Что же есть у меня? Дыры в драных карманах, Три морщины на лбу, Да истёртый пятак... Но не жалко ни дня- Мне судьбою приданных, Хоть порой я живу Поподая в просак. Всё что есть у меня: Совесть, честь и уменье. Я отдам не скупясь- Просто так за пустяк. За постель у огня, Доброту без стесненья. И за то, что простясь, Не забыть мне ни как... Всё ч

A corda do Diabo

A corda do Diabo Blake Pierce Os Prim?rdios Riley Paige #3 Uma obra-prima de thriller e mist?rio! O autor fez um trabalho magn?fico no desenvolvimento das personagens com um lado psicol?gico t?o bem trabalhado que temos a sensa??o de estar dentro das suas mentes, sentindo os seus medos e aplaudindo os seus sucessos. A hist?ria ? muito inteligente e mant?m-nos interessados durante todo o livro. Pleno de reviravoltas, este livro obriga-nos a ficar acordados at? ? ?ltima p?gina. Books and Movie Reviews, Roberto Mattos (re Sem Pistas) A CORDA DO DIABO (Os Prim?rdios de Riley Paige – Livro Tr?s) ? o livro #3 de uma nova s?rie de thrillers psicol?gicos escrito pelo autor de sucesso Blake Pierce, cujo best-seller gratuito Sem Pistas (Livro #1) recebeu mais de 1,000 opini?es com cinco estrelas. Quando um assassino em s?rie, suspeito de usar uma RV camper, atrai e mata mulheres pelo pa?s, o FBI ? obrigado a quebrar o protocolo e a contar com uma brilhante recruta da academia de 22 anos – Riley Paige. Riley Paige ? aceite na extenuante academia do FBI e est? determinada a finalmente passar despercebida e trabalhar afincadamente com os seus pares. Mas n?o ? o que o destino lhe reserva j? que ? escolhida para ajudar os seus mentores a tra?ar um perfil e apanhar um assassino em s?rie que tem aterrorizado o pa?s. Que esp?cie de assassino diab?lico, interroga-se Riley, utilizaria um RV para apanhar as v?timas?E qual o seu pr?ximo passso?N?o h? tempo para Riley cometer erros neste jogo mortal do gato e do rato onde o seu pr?prio futuro est? em risco, e em que o assassino ? solta se pode revelar mais inteligente do que ela. Um thriller pleno de a??o com suspense de cortar a respira??o, A CORDA DO DIABO ? o livro #3 de uma nova s?rie alucinante que o obrigar? a n?o largar o livro at? o terminar. Os leitores v?o recuar 20 anos at? ao in?cio da carreira de Riley – e ? o complemento perfeito para a s?rie SEM PISTAS (Um Mist?rio de Riley Paige) que j? conta com 14 livros e continua. O livro #4 da s?rie OS PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE estar? brevemente dispon?vel. A CORDA DO DIABO (O PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE — LIVRO 3) B L A K E P I E R C E Blake Pierce Blake Pierce ? o autor da s?rie de enigmas RILEY PAGE, com doze livros (com outros a caminho). Blake Pierce tamb?m ? o autor da s?rie de enigmas MACKENZIE WHITE, composta por oito livros (com outros a caminho); da s?rie AVERY BLACK, composta por seis livros (com outros a caminho), da s?rie KERI LOCKE, composta por cinco livros (com outros a caminho); da s?rie de enigmas PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE, composta de dois livros (com outros a caminho); e da s?rie de enigmas KATE WISE, composta por dois livros (com outros a caminho). Como um ?vido leitor e f? de longa data do g?nero de suspense, Blake adora ouvir seus leitores, por favor, fique ? vontade para visitar o site www.blakepierceauthor.com (http://www.blakepierceauthor.com) para saber mais a seu respeito e tamb?m fazer contato. Copyright © 2017 por Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido na Lei de Direitos Autorais dos Estados Unidos (US. Copyright Act of 1976), nenhuma parte desta publica??o pode ser reproduzida, distribu?da ou transmitida de nenhuma forma e por motivo algum, ou colocada em um sistema de dados ou sistema de recupera??o sem permiss?o pr?via do autor. Este e-book est? licenciado apenas para seu aproveitamento pessoal. Este e-book n?o pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se voc? gostaria de compartilhar este e-book com outra pessoa, por favor compre uma c?pia adicional para cada benefici?rio. Se voc? est? lendo este e-book e n?o o comprou, ou ele n?o foi comprado apenas para uso pessoal, ent?o por favor devolva-o e compre seu pr?prio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho ?rduo do autor. Esta ? uma obra de fic??o. Nomes, personagens, empresas, organiza??es, lugares, eventos e acontecimentos s?o obras da imagina??o do autor ou ser?o usadas apenas na fic??o. Qualquer semelhan?a com pessoas de verdade, em vida ou falecidas, ? totalmente coincid?ncia. Imagem de capa: Copyright Artem Korionov, usada sob licen?a de Shutterstock.com. LIVROS ESCRITOS POR BLAKE PIERCE S?RIE DE ENIGMAS KATE WISE SE ELA SOUBESSE (Livro n 1) SE ELA VISSE (Livro n 2) S?RIE OS PRIM?RDIOS DE RILEY PAIGE ALVOS A ABATER (Livro #1) ESPERANDO (Livro #2) A CORDA DO DIABO (Livro #3) AMEA?A NA ESTRADA (Livro #4) S?RIE DE MIST?RIO DE RILEY PAIGE SEM PISTAS (Livro #1) ACORRENTADAS (Livro #2) ARREBATADAS (Livro #3) ATRA?DAS (Livro #4) PERSEGUIDA (Livro #5) A CAR?CIA DA MORTE (Livro #6) COBI?ADAS (Livro #7) ESQUECIDAS (Livro #8) ABATIDOS (Livro #9) PERDIDAS (Livro #10) ENTERRADOS (Livro #11) DESPEDA?ADAS (Livro #12) SEM SA?DA (Livro #13) S?RIE DE ENIGMAS MACKENZIE WHITE ANTES QUE ELE MATE (Livro n?1) ANTES QUE ELE VEJA (Livro n?2) ANTES QUE COBICE (Livro n?3) ANTES QUE ELE LEVE (Livro n?4) ANTES QUE ELE PRECISE (Livro n?5) ANTES QUE ELE SINTA (Livro n?6) ANTES QUE ELE PEQUE (Livro n?7) ANTES QUE ELE CA?E (Livro n?8) ANTES QUE ELE ATAQUE (Livro n?9) S?RIE DE ENIGMAS AVERY BLACK MOTIVO PARA MATAR (Livro n?1) MOTIVO PARA CORRER (Livro n?2) MOTIVO PARA SE ESCONDER (Livro n?3) MOTIVO PARA TEMER (Livro n?4) MOTIVO PARA SALVAR (Livro n?5) MOTIVO PARA SE APAVORAR (Livro n?6) S?RIE DE ENIGMAS KERI LOCKE UM RASTRO DE MORTE (Livro n?1) UM RASTRO DE HOMIC?DIO (Livro n?2) UM RASTRO DE IMORALIDADE (Livro n?3) UM RASTRO DE CRIME (Livro n?4) UM RASTRO DE ESPERAN?A (Livro n?5) ?NDICE PR?LOGO (#u4d19c280-546e-5c97-a12d-f3926c5d9f37) CAP?TULO UM (#u7bee1965-3217-54f1-979e-9509a0da5ec0) CAP?TULO DOIS (#ua0f13458-7a47-5b4e-9d47-f0fdbd0a334c) CAP?TULO TR?S (#uc0f273e9-34d9-52c0-b26d-d80f0f200e02) CAP?TULO QUATRO (#u835e41ee-11b5-5647-bd36-ce985bfab900) CAP?TULO CINCO (#u54aca95e-3026-51ca-ade6-26dcc3865177) CAP?TULO SEIS (#u97e5216f-6c01-51b4-a2aa-3848a185a6b5) CAP?TULO SETE (#u0e63debc-c2e4-5f1c-b9d2-64d621a50055) CAP?TULO OITO (#u7ed26d2e-ea32-54ac-9058-2408456ff037) CAP?TULO NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZ (#litres_trial_promo) CAP?TULO ONZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DOZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TREZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUATORZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO QUINZE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZESSETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZOITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO DEZENOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E CINCO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SEIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E SETE (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E OITO (#litres_trial_promo) CAP?TULO VINTE E NOVE (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E UM (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E TR?S (#litres_trial_promo) CAP?TULO TRINTA E QUATRO (#litres_trial_promo) PR?LOGO Hope Nelson olhou ao redor da loja pela ?ltima vez antes de fechar as portas. Ela estava cansada, j? que aquele havia sido um longo e estressante dia de trabalho. J? passava da meia-noite, e ela estava ali desde o in?cio da manh?. Estava sozinha, porque havia mandado os ?ltimos funcion?rios para casa um pouco mais cedo. Nenhum deles gostava de trabalhar at? tarde nas noites de s?bado. Em dias ?teis, a loja sempre fechava ?s cinco, o que era mais do que suficiente para todos. N?o que os funcion?rios tivessem agradecido muito aquele gesto. Dona do lugar ao lado de seu marido, Mason, e portanto trabalhando mais horas do que qualquer outra pessoa—Hope era a primeira a chegar e a ?ltima a sair na maioria dos dias. N?o era segredo para ela que as pessoas do bairro sentiam inveja dela e de Mason por serem o casal mais rico na pequena cidade de Dighton. Mas ela tamb?m tinha motivos para se ofender com eles. Seu lema pessoal era... Dinheiro ? responsabilidade. Levava suas muitas tarefas a s?rio, assim como Mason, que tamb?m era o prefeito da cidade. Eles n?o costumavam tirar f?rias, nem sequer dias de folga. ?s vezes, Hope sentia que ela e Mason eram as ?nicas pessoas por ali que se importavam com algo. Ao olhar para os produtos bem organizados—o computador e o gerador, as sementes, as comidas, os fertilizantes—Hope pensou, como sempre pensava... Dighton n?o duraria um dia sem n?s. Na verdade, ela pensava assim sobre toda a regi?o. ?s vezes, sonhava com os dois juntando suas coisas e indo embora, apenas para provar aquela tese. Todo mundo iria entender. Ela apagou as luzes com um suspiro cansado. Depois, ao chegar ao sistema de alarmes para ativ?-lo antes de sair, viu uma figura atrav?s da porta de vidro. Era um homem, parado na cal?ada, sob a luz da rua, a cerca de dez metros. Ele parecia estar olhando diretamente para ela. Hope ficou assustada ao ver que o rosto dele era muito marcado e machucado—por marcas de nascen?a ou por algum acidente terr?vel, ela n?o sabia. Ele vestia uma camiseta, mas era poss?vel perceber que tinha problemas parecidos nas m?os e nos bra?os. Deve ser dif?cil para ele viver a vida assim, pensou. Mas o que ele estaria fazendo sozinho ali t?o tarde em uma noite de s?bado? Ele teria vindo ? loja antes? Se sim, um dos funcion?rios j? devia t?