se esgueirava na dire??o da mesa de apoio. Era robusto e um pouco mais alto do que Riley.Tentava alcan?ar um taco de basebol encostado ? mesa, obviamente ? m?o para fins de autodefesa. Riley reprimiu um sorriso sinistro. Parecia que ele ia fazer exatamente aquilo que ela queria que ele fizesse. “Est?s preso,” Disse Riley. Guardou a arma e pegou nas algemas. Tal como esperava, Joel pegou no taco de basebol e arremeteu-o contra Riley. Ela conseguiu desviar-se do golpe e preparou-se para a pr?xima investida. Desta vez Joel ergueu o taco mais alto, pretendendo esmagar-lhe a cabe?a com ele. Mas quando o bra?o desceu, Riley agachou-se e apanhou a extremidade do bast?o. Agarrou-o e atirou-o para longe dele. Riley apreciou o olhar de surpresa no rosto de Joel quando perdeu o equil?brio. Joel tentou apoiar-se na mesa de apoio para evitar cair. Quando a m?o se agarrou ? mesa, Riley esmagou-a com o taco. Foi aud?vel o som de ossos a partirem-se. Joel soltou um grito pat?tico e caiu no ch?o. “Sua cabra maluca!” Gritou. “Partiu-me a m?o.” Tentando recuperar o f?lego, Riley algemou-o a um dos p?s da cama. “N?o o consegui evitar,” Disse ela. “Tu resististe e eu, acidentalmente, entalei a tua m?o na porta. Pe?o perd?o.” Riley algemou a m?o s? ao p? de uma cama. Depois pisou a m?o partida e apoiou todo o seu peso nela. Joel gritou e contorceu-se. Esperneava indefeso. “N?o, n?o, n?o!” Gritava. Ainda com o p? em cima da m?o de Joel, Riley agachou-se pr?ximo do seu rosto. Riley repetiu, zombeteiramente, “’N?o, n?o, n?o!’ Onde ? que eu j? ouvi estas palavras? Nos ?ltimos minutos?” Joel estremecia de dor e horror. Riley pisou-o com mais for?a. “Quem o disse?” Perguntou ela. “A sua filha… ela disse-o.” “Disse o qu??” “’N?o, n?o, n?o…’” Riley libertou um pouco a press?o. “E porque ? que a minha filha disse isso?” Perguntou. Joel mal conseguia falar por entre os violentos solu?os que soltava. “Porque… estava indefesa… e a sofrer. Eu percebo. Eu compreendo.” Riley retirou o p?. Parecia-lhe que ele tinha percebido a mensagem – pelo menos por agora, embora talvez n?o de vez. Mas aquilo era o melhor – ou o pior – que podia fazer para j?. Ele merecia a morte ou pior ainda. Mas ela n?o podia ser o instrumento dessa vontade. Pelo menos de uma coisa tinha a certeza: aquela m?o nunca mais se recomporia. Riley deixou Joel algemado e correu para junto da filha. Os olhos de April estavam dilatados e Riley sabia que ela n?o estava a conseguir v?-la bem. “M?e?” Disse April num queixume baixinho. O som daquela palavra soltou um mundo de ang?stia em Riley. Desatou a chorar ao come?ar a ajudar April a vestir-se. “Vou tirar-te daqui,” Disse entre solu?os. “Vai correr tudo bem.” Mas ao proferir aquelas palavras, Riley s? rezava para que fossem verdadeiras. CAP?TULO UM Riley rastejava na terra num espa?o escuro debaixo de uma casa. Escurid?o total a rodeava. Perguntava-se porque ? que n?o tinha consigo uma lanterna. Afinal de contas, j? tinha estado naquele lugar horr?vel. Mais uma vez, ouviu a voz de April a cham?-la na escurid?o. “M?e, onde est?s?” O desespero apoderou-se do cora??o de Riley. Ela sabia que April estava presa algures no meio daquela mal?fica escurid?o. E estava a ser torturada por um monstro horr?vel. “Estou aqui,” Disse Riley. “Estou a ir. Continua a falar para te encontrar.” “Estou aqui,” Disse April. Depois a voz ecoou na escurid?o. “Estou aqui… Estou aqui… Estou aqui…” J? n?o era apenas uma voz e j? n?o era apenas uma rapariga. Muitas raparigas estavam a pedir a sua ajuda. E Riley n?o fazia a m?nima ideia de como as encontrar a todas. Riley acordou do seu pesadelo por algu?m que lhe apertava a m?o. Adormecera a segurar na m?o de April e agora a filha come?ava a acordar. Riley sentou-se e olhou para a filha deitada na cama. O rosto de April ainda estava algo pastoso e p?lido, mas a sua m?o estava mais forte e j? n?o estava fria. Tinha muito melhor aspeto do que no dia anterior. A noite que passara na cl?nica fizera-lhe muito bem. April conseguiu fixar o olhar em Riley. Depois vieram as l?grimas, tal como Riley previra. “M?e, e se tu n?o tivesses chegado?” Disse April com a voz sufocada. Riley sentiu os olhos a arder. April j? tinha feito aquela pergunta vezes sem conta e Riley nem conseguia imaginar a resposta, quanto mais verbaliz?-la. O telem?vel de Riley tocou. Era Mike Nevins, o psiquiatra forense e grande amigo que tinha ajudado Riley em muitas crises pessoais e que mais uma vez a auxiliava nesta. “S? para saber se est? tudo bem,” Disse Mike. “Espero n?o estar a ser inoportuno.” Riley ficou feliz por ouvir a voz amig?vel de Mike. “De maneira nenhuma, Mike. Obrigada por ligares.” “Como ? que ela est??” “Melhor, acho eu.” Riley n?o sabia o que teria feito sem a ajuda de Mike. Depois de Riley ter libertado April das garras de Joel, teve que recorrer a servi?os de emerg?ncia, tratamentos m?dicos e relat?rios de pol?cia. Na noite anterior, Mike tinha conseguido que April fosse admitida no Centro de Sa?de e Reabilita??o de Corcoran Hill. Era muito mais agrad?vel do que um hospital. Mesmo com todo o equipamento necess?rio, o quarto era agrad?vel e confort?vel. Pela janela, Riley via ?rvores dispostas em terrenos bem tratados. Naquele preciso momento, o m?dico de April entrou no quarto. Riley terminou a chamada assim que o Dr. Ellis Spears, um homem de aspeto bondoso e rosto jovem com algumas brancas, entrou. Tocou na m?o de April e perguntou, “Como te sentes?” “N?o muito bem,” Disse April. “Bem, tens que dar algum tempo,” Disse ele. “Vais ficar bem. Senhora Paige, posso falar consigo?” Riley acenou e seguiu-o at? ao corredor. O Dr. Spears relanceou alguma informa??o que tinha na sua pasta. “A hero?na j? quase saiu do sistema,” Disse ele. “O rapaz deu-lhe uma dose perigosa. Felizmente, abandona a corrente sangu?nea rapidamente. O mais certo ? n?o ter mais sintomas de depend?ncia. O sofrimento por que est? a passar agora ? mais psicol?gico do que f?sico.” “Ela ter?…?” Riley n?o conseguiu terminar a pergunta. Felizmente, o m?dico compreendeu o que ela queria saber. “Uma reca?da ou necessidade da droga? ? dif?cil dizer. O uso da hero?na pela primeira vez f?-los sentirem-se magn?ficos – como nada igual no mundo. Ela n?o ? viciada, mas n?o ? prov?vel que se v? esquecer daquela sensa??o. H? sempre o perigo de ser atra?da para a sensa??o fant?stica que lhe proporcionou.” Riley percebeu onde o m?dico queria chegar. A partir daquele momento, era de extrema import?ncia manter April afastada da possibilidade de usar drogas. Era uma perspetiva terrificante. April agora admitia j? ter fumado erva e tomado comprimidos – alguns eram analg?sicos, opi?ides muito perigosos. “Dr. Spears, eu…” Por um instante, Riley n?o conseguiu formular a pergunta que tinha em mente. “N?o compreendo o que ? que se passou,” Disse por fim. “Porque ? que ela faria algo assim?” O m?dico sorriu-lhe e Riley imaginou que o Dr. Spears j? ouvira aquela pergunta muitas vezes. “Fuga,” Disse ele. “Mas n?o estou a falar de uma fuga absoluta da vida. Ela n?o ? esse tipo de consumidora. Na verdade, nem penso que seja uma consumidora por natureza. Tal como todos os adolescentes, tem dificuldade em controlar os seus impulsos. Trata-se unicamente de uma quest?o de imaturidade do c?rebro. Ela gostava da sensa??o passageira que as drogas lhe davam. Felizmente, n?o consumiu durante tempo suficiente para sofrer efeitos a longo-prazo.” O Dr. Spears pensou em sil?ncio durante um momento. “A experi?ncia por que passou foi anormalmente traum?tica,” Disse. “Falo da forma como aquele rapaz a tentou explorar sexualmente. S? essa mem?ria pode ser suficiente para a manter afastada das drogas para sempre. Mas tamb?m ? poss?vel que o sofrimento emocional seja um perigoso est?mulo.” Riley ficou desanimada ao ouvir aquelas palavras. O sofrimento emocional parecia ser um facto inevit?vel na sua fam?lia por aqueles dias. “Temos que a vigiar durante alguns dias,” Disse o Dr. Spears. “Depois disso, vai precisar de imensos cuidados, descanso e ajuda psicol?gica.” O m?dico despediu-se e continuou as suas visitas. Riley ficou no corredor, sentindo-se s? e preocupada. Foi isto o que aconteceu ? Jilly? Perguntou-se. Poderia a April ter terminado como aquela crian?a desesperada? H? dois meses em Phoenix, Arizona, Riley tinha salvado uma rapariga mais nova do que April da prostitui??o. Tinha-se formado entre as duas um estranho la?o emocional e Riley tinha tentado manter o contacto com ela depois de a colocar num abrigo para adolescentes. Mas h? alguns dias, Riley fora informada de que Jilly fugira. Impossibilitada de voltar a Phoenix, Riley pediu a ajuda de um agente do FBI. Ela sabia que o homem se sentia em d?vida para com ela e esperava obter not?cias naquele mesmo dia. Entretanto, Riley estava onde tinha que estar: a apoiar April. Quando se encaminhava para o quarto da filha ouviu uma voz a chamar o seu nome no fundo do corredor. Virou-se e viu o rosto preocupado do seu ex-marido Ryan, a ir ao seu encontro. Quando lhe ligara no dia anterior para lhe comunicar o sucedido, ele estava em Minneapolis a trabalhar. Riley ficou surpreendida por v?