*** Òâîåé Ëóíû çåëåíûå öâåòû… Ìîåé Ëóíû áåñïå÷íûå ðóëàäû, Êàê ñâåòëÿ÷êè ãîðÿò èç òåìíîòû,  ëèñòàõ âèøíåâûõ ñóìðà÷íîãî ñàäà. Òâîåé Ëóíû ïå÷àëüíûé êàðàâàí, Áðåäóùèé â äàëü, òðîïîþ íåâåçåíüÿ. Ìîåé Ëóíû áåçäîííûé îêåàí, È Áðèãàíòèíà – âåðà è ñïàñåíüå. Òâîåé Ëóíû – ïå÷àëüíîå «Ïðîñòè» Ìîåé Ëóíû - äîâåð÷èâîå «Çäðàâñòâóé!» È íàøè ïàðàëëåëüíûå ïóòè… È Ç

Destinada

Destinada Morgan Rice Mem?rias de um Vampiro #4 Em DESTINADA (livro 4 de Mem?rias de um Vampiro), Caitlin Paine desperta em uma nova era. Ela se encontra em um cemit?rio, fugindo de um grupo de alde?es, e busca ref?gio no Santu?rio de Assis, no interior da ?mbria, na It?lia. L?, ela descobre seu destino e sua miss?o: encontrar seu pai e o antigo Escudo vampiro, necess?rio para salvar a humanidade. Mas o cora??o de Caitlin ainda bate por seu antigo amor: Caleb. Ela precisa desesperadamente descobrir se ele sobreviveu ? viagem de volta no tempo. Ela descobre que sua miss?o requer que ela v? at? Floren?a, mas se ela quiser ir atr?s do seu amor, deve ir a Veneza, e ? pra l? que ela decide ir. Caitlin fica surpresa com o que encontra. A Veneza do s?culo dezoito ? um lugar surreal, homens e mulheres se vestem com fantasias e m?scaras elaboradas, em uma eterna celebra??o. Ela fica feliz em reencontrar alguns amigos pr?ximos, e por ser aceita novamente pelo seu coven. E fica animada em reunir-se a ele no Grande Baile de Veneza, o baile de m?scaras mais esperado do ano, onde ela espera mais uma vez encontrar Caleb. Mas Caitlin n?o ? a ?nica a viajar no tempo: Kyle logo chega, e est? determinado a ca??-la e mat?-la de uma vez por todas. Sam tamb?m chega, decidido a salvar sua irm? antes que seja tarde. No Baile, Caitlin procura por toda parte, e n?o encontra sinais de Caleb, exceto pela ?ltima dan?a. Ela dan?a com um homem mascarado que balan?a seu cora??o, e ela tem certeza que ? ele. Mas os pares s?o trocados, e ela o perde de vista. Caitlin logo se encontra dividida entre os dois amores de sua vida, e descobre que deve ter cuidado com o que deseja. Sua alegria em encontrar o que procura pode vir acompanhada de trag?dia e sofrimento. Em um final cheio de a??o, Caitlin se depara com o verdadeiro mal, o antigo coven de Roma, o mais poderoso coven que j? existiu. Morgan Rice destinada (livro 4 de Mem?rias de um Vampiro) Sobre Morgan Rice Morgan Rice ? a autora do best-seller #1 MEM?RIAS DE UM VAMPIRO, uma s?rie destinada a jovens adultos composta por onze livros (mais em progresso); da s?rie de Best-seller #1 – TRILOGIA DE SOBREVIV?NCIA, um thriller p?s-apocal?ptico que compreende dois livros (outro ser? adicionado); a s?rie n?mero um de vendas, O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros de fantasia ?pica (outros ser?o acrescentados). Os livros de Morgan est?o dispon?veis em ?udio e p?gina impressa e suas tradu??es est?o dispon?veis em: alem?o, franc?s, italiano, espanhol, portugu?s, japon?s, chin?s, sueco, holand?s, turco, h?ngaro, checo e eslovaco (em breve estar?o dispon?veis em mais idiomas). Morgan apreciar? muit?ssimo seus coment?rios, por favor, fique ? vontade para visitar www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com/) fa?a parte de nosso newsletter, receba um livro gratuito, ganhe brindes, baixe nosso aplicativo gratuito, obtenha as novidades exclusivas em primeira m?o, conecte-se ao Facebook e Twitter, permane?a em contato! Cr?tica aclamada sobre Morgan Rice "TRA?DA ? uma grande contribui??o ? s?rie.  Morgan Rice realmente produziu um vencedor com esta s?rie.  ? r?pido, cheio de a??o, amor, suspense e intriga.  Caso voc? n?o tenha lido seus dois primeiros romances, leia-os e, em seguida, ponha suas m?os em um exemplar de TRA?DA.  Eu li esses livros em ordem, mas cada um destes livros tamb?m s?o escritos para serem lidos individualmente, de modo que, mesmo se voc? n?o tiver lido os dois primeiros, leia TRA?DA.  Eu tenho certeza que voc? vai acabar conseguindo os dois primeiros livros- todos eles s?o definitivamente uma boa leitura… ou duas! 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Jacket art ©iStock.com /© Jen Grantham FATO: Em 2009, o primeiro corpo intacto de um suposto vampire foi descoberto, na pequena ilha de Lazzareto Nuovo, na lagoa de Veneza.  O vampiro, uma mulher morta pela peste no s?culo 16, foi encontrada enterrada com um tijolo na boca – apoiando a cren?a medieval de que vampiros eram os respons?veis por pragas como a Peste Negra. FATO: A Veneza do s?culo 18 era um lugar diferente de todos os outros na Terra.  Pessoas do mundo todo viajavam para l? para participar de festas e bailes suntuosos, e para vestir-se em fantasias e m?scaras elaboradas.  Era normal que as pessoas andassem nas ruas com fantasias completas.  Pela primeira vez na hist?ria, n?o havia diferen?as entre os sexos.  As mulheres, antes controladas pela autoridade, podiam se vestir como homens, e dessa forma conseguir acesso a qualquer lugar que quisessem… “Meu amor, minha esposa! A morte, que sugou-lhe o mel dos l?bios, Inda n?o conquistou sua beleza: N?o triunfou; A fl?mula do belo ? rubra em seus l?bios e seu rosto…” CAP?TULO UM Assis, Umbria (It?lia) (1790) Caitlin Paine acorda devagar, completamente envolvida pela escurid?o.  Ela tenta abrir os olhos, ter uma ideia de onde se encontra, mas n?o surte efeito.  Ela tenta mexer as m?os, os bra?os – mas isso tamb?m n?o funciona.  Ela se sente coberta, imersa em uma textura macia, e n?o consegue descobrir o que ?.  ? pesado, pressionando seu corpo, e com o passar do tempo, parece estar ficando cada vez mais pesado. Ela tenta respirar, mas ao fazer isso, ela percebe que suas passagens de ar est?o bloqueadas. Em p?nico, Caitlin tenta respirar fundo pela boca, e percebe que algo est? alojado dentro de sua garganta.  O cheiro preenche suas narinas, e ela percebe que se trata de terra.  Ele se d? conta de que o peso ? a terra em cima dela, cada vez mais pesada, sufocando-a. Incapaz de respirar, incapaz de ver, Caitlin entra completamente em p?nico.  Ela tenta mover as pernas, os bra?os, mas eles tamb?m est?o presos.  Em um surto, ela junta todas as suas for?as e consegue deslocar ligeiramente os bra?os; e eventualmente os levanta cada vez mais alto.  Finalmente, ela rompe o solo, e sente suas m?os em contato com o ar.  Com for?as renovadas, ela luta com tudo que tem, escavando freneticamente e removendo a terra de cima dela. Caitlin finalmente consegue se sentar, com terra ao seu redor.  Ela remove a sujeira do rosto e de seus c?lios, tirando terra da boca e do nariz.  Ela usa as duas m?os, hist?rica, e por fim consegue remover o suficiente para respirar. Hiperventilando, ela respire profundamente, e nunca esteve mais agradecida por ser capaz de respirar.  Ao tomar ar, ela come?a a tossir, for?ando os pulm?es, expelindo terra pela boca e nariz. Caitlin for?a seus olhos a se abrirem, com os c?lios ainda pregados, e consegue abri-los o suficiente para ver onde est?.  ? o p?r do sol. No campo.  Ela est? soterrada por um monte de terra, em um pequeno cemit?rio rural.  Ao olhar a sua volta, ela v? os rostos aturdidos de uma d?zia de alde?es, vestidos com trapos, encarando-a visivelmente transtornados.  Ao seu lado est? o coveiro, um homem musculoso, distra?do por sua escava??o.  Ele ainda n?o percebeu, nem ao mesmo olhou na dire??o dela ao esticar o bra?o, enchendo mais uma p? de terra e a lan?ando sobre ela. Antes que Caitlin possa reagir, uma nova p? de terra a acerta no meio do rosto, cobrindo seus olhos e nariz mais uma vez.  Ela remove a sujeira, sentando-se e movendo as pernas, se esfor?ando para conseguir sair de debaixo daquela terra fresca e pesada. O coveiro finalmente percebe.  Ao se preparar para lan?ar mais uma p? de terra, ele a v? e salta para tr?s.  A p? cai lentamente de suas m?os, e ele recua v?rios passos. Um grito rompe o sil?ncio.  Ele vem de um dos alde?es, um grito estridente de uma velha supersticiosa, que observa o que deveria ser o cad?ver fresco de Caitlin, agora surgindo da terra.  Ela grita sem parar. Os outros alde?es dividem-se em suas rea??es.  Alguns se viram e fogem, correndo para longe. Outros simplesmente cobrem as bocas com as m?os – at?nitos demais para esbo?ar outra rea??o.  Mas alguns dos homens, segurando tochas, parecem vacilar entre o medo e a raiva.  Eles ensaiam alguns passos na dire??o de Caitlin, e ela pode ver em suas express?es, e em seus equipamentos rurais erguidos, que est?o prestes a atacar. Onde estou? Ela desesperadamente se questiona. Quem s?o essas pessoas? Desorientada, Caitlin ainda tem a presen?a de esp?rito de perceber a necessidade de agir r?pido. Ela tenta remover o monte de terra que mant?m suas pernas presas, escavando furiosamente. Mas o solo est? molhado e pesado, e seu progresso ? lento, fazendo Caitlin se lembrar de uma ocasi?o com seu irm?o Sam, em alguma praia, quando ele a tinha enterrado at? o pesco?o.  Ela n?o conseguia se mover e tinha pedido a ele que a soltasse, e ele a tinha feito esperar por horas. Ela se sente t?o impotente, t?o sem sa?da que, apesar de tudo, come?a a chorar.  Ela se pergunta onde teria ido sua for?a vampira.  Ela ? apenas uma humana? Parecia que sim, –  mortal, fraca, igual a todos os outros. Ela de repente sente medo. Muito, muito medo. “Algu?m, por favor, me ajude!” grita Caitlin, tentando prender o olhar de uma das mulheres do grupo, torcendo para encontrar alguma empatia. Mas n?o encontra: Ao inv?s disso, v? apenas olhares de choque e medo. E raiva.  Um grupo de homens, armados de instrumentos rurais, est? se aproximando dela.  Ela n?o tem muito tempo. Caitlin tenta apelar diretamente a eles. “Por favor!” ela grita, “n?o ? o que voc?s est?o pensando! N?o lhes desejo mal algum. Por favor, n?o me machuquem! Ajudem-me a sair daqui!”. Mas isso parece apenas lhes dar mais ?nimo. “Mate a vampira!” um alde?o grita do meio da multid?o. “Mate-a de novo!” O grito ? recebido com entusiasmo. A multid?o a quer morta. Um dos alde?es, menos receoso que os demais, um homem bruto, se aproxima dela.  Ele a observa com raiva e indiferen?a, e ent?o ergue sua picareta.  Caitlin pode ver que ele est? mirando na sua cabe?a. “Voc? vai morrer desta vez!” ele grita, se preparando. Caitlin fecha os olhos e, de alguma parte, de algum lugar dentro dela, invoca o ?dio.  ? um ?dio primitivo, de alguma parte dela que ainda existe, e ela sente a raiva subindo pelos seus p?s e tronco, atravessando todo seu corpo.  Ela queima de raiva; N?o ? justo, morrer desse jeito, sendo atacada, sentindo-se t?o indefesa.  Ela n?o lhes tinha feito nada.  Isso ? simplesmente injusto ecoa em sua mente repetidamente, enquanto sua raiva aumenta. O alde?o ataca com for?a, mirando o rosto de Caitlin, e ela repentinamente sente a explos?o de for?a que ela precisava.  De uma ?nica vez, ela salta para fora da terra e agarra a picareta pelo cabo, no meio do golpe. Caitlin pode ouvir a rea??o de surpresa da multid?o – que assustada, recua alguns metros. Ainda segurando a picareta, ela olha para o rosto dele e v? que agora exprime apenas o medo.  