-lo ajudado. Com certeza, Hope n?o esperava ver ele ou qualquer outra pessoa ali depois de fechar as portas. Mas ali estava ele, olhando para ela e sorrindo. O que ele queria? O que quer que fosse, Hope precisaria conversar com ele pessoalmente. E aquilo a incomodava. Seria dif?cil fingir n?o perceber os problemas no rosto machucado. Sentindo-se desconfort?vel, Hope digitou o c?digo do alarme, saiu e fechou a porta de frente. O ar quente da noite trouxe uma sensa??o boa, ap?s um dia inteiro dentro da loja sentindo cheiros fortes, a maior parte deles de fertilizantes. Quando come?ou a caminhar em dire??o ao homem, sorriu e disse: - Desculpe, j? fechamos. Ele encolheu os ombros e seguiu sorrindo e murmurando algo imposs?vel de entender. Hope suspirou. Queria pedir para que ele falasse mais alto. Mas sabia que qualquer coisa que dissesse soaria como uma ordem, e n?o como um pedido educado. Estava, irracionalmente, com medo que ferir os sentimentos daquele homem. Ele aumentou seu sorriso enquanto ela caminhava em sua dire??o. Novamente, disse algo que ela n?o pode entender. Hope parou a apenas alguns cent?metros dele. - Desculpe, mas n?s j? fechamos por hoje – disse. Ele murmurou algo inaud?vel. Ela balan?ou a cabe?a para indicar que n?o havia entendido. Ele falou um pouco mais algo, e dessa vez ela conseguiu entender: - Tenho um problema com algo. Hope perguntou: - O que ?? Ele novamente disse algo inaud?vel. Talvez ele queira devolver algo que comprou hoje, ela pensou. A ?ltima coisa que Hope queria naquela hora era abrir as portas e desativar o sistema de alarme, apenas para receber o produto de volta e devolver o dinheiro. Ela disse: - Se voc? quer devolver algo, desculpe, mas vai ter que voltar amanh?. O homem com o rosto machucado murmurou: - N?o, mas... Ent?o ele riu em sil?ncio, ainda olhando para ela. Hope n?o conseguiu manter contato visual com ele. E, de certa maneira, sentiu que ele percebeu. A julgar por seu sorriso, ele parecia estar at? gostando. Hope arrepiou-se ao pensar que ele poderia sentir prazer ao provocar desconforto em outras pessoas. Ent?o, o homem disse um pouco mais alto e claro: - Venha ver. Ele apontou para sua picape velha, que estava estacionada pr?xima ? cal?ada, ali perto. Depois, virou-se e come?ou a caminhar em dire??o ao ve?culo. Hope ficou parada ali por um momento. Ela n?o queria segui-lo, e sabia que n?o tinha motivos para isso. Seja o que for, pode esperar at? amanh?. Mas ela n?o conseguiu simplesmente se virar e ir embora. Novamente, estava com medo de ser rude com ele. Caminhou atr?s dele at? os fundos da picape. O homem abriu a tampa do ve?culo e ela pode ver um emaranhado de arame farpado por toda a carroceria. De repente, ele a agarrou por tr?s e colocou um trapo molhado em seu rosto. Hope tentou escapar, mas ele era mais alto e mais forte do que ela. Ela n?o pode sequer livrar sua boca para gritar. Estava encharcada com um l?quido espesso, que cheirava forte e tinha um gosto ligeiramente doce. Ent?o, uma estranha sensa??o tomou conta dela. Tontura e euforia, como se tivesse usado algum tipo de droga. Por alguns segundos, aquela euforia fez com que fosse dif?cil para Hope entender que ela estava em perigo. Depois, ela tentou lutar novamente, mas sentiu-se cada vez mais fraca. Seja l? o que aquele homem quisesse fazer, ela j? n?o conseguia lutar contra ele. Sentindo-se quase que fora de seu pr?prio corpo, Hope percebeu o homem colocando-a na carroceria da picape, no emaranhado de arame farpado. Ele seguia segurando o trapo em seu rosto, e ela n?o conseguia parar de respirar o l?quido espesso. Hope Nelson mal pode sentir a dor em seu corpo e perdeu a consci?ncia pouco a pouco. CAP?TULO UM Preparando-se para assar dois bifes, Riley Sweeney pensou mais uma vez: Quero que essa noite seja especial. Ela e seu noivo, Ryan Paige, andavam ocupados demais para se divertir nos ?ltimos tempos. O cansativo cronograma de Riley no Programa de Est?gio de Honra do FBI e o novo trabalho de Ryan como advogado iniciante estavam tomando todo seu tempo e energia. Ryan estava trabalhando h? muitas horas inclusive naquele dia—um s?bado. O anivers?rio de vinte e dois anos de Riley havia sido quase duas semanas antes, e simplesmente eles n?o tiveram tempo para comemorar. Ryan a presenteara com um lindo colar, e s?—n?o houve festa, nem jantar, nem bolo. Ela esperava que o jantar especial daquela noite fosse uma compensa??o. Al?m disso, aquele era o ?nico momento poss?vel para um bom jantar, at? onde ela sabia. Um dia antes, Riley havia completado seu est?gio com sucesso. No dia seguinte, ela iria para a Academia do FBI em Quantico, Virginia. Ryan ficaria em Washington. Ainda que a dist?ncia entre as duas cidades fosse de apenas uma hora de carro ou trem, os dois teriam muito trabalho pela frente. Ela n?o sabia quando teria outros momentos como aquele com Ryan novamente. Seguindo detalhadamente a receita, Riley terminou de temperar dois bifes com sal, pimenta, cebola, polvilho, mostarda, or?gano e tomilho. Depois, olhou em volta da cozinha e para todo seu trabalho. Ela havia feito uma linda salada, cortado cogumelos, prontos para assar junto com a carne, e duas batatas j? estavam assando no forno. Na geladeira, um cheesecake comprado, pronto para a sobremesa. A pequena mesa da cozinha estava quase toda arrumada, inclusive com um vaso cheio de flores que ela havia comprado na mercearia. Uma garrafa de um vinho tinto, nada caro, mas muito bom, esperava para ser aberta. Riley olhou seu rel?gio. Ryan havia dito que chegaria em casa por volta daquele hor?rio, e ela esperava que ele n?o se atrasasse. N?o queria assar a carne antes que ele chegasse. Enquanto esperava, n?o conseguiu lembrar de nada mais que precisasse ser feito naquele momento. Havia passado o dia inteiro lavando roupa, limpando seu pequeno apartamento, comprando e preparando a comida—tarefas dom?sticas para as quais raramente tinha tempo, desde que ela e Ryan haviam ido morar juntos, no come?o do ver?o. Ela at? gostava daquelas tarefas, bem diferentes de seu tempo na faculdade. Mesmo assim, n?o podia deixar de se perguntar... ? assim que vai ser a vida de casada? Se alcan?asse a meta de se tornar uma agente do FBI, ela passaria mesmo dias inteiros deixando tudo perfeito para quando Ryan chegasse do trabalho? N?o parecia muito prov?vel. Mas naquele momento, Riley tinha dificuldades em imaginar aquele futuro—ou qualquer outro futuro espec?fico. Ela jogou-se no sof?. Fechou os olhos e percebeu que estava muito cansada. N?s dois precisamos ? de f?rias, pensou. Mas tirar f?rias n?o era algo que aconteceria em um futuro pr?ximo. Sentiu-se um pouco sonolenta e quase cochilou, quando uma mem?ria invadiu sua mente a for?a... Ela estava amarrada nas m?os e nos p?s, por um louco com uma fantasia e maquiagem de palha?o. Ele segurava um espelho na cara dela e dizia... “Tudo pronto. Veja!” Ela viu que ele havia passado maquiagem no rosto dela e que, agora, ela parecia um palha?o tamb?m. Ent?o ele colocou uma seringa na frente dela. Ela sabia que se ele injetasse aquele conte?do mortal, ela morreria de puro terror... Os olhos de Riley abriram-se de repente ela olhou por tudo em volta. Fazia apenas alguns meses que ela havia escapado das m?os de um criminoso famoso conhecido por “Palha?o Assassino”. Ainda tinha pesadelos com o epis?dio. Ao tentar tir?-lo de sua mem?ria, escutou algu?m descendo os degraus do pr?dio at? o corredor do subsolo. Ryan! Ele chegou! Riley pulou do sof? e olhou o forno para ter certeza de que estava na temperatura mais alta. Depois, apagou as luzes do apartamento e acendeu as velas que havia colocado na mesa. Finalmente, foi at? a porta e encontrou Ryan assim que ele entrou. Abriu seus bra?os para abra??-lo e o beijou. Mas ele n?o devolveu o beijo, e ela sentiu o corpo dele em profunda exaust?o. Ele olhou para o apartamento ? luz de velas e disse: - Riley—que porra ? essa? O cora??o de Riley se despeda?ou. Ela respondeu: - Estou fazendo algo legal para a janta. Ryan entrou, largou sua pasta e desabou no sof?. - N?o precisava se preocupar – ele disse. – Tive um dia daqueles. E nem estou com tanta fome. Riley sentou-se ao lado dele e esfregou seus ombros. Ela disse: - Mas est? tudo quase pronto. Voc? n?o est? com fome nem para bife de alcatra? - Alcatra? – Ryan disse, surpreso. – N?s temos dinheiro pra isso? Lutando contra um surto de irrita??o, Riley n?o respondeu. Ela cuidava das finan?as da casa, e sabia muito bem o que eles podiam e n?o podiam pagar. Parecendo perceber o desapontamento de Riley, Ryan disse: - Alcatra ? muito bom. S? me d? alguns minutos para tomar um banho. Ryan levantou-se e foi para o banheiro. Riley correu para a cozinha, tirou as batatas do forno e colocou os bifes para assar, para que eles ficassem ao ponto. Ryan sentou-se ? mesa no momento em que ela serviu os pratos. Ele serviu ta?as de vinho para os dois. - Obrigado – Ryan disse, esbo?ando um sorriso. – Muito legal. Ao cortar seu bife, ele adicionou: - Eu tive que trazer trabalho para casa. Vou ter que dar conta disso depois de comermos. Riley segurou um suspiro de decep??o. Ela esperava que aquele jantar terminasse de uma maneira mais rom?ntica. Os dois comeram em sil?ncio por alguns momentos. Depois, Ryan come?ou a reclamar sobre seu dia. - Esse n?vel de trabalho, inicial, ? praticamente escravid?o. Temos que fazer todo o trabalho duro para os s?cios—pesquisa, escrever briefings, deixar tudo pronto para o tribunal. E trabalhamos muito mais horas do que eles. Parece um tipo de trote, s? que nunca acaba. - Vai melhorar – Riley disse. Ent?o, for?ou uma risada e acrescentou: - Um dia voc? vai ser um s?cio. E vai ter uma equipe inteira de novatos que v?o para casa reclamar sobre voc?. Ryan n?o riu, e Riley n?o o culpou. Ela s? percebeu que a piada fora ruim depois que j? tinha dito. Ryan continuou resmungando durante o jantar, e Riley n?o sabia se estava mais chateada ou com raiva. Ele n?o tinha gostado de todo o esfor?o dela para fazer daquela uma noite perfeita? Ele n?o entendia quanto a vida deles estava prestes a mudar? Quando Ryan fez sil?ncio por alguns momentos, Riley disse: - Sabe, vamos nos reunir amanh? no FBI para comemorar o fim do est?gio. Voc? vai poder ir comigo, n?? - Acho que n?o, Riley. Essa semana vai ser cheia. Riley quase se engasgou. - Mas amanh? ? domingo – ela disse. Ryan encolheu os ombros e respondeu: - Sim, pois ?, como eu falei—trabalho escravo. Riley respondeu: - Olhe, n?o vai levar o dia todo. Vai ter um ou outro discurso—do diretor assistente e do nossos supervisor que v?o querer falar um pouco. Depois vai ter uns salgados e— Ryan interrompeu: - Riley, me desculpe. - Mas eu vou sair de Quantico amanh?, logo depois. Vou levar minha mala comigo. Achei que voc? iria me levar na rodovi?ria. - N?o posso – Ryan disse, um pouco r?spido. – Voc? vai ter que dar outro jeito de chegar l?. Eles comeram em sil?ncio por alguns momentos. Riley teve dificuldades em entender o que estava acontecendo. Por que Ryan n?o poderia acompanh?