-lo. A filha de Ryan encontrava-se no fundo da sua lista de prioridades – mais abaixo do seu trabalho como advogado e muito mais abaixo da liberdade que agora gozava enquanto homem solteiro. Riley at? duvidara que ele aparecesse. Mas agora Ryan apressou-se a juntar-se a Riley e abra?ou-a com o rosto ensombrado pela preocupa??o. “Como ? que ela est?? Como ? que ela est??” Ryan n?o parava de repetir a pergunta, tornando dif?cil a Riley responder. “Vai ficar bem,” Disse Riley finalmente. Ryan afastou Riley e olhou para ela com uma express?o angustiada. “Pe?o desculpa,” Disse. “Pe?o tanta, tanta desculpa. Tu tinhas-me dito que a April estava com problemas, mas eu n?o ouvi. Eu devia ter estado aqui para vos apoiar.” Riley n?o sabia o que dizer. As desculpas n?o eram propriamente o estilo de Ryan. Na verdade, esperava que ele desatasse a responsabiliz?-la pelo que tinha acontecido. Essa sempre tinha sido a sua forma de lidar com crises familiares. Aparentemente, o que acabara de acontecer a April era demasiado terr?vel a ponto de o afetar. Com certeza que j? tinha falado com o m?dico e soubera da terr?vel hist?ria completa. Ele fez um gesto com a cabe?a na dire??o da porta. “Posso v?-la?” Perguntou. “Claro que sim,” Disse Riley. Riley ficou no corredor e observou Ryan a abeirar-se da cama de April, a abra??-la com for?a durante algum tempo. Pareceu-lhe ver as costas a agitarem-se com um ?nico solu?o. Depois ele sentou-se ao lado de April e segurou-lhe na m?o. April recome?ou a chorar. “Oh, pap?, fiz uma asneira t?o grande,” Disse. “Andava com um rapaz…” Ryan tocou-lhe nos l?bios para a silenciar. “Shh. N?o precisas de me dizer nada. Est? tudo bem.” Riley sentiu um n? na garganta. De repente, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que os tr?s eram uma fam?lia. Seria uma coisa boa ou m?? Seria um sinal de que melhores tempos viriam ou outro desenvolvimento rumo ? desilus?o e ? m?goa? N?o sabia. Riley observou da porta Ryan a afagar carinhosamente o cabelo da filha e April a fechar os olhos e a descontrair. Era uma cena comovente. Quando ? que tudo se desmoronou? Pensou Riley. Deu por si a desejar poder voltar atr?s no tempo at? algum momento crucial em que cometera algum erro terr?vel e fazer tudo de forma diferente para que nada daquilo alguma vez tivesse acontecido. E ela tinha a certeza de que Ryan pensava da mesma forma. Era um pensamento ir?nico e ela sabia-o. O assassino que prendera h? poucos dias era um homem obcecado por rel?gios que criava poses e dispunha as v?timas como ponteiros do mostrador de um rel?gio. E agora ali estava ela com os seus pr?prios anseios sobre o tempo. Se eu tivesse conseguido manter o Peterson afastado dela, Pensou Riley, estremecendo. Tal como Riley, April tinha sido aprisionada e torturada por aquela monstro s?dico e o seu ma?arico. Desde essa altura que April sofria de SPT. Mas a verdade era que Riley sabia que o problema era mais amplo. Talvez se o Ryan e eu nunca nos tiv?ssemos divorciado, Pensou. Mas como podiam t?-lo evitado? Ryan era distante e desligado enquanto marido e enquanto pai, para al?m de ser mulherengo. N?o que ele fosse o ?nico culpado. Tamb?m ela tinha cometido os seus erros. Nunca tinha conseguido encontrar o equil?brio entre o trabalho no FBI e a maternidade. E n?o se tinha apercebido dos muitos sinais de aviso em rela??o a April. Sentiu-se ainda mais triste. N?o, ela n?o se lembrava de um momento espec?fico onde pudesse ter mudado tudo. A sua vida fora demasiado plena de erros e oportunidades falhadas. Para al?m disso, ela sabia perfeitamente que n?o podia recuar no tempo. N?o valia a pena desejar o imposs?vel. O telem?vel tocou e Riley foi para o corredor. O seu cora??o bateu com mais for?a quando se apercebeu que a chamada era de Garrett Holbrook, o agente do FBI que andava ? procura de Jilly. “Garrett!” Disse, atendendo a chamada. “O que se passa?” Garrett respondeu no seu caracter?stico tom mon?tono. “Tenho boas not?cias.” De imediato, Riley come?ou a respirar mais confortavelmente. “A pol?cia encontrou-a,” Disse Garrett. “Tinha estado na rua a noite toda sem dinheiro ou lugar para ir. Foi apanhada a roubar numa loja de conveni?ncia. Estou com ela aqui na esquadra de pol?cia. Eu pago a cau??o, mas…” Garrett parou de falar. Riley n?o gostou do som daquela palavra, “mas.” “Talvez seja melhor falares com ela,” Disse ele. Uns segundos mais tarde, Riley ouviu a voz familiar de Jilly. “Ol?, Riley.” Agora que o p?nico a abandonara, Riley demonstrou o qu?o zangada estava. “N?o me venhas com ‘ol?s’. Onde ? que tinhas a cabe?a para fugir assim?” “N?o vou voltar para l?,” Disse Jilly. “Vais sim.” “Por favor, n?o me obrigues a voltar para l?.” Riley n?o respondeu de imediato. N?o sabia o que dizer. Ela sabia que o abrigo onde Jilly fora acolhida era um lugar bom onde era acarinhada. Riley tivera a oportunidade de conhecer alguns elementos do pessoal, pessoas muito prest?veis. Mas Riley tamb?m compreendia como ? que Jilly se sentia. Da ?ltima vez que tinham falado, Jilly tinha-se queixado que ningu?m a queria, que os pais adotivos nem a consideravam. “N?o gostam do meu passado,” Dissera Jilly. Aquela conversa acabara mal com Jilly desfeita em l?grimas a implorar a Riley para a adotar. Riley n?o conseguira explicar as milhares de raz?es que tornavam essa hip?tese imposs?vel. Esperava que aquela conversa n?o acabasse da mesma forma. Antes de Riley conseguir pensar no que dizer, Jilly disse, “O teu amigo quer falar contigo.” Riley ouviu outra vez a voz de Garrett Holbrook. “N?o para de dizer isso – n?o vai voltar para o abrigo. Mas tenho uma ideia. Uma das minhas irm?s, a Bonnie, est? a pensar em adotar. Tenho a certeza de que ela e o marido adorariam acolher a Jilly. Isto ? se a Jilly…” Garrett foi interrompido pelos gritinhos de satisfa??o de Jilly que n?o parava de gritar, “Sim, sim, sim!”. Riley sorriu. Era mesmo de uma coisa daquelas que ela precisava naquele momento. “Parece-me fant?stico, Garrett,” Disse. “Diz-me como corre. Muito obrigado pela tua ajuda.” “Sempre que precisares,” Disse Garrett. E terminaram a chamada. Riley dirigiu-se novamente ? porta do quarto e viu que Ryan e April estavam a conversar despreocupadamente. De repente, tudo parecia correr t?o melhor. Apesar das suas falhas e das de Ryan, a verdade era que tinham dado a April uma vida muito melhor do que aquela que muitas outras crian?as tinham. E precisamente naquele momento, Riley sentiu uma m?o no ombro e ouviu uma voz. “Riley.” Virou-se e viu o rosto amigo de Bill. Ao afastar-se da porta para falar com ele, Riley n?o conseguiu evitar olhar para o seu parceiro e para o ex-marido repetidamente. Mesmo no seu atual momento de desespero, Ryan aparentava ser o advogado de sucesso que era. O seu aspeto e modos suaves abriam-lhe portas em todo o lado. Bill, como tantas vezes percebera, parecia-se mais consigo. O seu cabelo escuro j? tinha brancas e era mais robusto e amarrotado do que Ryan. Mas Bill era competente nas suas ?reas de aptid?o e fora muito mais fi?vel na sua vida. “Como ? que ela tem passado?” Perguntou Bill. “Melhor. O que se passa com o Joel Lambert?” Bill abanou a cabe?a. “Aquele bandido ? c? uma pe?a,” Disse ele. “Mas est? a falar. Diz que conhece uns tipos que fizeram rios de dinheiro com jovens e ele pensou tentar. N?o demonstra sinais de remorso, ? um sociopata cuspido e escarrado. De qualquer das formas, vai ser condenado e vai passar algum tempo dentro. Mas ? capaz de fazer um acordo.” Riley ficou contrariada. Odiava aqueles acordos e aquele em particular era perturbador. “Sei o que pensas a esse respeito,” Disse Bill. “Mas parece-me que ele vai despejar tudo e podemos conseguir prender uma data de filhos da m?e. Isso ? bom.” Riley concordou. Era bom saber que algo de positivo se podia retirar deste acontecimento terr?vel. Mas havia uma coisa que tinha que falar com Bill e n?o sabia muito bem como diz?