Antes que ele possa reagir, ela arranca o machado de sua m?o e bate com for?a no peito dele.  Ele ? lan?ado para tr?s, pelo ar, uns dez metros, parando no meio do grupo de alde?es e derrubando alguns deles. Caitlin levanta o machado, d? diversos passos na dire??o deles e, com a express?o mais feroz que consegue fazer, d? uma rosnada. Os alde?es, aterrorizados, levam as m?os aos rostos, e gritam.  Alguns fogem para a mata, e os que permanecem ficam acovardados. ? o efeito que Caitlin esperava.  Ela os tinha assustado apenas o suficiente para atordo?-los.  Ela derruba a picareta e corre por eles, atravessando o campo rumo ao por do sol. ? medida que corre, ela espera – deseja – que seus poderes vampiros voltem e que suas asas brotem para que ela possa levantar voo e voar para longe dali. Mas ela n?o tem tanta sorte.  Por algum motivo, isso n?o acontece. Ser? que eu os pedi? Ela se pergunta. Ou sou uma mera humana mais uma vez? Ela corre com a velocidade de um simples humano, e n?o sente nada em suas costas, nenhuma asa, por mais que as deseje.  Ela agora seria t?o indefesa e fraca quanto os outros? Antes que ela possa descobrir, ela ouve um barulho cada vez mais alto atr?s dela.  Ela olha para tr?s e v? o grupo de alde?es; eles estavam come?ando a persegui-la.  Gritando, carregando tochas, instrumentos de trabalho, tacos e pedras, eles correm atr?s dela. Por favor, Deus, ela reza. Fa?a com que este pesadelo termine. Apenas tempo o suficiente para que eu descubra onde estou. Para que me torne forte novamente. Caitlin olha para baixo e percebe, pela primeira vez, as roupas que est? usando.  ? um vestido longo e elaborado, bordando com capricho, e a cobre do pesco?o aos p?s.  ? apropriado para uma ocasi?o formal – como um vel?rio – mas certamente n?o para corrida.  Suas pernas ficam restritas por ele.  Ela se abaixa e o rasga acima dos joelhos, o que a ajuda, e ela corre mais r?pido. Mas ainda n?o ? r?pido o suficiente.  Ela sente que est? se cansando rapidamente, e o grupo que a persegue parece ter energia de sobra: Eles se aproximam r?pido, diminuindo a dist?ncia. Ela subitamente sente um objeto cortante na parte de tr?s da cabe?a, e cambaleia de dor.  Ela trope?a ao ser atingida, e levanta o bra?o para tocar o local com a m?o.  Sua m?o ? coberta de sangue; ela tinha sido atingida por uma pedra. Ela v? v?rias pedras passarem voando ao lado dela e ao se virar, percebe que est? sendo apedrejada; outra pedra a acerta na parte baixa das costas; o grupo est? apenas a 10 metros dela. Ao longe ela enxerga uma colina ?ngreme, e no topo dela uma gigantesca igreja e convento medievais.  Ela corre nessa dire??o, torcendo para conseguir alcan??-la e, talvez, encontrar ref?gio destas pessoas. Mas ao ser atingida por outra pedra mais uma vez, no ombro, ela percebe que n?o faria diferen?a alguma.  A igreja ? distante, ela est? ficando cansada e o grupo cada vez mais pr?ximo.  Ela n?o tem escolha a n?o ser encar?-los e lutar.  Depois de tudo pelo que tinha passado, as batalhas vampiras, tinha at? mesmo sobrevivido a uma viagem no tempo, e agora est? prestes a ser morta por um grupo de alde?es est?pidos. Caitlin para no meio do caminho, se vira, e encara a multid?o. Se tivesse que morrer, morreria tentando. Parada ali, ela fecha os olhos e respira fundo.  Ela se concentra, e tudo fica mais claro. Caitlin pode sentir seus p?s sobre a grama enraizada e, lenta e continuamente, sente uma for?a primitiva subir por suas pernas, tomando conta de todo seu corpo.  Ela se esfor?a para lembrar; para lembrar a raiva; para se lembrar de sua for?a nata, primitiva.  Ela j? havia treinado e lutado com for?a sobrehumana antes e ela a quer de volta, sentindo que em algum lugar dentro dela, a for?a est? adormecida. Enquanto espera, se lembra de todos que j? tinha enfrentado na vida, todos os valent?es e tiranos.  Ela pensa na m?e, que com muita relut?ncia demonstrava pouco carinho por ela; nos valent?es que haviam perseguido ela e Jonah at? um beco em Nova Iorque. Ela se lembra dos tiranos, amigos de Sam, em um celeiro no Vale do Hudson. E tamb?m se recorda de quando havia conhecido Cain, na Ilha Pollepel. Sua vida sempre havia sido repleta deles, e fugir nunca a tinha ajudado, – como sempre tinha feito, seria necess?rio encar?-los e lutar. Enquanto pondera sobre a injusti?a de toda aquela situa??o, seu ?dio aumenta e toma conta dela.  Ele duplica e depois triplica, at? que ela pode sentir suas veias aumentando, e seus m?sculos prestes a estourar. Bem naquele momento, o grupo a alcan?a.  Um alde?o levanta o taco e d? um golpe visando a cabe?a dela.  Com seu rec?m-descoberto poder, Caitlin desvia bem a tempo, se abaixa e o joga por cima de seus ombros.  Ele ? lan?ado v?rios metros no ar, e cai de costas na grama. Outro homem ergue a m?o segurando uma grande pedra, preparando-se para esmagar a cabe?a de Caitlin; mas ela levanta o bra?o e agarra seu pulso e o torce, – o homem cai de joelhos, gritando. Um terceiro alde?o a golpeia com sua enxada, mas Caitlin ? r?pida demais: ela se vira e impede que ele a acerte, arrancando-lhe a enxada das m?os e golpeando a cabe?a dele com ela. A enxada, com quase dois metros de comprimento, ? exatamente do que ela precisa.  Ela gira, esticando-a e derrubando todos ao seu alcance; dentro de poucos minutos, ela cria um per?metro ao seu redor.  Outro alde?o se prepara para lan?ar uma grande pedra na dire??o dela, e ela joga a enxada nele.  Ela o acerta na m?o, e ele deixa a pedra cair. Caitlin corre contra a multid?o atordoada, arrancando uma tocha das m?os de uma velha, e come?a e apont?-la em todas as dire??es.  Ela consegue acender uma parte alta da grama seca, e alguns alde?es recuam, gritando assustados.  Quando a parede de fogo entre eles cresce o suficiente ? medida que o fogo se alastra, Caitlin joga a tocha para cima da multid?o. Ela voa pelo ar, indo cair nas costas de um homem, cuja t?nica pega fogo, incendiando a pessoa ao lado.  O grupo rapidamente se fecha em torno deles, tentando apagar as chamas. ? a chance que Caitlin precisava.  Os alde?es finalmente se distraem o suficiente para que ela corra. Ela n?o quer machuc?-los.  Ela apenas deseja que a deixem em paz.  Ela precisa se recuperar, descobrir onde est?. Ela se vira para a colina, na dire??o da igreja.  Correndo, ela sente sua for?a e velocidade renovadas; disparando colina acima, Caitlin sabe que est? finalmente ganhando dist?ncia deles. Ela apenas torce para que a igreja esteja aberta, e para que a deixem entrar. Enquanto corre, sentindo a grama sob seus p?s, o dia escurece, e ela v? tochas sendo acesas no meio do vilarejo, e ao longo dos muros do convento.  Ao se aproximar, ela v? um guarda noturno em cima do muro.  Ele olha para baixo e, ao v?-la, seu rosto ? transformado pelo medo.  Ele levanta o bra?o, balan?ando tocha e gritando: “Vampiro! Vampiro!”. Quando ele faz isso, os sinos da igreja tocam. Caitlin ? rodeada por tochas em todos os lados. Pessoas surgem de todas as dire??es, enquanto o guarda continua a gritar acompanhado pelo som dos sinos da igreja. ? uma ca?a ?s bruxas, e todos parecem ir em dire??o a ela. Caitlin acelera, correndo t?o r?pido que suas costelas doem.  Lutando para respirar, ela alcan?a as portas de carvalho no ?ltimo segundo.  Ela abre uma das portas, entrando e batendo a porta atr?s dela em seguida. L? dentro, ela olha agitada para todos os cantos, e se depara com o cajado de um pastor.  Ela usa o cajado para trancar as portas, barrando a entrada dos alde?es. No momento em que faz isso, ela ouve uma tremendo estrondo na porta, ? medida que dezenas de pessoas a for?am.  As portas tremem, mas n?o cedem.  O cajado estava conseguindo segur?-los – ao menos por enquanto. Caitlin rapidamente examina o local.  A igreja, por sorte, est? vazia.  Ela ? enorme, com tetos abobadados alt?ssimos.  O lugar est? frio, vazio, h? centenas de bancos espalhados pelo ch?o de m?rmore; do outro lado, acima do altar, ela pode ver diversas velas suspensas acesas. Enquanto observa, Caitlin pode jurar ter visto algum movimento do outro lado da sala. As batidas se intensificam, e a porta come?a a tremer.  Caitlin parte para a a??o, correndo entre os bancos, em dire??o ao altar.  Ao chegar l?, ela percebe que estava certa: h? algu?m ali. Ajoelhado silenciosamente, de costas para ela, est? um padre. Caitlin se pergunta como ele pode ignorar tudo aquilo, sua presen?a ali; como ele pode estar t?o envolvido em suas ora??es em um momento como aquele.  Ela espera que ele n?o a entregue aos alde?es. “Ol??” diz Caitlin. Ele n?o se vira para ela. Caitlin se dirige at? o outro lado, de frente a ele.  Ele ? um homem mais velho, de cabelos brancos e barba feita, e olhos azuis que parecem encarar o vazio enquanto ele reza.  Ele n?o se incomoda em olhar para ela.  H? algo a mais tamb?m, que ela pode pressentir.  Mesmo em seu estado atual, ela sabe que h? algo de diferente a respeito deste homem. Ela sabe que ele ? como ela, – um vampiro. As batidas voltam a se intensificar, e quando uma das dobradi?as cede,  Caitlin olha para tr?s assustada.  O grupo parece determinado, e ela n?o sabe aonde ir. “Ajude-me, por favor!” pede Caitlin. Ele continua suas ora??es por mais diversos segundos.  Finalmente, sem olhar para ela, ele diz: “Como eles podem matar algo que j? est? morto?” H? um barulho de madeira partindo. “Por favor,” ela implora, “N?o me entregue a eles.” Ele se levanta vagarosamente, quieto e com postura, e aponta para o altar. “Ali dentro,” ele fala. “Atr?s da cortina. H? um al?ap?o. V?!” Ela segue a dire??o do seu dedo, mas v? apenas um grande p?dio, coberto por um tecido de cetim.  Ela corre at? ele e, ao erguer o pano, v? o al?ap?o. Ela o abre, e se enfiar com dificuldade no pequeno espa?o apertado. Enfiada ali dentro, ela espia por uma pequena fresta. Ela v? o padre se apressar at? uma porta lateral e abri-la com um chute, com tremenda for?a. Assim que faz isso, as portas da frente da igreja s?o derrubadas pela multid?o, e eles avan?am entre os bancos. Caitlin fecha as cortinas depressa, e torce para que n?o a tenham visto.  Ela assiste por uma fresta, e pode ver o suficiente para enxergar o grupo que se encaminha na dire??o do altar, aparentemente direto para seu esconderijo. “Por ali!” grita o padre. “A vampira fugiu naquela dire??o!” Ele aponta para a porta lateral, e o grupo passa correndo por ele, voltando para a escurid?o da noite. V?rios segundos se passam enquanto o fluxo aparentemente infind?vel de pessoas deixa a igreja, e o sil?ncio volta a tomar conta do lugar. O padre fecha a porta, trancando-a em seguida. Ela pode ouvir os passos dele, andando em sua dire??o, e Caitlin, tremendo de medo e frio, lentamente abre a porta do al?ap?o. Ele abre a cortina e olha para ela, gentilmente estendendo-lhe a m?o. “Caitlin,” ele diz sorrindo. “Estamos esperando voc? h? muito tempo.” CAP?TULO DOIS Roma, 1790 Kyle fica em p? no escuro, com a respira??o ofegante.  