-la no dia seguinte? Levaria s? algumas horas. Ent?o, uma ficha come?ou a cair. Ela disse: - Voc? ainda n?o quer que eu v? para Quantico. Ryan resmungou, chateado. - Riley, n?o vamos come?ar com isso – ele disse. Riley sentiu seu rosto quente de raiva. - Mas ? agora ou nunca, n?o ?? - Voc? tomou sua decis?o. E pelo que sei voc? n?o vai mudar. Os olhos de Riley se arregalaram. - Minha decis?o? – ela disse. – Achei que fosse a nossa decis?o. Ryan suspirou. - N?o vamos falar sobre isso – ele disse. – Vamos terminar de comer, ok? Riley parou, olhando para Ryan, que continuou comendo. Ela come?ou a se perguntar... Ele est? certo? Eu coloquei n?s dois nessa? Tentou pensar nas conversas entre os dois, tentando se lembrar, entender. Ela lembrava do qu?o orgulhoso Ryan ficara quando ela havia conseguido parar o Palha?o Assassino. “Voc? salvou a vida de pelo menos uma mulher. Resolvendo esse caso, voc? pode ter salvado a vida de outras tamb?m. Que loucura. Acho que talvez voc? seja louca. Mas tamb?m ? uma hero?na”. Na ?poca, ela imaginara que era isso o que ele queria—que ela constru?sse uma carreira no FBI, que seguisse sendo uma hero?na. Mas agora, pensando naquilo, Riley n?o conseguia se lembrar dele dizendo exatamente essas palavras. Ryan nunca havia lhe dito... “Eu quero que voc? v?. Eu quero que voc? siga seu sonho.” Riley suspirou lentamente, v?rias vezes. Precisamos discutir isso com calma, pensou. Finalmente, disse: - Ryan, o que voc? quer? Para n?s, eu digo. Ryan inclinou a cabe?a e olhou para ela. - Voc? quer mesmo saber? – Ele perguntou. A garganta de Riley deu um n?. - Eu quero saber – ela disse. – Me diga o que voc? quer. Um olhar dolorido tomou conta do rosto de Ryan. Riley tentou imaginar o que ele diria a seguir. Finalmente, ele respondeu: - Eu s? quero uma fam?lia. Ent?o, ele encolheu os ombros e comeu mais um peda?o de carne. Sentindo-se um pouco aliviada, Riley respondeu: - Eu tamb?m quero. - Quer mesmo? – Ryan perguntou. - Claro que sim. Voc? sabe que sim. Ryan balan?ou a cabe?a e disse: - N?o sei nem se voc? sabe o que quer de verdade. Riley sentiu-se como se tivesse levado um soco no est?mago. Por um momento, ela simplesmente n?o soube o que dizer. Depois, finalmente falou: - Voc? n?o acha que eu posso ter uma carreira e uma fam?lia? - Com certeza sim – Ryan disse. – Mulheres fazem isso o tempo todo hoje em dia. Chama-se “ter de tudo”, pelo que eu sei. ? dif?cil, requer planejamento e sacrif?cios, mas ? poss?vel. E eu amaria te ajudar a fazer tudo isso. Mas... A voz dele diminuiu. - Mas o que? – Riley perguntou. Ele respirou profundamente, depois respondeu. - Talvez seria diferente se voc? quisesse ser uma advogada, como eu. Ou uma m?dica, ou uma psiquiatra. Ou corretora. Ou come?asse seu pr?prio neg?cio. Ou se tornasse uma professora universit?ria. Eu poderia lidar com tudo isso. Poderia mesmo. Mas essa hist?ria toda de voc? ir para o FBI—voc? vai ficar em Quantico por dezoito semanas! Quantas vezes n?s vamos nos ver nesse per?odo? Voc? acha que qualquer rela??o consegue sobreviver a esse tempo todo? E al?m disso... Ele olhou para Riley por um instante. Depois, continuou: - Riley, voc? quase morreu duas vezes desde que eu te conheci. Riley engoliu em seco. Ele estava certo, claro. Seu encontro mais recente com a morte fora nas m?os do Palha?o Assassino. Antes disso, durante seu ?ltimo semestre na faculdade, ela quase havia sido assassinada por um professor psicopata que ainda aguardava julgamento por ter matado outras duas alunas. Riley conhecia aquelas garotas. Uma delas era sua melhor amiga e colega de quarto. A ajuda de Riley para solucionar aquele caso terr?vel de assassinato acabara levando-a ao programa de est?gio de ver?o, e fora uma das principais raz?es pela quais ela decidira se tornar uma agente do FBI. Com a voz em choque, Riley disse: - Voc? quer que eu saia? Voc? quer que eu n?o v? para Quantico amanh?? Ryan respondeu: - N?o importa o que eu quero. Riley estava lutando para n?o chorar. - Sim, importa sim, Ryan – ela disse. – Importa muito. Ryan fechou os olhos pelo que pareceu ser um bom tempo. Depois, disse: - Acho que sim. Quero dizer, quero que voc? saia. Eu sei que voc? acha isso incr?vel. Que tem sido uma aventura e tanto para voc?. Mas ? hora de n?s dois nos acalmarmos. ? hora de encararmos nossa vida real. Riley de repente sentiu-se como se estivesse em um pesadelo, mas sem conseguir acordar. Nossa vida real! Pensou. O que aquilo significava? E o que dizia sobre ela o fato de ela n?o saber o que aquilo significava? Riley s? tinha uma certeza... Ele n?o quer que eu v? para Quantico. Ent?o, Ryan disse: - Olhe, voc? pode trabalhar com todos os tipos de servi?os aqui em Washington. E voc? tem muito tempo para pensar no que quer fazer a longo prazo. Enquanto isso, n?o interessa se voc? ganhar pouco ou muito dinheiro. N?s n?o vamos ser ricos com meu sal?rio, mas vamos viver bem, e logo eu vou estar ganhando muito bem. Ryan voltou a comer, parecendo estranhamente aliviado, como se tivesse resolvido tudo. Mas eles haviam resolvido algo? Riley havia passado o ver?o inteiro sonhando com a Academia do FBI. N?o passava pela cabe?a dela desistir naquele momento. N?o, pensou. N?o posso fazer isso. Ent?o, sentiu a raiva subindo em seu corpo. Com a voz tensa, disse; - Sinto muito por voc? pensar assim. N?o vou mudar de ideia. Vou para Quantico amanh?. Ryan olhou para ela como se n?o acreditasse no que estava ouvindo. Riley levantou-se da mesa e disse: - Aproveite o resto do jantar. Tem cheesecake na geladeira. Estou cansada. Vou tomar banho e deitar. Antes que Ryan pudesse responder, Riley seguiu para o banheiro. Ela chorou por alguns minutos, depois tomou um banho quente e demorado. Quando colocou seu roup?o e chinelos e saiu do banheiro, viu Ryan sentado na cozinha. Ele havia limpado a mesa e estava trabalhando em seu computador. Ele n?o olhou para ela. Riley foi para o quarto, caiu na cama e come?ou a chorar novamente. Ao enxugar os olhos e assoar o nariz, perguntou-se: Por que estou com tanta raiva? Ryan est? errado? Algo nisso tudo ? culpa dele? Seus pensamentos estavam confusos e ela n?o conseguia raciocinar. Ent?o, uma mem?ria terr?vel a assombrou—de acordar na cama com muita dor e ver que estava rodeada por sangue... Meu aborto. Encontrou-se perguntando-se—seria aquela uma das raz?es pelas quais Ryan n?o queria que ela fosse para o FBI? Ela estava muito estressada com o caso do Palha?o Assassino na ?poca do aborto. Mas a m?dica havia assegurado que aquele estresse n?o tivera nada a ver com o acidente. Ao inv?s disso, a m?dica havia dito que a causa fora “anormalidades nos cromossomos”. Pensando naquilo tudo novamente, aquela palavra a incomodou... Anormalidades. Perguntou-se: seria ela de alguma forma anormal, no que se tratava do que realmente importava? Seria ela incapaz de ter uma rela??o duradoura e uma fam?lia? Ao deitar-se para tentar dormir, sentiu que s? tinha certeza de uma coisa... Vou para Quantico amanh?. Pegou no sono antes que pudesse imaginar o que aconteceria depois. CAP?TULO DOIS O homem sentiu prazer ao ouvir o gemido fraco da mulher. Ele sabia que ela estava voltando a ficar consciente. Sim, ele pode ver os olhos dela se abrindo um pouco. Ela estava deitada de lado em uma mesa de madeira r?stica na pequena sala de ch?o sujo, paredes de concreto e teto de madeira baixo. Estava amarrada com for?a, como uma concha, com muita fita adesiva. Suas pernas pressionavam seu peito, e suas m?os estavam presas nas canelas. Sua cabe?a estava encostada em seus joelhos. Ela o fazia lembrar de fotos que ele havia visto de fetos humanos—e tamb?m de embri?es que ?s vezes encontrava quebrando ovos de galinha. Ela parecia inocente, ing?nua, e aquilo de era de certa forma comovente. Principalmente, ? claro, ela o lembrava de outra mulher—seu nome era Alice, ele acreditava. Certa vez, ele pensara que Alice seria a ?nica que ele trataria daquele jeito, mas ele havia gostado... e havia poucos prazeres em sua vida... como ele iria parar? - D?i – a mulher murmurou, como se estivesse sonhando. – Por que d?i? Ele sabia que era porque ela estava deitada em uma cama com um emaranhado de arame farpado. O sangue escorria pela mesa, juntando-se ?s manchas da mesa inacabada. N?o que aquilo importasse. A mesa era mais velha do que ele, e ele era a ?nica pessoa que a veria. Ele tamb?m estava com dor e sangrando. Havia se cortado ao tir?-la da picape com arame farpado. Fora mais dif?cil do que ele esperava, porque ela havia tentado lutar mais de uma vez. Ela havia se contorcido muito enquanto o clorof?rmio caseiro fizera efeito. Mas sua luta enfraquecera e ele finalmente a dominara completamente. Mesmo assim, ele n?o estava chateado por ter se machucado com o arame. Sabia, por experi?ncia pr?pria, que aqueles arranh?es curavam-se rapidamente, mesmo que deixassem algumas cicatrizes. Abaixou-se e olhou o rosto dela de perto. Os olhos dela estava abertos, arregalados agora. Sua ?ris se contorcia enquanto ela olhava para ele. Ela ainda est? tentando evitar olhar para mim, ele percebeu. Todo mundo agia assim com ele, em qualquer lugar. Ele n?o culpava as pessoas por fingirem que ele era invis?vel, ou que ele simplesmente n?o existia. Algumas vezes, ele olhava no espelho e desejava que pudesse desaparecer. Ent?o, a mulher murmurou novamente... - D?i. Al?m dos cortes, ele sabia que a cabe?a dela estava doendo por conta da alta dose de clorof?rmio caseiro. Na primeira vez em que criara aquela subst?ncia, ali mesmo, ele quase havia desmaiado, e sofrera com uma dor de cabe?a forte v?rios dias depois. Mas a prepara??o havia dado certo, ent?o ele pode continuar. Agora, ele estava preparado para o pr?ximo passo. Estava vestindo luvas grossas e uma jaqueta grossa e acolchoada. N?o iria machucar a si mesmo novamente at? terminar o processo. Come?ou o trabalho com o arame farpado e cortadores de fio. Depois, passou um fio pelo corpo da mulher e torceu as pontas em n?s improvisados para mant?-lo no lugar. A mulher gemeu de dor e tentou se virar, mas o arame arranhou sua pele e sua roupa. Enquanto trabalhava, ele disse: - Voc? n?o precisa ficar quieta. Pode gritar o quanto quiser—se for ajudar. Certamente, ele n?o tinha medo de que algu?m pudesse ouvi-la. Ela resmungou mais alto, como se quisesse gritar, mas estava com a voz fraca. Ele riu, quieto. Sabia que ela n?o conseguiria juntar ar suficiente nos pulm?es para gritar—n?o com as pernas apertando seu peito daquele jeito. Ele colocou mais um fio de arame farpado nela e apertou, vendo o sangue sair de cada machucado atrav?s das roupas dela, encharcando o tecido, abrindo buracos muito maiores do que o machucado em si. Seguiu puxando fio por fio em volta dela, at? que ela estivesse toda amarrada, como se fosse um casulo de arame enorme, longe de parecer um humano. Aquele casulo fazia todos os tipos de sons, estranhos e baixos, gemidos e suspiros. O sangue n?o parou de jorrar at? deixar a mesa inteira pintada de vermelho. Ent?o, ele deu um passo atr?s e admirou seu trabalho. Apagou a luz acima de sua cabe?a e caminhou no escuro, fechando a porta pesada de madeira. O c?u estava limpo e estrelado, e ele s? podia ouvir o barulho alto dos grilos. Respirou profundamente aquele ar puro. A noite estava perfeita naquele momento. CAP?TULO TR?S Enquanto se alinhava juntamente com os outros estagi?rios para a foto oficial, Riley ouviu a porta da sala de recep??o abrir. Seu cora??o pulou, e ela virou-se cheia de expectativa para ver quem havia chegado. Mas era apenas Hoke Gilmer, o supervisor do programa de treinamento, retornando ap?s uma sa?da r?pida. Riley segurou um suspiro. Ela j? sabia que o Agente Crivaro n?o estaria ali naquele dia. No dia anterior, ele havia a parabenizado por completar o curso, e disse que queria