-lo. “Bill, quanto ao meu regresso ao trabalho…” Bill deu-lhe uma palmadinha no ombro. “N?o ? preciso dizeres nada,” Disse Bill. “N?o podes trabalhar em casos durante algum tempo. Precisas de uma pausa. N?o te preocupes, eu compreendo. E toda a gente vai compreender em Quantico. Tira o tempo que precisares.” Bill olhou para o rel?gio. “Desculpa ter que me ir embora, mas…” “Vai,” Disse Riley. “E obrigada por tudo.” Abra?ou Bill e ele foi-se embora. Riley ficou no corredor, a pensar no futuro pr?ximo. “Tira o tempo que precisares,” Dissera-lhe Bill. Isso podia n?o ser f?cil. O que acabara de acontecer a April era uma recorda??o de todo o mal que andava ? solta. O trabalho dela era impedir que acontecessem o m?ximo de coisas negativas que conseguisse. E se havia uma coisa que aprendera na vida, era que o mal nunca dormia. CAP?TULO DOIS Sete semanas mais tarde Quando Riley chegou ao gabinete da psic?loga, encontrou Ryan sozinho numa sala de espera. “Onde est? a April?” Perguntou. Ryan fez um gesto de cabe?a na dire??o da porta fechada. “Est? com a Dra. Sloat,” Disse, parecendo desconfort?vel. “Tinham qualquer coisa para falar a s?s. Depois devemos entrar e juntar-nos a elas.” Riley suspirou e sentou-se numa cadeira pr?xima. Ela, Ryan e April tinham passado muitas horas emocionalmente exigentes nas ?ltimas semanas naquele local. Aquela era a ?ltima sess?o com a psic?loga antes da pausa para as f?rias de Natal. A Dra. Sloat tinha insistido que toda a fam?lia participasse na recupera??o de April. Tinha sido ?rduo para todos eles, mas para al?vio de Riley, Ryan tinha participado de forma incondicional no processo. Viera a todas as sess?es e at? pusera o trabalho em segundo plano para ter mais tempo dispon?vel. Hoje fora buscar April ? escola. Riley perscrutava o rosto do ex-marido enquanto ele olhava fixamente para a porta do gabinete. Parecia um homem mudado. N?o h? muito tempo, era t?o desatento que chegara ao ponto de ser negligente enquanto pai. Sempre insistira que todos os problemas de April eram da responsabilidade de Riley. Mas o consumo de drogas de April e a sua quase introdu??o no mundo da prostitui??o for?ada, mudara algo em Ryan. Depois da sua perman?ncia na cl?nica de reabilita??o, April j? estava em casa com Riley h? seis semanas. Ryan visitava-a com frequ?ncia e estivera presente no Dia de A??o de Gra?as. Por vezes at? pareciam uma fam?lia normal. Mas Riley n?o parava de se lembrar de que eles nunca tinham sido uma fam?lia normal. Poderia isso agora mudar? Perguntava-se Riley. Quero que mude? Riley sentia-se dividida, at? um pouco culpada. H? muito que tentava aceitar o facto de que o seu futuro n?o incluiria Ryan. Talvez at? houvesse outro homem na sua vida. Sempre existira uma atra??o entre ela e Bill. Mas tamb?m se digladiavam e discutiam de vez em quando. Para al?m disso, a sua rela??o profissional era suficientemente exigente sem a parte rom?ntica. O seu vizinho bondoso e atraente, Blaine, parecia coadunar-se melhor com as suas necessidades, sobretudo porque a sua filha Crystal e April eram grandes amigas. Ainda assim, em momentos como aquele, Ryan quase parecia o mesmo homem por quem ela se tinha apaixonado h? tantos anos. Que rumo tomava a sua vida? N?o sabia. A porta do gabinete abriu-se e a Dra. Lesley Sloat saiu. “Agora j? podem entrar,” Disse com um sorriso estampado no rosto. Riley sempre gostara da psic?loga baixinha, robusta e bondosa, e April tamb?m gostava muito dela. Riley e Ryan entraram no gabinete e sentaram-se numas poltronas confort?veis. Estavam de frente para April que estava sentada no sof? ao lado da Dra. Sloat. April sorria debilmente. A Dra. Sloat fez um gesto com a cabe?a para ela come?ar a falar. “Aconteceu uma coisa esta semana,” Disse April. “? um pouco dif?cil falar sobre isso…” A respira??o de Riley acelerou e sentiu o cora??o bater com mais for?a. “Est? relacionado com a Gabriela,” Disse April. “Talvez ela tamb?m devesse aqui estar para falar sobre isto, mas como n?o est?…” April calou-se. Riley estava surpreendida. Gabriela era uma mulher Guatemalteca corpulenta de meia-idade que trabalhava para a fam?lia h? anos. Mudara-se com Riley e April, e era como um membro da fam?lia. April respirou fundo e continuou, “H? alguns dias atr?s, ela disse-me uma coisa que eu n?o vos disse. Mas penso que devem saber. A Gabriela disse que tinha que se ir embora.” “Porqu??” Articulou Riley. Ryan parecia confuso. “N?o lhe pagas o suficiente?” Perguntou. “? por minha causa,” Disse April. “Ela disse que n?o podia continuar. Disse que era demasiada responsabilidade para ela ter que impedir que eu me magoasse ou que me magoassem.” April parou de falar. Uma l?grima cintilou no canto do olho. “Ela disse que era demasiado f?cil eu esgueirar-me de casa sem que ela se apercebesse. N?o conseguia dormir ? noite com medo que eu estivesse em perigo. Disse que agora que estou bem novamente, vai-se embora imediatamente.” Riley ficou alarmada. Ela n?o sabia que Gabriela pensava dessa forma. “Pedi-lhe para n?o ir,” Disse April. “Eu chorei e ela tamb?m chorou, mas n?o consegui que mudasse de opini?o e fiquei apavorada.” April conteve um solu?o e limpou os olhos com um len?o. “M?e,” Disse April, “Eu cheguei a ajoelhar-me. Prometi que nunca a faria sentir-se assim novamente. Por fim… por fim ela abra?ou-me e disse que n?o se iria embora desde que eu cumprisse a minha promessa. E vou cumprir. Vou mesmo. M?e, pai, nunca mais vos vou preocupar ou ? Gabriela ou a qualquer outra pessoa daquela forma.” A Dra. Sloat deu uma palmadinha na m?o de April e dirigiu um sorriso a Riley e Ryan. Disse, “O que a April est? a tentar dizer ? que est? a recuperar.” Riley viu Ryan a tirar um len?o e a limpar os olhos. Raramente o vira chorar. Mas percebia como ? que ele se estava a sentir. Ela pr?pria estava comovida. Fora Gabriela – n?o Riley ou Ryan – a mostrar a luz a April. Ainda assim, Riley sentiu-se incrivelmente grata por a sua fam?lia estar junta e bem no Natal. Ignorou o medo que se esgueirava dentro de si, a pavorosa sensa??o de que os monstros da sua vida iam transtornar o seu Natal. CAP?TULO TR?S Quando Shane Hatcher entrou na biblioteca da pris?o no dia de Natal, o rel?gio de parede indicava que faltavam dois minutos para a hora certa. Timing perfeito, Pensou. Dali a alguns minutos ele ia evadir-se. Estava divertido por ver decora??es de Natal penduradas por todo o lado – todas feitas de esferovite, claro, nada duro ou afiado ou que pudesse ser utilizado como corda. Hatcher passara muitos per?odos natal?cios em Sing Sing e a ideia de tentar evocar o esp?rito natal?cio ali sempre lhe parecera absurdo. Quase ria quando via Freddy, o taciturno bibliotec?rio da pris?o, a usar um barrete vermelho de Pai Natal. Sentado na sua secret?ria, Freddy virou-se para ele e lan?ou-lhe um sorriso cadav?rico. Aquele sorriso dizia a Hatcher que tudo corria como planeado. Hatcher silenciosamente assentiu com a cabe?a e devolveu-lhe o sorriso. Depois Hatcher caminhou entre duas prateleiras e esperou. Assim que o rel?gio bateu a hora certa, Hatcher ouviu o som da porta de carregamentos a abrir no extremo oposto da biblioteca. Dali a momentos, o motorista da carrinha surgiu empurrando um grande recipiente de pl?stico com rodas. A porta fechou-se ruidosamente atr?s dele. “Qu? que tens pra mim esta semana, Bader?” Perguntou Freddy. “O que ? que achas que tenho?” Questionou o condutor. “Livros, livros, livros.” O condutor espreitou rapidamente na dire??o de Hatcher e depois virou-se. O condutor, como era evidente, estava a par do plano. Daquele momento em diante, tanto o condutor como Freddy trataram Hatcher como se ele n?o estivesse ali. Excelente, Pensou Hatcher. Juntos, Bader e Freddy descarregaram os livros para uma mesa met?lica com rodas. “Que tal um caf? no comissariado?” Perguntou Freddy ao condutor. “Ou talvez um eggnog quente? Est?o servi-lo nesta altura,” “Parece ?timo.” Os dois homens conversavam normalmente quando desapareceram pelas portas da biblioteca. Hatcher permaneceu sossegado por um momento, estudando a exata posi??o do contentor. Tinha pago a um guarda para desviar uma c?mara de vigil?ncia aos poucos durante v?rios dias at? haver um local n?o vigiado na biblioteca – um local que os guardas que olhavam para os monitores n?o tinham reparado. Parecia que o condutor tinha acertado em cheio. Hatcher saiu silenciosamente de entre as estantes e saltou para dentro do contentor. O condutor deixara um cobertor grosso e pesado no fundo. Hatcher tapou-se com o cobertor. Aquele era o momento do plano de Hatcher em que alguma coisa podia correr mal. Mas mesmo que algu?m entrasse na biblioteca, duvidava que se dessem ao trabalho de espreitar para dentro do contentor. Os que inspecionariam o cami?o tamb?m tinham sido pagos. N?o que estivesse preocupado ou nervoso. N?o sentia tais emo??es h? tr?s d?cadas. Um homem que nada tinha a perder na vida n?o podia sentir ansiedade ou desconforto. A ?nica coisa que podia suscitar o seu interesse era a promessa do desconhecido. Permaneceu debaixo do cobertor, escutando atentamente. Ouvia o rel?gio de parede a emitir o seu ru?do ? passagem dos minutos. Mais cinco minutos, Pensou. E aquele era o plano. Aqueles cinco minutos dariam a Freddy um ?libi. Poderia dizer com toda a sinceridade que n?o vira Hatcher a trepar para o contentor. Poderia dizer que pensara que Hatcher j? sa?ra da biblioteca. Quando terminassem os cinco minutos, Freddy e o condutor voltariam e Hatcher seria transportado para fora da biblioteca e da pris?o. Entretanto, Hatcher deixou os seus pensamentos divagarem para o que faria com a sua liberdade. Ouvira recentemente umas not?cias que faziam o risco valer a pena – at? o tornavam interessante. Hatcher sorriu quando pensou noutra pessoa que ficaria muito interessada com a sua fuga. Desejava ver a cara de Riley Paige quando descobrisse que ele fugira. Riu-se deste pensamento. Ia ser um prazer v?