H? poucas coisas que ele deteste mais que espa?os restritos, e ao esticar a m?o na escurid?o e se deparar com a rocha ? sua volta, ele come?a a transpirar.  Preso. N?o h? como piorar. Ele cerra o punho e d? um murro que abre um buraco na parede de pedra. Ela quebra em peda?os, e Kyle rapidamente cobre os olhos, protegendo-os da luz do sol. Se h? algo que Kyle odeie mais que estar preso, ? ser acertado de frente pela luz do sol, especialmente sem suas prote??es de pele.  Ele rapidamente salta sobre os escombros da parede e se protege atr?s de um muro. Kyle respira fundo e analisa o seu entorno, desorientado, enquanto retira a poeira dos olhos.  Isso ? exatamente o que ele mais detestava sobre a viagem no tempo: ele nunca sabia onde iria parar.  Ele n?o havia tentado h? s?culos e, n?o teria enfrentado a viagem agora se n?o fosse pela eterna pedra em seu sapado, Caitlin. N?o muito tempo depois da partida dela de Nova Iorque, Kyle tinha percebido que a Guerra estava somente parcialmente ganha.  Com ela ainda ? solta, e sua busca pelo Escudo, ele logo havia percebido que n?o poderia relaxar.  Ele estava prestes a ganhar a guerra, e escravizar toda a ra?a humana, prestes a se tornar o ?nico l?der de toda a ra?a vampira; mas Caitlin, aquela garotinha pat?tica, o estava impedindo.  Enquanto o Escudo estivesse desaparecido, ele n?o poderia assumir o poder absoluto. Ele n?o teria escolha a n?o ser rastre?-la e mat?-la. E se isso significasse que ele teria que viajar no tempo, era isso que ele faria, e assim o fez. Quase sem f?lego, Kyle retira uma prote??o de pele do bolso e as envolve em torno dos bra?os, pesco?o e torso.  Ao prestar mais aten??o ao local, ele se d? conta de que est? em um mausol?u.  As marca??es na parede parecem escritas em romano. Roma. Ele n?o visitava Roma h? anos. Ele tinha levantado poeira demais ao estourar a parede de m?rmore, e era poss?vel ver a poeira suspensa no ar contra a luz, e ele n?o consegue ter certeza de onde est?. Respirando fundo, ele se prepara e caminha at? a sa?da. Ele estava certo: ? Roma.  Ele olha para fora, v? os Ciprestes Italianos, e tem certeza de sua localiza??o.  Ele  percebe estar no F?rum Romano, com seu gramado, colinas, vales esparramados ? sua frente em uma leve descida. As lembran?as n?o demoram a aflorar; ele havia matado muitas pessoas aqui, quando ainda se costumava fazer isso.  Ele mesmo quase havia sido morto, sorri Kyle ao lembrar, – era exatamente o seu tipo de lugar. ? o lugar perfeito para estar.  O Partenon n?o ? muito longe, e dentro de minutos, ele estaria diante dos ju?zes do Grande Conselho Romano, e seu poderoso coven, – e conseguir as respostas que tanto quer.  Ele logo saberia onde Caitlin est? e, se tudo corresse bem, conseguiria a permiss?o deles para mat?-la. N?o que ele precisasse de permiss?o, seria uma quest?o de cortesia – de etiqueta – seguir a milenar tradi??o. Sempre se pede permiss?o para matar no territ?rio de outro coven. Mas se eles recusassem, ele dificilmente desistiria.  Isso poderia tornar sua vida mais dif?cil, mas ele mataria qualquer pessoa que tentasse impedi-lo. Kyle respira o ar romano, sentindo-se em casa.  H? muito tempo ele n?o visitava aquele lugar.  Ele tinha se envolvido demais em Nova Iorque, com a pol?tica da era moderna.  Isso ? mais seu estilo; ele pode ver cavalos ? dist?ncia e estradas de terra, e sup?e que esteja em algum momento do s?culo XVIII.  Perfeito. Roma ? urbana, mas ainda inocente, ainda tem 200 anos de aprendizado pela frente. Ao analisar seu estado, Kyle percebe ter sobrevivido relativamente bem ? viagem no tempo. Em outras viagens, ele tinha chegado bem destru?do, havia precisado de mais tempo para se recuperar. Mas n?o desta vez.  Agora ele se sente mais forte do que nunca, pronto para qualquer situa??o, como se suas asas pudessem brotar a qualquer momento; sentindo como se pudesse voar direto at? o Partenon se assim desejasse, e colocar seu plano em a??o imediatamente. Mas ele n?o est? exatamente preparado. Ele n?o viajava no tempo a muitos anos, e a sensa??o de estar de volta lhe agrada.  Ele pretende explorar um pouco, ver e recordar como tinha sido viver ali. Kyle desce a colina com sua supervelocidade, e em poucos instantes, est? fora do F?rum e no meio das movimentadas ruas de Roma. Ele se surpreende que mesmo 200 anos antes, Roma j? tem mais gente do que aparentemente pode comportar. Kyle diminui o ritmo ao misturar-se ? multid?o, caminhando lado a lado.  ? uma massa humana; a larga avenida, ainda feita de terra, est? repleta de milhares de pessoas, apressando-se em todas as dire??es.  H? tamb?m cavalos de todos os tipos e tamanhos, assim como carrinhos puxados por cavalos, carro?as e carruagens.  As ruas cheiram a esterco e suor humanos; Kyle come?a a se recordar, da falta de ?gua encanada e de banhos, o fedor dos tempos antigos, – isso o enoja. Kyle ? empurrado para os lados, ? medida que o grupo se torna mais denso, pessoas de todas as ra?as e classes sociais indo e vindo em todas as dire??es.  Ele se encanta com as vitrines antigas, vendendo velhos chap?us italianos.  Ele fica maravilhado com os garotinhos vestidos com trapos que correm at? ele, oferecendo peda?os de fruta para vender; algumas coisas nunca mudam. Kyle vira em um pequeno beco decadente de que se recordava, na esperan?a de que ainda fosse o que costumava ser.  Ele fica feliz ao constatar que sim: diante dele, dezenas de prostitutas, encostadas contra os muros, chamam por ele enquanto ele caminha. Kyle abre um largo sorriso. Ao se aproximar de uma delas, – uma mulher grande e peituda, com cabelos vermelhos intensos e maquiagem demais – ela estende a m?o e acaricia seu rosto. “Oi garot?o,” ela diz, “voc? quer se divertir? Quanto dinheiro voc? tem?”. Kyle sorri, abra?ando a mulher, e a acompanha at? um beco lateral. Ela o segue, satisfeita. Logo que viram a rua, ela diz, “Voc? n?o respondeu minha pergunta. Quanto voc?-“. ? uma pergunta que ela nunca ter? a chance de terminar. Antes que ela complete a frase, Kyle perfura o pesco?o dela com suas presas afiadas. Ela tenta gritar, mas ele fecha a boca dela com sua m?o livre, e a puxa para mais perto, sugando sem parar.  Ele sente o sangue humano correr por suas veias, e se sente excitado.  Ele estava sedento, desidratado. A viagem no tempo o havia deixado exausto, e ? exatamente disso que ele precisava para restaurar seu ?nimo. Quando o corpo da mulher relaxa, ele continua bebendo, sugando mais do que possivelmente poderia precisar.  Finalmente, se sentindo completamente saciado, ele deixa seu corpo inerte cair at? o ch?o. Ao se virar para sair, um homem robusto, barbudo e sem um dente, se aproxima, retirando um punhal do cinto. O homem olha a mulher morta e depois para Kyle, e faz uma careta. “Ela era minha propriedade,” ele diz. “? melhor voc? ter dinheiro para pagar.” Ele d? dois passos na dire??o de Kyle e o ataca com o punhal. Kyle, com seu super-reflexo, d? um passo ao lado, agarra o bra?o do homem e o dobra para tr?s de uma ?nica vez, partindo-o ao meio.  O homem grita, mas antes que possa terminar, Kyle retira o punhal de suas m?os e, com um gesto r?pido, corta seu pesco?o. Ele deixa o corpo do homem cair no ch?o. Kyle olha para o punhal, pequeno com um cabo de marfim, e balan?a a cabe?a, – n?o ? t?o ruim.  Ele enfia o punhal no cinto, limpando o sangue da boca.  Kyle respira profundamente e, finalmente satisfeito, sai do beco e caminha em dire??o ? rua. Ah, como ele tinha sentido falta de Roma. CAP?TULO TR?S Caitlin acompanha o padre pela igreja, enquanto ele termina de fechar a porta de frente e todas as outras entradas.  O sol j? se p?s, e ele acende tochas pelo caminho, gradualmente iluminando as amplas salas. Caitlin olha para cima, v? grandes cruzes, e se pergunta por que se sente t?o bem ali.  Vampiros n?o deveriam ter medo de igrejas, e de cruzes? Ela se lembra da casa do Coven White, nos Claustros de Nova Iorque, e das cruzes, penduradas nas paredes.  Caleb havia dito que certas ra?as vampiras aceitavam a igreja.  Ele tinha dado uma extensa explica??o sobre a hist?ria da ra?a vampire e de sua rela??o com o Cristianismo, mas ela n?o tinha prestado muita aten??o na ?poca, – estava apaixonada demais.  Agora ela gostaria de t?-lo escutado. O padre vampire dirige Caitlin at? uma porta lateral, e Caitlin se v? descendo um lance de escada com degraus de pedra.  Eles caminham por uma passagem medieval estreita, e ele continua acendendo tochas pelo caminho. “Eu n?o acho que eles voltar?o.” Ele diz, trancando outra porta por onde passam. “Eles varrer?o a ?rea atr?s de voc?, e quando n?o encontr?-la, voltar?o para suas casas. ? o que sempre fazem.” Caitlin se sente segura ali, e est? muito grata pela ajuda.  Ela se pergunta por que ele a teria ajudado, por que se tinha se arriscado por ela. “Por que sou da mesma ra?a que voc?,” ele diz, virando-se para ela e olhando direto para ela, com seus olhos azuis penetrantes. Caitlin sempre se esquecia de que vampiros podem ler mentes, mas por um momento tamb?m havia esquecido que ele era como ela. “Nem todos tememos igrejas,” continua ele, respondendo suas perguntas. “Voc? sabe que nossa ra?a est? dividida. Nosso grupo, o do bem, precisa de igrejas. Sobrevivemos com elas.” Ao passarem por outro corredor e descerem outro lance de escada, Caitlin pensa sobre onde eles estariam indo. Tantas perguntas passam por sua cabe?a, que ela n?o sabe o que perguntar primeiro. “Onde estou?” ela pergunta, percebendo ao fazer isso, que ? a primeira coisa que ela diz para ele desde que se conheceram.  Todas as perguntas saem de uma vez: “Em que pa?s eu estou? – Em que ano?” Ele sorri enquanto caminham, suas rugas se pronunciando em seu rosto.  Ele era um homem baixo, fr?gil, de cabelos broncos e sem barba, sua voz macia como a de um av?. Ele estava vestindo os trajes elaborados de um padre, e mesmo para um vampiro, pareciam velhos.  Ela se pergunta h? quantos s?culos ele estaria aqui na terra. Caitlin sente a bondade e calor que emanam dele, e se sente em paz ao lado do padre. “Tantas perguntas,” ele fala finalmente, com um sorriso. “Eu compreendo, ? muito para voc?.  Bem, para come?ar voc? est? na ?mbria, na pequena cidade de Assis.” Ela se esfor?a, tentando lembrar onde fica esse lugar. “Na It?lia?” ela pergunta. “No futuro, sim, esta regi?o ser? parte de um pa?s chamado It?lia,” diz ele, “mas n?o agora. N?s ainda somos independentes. Lembre-se,” ele sorri, “voc? n?o est? mais no S?culo XXI, como deve ter percebido pelo comportamento daqueles alde?es.”. “Em que ano estamos?” Caitlin pergunta baixinho, quase com medo de ouvir a resposta. Seu cora??o bate acelerado. “Voc? est? no s?culo XVIII,” ele responde.  “Para ser mais preciso: no ano de 1790.” 1790.Assis.?mbria.It?lia. A ideia a assombra. Tudo parece surreal, como se ela estivesse sonhando.  Ela mal pode acreditar que isso est? realmente acontecendo, que ela realmente esteja ali, naquele dia e local.  Que a viagem no tempo tinha realmente. Ela tamb?m se sente um pouco aliviada: de todos os lugares e anos em que poderia estar, a It?lia de 1790 n?o lhe parece t?o mal, – n?o ? como a pr?