voltar para Quantico. Era ?bvio que ele simplesmente n?o gostava de cerim?nias e recep??es. Sua esperan?a secreta era de que Ryan pudesse aparecer do nada para celebrar com ela o t?rmino do programa de ver?o. Mas ? claro que ela sabia que n?o podia esperar que isso acontecesse. Mesmo assim, n?o pode deixar de fantasiar que, de alguma maneira, ele mudaria de ideia e apareceria no ?ltimo minuto, pedindo desculpas por seu comportamento frio na noite anterior e finalmente dizendo as palavras que ela esperava tanto que ele dissesse. “Quero que voc? v? para a academia. Quero que voc? persiga seu sonho.” Mas obviamente, aqui n?o iria acontecer. E quanto mais r?pido eu tirar isso da minha cabe?a, melhor. Os 20 estagi?rios formaram tr?s filas para os fot?grafos—uma sentada em uma mesa comprida, com as outras duas em p?, atr?s deles. Com todos alinhados em ordem alfab?tica, Riley estava na fila de tr?s, entre duas outras estudantes cujos sobrenomes come?avam com S—Naomi Strong e Rhys Seely. Ela n?o conhecia nenhuma das duas muito bem. Na verdade, ela n?o conhecia bem nenhum dos outros estagi?rios. Havia se sentido um peixe fora d’?gua entre eles desde o primeiro dia do programa, dez semanas antes. O ?nico aluno de quem ela se aproximara durante todo aquele tempo fora John Welch, que agora estava em p?, um pouco mais a sua esquerda. Naquele primeiro dia, John havia explicado porque os outros estavam olhando estranho e sussurrando coisas sobre ela. “Todo mundo aqui sabe quem voc? ?. Acho que sua reputa??o fala por voc?, antes de voc? mesma.” Riley era, de fato, a ?nica estagi?ria que j? tinha o que todo mundo chamava de “experi?ncia de campo”. Ela segurou outro suspiro ao pensar naquelas palavras. “Experi?ncia de campo.” Achava estranho pensar no que acontecera na Lanton University como “experi?ncia de campo”. Aquilo havia sido mais um pesadelo. Nunca conseguira tirar de suas mem?rias a imagem de duas amigas pr?ximas com suas gargantas cortadas em seus quartos banhados de sangue. Na ?poca, a ?ltima coisa que ela pensara era em um treinamento no FBI. Fora colocada no caso sem escolha—e havia ajudado a resolv?-lo, e por isso todos no programa sabiam quem ela era desde o primeiro dia. Ent?o, quando o programa come?ara, e todos os outros estudantes come?aram a aprender sobre computadores, peritos e outros assuntos menos interessantes, Riley havia parado o mortal Palha?o Assassino. Ambos os casos haviam sido traum?ticos e amea?adores. Aquele come?o especial na “experi?ncia de campo” n?o a tornara muito popular entre os outros estagi?rios. Na verdade, ela havia percebido um ressentimento mudo entre eles durante todo o treinamento. Agora, pelo menos alguns deles a invejavam por entrar na Academia. Se eles soubessem tudo o que eu passei, pensou. Riley duvidada que eles a invejariam. Sentiu medo e culpa ao lembrar das duas amigas sendo mortas na Lanton, e desejou que pudesse voltar no tempo e evitar aquilo. N?o s? suas amigas ainda estariam vivas, mas sua pr?pria vida seria completamente diferente. Teria um diploma de psicologia e algum trabalho comum, al?m da incerteza do que faria pelo resto da vida. E Ryan estaria perfeitamente feliz comigo. Mas Riley duvidava que estaria feliz. Ela n?o sentira paix?o por nenhuma carreira at? que a possibilidade de ser uma agente do FBI tinha aparecido—mesmo sentindo que essa carreira havia a escolhido, e n?o o contr?rio. Quando as tr?s filas de estagi?rios estavam perfeitamente posadas, Hoke Gilmer fez uma piada para fazer todos rirem enquanto o fot?grafo tirava as fotos. Riley n?o estava nenhum pouco bem humorada, ent?o n?o achou a piada muito engra?ada. Ela tinha certeza de que seu sorriso sairia for?ado e falso na foto. Tamb?m sentiu-se insegura com seu terninho, que havia comprado meses antes em um brech?. A maioria dos outros alunos tinha uma vida financeira melhor do que a dela, e estavam muito mais bem vestidos. Definitivamente, ela n?o estava ansiosa por ver aquela foto. Depois, o grupo se desfez para aproveitar os salgados e refrigerantes colocados em outra mesa, no meio da sala. Todos formaram grupos e, como sempre, Riley se sentiu isolada. Percebeu que Natalia Embry estava se engra?ando para Rollin Sloan, um aluno que iria diretamente para um emprego de sal?rio alto, como analista de dados, em um grande escrit?rio no meio-oeste. Riley ouviu uma voz a seu lado. - ?, parece que a Natalie conseguiu o que ela queria aqui, ein? Riley virou-se e viu John Welch a seu lado. Ela riu e respondeu: - Ah, John. Voc? n?o est? sendo um pouco malvado? John encolheu os ombros e disse: - Vai dizer que eu estou errado? Riley olhou novamente para Natalie, que estava mostrando seu novo anel de noivado para algu?m. - N?o, acho que n?o – Riley respondeu. Natalie n?o parara de mostrar aquele anel para todo mundo, desde que Rollin havia lhe dado, dias antes. Aquele romance evolu?ra r?pido—ela e Rolling sequer se conheciam antes de entrarem no programa de ver?o. John deixou escapar um suspiro falso de simpatia. - Pobre Rollin – disse. – S? pela gra?a de Deus. Riley riu alto. Ela sabia exatamente o que John queria dizer. Desde o primeiro dia do programa, Natalie estivera procurando um noivo. Havia inclusive tentado com John, at? que ele deixara claro que n?o gostava dela. Riley perguntou-se—ser? que Natalie chegou a estar interessada no programa? Apesar de tudo, ela havia sido inteligente o suficiente para ser aceita naquele programa de honra. Provavelmente n?o, deu-se conta. Natalie parecia ter entrado no programa pela mesma raz?o pela qual algumas amigas de Riley haviam ido para a faculdade—para conseguir um marido de sucesso. Riley tentou imaginar como seria uma vida com as prioridades de Natalie. As coisas com certeza seriam mais simples, pelo menos, e as decis?es seriam mais claras. Encontrar um homem, se mudar para um boa casa, ter filhos... Riley n?o pode deixar de invejar, pelo menos, a estabilidade de Natalie. Mesmo assim, sabia que viveria entediada com uma vida assim—e era exatamente por isso que as coisas n?o andavam bem entre ela e Ryan naquele momento. Ent?o, John disse: - Imagino que voc? v? direto para Quantico depois daqui. - Sim. Voc? tamb?m, certo? John concordou. Riley sentiu-se animada ao pensar que ela e John estavam entre os poucos alunos que continuariam na Academia do FBI. A maioria dos outros estagi?rios procuraria outras possibilidades. Alguns iriam fazer faculdade em campos que haviam atra?do sua aten??o durante o programa. Outros come?ariam em seus novos trabalhos, em laborat?rios ou escrit?rios ali mesmo, no Hoover Building ou em sedes de outras cidades. Eles come?ariam carreiras no FBI como cientistas da computa??o, analistas de dados, t?cnicos—trabalhos com hor?rios regulares que n?o levavam a situa??es que colocavam a vida em risco. Trabalhos que Ryan aprovaria, Riley pensou, melanc?lica. Ela quase perguntou para John como ele iria para Quantico. Mas j? sabia—ele iria dirigindo seu carro caro. Riley quase considerou pedir uma carona. Afinal, economizaria dinheiro tanto do t?xi quanto do trem. Mas ela n?o conseguiu fazer isso. N?o queria admitir para John que Ryan n?o a levaria sequer at? a esta??o. John era um cara esperto, e com certeza perceberia que as coisas n?o estavam bem entre ela e Ryan. Preferiu n?o falar sobre aquilo—pelo menos n?o naquele momento. Ao seguir conversando com John, Riley n?o pode deixar de notar novamente o qu?o atraente ele era—atl?tico, com cabelo curto e um lindo sorriso. Ele era bem de vida e estava usando um terno caro, mas Riley n?o via sua riqueza como um ponto negativo. Seus pais eram advogados de sucesso em Washington, muito envolvidos em pol?tica, e Riley admirava a escolha de John por uma vida mais humilde, dedicada aos servi?os da lei. Ele era um cara legal, um idealista de verdade, e Riley gostava muito dele. Eles haviam trabalhado juntos para resolver o caso do Palha?o Assassino, comunicando-se secretamente com o assassino para tir?-lo de seu esconderijo. Parada perto dele e apreciando aquele sorriso e a conversa, Riley imaginou como a amizade entre os dois aumentaria na Academia. Definitivamente, eles passariam muito tempo juntos. E eu vou estar longe do Ryan... Alertou a si mesma para n?o deixar que sua imagina??o fosse t?o longe. Provavelmente, os problemas com Ryan eram apenas tempor?rios. Talvez o que eles precisavam era de um tempo separados, para lembr?-los porque haviam se apaixonado l? no in?cio. Os estagi?rios terminaram de comer e come?aram a ir embora. John acenou para Riley ao sair, e ela sorriu e devolveu o aceno. Ainda ao lado de Rollin, Natalie seguiu mostrando seu anel no caminho para a porta. Riley disse tchau para Hoke Gilmer, o supervisor do treinamento, e para o diretor assistente Marion Connor. Ambos haviam discursado para os alunos um pouco antes. Depois, ela saiu da sala de recep??es e seguiu para o vesti?rio, para pegar sua mala. Encontrou-se sozinha no vesti?rio grande e vazio. Olhou em volta, melanc?lica. A sala era onde todos os alunos juntavam-se para as reuni?es durante o ver?o. Duvidou que voltaria a pisar naquele lugar. Ela sentiria falta do programa? N?o tinha certeza. Havia aprendido muito, e gostara da experi?ncia como estagi?ria. Mas sabia que com certeza era hora de dar um passo a frente. Ent?o por que estou triste? Perguntou-se. Rapidamente, deu-se conta de que o motivo era como as coisas estavam com Ryan. Lembrou-se de suas palavras r?spidas na noite anterior, antes de ir para a cama. Aproveite o resto do jantar. Tem cheesecake na geladeira. Estou cansada. Vou tomar banho e deitar. Eles n?o haviam conversado desde ent?o. Ryan acordara e sa?ra para trabalhar antes que Riley tivesse aberto os olhos naquela manh?. Riley desejou nunca ter falado com ele daquela maneira. Mas qual escolha ele havia lhe deixado? Ele n?o tinha sido muito sens?vel com os sentimentos e sonhos dela. O peso do anel de noivado parecia estranho em seu dedo. Riley segurou sua m?o em frente ao rosto e olhou. Ao ver a joia modesta, por?m linda, brilhando sob a luz fluorescente do teto, lembrou-se do momento lindo em que Ryan a pedira em casamento. Parecia ter sido h? tanto tempo. Depois da discuss?o da noite anterior, Riley perguntou-se—eles ainda estavam noivos? A rela??o tinha acabado? Eles haviam terminado sem dizer essas palavras? Seria hora dela seguir em frente, como j? havia feito com outros caras? Ryan estaria pronto para seguir em frente? Por um momento, brincou com a ideia de n?o pegar o t?xi e o trem para Quantico—pelo menos n?o naquele momento. Talvez n?o fosse atrapalh?-la chegar um dia atrasada para as aulas. Talvez ela pudesse conversar com Ryan novamente quando ele chegasse do trabalho. Talvez eles pudessem deixar tudo certo. Mas ent?o, ela rapidamente percebeu... Se eu voltar para o apartamento agora, talvez eu nunca v? para Quantico. Teve um calafrio s? de pensar. De certa forma, ela sabia que seu destino a esperava em Quantico, e ela n?o ousaria perd?