-la novamente. CAP?TULO QUATRO Riley observava April enquanto esta abria a caixa com o presente de Natal de Ryan. Perguntou-se qu?o a par dos gostos da filha ele estaria por aqueles dias. April sorriu quando pegou numa pulseira de prata. “? linda, pap?!” Disse April, dando-lhe um beijo na bochecha. “Ouvi dizer que ? o que est? na moda,” Disse Ryan. “E ?!” Disse April. “Obrigada!” Depois piscou ligeiramente o olho a Riley. Riley conseguiu conter uma risada. H? apenas alguns dias, April tinha-lhe dito o quanto detestava aquelas pulseiras disparatadas que todas as raparigas agora usavam. Apesar disso, April estava perfeita em parecer entusiasmada. ? evidente que Riley sabia que n?o era s? fingimento. Era-lhe poss?vel perceber que April estava contente com o facto de o pai ter feito um esfor?o para lhe comprar um presente de Natal de que gostasse. O sentimento de Riley em rela??o ? mala cara que Ryan lhe tinha oferecido era semelhante. N?o era o estilo dela e ela nunca a usaria – Exceto quando soubesse que Ryan estaria por perto. E tinha a certeza de que Ryan sentia o mesmo em rela??o ? carteira que ela e April lhe tinham comprado. Estamos a tentar ser uma fam?lia novamente, Pensou Riley. E naquele dia pareciam estar a conseguir. Entretanto era manh? de Natal e Ryan acabara de chegar para passar o dia com elas. Riley, April, Ryan e Gabriela estavam sentados junto ? aconchegante lareira a beber chocolate quente. O delicioso odor do jantar de Natal de Gabriela pairava no ar vindo da cozinha. Riley, April e Ryan usavam cachec?is que Gabriela lhes fizera, e Gabriela usava umas pantufas fofas que April e Riley lhe tinham oferecido. A campainha tocou e Riley foi ver quem era, deparando-se com o vizinho, Blaine e a filha adolescente Crystal. Riley estava simultaneamente encantada e desconfort?vel por v?-los. Ryan j? demonstrara ci?mes de Blaine – e n?o sem raz?o, Riley tinha que admitir. A verdade era que Riley considerava Blaine um homem muito atraente. N?o conseguia deixar de o comparar mentalmente a Bill e Ryan. Blaine era um pouco mais novo do que ela, estava magro e em forma, e Riley gostava que ele assumisse que estava a ficar sem cabelo. “Entrem!” Disse Riley. “Pe?o desculpa mas n?o posso,” Disse Blaine. “Tenho que ir para o restaurante, mas trouxe a Crystal para ficar.” Blaine era dono de um popular restaurante no centro da cidade. Riley percebeu que n?o devia ficar espantada por estar aberto no dia de Natal. O jantar de Natal no Blaine’s Grill devia ser delicioso. Crystal reuniu-se ao grupo junto da lareira. Aos risinhos, ela e April abriram os presentes que ofereceram uma ? outra. Riley e Blaine trocaram de forma discreta postais de Natal e depois Blaine foi-se embora. Quando Riley se juntou novamente ao grupo, Ryan parecia algo azedo. Riley guardou o cart?o sem o abrir. Esperaria at? que Ryan se fosse embora. A minha vida ? mesmo complicada, Pensou. Mas come?ava a parecer uma vida quase normal, uma vers?o da vida que ela apreciaria. * Os passos de Riley ecoavam no compartimento grande e escuro. De repente, o ru?do de um interruptor a invadir o sil?ncio. As luzes agora ligadas cegaram-na durante alguns segundos. Riley estava agora no corredor do que parecia ser um museu de cera repleto de pe?as aterradoras. ? sua direita estava o corpo nu de uma mulher colocado junto a uma ?rvore. ? esquerda, estava uma mulher morta envolta em correntes e pendurada num poste de eletricidade. Uma outra pe?a expunha v?rios corpos de mulheres com os bra?os amarrados atr?s das costas. Para l? dessa pe?a, viam-se cad?veres esfomeados com os membros grotescamente dispostos. Riley reconheceu cada uma daquelas cenas. Eram casos em que ela tinha trabalhado. Estava a entrar na sua c?mara de horrores pessoal. Mas o que ? que estava ali a fazer? De repente, ouviu uma voz jovem e aterrorizada a gritar. “Riley, ajuda-me!” Riley olhou em frente e viu a silhueta de uma jovem a erguer os bra?os num apelo desesperado. Parecia Jilly. Estava novamente metida em sarilhos. Riley desatou a correr na sua dire??o, mas ent?o surgiu outra luz que mostrou que n?o se tratava de Jilly. Era um homem velho envergando o seu uniforme de Coronel da Marinha. Era o pr?prio pai de Riley. E ria-se do erro de Riley. “N?o estavas ? espera de encontrar ningu?m vivo, pois n?o?” Dizia. “S? ?s ?til a quem j? est? morto. Quantas vezes ? que tenho que te dizer isto?” Riley estava intrigada. O pai tinha morrido h? meses. N?o sentia a sua falta. Fazia os poss?veis para nunca pensar nele. Sempre fora um homem duro que s? lhe tinha provocado dor. “O que ? que est?s aqui a fazer?” Perguntou Riley. “S? estou de passagem.” Riu. “Para ver como est?s a estragar a tua vida. O mesmo de sempre, segundo me parece.” Riley queria atirar-se a ele. Queria bater-lhe com toda a for?a que conseguisse. Mas ficou congelada sem se conseguir mexer. Depois surgiu um som ensurdecedor. “Gostava que pud?ssemos conversar,” Disse ele. “Mas tens assuntos para tratar.” O som tornou-se cada vez mais ruidoso e o pai virou-se e desapareceu. “Nunca fizeste nada de bom a ningu?m,” Disse ainda. “Nem a ti pr?pria.” Os olhos de Riley abriram-se. Percebeu que o telefone estava a tocar. O mostrador do rel?gio indicava que eram 06:00. Riley viu que a chamada era de Quantico. Uma chamada ?quela hora s? podia significar algo grave. Atendeu o telefone e ouviu a voz firme do seu chefe de equipa, o Agente Especial Respons?vel Brent Meredith. “Agente Paige, preciso que venha ao meu gabinete agora mesmo,” Disse ele. “Isto ? uma ordem.” Riley esfregou os olhos. “De que ? que se trata?” Perguntou. Seguiu-se uma curta pausa. “Temos que falar sobre isso pessoalmente,” Disse ele. E terminou a chamada. Durante um breve momento, Riley pensou se o que a esperava era uma reprimenda pelo seu comportamento. Mas n?o, j? estava de licen?a h? v?rios meses. Uma chamada de Meredith s? podia significar uma coisa. ? um caso, Pensou Riley. Ele n?o lhe ligaria no Natal por outra raz?o que n?o essa. E pelo tom de voz de Meredith, parecia algo grave – talvez algo que transformasse a sua vida. CAP?TULO CINCO A apreens?o de Riley aumentou quando entrou no edif?cio da UAC. Quando penetrou no gabinete de Brent Meredith, o chefe encontrava-se sentado ? secret?ria ? sua espera. Meredith, um homem Afro-Americano de fei??es angulares, era sempre uma presen?a intimidante. Naquele momento tamb?m parecia estar preocupado. Bill tamb?m l? estava. Riley percebeu pela sua express?o que ainda n?o tinha conhecimento do assunto da reuni?o. “Sente-se, Agente Paige,” Disse Meredith. Riley sentou-se numa cadeira dispon?vel. “Pe?o desculpa por interromper as suas f?rias,” Disse Meredith a Riley. “H? muito tempo que n?o falamos. Como tem passado?” Riley foi apanhada de surpresa. N?o fazia parte do estilo de Meredith dar n?cio a uma reuni?o daquela forma – com um pedido de desculpas e uma pergunta sobre o seu bem-estar. Geralmente ia direto ao assunto. Era evidente que ele sabia que ela estava de licen?a devido ao problema de April e Riley percebeu que Meredith estava genuinamente preocupado. Ainda assim, pareceu-lhe estranho. “Estou melhor, obrigada,” Disse Riley. “E a sua filha?” Perguntou Meredith. “Est? a recuperar bem, obrigada,” Disse Riley. Meredith fixou o olhar no de Riley em sil?ncio durante alguns instantes. “Espero que esteja preparada para regressar ao trabalho,” Disse Meredith. “Porque se h? um caso em que precisamos de si, ? neste.” Riley estava confusa enquanto aguardava pela explica??o do chefe. Por fim, Meredith disse, “Shane Hatcher fugiu da Pris?o de Sing Sing.” As palavras de Brent Meredith atingiram-na como uma tonelada de tijolos e ficou contente por estar sentada. “Meu Deus,” Disse Bill, igualmente surpreendido com a not?cia. Riley conhecia bem Shane Hatcher – demasiado bem para o seu gosto. Hatcher cumpria uma pena de pris?o perp?tua sem possibilidade de liberdade condicional h? v?rias d?cadas. No tempo que passara na pris?o, tornara-se num perito em criminologia. Publicara artigos em revistas acad?micas e dera aulas nos programas acad?micos da pris?o. Riley j? o tinha visitado v?rias vezes na pris?o em busca de conselho em casos em que estava a trabalhar. As visitas sempre haviam sido perturbadoras. Hatcher parecia sentir uma afinidade especial por ela. E Riley sabia que, bem no fundo, tamb?m ela estava mais fascinada por ele do que era suposto. Para ela, ele era muito possivelmente o homem mais inteligente que j? conhecera – e talvez tamb?m o mais perigoso. Ap?s cada visita, Riley jurava sempre nunca mais o ver. Agora lembrava-se bem da ?ltima vez que estivera na sala de visitas de Sing Sing. “N?o vou voltar,” Dissera-lhe ela. “Pode n?o ter que c? voltar para me ver,” Respondera Hatcher. Naquele momento, aquelas palavras pareciam perturbadoramente prof?ticas. “Como ? que ele fugiu?” Perguntou Riley a Meredith. “N?o sei muitos pormenores,” Disse Meredith. “Mas como provavelmente sabe, ele passava muito tempo na biblioteca da pris?o e trabalha l? frequentemente como assistente. Ele estava l? ontem quando chegou um carregamento de livros. Deve-se ter escapado para a carrinha que trazia os livros. Quando os guardas deram pela falta dele ontem ? noite, a carrinha foi encontrado abandonada a alguns quil?metros de Ossining. N?o havia sinais do condutor.” Meredith calou-se novamente. Riley n?o tinha qualquer dificuldade em acreditar que Hatcher tinha gizado tal plano de fuga. Quanto ao condutor, Riley nem queria pensar no que lhe sucedera. Meredith inclinou-se sobre a secret?ria na dire??o de Riley. “Agente Paige, voc? conhece o Hatcher melhor do que ningu?m. O que nos pode dizer sobre ele?” Ainda a