-hist?ria. “Por que aquelas pessoas estavam tentando me matar? E quem ? voc??” “Apesar de todos os nossos avan?os, ainda vivemos em uma ?poca primitiva e supersticiosa,” ele responde. “Mesmo nessa ?poca de luxo e decad?ncia, h? milhares de plebeus que ainda vivem com medo de n?s.” “Veja bem, o pequeno vilarejo de Assis sempre foi um reduto do nosso povo. Ele ? frequentado por vampiros, e sempre foi. Nosso grupo se alimenta apenas de animais.  Ainda assim, com o tempo, os alde?es come?aram a perceber.” “?s vezes eles veem um dos nossos. E quando isso acontece, a situa??o se torna intoler?vel.  Ent?o, vez ou outra, deixamos que nos enterrem.  Deixamos que sigam os tolos rituais humanos, deixando que pensem que est?o se livrando de n?s.  E quando n?o est?o olhando, levantamos e retomamos nossa vida.” “Mas ?s vezes, um vampiro levanta cedo demais, ou ? visto quando se levanta, e l? v?m os plebeus de novo. Vai passar, – essas coisas sempre passam; trazem aten??o indesejada para a nossa ra?a, mas apenas momentaneamente.” “Lamento muito,” Caitlin diz, sentindo-se mal pela situa??o. “N?o se preocupe,” ele responde, “esta foi sua primeira viagem no tempo. Voc? n?o p?de evitar, ? preciso tempo at? se acostumar. Mesmo os melhores de n?s n?o conseguem controlar o despertar muito bem. ? sempre dif?cil prever exatamente onde e quando ressurgiremos; voc? se saiu bem,” ele completa, colocando a m?o gentilmente sobre a dela. Eles atravessam outro corredor, este mais baixo, com o teto arqueado. “Al?m disso, n?o foi t?o mal assim,” finaliza ele. “Afinal de contas, voc? sabia o suficiente para vir at? aqui.” Caitlin se recorda que tinha visto a igreja enquanto corria pelo campo. “Mas apenas me pareceu o lugar l?gico aonde ir,” ela responde. “? o primeiro pr?dio que vi, e parecia uma fortaleza.” Ele sorri, negando com a cabe?a. “N?o existem coincid?ncias no mundo vampiro,” diz ele. “Tudo est? destinado a acontecer. Um pr?dio que lhe pare?a seguro pode parecer fr?gil para outra pessoa. N?o, voc? escolheu este lugar por um motivo, um motivo bastante espec?fico. E voc? foi conduzida at? mim.” “Mas voc? ? um padre.” Ele balan?a ligeiramente a cabe?a. “Voc? ? ainda muito jovem, e ainda tem muito a aprender. N?s temos nossa pr?pria religi?o, nossas pr?prias cren?as. N?o diferem muito do que prega a igreja, ? poss?vel ser um vampiro e ainda assim, manter uma vida religiosa. Especialmente os vampiros como n?s,” ele fala. “Eu at? ajudo os humanos com suas vidas espirituais e cotidianas. Afinas de contas, tenho o benef?cio de milhares de anos de vida neste planeta e a experi?ncia que a acompanha – diferente dos padres humanos. Por sorte, os humanos que conhe?o n?o sabem que n?o sou como eles. Tudo o que sabem ? que sou o padre da cidade, e que sempre fui.” A mente de Caitlin se confunde quando ela tenta absorver tudo aquilo. A ideia de um padre vampiro lhe parece um paradoxo. E ideia de uma religi?o vampire, trabalhando de dentro da igreja… tudo aquilo lhe parece muito estranho. Por mais fascinante que fosse tudo aquilo, ela realmente n?o quer saber sobre vampiros, ou igrejas e religi?o. Ela quer not?cias de Caleb: Ele tinha sobrevivido ? viagem? Estava vivo? Onde estava ele? E ela precisa desesperadamente saber sobre o filho deles: Ela ainda estava gr?vida? O beb? tinha sobrevivido? Ela se concentra nas perguntas com for?a, e espera que o padre consiga ler seus pensamentos e respond?-las. Mas ele n?o faz isso. Ela sabe que ele tinha lido seus pensamentos e est? escolhendo n?o tirar suas d?vidas.  Ele quer que ela fale, e provavelmente sabe que s?o perguntas que ela teme fazer-lhe. “E o que aconteceu com Caleb?” ela finalmente pergunta, com a voz embargada. Ela est? nervosa demais para perguntar pelo beb?. Ela olha pra ele e v? que se sorriso desaparece, e uma leve preocupa??o cruza o seu olhar. O cora??o de Caitlin se aperta. Por favor, ela pensa. Por favor, n?o me d? m?s not?cias. “Algumas coisas voc? vai ter que descobrir sozinhas,” ele fala lentamente, “e outras eu n?o devo lhe. ? uma jornada que voc? deve fazer sozinha. Apenas voc?.”. “Mas ele est? aqui?” ela pergunta esperan?osa. “Ele sobreviveu?” O padre, caminhando ao lado dela, cerra os l?bios. Ele deixa a pergunta pairar no ar, sem resposta, por um tempo aparentemente intermin?vel. Finalmente, eles param diante de outro lance de escada, e ele se vira e olha para ela.  “Gostaria de poder lhe dizer mais,” ele diz. “Eu realmente gostaria.” Virando-se, ele ergue a tocha, e lidera o caminho por outra pequena escadaria. Eles adentram um longo corredor arqueado, com teto dourado e detalhadamente decorado.  Eles eram inteiramente cobertos por afrescos multicoloridos, e entre eles h? arcos pintados a ouro. O teto brilha. E o ch?o tamb?m. Ele ? lindo, de m?rmore rosa, e parece ter sido limpo recentemente.  O n?vel subterr?neo da igreja ? maravilhoso, assemelhando-se a uma sala de tesouro medieval. “Nossa,” Caitlin diz em voz alta. “Que lugar ? esse?” “? um lugar de muitos milagres: Voc? est? na igreja de S?o Francisco de Assis. Este ? tamb?m o seu local de descanso, um lugar muito sagrado para nossa religi?o. As pessoas – tanto humanos como vampiros – peregrinam at? aqui, viajando milhares de quil?metros, apenas para estar exatamente neste local. Francisco era o santo dos animais, e tamb?m o santo de todas as criaturas que n?o fazem parte da ra?a humana – incluindo o nosso povo. Acredita-se que milagres ocorram aqui; somos protegidos neste lugar, pela energia dele.” “Voc? n?o veio parar aqui por acidente,” continua ele. “Este lugar ? um portal para voc?.  O local de partida para que voc? comece a sua jornada, sua peregrina??o.” Ele se vira para ela. “O que voc? ainda n?o conseguiu compreender,” ele diz, “? que voc? est? em uma busca. Algumas peregrina??es levam anos, e muitas, muitas milhas.”. Caitlin pensa. Tudo aquilo ? muito para assimilar.  Ela n?o quer estar em uma busca. Ela quer voltar para casa, com Caleb, em seguran?a no s?culo XXI, com tudo isso no passado. Ela est? cansada de viajar, de sempre estar fugindo, sempre em busca de algo. Mas ela n?o se permite pensar assim. Isso n?o estava ajudando, ela sabe. As coisas haviam mudado – permanentemente – e elas nunca seriam as mesmas novamente. Ela sabe que mudan?as fazem parte de sua vida agora. Ela n?o tem a mesma idade da velha, e entediante, Caitlin humana. Ela ? mais velha agora, mais s?bia.  E quer quisesse ou n?o, ela estava em uma miss?o muito especial, – e simplesmente teria que lidar com isso. “Mas qual ? a minha busca?” Caitlin pergunta. “Qual ? o meu destino? Onde exatamente estou indo?” Ela a leva at? o fim do ?ltimo corredor, e eles param diante de uma grande e elaborada sepultura. Caitlin pode sentir a energia vinda da sepultura, e imediatamente sabe que se trata do t?mulo de S?o Francisco.  Ele se sente reenergizada apenas pela proximidade, sentindo-se cada vez mais forte, voltando a sua antiga forma. Ela se pergunta mais uma vez se teria voltado como humana ou como vampira, – sentia muita falta de seus poderes. “Sim, voc? ainda ? uma vampira,” ele diz. “N?o se preocupe; vai levar um tempo at? que se recupere por completo.” Ela se sente envergonhada por ter esquecido, mais uma vez, de guardar seus pensamentos, mas sente-se confortada por suas palavras. “Voc? ? uma pessoa muito especial, Caitlin,” ele diz. “nossa ra?a precisa muito de voc?. Sem sua ajuda, me atrevo a dizer, toda nossa ra?a, e at? mesmo a ra?a humana, estar? a um passo da extin??o. Precisamos de voc?, e da sua ajuda.” “Mas o que esperam que eu fa?a?” ela pergunta. “Precisamos que voc? encontre o Escudo,” responde ele. “E para que voc? o Escudo, voc? precisa encontrar seu pai. Ele – e somente ele – o possui. E para encontr?-lo, voc? dever? encontrar seu coven, – seu verdadeiro coven.” “Mas n?o fa?o ideia por onde come?ar,” ela diz. “Nem mesmo sei por que estou neste lugar, nesta ?poca. Por que a It?lia? Por que 1790?” “As respostas para estas perguntas voc? ter? que encontrar sozinha. Mas lhe garanto que h? raz?es muito especiais para voc? estar aqui; pessoas em especial para ver, e coisas a fazer. Tenha certeza que esta ?poca e lugar a levar?o at? o Escudo.” Caitlin considera tudo aquilo. “Mas n?o fa?o ideia onde meu pai est?. N?o sei por onde come?ar.” Ele olha para ela e sorri. “Ah, mas voc? sabe,” ele responde. “? esse o seu problema. Voc? n?o confia em sua intui??o, precisa aprender a buscar dentro de si mesma. Experimente, feche os olhos e respire fundo.” Caitlin faz o que ele pede. “Pergunte a si mesma: onde devo ir agora?” Caitlin faz isso, esfor?ando seus pensamentos, mas nada acontece. “Ou?a o som de sua respira??o. Deixe sua mente vazia.” Quando faz isso, quando realmente se concentra e relaxa, imagens surgem em sua cabe?a. Ela abre os olhos por fim, e olha para o padre. “Vejo dois lugares,” ela diz. “Floren?a, e Veneza.”. “Sim,” ele fala. “Muito bem.” “Mas estou confusa, para onde devo ir?” “N?o h? escolhas erradas em sua busca. Cada caminho s? nos leva a um lugar diferente. A escolha ? sua. Voc? tem um destino muito forte, mas tamb?m tem livre arb?trio. Voc? pode escolher a cada etapa. Agora, por exemplo, voc? enfrenta uma escolha essencial para sua jornada. Em Floren?a, voc? cumpriria certas obriga??es, chegaria mais perto do Escudo. E em Veneza, voc? estaria resolvendo quest?es do cora??o. Voc? dever? escolher entre sua miss?o e o amor.” O cora??o de Caitlin se anima. Quest?es do cora??o. Isso queria dizer que Caleb estaria em Veneza? Ele se sente atra?da para Veneza. Entretanto, intelectualmente, ela sabe que Floren?a era onde ela deve ir para fazer o que esperam dela. Caitlin j? se sente dividida. “Voc? j? ? uma mulher agora,” ele diz. “A escolha ? sua, mas se escolher seguir seu cora??o haver? sofrimento,” ele avisa. “A estrada para o cora??o nunca ? f?cil. E ? sempre inesperada.” “Sinto-me t?o confusa,” ela fala. “Fazemos nosso melhor trabalho dormindo,” ele diz. “H? um claustro ao lado, e voc? pode passar a noite aqui, descansar e decidir pela manh?. At? l?, estar? completamente recuperada.” “Obrigada,” ele responde, esticando o bra?o e pegando m?o dele. Ele se vira para partir, e quando faz isso, o cora??o dela se contrai. H? mais uma pergunta que ela deve fazer – a mais importante de todas. Mas uma parte dela teme pergunt?-la.  Tremendo, ela abre a boca para falar, mas n?o consegue. Ele caminha pelo corredor, e est? prestes a fazer a curva quando ela finalmente toma coragem. “Espere!” ela grita. E completa, mais baixo, “Por favor, eu tenho mais uma pergunta.” Ele para de caminhar, mas permanece de costas para ela. Estranhamente, ele n?o se volta para ela, como se pressentisse o que ela est? prestes a perguntar. “Meu beb?,” ela diz, coma voz tr?mula. “Ele… ela… sobreviveu? ? viagem? Eu ainda estou gr?vida?” Ele se vira lentamente, e a encara. Ent?o, ele olha para baixo. “Lamento,” ele diz finalmente, t?o baixo que ela quase n?o ter certeza se o ouviu direito. “Voc? voltou no tempo; crian?as podem ir apenas pra frente. Seu filho vive, mas n?o agora – somente no futuro.” “Mas…” come?a ela, tremendo, “Pensei que vampiros s? viajassem para o passado, nunca para o futuro.”