-lo. ? agora ou nunca, pensou. Pegou sua mala e saiu do pr?dio, para ent?o pegar um t?xi com destino ? esta??o de trem. CAP?TULO QUATRO Guy Dafoe n?o gostava de acordar cedo de manh?. Mas pelo menos agora, ele estava trabalhando duro para cuidar do seu pr?prio gado, e n?o do rebanho de outros donos. Acordar cedo pelo menos parecia ser um esfor?o que valia a pena agora. O sol estava nascendo, e ele sabia que aquele seria um lindo dia. Amava o cheiro do campo e os sons do gado. Passara muitos anos trabalhando em fazendas e rebanhos maiores. Mas aquela era sua pr?pria terra, seus pr?prios animais. E ele estava alimentando os animais do jeito certo, sem cri?-los artificialmente, com horm?nios. Aquilo era um desperd?cio, e os gados criados assim viviam vidas miser?veis. Ele se sentia bem com o que estava fazendo. Juntara todas as suas economias para comprar aquela fazenda e alguns gados para come?ar. Sabia que o risco era grande, mas tinha f? em um futuro pr?spero na venda de gados alimentados ? base de mato. Aquele era um mercado em crescimento. Os bezerros novos estavam agrupados ao redor do celeiro, onde ele havia os colocado na noite anterior para verificar sua sa?de e desenvolvimento. Eles o olhavam e mugiam baixo, como se esperassem pelo dono. Ele tinha orgulho de sua pequena leva de Black Angus, e ?s vezes precisava resistir ? tenta??o de apaixonar-se por eles, como se fossem animais de estima??o. Aqueles eram animais para consumo, afinal de contas. Seria uma m? ideia desenvolver um sentimento individual por qualquer um deles. Naquele dia, ele queria levar os bezerros ao pasto na beira da estrada. O campo onde eles estavam estava com a grama baixa, e o pasto na beira da estrada estava pronto para ser consumido. Assim que abriu o port?o, percebeu algo estranho do outro lado do pasto. Parecia algum tipo de emaranhado ou pacote perto da estrada. Resmungou em voz alta... - Seja o que for, provavelmente n?o ? coisa boa. Passou pelo port?o e voltou a fech?-lo, deixando os bezerros onde estavam. N?o queria tirar seus animais dali at? descobrir o que ela aquele objeto estranho. Ao cruzar o campo, ficou mais intrigado. Aquilo parecia um grande emaranhado de arame farpado, pendurado em um poste. Aquele rolo teria batido no caminh?o de algu?m e terminado ali de alguma forma? Mas ao chegar mais perto, ele viu que n?o se tratava de um rolo novo. Era um emaranhado de arame velho, apontado para todas as dire??es. N?o fazia sentido nenhum. Quando chegou ao pacote e olhou de perto, percebeu que havia algo dentro. Inclinou-se em dire??o ao objeto, olhou, e sentiu um arrepio aterrorizante. - Cacete! – Gritou, pulando para tr?s. Mas talvez fosse s? sua imagina??o. For?ou-se a olhar novamente. E ali estava—o rosto de uma mulher, branco e machucado, contorcido em agonia. Pegou o arame para tir?-lo do rosto dela, mas rapidamente parou. N?o vai adiantar nada, percebeu. Ela est? morta. Cambaleou at? o poste seguinte, encostou-se e vomitou. Seja forte, disse a si mesmo. Ele precisava ligar para a pol?cia—j?. Cambaleando, come?ou a correr em dire??o a sua casa. CAP?TULO CINCO O agente especial Jake Crivaro estava sentado quando o telefone de seu escrit?rio tocou. As coisas estavam muito calmas em Quantico desde que ele voltara, no dia anterior. Naquele momento, sua intui??o imediatamente lhe disse... ? um caso novo. De fato, quando atendeu o telefone, escutou a sonora voz do Agente Especial em Comando Erik Lehl. - Crivaro, preciso de voc? no meu escrit?rio agora. - ? para j?, senhor – Crivaro disse. Ele desligou o telefone e pegou sua bolsa, que sempre deixava pronta. O Agente Lehl fora mais direto do que o normal, o que com certeza significava urg?ncia. Crivaro tinha certeza de que teria que ir para algum lugar logo—provavelmente na pr?xima hora. Sentiu seu cora??o batendo um pouco mais r?pido ao se apressar pelo corredor. Era um sentimento bom. Depois de dez semanas servindo como mentor no Programa de Honra de Est?gio do FBI, aquelas eram as boas-vindas ? normalidade. Durante os primeiro dias do programa de ver?o, ele fora afastado por um caso de assassinato—o not?rio “Palha?o Assassino”. Depois disso, havia sido colocado na fun??o de ser o mentor de apenas um dos estagi?rios—uma jovem talentosa, mas enfurecida, chamada Riley Sweeney, que havia sido brilhante o ajudando no caso. Mesmo assim, o programa havia passado muito devagar para ele. N?o estava acostumado a passar tanto tempo longe do campo. Quando Jake entrou no escrit?rio de Lehl, o homem esguio levantou-se da cadeira para cumpriment?-lo. Erik Lehl era t?o alto que mal parecia caber nos espa?os que frequentava. Outros agentes diziam que ele parecia estar sempre vestindo pernas de pau. Para Jake, parecia mais que ele era feito de pernas de pau—algo montado em madeira que parecia coordenar perfeitamente com seus movimentos. Tamanho a parte, aquele homem fora um agente excelente e havia conquistado seu posto na Unidade de An?lise Comportamental do FBI. - Nem perca tempo em sentar, Crivaro – Lehl disse. – Voc? j? vai sair. Jake manteve-se em p?, obediente. Lehl olhou para a pasta de papel pardo que segurava e soltou um suspiro pesado. Jake j? havia percebido, h? tempos, a tend?ncia de Lehl de levar todos os casos ao extremo—inclusive pessoalmente, como se ele fosse sempre diretamente insultado por qualquer tipo de monstruosidade criminosa. Jake n?o conseguia se lembrar de ter encontrado Lehl de bom humor. Afinal de contas... N?s lidamos com monstros. E Jake sabia que Lehl n?o o colocaria naquele caso se n?o fosse algo realmente hediondo. Jake era especialista em casos que desafiavam a imagina??o humana. Lehl deu a pasta para Jake e disse: - Temos uma situa??o horr?vel em West Virginia. Veja. Jake abriu a pasta e viu uma foto em preto e branco de um pacote estranho, preso por fita adesiva e arame farpado. O pacote estava pendurado em um poste. Jake levou um momento para perceber que o pacote tinha um rosto e m?os—e que na verdade tratava-se de uma mulher, obviamente morta. Jake respirou fundo. At? para ele, aquilo era bizarro demais. Lehl explicou: - A foto foi tirada cerca de um m?s atr?s. O corpo de uma funcion?ria de um sal?o de beleza chamada Alice Gibson foi encontrado envolto em arame farpado e pendurado em um poste em uma estrada rural perto de Hyland, em West Virginia. - Que coisa nojenta – Jake disse. – Como os tiras locais est?o lidando com isso? - Eles t?m um suspeito sob cust?dia – Lehl disse. Os olhos de Jake se arregalaram de surpresa. - Ent?o o que faz com que esse seja um caso para o FBI? - Acabamos de receber uma liga??o do chefe de pol?cia de Dighton, uma cidade perto de Hyland. Outro corpo empacotado como esse foi encontrado hoje de manh?, pendurado em um poste em uma estrada rural. Jake estava come?ando a entender. Estar preso no momento do segundo assassinato dava ao suspeito um excelente ?libi. E, pelo jeito, parecia que havia um assassino em s?rie que estava apenas come?ando. Lehl continuou: - J? dei ordens para n?o mexerem na cena do crime. Ent?o voc? precisa ir para l? j?. Seriam quatro horas dirigindo, ent?o j? coloquei um helic?ptero esperando por voc? na pista de pouso. Jake estava se virando para sair da sala quando Lehl acrescentou: - Voc? quer que eu te d? um parceiro? Jake voltou a se virar e olhou para Lehl. De certa forma, ele n?o estava esperando aquela pergunta. - N?o preciso de um parceiro – Jake disse. – Mas vou precisar de uma equipe de peritos. Os tiras na ?rea rural de West Virginia n?o v?o saber como ler a cena do jeito certo. Lehl concordou e disse: - Vou montar sua equipe agora mesmo. Eles v?o voar com voc?. Quando Jake estava saindo pela porta, Lehl disse: - Agente Crivaro, mais cedo ou mais tarde voc? vai precisar de outro parceiro. Jake encolheu os ombros de um jeito estranho e respondeu: - Se voc? diz, senhor, tudo bem. Com uma pitada de reclama??o na voz, Lehl respondeu: - Eu digo. J? ? hora de voc? aprender a lidar bem com os outros. Jake olhou para ele, surpreso. Era raro que Erik Lehl, um homem de poucas palavras, dissesse mais do que o essencial. Pelo jeito ele acha mesmo isso, Jake percebeu. Sem dizer mais nada, Jake saiu da sala e caminhou pelo pr?dio. Ao caminhar rapidamente, pensou no que Lehl dissera sobre ele ter um novo parceiro. Jake era muito conhecido por ser r?spido no trabalho em campo. Mas ele acreditava que n?o era duro demais com ningu?m, a n?o ser que a pessoa merecesse. Seu ?ltimo parceiro regular, Gus Bollinger, certamente merecera. Ele havia sido demitido por estragar as digitais de uma evid?ncia essencial em um caso chamado “Assassino da Caixa de F?sforos”. Como consequ?ncia, o caso havia esfriado—e Jake odiava casos frios mais do que tudo. No caso do Palha?o Assassino, Jake trabalhara com um agente de Washington, chamado Mark McCune. McCune n?o fora t?o ruim quanto Bollinger, mas cometera erros est?pidos demais para o gosto de Jake. Ele agradecera pelo fato de a parceria ter durado apenas um caso e de McCune ter ficado na capital. Ao chegar ao local onde o helic?ptero estava esperando, pensou em mais algu?m com quem havia trabalhado recentemente. Riley Sweeney. Ele havia ficado impressionado com ela desde que Sweeney, uma estudante de psicologia, o ajudara a resolver o caso do assassino da Lanton University. Quando ela se formou, ele mexeu seus pauzinhos e irritou alguns colegas para coloc?-la no Programa de Est?gio de Honra. E talvez contra sua pr?pria vontade, havia pedido ajuda a ela no caso do Palha?o Assassino. Sweeney tinha feito um trabalho brilhante. Mas tamb?m cometera erros gritantes e estava longe de aprender a obedecer ordens. No entanto, ele conhecia poucos agentes com uma intui??o t?o poderosa. Um deles era ele pr?prio. Quando Jake abaixou-se sob as h?lices e subiu no helic?ptero, ele viu a equipe de quatro homens da per?cia correndo pela pista. Todos eles subiram, e o helic?ptero decolou. Parecia bobo pensar em Riley Sweeney naquele momento. Quantico era uma base gigante, e mesmo com ela estando na Academia do FBI, seus caminhos provavelmente n?o se cruzariam novamente. Jake abriu a pasta para ler novamente o relat?rio da pol?cia. * Depois de ter passado pelas montanhas apalaches, o helic?ptero sobrevoou v?rios pastos, lotados de gados Black Angus. Quando come?ou a descer, Jake pode ver onde as viaturas haviam bloqueado um trecho da estrada de cascalho, para manter os curiosos longe da cena do crime. O helic?ptero pousou em um pasto. Jake e os peritos sa?ram e seguiram em dire??o a um pequeno grupo de pessoas uniformizadas e v?rias viaturas e ve?culos oficiais. Os policiais e a equipe de examinadores m?dicos estavam dos dois lados da cerca de arame farpado que seguia pela estrada, na beira do pasto. Jake pode ver o que parecia ser um feixe de arame enrolado, pendurado em um poste. Um homem pequeno e forte, da altura de Jake e musculoso, deu um passo a frente para cumpriment?