recuperar do impacto que a not?cia lhe causara, Riley respirou fundo e disse, “Na sua juventude, Hatcher foi membro de um gang em Syracuse. Era invulgarmente cruel at? para um criminoso calejado. As pessoas chamavam-lhe ‘Shane the Chain’ porque gostava de espancar at? ? morte rivais de outros gangs com correntes.” Riley fez uma pausa, tentando recordar-se do que Shane lhe dissera. “Um determinado pol?cia assumiu como miss?o pessoal prender Hatcher. Hatcher retaliou pulverizando-o com correntes a ponto de ficar irreconhec?vel. Deixou o seu corpo desfigurado no alpendre da sua casa para a fam?lia o encontrar. E foi a? que Hatcher foi apanhado. Est? na pris?o h? trinta anos. Nunca de l? sairia.” Outro sil?ncio se seguiu. “Neste momento tem cinquenta e cinco anos,” Disse Meredith. “Seria de pensar que ap?s trinta anos na pris?o, ele n?o fosse t?o perigoso como era quando jovem.” Riley abanou a cabe?a “Pensaria mal,” Disse ela. “Naquela altura, ele era apenas um bandido ignorante. N?o tinha conhecimento do seu pr?prio potencial. Mas com o passar dos anos adquiriu muitos conhecimentos. Ele sabe que ? um g?nio. E nunca demonstrou qualquer arrependimento. E desenvolveu uma personalidade polida ao longo dos anos. E comportou-se bem na pris?o, o que lhe d? acesso a privil?gios, mesmo que a pena n?o seja reduzida. Mas tenho a certeza de que ele ?, neste momento, mais cruel e perigoso do que nunca.” Riley pensou por alguns instantes. Algo a incomodava, mas n?o sabia bem o qu?. “Algu?m sabe porqu??” Perguntou Riley. “Porqu? o qu??” Disse Bill. “Porque ? que ele fugiu.” Bill e Meredith trocaram olhares intrigados. “Por que ? que algu?m foge da pris?o?” Perguntou Bill. Riley percebeu qu?o estranha soava a sua pergunta. Lembrava-se de uma altura em que Bill fora com ela falar com Hatcher. “Bill, tu conheceste-o,” Disse ela. “Pareceu-te algu?m insatisfeito? Inquieto?” Bill franziu o sobrolho enquanto pensava. “N?o, na verdade ele parecia…” E n?o prosseguiu. “Quase satisfeito, talvez?” Disse Riley, terminando o pensamento que Bill deixara incompleto. “A pris?o parece assentar-lhe bem. Nunca tive a sensa??o de que ele desejasse a liberdade. H? quase qualquer coisa de zen a respeito dele, o seu desprendimento em rela??o a tudo na vida. Que eu saiba, n?o tem desejos. A liberdade n?o tem nada a oferecer-lhe. E agora est? em fuga, um homem procurado. Porque ? que ele decidiu fugir? E porqu? agora?” Meredith tamborilou os dedos na secret?ria. “Como ficaram as coisas da ?ltima vez que esteve com ele?” Perguntou. “Despediram-se sem problemas?” Riley mal conseguiu suprimir um sorriso ir?nico. “Nunca nos despedimos sem problemas,” Disse ela. Depois, ap?s uma pausa, acrescentou, “Compreendo onde quer chegar. Est? a pensar se eu serei o seu alvo.” “? poss?vel?” Perguntou Bill. Riley n?o respondeu. Mais uma vez se lembrou do que Hatcher lhe tinha dito. “Pode n?o ter que c? voltar para me ver.” Seria uma amea?a? Riley n?o sabia dizer. Meredith disse, “Agente Paige, n?o preciso de lhe dizer que este caso ? de grande import?ncia e vai implicar muita press?o. Enquanto falamos, a not?cia j? est? em todos os meios de comunica??o social. As fugas de pris?es s?o sempre not?cias de grande relevo. At? podem causar p?nico generalizado. Seja o que for que ele pretenda, temos que o localizar rapidamente. Tenho pena que tenha que voltar a um caso t?o perigoso e dif?cil como este. Sente-se preparada? Sente-se ? altura?” Riley sentiu uma estranha dorm?ncia ao ponderar aquela pergunta. Era uma sensa??o que se apoderava dela antes de aceitar um caso. Demorou um instante a perceber que a sensa??o era medo, puro e simples medo. Mas n?o era medo por si. Era algo mais. Era algo inomin?vel e irracional. Talvez fosse o facto de que Hatcher a conhecia demasiado bem. Pela sua experi?ncia, todos os prisioneiros sempre queriam algo em troca de informa??es, mas Hatcher n?o estava interessado em banalidades como whiskey ou cigarros. O seu quid pro quo tinha tanto de simples como de profundamente perturbador. Hatcher queria que Riley lhe contassse coisas a seu respeito. “Algo que n?o queira que os outros saibam,” Dissera ele. “Algo que n?o quer que ningu?m saiba.” Riley tinha cumprido, talvez com demasiada facilidade. Agora Hatcher sabia todo o tipo de coisa a seu respeito – que era uma m?e com falhas, que odiava o pai e que n?o fora ao seu funeral, que havia tens?o sexual entre ela e Bill, e que ?s vezes – tal como o pr?prio Hatcher – retirava prazer da viol?ncia e da morte. Ela lembrava-se do que ele dissera na sua ?ltima visita. “Eu conhe?o-a. Em alguns aspetos, conhe?o-a melhor do que voc? pr?pria.” Conseguiria ela ser t?o perspicaz como aquele homem? Meredith aguardava pacientemente a resposta ? sua pergunta. “Estou t?o pronta quanto me ? poss?vel estar,” Disse Riley, tentando soar mais confiante do que na realidade se sentia. “?timo,” Disse Meredith. “Como devemos proceder?” Riley pensou por alguns instantes. “O Bill e eu temos que averiguar toda a informa??o que o FBI tem sobre Shane Hatcher,” Afirmou Riley. Meredith anuiu e disse, “J? tomei a liberdade de pedir ao Sam Flores para come?ar a preparar tudo.” * Alguns minutos mais tarde, Riley, Bill e Meredith j? se encontravam na sala de confer?ncias da UAC a observar as informa??es multim?dia que Sam Flores tinha reunido. Flores era um t?cnico laboratorial com ?culos de aros escuros. “Penso que tenho aqui tudo aquilo que desejam ver,” Disse Flores. “Certificado de nascimento, registos de deten??es, transcri??es de tribunal, tudo.” Riley tinha que admitir que era uma compila??o impressionante que n?o deixava muito espa?o ? imagina??o. Havia v?rias fotos horr?veis das v?timas de Shane Hatcher, incluindo o pol?cia desfigurado deixado no alpendre da sua pr?pria casa. “Que informa??es temos sobre o pol?cia que Hatcher assassinou?” Perguntou Bill. Flores mostrou um conjunto de fotos que mostravam um pol?cia de aspeto am?vel. “Trata-se do agente Lucien Wayles que tinha quarenta e seis anos quando morreu em 1986,” Disse Flores. “Era casado e tinha tr?s filhos, fora condecorado, todos gostavam dele e era respeitado. O FBI colaborou com pol?cias locais e apanharam Hatcher poucos dias depois da morte de Wayles. O que ? incr?vel ? que n?o reduziram Hatcher a um monte ensanguentado no momento em que o apanharam.” Olhando para a apresenta??o, Riley ficou at?nita com as fotos do pr?prio Hatcher. Mal o reconhecia. Apesar do homem que conhecia poder ser intimidante, conseguia projetar uma atitude respeit?vel, at? de acad?mico com uns ?culos de leitura sempre pendurados na ponta do nariz. O jovem Afro-Americano que surgia nas fotos de 1986 tinha um rosto duro e um olhar cruel e vazio. Riley quase tinha dificuldade em acreditar que se tratava da mesma pessoa. Por muito detalhada e completa que a apresenta??o fosse, Riley sentiu-se insatisfeita. Ela pensava que conhecia Shane Hatcher melhor do que qualquer outra pessoa, mas a realidade era que ela n?o conhecia aquele Shane Hatcher – o cruel jovem bandido a quem deram a alcunha de “Shane the Chain.” Tenho que o conhecer, Pensou. Caso n?o o fizesse, duvidava que o conseguisse apanhar. De alguma forma, sentia que a sensa??o fria e digital que a apresenta??o lhe transmitia trabalhava em seu desfavor. Precisava de algo mais tang?vel – fotografias reais com vincos e pontas dobradas, relat?rios e documentos amarelados e fr?geis. Perguntou a Flores, “Posso ter acesso aos originais?” Flores manifestou alguma incredulidade. “Lamento, Agente Paige – mas nem pensar. O FBI destruiu todos os ficheiros em papel em 2014. Agora est? tudo digitalizado. O que v? ? o que temos.” Riley libertou um suspiro de desilus?o. Sim, ela lembrava-se da destrui??o de milh?es de ficheiros em papel. Outros agentes se tinham queixado, mas na altura n?o lhe parecera um problema. Agora bem que desejava a antiga sensa??o de palpabilidade. Mas naquele momento, o mais importante era tentar adivinhar qual o pr?ximo passo de Hatcher. E ocorreu-lhe uma ideia. “Quem foi o pol?cia que prendeu Hatcher?” Perguntou Riley. “Se ainda for vivo, o mais certo ? ser o primeiro alvo de Hatcher.” “N?o foi um pol?cia local,” Disse Flores. “E n?o foi um pol?cia.” Mostrou uma foto antiga de uma agente. “Chama-se Kelsey Sprigge. Era Agente do FBI no departamento de Syracuse – na altura tinha trinta e cinco anos. Agora tem setenta, est? aposentada e vive em Searcy, uma cidade perto de Syracuse.” Riley ficou surpreendida com o facto de Sprigge ser uma mulher. “Ela deve-se ter juntado ao FBI…” Come?ou Riley. Flores continuou o seu pensamento. “Entrou em 1972, quando o cad?ver de J. Edgar mal tinha arrefecido. Foi nessa altura que as mulheres foram finalmente autorizadas a serem agentes. Anteriormente tinha sido pol?cia.” Riley estava impressionada. Kelsey Sprigge tinha vivido muita hist?ria. “O que me podes dizer sobre ela?” Perguntou Riley a Flores. “Bem, ? vi?va, tem tr?s filhos e tr?s netos.” “Liguem ao departamento do FBI de Syracuse e digam-lhes para mant?