. “? verdade,” ele responde. “Sinto que seu filho viva em um lugar e ?poca sem a sua presen?a.” Ele baixa os olhos mais uma vez, e completa. “Lamento muito.”. Com isso, ele se vira e vai embora. E Caitlin sente como se um punhal tivesse atravessado seu cora??o. CAP?TULO QUATRO Caitlin senta no quarto vazio do monast?rio Franciscano, e olha pela janela aberta, apreciando a noite. Ela tinha finalmente parado de chorar, desde que tinha deixado o padre, horas atr?s, quando recebeu not?cias do filho perdido.  Ela n?o tinha sido capaz de controlar as l?grimas, ou de parar de pensar na vida que teria levado, e era tudo muito doloroso. Mas depois de horas, n?o lhe restam l?grimas, e agora tudo que ela tem s?o l?grimas secas em seu rosto.  Ela olha pela janela, tentando se distrair, e respira fundo. O interior da ?mbria se estende diante dela, e de seu ponto de vista, do alto da montanha, ela pode ver as colinas de Assis. A lua est? cheia, e ela pode apreciar toda a beleza da paisagem. Ela v? as pequenas cabanas espalhadas ao longo do caminho, com fuma?a saindo das chamin?s, e pode sentir que ? uma ?poca mais calma e relaxada na hist?ria. Caitlin se vira e observa o quarto, iluminado apenas pela luz da lua e uma pequena vela acesa na arandela da parede. Era feito totalmente de pedra, com apenas uma cama num canto. Ela acha engra?ado o fato de sempre acabar em um monast?rio. Esse lugar n?o poderia ser mais diferente de Pollepel, mas ao mesmo tempo, o pequeno quarto medieval a fazia recordar seu tempo na ilha.  O quarto era feito para introspec??o. Caitlin examina o ch?o liso de pedras e v?, perto da janela, duas pequenas marcas separadas por alguns cent?metros, no formato de um joelho. Este quarto j? devia ter centenas de anos de uso. Caitlin vai at? a pequena cama, e se deita.  ? apenas um banco de pedra, coberto por uma fina camada de palha. Ela tenta encontrar uma posi??o confort?vel, virando de lado – e ent?o sente alguma coisa. Ela enfia a m?o na roupa e ao remover o objeto, fica feliz ao perceber do que se trata: seu di?rio. Ela o segura, maravilhada em t?-lo consigo. Seu velho e confi?vel companheiro parece ser a ?nica coisa de sua antiga vida a sobreviver ? viagem.  Segur?-lo, uma coisa real e tang?vel, faz Caitlin perceber que tudo aquilo n?o ? um sonho. Ela realmente est? ali, e tudo aquilo realmente tinha acontecido. Uma caneta moderna rola do meio das p?ginas, indo parar em seu colo. Ela pega a caneta e a examina, pensando. Sim, decide ela; ? exatamente isso que ela faria. Escrever, processar as coisas. Tudo tinha acontecido r?pido demais, e ela quase n?o tinha tido tempo de respirar. Ela precisa repassar tudo em sua cabe?a, reconsiderar tudo, pensar. Como ela tinha chegado at? ali? O que tinha acontecido? Onde estava indo? Ela n?o tem certeza das respostas, mas escrevendo, espera se lembrar. Caitlin vira as p?ginas fr?geis at? encontrar uma em branco.  Ela ajusta a postura, encosta na parede dobrando os joelhos, e come?a a escrever. * Como cheguei at? aqui? Em Assis?Na It?lia? Em 1790?Por um lado, h? n?o muito tempo eu estava no s?culo XXI, em Nova Iorque, vivendo a vida normal de um adolescente.  Por outro lado, isso tudo parece t?o distante… Como tudo isso come?ou? Primeiro, me lembro das pontadas de fome, – e de como eu n?o as compreendia.Jonah, e o Carnegie Hal,minhaprimeirarefei??o.Minha inexplic?vel transforma??o em vampira – Mesti?a, ? o que me chamam. Minha vontade de morrer.  A ?nica coisa que eu queria era ser como todos os outros. E tamb?m tem o Caleb. Ele me salvou de um coven terr?vel, salvou minha vida. Lembro-me de seu coven nos Claustros. Mas eles n?o me aceitaram, pois rela??es entre humanos e vampiros s?o proibidas. Ent?o fiquei sozinha de novo – at? que Caleb me salvou novamente. Minha busca por meu pai, pela espada m?stica que poderia poupar a ra?a humana de uma Guerra Vampira, nos tinha levado por toda parte, de um lugar hist?rico a outro. Quando encontramos a Espada, ela nos foi roubada – como sempre, Kyle estava apenas esperando para estragar tudo. Mas n?o antes que eu tivesse percebido o que eu estava me tornando. E n?o antes que Kyle e eu nos encontr?ssemos.  Depois que eles roubaram a Espada, depois que tinham me esfaqueado, enquanto eu morria, ele me transformou, e me salvou mais uma vez. Mas nada tinha sa?do como eu tinha planejado. Eu vi Sera, a ex-mulher de Caleb, e imaginei o pior. Eu estava errada, mas era tarde demais. Ele fugiu para longe de mim, e direto para o perigo. Na Ilha Pollepel, eu me recuperei e treinei, e tamb?m fiz amigos – vampiros – mais pr?ximos do que jamais havia tido – especialmente Polly. E Blake – t?o misterioso e belo – quase havia roubado meu cora??o. Mas eu recuperei os sentidos a tempo. Descobri que estava gr?vida, e me dei conta de que precisava salvar Caleb da Guerra vampira. Tentei salv?-lo, mas era tarde demais. Meu pr?prio irm?o, Sam, nos enganou. Ele me traiu, me fazendo pensar que ele era outra pessoa. Por sua causa eu n?o tinha acreditado que aquele era mesmo Caleb, e o matei, matei meu amor, – com a Espada, e minhas pr?prias m?os; ainda n?o consigo me perdoar. Mas eu levei Caleb at? Pollepel e tentei ressuscit?-lo, traz?-lo de volta a qualquer custo. I disse a Aiden que faria qualquer coisa, sacrificaria tudo.  E pedi a ele que nos mandasse de volta no tempo. Aiden me avisou que aquilo poderia n?o funcionar. Que se tent?ssemos, poder?amos n?o ficar juntos. Maseuhaviainsistido. E agora, aqui estou eu. Sozinha em um lugar e ?poca estranhos. Sem meu filho, e possivelmente sem Caleb tamb?m. Eu errei ao voltar? Sei que preciso encontrar meu pai, e encontrar o Escudo. Mas sem Caleb ao meu lado, n?o sei se terei for?as para continuar. Sinto-me confusa, n?o sei o que fazer agora. Por favor, Deus, ajude-me… * Enquanto o sol se p?e como uma bola de fogo no horizonte, Caitlin corre pelas ruas de Nova Iorque. ? o apocalipse. Carros est?o virados, corpos est?o espalhados pelas ruas, h? devasta??o por toda parte. Ela corre sem parar por avenidas que parecem nunca ter fim. Ao correr, seu mundo parece virar de cabe?a para baixo; e enquanto tudo vira, os pr?dios desaparecem. A paisagem muda, as avenidas se transformam em ruas de terra, os pr?dios em colinas. Ela se sente voltando no tempo, da era moderna para outro s?culo. Ela sente que se pudesse correr mais r?pido, encontraria seu pai, seu verdadeiro, pai, em algum lugar do horizonte. Ela corre por pequenos vilarejos nas montanhas, e ent?o eles tamb?m desaparecem. Logo tudo o que resta ? um campo de flores brancas. Ao correr atrav?s delas, ela fica surpresa ao ver que ele est? l?, no horizonte, esperando.Seu pai. Como sempre, ela pode ver sua silueta contra o sol, mas desta vez, ele parece mais perto do que antes. Desta vez, ela pode ver seu rosto, sua express?o.  Ele esta sorrindo, esperando por ela, de bra?os abertos para um abra?o. El se aproxima dele.  Ela envolve seus bra?os ao redor dele e ele a abra?a, seu corpo musculoso pr?ximo ao dela. “Caitlin,” ele diz, com a voz cheia de amor. “Voc? sabe o qu?o pr?xima est?? Sabeoquantoeuaamo?” Antes que ela possa responder, ela v? algo mais ao lado, e v? que, do outro lado do campo, est? Caleb. Eleestendeosbra?osparaela. Ela d? alguns passos na dire??o dele, e ent?o para e olha para seu pai. Ele tamb?m lhe estende a m?o. “Encontre-me em Floren?a,” seu pai fala. Ela se vira para Caleb. “Encontre-me em Veneza,” Caleb diz. Ela olha para os dois lados, dividida sobre qual caminho seguir. * Caitlin acorda sobressaltada, sentando-se na cama. Ela olha ? sua volta, desorientada. Finalmente, ela percebe que tinha sido um sonho. O sol est? nascendo, e ela vai at? a janela, e olha para fora. A cidade de Assis pela manh? ? calma, e muito bonita. Todos ainda est?o dentro de suas casas, e fuma?a sai de uma ou outra chamin?.  Uma fina neblina paira sobre o campo, refletindo a luz. Caitlin se assusta ao ouvir um rangido, e se prepara ao ver a porta come?ando a se abrir.  Ela cerra os punhos, preparando-se para qualquer visitante indesejado. Mas assim que a porta se abre, ela olha para baixo e arregala os olhos de alegria. ? Rose, abrindo a porta com o focinho. “Rose!” grita Caitlin. Rose abre a porta at? o fim, corre e pula nos bra?os dela.  Ela lambe todo seu rosto, e Caitlin ri de felicidade. Caitlin pulled her back and looked her over. She had filled out, grown bigger. “Como voc? me encontrou?” pergunta Caitlin. Rose a lambe, gemendo baixinho. Caitlin senta na beirada da cama, acariciando o lobo, e se esfor?a a se concentrar, tentando limpar a mente.  Se Rose tinha sobrevivido, talvez Caleb tivesse, tamb?m. Ela se sente encorajada. Intelectualmente, ela sabe, ela precisa ir at? Floren?a. Para continuar sua busca. Ela sabe que a chave para encontrar seu pai, e o Escudo, est? l?. Mas seu cora??o s? atra?do para Veneza. Se houvesse a m?nima chance de que Caleb estivesse l?, ela teria que descobrir – simplesmente n?o havia outra escolha. Ela se decide. Segurando Rose no colo, ela d? uma corridinha e salta pela janela. Ela sabe que est? completamente recuperada agora, que suas asas ir?o brotar. E como previsto, elas brotam. Em poucos instantes Caitlin est? sobrevoando as montanhas da ?mbria, em dire??o ao norte, voando para Veneza. CAP?TULO CINCO Kyle caminha pelas ruas estreitas de um distrito antigo de Roma.  ? sua volta, pessoas est?o fechando suas lojas, cansados depois de um dia de trabalho.  O por do sol sempre tinha sido sua hora favorita do dia, a hora em que ele se sentia mais forte.  Ele sente seu sangue pulsando mais r?pido, sente que se fortalece a cada passo. Ele est? feliz em estar de volta ?s ruas lotadas de Roma, especialmente neste s?culo.  Estes humanos pat?ticos ainda estavam h? anos de qualquer tipo de tecnologia, qualquer tipo de monitoramento. Ele poderia destruir todo este lugar com o cora??o tranquilo, sem nenhuma preocupa??o em ser pego. Kyle vira na Via Del Seminario, e dentro de instantes, ela se abre e ele se encontra em uma grande pra?a antiga, A Piazza Della Rotonda. E l? est? ele; Kyle fica parado ali, de olhos fechados, e respira profundamente.  ? t?o bom estar de volta. Diretamente a sua frente est? o lugar que ele havia chamado de lar por tantos s?culos, uma das sedes vampiras mais importantes do mundo: O Partenon. O Partenon ainda est? de p?, Kyle fica feliz ao constatar, como sempre havia estado – uma constru??o gigantesca de pedra, cuja parte de tr?s avan?ava de forma circular, exibindo imponentes colunas de pedra na frente. De dia, era aberta aos turistas, mesmo durante este s?culo; a presen?a de inconvenientes grupos de humanos era constante. Mas ? noite, ap?s fecharem as portas para os humanos, os verdadeiros donos, os verdadeiros ocupantes daquele pr?dio, apareciam em massa: O Grande Conselho Vampiro. Vampiros de covens de todos os tamanhos, de todas as partes da terra, vinham at? ali para assistir a sess?es que duravam a noite toda.  