-lo. - Sou Graham Messenger, o comandante da pol?cia aqui de Dighton – ele disse, apertando a m?o de Jake. – Tivemos alguns incidentes terr?veis por aqui. Deixe-me lhe mostrar. O comandante seguiu at? o poste e, ali, um estranho pacote estava pendurado, todo enrolado em fita adesiva e arame farpado. Novamente, Jake pode ver um rosto e as m?os, indicando que o pacote na verdade era o corpo de um ser humano. Messenger disse: - Imagino que voc? j? saiba sobre Alice Gibson, a outra v?tima, de Hyland. Isso aqui parece a mesma coisa. Dessa vez, a v?tima se chama Hope Nelson. Crivaro disse: - Algu?m deu queixa do desaparecimento dela antes do corpo ser encontrado? - Sim, deram sim – Messenger disse, apontando em dire??o a um homem de meia idade, que parecia atordoado, e estava parado pr?ximo ?s viaturas. – Hope era casada com Mason Nelson, aquele homem ali—o prefeito da cidade. Ela estava trabalhando no mercado local deles ontem ? noite, mas n?o voltou para casa como Mason esperava. Ele me ligou no meio da noite, muito assustado. O comandante encolheu os ombros, demonstrando culpa. - Bom, eu estou acostumado com pessoas desaparecendo e depois aparecendo novamente. Eu disse ao Mason que iria atr?s disso hoje se ela n?o aparecesse. Eu n?o tinha ideia de... A voz de Messenger travou. Ent?o, ele suspirou, balan?ou a cabe?a e acrescentou: - Os Nelson s?o donos de muitas propriedades aqui em Dighton. Sempre foram pessoas boas e respeitadas. A pobre Hope n?o merecia isso. Bom, acho que ningu?m merece. Outro homem aproximou-se deles. Ele tinha um rosto comprido, mais velho, cabelos brancos e um bigode espesso. O comandante Messenger o apresentou como Hamish Cross, o l?der da equipe de examinadores m?dicos. Mastigando um peda?o de erva, Cross parecia relaxado e pouco curioso com o que estava acontecendo. Ele perguntou a Jake: - Voc? j? viu algo assim antes? Jake n?o respondeu. A resposta, ? claro, era n?o. Jake aproximou-se do pacote e examinou mais de perto. Ele disse a Cross: - Imagino que voc? tenha trabalhado no outro assassinato. Cross assentiu, aproximou-se de Jake e girou a erva em sua boca. - Sim – Cross disse. – E esse aqui ? muito parecido. Ela n?o morreu aqui, isso est? claro. Foi raptada, amarrada primeiro com fita adesiva e depois com arame farpado, e sangrou devagar, at? a morte. Ou isso, ou foi sufocada antes. Amarrada com tanta for?a assim, ela n?o devia estar conseguindo nem respirar direito. Tudo isso aconteceu em outro lugar—n?o tem nenhum sinal de sangue aqui. Jake podia ver que o rosto e as m?os estavam brancos como papel, e brilhavam no sol da manh? como peda?os de porcelana. A mulher simplesmente n?o parecia real, e sim um tipo de escultura grotesca. Algumas moscas haviam parado em volta do corpo. Ela caminhavam em volta e voltavam a voar. Pareciam n?o saber o que fazer com o objeto misterioso. Jake voltou a se levantar e perguntou ao Comandante Messenger: - Quem encontrou o corpo? Em resposta, Jake ouviu a voz de um homem: - O que est? acontecendo aqui? Quanto tempo mais isso vai levar? Jake virou-se e viu um homem de cabelos longos, com barba por fazer, vindo em dire??o a eles. Ele parecia nervoso, e sua voz estava tr?mula. Ele gritou: - Quando ? que voc?s v?o tirar esse... essa coisa daqui? Isso ? um absurdo. Estou tendo que deixar meu gado num pasto ruim por causa disso. Tenho muita coisa para fazer hoje. Quanto tempo mais isso vai levar? Jake virou-se para Hamish Cross e disse, em voz baixa: - Voc? pode tirar o corpo daqui agora mesmo. Cross assentiu e deu ordens a sua equipe. Ent?o, tirou o homem bravo dali e falou com ele em voz baixa, aparentemente o acalmando. O Comandante Messenger explicou a Jake: - Esse ? Guy Dafoe, dono do terreno. ? um fazendeiro org?nico—um hippie local, podemos dizer. N?o est? aqui h? muito tempo. Acontece que essa ?rea ? boa para criar gados org?nicos. As fazendas org?nicas est?o abastecendo muito nossa economia local. O telefone do comandante tocou e ele atendeu a liga??o. Escutou por um momento, e depois disse a Jake: - ? Dave Tallhamer, o xerife de Hyland. Voc? deve saber que h? um suspeito sob cust?dia pelo primeiro assassinato—Philip Cardin. Ele ? ex-marido da primeira v?tima, um cara ruim que n?o tinha um ?libi bom. Tallhamer achou que ele era o culpado. Mas acho que esse novo assassinato muda tudo, n?o muda? Dave quer saber se deve soltar o cara. Jake pensou por um momento, e ent?o respondeu: - N?o at? que eu possa conversar com ele. Com uma express?o de curiosidade, Messenger disse: - U?, estar preso em uma cela quando a mulher foi morta basicamente n?o o inocenta? Jake segurou um suspiro de impaci?ncia. Ele simplesmente repetiu: - Eu quero falar com ele. Messenger concordou e voltou a falar com o xerife no telefone. Jake n?o queria ter que explicar nada naquele momento. A verdade ? que ele n?o sabia absolutamente nada sobre o suspeito sob cust?dia, nem sequer se ele era mesmo suspeito. Pelo que Jake sabia, Philip Cardin poderia ter um parceiro que cometera esse novo assassinato, ou ent?o... S? Deus sabia o que estava acontecendo. Naquele ponto da investiga??o, havia sempre milhares de perguntas e nenhuma resposta. Jake esperava mudar esse panorama em breve. Enquanto Messenger seguiu falando ao telefone, Jake caminhou at? o marido da v?tima, que estava encostado em uma viatura, olhando para o nada. Jake disse: - Senhor Nelson, sinto muito por sua perda. Eu sou o Agente Especial Jake Crivaro, e estou aqui para ajudar a trazer justi?a ao assassino da sua mulher. Nelson assentiu levemente, como se mal soubesse com quem estava falando. Jake disse, com sua voz firme: - Senhor Nelson, voc? tem alguma ideia de quem pode ter feito isso? Ou por qu?? Nelson olhou para ele com uma express?o confusa. - Qu?? – Ele disse. Ent?o, repetiu: - N?o, n?o, n?o. Jake sabia que n?o fazia sentido fazer mais perguntas ao homem, pelo menos n?o naquele momento. Ele estava claramente em estado de choque, e aquilo n?o era surpreendente. A esposa dele n?o s? estava morta, mas havia sido assassinada de um jeito grotesco. Jake voltou ? cena do crime, onde os peritos j? estavam trabalhando. Ele olhou em volta, notando como o local parecia ser isolado. Pelo menos, n?o havia uma multid?o de curiosos por perto. E at? ent?o, nenhum sinal da m?dia. Mas ent?o, ele ouviu o som de outro helic?ptero. Olhou em volta e viu o helic?ptero de uma TV, descendo em dire??o ao campo. Jake suspirou profundamente e pensou... Esse caso vai ser complicado. CAP?TULO SEIS Riley encheu-se expectativa quando o orador se posicionou em frente aos cerca de 200 recrutas. O homem parecia pertencer a uma ?poca diferente, com seu terno fino, gravata slim preta e corte de cabelo bagun?ado. Ele lembrava Riley de fotos que ela havia visto de astronautas dos anos 60. Ao mexer em algumas anota??es, ele olhou para seu p?blico, e ela esperou ouvir palavras de boas-vindas e elogios. O Diretor da Academia Lane Swanson come?ou exatamente como ela esperava. - Eu sei que todos voc?s trabalharam duro para se preparar para esse dia. Ele acrescentou com um sorriso de canto de boca. - Bom, deixe-me dizer para voc?s agora mesmo—voc?s n?o est?o preparados. Nenhum de voc?s. Um suspiro coletivo foi ouvido pelo audit?rio e Swanson parou por um momento, para que suas palavras ecoassem. Ent?o, ele continuou: - ? isso o que esse programa de 20 semanas faz—preparar voc?s para come?ar uma vida no FBI. E parte da prepara??o ? conhecer os limites da prepara??o, como lidar com o inesperado, aprender a pensar por si pr?prio. Sempre lembrem—o FBI ? chamado de “o lado Oeste da for?a da lei”, e isso tem motivos. Nossos padr?es s?o altos. Nem todos voc?s v?o conseguir passar por isso. Mas os que passarem estar?o preparados ao m?ximo para as tarefas que lhes esperam. Riley concordou com cada palavra que Swanson disse sobre os padr?es da academia em promover seguran?a, uniformidade, responsabilidade e disciplina. Ent?o, ele come?ou a falar sobre o curr?culo rigoroso—cursos sobre tudo, de leis e ?tica a interrogat?rios e coleta de evid?ncias. Riley sentiu-se mais e mais ansiosa a cada palavra, e deu-se conta: N?o estou mais em um programa de ver?o. O programa de ver?o parecia um acampamento adolescente se comparado ao que ela iria enfrentar agora. Seria tudo aquilo muito para ela? Aquela tinha sido uma m? ideia? Por um momento, ao olhar em volta para os outros recrutas, sentiu-se como uma crian?a. Quase ningu?m ali tinha a idade dela. Percebeu, pelos rostos, que todos ali tinham pelo menos a mesma experi?ncia que ela, e muitos tinham muito mais. A maioria tinha mais do que 23 anos, e alguns pareciam ter a idade m?xima para o recrutamento, 37. Ela sabia que eles tinham todos os tipos de bagagem e vinham de v?rias ?reas diferentes. A maioria havia sido agente de pol?cia, e muitos outros haviam servido o ex?rcito. Outras haviam trabalhado como professores, advogados, cientistas, empres?rios, e muitas outras profiss?es, vez ou outra. Mas todos eles tinham algo em comum—um compromisso forte de passar o resto de suas vidas servindo ?s for?as da lei. Poucas pessoas ali haviam sa?do do programa de est?gio. John Welch, que estava sentado alguma fileiras ? frente dela, era um deles. Como Riley, ele era uma exce??o ? regra de que todos os recrutas precisavam de pelo menos tr?s anos de experi?ncia para entrar na academia. Swanson terminou seu discurso: - Estou ansioso para apertar a m?o daqueles que completarem o programa aqui em Quantico. Nesse dia, voc?s ser?o empossados pelo Diretor do FBI em pessoa, Bill Cormack. Boa sorte a todos voc?s. Ent?o, ele acrescentou com uma risada: - E agora—ao trabalho! O instrutor tomou o lugar de Swanson no p?lpito e come?ou a chamar os nomes dos recrutas—“NATs”, eles eram chamados, o que significava “Novos Agentes em Treinamento”. Quando os NATs responderam a seus nomes, o instrutor criou pequenos grupos, que participariam de aulas juntos. Enquanto esperava para ter seu nome chamado, Riley lembrou-se de qu?o tedioso havia sido tudo desde que ela chegara ali, no dia anterior. Antes de entrar, ela precisou preencher muitos formul?rios, comprar um uniforme e solicitar um dormit?rio. Aquele dia, por?m, j? estava sendo bem diferente. Sentiu uma pontada ao ouvir o nome de John Welch ser chamado por um grupo que n?o era o dela. Poderia ser bom, ela pensou, ter um amigo ao lado nas semanas que estavam por mim. Por outro lado... Est? bom assim tamb?m. Dados seus confusos sentimentos por John, a presen?a dele poderia se tornar uma distra??o. Riley aliviou-se, no entanto, ao ver que estava no mesmo grupo de Francine Dow, a colega de quarto com quem ela fora