-la em seguran?a a todo o custo,” Disse Riley. “Ela est? em perigo.” Flores assentiu. Depois voltou-se para Meredith. “Vou precisar de um avi?o.” “Porqu??” Perguntou Meredith, confuso. Riley respirou fundo. “Shane pode estar a caminho de matar Sprigge,” Disse ela. “E eu quero estar com ela antes que isso possa acontecer.” CAP?TULO SEIS Quando o avi?o do FBI aterrou na pista do Syracuse Hancock International Airport, Riley lembrou-se de algo que o pai lhe tinha dito no sonho da noite anterior. “S? ?s ?til a quem j? est? morto.” Riley ficou afetada com a ironia. Este era provavelmente o primeiro caso que lhe fora atribu?do onde algu?m ainda n?o tinha sido assassinado. Mas ? prov?vel que mude em breve, Pensou. Estava particularmente preocupada com Kelsey Sprigge. Riley queria conhecer aquela mulher pessoalmente e certificar-se de que estava bem. Depois, dependeria de Riley e de Bill que assim continuasse; e isso implicava localizar Shane Hatcher e prend?-lo novamente. ? medida que o avi?o se aproximava do terminal, Riley viu que tinham viajado at? um mundo invernoso. Apesar da pista estar limpa, enormes montanhas nevadas mostravam a quantidade de trabalho que os equipamentos de limpeza tinham tido recentemente. Era uma mudan?a de cen?rio abrupta em rela??o ? Virginia – e uma mudan?a bem-vinda. Riley compreendeu naquele momento o quanto precisava de um novo desafio. Ligara a Gabriela de Quantico a explicar que estaria fora a trabalhar num caso. Gabriela ficara feliz por ela e garantiu-lhe que tomaria conta de April. Quando o avi?o parou, Riley e Bill pegaram nos seus haveres e desceram as escadas rumo ? pista gelada. Quando sentiu o choque do frio extremo no seu rosto, Riley n?o escondeu a sua satisfa??o por lhe terem dado um casaco bem quente em Quantico. Dois homens abordaram-nos e apresentaram-se como Agentes McGill e Newton do departamento de Syracuse. “Estamos aqui para ajudar no que for preciso,” Disse McGill a Bill e Riley enquanto se apressavam rumo ao terminal. Riley fez a primeira pergunta que lhe veio ? cabe?a. “T?m pessoal a vigiar Kelsey Sprigge? T?m a certeza de que ela est? em seguran?a?” “Alguns pol?cias est?o ? porta da sua casa em Searcy,” Disse Newton. “Temos a certeza de que est? bem.” Riley desejava ter tanta certeza. Bill disse, “Ok, neste momento s? precisamos de uma viatura para irmos at? Searcy.” McGill disse, “ Searcy n?o fica muito longe de Syracuse e as estradas est?o limpas. Trouxemos um SUV que podem usar mas… est?o habituados a conduzir condi??es destas?” “Sabem, ? que Syracuse ganha sempre o Pr?mio de Golden Snowball,” Acrescentou Newton com orgulho imoderado. “Golden Snowball?” Perguntou Riley. “? o pr?mio do estado de Nova Iorque para quem tem mais neve,” Disse McGill. “N?s somos os campe?es. Temos um trof?u que o comprova.” “Talvez um de n?s devesse conduzir-vos at? l?,” Disse Newton. Bill deu uma risada, “Obrigado, mas acho que conseguimos. Tive um trabalho de inverno no Dakota do Norte h? alguns anos atr?s. Fartei-me de conduzir por l?.” Apesar de n?o se manifestar, Riley tamb?m se sentia preparada para aquele tipo de condu??o. Aprendera a conduzir nas montanhas da Virginia. A neve l? nunca era t?o profunda como aqui, mas as estradas secund?rias nunca estavam desimpedidas rapidamente. O mais certo era demorar o mesmo tempo que qualquer outra pessoa a circular naquelas estradas geladas. Mas n?o se importava que Bill conduzisse. Naquele momento, estava preocupada com a seguran?a de Kelsey Sprigge. Bill pegou nas chaves e partiram. “Devo dizer que me sabe bem estarmos a trabalhar outra vez juntos,” Disse Bill enquanto conduzia. “? capaz de ser ego?sta da minha parte. Gosto de trabalhar com a Lucy mas n?o ? a mesma coisa.” Riley sorriu. Tamb?m ela se sentia bem em trabalhar novamente com Bill. “Ainda assim, por um lado n?o queria que o teu regresso fosse com este caso,” Acrescentou Bill. “Porque n?o?” Perguntou Riley surpreendida. Bill abanou a cabe?a. “Tenho um mau pressentimento,” Disse ele. “Lembra-te, eu tamb?m conheci o Hatcher. ? preciso muito para me assustar mas… bem, ele ? qualquer coisa de diferente.” Riley n?o respondeu, mas n?o conseguia discordar. Ela sabia que Hatcher tinha alarmado Bill no decorrer daquela visita Com o seu instinto excecional, Hatcher tinha feito observa??es astutas sobre a vida pessoal de Bill. Riley lembrava-se de Hatcher apontar para o dedo anelar de Bill e dizer: “N?o vale a pena conciliar-se com a sua mulher. N?o ? poss?vel.” Hatcher tinha raz?o e Bill estava agora a meio de um div?rcio tudo menos amig?vel. No fim da mesma visita, ele dissera algo a Riley que ainda a assombrava. “Pare de o combater.” At? hoje, ela n?o sabia a que Hatcher se referia. Mas Riley sentia o pavor inexplic?vel de que um dia descobriria. * Um pouco mais tarde, Bill estacionou a viatura junto a uma pilha de neve no exterior da casa de Kelsey Sprigge em Searcy. Riley viu um carro da pol?cia estacionado ali pr?ximo com dois pol?cias desfardados no seu interior. Mas dois pol?cias num carro n?o lhe inspiravam muita confian?a. O criminoso cruel e brilhante que fugira de Sing Sing podia tratar deles em dois tempos se a isso se dispusesse. Bill e Riley sa?ram do carro e mostraram os seus distintivos aos pol?cias. Depois caminharam no passeio limpo em dire??o ? casa. Era uma casa tradicional de dois andares com um pr?tico telhado de duas ?guas e alpendre fronteiro, e estava coberta de luzes de Natal. Riley tocou ? campainha. Uma mulher abriu a porta com um sorriso encantador. Era magra e estava em forma, usando equipamento de jogging. A sua express?o era luminosa e alegre. “Bem, devem ser os Agentes Jeffreys e Paige,” Disse ela. “Chamo-me Kelsey Sprigge. Entrem. Sa?am deste frio horr?vel.” Kelsey Sprigge conduziu Riley e Bill at? uma confort?vel sala de estar com uma lareira acolhedora. “Gostariam de beber alguma coisa?” Perguntou. “? claro, est?o de servi?o. Vou buscar caf?.” Foi para a cozinha e Bill e Riley sentaram-se. Riley observou as decora??es de Natal e as in?meras fotografias penduradas nas paredes e pousadas na mob?lia. Eram fotos de Kelsey Sprigge em v?rios momentos da sua vida adulta com filhos e netos ? sua volta. Em muitas das fotografias, um homem sorridente estava a seu lado. Riley lembrava-se de Flores ter dito que Kelsey era vi?va. Pelas fotografias, Riley percebeu que fora um casamento longo e feliz. De alguma forma, Kelsey Sprigge tinha conseguido alcan?ar o que sempre escapava a Riley. Ela tinha vivido uma vida familiar plena ao mesmo tempo que trabalhava como agente do FBI. Riley n?o se importaria nada de lhe perguntar como o tinha conseguido. Mas ? claro que aquele n?o era o momento adequado. A mulher regressou rapidamente trazendo um tabuleiro com duas ch?venas de caf?, natas e a??car, e – para surpresa de Riley – um whiskey com gelo para ela. Riley estava espantada com Kelsey. Para uma mulher com setenta anos, era extremamente en?rgica e cheia de vida, e mais dura do que a maior parte das mulheres que conhecera. De alguma forma, Riley sentia que era quase como olhar para o seu pr?prio futuro e ver a mulher em que ela se tornaria. “Bem, ent?o,” Disse Kelsey, sentando-se e sorrindo. “Gostava que o nosso clima fosse mais acolhedor.” Riley estava espantada com a sua descontra?da hospitalidade. Nas circunst?ncias em que se encontravam, pensava que encontraria uma mulher alarmada. “Senhora Sprigge…” Come?ou Bill. “Kelsey, por favor,” Interrompeu a mulher. “E sei porque ? que est?o aqui. Est?o preocupados que o Shane Hatcher venha atr?s de mim, que eu seja o seu primeiro alvo. Pensam que ele me quer matar.” Riley e Bill entreolharam-se, sem saber muito bem o que dizer. “E ? claro que ? por esse mesmo motivo que aqueles pol?cias est?o l? fora,” Disse Kelsey, ainda sorrindo de forma ador?vel. “Disse-lhes para entrarem e se aquecerem mas eles n?o quiseram. Nem me deixaram sair para a minha corrida da tarde! Uma pena, eu simplesmente adoro correr com este tempo vigoroso. Bem, n?o estou preocupada em ser assassinada e n?o me parece que me deva preocupar. N?o penso que o Shane Hatcher pretenda fazer isso.” Riley quase perguntou, “Por que n?o?” Mas em vez disso, disse cautelosamente, “Kelsey, voc? apanhou-o. Levou-o ? justi?a. Ele estava na pris?o por sua causa. Voc? pode ser o motivo por que ele fugiu.” Kelsey n?o disse nada por alguns instantes. Olhava a arma no coldre de Riley. “Qual ? a sua arma, querida?” Perguntou. “Uma Glock de calibre quarenta,” Disse Riley. “Boa!” Disse Kelsey. “Posso v?-la?” Riley entregou a sua arma a Kelsey. Kelsey retirou a muni??o e examinou a arma. Manuseava-a com a delicadeza de um connoisseur. “As Glocks chegaram tarde para mim,” Disse Kelsey. “Mas gosto delas. A arma??o polim?rica ? boa – muito leve, equil?brio excelente. Adoro a disposi??o da mira.” Voltou a colocar a muni??o na arma e entregou-a a Riley. Depois dirigiu-se a uma secret?ria e dali tirou a sua pistola semiautom?tica. “Atingi o Shane Hatcher com esta preciosidade,” Disse, sorrindo. Entregou a arma a Riley e depois voltou a sentar-se. “Smith and Wesson Modelo 459. Feri-o e desarmei-o. O meu parceiro queria mat?