O conselho regia tudo, dando permiss?o – ou tirando. Nada acontecia no mundo vampiro sem que eles soubessem e, em muitos casos, sem que permitissem. Tudo se encaixa perfeitamente. Este pr?dio tinha sido originalmente constru?do como um templo aos deuses pag?os.  Sempre havia sido um local de adora??o, de encontros, para for?as vampiras ocultas.  Para quem quisesse ver, era ?bvio: Havia odes a deuses pag?os, afrescos, pinturas e est?tuas por toda parte. Qualquer turista humano que se interessasse em ler sobre a hist?ria do lugar perceberia o verdadeiro prop?sito do lugar. E se isso n?o fosse suficiente, havia tamb?m vampiros enterrados ali. Era um mausol?u ativo, o lugar perfeito para Kyle e sua ra?a chamarem de lar. Ao descer os degraus, Kyle sente-se como se retornasse ao lar. Ele caminha diretamente at? as portas duplas de ferro, bate a aldrava quatro vezes – o sinal vampiro – e aguarda. Momentos depois, as pesadas portas se abrem apenas alguns cent?metros, e Kyle v? um rosto estranho. A porta abre mais um pouco, apenas o suficiente para que Kyle entre, e ? fechada com um estrondo atr?s dele. O enorme guarda, ainda maior que Kyle, olha para baixo. “Eles est?o te esperando?” ele pergunta ressabiado. “N?o.”. Kyle, ignorando o guarda, d? v?rios passos em dire??o ? c?mara, quando de repente sente uma m?o gelada em seu ombro e para. Kyle espuma de raiva. O guarda vampiro o encara com igual raiva. “Ningu?m entra sem agendamento,” ele dispara. “Voc? ter? que partir e retornar outra hora.” “Entro onde eu bem entender.” Kyle dispara de volta. “E se voc? n?o tirar essa m?o de cima de mim, vai sofrer muito por isso.” O guarda o encara e eles ficam em um impasse. “Vejo que algumas coisas nunca mudam,” diz uma voz. “Est? tudo bem, voc? pode solt?-lo.” Kyle sente ao ser solto e, virando-se, encontra um rosto familiar: ? Lore, um dos principais conselheiros do Conselho. Ele fica parado ali, olhando para Kyle e sorrindo, balan?ando levemente a cabe?a. “Kyle,” ele diz, “pensei que nunca mais o veria.”. Kyle, ainda nervoso por causa do guarda, arruma sua jaqueta e concorda lentamente. “Eu tenho neg?cios a tratar com o Conselho,” informa ele. “Neg?cios que n?o podem esperar.” “Sinto muito, caro amigo,” continua Lore, “a agenda de hoje est? lotada. Alguns est?o esperando h? meses. Assuntos vampiros urgentes de todas as partes do mundo, aparentemente. Mas se voc? retornar na semana que vem, creio que eles sejam capazes de acomodar-”. Kyle d? um passo ? frente. “Voc? n?o compreende,” diz ele, tenso, “n?o vim deste tempo. Venho do futuro – de um mundo completamente diferente. O julgamento final ? chegado. Estamos ?s v?speras da vit?ria – da vit?ria completa.  E se eu n?o os ver imediatamente, haver? consequ?ncias graves para todos n?s.” Ao observar Kyle mais de perto, Lore retira o sorriso dos l?bios, ao perceber que ele fala s?rio; finalmente, ap?s todos aqueles momentos de tens?o, ele limpa a garganta: “Siga-me.”. Virando-se, ele come?a a caminhar, e Kyle o segue de perto. Kyle passa por um corredor comprido e largo, e em poucos instantes, entra em uma enorme c?mara aberta.  Ela ? imensa, arejada, com o teto arredondado e ch?o de m?rmore brilhante.  A sala tem o formato de um c?rculo, rodeada de colunas rebuscadas e est?tuas que observam a sala de cima de seus pedestais. Em torno da sala est?o centenas de vampiros, de todas as ra?as e credos.  Kyle sabe que s?o na maioria mercen?rios, todos t?o maus quanto ele.  Todos assistem pacientemente enquanto o Grande Conselho permanece sentado em seu banco, no lado oposto da sala, distribuindo senten?as.  Ele sente a eletricidade no ar. Kyle entra na sala, absorvendo tudo.  Vir at? o Conselho tinha sido a coisa certa a fazer. Ele poderia ter tentado ignor?-los, poderia ter apenas ca?ado Caitlin sozinho, mas o Conselho teria informa??es, seria capaz de gui?-lo at? ela mais rapidamente.  Mais importante ainda, ele precisaria de sua aprova??o oficial.  Encontrar Caitlin n?o ? apenas uma miss?o pessoal, mas uma quest?o de suma import?ncia para a ra?a vampira.  Se o Conselho o endossasse, ele teria n?o apenas seu consentimento, mas tamb?m seus recursos.  Ele poderia mat?-la mais r?pido e voltar para casa mais cedo – pronto para terminar sua Guerra.  . Sem a aprova??o deles, ele seria apenas mais um vampiro mercen?rio.  Kyle n?o tem problemas com isso, mas n?o quer passar o tempo todo preocupado com seu pr?prio bem-estar: se agisse sem o consentimento deles, eles poderiam enviar vampiros para mat?-lo.  Ele est? confiante de que pode cuidar de si mesmo, mas n?o gostaria de ter que perder tempo e energia dessa forma. Mas se eles negarem suas exig?ncias, ele est? completamente preparado para fazer o que for preciso para chegar at? ela. Esta seria apenas mais uma formalidade em um mar de infinitos costumes vampiros.  A etiqueta era a cola que os mantinha juntos – mas tamb?m era uma fonte inesgot?vel de aborrecimentos. Ao avan?ar para dentro da c?mara, ele olha para o Conselho.  Eles est?o exatamente como Kyle se lembrava.  Do lado oposto da c?mara, os 12 ju?zes do Grande Conselho sentam-se sobre um trono elevado.  Eles vestem longas t?nicas pretas, com capuzes pretos cobrindo seus rostos.  Apesar disso, Kyle sabe exatamente o qu? s?o aqueles homens. Ele os tinha enfrentado muitas vezes no decorrer dos s?culos. Uma vez, e apenas uma, eles tinham removido seus capuzes, e ele tinha realmente visto seus rostos grotescos – envelhecidos, rostos que estavam neste planeta h? milhares de anos – criaturas noturnas hediondas. Ainda assim, era o Grande Conselho de seu tempo, e tinha sempre morado ali, desde que o Partenon havia sido constru?do.  O pr?dio era na verdade uma parte deles, e nenhuma pessoa da ra?a deles, nem mesmo Kyle, ousaria contrariar seus julgamentos.  Seus poderes eram muito intensos, e os recursos dispon?veis para eles, muito vastos.  Kyle talvez conseguisse matar um o dois deles, mas os ex?rcitos que eles poderiam convocar, de todas as partes do mundo, eventualmente o alcan?ariam. As centenas de vampiros na sala tinham vindo para testemunhar os julgamentos do Conselho, e para aguardar suas pr?prias audi?ncias.  Eles sempre se alinhavam de maneira organizada ao redor do c?rculo, nas imedia??es, deixando o centro da sala completamente livre. Exceto por uma pessoa; a pessoa que precisava ficar perante eles aguardando o julgamento. Nesse momento uma pobre alma, sozinha, tremendo de medo ao ficar diante deles, encarando seus capuzes impenetr?veis, espera para ser julgada.  Kyle j? tinha passado por isso, e sabe que n?o ? uma situa??o agrad?vel. Se eles n?o gostassem da quest?o com que voc? os tinha abordado, eles poderiam, por capricho, mat?-lo bem ali.  Voc? nunca os procurava por besteiras – somente em casos de vida ou morte. “Espere aqui,” Lore sussurra para Kyle, ao se enfiar no meio da multid?o.  Kyle permanece afastado, assistindo ? cena. Enquanto Kyle observa, um ju?z acena positivamente com a cabe?a, discretamente, e dois soldados vampiros aparecem de cada lado. Cada um deles agarra um bra?o da pessoa que em frente ao Conselho. “N?o! N?O!” grita ele. Mas isso n?o resolve sua situa??o. Eles o arrastam, enquanto ele grita e reluta, sabendo que est? sendo levado para sua morte, consciente de que nada que dissesse ou fizesse mudaria isso.  Ele deve ter pedido algo que o Conselho n?o aprovava, considera Kyle, enquanto os gritos do vampiro ecoam pelas paredes da c?mara. Finalmente, uma porta se abre, ele ? levado para fora. A porta se fecha atr?s deles e a sala ? tomada pelo sil?ncio mais uma vez. Kyle pode sentir a tens?o no ar, enquanto os vampiros se entreolham, temendo o momento da audi?ncia. Kyle v? Lore se aproximar de um assistente pr?ximo ao Conselho, e sussurrar em seu ouvido.  O assistente, por sua vez, caminha at? um ju?z, se ajoelha, e cochicha em seu ouvido. O ju?z vira ligeiramente o rosto, e o homem aponta para Kyle. Mesmo a essa dist?ncia, Kyle sente o olhar penetrante do ju?z, escondido sob o capuz. Kyle n?o consegue evitar um arrepio na espinha; ele finalmente se encontra na presen?a do verdadeiro mal. O atendente assente, e Kyle sabe que esse ? seu sinal. Kyle abre caminho pela multid?o, e se dirige at? o centro da c?mara vazia: Em p? no meio do grande c?rculo de vampiros – no lugar.  Ele sabe que se olhar pra cima, diretamente acima de sua cabe?a h? um buraco no teto, o ?culo, aberto para o c?u. Durante o dia, ele permite a entrada de raios de sol e, agora, durante o p?r do sol, a luz ? escura, e muito fraca. A c?mara est? iluminada principalmente por tochas. Kyle se ajoelha e se curva, esperando que o Conselho se dirija a ele, como dita a etiqueta vampira. “Kyle do Coven Blacktide,” anuncia um ju?z lentamente. “Voc? tem coragem em nos abordar sem ter sido anunciado. Se seu pedido n?o tiver nossa aprova??o, voc? sabe que est? sujeito ? pena de morte.” N?o ? uma pergunta; ? um recado. Kyle sabe que haver? consequ?ncias, mas n?o teme o resultado. “Estou ciente, meu mestre,” Kyle responde simplesmente, e espera. Finalmente, ap?s uma leve movimenta??o, ele ouve um novo pronunciamento: “Ent?o fale logo. O qu? deseja de n?s?”. “Venho de outra ?poca, duzentos anos no futuro.” Um murm?rio alto toma conta do lugar. Um assistente bate seu cajado tr?s vezes no ch?o, e grita: “Sil?ncio!”. Por fim, a sala de acalma novamente. Kyle continua, “Eu n?o me dou muito bem com viagens no tempo, assim como a maioria de n?s. Houve uma emerg?ncia. No futuro, na ?poca em que vivo, haver? uma guerra – uma gloriosa guerra vampira. Ela come?ar? em Nova Iorque e se espalhar? a partir de l?. ? o apocalipse com que sempre sonhamos; nossa ra?a sair? vitoriosa. N?s acabaremos com a ra?a humana e os escravizaremos. E vamos acabar tamb?m com os covens benevolentes, qualquer pessoa que ouse ficar em nosso caminho.”. “Sei disso, pois sou o l?der desta guerra.” H? um novo murm?rio na sala, seguido pelas batidas do cajado. “Mas minha guerra n?o est? completa,” Kyle grita por cima do barulho. “Ainda h? uma pedra em meu caminho, uma pessoa que pode colocar tudo que conquistamos a perder, arruinando este futuro glorioso para nossa ra?a. Ela vem de uma linhagem especial, e voltou no tempo, provavelmente para fugir de mim. E eu voltei para encontr?-la e mat?-la de uma vez por todas. At? que eu fa?a isso, o futuro de todos n?s ? incerto.”. “Estou diante de voc?s hoje para pedir-lhes permiss?o para mat?-la, aqui em sua ?rea, e neste momento do tempo. Tamb?m gostaria de sua ajuda para encontr?-la.” Kyle abaixa a cabe?a e espera. Seu cora??o bate acelerado, enquanto ele aguarda a resposta dos ju?zes. Obviamente, seria do interesse deles ajud?-lo, e ele n?o consegue pensar em um ?nico motivo para que negassem seu pedido.  