colocada no dia anterior. Frankie, como ela preferia ser chamada, era mais velha que Riley, por volta dos 30 anos—e era uma ruiva cheia de esp?rito que, por suas caracter?sticas, parecia j? ter muita experi?ncia na vida. Riley e Frankie ainda n?o haviam tido tempo para conversar e se conhecer. No dia anterior, elas apenas arrumaram suas coisas no dormit?rio, e tinham se separado na hora do caf? da manh?. Finalmente, o grupo de NATs de Riley juntou-se no p?tio de entrada com o Agente Marty Glick, o instrutor do grupo. Glick parecia ter trinta e poucos anos. Ele era alto e tinha o corpo de um jogador de futebol musculoso. Tinha uma express?o s?ria, que pouco dizia sobre ele. Ele disse ao grupo: - Temos um dia e tanto pela frente. Mas antes de come?armos, tem algo que eu quero mostrar a voc?s. Glick os levou para o hall de entrada principal, uma sala enorme com a marca do FBI no meio de seu piso de m?rmore, al?m de um distintivo em bronze em uma parede com uma faixa preta em volta. Riley havia passado por ali quando chegara, e sabia que aquilo era chamado de Hall de Honra. Era um local solene, onde agentes m?rtires do FBI eram eternizados. Glick levou-os a uma parede com duas telas de retratos e nomes. Entre as telas, havia uma placa que dizia: Graduados na Academia Nacional mortos em combate, em resultado de uma a??o adversa. Alguns suspiros foram ouvidos entre o grupo enquanto eles caminhavam pelo local. Glick n?o disse nada por um momento, deixando que todos sentissem o impacto emocional do local. Finalmente, ele disse, quase em um sussurro: - N?o decepcionem eles. Ele levou o grupo de NATs para fora da sala, para come?ar suas atividades, e Riley olhou novamente para as fotos na parede. Ela n?o pode deixar de se perguntar... Minha foto vai estar a? um dia? Obviamente, era imposs?vel saber. Ela s? podia ter certeza de que os dias seguintes trariam desafios que ela nunca enfrentara na vida. Sentiu-se desafiada por aquela sensa??o de responsabilidade para com o agentes m?rtires. N?o posso decepcion?-los, pensou. CAP?TULO SETE Com um carro emprestado e em alta velocidade, Jake dirigiu pelas ruas de cascalho de Dighton em dire??o a Hyland. O comandante Messenger havia lhe emprestado o carro para que Jake pudesse sair antes que o helic?ptero da imprensa aterrissasse. Ele n?o tinha ideia do que esperar em Hyland, mas estava feliz por ter escapado da m?dia. Odiava ser assediado por rep?rteres que o enchiam de perguntas que ele n?o podia responder. A m?dia gostava de se saborear com assassinatos bizarros em locais buc?licos. O fato da v?tima ser a esposa do prefeito com certeza tornava aquela hist?ria ainda mais irresist?vel para eles. Ele dirigiu com a janela aberta, aproveitando o ar fresco. Messenger havia configurado um mapa, e Jake estava aproveitando o pequeno tour pelas estradas do interior. O homem que seria interrogado n?o iria a lugar algum antes que Jake chegasse. Claro, o suspeito na pris?o de Hyland poderia n?o ter nenhuma rela??o com nenhum dos dois crimes. Ele estava preso no momento da morte da segunda v?tima. N?o que isso prove a inoc?ncia dele, Jake pensou. Sempre existia a possibilidade de haver uma equipe de dois ou mais em a??o. Hope Nelson poderia ter sido raptada por um imitador, seguindo os passos do assassinato de Alice Gibson. Nenhuma possibilidade surpreenderia Jake. Ele j? havia trabalhado em casos mais estranhos que aquele em sua longa carreira. Quando estacionou em Hyland, a primeira coisa da qual se deu conta foi como a cidade parecia pequena e quieta—muito menor do que Dighton, com uma popula??o de cerca de mil pessoas. A placa pela qual esse acabara de passar indicava que apenas algumas centenas de pessoas moravam aqui. O tamanho m?nimo para ser emancipada, Jake pensou. A esta??o de pol?cia era uma entrada pequena, na pacata rua comercial. Ao estacionar na estrada, Jake viu um homem obeso e uniformizado encostado na porta, como se n?o tivesse mais nada para fazer. Jake saiu do carro. Ao caminhar em dire??o ? esta??o, percebeu que o policial gigante estava olhando diretamente para algu?m do outro lado da rua. Era um homem vestido um jaleco branco, m?dico, parado ali com seus bra?os cruzados. Jake teve a estranha impress?o de que os dois estavam parados, olhando um para o outro, por um bom tempo. O que est? acontecendo aqui? Ele se perguntou. Caminhou at? o homem uniformizado na porta e lhe mostrou seu distintivo. O homem apresentou-se como o xerife David Tallhamer. Ele estava mastigando um ma?o de tabaco, e disse a Jake em um tom mon?tono: - Entre, vou lhe apresentar nosso convidado—Phil Cardin ? o nome dele. Quando Tallhamer entrou, Jake olhou para tr?s e viu o homem de jaleco branco ainda parado, no mesmo lugar. Dentro da esta??o, Tallhamer apresentou Jake para um policial que estava sentado com os p?s na mesa, lendo um jornal. O tira acenou para Jake e seguiu lendo seu notici?rio. O pequeno escrit?rio parecia ter uma estranha sensa??o de t?dio. Se Jake n?o tivesse essa informa??o, ele jamais imaginaria que aqueles dois policiais estavam lidando com um caso de assassinato grotesco. Tallhamer levou Jake por uma porta nos fundos da esta??o que levava ? pris?o. A cadeia tinha apenas duas celas, uma de frente para outra em um corredor estreito. As duas estavam ocupadas naquele momento. Em uma cela, um homem com um terno velho estava deitado, roncando alto em sua cama. No outro lado, um homem com cara de mal-humorado, de jeans e camiseta, estava sentado em seu beliche. Tallhamer pegou suas chaves e destrancou a cela do prisioneiro sentado, dizendo: - Voc? tem visita, Phil. Um verdadeiro Agente do FBI – ele disse. Jake entrou na cela e Tallhamer ficou parado, do lado de fora, mantendo a cela aberta. Phil Cardin apertou seu olhar em dire??o a Jake e disse: - FBI, ?? Bom, talvez voc? possa ensinar esse tira a? a fazer o trabalho dele. Eu n?o matei ningu?m, muito menos minha ex. Se eu tivesse feito isso, seria o primeiro a me gabar. Ent?o deixe eu ir embora logo. Jake perguntou-se: Algu?m j? falou para ele do outro assassinato? Ele imaginou que Cardin n?o sabia daquilo. Percebeu que era melhor deixar assim, pelo menos por enquanto. Jake disse a ele: - Tenho algumas perguntas, senhor Cardin. Voc? quer a presen?a de um advogado? - Ele j? est? presente—de certa forma – Cardin disse. Depois, gritou: - Ei, Ozzie, por que voc? n?o acorda? Preciso de um representante legal. Fa?a com que meus direitos n?o sejam violados. Embora eu ache que j? tenham sido, seu incompetente b?bado. O homem de terno velho na outra cela sentou-se e esfregou os olhos. - Que porra voc? est? gritando a?? – Ele murmurou. – Voc? n?o v? que eu estou tentando dormir? Cara, estou com uma dor de cabe?a do cacete. Jake ficou de queixo ca?do. O xerife gordo riu ao perceber a surpresa do agente. Tallhamer disse: - Agente Crivaro, gostaria que voc? conhecesse Oswald Hines, o ?nico advogado da cidade. Ele ? chamado para fun??es de defesa p?blica ?s vezes. Ele foi preso um tempo atr?s por desrespeito ? ordem e excesso de ?lcool. Conveniente para todos, porque agora ele fica sempre aqui. E isso n?o ? nada incomum. Oswald Hines tossiu e gemeu. - ?, acho que ? verdade – ele disse. – Isso aqui ? como minha segunda casa—ou um segundo escrit?rio, podemos dizer. Em horas como essa, ? um local conveniente. Eu odiaria ter que ir a outro lugar do jeito que estou me sentindo agora. Hines respirou fundo, devagar, quase sem olhar para as outras pessoas ali. Ent?o, ele disse a Jake: - Escute, Agente Sei-L?-O-Que. Como advogado de defesa desse homem, eu devo insistir que voc?s o deixem em paz. J? foram feitas muitas perguntas para ele na ?ltima semana. Ele est? sendo mantido preso sem motivo. – O advogado bocejou e continuou. – Na verdade, eu esperava que ele j? tivesse sido solto. ? melhor ele j? ter sa?do quando eu acordar novamente. O advogado come?ou a se deitar novamente, mas o xerife disse: - Fique acordado, Ozzie. Voc? tem trabalho a fazer. Vou pegar uma x?cara de caf? para voc?. Voc? quer que eu abra sua cela para que voc? fique mais perto do seu cliente? - N?o, estou bem aqui – Ozzie disse. – Mas corra com esse caf?. Voc? sabe como eu gosto. Rindo, o xerife Tallhamer disse: - Como ? mesmo? - Em qualquer x?cara – Ozzie murmurou. – V?. Agora. Tallhamer voltou para seu escrit?rio. Jake ficou parado, olhando para o preso por um instante. Finalmente, ele disse: - Senhor Cardin, imagino que voc? n?o tenha um ?libi para o momento do assassinato de sua ex-mulher. Cardin encolheu os ombros e respondeu: - Eu n?o sei de onde tiraram isso. Eu estava em casa. Jantei comida congelada, assisti TV at? tarde, dormi o resto da noite. Eu n?o estava nem perto de onde tudo aconteceu—seja j? onde for. - Algu?m pode comprovar isso? – Jake disse. Cardin sorriu e disse: - N?o, mas ningu?m poderia provar se eu estava sozinho, n?o ?? Observando a mal?cia na express?o de Cardin, Jake se perguntou: Ele ? culpado e est? me provocando? Ou ele s? n?o entendeu a seriedade dessa situa??o? Jake perguntou: - Como era sua rela??o com sua ex-mulher na ?poca do assassinato? O advogado intrometeu-se rapidamente. - Phil, n?o responda essa pergunta. Cardin olhou para a outra cela e disse: - Ah, cala a boca Ozzie. N?o vou falar para ele nada diferente do que eu j? disse ao xerife centenas de vezes. N?o vai fazer diferen?a nenhuma. – Ent?o, ele olhou para Jake e disse, em um tom sarc?stico. - As coisas estavam muito bem entre Alice e eu. Nosso div?rcio foi totalmente amig?vel. Eu n?o teria machucado um fio de cabelo daquele rosto lindo. O xerife havia acabado de retornar e entregou a x?cara de caf? ao advogado. - Amig?vel, claro – Tallhamer disse a Cardin. – No dia do assassinato, voc? entrou gritando no sal?o de beleza em que ela trabalhava, dizendo na frente das clientes que ela tinha arruinado sua vida, que voc? a odiava e queria ela morta. ? por isso que voc? est? aqui. Jake colocou as m?os no bolso e disse: - Voc? se importaria em me falar sobre isso? Cardin olhou dentro dos olhos de Jake e disse, apertando os dentes: - Foi tudo culpa dela. Jake arrepiou-se ao sentir o ?dio na voz dele. ? um verdadeiro idiota, pensou. Ele j? havia lidado com muitos assassinos que n?o conseguiam assumir a responsabilidade por qualquer coisa que dava errado em suas vidas. Jake sabia que o ressentimento de Cardin dificilmente provava sua culpa. Mas ele j? podia entender completamente porque Cardin havia sido preso. Ainda assim, Jake sabia que mant?