-lo no local – vingan?a pelo pol?cia que tinha assassinado. Bem, eu n?o o podia permitir. Disse-lhe que se matasse Hatcher, haveria mais do que um corpo para enterrar.” Kelsey corou um pouco. “Oh,” Disse. “Gostava que essa hist?ria n?o se divulgasse. Por favor, n?o contem a ningu?m.” Riley devolveu-lhe a arma. “De qualquer das formas, sabia que a minha atitude teve a aprova??o de Hatcher,” Disse Kelsey. “Sabem, ele tinha um c?digo r?gido, mesmo enquanto membro de um gang. Ele sabia que eu s? estava a fazer o meu trabalho. Penso que ele respeitou isso. E que tamb?m ficou grato. De qualquer das formas, nunca demonstrou qualquer interesse por mim. Eu at? lhe escrevi algumas cartas, mas ele nunca me respondeu. Provavelmente nem se lembra do meu nome. N?o, tenho a certeza que ele n?o me quer matar.” Kelsey olhou para Riley com interesse. “Mas Riley – posso trat?-la por Riley? – disse-me ao telefone que o visitou na pris?o, que o chegou a conhecer. Ele deve ser uma personalidade fascinante.” Riley pensou detetar uma nota de inveja na voz da mulher. Kelsey levantou-se da cadeira. “Mas olhem s? para mim a falar enquanto voc?s t?m um bandido para apanhar! E quem sabe o que ele est? a planear neste preciso momento. Tenho algumas informa??es que vos podem ajudar. Venham da?, vou mostrar-vos tudo o que tenho.” Kelsey conduziu Riley e Bill por um corredor at? ? porta de uma cave. Riley ficou subitamente nervosa. Porque ? que tem que ser numa cave? Pensou Riley tinha uma ligeira mas irracional fobia por caves h? algum tempo – vest?gios do SPT de estar presa no espa?o ex?guo em que Peterson a mantivera e mais recentemente por ter apanhado um outro assassino numa cave completamente escura. Mas ao seguirem Kelsey pelas escadas, Riley n?o viu nada de sinistro. A cave era usada como sala de recreio. A um canto estava uma ?rea de escrit?rio bem iluminada com uma secret?ria coberta de pastas manila, um quadro com velhas fotografias e recortes de jornais, e algumas gavetas de arquivo. “Aqui est? – tudo o que querem saber sobre ‘Shane the Chain’ e a sua carreira e a sua queda,” Disse Kelsey. “Estejam ? vontade. Perguntem alguma coisa que n?o entendam.” Riley e Bill come?aram a percorrer as pastas. Riley estava surpreendida e entusiasmada. Era informa??o arrojada e fascinante, muita da qual nunca tinha sido digitalizada para a base de dados do FBI. A pasta que agora percorria estava pejada com items aparentemente pouco relevantes, incluindo guardanapos de restaurante com notas escritas ? m?o e esbo?os relacionados com o caso. Abriu outra pasta que continha relat?rios e outros documentos fotocopiados. Riley divertia-se por saber que Kelsey n?o os devia ter fotocopiado ou guardado. Os originais h? muito que deviam ter sido destru?dos depois de digitalizados. Enquanto Bill e Riley revolviam o material, Kelsey observou, “Devem estar a pensar porque ? que n?o me livrei destas coisas. ?s vezes eu pr?pria penso nisso.” Ficou a pensar durante alguns instantes. “Shane Hatcher foi o meu ?nico contacto com o mal,” Disse. “Durante os meus primeiros catorze anos no FBI, quase s? fazia trabalho administrativo no departamento de Syracuse – a mulher simb?lica. Mas trabalhei neste caso desde a raiz, falei com membros de gangs nas ruas, liderei a equipa. Ningu?m pensou que eu pudesse apanhar o Hatcher. Na verdade, ningu?m tinha a certeza que algu?m o pudesse apanhar. Mas eu consegui.” Agora Riley percorria uma pasta com fotos de m? qualidade que o FBI n?o se devia ter dado ao trabalho de digitalizar. ? claro que Kelsey n?o as deitara fora. Uma mostrava um pol?cia a falar com o membro de um gang. Riley imediatamente reconheceu o jovem como sendo Shane Hatcher. Demorou mais um pouco para reconhecer o pol?cia. “Este ? o agente que o Hatcher matou, n?o ??” Perguntou Riley. Kelsey anuiu. “Agente Lucien Wayles,” Disse ela. “Eu ? que tirei essa foto.” “O que faz ele a conversar com o Hatcher?” Kelsey sorriu. “Bem, isso ? algo interessante,” Disse. “Suponho que tenham ouvido dizer que o agente Wayles era um pol?cia exemplar, condecorado. Isso ? o que a pol?cia local ainda quer que todos pensem. Na verdade, ele era corrupto. Nesta foto, tinha-se encontrado com Hatcher para fazer um acordo com ele – uma partilha dos lucros da droga para n?o interferir no territ?rio de Hatcher. Hatcher recusou-se. E Wayles tentou for??-lo a aceitar.” “Como sabem, a coisa n?o resultou favoravelmente para o agente Wayles,” Disse Kelsey. Riley come?ou a compreender. Era exatamente este tipo de material que ela procurava. Colocara-a muito, mas muito mais pr?xima da mente do jovem Hatcher. Ao olhar para a foto de Hatcher e do pol?cia, Riley sondou a mente do jovem. Imaginou os pensamentos e sentimentos de Hatcher no momento em que a foto foi tirada. Tamb?m se lembrou de algo que Kelsey acabara de dizer. “Sabem, ele tinha um c?digo r?gido, mesmo para membro de um gang.” Das conversas que entabulara com Hatcher, Riley sabia que ainda hoje isso era verdade. E agora, olhando para a foto, Riley sentia o nojo visceral de Hatcher perante a proposta de Wayles. Ofendeu-o, Pensou Riley. Soou-lhe a insulto. N?o admirava que Hatcher tivesse feito de Wayles um exemplo. De acordo com o c?digo distorcido de Hatcher, era a coisa certa a fazer. Dedilhando mais fotos, Riley encontrou uma de outro membro de gang. “Quem ? este?” Perguntou Riley. “Smokey Moran,” Disse Kelsey. “O tenente em quem Shane the Chain mais confiava – at? eu o prender por vender droga. Apanhou uma pena muito longa por isso n?o tive dificuldade em que ele cooperasse contra Hatcher em troca de alguma clem?ncia. E foi assim que finalmente acabei com o Hatcher.” Ao entregar a foto, Riley sentia um formigueiro na pele. “O que foi feito de Moran?” Kelsey abanou a cabe?a. “Ainda anda por a?.” Disse. “Muitas vezes penso que n?o devia ter feito aquele acordo. H? anos e anos que lidera todo o tipo de atividades de gang. Os membros mais jovens olham para ele e admiram-no. Ele ? esperto e esquivo. Os pol?cias locais e o FBI nunca o conseguiram apanhar.” Aquela sensa??o de formigueiro aumentou. Riley entrou na cabe?a de Hatcher, cismando na pris?o durante d?cadas a respeito da trai??o de Moran. No universo moral de Hatcher, um homem desses n?o merecia viver. E a justi?a j? era tardia. “Tem a sua morada atual?” Perguntou Riley a Kelsey. “N?o, mas tenho a certeza que o departamento tem. Porqu??” Riley respirou fundo. “Porque o Shane vai l? mat?-lo.” CAP?TULO SETE Riley sabia que Smokey Moran estava em grande perigo. Mas a verdade era que Riley n?o morria de amores pelo bandido de carreira. S? Shane Hatcher importava. A sua miss?o era prender Hatcher novamente. Se o apanhassem antes de matar Moran pela antiga trai??o, tudo bem. Ela e Bill iriam ? morada de Moran sem qualquer aviso pr?vio. Ligariam para o departamento local do FBI para que refor?os fossem l? ter com eles. Era uma viagem de meia hora a partir da casa de Kelsey Sprigge situada numa Searcy de classe m?dia at? aos bairros sinistros de gangs de Syracuse. O c?u estava nublado, mas n?o ca?a neve e o tr?nsito flu?a normalmente nas estradas limpas. Enquanto Bill conduzia, Riley acedeu ? base de dados do FBI e fez uma pesquisa r?pida no seu telem?vel. Concluiu que a situa??o local com os gangs era grave. Os gangs tinham-se formado e reagrupado nesta ?rea desde come?os dos anos 80. Na ?poca de Shane the Chain eram sobretudo gangs locais. Desde essa altura, os gangs de dimens?o nacional tinham entrado em cena, trazendo consigo n?veis de viol?ncia mais exacerbados. As drogas que alimentavam esta viol?ncia com os seus lucros haviam-se tornado mais estranhas e muito mais perigosas. Agora inclu?am cigarros ensopados em flu?do de embalsamamento e cristais que induziam paranoia chamados de “sais de banho”. Quem poderia adivinhar as subst?ncias ainda mais mort?feras que surgiriam de seguida? Quando Bill estacionou em frente ao pr?dio degradado onde vivia Moran, Riley viu dois homens com casacos do FBI a sa?rem de outro carro – os Agentes McGill e Newton que os haviam recebido no aeroporto. Percebeu pelo volume que usavam coletes Kevlar debaixo dos casacos. Ambos traziam consigo espingardas de sniper Remington. “A casa de Moran fica no terceiro andar,” Disse Riley. Quando o grupo de agentes entrou no pr?dio pela porta da frente, depararam-se com v?rios membros de gang na entrada fria e degradada. Limitavam-se a estar ali com as m?os enfiadas nos bolsos dos casacos e pareciam n?o prestar aten??o ao esquadr?o armado que acabara de entrar. Guarda-costas de Moran? N?o parecia a Riley que tentassem parar o seu pequeno ex?rcito de agentes, apesar de poderem avisar Moran de que algu?m ia a caminho. McGill e Newton pareciam conhecer aqueles jovens. Os agentes deram-lhes umas palmadas r?pidas nas costas. “Viemos ver Smokey Moran,” Disse Riley. Nenhum dos jovens abriu a boca. Apenas fitavam os agentes com uma express?o estranha e vazia. Pareceu um comportamento estranho a Riley. “Saiam,” Disse Newton e os tipos assentiram e sa?ram pela porta da frente. Com Riley ? frente, os agentes percorreram tr?s lan?os de escadas. Os agentes locais mostraram o caminho, verificando cada corredor cuidadosamente. No terceiro andar pararam ? porta do apartamento de Moran. Riley bateu com for?a na porta. Quando n?o obteve resposta, gritou. “Smokey