Mas por outro lado, estas criaturas, com milhares de anos de vida – mais ainda do que ele, – eram completamente imprevis?veis. Ele nunca saberia quais interesses cada um deles poderia ter, e seus julgamentos sempre pareciam t?o arbitr?rios quanto o vento. Ele espera em meio ao sil?ncio. Finalmente, o ju?z se prepara para falar. “Sabemos de quem voc? fala, ? claro,” diz um ju?z de voz grave. “Voc? fala sobre Caitlin, do chamado Coven Pollepel. Mas ela ?, na verdade, de um coven diferente, muito mais poderoso. Sim, ela chegou a este momento do passado ontem, ? claro que sabemos disso. E se quis?ssemos mat?-la, n?o acha que j? ter?amos feito isso?” Kyle sabe que ? melhor n?o responder; eles faziam quest?o de exibir orgulho, e Kyle deixaria que terminassem o pequeno discurso. “Mas admiramos sua determina??o, e sua futura guerra,” continua o ju?z. “Sim, n?s a admiramos muito.” Outra vez, o sil?ncio toma conta do lugar por um instante. “Deixaremos que a rastreie,” o ju?z fala, “mas se encontr?-la, voc? n?o a matar?. Voc? ir? captur?-la viva, e traz?-la at? n?s. Gostar?amos muito de mat?-la n?s mesmos, e assistir enquanto ela morre lentamente: Ela ser? a candidata perfeita para Os Jogos.” Kyle sente o ?dio percorrer seu corpo. Os Jogos.Claro. Era s? isso com que estes velhos vampiros doentes se preocupavam.  Eles convertiam o Coliseu em uma arena para suas brincadeiras, colocando vampiro contra vampiro, vampiro contra humano, vampiro contra monstros, – e adoravam assisti-los despeda?arem uns aos outros.  Isso era cruel e, ao seu modo, Kyle os admirava. Mas n?o ? o que ele tem em mente para Caitlin.  Ele a quer morta, e ponto final.  N?o que ele se importasse em v?-la sendo torturado. Mas ele n?o quer perder tempo, n?o quer tentar a sorte.  Naturalmente, ningu?m jamais havia sobrevivido aos Jogos. Mas ao mesmo tempo, ningu?m podia prever o que poderia acontecer. “Mas, caros mestres,” Kyle protesta, “Caitlin, como voc?s mesmos disseram, vem de uma linhagem poderosa, e ? muito mais perigosa e ardilosa do que mesmo voc?s podem imaginar. Pe?o suas permiss?es para mat?-la instantaneamente; h? muita coisa em risco.”. “Voc? ainda ? jovem,” diz outro ju?z, “portanto lhe perdoaremos questionar nosso julgamento. Qualquer outra pessoa j? estaria morta.”. Kyle abaixa a cabe?a, percebendo que foi longe demais. Ningu?m nunca discutia com os ju?zes. “Ela est? em Assis; ? pra l? que voc? vai agora. Mas corra, e n?o demore muito. Agora que voc? tocou no assunto, mal podemos esperar para v?-la morrer diante de nossos olhos.” Kyle come?a a ir embora. “E Kyle,” chama um dos ju?zes. Ele se vira de novo. O ju?z l?der remove o capuz, revelando o rosto mais grotesco que Kyle j? tinha visto, coberto de caro?os, rugas e verrugas. Ele abre a boca em um sorriso horroroso, mostrando dentes amarelos e afiados e olhos negros brilhantes. Ele for?a ainda mais o sorriso: “Da pr?xima vez que aparecer aqui sem ser anunciado, quem morre ? voc?.” CAP?TULO SEIS Caitlin sobrevoa a id?lica regi?o do interior da ?mbria, passando sobre montanhas e vales e observando a imensa paisagem sob a luz clara da manh?.  Ela voa sobre pequenas comunidades rurais, – pequenas cabanas de pedra, cercadas por centenas de metros de terra, com fuma?a saindo pelas chamin?s. Enquanto ela voa para o Norte, a paisagem muda para as colinas e vales da Toscana.  At? onde ela pode ver h? vin?colas, plantadas nas montanhas com seus trabalhadores j? envolvidos com as plantas desde cedo.  A regi?o ? extremamente bonita, e uma parte de Caitlin gostaria de descer ali mesmo, fixar resid?ncia e criar um lar em uma das pequenas cabanas. Mas ela tem um trabalho a fazer, e ent?o continua, voando em dire??o ao norte.  Ela segura Rose com for?a, enrolada dentro de sua camisa.  Caitlin pode sentir que Veneza se aproxima, e sente-se atra?da por ela como um ?m?. Quanto mais perto ela chega, mais seu cora??o se acelera de ansiedade; ela j? consegue sentir a presen?a de pessoas l? que ela um dia havia conhecido – ela s? n?o sabe quem. Ela ainda n?o consegue distinguir se Caleb est? l?, ou mesmo se ainda est? vivo. Caitlin sempre tinha sonhado em visitar Veneza. Ela j? tinha visto fotos de seus canais, das g?ndolas, e sempre tinha se imaginado visitando o lugar um dia, talvez com algu?m de quem gostasse. Ela tinha at? mesmo sonhado em ser pedida em casamento em uma daquelas g?ndolas.  Mas ela nunca tinha imaginado isso. Enquanto voa sem parar, Caitlin se d? conta de que a Veneza que visitaria agora, em 1790, provavelmente seria diferente das fotos que ela tinha visto no s?culo XXI. Ela imagina que talvez fosse menor, menos desenvolvida e mais rural. Ela tamb?m imagina que tamb?m n?o seria muito lotada. Mas ela logo se d? conta de que n?o poderia estar mais enganada. Quando finalmente chega aos arredores de Veneza, ela fica chocada ao perceber que, mesmo de t?o longe, a cidade abaixo dela se parece assustadoramente semelhante ?s fotos dos tempos modernos.  Ela reconhece a famosa arquitetura hist?rica do lugar, reconhece as pequenas pontes e as curvas e voltas dos canais.  De fato, ela fica chocada ao perceber que a Veneza de 1790 n?o ?, pelo menos nas apar?ncias, t?o diferente da Veneza do s?culo XXI. Quanto mais ela pensa a respeito, mais tudo faz sentido.  A arquitetura de Veneza n?o tinha apenas 100 ou 200 anos: ela tinha centenas e centenas de anos.  Ela se lembra da aula de Hist?ria, em uma de suas muitas escolas, sobre Veneza, sobre algumas de suas igrejas, constru?das no s?culo XII. Agora, ela gostaria de ter prestado mais aten??o. A Veneza abaixo dela, uma massa de pr?dios amontoados, n?o ? uma cidade nova.  Mesmo em 1790, a cidade j? tinha centenas de anos de idade. Caitlin se sente confortada por isso. Ela tinha imaginado que o ano de 1790 seria como um planeta diferente, e ela fica aliviada ao constatar que algumas coisas, na verdade, n?o tinham mudado tanto. Esta parece ser essencialmente a mesma cidade que ela teria visitado no s?culo XXI. A ?nica diferen?a que ela pode imediatamente identificar ? que seus canais n?o possuem sequer um barco motorizado, obviamente. N?o h? lanchas, grandes balsas ou navios. Ao inv?s disso, os canais est?o lotados de enormes barcos ? vela, com mastros de muitos metros de altura. Caitlin tamb?m se surpreende com a quantidade de gente. Ela mergulha mais baixo, apenas alguns metros acima da cidade, e pode ver que mesmo a esta hora, o come?o da manh?, as ruas est?o lotadas de gente. E os canais absolutamente congestionados pelo tr?fego de barcos. Ela est? chocada; a cidade ? mais movimentada que o Times Square. Ela sempre havia imaginadp que voltar no tempo significaria encontrar menos pessoas, grupos menores – e imagina que estivesse errada a respeito disso, tamb?m. Ao sobrevoa-la, circulando diversas vezes, o que mais a surpreende, na verdade, ? que Veneza n?o ? apenas uma cidade, uma ilha – ela se estende por diversas ilhas, dezenas de ilhas em todas as dire??es, cada uma com seus pr?prios pr?dios, sua pequena cidadezinha. A ilha em que Veneza se encontra claramente possui mais pr?dios, a maior concentra??o de pessoas. Mas as dezenas de outras ilhas parecem interligadas, como uma parte vital da cidade. A outra coisa que a surpreende ? a cor da ?gua: um azul brilhante. ? t?o clara, t?o surreal; o tipo de ?gua que Caitlin esperaria encontrar em algum lugar do Caribe.. Ao circular sobre as ilhas repetidas vezes, tentando se orientar, descobrir onde pousar, Caitlin se arrepende de nunca t?-la visitado no s?culo XXI. Bem, ao menos ela teria uma oportunidade agora. Caitlin tamb?m se sente um pouco oprimida. O lugar ? t?o grande, t?o extenso. Ela n?o faz ideia de onde descer, onde come?ar a procurar pelas pessoas que pode ter conhecido – se ? que elas estavam ali. Ela tinha inocentemente imaginado que Veneza fosse menor, mais pitoresca. Mesmo a esta altura, ela j? pode ver que poderia andar pela cidade por dias e n?o chegar de um lado a outro dela. Ela se d? conta de que n?o teria um lugar em que pudesse descer de maneira impercept?vel na ilha central de Veneza. Ela est? muito lotada, e Caitlin n?o poderia se aproximar sem ser vista. Ela n?o quer chamar a aten??o para si, – ela n?o faz ideia de quantos covens existem l? embaixo, se eram territorialistas ou n?o; n?o faz ideia se eles s?o bons ou ruins, ou se os humanos daqui, como os de Assis, estariam ? procura de vampiros, se a ca?ariam. A ?ltima coisa que ela precisa ? outro grupo atr?s dela. Caitlin decide descer no continente, distante da ilha. Ela v? dois grandes barcos, lotados de gente, que parecem estar se dirigindo ao continente, e decide que este seria seu ponto de partida. Ao menos o barco a levaria direto ao cora??o da cidade. Caitlin aterrissa discretamente atr?s de um monte de ?rvores, no continente, n?o muito longe dos barcos. Ela coloca Rose no ch?o, e ela imediatamente corre at? uma moita para se aliviar. Quanto termina, Rose olha para Caitlin e d? um gemido. Caitlin pode ver em seus olhos que ela est? com fome – e se identifica: ela tamb?m est?. O voo a tinha deixado cansa, e Caitlin percebe que n?o est? totalmente recuperada ainda. Ela tamb?m se d? conta de que sente fome. Ela quer se alimentar, mas n?o de comida humana. Ela olha ? sua volta e n?o v? nenhum veado. N?o h? tempo para procurar, um apito soa do barco, e ela sente que ? hora de partir. Rose e ela teriam que esperar, dar um jeito mais tarde.  Subitamente, Caitlin sente saudades de casa, sente falta da seguran?a e conforto de Pollepel, sente falta de estar ao lado de Caleb, e de seus ensinamentos sobre ca?a, suas instru??es. Ao seu lado, Caitlin sempre havia sentido que tudo daria certo. Agora, sozinha, ela n?o tem tanta certeza. * Caitlin caminha, com Rose ao seu lado, at? o barco mais pr?ximo.  ? um barco grande, com uma rampa de cordas levando at? a costa, e ao olhar para cima, Caitlin v? que est? cheio de gente. Os ?ltimos passageiros est?o subindo pela rampa, e Caitlin se apressa, com Rose, para alcan??-la antes que seja removida. Mas ela ? surpreendida por uma m?o gorda que bate com for?a no peito dela, bloqueando sua passagem. “Passagem,” a voz diz. Caitlin olha e v? um homem musculoso e carrancudo encarando-a. Ele ? grosseiro e barbudo, e fedido, tamb?m. Caitlin fica nervosa; ela j? estava impaciente por causa da fome, e sente-se ofendida pela m?o do homem bloqueando seu caminho. “N?o tenho,” Caitlin dispara. “N?o d? pra deixar que entremos?” O homem nega firmemente com a cabe?a e se vira, ignorando-a. "Sem passagem, sem viagem," responde ele. Ela fica um pouco mais nervosa, e se esfor?a para lembrar as palavras de Aiden. O que ele teria lhe dito? Respire fundo. Relaxe. Use sua mente, n?o seu corpo. Ele a teria feito lembrar que ela ? mais forte que este humano. Ele teria dito a ela para encontrar o equil?brio – para se concentrar, usar seus talentos  natos. Ela fecha os olhos e tenta se concentrar em sua respira??o. Ela tenta reunir seus pensamentos e dirigi-los ?quele homem. Voc? vai nos deixar embarcar, ela ordena. Voc? vai nos deixar entrar sem passagem. Caitlin abre os olhos esperando v?