-lo preso era outro problema, agora que havia acontecido outro assassinato. Pelo que o Comandante Messenger dissera a Jake em Dighton, n?o havia nenhuma evid?ncia f?sica ligando Cardin ao crime. A ?nica evid?ncia era o comportamento amea?ador, especialmente a cena no sal?o onde Alice trabalhara. Tudo era circunstancial. A n?o ser que ele diga algo que o incrimine aqui, agora. Jake disse a Cardin: - Pelo que eu vejo voc? ? um ex-marido que n?o est? exatamente de luto. Cardin grunhiu e disse: - Talvez eu estivesse se Alice n?o tivesse me feito t?o mal. Passou nosso casamento todo dizendo que eu era um fracassado—como se aquele sapo com quem ela casou depois fosse muito melhor. Bom, eu n?o era um fracassado at? ela se divorciar de mim. Foi s? a? que as coisas come?aram a dar errado para mim. N?o ? justo... Jake escutou Cardin seguir reclamando de sua ex. A amargura e a dor no cora??o dele eram muito percept?veis. Jake suspeitava que Cardin nunca havia conseguido deixar de amar Alice. Parte dele parecia ainda ter esperan?as de que eles pudessem terminar juntos. No entanto, esse amor dele por ela era claramente doente e obsessivo—nenhum pouco saud?vel, em nenhum aspecto. Jake conhecia muitos assassinos que haviam agido exatamente movidos por esse tipo de sentimento, que chamavam de amor. Cardin parou por um momento, e ent?o disse: - Me diga—? verdade que encontraram o corpo dela envolto em arame farpado? – Balan?ando a cabe?a e sorrindo, ele acrescentou: - Cara, isso foi... foi criativo. Jake chocou-se um pouco com tais palavras. O que exatamente Cardin queria dizer? Ele estava admirando o trabalho manual de outra pessoa? Ou estava maliciosamente elogiando seu pr?prio esfor?o? Jake percebeu que era hora de tentar abord?-lo sobre o outro crime. Se Cardin fosse c?mplice de quem havia matado Hope Nelson, talvez Jake poderia faz?-lo admitir. Mas ele sabia que precisava tocar no assunto com cuidado. Ele disse: - Senhor Cardin, voc? conhecia uma mulher chamada Nope Nelson, de Dighton? Cardin co?ou a cabe?a e respondeu. - Nelson... esse nome ? familiar. N?o ? a mulher do prefeito, ou algo assim? Encostado na grade do lado de fora da cela, o Xerife Tallhamer grunhiu e disse: - Ela esta morta, ? isso que ela est?. Jake lutou para n?o deixar transparecer seu des?nimo. Ele n?o planejara contar a verdade a Cardin t?o diretamente. Esperava levar um tempo, para tentar descobrir se ele j? sabia do que acontecera com Hope Nelson. O advogado na outra cela levantou-se. - Morta? – Ele disse. – De que porra voc?s est?o falando? Tallhamer cuspiu um pouco de tabaco no ch?o de concreto e disse: - Ela foi morta ontem ? noite—exatamente do mesmo jeito que Alice. Amarrada em um poste, empacotada com arame farpado. Parecendo completamente s?brio de repente, Ozzie esbravejou: - Ent?o por que diabos voc?s ainda est?o segurando meu cliente? N?o v?o me dizer que voc?s acham que ele matou outra mulher ontem enquanto estava preso aqui. Jake desabou por dentro. Sua t?tica havia dado errado, e ele sabia que qualquer outra pergunta n?o faria sentido. Mesmo assim, ele perguntou novamente a Cardin: - Voc? conhecia Hope Nelson? - N?o acabei de falar que n?o? – Cardin disse, um pouco surpreso. Mas Jake n?o conseguiu decifrar se aquela surpresa era real ou n?o. Ozzie segurou as grades de sua pr?pria cela e gritou: - ? melhor voc?s soltarem meu cliente agora, ou voc?s v?o enfrentar um bom processo! Jake segurou um suspiro. Ozzie estava certo, ? claro, mas... Ele escolheu ser competente de repente. Jake virou-se para Tallhamer e disse: - Solte Cardin. Mas fique bem de olho nele. Tallhamer chamou seu parceiro para que ele trouxesse os pertences de Cardin. Quando o xerife abriu a cela para que Cardin sa?sse, ele virou-se para Ozzie e disse: - Voc? tamb?m quer ir? Ozzie bocejou e deitou-se em seu beliche. - N?o. Tive um belo dia de trabalho. Vou dormir mais um pouco—enquanto voc? n?o precisar da cela para por outra pessoa. Tallhamer piscou e disse: - Sinta-se ? vontade. Ao sair da esta??o com Tallhamer e Cardin, Jake viu que o homem de jaleco branco ainda estava ali, do outro lado da rua, exatamente no mesmo lugar que antes. De repente, o homem come?ou a se mexer, atravessando a rua em dire??o a eles. Tallhamer murmurou para Jake: - L? vem problema. CAP?TULO OITO Jake analisou o homem que estava correndo em dire??o a eles no lado de fora da esta??o policial. Ele viu raiva no rosto do homem, mas n?o sentiu que era o alvo daquele sentimento. Percebeu, claramente, que Tallhamer n?o estava pronto para o que estava por vir. No mesmo instante, Cardin havia se virado e estava correndo rapidamente pela cal?ada. O homem nervoso atacou Tallhamer. Apontando um bra?o na dire??o de Cardin, ele gritou: - Eu exijo que esse merda volte a ser preso! Aparentemente imune ? raiva do homem, o xerife Tallhamer calmamente apresentou Jake a Earl Gibson, o ?nico m?dico da cidade, marido de Alice Gibson. Jake esticou a m?o e ofereceu suas condol?ncias, mas os bra?os do m?dico ainda estavam balan?ando em c?rculos enquanto ele falava com Tallhamer. Jake percebeu que o Dr. Gibson era um homem simples, e seu rosto tinha muitas marcas, ainda mais vis?veis por sua onda de f?ria. Ele lembrou de que Cardin havia o descrito como “aquele sapo com que ela casou depois”. De fato, Cardin era um cara muito bonito se comparado ao m?dico. Jake imaginou que Earl Gibson devia ter outras virtudes, que n?o sua apar?ncia, que teriam atra?do a mulher agora morta. Afinal de contas, Gibson era m?dico, e o ex-marido de Alice n?o passava de um cozinheiro fracassado. Provavelmente, uma escolha muito f?cil em uma cidade com poucas op??es. A raiva de Gibson s? aumentou quando ele descobriu quem Jake era. - O FBI! Por que ? que o FBI tem que estar aqui? Voc?s j? pegaram o assassino da minha mulher! Voc?s soltaram ele! N?o tem um j?ri no mundo que diria que ele n?o ? culpado. E agora voc?s soltaram ele! O xerife Tallhamer arrastou seus p?s e disse em um tom paciente, quase com pena: - Earl, n?s falamos sobre isso pouco tempo atr?s, n?o? O Dr. Gibson disse: - Sim, falamos. E por isso eu fiquei esperando. Eu tinha que ver com meus pr?prios olhos. Eu queria impedir. - N?s tivemos que soltar ele, e voc? sabe porque – Tallhamer disse. – Outra mulher foi morta ontem ? noite em Dighton, do mesmo jeito que Alice foi. Eu posso garantir onde Phil Cardin estava ontem ? noite, e com certeza n?o era nem perto de Dighton. Ele n?o matou aquela mulher, e agora n?o temos motivos para acreditar que ele tenha matado Alice. - N?o tem motivos! – Gibson disse, explodindo de raiva. – Ele amea?ou a vida dela no mesmo dia. E n?o venha me falar besteiras sobre a v?tima de Dighton e sobre como Phil Cardin n?o matou ela. N?s dois sabemos que existe um suspeito vi?vel para o outro crime. Jake se interessou pela conversa de repente. - Um suspeito vi?vel? – Ele perguntou. Gibson riu para o xerife e disse: - Voc? n?o contou para ele, contou? - Me contou o que? – Jake perguntou. - Sobre o irm?o de Phil Cardin, Harvey – Gibson disse a Jake. – Ele defende Phil em tudo. Ele tamb?m amea?ou Alice. Ele ligou para ela e disse que ele e Phil iriam se vingar. Ligou no dia em que ela foi morta. E seja l? onde ele estava ontem ? noite, n?o era numa cela. Foi ele que matou aquela mulher em Dighton. Apostaria minha vida nisso. Jake estava completamente surpreso. Ele perguntou a Gibson: - Por que voc? acha que ele mataria algu?m em outra cidade? - Os motivos dele, voc? quer saber? Talvez ele tinha algo pessoal contra aquela mulher. Ele anda bastante pelo estado, ent?o talvez tenha se envolvido com ela, e ent?o seguido o exemplo do irm?o. Mas acho que ? mais prov?vel que ele tenha feito isso para proteger o irm?o—para fazer as pessoas pensarem que Phil n?o matou Alice. Tallhamer suspirou e disse: - Earl, n?s j? falamos sobre isso tamb?m, n?o falamos? N?s dois conhecemos Harvey Cardin a vida inteira. Ele viaja por a? porque ? um encanador itinerante. Ele fala besteiras ?s vezes, mas n?o ? como o irm?o. Ele n?o mataria uma mosca, muito menos algu?m de um jeito t?o horr?vel. Jake for?ou sua mente para tentar entender o que estava escutando. Ele desejou que Tallhamer tivesse lhe contado sobre Harvey Cardin desde o in?cio. Tiras de cidades pequenas, pensou. Alguns deles t?m tanta certeza de que sabem tudo sobre todo mundo que podem deixar passar algo importante. Jake disse ao xerife Tallhamer: - Quero falar com Harvey Cardin. O xerife encolheu os ombros, como se achasse que aquilo seria uma perda de tempo. Ele disse: - Bom, se voc? quer, tudo bem. Harvey mora s? a algumas quadras daqui. Vou levar voc? l?. Ao caminhar com o xerife, Jake viu que Gibson estava os seguindo. A ?ltima coisa que ele precisava naquele momento era de um vi?vo cheio de raiva atrapalhando seu interrogat?rio com um poss?vel suspeito. Da maneira mais delicada poss?vel, ele disse: - Dr. Gibson, o xerife e eu precisamos que voc? nos deixe fazer nosso trabalho. Quando Gibson abriu sua boca para protestar, Jake acrescentou: - Quero falar com voc? em breve. Onde posso lhe encontrar? Gibson ficou em sil?ncio por um momento. - Estarei no meu consult?rio – ele disse. – O xerife pode lhe dizer onde fica. Gibson virou-se e saiu, ainda com raiva. Jake e Tallhamer caminharam uma curta dist?ncia at? chegarem a uma pequena casa branca, onde Harvey Cardin morava. Era um cabana velha, com um gramado descuidado. Tallhamer bateu na porta da frente. Ningu?m respondeu, ele bateu novamente, e seguiu sem resposta. O xerife disse: - Provavelmente ele est? fora, talvez trabalhando em outra cidade. Vamos ter que falar com ele outra hora. Jake n?o queria esperar “outra hora”. Ele olhou por um dos vidros na porta da frente. Pode ver alguns m?veis simples e pouca coisa l? dentro—sem nenhuma decora??o especial. Parecia o tipo de lugar que era alugado mobiliado, mas n?o havia sinais de que algu?m morava ali. Jake imaginou que Harvey Cardin estava de fato fora da cidade... Mas ele voltaria em algum momento? Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de um homem, na porta ao lado. - Posso ajud?-lo com algo, xerife? Jake virou-se e viu um homem parado no gramado. Tallhamer disse ao homem: - Esse agente do FBI e eu estamos procurando Harvey Cardin. O homem balan?ou a cabe?a e disse: - Voc? est? sem sorte, eu acho. Eu vi ele carregando um caminh?o h? uma semana—logo depois que o irm?o dele foi preso por matar Alice Gibson. Parecia que ele estava levando tudo o que tinha, que n?o era muita coisa. Perguntei para onde ele ia, e ele disse ‘qualquer lugar que n?o seja Hyland. Estou cheio dessa porra de cidade’. Jake sentiu um alarme tocando em sua mente. Um poss?vel suspeito havia desaparecido. - Vamos l? – Jake disse a Tallhamer. – Precisamos falar com algumas pessoas. Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43693319&lfrom=688855901) на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
Наш литературный журнал Лучшее место для размещения своих произведений молодыми авторами, поэтами; для реализации своих творческих идей и для того, чтобы ваши произведения стали популярными и читаемыми. Если вы, неизвестный современный поэт или заинтересованный читатель - Вас ждёт наш литературный журнал.