Moran, sou a Agente do FBI Riley Paige. Os meus colegas e eu queremos falar consigo. N?o lhe queremos fazer mal. N?o estamos aqui para o prender.” Mais uma vez, nenhuma resposta. Riley virou a ma?aneta. Para sua surpresa, a porta n?o estava trancada e a porta abriu-se sem dificuldade. Os agentes entraram num apartamento bem cuidado e desinteressante com total aus?ncia de decora??o. N?o havia uma televis?o, aparelhos eletr?nicos ou sequer um computador. Riley percebeu que Moran conseguia exercer uma tremenda influ?ncia no submundo do crime apenas com ordens diretas. Ao nunca estar online ou usar um telefone, permanecia fora do radar da pol?cia. Definitivamente um cliente astuto, Pensou Riley. ?s vezes, a forma mais antiquada de fazer as coisas funciona melhor. Mas dele nem sinal. Os dois agentes locais revistaram todos os quartos e arm?rios. Ningu?m se encontrava no apartamento. Desceram as escadas. Quando chegaram ? entrada, McGill e Newton ergueram as suas espingardas, prontos para a a??o. Os jovens do gang esperavam-nos no fundo das escadas. Riley observou-os. Compreendeu que era ?bvio que tinham ordens para deixar Riley e os colegas revistar o apartamento vazio. Agora parecia que tinham algo a dizer. “O Smokey disse que calculava que viessem,” Disse um deles. “Disse-nos para vos deixarmos uma mensagem,” Disse outro. “Ele disse para irem ter com ele ao velho armaz?m Bushnell na Dolliver Street,” Disse ainda um terceiro. Depois, sem proferirem mais uma palavra, os jovens afastaram-se, deixando espa?o aos agentes para passarem. “Ele estava sozinho?” Perguntou Riley. “Estava quando saiu daqui,” Respondeu um dos jovens. Pairava no ar uma esp?cie de press?gio. Riley n?o sabia como o interpretar. McGill e Newton n?o tiraram os olhos dos jovens enquanto os agentes sa?am do pr?dio. Uma vez l? fora, Newton disse, “Sei onde fica esse armaz?m.” “Eu tamb?m,” Disse McGill. “Fica a poucos quarteir?es daqui. Mas n?o estou a gostar disto. Aquele lugar ? perfeito para montar uma emboscada.” Pegou no telem?vel e pediu mais refor?os para l? irem ter. “Temos que ter cuidado,” Disse Riley. “Mostrem-nos o caminho.” Bill conduzia seguindo o SUV local. Ambos os carros estacionaram em frente a um decr?pito edif?cio de tijolo de quatro andares com uma fachada em ru?nas e janelas estilha?adas. Logo a seguir, outro ve?culo do FBI chegou. Observando o edif?cio, Riley percebeu o que McGill quisera dizer e por que quisera mais refor?os. O lugar era enorme e decr?pito com tr?s andares de janelas escuras e partidas. Qualquer uma daquelas janelas podia facilmente esconder um atirador com uma espingarda. Toda a equipa estava armada com armas de cano longo, mas Riley e Bill apenas tinham pistolas. Podiam transformar-se em alvos f?ceis num tiroteio. Ainda assim, uma cilada era algo que n?o fazia sentido para Riley. Depois de evitar astutamente ser preso durante tr?s d?cadas, por que ? que um tipo como Smokey Moran faria algo t?o imprudente como abater agentes do FBI? Riley comunicou com os outros agentes pelo r?dio. “Ainda est?o a usar o Kevlar?” Perguntou. “Sim,” Responderam. “?timo. Fiquem quietos no carro at? vos dizer para sa?rem.” Bill j? tinha chegado ?s traseiras do SUV bem abastecido onde encontrara dois coletes Kevlar. Ele e Riley colocaram-nos. Depois Riley encontrou um megafone. Baixou a janela e falou na dire??o do edif?cio. “Smokey Moran, somos do FBI. Recebemos a sua mensagem. Viemos v?-lo. N?o lhe queremos fazer mal. Saia do edif?cio com as m?os no ar e vamos falar.” Riley esperou um minuto. Nada aconteceu. Riley falou outra vez pelo r?dio a Newton e McGill. “O Agente Jeffreys e eu vamos sair do ve?culo. Quando sairmos, voc?s saiem tamb?m – com as armas em riste. Encontramo-nos na porta de entrada. Mantenham o olhar para cima. Se virem algum movimento no edif?cio, protejam-se imediatamente.” Riley e Bill sa?ram do SUV, e Newton e McGill sa?ram do seu carro. Outros tr?s agentes armados at? aos dentes sa?ram do ve?culo que chegara e juntaram-se a eles. Os agentes moviam com cautela em dire??o ao edif?cio, olhando para as janelas com as armas prontas. Por fim, atingiram a seguran?a relativa da enorme porta de entrada. “Qual ? o plano?” Perguntou McGill, parecendo bastante nervoso. “Prender Shane Hatcher se aqui estiver,” Disse Riley. “Mat?-lo se necess?rio. E encontrar Smokey Moran.” Bill acrescentou, “Temos que vasculhar todo o edif?cio.” Riley percebeu que os agentes locais n?o tinham gostado muito deste plano. N?o os podia censurar. “McGill,” Disse Riley. “comece no r?s-do-ch?o e depois v? subindo. O Jeffreys e eu vamos para o ?ltimo andar e vamos descendo. Encontramo-nos a meio.” McGill assentiu. Riley vislumbrou um sinal de al?vio no seu rosto. Sabiam que era menos prov?vel encontrar perigo na parte inferior do edif?cio. Bill e Riley estariam a colocar-se num perigo muito maior. Newton disse, “Vou subir com voc?s.” Riley percebeu a firmeza das suas palavras e n?o colocou obje??es. Bill abriu as portas e os cinco agentes entraram. Um vento gelado assobiava nas janelas do andar inferior, um espa?o vazio com postes e portas para v?rias salas adjacentes. Deixando McGill e mais tr?s a come?ar por ali. Riley e Bill dirigiram-se para a mais amea?adora escadaria. Newton seguia-os de perto. Apesar do frio, Riley sentia o suor nas luvas e na testa. Sentiu o cora??o bater e era com dificuldade que mantinha a respira??o sob controlo. N?o importava quantas vezes j? tinha passado por aquilo, nunca se habituaria. Ningu?m poderia. Finalmente entraram no vasto ?ltimo andar. O cad?ver foi a primeira coisa que chamou a aten??o de Riley. Estava atado direito a um poste com fita adesiva, t?o desfigurado que j? n?o parecia humano. Correntes estavam enroladas em redor do seu pesco?o. A arma preferida de Hatcher, Recordou Riley. “Tem que ser o Moran,” Disse Newton. Riley e Bill entreolharam-se. Sabiam que ainda n?o deviam recolher as armas – ainda n?o. O corpo podia muito bem ser o isco de Hatcher para os atrair para o espa?o aberto. Ao aproximarem-se do homem morto, Newton tinha a espingarda pronta. Ao aproximar-se do corpo, po?as geladas de sangue prendiam-se ?s solas dos sapatos de Riley. O rosto estava espancado de tal forma que era imposs?vel reconhec?-lo, s? atrav?s de ADN ou registos dent?rios seria poss?vel chegar a uma identifica??o. Mas Riley n?o tinha d?vidas de que Newton tinha raz?o; tinha que ser Smokey Moran. Grotescamente, os olhos ainda estavam bem abertos e a cabe?a estava de tal forma presa ao poste com fita adesiva que parecia estar a fitar Riley. Riley olhou ? sua volta outra vez. “O Hatcher n?o est? aqui,” Disse ela, guardando a arma. Bill fez o mesmo e caminhou ao lado de Riley em dire??o ao corpo. Newton permaneceu vigilante, segurando a sua espingarda em posi??o de disparo e virando-se constantemente para vigiar todos os ?ngulos. “O que ? isto?” Perguntou Bill, apontando para um peda?o de papel dobrado que sa?a do bolso do casaco da v?tima. Riley tirou o peda?o de papel onde estava escrito: “Um cavalo encontra-se preso a uma corrente de 24 elos e come uma ma?? que se encontra a 8 metros de dist?ncia. Como ? que o cavalo chegou ? ma???” Riley ficou tensa. N?o a surpreendia que Shane Hatcher tivesse deixado um enigma. Entregou o papel a Bill. Bill leu-o, depois olhou para Riley com uma express?o intrigada. “A corrente n?o est? presa a nada,” Disse Riley. Bill anuiu. Riley sabia que ele compreendera o significado do enigma: Shane the Chain estava agora liberto. E come?ava a desfrutar da sua liberdade. CAP?TULO OITO Sentada na companhia de Bill no bar do hotel naquela noite, Riley n?o conseguia tirar da cabe?a a imagem do homem desfigurado. Nem ela nem Bill conseguiram chegar a uma conclus?o do que sucedera. Ela n?o queria creditar que Shane Hatcher tivesse fugido de Sing Sing s? para matar Smokey Moran. Mas n?o havia d?vidas de que ele tinha morto o homem. As luzes de Natal do bar pareciam mais berrantes do propriamente um sinal de celebra??o. Riley segurava o copo vazio na dire??o de uma empregada do bar. “Quero outro,” Pediu-lhe, entregando-lhe o copo. Riley viu que Bill olhava para ela com algum desconforto e ela compreendia porqu?. Aquele era o seu segundo bourbon com gelo. Bill sabia da hist?ria de Riley com a bebida. “N?o te preocupes,” Disse-lhe. “? o meu ?ltimo esta noite.” N?o lhe apetecia embebedar-se. S? queria relaxar um pouco. O primeiro copo n?o ajudara e ela duvidava que o segundo cumprisse esse prop?sito. Riley e Bill tinham passado o resto do dia a lidar com as consequ?ncias do assassinato de Smokey Moran. Enquanto ela e Bill tinham ficado a trabalhar com a pol?cia local e com a equipa do m?dico-legista, tinham enviado os Agentes McGill e Newton ao pr?dio onde Moran vivera. Deviam falar com os membros do gang que estavam de guarda na entrada. Mas j? n?o encontraram esses jovens. O apartamento de Moran permanecia destrancado e desprotegido. Quando a empregada colocou a bebida fresca ? frente de Riley, ela lembrou-se daquilo que os jovens tinham dito na entrada: Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43693511&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.