-lo ali, oferecendo passagens. Mas para seu desgosto, ele n?o estava, – ele ainda a estava ignorando, desamarrando as ?ltimas cordas. N?o estava funcionando; ou ela tinha perdido seus poderes de controle da mente, ou eles ainda n?o tinham se recuperado totalmente. Ou talvez ela estivesse muito transtornada, sem concentra??o suficiente. Ela subitamente se lembra de algo, – seus bolsos. Ela rapidamente vasculha os bolsos, se perguntando o que, se ? que encontraria alguma coisa, ela teria trazido do s?culo XXI.  Ela encontra algo, e sente-se aliviada ao constatar que ? uma nota de $20,00. “Aqui,” ela diz, estendendo-lhe a nota. Ele a pega, amassando a nota e erguendo-a contra a luz para examin?-la. “O que ? isso?” ele pergunta. “Eu n?o sei o que ? isso.” “? uma nota de $20,” Caitlin explica, percebendo, mesmo enquanto fala, o qu?o est?pida ela deve lhe parecer. ? claro. Por que ele a reconheceria? Era uma nota americana, e n?o existiria antes de uns 200 anos. Com um pouco de medo, Caitlin percebe que todo o dinheiro que tem ser? in?til. “Lixo,” ele diz, devolvendo-lhe a nota. Caitlin olha para tr?s e v? que est?o soltando as ?ltimas cordas, e que o barco est? prestes a partir. Ela pensa r?pido, enfia a m?o no bolso, e encontra algumas moedas. Ela olha para as m?os, encontra vinte e cinco centavos, e os entrega para o homem. Ele pega, mais interessado, e o analisa contra a luz. Mas ainda n?o est? convencido. Mais uma vez, ele lhe devolve a moeda. “Volte com dinheiro de verdade,” ele fala; e olhando para Rose, completa, “e sem cachorro.” Caitlin pensa em Caleb. Talvez ele estivesse ali, fora do seu alcance, na ilha de Veneza, apenas uma viagem de barco de dist?ncia. Ela se sente enfurecida pela aud?cia deste homem em mant?-la longe dele. Ela tinha dinheiro – s? n?o era o tipo de dinheiro que ele queria. Al?m disso, o barco estava caindo aos peda?os, e j? tinha centenas de pessoas. Uma passagem a mais realmene n?o faria a menor diferen?a. E tudo era simplesmente muito injusto. A colocar o dinheiro na m?o de Caitlin, ele subitamente coloca suas m?os sobre as dela, e segura em seu pulso. Ele abre um sorriso nojento, revelando uma boca com muitos dentes faltando; o mau h?lito ? insuport?vel. “Se voc? n?o tem dinheiro, pode me pagar de outras formas," ele diz, abrindo outro sorriso. Ele ergue a outra m?o e toca o rosto dela. Os reflexos de Caitlin entram em a??o, e ela automaticamente empurra a m?o dele, e remove sua m?o da dele. Sua pr?pria for?a a surpreende. Ele olha para ela, aparentemente chocado que uma garota t?o pequena tenha tamanha for?a e seu sorriso se transforma em indigna??o. Ele d? uma escarrada nos p?s dela. Caitlin olha para baixo e v? que ele acerta seus sapatos, e se revolta. “Voc? tem sorte de eu n?o cortar voc?,” ele fala, e ent?o se vira abruptamente e continua a desamarrar as cordas. Caitlin sente-se enrubescer, ? medida que a raiva toma conta de seu corpo.  Os homens sempre tinham sido assim? Em todos os lugares? Esta era uma amostra do que ela devia esperar como tratamento para as mulheres neste ano e local? Ela pensa em todas as mulheres l? fora, de tudo que deviam tolerar nesta ?poca, e sua raiva aumenta. Ela sente que deve tomar uma atitude em defesa de todas elas. Ele ainda est? reclinado, desamarrando as cordas, e ela rapidamente se prepara e d? um chute na bunda dele, com for?a. O chute arremessa o homem pelos ares, de cabe?a, direto para dentro da ?gua, dez metros abaixo. Caitlin corre pela rampa de cordas, seguida por Rose, e abre caminho pelo barco repleto de gente. Tudo tinha acontecido r?pido, e ela espera que ningu?m tivesse visto. E este parece ser o caso quando a tripula??o remove as cordas e o barco come?a a partir. Caitlin se apressa at? a borda e olha para baixo: Ela pode ver o homem se debatendo na ?gua, levantando a cabe?a enquanto gesticula para o barco. “Parem o barco! Parem o barco!” o homem grita. Mas seus gritos s?o abafados pelas centenas de passageiros excitados, que aplaudem a partida do barco, afinal. Um dos tripulantes percebe, corre at? o lado do barco e segue o dedo do homem, que aponta na dire??o de Caitlin. Caitlin n?o espera para ver o que acontece. Ela se enfia no meio da multid?o, com Rose ao seu lado, abaixando-se e costurando para esse e para aquele lado, at? se encontrar no meio do barco, bem no meio da massa de gente. H? centenas de pessoas amontoadas, e ela espera que eles n?o notem a presen?a dela, ou a de Rose. Dentro de minutos, o barco ganha velocidade. Ap?s alguns instantes, Caitlin respira aliviada. Ela se d? conta de que ningu?m viria atr?s dela ou, pelo menos aparentemente, ningu?m estava ? procura dela. Ela come?a a andar pela multid?o calmamente, se dirigindo ao outro lado do barco. Quando ela finalmente o alcan?a, ela se espreme entre as pessoas na borda e olha para fora. Ao longe, o brutamonte ainda estava se debatendo, tentando alcan?ar a doca, – mas agora era apenas um ponto no horizonte. Caitlin sorri: Bem feito. Ela se vira e v? que Veneza se aproxima. Ela abre um sorriso, se inclinando e deixando o ar fresco do mar assoprar seus cabelos. ? um dia quente de maio, e a temperatura est? perfeita e o ar refrescante. Rose fica em p? ao seu lado, pressionando suas patas na grade, e tamb?m olha para o mar, farejando o ar. Caitlin sempre tinha gostado de barcos. Ela nunca tinha visitado um aut?ntico barco hist?rico – muito menos estado ? bordo de um. Ela sorri e se corrige: este n?o era mais um barco hist?rico; era um barco moderno – afinal ela estava em 1790. Ela quase ri com a constata??o. Ela olha para os altos mastros de madeira, com v?rios metros de altura. Ela observa os marinheiros amarrados e i?ados nas cordas grossas; e metros e metros de vela ser erguidos, e ela pode ouvir o barulho do tecido. Ele parece pesado, e os marinheiros transpiram sob o sol, puxando as cordas com todas as suas for?as, apenas para erguer a vela alguns cent?metros. Ent?o era assim que se fazia isso. Caitlin fica impressionada com a efici?ncia de todo o processo, pela maneira com que tudo parece funcionar de maneira perfeita. Ela tem dificuldade em acreditar em como este enorme barco lotado pode se mover t?o rapidamente, especialmente sem a ajuda de m?quinas modernas. Ela pensa sobre como o capit?o reagiria se ela lhe contasse sobre os motores do s?culo XXI, sobre a velocidade que podiam atingir. Ele provavelmente pensaria que ela tinha enlouquecido. Ela olha para baixo e v? a mais ou menos 10 metros, a ?gua correndo ao seu lado, suas ondas batendo contra o casco do barco. A ?gua ? t?o clara, t?o azul, que tudo parece m?gica. ? sua volta, as pessoas se espremem, tentando alcan?ar a grade para poder olhar. Ela olha ao seu redor e percebe o qu?o simples a maioria daquelas pessoas ?, vestidos com t?nicas e sand?lias, alguns simplesmente descal?os.  Outros, no entanto, est?o vestidos com eleg?ncia, e parecem tentar manter dist?ncia das massas. Alguns vestem mascaras elaboradas, com um nariz comprido e pontudo.  Eles riem e brincam uns com os outros, e todos parecem b?bados. Na verdade, enquanto ela os observa, percebe que uma boa parte do grupo de passageiros est? bebendo em garrafas de vinho e parecem b?bados, mesmo t?o cedo de manh?. O barco inteiro, agora que ela est? prestando aten??o, tem uma atmosfera festiva, baderneira, como se estivessem se dirigindo a uma grande festa. Caitlin abre caminho ao longo da grande, atrav?s da multid?o de pessoas, por pais que seguram seus filhos, e lenta e certamente chega at? a frente do barco. Ela finalmente tem a vista que estava procurando; se inclina sobre a borda e assiste enquanto o barco se aproxima de Veneza. A vista livre da cidade a deixa completamente sem f?lego. Ela pode ver tra?ado, seus belos pr?dios hist?ricos, todos alinhados de maneira organizada lado a lado, constru?dos de frente para o mar. Algumas das fachadas s?o realmente grandiosas, com detalhes rebuscados, fachadas brancas cobertas por todo tipo de molduras e detalhes. Algumas delas t?m muros arqueados e janelas arqueadas abertas para a ?gua e, surpreendentemente, t?m suas portas de entrada diretamente no n?vel da ?gua. Uma pessoa poderia literalmente chegar de barco at? a porta de casa e entrar. Entre os pr?dios, h? pin?culos partindo de igrejas, e ocasionalmente, domos pontuando o horizonte. A cidade tem uma arquitetura magn?fica, com estilo grandioso e rebuscado, e tudo parece ter sido desenhado para ficar de frente para a ?gua. A cidade n?o parece meramente coexistir com a ?gua – ela a incorpora. E por toda sua extens?o, conectando um lado da cidade ao outro, h? pequenas pontes arqueadas, com degraus subindo em ambos os lados, e um amplo plat? no meio. Estas pontes est?o repletas de pessoas andando para um lado ou para o outro, ou simplesmente sentadas na borda, observando os barcos ? medida que passam. E por toda parte – por toda parte – h? muitos barcos. Os canais est?o completamente abarrotados com o tr?fego, de barcos de todos os tipos e tamanhos – de tal forma que ela mal pode ver a ?gua. As famosas g?ndolas est?o por toda parte, tamb?m, seus remadores em p? na ponta, guiando-as pela ?gua. Ela fica surpresa pelo comprimento delas, algumas com at? 15 metros. Entre elas h? navios e barcos menores de todos os tipos, alguns para entrega de comida, outros para descarte de lixo. Este lugar est? vivo, animado – ela nunca tinha visto nada parecido com isso antes. Ao analisar as pessoas, as massas de humanidade, ela sente um arrepio na espinha, e se pergunta se Caleb poderia estar entre eles. Era poss?vel que neste exato momento estivesse olhando para ele? Ela sabe que est? sendo tola, especialmente de t?o longe, mas ainda assim ela tenta procurar, escaneando seus rostos para ver se, talvez, ela consegue identific?-lo. Quando Caitlin absorve a magnitude, a imensid?o do lugar, as milhares de pessoas movimentando-se em todas as dire??es, uma parte dela, seu lado intelectual, se sente sem esperan?as.  Ela se d? conta que est? miss?o seria f?til, n?o seria poss?vel encontrar Caleb no meio de todas essas pessoas. Mas outra parte dela, o lado que Caitlin que acreditava em seu destino, sente-se animado, bastante otimista, como se de alguma forma soubesse, no fundo, que Caleb est? ali, e que os dois acabariam se encontrando. Êîíåö îçíàêîìèòåëüíîãî ôðàãìåíòà. Òåêñò ïðåäîñòàâëåí ÎÎÎ «ËèòÐåñ». Ïðî÷èòàéòå ýòó êíèãó öåëèêîì, êóïèâ ïîëíóþ ëåãàëüíóþ âåðñèþ (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=43691935&lfrom=688855901) íà ËèòÐåñ. Áåçîïàñíî îïëàòèòü êíèãó ìîæíî áàíêîâñêîé êàðòîé Visa, MasterCard, Maestro, ñî ñ÷åòà ìîáèëüíîãî òåëåôîíà, ñ ïëàòåæíîãî òåðìèíàëà, â ñàëîíå ÌÒÑ èëè Ñâÿçíîé, ÷åðåç PayPal, WebMoney, ßíäåêñ.Äåíüãè, QIWI Êîøåëåê, áîíóñíûìè êàðòàìè èëè äðóãèì óäîáíûì Âàì ñïîñîáîì.
Íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë Ëó÷øåå ìåñòî äëÿ ðàçìåùåíèÿ ñâîèõ ïðîèçâåäåíèé ìîëîäûìè àâòîðàìè, ïîýòàìè; äëÿ ðåàëèçàöèè ñâîèõ òâîð÷åñêèõ èäåé è äëÿ òîãî, ÷òîáû âàøè ïðîèçâåäåíèÿ ñòàëè ïîïóëÿðíûìè è ÷èòàåìûìè. Åñëè âû, íåèçâåñòíûé ñîâðåìåííûé ïîýò èëè çàèíòåðåñîâàííûé ÷èòàòåëü - Âàñ æä¸ò íàø ëèòåðàòóðíûé æóðíàë.